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Pró-Reitoria Acadêmica Escola de Educação, Tecnologia e Comunicação
Curso de Letras Trabalho de Conclusão de Curso
Pró-Reitoria Acadêmica
Escola de Educação, Tecnologia e Comunicação
Curso de Letras
Trabalho de Conclusão de Curso
EXPRESSÕES IDIOMÁTICAS NOS DICIONÁRIOS DE LÍNGUA PORTUGUESA
Autora: Isabela Araujo do Nascimento
Orientador: Profa. Dra. Carolina Coelho Aragon
Taguatinga - DF 2016
Monografia de autoria de Isabela Araujo do Nascimento, intitulado “EXPRESSÕES
IDIOMÁTICAS NOS DICIONÁRIOS BRASILEIROS”, apresentada como requisito parcial
para a obtenção do grau de Licenciada em Letras – Português e suas literaturas da Universidade
Católica de Brasília, em 23/11/2016, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo
assinada:
____________________________________________________
Profa. Dra. Carolina Coelho Aragon
Letras - UCB
____________________________________________________
Prof. Dr. Thiago Costa Chacon
Letras – UNB
____________________________________________________
Profa. Msc. Deise Ferrarini
Letras - UCB
Brasília
2016
Dedico este trabalho a todas as pessoas que
confiaram em mim desde o começo e não me
deixaram desistir, em especial aos meus avós.
Agradecimentos
Agradeço primeiramente a Deus, por abençoar sempre os meus caminhos e me permitir
ter chegado até aqui. Agradeço aos meus pais e aos meus familiares, que me apoiaram, me
incentivaram e acreditaram no meu potencial de uma forma tão convicta, confiando em mim da
maneira mais incrível.
Agradeço a minha orientadora, professora Carolina Aragon, que me fez explorar além
das áreas de literatura, que eram as quais estava tão acostumada, me incentivou a explorar o
novo e me fez chegar tão longe. Agradeço também a banca que é formada por professores tão
bons que me acompanharam em alguns semestres.
Agradeço as minhas amigas de caminhada durante o curso: Alice e Thaylinne, pois essa
nossa ligação tão boa nos proporcionou além dos momentos de desespero da faculdade, a
celebração da amizade em tantas situações incontáveis que já vivemos. Se chegamos até aqui
juntas foi porque nos apoiamos umas nas outras e não nos deixamos cair.
Agradeço ao meu namorado que esteve ao meu lado com toda a paciência e dedicação,
lendo e relendo todo o meu trabalho quando foi preciso e sacrificando alguns finais de semana
por essa boa causa.
Agradeço por fim, a todos os meus amigos que estiveram nesse momento comigo, em
especial ao Pedro com todas as conversas sobre motivação e confiança, graças a isso me tornei
mais forte nesse momento tão peculiar e incrível que vivi durante a escrita desse trabalho.
A vocês, toda a minha gratidão!
“Meu Deus, meu Deus! Como tudo é esquisito
hoje! E ontem tudo era exatamente como de
costume. Será que fui eu que mudei à noite?
Deixe-me pensar: eu era a mesma quando me
levantei hoje de manhã? Estou quase achando
que posso me lembrar de me sentir um pouco
diferente. Mas se eu não sou a mesma, a
próxima pergunta é: ‘Quem é que eu sou? ’. Ah,
essa é a grande charada! ” - Alice no País das
Maravilhas, Lewis Carroll.
RESUMO
NASCIMENTO, Isabela Araujo. Análise das expressões idiomáticas nos dicionários
brasileiros. 2016. 37 f. Especialização em Língua Portuguesa. Universidade Católica de
Brasília, Brasília, 2016.
Os processos de mudança são frequentes no nosso vocabulário e ocorrem desde a colonização
do nosso país até os dias atuais. Compreenderemos o uso desses processos e como ocorre o
emprego das expressões idiomáticas no nosso vocabulário e suas formações. Nunes (2002),
Xatara (1998), Oliveira & Isquerdo (2001) e Alves (1990) são autores relevantes para essa
pesquisa, pois trazem obras que abordam esses processos e suas finalidades. Assim, este
trabalho trata do estudo do léxico, em especial das expressões idiomáticas, objetivando
identificar e analisar suas ocorrências nos seguintes dicionários de língua portuguesa:
Dicionário de Expressões Idiomáticas, Dicionário Informal e o Dicionário Aurélio da Língua
Portuguesa. Concluímos que as definições das expressões idiomáticas podem ser parecidas
comparando um dicionário a outro e em sentido regional ou local, elas podem ter significados
diferentes.
Palavras-chave: Lexicologia. Expressões idiomáticas. Lexicografia.
ABSTRACT
NASCIMENTO, Isabela Araujo. The Analysis of the Idiomatic Expressions in the Brazilian
Dictionaries. 2016. 37 leaves. Specialization in Portuguese. Catholic University of Brasilia,
Brasilia, 2016.
Changing processes are frequent in our vocabulary and they have been occurring since
colonization. In this monography, we investigate the usages of these processes and how the
idiomatic expressions are applied in our daily vocabulary. Nunes (2002), Xatara (1998),
Oliveira & Isquerdo (2001) and Alves (1990) are relevant authors to conduct this research, since
they discuss those processes and their causes. Therefore, this work is based on the study of the
lexicon, especially of the idiomatic expressions. It aims at identifying and analyzing their
occurrences in the following dictionaries: Dicionário de Expressões Idiomáticas, Dicionário
Informal and Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. We conclude that the definitions of
the idiomatic expressions in these dictionaries can be similar, differing only on how the entries
are presented.
Keywords: Lexicology. Idiomatic Expression. Lexicography.
SUMÁRIO
Introdução ................................................................................................................................. 9
CAPÍTULO 01 – PRESSUPOSTOS TEÓRICOS ........................................................... 10
1.1 Lexicologia .................................................................................................................. 10
1.1.1 História lexical da língua portuguesa ............................................................ 10
1.1.2 O léxico e a linguística .................................................................................. 13
1.2 A Lexicografia e o processo de Gramatização no Brasil ............................................ 14
1.2.1 História da lexicografia.................................................................................. 14
1.2.2.1 Dicionários impressos e onlines .................................................................... 15
1.2.3A gramatização no Brasil .......................................................................................... 15
1.3 Expressões idiomáticas, neologismos e empréstimos ................................................ 17
1.3.1 Expressões idiomáticas ..................................................................................... 17
1.3.2 Neologismos e empréstimos .............................................................................. 18
CAPÍTULO 02 - METODOLOGIA ..................................................................................... 20
CAPÍTULO 03 – ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS ................................................. 23
Considerações finais ....................................................................................................... 31
Referência bibliográfica.................................................................................................. 32
Anexos .............................................................................................................................. 33
9
Introdução
Essa monografia visa identificar e analisar as ocorrências das expressões idiomáticas
nos dicionários de língua portuguesa. Um dos objetivos desse trabalho é investigar como as
expressões idiomáticas aparecem nos dicionários, seus processos de formação e como são
descritas semanticamente.
A lexicologia tem como objeto de estudo a palavra e suas construções e a lexicografia,
por sua vez, investiga a ciência dos dicionários. Nos dicionários, são encontradas as expressões
idiomáticas, um conjunto de palavras que perde o sentido individual quando se torna um todo,
atribuindo outros significados, como por exemplo, o termo “bater boca”. As expressões
idiomáticas são palavras que usamos frequentemente para substituir outras. Assim, buscamos
explicar através da lexicologia e lexicografia o uso e a formação das expressões idiomáticas
nos dicionários impressos e onlines.
