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• LEIA O POSTAL DESTA SEMANA! • (Sexta-feira 04/03) nas bancas com o jornal PÚBLICO • ON-LINE a informação à distância de um clique em www.postal.pt • • No Facebook em www.facebook.com/postaldoalgarve • EM DESTAQUE NESTA EDIÇÃO: > Tavira prepara inauguração de novas frentes ribeirinhas > Câmara de Alcoutim denuncia falta de médico de família > Vilamoura pode vir a ser exemplo para redes de bicicletas partilhadas > Mais de 4 mil caçados com álcool nas estradas > AHETA critica gestão da TAP • NESTA EDIÇÃO COM O CADERNO CULTURAL CULTURA.SUL • • LEIA E PARTILHE A INFORMAÇÃO INDISPENSÁVEL SOBRE O ALGARVE •

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Page 1: POSTAL 1158 - 4 MAR 2016
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em foco

2 | 4 de Março de 2016

Rua de Santo António, n.º 68 - 5º Esq. 8000 - 283 FaroTelef.: 289 820 850 ¦ Fax: 289 878 342

[email protected] ¦ www.advogados.com.pt

Ô Vilamoura dispõe de uma rede de bicicletas de uso partilhado com 39 estações e 200 bicicletas

NOTA: Os dados recolhidos são processados automaticamente e destinam-se à gestão da sua assinatura e apresentação de novas propostas. O seu fornecimento é facultativo. Nos termos da lei é garantido ao cliente o direito de acesso aos seus dados e respectiva actualização.

Assine o NOME __________________________________________________________________________________________________________________________ DATA DE NASCIMENTO _______ ⁄ ________ ⁄ ____________

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AUTORIZAÇÃO DE PAGAMENTO - por débito na conta abaixo indicada, queiram proceder, até nova comunicação, aos pagamentos das subscrições que vos forem apresentadas pelo editor do jornal POSTAL do ALGARVE. Esta assinatura renova-se automaticamente. Qualquer alteração deverá ser-nos comunicada com uma antecedência mínima de 30 dias.

NOME DO TITULAR __________________________________________________________________________

33 €

Assine através de DINHEIRO, CHEQUE ou VALE POSTAL, à ordem de Postal do Algarve.40 €

Envie este cupão para:POSTAL DO ALGARVE - Rua Dr. Silvestre Falcão, nº 13 C, 8800-412 Tavira

EMAIL _______________________________________________________ PROFISSÃO ________________________________

_______________________________________________________________________________ASSINATURA IDÊNTICA À CONSTANTE NA FICHA DO BANCO DO TITULAR DA CONTA.

Ricardo [email protected]

VILAMOURA TEM INSTALADO e em funcionamento um sis-tema de bicicletas de uso par-tilhado para quem disponha de um cartão da Inframoura, empresa municipal de infra--estruturas de Vilamoura, que é considerado um dos melhores sistemas de rede de bicicletas de uso partilhado a nível nacional.

Com uma rede que abran-ge toda a área de Vilamoura e compreende 39 estações de recolha/disponibilização de bi-cicletas e 200 velocípedes o sis-tema instalado nesta que é uma das zonas turísticas mais impor-tantes da região está entre os maiores do país e permite que os utilizadores iniciem a sua viagem em qualquer estação da rede e devolvam as bicicle-tas em qualquer outra estação sem mais preocupações.

As viagens de bicicleta po-dem durar até 45 minutos sem cobrança adicional de qualquer valor para além daquele que os utilizadores pagam pelo acesso ao sistema (20, 25 ou 35 euros para acesso a um, três meses e um ano respectivamente) e

pela caução de uso (cinco ou dez euros para utilização, res-pectivamente, até três meses e por um ano). As viagens de du-ração superior implicam a troca de bicicleta numa estação qual-quer ou o pagamento de valor adicional.