No vocabulário de uma língua acontecem frequentes renovações, pois ela sofre
mudanças com a medida do tempo. Algumas palavras deixam de ser utilizadas e novas palavras
são incluídas. Fato este que acontece devido às mudanças históricas e sociais nas quais
passamos. Alves (1990) nomeia esse processo de criação de novas palavras por neologismo. A
criação dos neologismos pode ocorrer por meio de diferentes processos morfológicos, além de
também serem heranças de outros sistemas linguísticos, como o latim, o português de Portugal,
o tupi e empréstimos vindos de outras culturas que mantiveram relação com o Brasil.
A monografia está dividida em três capítulos. No primeiro apresentarei a história do
léxico e como o português brasileiro teve origem e se modificou até os dias de hoje. No segundo
capítulo apresentarei os dicionários utilizados, as diferenças de suas abordagens e suas
características. Por fim, no terceiro capítulo compararei e analisarei as expressões idiomáticas
nos dicionários e seus usos.
10
CAPÍTULO 01 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
Esse capítulo apresentará os conceitos de lexicologia e lexicografia que são ciências de
extrema importância para a língua, pois dão base aos instrumentos linguísticos. Para chegar a
essas ciências, traremos uma breve noção da origem do léxico brasileiro e a formação de
palavras, seja por meio dos neologismos ou expressões idiomáticas que são geradas
frequentemente nos vocabulários.
1.1 LEXICOLOGIA
Oliveira e Isquerdo (2001) apresentam o conceito de lexicologia como uma ciência
antiga que tem como objeto de análise a palavra, a categorização lexical e a estruturação do
léxico, ou seja, é um estudo mais profundo do léxico, do vocábulo de uma língua. O estudioso
que analisa e estuda essa ciência é chamado de lexicólogo.
As autoras supracitadas afirmam que os lexicólogos têm frisado bastante a problemática
da formação de palavras, e, além disso, estudam a criação lexical, conhecida como neologismo
que será abordada nos capítulos seguintes desse trabalho.
Nunes (2002) reitera que a lexicologia passou a se estruturar como disciplina desde a
primeira metade do século XVI, tendo início nos centros humanísticos europeus.
1.1.1 A história lexical da língua portuguesa
Verdelho (2002) apresenta o saber lexical como um dos estudos mais antigos pois existe
em média a três milênios, quando surgiram as primeiras listas de palavras na Babilônia.
Durante o processo de colonização, o Brasil passou por uma aculturação dos povos
nativos com a imposição do português de Portugal. Porém, nos primeiros séculos, a língua
portuguesa tinha uma grande concorrência com o Tupi, que era empregado em boa parte do
território. Além do latim que era utilizado na época, havia também uma língua geral que era
usada em toda a costa brasileira, “era simples e de reduzido material morfológico; não possuía
declinação nem conjugação” (SILVA NETO 1976 apud BIDERMAN 2002, p. 65). Os jesuítas
usaram a língua geral como auxílio no processo de evangelização dos índios.
Biderman (2002) afirma que Sérgio Buarque de Holanda, um historiador brasileiro,
descreve que o declínio da língua geral se intensificou por causa da imigração de portugueses
para o Brasil.
11
Teodoro Sampaio (1987 apud BIDERMAN 2002) apresenta o testemunho do padre
Antônio Vieira1, que conta que a cidade de São Paulo foi onde mais durou o uso da língua geral
e onde houve maior contato entre os colonos de Portugal e os índios, em especial os tupis. A
língua geral foi falada até o fim do século XVIII em São Paulo, Maranhão e Espírito Santo e
com o passar dos anos a essa língua se extinguiu.
A medida que os portugueses e outros estrangeiros chegavam ao Brasil, o vocabulário
se modificava e crescia, pois eram adicionadas novas palavras que denominavam tanto objetos
quanto fatos novos. Acrescenta-se também a chegada dos negros nos primeiros séculos da
colonização, os quais já alguns já falavam um crioulo-português, pois o português havia sido
língua franca na costa africana nos séculos XV, XVI e XVII (BIDEMAN 2002).
Os negros tinham maior facilidade no processo de aprendizagem da língua portuguesa
pois estavam diretamente ligados aos brancos em suas casas. A influência africana, tanto na
língua como na cultura dos portugueses, aconteceu rapidamente. Há exemplos de línguas
africanas que foram trazidas para o Brasil através dos escravos, deixando presente o africanismo
até hoje em nosso meio, são elas: ioruba, nagô, gege, mina, mandinga, haussá, entre outras.
Biderman (2002) ainda descreve que com esse enriquecimento vocabular português o
desaparecimento do tupi começou a se intensificar. A coroa passou a proibir o uso do tupi, pois
foi determinada pelo Marquês de pombal que só se falasse português na colônia, já que os
portugueses eram o elo entre o Brasil e o restante do mundo. O português era imposto aos
índios, mas ainda assim as línguas indígenas deixaram marcas profundas no léxico português.
Hercule Florenci, um viajante, conta que apesar da escassez do uso do tupi ainda havia
mulheres que conversavam nessa língua quase 60 anos depois. Negros, indígenas, portugueses
e outros estrangeiros que habitaram o Brasil aprenderam o português por necessidade, mas
ainda assim, deixaram marcas pessoais de suas línguas nesse português que passou a ser
utilizado no país (BIDERMAN 2002).
No século XIX, passou a existir uma discussão sobre a identidade do português no
Brasil. O autor José de Alencar era um dos brasileiros que defendia a independência cultural e
linguística do país. Ele e outros românticos defendiam o direito de escrever conforme a norma
popular brasileira, abrindo mão das normas europeias impostas. Seguindo essa corrente,
Biderman (2002) afirma que crescia gradativamente a consciência de uma identidade para a
1 Um importante missionário da companhia de Jesus e escritor português do século XVII.
12
população do Brasil, discutindo sobre as peculiaridades do português brasileiro. Um dos
assuntos em pauta nessas discussões era a questão dos neologismos, que será abordado nos
capítulos seguintes, pois os intelectuais dessa época defendiam o uso dos neologismos
brasileiros.
Houve uma primeira tentativa de retratar o vocabulário brasileiro feito por Antônio
Joaquim Macedo Soares, no ano de 1888, que teria sido o primeiro dicionarista a descrever o
português brasileiro se o seu dicionário houvesse sido publicado. Nesse dicionário havia
definições certeiras e tangíveis sobre fonética, etimologia e outros assuntos. A publicação dessa
obra ficou incompleta e só foi publicada em 1955. Era uma obra curta com 4.000 verbetes
(BIDERMAN 2002).
Biderman (2002 p. 72) apresenta um exemplo de verbete para mostrar como Macedo
Soares era zeloso com seu trabalho lexicográfico:
Caipira s2., 1º morador de fora do povoado; gente que não vive na sociedade mais
culta das vilas e cidades. “Em Pernambuco, chama-se aos homens da roça, do campo
ou mato, matutos; o mesmo é em Alagoas. O matuto é o caipira de S. Paulo e o tabaréu
da Bahia. ” J. Aug. da Costa RBr2. IV, 348. “Vem peludo como um caipira. ” Red.
Brasil 28 jul. 83 “Na roça, entre caipiras e matutos, é conhecida a interj. chá! E outros
cacoetes em que se ouve essa inspiração de sons. ” B. Caet. Ens. Sc. 1,57. “Um caipira
nobre não se recua. ” Aparte à conferência de J. Patroc. Ap. JC. 15 out. 88 | | 2ª fig..
Inculto, grosseiro, de maneiras acanhadas. | | Etim. Tp.-guar.: s.caá mato + s. ïpïr = ïpï
princípio, base; adj. primitivo, oriundo: filho do mato, originário da roça. Batista
Caetano traduz caipira pele tostada, de cai queimado + pir pele; ou então, o homem
corrido, envergonhado, abatido, submetido, de cai vergonhoso, acanhado, medroso.
ABN. VI, 12. Rejeitamos a segunda explicação porque os brasis, muito precisos na
nomenclatura, não tinham em conta qualidades morais, que os induzissem a
designações de objetos caracterizados por elas. E a primeira por se não adaptar o nome
à coisa. Caipira nunca significou trigueiro, moreno, fusco etc. ¹/²¹/² Geogr. e SIN. 1º
baiano, Piauí; caboclo 5º (?), caburé, Goiás, M. Gr.; cabra, Ceará; casaca, Piauí;
gaúcho, guasca, RGS; matuto, R. Jan.. Pern., Paraíba, RGN; restingueiro,
mandioqueiro, roceiro, R. Jan.; tabaréu, R. Jan., Bah., Serg.; tapuia, Pará, Am. Em
Port. Campônio, camponês. 2º peludo. Min.
A partir do século XX, houve uma larga produção de estudos sobre os glossários, dicionários e
gramáticas do léxico brasileiro. Abordaremos mais a questão do aparecimento dos primeiros
dicionários no Brasil na seção 1.2.
13
1.1.2 O léxico e a linguística
Villalva e Silvestre (2014) afirmam que o português é uma língua românica combinada
pelo latim e um conjunto de línguas peninsulares e extrapeninsulares que evoluiu em um espaço
geográfico e criou sua estabilidade.
Biderman (2001) aponta a palavra como unidade significativa de articulação do discurso.
Em todo falante de uma determinada língua (independentemente de sua língua materna) existe
uma percepção evidente de uma unidade léxica. Sapir (1949 apud BIDERMAN 2001 p. 99)
experimentou a convivência com as línguas indígenas da América e lançou o seguinte
testemunho:
A experiência linguística, tanto a expressa na forma padronizada e na forma escrita
como aquela testada no uso diário, indica que não há incontestavelmente, em geral, a
menor dificuldade em trazer a palavra à consciência como realidade psicológica.
Nenhum teste é mais convincente do que aquele em que o índio simplório, totalmente
desconhecedor do conceito da palavra escrita, não tem, porém, grande dificuldade em
ditar um texto a um linguista, palavra por palavra; naturalmente, ele é levado a
pronunciar as palavras juntas [em cadeia] como na fala real, mas se a gente o
interromper, fazendo-o compreender aquilo que se deseja, ele pode isolar as palavras
como tal prontamente, repetindo-as como unidades. Por outro lado, normalmente ele se
recusa a isolar o radical ou elemento gramatical, baseando-se no fato de que isso ‘não
tem sentido’. Biological Foundations of Language, p. 283.
O ponto de vista do significado de “palavra” varia de um falante para o outro, de uma
cultura para a outra, de um país para o outro. Para os próprios linguistas é difícil dar uma
definição ou limitação universal à palavra. Apesar de parecer carregar um significado muito
simples, se questionarmos alguém sobre o que significa “palavra”, essa pessoa possivelmente irá
responder que são com as palavras que formamos frases, entretanto, vamos além disso: a palavra
é uma entidade psicolinguística extremamente necessária que faz a primeira articulação do
discurso humano e tem sentido tanto morfológico como semântico. A teoria gramatical clássica
define a palavra como uma unidade operacional básica (Ibid 2001).
A Teoria Sapir-Whorf foi uma das teorias mais divulgadas entre a década de cinquenta e
sessenta. Essa teoria afirma que todo sistema linguístico aparece tanto em seu léxico como na
sua gramática através de uma classificação, ordem de dados da realidade dessa língua e da cultura
em que ela se agrega. Toda e qualquer língua traz ao mundo sua própria identidade, refletindo
suas categorias gramaticais e léxicas. Sapir dizia que “a língua socialmente formada influencia,
por sua vez, a maneira pela qual a sociedade concebe a realidade” (apud SCHAFF, 1967 p. 68),
ou seja, a percepção que o sujeito tem da realidade é pré-formada pelo sistema linguístico que
ele utiliza, esse sistema é uma representação da realidade, principalmente do léxico de uma
determinada língua.
14
Biderman (2001) afirma que cada língua tem uma realidade diferente e essa realidade é
modelada com suas categorias linguísticas que são exclusivas, logo, pode-se notar que o conceito
de palavra não pode ser definitivo e absoluto, ele pode ser comparado por exemplo a moeda, que
oscila de um país para o outro. Conclui-se, então, que não se pode definir a palavra
universalmente, com um único conceito que se aplica a todas as línguas, ou seja, podemos apenas
classificar a unidade léxica no interior de cada língua.
1.2 A LEXICOGRAFIA E O PROCESSO DE GRAMATIZAÇÃO NO BRASIL
A lexicografia é a ciência que se ocupa em descrever o processo de criação de dicionários,
vocabulários e glossários, já a gramatização descreve e instrumenta a língua criando os pilares
do nosso léxico: a gramática e o dicionário. Nas seções seguintes abordaremos sobre cada um
desses conceitos de forma mais explicativa.
1.2.2 História da Lexicografia
Oliveira e Isquerdo (2001) afirmam que a Lexicografia é a ciência dos dicionários, uma
atividade tradicional e que existe há muito tempo. Essa ciência foi iniciada nos primórdios dos
tempos modernos e só começou de fato nos séculos XVI e XVII com o lançamento dos
primeiros dicionários monolíngues e bilíngues. O principal objetivo da análise dessa ciência de
forma concreta é a descrição do léxico.
A lexicografia da língua portuguesa foi originada dos vocabulários bilíngues, assim
como o restante dos vernáculos europeus. Nunes (2002) descreve principalmente as produções
lexicográficas dos Jesuítas, pois desde que se instalaram no Brasil criaram seus manuais de
educação voltados quase sempre para a formação linguística e, assim, deram origem a uma
vasta escola de gramáticos. A obra mais conhecida dos Jesuítas é a Prosódia, um manual escolar
que era constituído por um dicionário de português/latim.
Na época da colonização, os viajantes relatavam termos utilizados no Brasil, como
exemplo algumas nomeações do português e termos indígenas. Se inicia então o processo de
criação dos instrumentos linguísticos. Através dessas cartas que eram enviadas pelos viajantes
apareciam listas de palavras organizadas por temas, alguns pequenos glossários e verbetes em
forma de enciclopédia. (NUNES 2002)
O primeiro dicionário de língua foi inaugurado pelos jesuítas na forma português-tupi e
foi realizada a primeira alfabetização do português em dicionário brasileiro. Com a criação de
15
dicionários inicia-se o processo de criação de instrumentos linguísticos, dando origem a
gramatização que será abordada na seção seguinte.
1.2.2.1 Dicionários impressos e onlines
Duran (2008) afirma que o dicionário exerce diferentes papéis e é um acessório ligado
ao método de ensino. Foi introduzido pela abordagem lexical sendo uma alternativa de
instrumento além da gramática. Nunes (2010) complementa que o dicionário é uma lista de
palavras com definições e exemplos.