Em cada estação os utiliza-dores encontram um mapa da rede, vários sistemas de reten-ção individuais das bicicletas com leitores de cartão de utili-

zador e painéis para digitação do código de acesso e, natural-mente, várias bicicletas. Um sistema de identificação por radiofrequência entre o cartão que activa a bicicleta e mesmo permite gerir os percursos e as utilizações de cada pessoa em toda a rede, assegurando tam-bém uma forma de distribui-ção das bicicletas pela rede que assegure a sua plena funciona-lidade para os utilizadores.

SISTEMA INSTALADO EM VILA-MOURA PODE SERVIR DE EXEM-PLO NACIONAL DEPOIS DE ESTU-DO QUE ESTÁ A SER REALIZADO NA UNIVERSIDADE NOVA DE LIS-BOA É este sistema que poderá vir a servir para criar um refe-rencial nacional para sistemas públicos, privados e/ou mistos de bicicletas de uso partilhado, isto é, servir de exemplo para a instalação de novas redes ou para melhoria da gestão das

redes já existentes no país a partir de um estudo académi-co feito com base nesta expe-riência portuguesa.

Por detrás deste estudo que se está a desenvolver no âmbi-to do Mestrado em Urbanismo Sustentável e Ordenamento do Território da FCT /FCSH, na Universidade Nova de Lisboa, está Paulo Patrocínio Reis, di-rector de Gestão Urbana da In-framoura, que pretende “criar uma referencia nacional para este tipo de equipamentos”.

Ao POSTAL, o responsável pelo estudo, “desenvolvido a título pessoal”, esclarece que “todos os referenciais nesta área são neste momento ob-tidos através de estudos e bi-bliografia estrangeira e o que se pretende com este trabalho científico é, simultaneamen-te, perceber se a forma como os utilizadores se relacionam com estes equipamentos em Portugal segue os padrões de outros exemplos internacionais e obter um perfil de utilização e gestão destes equipamentos em Portugal”.

Para isso está neste momento disponível na internet um ques-tionário que servirá de base ao

estudo a desenvolver por Pau-lo Patrocínio (acessível em ht-tps://docs.google.com/forms/d/UF&%!FZZ)&dRnCDTQGdhCcp

_OAMWFySd8wWgKUTfy-SA/viewform?c=0&w=1) e que poderá ser respondido quer por pessoas já utilizadoras do sistema de bicicletas instalado em Vilamoura, assim como, por pessoas que não sejam utilizadoras.

Das respostas ao questionário e da sua análise através de mode-los estatísticos, cruzadas com as informações resultantes da prá-tica diária de utilização da rede em Vilamoura serão obtidos os resultados que permitirão criar um novo quadro de referência para equipamentos de partilha de bicicletas baseado na experi-ência portuguesa, o que permi-tirá uma melhor aproximação à realidade nacional de gestão des-tes sistemas colectivos de uso de bicicletas.

Assim, a rede da Inframoura em Vilamoura poderá ser dentro em breve um exemplo nacional nesta matéria, munindo os fu-turos investidores em sistemas deste género de uma ferramen-ta fundamental para o sucesso dos mesmos.

Vilamoura Public Bikes quer ser exemplo a seguirSistema de bicicletas partilhadas vai ser estudado para servir de modelo nacional para futuras instalações do género

ricardo claro

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4 de Março de 2016 | 3

região

Tavira prepara inauguração de novas frentes ribeirinhasObras requalificam áreas degradadas que ganham nova vida e qualidade como resultado de trabalhos realizados ao abrigo do Programa Polis, onde participou capital da Câmara gerida por Jorge Botelho

Ricardo [email protected]

AS OBRAS DO PROGRAMA PO-LIS LITORAL RIA FORMOSA já concluídas em Pedras d’el Rei e à beira da conclusão nas Qua-tro-Águas de Tavira vão permi-tir inaugurar até final deste mês ou nos primeiros dias de Abril duas novas frentes ribeirinhas no concelho.