Não existe uma leitura única dos dicionários, reitera Nunes (2010), pois não há
sentidos fixos para as palavras, elas não podem ter um significado fixado para sempre, pois as
definições podem ser outras dependendo da cultura de cada local e as leituras podem ser feitas
de maneira diferente. Logo é uma imagem errada acreditar que o dicionário é um instrumento
com significações fixas que não segue uma historicidade. (Ibid 2010)
Quando se lê um dicionário devemos saber que as definições que aparecem se
estabilizam, mas ao mesmo tempo é saber que essas definições estão sujeitas a ter outros
significados. Há três procedimentos para a leitura de um dicionário: a identificação de lacunas,
a análise das posições de definição e o questionamento dos exemplos. (Ibid 2010).
Biderman (2001) coloca o NOVO DICIONÁRIO AURÉLIO DA LÍNGUA
PORTUGUESA como o mais importante e popular dicionário da língua portuguesa.
Atualmente existem os dicionários mais modernos, alguns deixaram de estar somente
nas páginas dos livros e surgiram os eletrônicos dando “portabilidade” ao dicionário. Esses
novos modelos de dicionário se diferenciam dos impressos pois exploram hiperligações entre
as palavras (ibid 2014). Os dicionários eletrônicos utilizados na internet acrescentam
elementos novos numa base constante de atualização que estreita a relação com o trabalho dos
lexicógrafos. (VILLALVA E SILVESTRE 2014)
Além dos eletrônicos ainda existem os mais usuais, que são os dicionários em papel,
usados em escolas, faculdades e que são ainda encontrados em nossas casas. Eles podem ser
extensivos, como o Houaiss, seletivos, como o Mini-Aurélio e dicionários gerais da língua.
(Ibid 2014)
16
1.2.3 A Gramatização no Brasil
A gramatização é o processo que descreve e instrumenta uma língua na base de duas
tecnologias, sendo pilares do saber metalinguístico2: a gramática e o dicionário (AUROUX
1992). Esse processo foi fortemente marcado pela relação do Brasil com outros países (por
exemplo, Portugal) por meio de suas ideias cientificas e filosóficas. A definição de
gramatização foi produzida por um conjunto de pesquisadores especializados em tradições da
teoria linguística. Auroux (1992) relata que em meados do século XIV, pouquíssimas línguas
tinham gramáticas e dicionários e que o desenvolvimento desses se deu a partir do
Renascimento quando os ocidentais passaram a escrever gramáticas e dicionários para seus
próprios vernáculos. Iniciou-se então a revolução tecnológica da gramatização.
Orlandi (2001) sustenta a ideia de que a gramatização de uma língua parte da história
da própria língua e afirma também que as tecnologias linguísticas contribuem para a
constituição de fatos da língua
No que diz respeito ao Brasil, Orlandi (2001) mostra que no final do século XIX
aconteceu uma grande produção de trabalhos brasileiros. Eram materiais de domínio da língua
e da literatura. Um desses objetos era a gramática que foi produzida pelos intelectuais da época
com o intuito de formar brasileiros que tivessem noção da preciosidade do saber. Esses
estudiosos visavam à língua além do falar, objetivavam construir um aparelho institucional
em que o Brasil soubesse sua própria língua. O outro objeto era o dicionário.
Nunes (2010) nos propõe o pensamento de que o dicionário não é um objeto que está
em nossas mentes desde o dia que nascemos, mas um objeto que é produzido por determinadas
conjunturas sociais, logo, o dicionário é produzido por condições de produção dos nossos
discursos.
O dicionário é visto como um discurso sobre a língua, em especial sobre as palavras.
Esse objeto metalinguístico é geralmente considerado bom ou ruim de acordo com as
necessidades do usuário, se for uma necessidade imediata é considerado bom, se a palavra
desejada não for encontrada, provavelmente será considerado ruim, sem ao menos um
questionamento de suas definições.
Devido à característica de colonizado do nosso país, nossos instrumentos e língua estão
diretamente ligados a esse fato. Os nossos primeiros saberes lexicográficos foram retirados da
relação português-tupi ou tupi-português, dando origem aos dicionários bilíngues que foram
traduzidos pelos jesuítas que eram intérpretes. Auroux (2008 apud NUNES 2010) nomeia esse
2 Função que usa a linguagem para explicar a própria linguagem.
17
processo por exogramatização, que é quando um dicionário ou gramática é produzido por
alguém que não é falante nativo da língua que está sendo dicionarizada. Porém, foi no século
XX que definitivamente surgiram os primeiros dicionários da língua portuguesa, produzidos
por falantes nativos, trazendo uma imagem completa da língua que era falada no Brasil,
processo conhecido como endogramatização. Orlandi (2001) evidencia que a gramatização
do nosso país foi dividida entre o modelo brasileiro e o modelo português, porém essa divisão
chegou ao fim em meados do século XX.
O impacto da gramatização linguística é enorme, pois “gramatizar” é construir um
instrumento linguístico, é construir uma gramática, protocolos em que os sujeitos linguísticos
possam utilizar em sua produção linguística, ou seja, é um instrumento que modifica e
aumenta a capacidade linguística interior. Vejamos a seguir como ocorreu esse processo de
gramatização no léxico brasileiro. (AUROUX 1992).
1.3 EXPRESSÕES IDIOMÁTICAS, NEOLOGISMOS E EMPRÉSTIMOS
Nessa seção abordaremos os processos de renovação da nossa língua, que acontecem
frequentemente por meio da criação de palavras focaremos aqui nas expressões idiomáticas,
neologismos e nos empréstimos.
1.3.1 Expressões Idiomáticas
As expressões idiomáticas (doravante EIs) são combinações de palavras fixas de nossos
vocabulários (XATARA 1998). Elas não podem ser deduzidas apenas por um de seus
componentes e tem, geralmente, uma interpretação metafórica. Seus graus de variação são
limitados, pois pode haver a flexão de alguns elementos constituintes ou a comutação lexical
quando há contiguidade semântica (ibid 1998).
Rocha Lima (2012, p. 598) trata das Eis como figuras de linguagem “que são certas
maneiras de dizer que expressam o pensamento ou o sentido com energia e colorido, a serviço
das intenções estéticas de quem a use”, ou seja, estabelece uma relação entre as pessoas que a
usam e o contexto linguístico e histórico em que se é utilizada.
Xatara (1995, p. 197) afirma que:
“As EI apresentam uma grande fixidez por definição, própria às unidades
lexicalizadas que aparecem, então, como tendo uma existência própria como parte do
léxico e, como associações constantes, elas traduzem um hábito verbal. Há, portanto,
dois estágios por que passam as EI: 1) o processo de cristalização que as torna estáveis
em significação; e 2) a freqüência de seu emprego. Assim, num nível mais abstrato da
18
linguagem, consuma-se o processo de lexicalização, categorizando-as para integrarem
a nomenclatura de um dicionário da língua. ”
As expressões idiomáticas não são objetos essenciais em nossa língua, elas apenas se
encaixam ao contexto linguístico ou histórico, podendo funcionar como uma alternativa para
transmitir o significado de outras palavras ou sentenças (VILLALVA E SILVESTRE, 2014).
Xatara (1998, p. 170 e 172) define as EIs por “lexia complexa indecomponível,
conotativa cristalizada em um idioma pela tradição cultural”. A autora ainda classifica as EIs
em: fortemente conotativa, isto é, quando todos os elementos estão semanticamente ausentes e
seu sentido literal está sendo bloqueado, por exemplo: “fazer das tripas coração”; e em
fracamente conotativas, isto é, quando os elementos semanticamente presentes (denotativos)
estão associados a elementos semanticamente ausentes (conotativos), por exemplo: “passar a
limpo”.
Villalva e Silvestre (2014) afirmam que pelo fato das expressões serem combinações
fixas, os dicionários as reconhecem facilmente, fazendo com que elas apareçam comumente em
suas páginas. Algumas das EIs podem ter valor idiomático ou, em certos contextos,
interpretação literal, isto é, na forma literal “encontra-se a memória da origem da interpretação
metafórica” (VILLALVA E SILVESTRE, 2014, p. 213).
Os dicionários geralmente apresentam os significados dessas expressões quando as
consideram mais comuns ou quando elas têm significado cultural, pois, precisam dar uma
definição que salienta o sentido literal de um dos elementos. (ibid, 2014)
1.3.2 Neologismos e empréstimos
Frequentemente, o nosso acervo lexical se renova, algumas palavras deixam de existir
pela falta de uso e outras ganham espaço. O processo de criação de novas palavras é chamado
Neologismo. O neologismo pode ser formado por dispositivos da própria língua, por itens de
outras lexicais de outras línguas. (ALVES, 1990)
Alves (1990) reitera que o acervo da nossa língua tem origem basicamente latina e se
amplia por recursos vindos do latim: a derivação e composição, além de outros recursos
originados de outras línguas desde o início da formação do léxico brasileiro.
Biderman (2001) afirma que um léxico só deixa de ter novas criações se a língua estiver
cristalizada, ou seja: morta, um exemplo disso é o latim. Porém, se uma língua continuar a
existir como meio de comunicação oral e escrito sempre se ampliará. A autora ainda descreve
19
o neologismo como “criação vocabular nova, incorporada à língua” (p. 203). Em seguida
distingue os neologismos conceituais que verifica a ampliação de um campo semântico através
de novas significações que são dadas a um significante; e os formais que constitui uma palavra
nova introduzida no idioma.
Alves (1990) cita o neologismo semântico que é um neologismo mais usual, utilizado
nos casos de mudanças nos conjuntos de semas3 referentes a uma unidade lexical.
A criatividade léxica é um direito de toda comunidade que utiliza uma língua, porém
através dos meios de comunicação em massa (atualmente, em especial, a internet) os
neologismos que são recém-criados ganham reconhecimento e em algumas situações são
difundidos e inclusos no léxico (ALVES, 1990). Um exemplo é a expressão: “bebemorar” que
é utilizada para informar que em determinada situação os indivíduos irão beber e comemorar,
ou “internetês” que se refere a linguagem de internet. Alves (1990) conclui que uma unidade
neológica pode ser criada por razões estilísticas e causa efeitos intencionais em uma mensagem,
por exemplo: ironia, estranhamento.
Devido às abordagens de Xatara (1998), Villalva e Silvestre (2014) e Alves (1990),
nota-se um aspecto em comum entre as EIs e os neologismos: ambos são palavras que não são
definidas por seu significado literal e se levado para outra língua, provavelmente não terá uma
tradução entendível.
Além dos neologismos, contamos com outro processo de formação de palavras: os
empréstimos. Villalva e Silvestre (2014) definem o empréstimo como “processo de inovação
lexical, que pode representar um significado também novo, ou simplesmente constituir uma
variante lexical, adequada a determinados registros”. Os empréstimos necessitam de uma língua
de chegada e uma língua de partida que podem acontecer por contatos diretos ou por mediação
de uma língua veicular. São exemplos: xampu e futebol.
É também um termo que exprime uma avaliação sobre a introdução da palavra na língua.
Os empréstimos que tem características diferentes das nossas línguas de chegada são
considerados estrangeirismos, como por exemplo: mouse, que se conserva na forma original da
palavra vinda do inglês, ou abajur, que vem do francês (abat-jour) e sofreu um
aportuguesamento.
3 Cada unidade mínima de significação, que, combinada com outras, define o significado de morfemas e
palavras; traço semântico, componente semântico.
20
CAPÍTULO 02 - METODOLOGIA
No presente trabalho serão comparadas as definições das expressões idiomáticas em três
dicionários: o dicionário online InFormal, o Dicionário de Expressões Idiomáticas, que também
é online, e o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa que é um dicionário impresso. Selecionei
o dicionário InFormal por ser um dicionário em que os próprios usuários definem as palavras.
O Dicionário de Expressões Idiomáticas foi também escolhido por ser especializado apenas nas
EIs. Por fim, selecionamos o Aurélio por ser um dos dicionários mais utilizados no Brasil. Os
dicionários escolhidos foram selecionados através de pesquisas e sugestões. Quanto a análise
linguística, a mesma será voltada para os aspectos semânticos das expressões e a estrutura e
organização dos verbetes nos dicionários em discussão.
2.1 Objetivo Geral
O objetivo geral dessa pesquisa é identificar como as expressões idiomáticas compõem
o nosso léxico e investigar as definições nos dicionários impressos e online.
2.1.1 Objetivos Específicos
Analisar a presença das expressões idiomáticas nos dicionários
Perceber a forma como essas expressões aparecem nos dicionários
Comparar as expressões selecionadas e verificar as diferenças e semelhanças.
2.2 Descrição dos dicionários analisados
O Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa foi escrito por Aurélio Buarque de Holanda,
membro importante da Academia Brasileira de Letras. Essa é a sua 4ª edição e foi impressa em
2008. O mesmo foi coordenado e editado por Marina Baird Ferreira e Margarida dos Anjos.
Como citado por Biderman (2001) é o dicionário mais importante e popular da língua
portuguesa.
No Aurélio de iniciar os verbetes, há um capítulo específico sobre como usar o
dicionário, explicando o que são e onde se encontram as sentenças que podem ser vistas nas
imagens 1 e 2 (Anexo 01). As informações dadas no Aurélio são úteis para a leitura dos
verbetes, pois especificam cada elemento e expõem como cada um deve ser utilizado para o
uso do dicionário.
Em seguida há um capítulo que apresenta as abreviaturas e siglas que são utilizadas no
dicionário para que o leitor se situe. As instruções nesse dicionário o tornam fácil de ser
manuseado. Vejamos o verbete para “cabeça” e como é apresentado no Aurélio:
21
Ca.be.ça (ê) [Lat. Vulg. Capitia.] sf. 1. Extremidade superior do corpo humano, que
contém órgãos como o encéfalo, os da visão, os da audição, os do olfato, a boca, etc.
2. A divisão correspondente, superior ou anterior, do corpo de outros animais. 3.
Nome comum às extremidades arredondas de certas formações anatômicas, como,
p.ex., em ossos. 4. A parte da cabeça (1) normalmente coberta pelo couro cabeludo.
5. P. ext. A cabeça como sede da inteligência, do pensamento [Sin., nessa acepç., pop.
e fam.: bestunto, cachimônia, cachola.] 6. Inteligência (1 e 2). 7. Juízo, tino. 8.
Memória (1). 9. Pessoa muito inteligente e/ou culta. 10. Animal ou pessoa,
considerados como unidade. 11. A extremidade mais dilatada de um objeto. 12. A
frente dum cortejo. s2g. 13. O chefe; o líder. De cabeça. 1. Sem auxílio de cálculo
escrito, de anotação etc. 2. Fam. De memória. Esquentar a cabeça. Fam. Afligir-se,
preocupar-se. Fazer a cabeça de. Bras. Fam. Convencer, persuadir. Levar na
cabeça. Sair-se mal, não ter sucesso. Perder a cabeça. Perder o autocontrole.