Jorge Botelho adiantou ao POSTAL que a inauguração das duas áreas agora completamen-te requalificadas será realizada “até final deste mês ou no início de Abril”, numa ocasião em que se possa contar com o ministro ou secretário de Estado da tutela.

“Trata-se de duas obras funda-mentais para o concelho, quer do ponto de vista do relaciona-mento das populações com a Ria Formosa, quer do ponto de vista da qualidade ambiental e urba-nística que disponibilizamos à população e aos turistas, e que foram desenvolvidas no âmbito do Polis onde a Câmara partici-pou no respectivo capital”, diz o autarca.

Nas obras da frente ribeirinha entre Santa Luzia e Pedra d’el Rei o investimento ascendeu a 740 mil euros e criou um percurso com distinção dos usos pedonal e ciclável e, ainda, um espaço de lazer e recreio com algum equi-pamento urbano ligeiro, além de uma praça de acesso à ponte articulada de ligação à Praia do Barril.

Já na zona das Quatro-Águas de Tavira a obra, de muito maior envergadura e a dar passos lar-gos para o termo dos trabalhos, estando a ultimar-se questões de pormenor, o investimento ultra-passa os 2,3 milhões de euros que serviram para revolucionar o enquadramento urbano-pai-sagístico daquela zona de acesso à Ilha de Tavira.

Abandonada há décadas e

com poucas ou nenhumas in-tervenções de manutenção ou requalificação, aquela zona pas-sa agora a ser uma das zonas de lazer e passeio de excelência no concelho de Tavira.

Nova vegetação, novos pavi-mentos, mobiliário urbano e equipamentos de apoio, a par de um acesso viário requalifi-cado e com trânsito limitado a ligeiros de passageiros e carga

e de uma ciclovia/passeio pe-donal com uma vista deslum-brante marcam o futuro das Quatro-Águas.

Destaque para a zona ribei-rinha junto ao cais de embar-que e restaurantes, que cria um novo e amplo espaço de fruição da Ria Formosa, além de um anfiteatro.

Ao todo mais de três mi-lhões de euros, a que acrescem

IVA, vão revolucionar a forma como o concelho de Tavira en-cara a sua estreita relação com a zona lagunar da Ria Formosa e a oferta turística do concelho em termos de zonas de lazer e que se somam às marginais de Cabanas de Tavira e Santa Luzia, além do parque ribeiri-nho do Séqua como pontos de atracção do concelho liderado por Jorge Botelho.

Ô A praça de acessos à ponte da Praia do Barril

fotos: ricardo claro

Passeio das Dunas quase pronto para unir Quarteira a Vilamoura pág. 5

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Ô Vista do enquadramento nas Quatro-Águas

Ô Ciclovia na ligação Pedras d’el Rei-Santa Luzia

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região

4 | 4 de Março de 2016

Alcoutim está sem médico de família há dois mesesEm causa a prestação de cuidados de saúde primários em todo o concelho

d. r.

Ô Presidente da Câmara de Alcoutim está indignado com a morosidade na resolução do problema

A CÂMARA DE ALCOUTIM ALERTOU para a inexistência de médico de família naquela vila, situação que se prolonga há mais de dois meses e que afecta a prestação de cuidados de saúde primários em todo o concelho.

Em comunicado, o presiden-te da autarquia, Osvaldo Gon-çalves, mostrou-se indignado com a morosidade na resolução do problema, questionando se haverá, para além de si, alguém “verdadeiramente preocupado com a prestação de cuidados de saúde primários à população” do concelho, dispersa por mais de cem povoações.

Contactada pela Lusa, fonte da Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve indicou apenas que a prestação desses serviços médicos foi adjudicada “durante a passada semana” e que se prevê que seja colocado um médico na Unidade de Saú-de Familiar (USF) de Alcoutim “dentro de poucos dias”.