Quebrar a cabeça. Pensar muito, para tentar resolver um problema. Usar a cabeça.
Pensar, raciocinar (antes de agir).
Nesse verbete podemos notar que há muitas definições e que são enumeradas. Para cada
número há uma definição e exemplo diferente para a palavra os diferentes conceitos e usos do
substantivo “cabeça”.
Dicionário InFormal, por sua vez, é um dicionário online gratuito, onde as palavras são
definidas pelos usuários. Foi lançado em 2006 e está hospedado no site R7 Educação. O
conteúdo desse dicionário traz definições de gírias, palavras de baixo-calão e palavras de outros
diferentes campo semântico. Os organizadores do site referem-se a si mesmos com o nome do
próprio dicionário. As definições podem ser adicionadas por pessoas de fora do Brasil também,
tanto que há palavras que trazem no seu significado a região em que são usadas, caso não seja
uma expressão muito comum no Brasil. A adição de definições por qualquer indivíduo acaba
gerando uma desvantagem para o usuário, caso não seja feita de modo sério e responsável.
Por ser um site de busca simples e de fácil uso não há explicações de como utilizá-lo, o
que o difere bastante do Aurélio. Existe um campo de busca, onde a palavra pode ser digitada
e também há todas as letras do alfabeto, onde o usuário pode clicar e ver todas as palavras
existentes no site que se iniciam com a letra escolhida. Essa organização pode ser vista na
imagem 3 (Anexo 2). O dicionário faz realmente jus ao nome, pois de fato ele é informal. Os
exemplos citados nos verbetes desse dicionário são mais flexíveis que o de um dicionário
impresso com finalidades formais. Esse dicionário não dispõe dos elementos característicos dos
dicionários impressos, como por exemplo: etimologia, fonética, separação silábica ou categoria
gramatical.
Uma característica negativa que vale a pena ressaltar no Dicionário InFormal é o fato
dos organizadores do site aceitarem diferentes definições de uma mesma palavra que são
lançadas separadamente, como se fossem verbetes diversos, diferente do dicionário impresso
que traz todas as definições no corpo do verbete separando-as por números (como mostrado
22
acima para a entrada "cabeça"). Em algumas situações essas novas atribuições que são
adicionadas, por vezes, acabam repetidas.
Agora vejamos o verbete “cabeça” no dicionário InFormal:
1. Cabeça: Significado de Cabeça por CABEÇAPORRA (RJ) em 10-02-2010.
A Cabeça corresponde à extremidade superior do corpo estando unida ao tronco
através do pescoço. É na cabeça que está suportado o Cérebro. Alberto bateu a
CABEÇA num poste ao tentar manobrar sua moto em alta velocidade. Burro!
2. Cabeça: Significado de Cabeça por Dicionário Informal (SP) em 17-10-2006.
Líder intelectual de um determinado grupo. O cabeça da quadrilha foi preso quando
tentava embarcar num avião para fora do Brasil.
3. Cabeça: Significado de Cabeça por Dicionário Informal (SP) em 07-06-2011.
Líder, chefe. O cacique é o cabeça da tribo.
4. Cabeça: Significado de Cabeça por Carlos Lins (RJ) em 09-11-2011. É
constituída por crânio e face, é um dos três compostos do corpo humano. O crânio
composto da cabeça, protege o encéfalo e a face, onde se encontram olhos, ouvido,
nariz e boca.
5. Cabeça: Significado de cabeça por Dicionário Informal (SP) em 17-10-2006.
Inteligente, esperto. O cabeça da sala ganhou uma viagem para o litoral.
6. Cabeça: Significado de cabeça por João Acássio Muniz (MT) em 22-03-2011.
Indicador de unidade de animais, muito utilizado por pecuaristas no seu dia a dia. O
produtor informou ao banco que sua fazenda tinha capacidade para mil cabeças de
boi.
As definições 1 e 4 da palavra “cabeça” trazem um mesmo significado com uma
explicação diferente, assim como as definições 2 e 3.
Quanto ao dicionário de Expressões idiomáticas foi escrito pela professora Xatara. O
dicionário foi elaborado durante pesquisa realizada na UNESP com a ajuda de outros
professores e doutores da língua portuguesa. O site foi criado no ano de 2013. No site, há um
guia do usuário explicando como usar as ferramentas de busca e explicando as abreviações,
símbolos e remissões que vem antes do verbete. Essa configuração é semelhante ao do
dicionário Aurélio, como se pode ver na imagem 4. (Anexo 03)
Esse dicionário é diferente do Aurélio e do InFormal, pois ele é um dicionário específico
apenas para as EIs. Outro diferencial é que também há definições em francês e em português
de Portugal. Quando se procura uma expressão idiomática, o site dispõe a definição dessa EI
nas línguas disponíveis no dicionário. A disposição é feita quase da mesma forma que no
dicionário impresso, a definição aparece e em seguida o exemplo, como pode ser visto na
imagem 5. (Anexo 03)
23
CAPÍTULO 03 – ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS
No presente capítulo serão comparadas algumas expressões idiomáticas encontradas nos
dicionários discutidos previamente. Focaremos na forma como são definidas e os exemplos que
aparecem em sua definição. Delimitamos 05 expressões idiomáticas para a análise: bate-boca,
passa tempo, bater as botas, a dar com pau e abrir o jogo. Escolhi as seguintes expressões
idiomáticas escutando o diálogo de algumas pessoas e colhendo as EIs mais comuns nos falares
cotidianos.
Primeiramente, analisaremos a expressão “bate-boca” ou “Bater boca”:
Tabela 1 – Expressão idiomática: bate-boca
Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa
Ba.te-bo.ca [De Bater + boca (ô).] S. m. Bras.
1. Vozerio de briga. 2. Discussão, contenda,
altercação, bate-barba, batibarba. 3. Conversa
simples, despretensiosa; bate-papo, papo:
“Gostávamos de ficar conversando sobre
cousa nenhuma, neste ingênuo bate-boca de
menino.” (José Lins do Rego, Ficção
Completa. I, p. 150) [Pl.: bate-bocas.]
Dicionário de expressões idiomáticas
Bater boca: discutir acirradamente
[pej.; alusão à imagem de bocas se abrindo e
fechando por um grupo de pessoas
discutindo]
Ministros do STF voltam a bater boca em
plenário.
Dicionário InFormal
1 bater boca: [Gíria] – Discutir
acaloradamente; demoradamente.
Fulano teve o maior bate-boca com sua
mulher por causa da vizinha
2 bater boca: Modalidade de disputa física
entre os gays na Europa dos séculos XVI a
24
XVIII. Consistia em bater a própria boca com
a boca do adversário.
Foi uma alternativa às disputas de "tapa na
cara com luvas", que os nobres "machos"
deflagravam tradicionalmente.
A finalidade era não comprometer a
maquiagem das "bibas", mas a intenção
mesmo era poder sair trocando beijos mútiplos
com os inimigos publicamente.
Inspirou a ideia do clandestino Clube da Luta
(o filme).
Leão Lobo e o finado Clodovil, viviam a bater
boca.
Fonte: elaborado por autora.
Comparando a expressão “bater boca” nos quadros acima, podemos perceber a diferença
de definições e exemplos. No Aurélio, além da definição mais conhecida que é a de brigar,
existe outra opção de definição que diz respeito à conversas básicas. O exemplo do Aurélio é
um trecho do livro de José Lins. Observe que a EI disposta no quadro acima, mesmo não
carregando um alto valor formal, pode ser usada em livros, pois é uma alternativa para possível
sinônimo (VILLALVA E SILVESTRE, 2014). Analisamos que o Aurélio traz o verbete mais
completo para a expressão “bater boca. Observe que, no Dicionário de Expressões Idiomáticas
além da definição, há também uma explicação literal e um exemplo de como ela pode ser usada,
ou seja, uma explicação mais específica. No dicionário InFormal traz duas opções de
significado, além da definição comum de bate-boca ainda existe mais uma definição que diz
respeito a uma modalidade de disputa física nos séculos XVI a XVIII.
Agora vejamos a expressão “passa tempo”:
Tabela 2 – Expressão idiomática: passa tempo
25
Dicionário Aurélio da Língua
Portuguesa
[Passar + tempo.] S. m. Divertimento, diversão,
entretenimento.
Dicionário de Expressões Idiomáticas
Fazer o tempo parecer mais curto, por meio de
alguma ocupação
[Refere-se à sensação de diminuir o tempo que
passa, por meio de atividades que sejam fáceis
ou prazerosas]
O jogo é muito bom! Pra quem não tem nada pra
fazer em casa e quer passar o tempo com
alguma coisa é excelente.
Dicionário InFormal
-
Fonte: elaborado por autora.
A expressão “passa tempo” é uma expressão muito comum, porém percebemos que ela
não existe no Dicionário InFormal, mesmo sendo um site abrangente e com tantas definições.
No Dicionário de Expressões Idiomáticas e no Aurélio as definições são parecidas. O
significado diz sobre aguardar o tempo passar de alguma forma. No Aurélio, a definição parece
ser algo positivo, uma situação de diversão e não traz a noção de tempo. No Dicionário de
Expressões Idiomáticas a impressão que apresenta é que passar tempo é algo tedioso.
Vamos agora observar a expressão “bater as botas”:
Tabela 3 – Expressão idiomática: bater as botas
26
Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa
(No verbete Bota) Bater as botas. Pop. V.
morrer (1): “Recebeu um tiro na costela e
bateu as botas ali mesmo na estrada.”
[Graciliano Ramos, São Bernardo, p. 35.)
Dicionário de Expressões Idiomáticas
Morrer
[euf.; imagem de um costume antigo segundo o
qual as famílias colocam as melhores botas em
seus defuntos]
A velhinha tem 81 anos e logo vai bater as
botas, assim o casal poderá finalmente ter o
apartamento todo só para eles.
Sin.: bater a caçoleta, comer capim pela
raiz, comer grama pela raiz, descer ao
túmulo, entregar a alma, esticar as
canelas, passar desta para melhor,
perder a vida, vestir o pijama de
madeira, virar presunto, voltar ao pó
Equiv. em: bater a caçoleta
Dicionário InFormal
Falecer.
O médico alertou ao bêbado que se ele não
parasse com a bebida em excesso, iria
bater as botas.
Na primeira invasão holandesa, ocorrida em
Salvador, em 1624, os negros se
comportaram bravamente diante do
invasor. Não estavam acostumados com os
armamentos que lhes foram dados, e
constantemente tropeçavam nas próprias
botas, virando um alvo fácil para os
27
holandeses. Então os outros negros
costumavam dizer que a pessoa havia
batido as botas. Daí nasceu a expressão, que
significa morrer.
O mundo está perdendo seus maiores
gênios.. Einstein morreu.. Newton bateu as
botas.. e eu não estou me sentindo muito
bem hoje.
Fonte: elaborado por autora.
A expressão “bater as botas” só foi encontrada no Aurélio como parte do verbete
“botas”, assim não há um verbete único para essa expressão. Os três dicionários definem “bater
as botas” como morte. O Dicionário de Expressões Idiomáticas traz inúmeros sinônimos para
a expressão, não há hiperlinks no site para essa EI. O dicionário InFormal ainda trabalha com
a etimologia da palavra, mostrando que originou-se da invasão holandesa em Salvador.
Há também uma expressão não muito conhecida, a qual encontramos no Dicionário
Informal como sinônimo da expressão “bater as botas”, que também está relacionada com a
morte:
Esticar o pernil: 1. Esticar o pernil está relacionado com o coice que o morrente
da antes de expirar. Em inglês diz “to kick the bucket”, dar um pontapé no balde
que estava pendurado aos pés da cama para as necessidades fisiológicas. Foi para
o hospital, mas não aguentou: bateu a bota ou esticou o pernil pouco tempo
depois de ter sido assistido nas urgências.
2. Em Portugal a expressão significa morrer, falecer. Ao contarmos a novidade,
Janice esticou o pernil... não suportou a emoção e infelizmente faleceu.
Analisemos agora a expressão “A dar com pau”:
Tabela 4 – Expressão idiomática: a dar com pau
28
Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa
(Verbete pau) A dar com pau: Em grande
quantidade.
Dicionário das Expressões Idiomáticas
em grande número; em grande quantidade
[intens.; palavra empregada exclusivamente
nessa expressão]
(...) tinha gente a dar com pau, a fila estava
enorme e não parava de chegar gente (...).
Sin.: à beça, aos borbotões, aos montes, a
rodo, às pencas, pra chuchu, pra dar e
vender, um sem número de
Equiv. em: à beça
Dicionário InFormal
Em excesso, grande quantidade.
O Evento foi o maior sucesso, deu gente a dar
com pau.
Várias expressões, tiveram origem em navios
negreiros, os negros preferiam morrer, e para
isso deixavam de comer
então criou o “pau de comer" era atravessado
na boca dos escravos, e eram jogados sapa e
angu, aí surgiu -"a dar com pau"
Não adianta, se insistir vai "a dar com pau"
Fonte: elaborado por autora.
Nos três dicionários há uma definição bem parecida que consiste em: "grandes
quantidades ou grandes números". O diferencial do dicionário InFormal é a apresentação da
etimologia da EI, mas vale a pena questionar se todas as definições e histórias que aparecem no
Dicionário InFormal são reais. A expressão no dicionário Aurélio foi encontrada dentro do
verbete “pau”, que traz outras EIs.. Observe que, ao analisar as EIs, podemos notar que a origem
29
da expressão nem sempre faz valer o significado que conhecemos. Nunes (2002) afirma que as
expressões podem ter significados diferentes se estiverem em locais ou regiões distintas, já que
a expressão pode carregar o significado de acordo com a cultura de cada local. Assim, pode
também mudar semanticamente com o tempo e a história dos sujeitos.
Analisemos, por fim, a expressão “Abrir os olhos”:
Tabela 5 – Expressão idiomática: abrir os olhos
Dicionário Aurélio da Língua
Portuguesa
(Verbete Abrir): Separar, afastar, as partes juntas
ou contíguas de: abrir os olhos.
Dicionário de Expressões
Idiomáticas
Abrir os olhos (de, para): tomar consciência de
alguma coisa
[Referência a "olhos" como símbolo da mente]
Mas como esse é um negócio milionário, onde o
governo é o maior beneficiário e a sociedade a
maior prejudicada, o consumidor deve abrir bem
os olhos.
Dicionário InFormal
Ficar atento, se alertar para algo.
Abre os olhos dela, ela está sendo enganada!
Fonte: elaborado por autora.