A mesma fonte acrescentou que, enquanto a colocação não se verificar, a ARS/Algarve assegu-rará os serviços médicos através do destacamento de um médi-

co do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Sotavento, “sem comprometer a prestação de cuidados aos utentes que pertencem aos outros centros de

saúde daquele agrupamento”.

PROBLEMA DA FALTA DE MÉDI-CO RECOMEÇOU NO INÍCIO DO ANO Segundo a autarquia, a

situação remonta a Outubro de 2015, quando “infortúnios vários” comprometeram a assi-duidade dos dois médicos que asseguravam esse serviço, tendo o concelho ficado dependente do único médico disponível, co-locado a mais de 30 quilómetros de Alcoutim, na Extensão de Saú-de de Martim Longo.

Após diligências por parte da Câmara, a ARS/Algarve recorreu à prestação de serviços de uma empresa, colocando uma médi-ca “que cumpria integralmente os requisitos” para desempenhar aquelas funções. A solução era, no entanto, provisória e depen-dia de um novo procedimento com a empresa prestadora de serviços.

Segundo a autarquia, o pro-blema da falta de médico re-começou no início do ano, em Janeiro, “ora por falta de verba para contratar, ora por falta de autorização da despesa por parte do Ministério da Finanças, num

processo moroso e burocrático”.Como alternativa, e para não

prolongar a situação, o municí-pio propôs à ARS/Algarve assu-mir a contratação e as despesas financeiras inerentes, proposta inicialmente aceite por aquela administração, que autorizou que a autarquia mantivesse a médica que tinha estado colo-cada até ao final de Dezembro.

Contudo, dois dias antes do início da prestação de serviços, o presidente da Câmara foi in-formado pelo ACES do Sotaven-to de que a solução encontrada “não estaria a ser muito bem vis-ta” e de que “não seria possível autorizá-la”, pelo que o mu-nicípio teria que esperar por uma solução da própria ARS.

“Ninguém de bom senso consegue entender esta moro-sidade na resolução do proble-ma e os cidadãos de Alcoutim não aceitam que a crise seja desculpa para tudo”, conclui a autarquia. Lusa

Arquivo em São Brás preserva memória de mais de 500 famílias pág. 6

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CONVOCATÓRIA DA ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA

Nos termos do nº 2 do artigo 22º e do nº 1 do artigo 24º dos estatutos da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Sotavento Algarvio, C.R.L., pessoa colectiva nº 501073035, com sede na Rua Borda D’Água de Aguiar nº 1 e 2, matriculada na Conservatória do Registo Comercial de Tavira sob o mesmo número, com o capital social realizado de € 15.786.000,00 (variável), convoco todos os Associados no pleno gozo dos seus direitos, a reunirem-se, em Assembleia Geral Ordinária, no dia 30 de Março de 2016, pelas 16 horas, no auditório sede da Instituição, para discutir e votar as matérias da seguinte

ORDEM DE TRABALHOS1. Discussão e votação do Relatório de Gestão e das Contas da Caixa Agrícola relativo ao exercício de 2015 e do relatório anual do Conselho Fiscal.

2. Deliberação sobre a Proposta de Aplicação de Resultados.

3. Apreciação geral sobre a Administração e Fiscalização da Caixa Agrícola.

4. Deliberação sobre a política de remuneração dos órgãos de administração e fiscalização da Caixa Agrícola para 2016.

5. Apresentação e apreciação do relatório com os resultados da avaliação anual das políticas de remuneração praticadas na Caixa Agrícola.

6. Determinação da remuneração dos membros da Mesa da Assembleia Geral/ do Órgão de Administração/ do Órgão de Fiscalização.

7. Outros assuntos de interesse corrente.

Se, à hora marcada, não se encontrar presente mais de metade dos Associados, a Assembleia Geral reunirá, em segunda convocatória, uma hora depois, com qualquer número de presenças.

Tavira, 4 de Março de 2016

O Presidente da Mesa da Assembleia Geral

José Macário Correia

(POSTAL do ALGARVE, nº 1158, de 4 de Março de 2016)

MUNICÍPIO DE TAVIRAAviso

Alteração do Plano de Pormenor da Área Industrial de Santa Margarida – Discussão Pública

Jorge Manuel do Nascimento Botelho, Presidente da Câmara Municipal de Tavira, torna público, nos termos e para os efeitos do disposto nos artigos 6.º, 76.º e 89.º, do Decreto-Lei n.º 80/2015, de 14 de maio, que a Câmara Municipal de Tavira, em reunião realizada em 26/01/2016, deliberou dar início ao procedimento de discussão pública da alteração do Plano de Pormenor da Área Industrial de Santa Margarida.

Os cidadãos interessados dispõem do prazo de 25 dias úteis a contar da data da publicação do presente Aviso no Diário da República, para formulação das suas reclamações, observações ou sugestões e informações, bem como pedidos de esclarecimento, sobre quaisquer questões que possam ser consideradas no âmbito do respetivo procedimento de alteração. O respetivo processo poderá ser consultado no sítio eletrónico do Município (www.cm-tavira.pt) ou nas instalações da Divisão de Planeamento, Turismo, Relações Públicas e Fiscalização, todos os dias úteis, nas horas normais de expediente. Os interessados, devidamente identificados, poderão apresentar eventuais suges-tões e informações, dentro do período atrás referido, por escrito e em impresso próprio a conceder pelos serviços, dirigidas ao Senhor Presidente da Câmara Municipal, para Câmara Municipal de Tavira, Praça da República, 8800-951 Tavira ou para [email protected].

Para constar e para os demais efeitos se publica o presente Aviso na 2.ª série do Diário da República, e outros de igual teor vão ser afixados nos locais de costume e divulgados através do sítio eletrónico do Município de Tavira e da comunicação social.

Paços do Concelho, 29 de Janeiro de 2016

O Presidente da Câmara Municipal,

Jorge Botelho

(POSTAL do ALGARVE, nº 1158, de 4 de Março de 2016)

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região

4 de Março de 2016 | 5

Passeio das Dunas quase pronto para unir Quarteira a VilamouraMais de 17 hectares de espaços de fruição pública modificam zona anteriormente muito degradada

Ricardo [email protected]

O PASSEIO DAS DUNAS que está a ser construído entre Vilamoura e Quarteira para unir as duas zonas urbanas na linha de costa junto à frente de mar, entre a lota de Quarteira e a zona do hotel Crown Plaza em Vilamoura, está já em fase de últimos trabalhos.

Como o POSTAL constatou na passada semana, pouco mais resta por fazer do que acabar a plantação de plan-tas de pequeno porte e algu-mas árvores e retoques no piso junto de alguns cantei-

ros para que este espaço de grande amplitude dedicado ao lazer e à fruição pública possa ser aberto em pleno.

As plantas de pequeno porte que vão ajudar a refor-çar o cordão dunar artificial-mente criado no local estão já à espera de ser colocadas.

Não obstante, ao POSTAL a Câmara de Loulé, liderada por Vítor Aleixo, não avan-ça para já uma data para a inauguração do novo pas-seio marítimo, apenas adian-tando que o mesmo “estará aberto ao público em Maio para acolher o Algarve Na-ture Week”.

A ligação através da fren-

te de mar entre Quarteira e Vilamoura foi iniciada em 2014 e pretende unir a zona turística de Vilamoura à ci-dade de Quarteira, requalifi-cando um dos espaços mais degradados da frente de cos-ta do concelho de Loulé tem um custo previsional de per-to de três milhões de euros acrescidos de IVA.

A intervenção atinge 17,7 hectares à beira-mar e com-preende um reforço da área dunar, espaços verdes, zonas de circulação pedonal e de ciclistas, espaços de lazer e uma área de estacionamen-to junto à lota de Quarteira.