Nessa análise, como nas anteriores, o dicionário Aurélio não trouxe a expressão em um
verbete separado, ela vem inserida no verbete “abrir” e sua definição é literal, não faz menção
a ficar atento ou alerta como nos outros dois dicionários.
30
3.1 Comparação entre os dicionários
Com a análise das EIs e a pesquisa aqui desenvolvida, observamos que existe em nossos
vocabulários e dicionários infindáveis expressões idiomáticas, suficientes para serem criados
dicionários específicos sobre expressões utilizadas em determinados assuntos, ou sobre
expressões regionais. Notamos que um dos diferenciais nesses três dicionários é a origem da
expressão idiomática que muitas vezes vem sendo contada no Dicionário InFormal. Nem todas
as expressões vem com a história, mas boa parte traz sua origem, onde começou a ser utilizada
e o motivo. Dos dois dicionários onlines, apesar do Dicionário das Expressões Idiomáticas ser
específico de EIs, o dicionário informal ainda traz mais verbetes, uma vez que é atualizado
frequentemente.
Analisando de uma maneira geral esses três dicionários, existem algumas facilidades e
dificuldades que podem ser mencionadas. O dicionário InFormal traz uma aba que oferece,
além da definição e exemplo que aparecem de primeira, os sinônimos, antônimos, relações e
até palavras que rimam com a que está sendo pesquisada. Essa ferramenta acaba tornando a
busca por EIs eficiente, pois traz elementos que podem ser úteis na produção de um texto, por
exemplo. O dicionário InFormal não possui hiperlinks, creio que seria útil para encontrar
palavras semelhantes ou ligadas à palavra que está sendo procurada.
Mesmo que atualmente o uso do dicionário impresso esteja mais escasso, para quem
tem o costume de usá-lo, o Aurélio não apresenta problemas até por ser um dicionário de muito
tempo de uso e edições. Utilizando o manual que está no dicionário, a leitura e busca das
palavras se tornam fáceis.
O Dicionário de Expressões Idiomáticas é o mais simples para o uso. Acreditamos que,
por ser um dicionário de uso específico e não trazer uma infinidade de palavras, o seu manuseio
torna-se simples. Em sua página inicial, há uma barra para busca e um local onde se pode
escolher a letra que a expressão se inicia e rapidamente ela é encontrada - caso exista no
dicionário. Caso não exista, em algumas situações, são apresentadas expressões que se
aproximam da que está sendo procurada. O dicionário não traz hiperlinks igualmente ao
InFormal. Porém, o dicionário é bem restrito e não há atualizações de palavras frequentemente,
logo, pode não haver palavras que já são comuns na nossa fala.
O Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa foi escrito por um brasileiro e o Dicionário
de Expressões Idiomáticas da mesma forma, logo, um processo de endogramatização de acordo
com Auroux (2008 apud NUNES 2010). Em relação ao Dicionário InFormal podemos observá-
31
lo tanto no processo de endogramatização quanto de exogramatização, uma vez que seus
usuários estrangeiros também podem colocar definições das palavras brasileiras. O site tem
muitas contribuições de estrangeiros, especialmente dos portugueses.
32
CONCLUSÃO
Com todos os levantamentos feitos nesse trabalho podemos concluir que o léxico sofre
alterações frequentes e para que essas alterações se apliquem definitivamente na língua elas
precisam respeitar ciências e regras do português em relação ao procedimento utilizado pelo
lexicógrafo. Ainda assim, os falantes têm liberdade para criar palavras ou expressões.
As expressões idiomáticas têm presença marcante no léxico brasileiro, porém, não
mudariam a língua caso não existissem, pois são utilizadas apenas como sinônimos, ou seja,
uma alternativa para substituir uma palavra ou expressão.
Os dicionários online e impresso se diferem em alguns aspectos citados no trabalho, e
mesmo com tantas tecnologias no dicionário online ele ainda não supre totalmente o dicionário
impresso já que ele traz detalhes que não se encontram nos dicionários analisados. Porém, os
dicionários online trazem em suas páginas curiosidades que não existem no dicionário
impresso. Porém, vale a pena ressaltar que os dicionários impressos também trazem versões
online idênticas que geralmente vem em CD e exige um programa de instalação.
Acreditamos que as expressões idiomáticas em qualquer país são um pouco complicadas
de ensinar durante a aquisição da língua materna. As crianças durante o processo de
aprendizagem não sabem diferenciar de primeira uma EI, elas possivelmente levarão a
definição para o sentido literal.
Levando as EIs para o ensino do português como língua estrangeira também existe uma
dificuldade, pois se torna complicado explicar a um aluno que está aprendendo a língua que
uma palavra individual tem um significado e unida a outra cria uma nova definição, é necessário
cuidado durante esse ensinamento.
Por fim, concluímos que as expressões idiomáticas nem sempre tem significados iguais
e podem ser criadas a qualquer momento por seus falantes. Cada região por mais que tenha uma
mesma língua, sempre terá sua própria história, sua cultura e suas peculiaridades que
contribuem para os traços marcantes em seus falares, além de que seus significados nem sempre
são eternos, cada um terá a sua historicidade e pode mudar a medida do tempo.
33
REFERÊNCIAS
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AUROUX, Sylvain. A revolução tecnológica da gramatização: leitura e crítica. São Paulo:
Unicamp, 1992.
BIDERMAN, Maria Tereza C. Teoria linguística: leitura e crítica. São Paulo: Martins Fontes,
2001.
DICIONÁRIO InFormal. São Paulo, 2006. Disponível em:
<www.dicionarioinformal.com.br>. Acesso em: 15. set. 2016.
DURAN, Magali Sanches. O ensino do uso do dicionário aos aprendizes: Quem se
importa? São Paulo: Revista do GEL, v. 5, 2008.
HOLANDA, Aurélio Buarque de. Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 4. ed. Curitiba:
Positivo, 2008.
NUNES, José Horta et al. História do saber lexical: e constituição de um léxico brasileiro.
São Paulo: Humanitas, 2002.
NUNES, José Horta. Dicionários: história, leitura e produção. Brasília: 2010.
OLIVEIRA, Ana Maria Pinto Pires de; ISQUERDO, Aparecida Negri. As ciências do
léxico: Lexicologia, lexicografia e terminologia. Campo Grande: Ufms, 2001.
ORLANDI, Eni P.. História das ideias linguísticas: construção do saber metalinguístico e
constituição da língua nacional. Mato Grosso: Unemat, 2001.
ROCHA LIMA, Carlos Henrique. 2012. Gramática normativa da Língua Portuguesa. José
Olímpio. Rio de Janeiro.
VILLALVA, Alina; SILVESTRE, João Paulo. Introdução ao estudo do léxico: descrição e
análise do português. Rio de Janeiro: Vozes, 2004.
XATARA, Claudia Maria. O Resgate das expressões idiomáticas. São Paulo: Alfa, 1995. p.
195-210.
XATARA, Claudia Maria. Tipologia das expressões idiomáticas. São Paulo: Alfa, 1998. p.
169-176.
XATARA, Claudia Maria. Dicionário de Expressões Idiomáticas. São Paulo, 2013.
Disponível em: <http://www.deipf.ibilce.unesp.br/pt/index.php>. Acesso em: 16. set. 2016.
34
ANEXO 01 – Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa
Imagem 1:
Fonte: Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 4. ed. Curitiba: Positivo, 2008.
36
ANEXO 02 – Dicionário InFormal
Imagem 3:
Fonte: <www.dicionarioinformal.com.br>. Acesso em: 15. set. 2016.