O investimento vai ainda

permitir resolver o proble-ma da Vala Real, uma zona de escoamento de águas pluviais a céu aberto e que era motivo de queixas da po-pulação, já se encontrando esta devidamente delimitada e regularizada.

Inicialmente previstas para acabar em Outubro de 2015, as obras estão agora em fase de conclusão sendo de esperar que se crie assim um espaço de fruição públi-ca que além de unir Quartei-ra a Vilamoura com maior dignidade, constituirão um pólo de atracção de visitan-tes àquela zona de frente costa.

ricardo claro

A Semear Saúde nasce para a prevenção e cuidados na saúde pág. 7

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Ô Obras já estão em fase de conclusão

MUNICÍPIO DE TAVIRAEDITAL Nº 9/2016

Jorge Manuel do Nascimento Botelho

Presidente da Câmara Municipal de Tavira

TORNA PÚBLICO, que em reunião ordinária de Câmara Municipal, realizada no dia 18 de fevereiro de 2016, foram tomadas as seguintes deliberações:

1. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 20/2016/CM, referente a Prestação de contas - 2015;

2. Aprovada por maioria a proposta da Câmara Municipal número 21/2016/CM, referente a 1.ª Revisão ao Orçamento e às GOP;

3. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 22/2016/CM, referente a Atribuição de apoio à Associação José Afonso - Comemoração do aniversário do núcleo de Tavira;

4. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 23/2016/CM, referente Atribuição de apoio à Associação Cultural Rock da Baixamar - Projeto Maré de Contos 2016;

5. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 24/2016/CM, referente a Atribuição de apoio ao abrigo do RMAAD - Clube BTT Conceição de Faro;

6. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 25/2016/CM, referente a Atribuição de apoio - Associação da Aca-demia de Música de Tavira - Projetos Música nas Igrejas e 3 noites, 3 sons;

7. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 26/2016/CM, referente a Atribuição de apoio à Sociedade da Banda de Tavira - Comemorações da Semana Santa de Tavira;

8. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 27/2016/CM, referente ao Fornecimento de Refeições Escolares ao Abrigo do Acordo Quadro AQ /RC – Refeições Confecionadas (2014) - Lote 5, celebrado pela Entidade de Serviços Partilhados da Adminis-tração Pública (ESPAP) - Abertura de procedimento;

9. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 28/2016/CM, referente ao Júri para o procedimento concursal para provimento do cargo de Comandante dos Bombeiros Municipais – 1-CI/15;

10. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 29/2016/CM, referente ao Júri para o procedimento concursal para provimento do cargo de 2.º Comandante dos Bombeiros Municipais – 2-CI/15;

11. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 30/2016/CM, referente ao Projeto de regulamento do regime de acesso, atribuição e gestão do parque habitacional - Após o período de discussão pública;

12. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 31/2016/CM, referente a Anulação de juros e custas do processo execução fiscal em nome de Fernando Manuel Correia Sequeira;

13. Aprovada por unanimidade a proposta da Câmara Municipal número 32/2016/CM, referente ao Parecer prévio vinculativo para cele-bração de contrato de aquisição de serviços - Aquisição de serviços de assistência técnica a equipamentos servidor e rede informática;

Para constar e produzir efeitos legais se publica o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afixados nos lugares de costume.

Paços do Concelho, 18 de fevereiro do ano 2016

O PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL,

Jorge Manuel Nascimento Botelho

(POSTAL do ALGARVE, nº 1158, de 4 de Março de 2016)

AHETA TECE DURAS CRÍTICAS À TRANSPORTADORA AÉREA

Sector turístico algarvio critica TAP mas recusa alimentar ‘guerra’

A ASSOCIAÇÃO DOS HOTÉIS E EMPREENDIMENTOS TURÍS-TICOS DO ALGARVE (AHETA) criticou na passada terça-feira, em Albufeira, a estratégia da TAP para a região, mas recusou “ali-mentar” a “guerra” que o Norte está a ter com a transportadora.

“Apesar da TAP nunca ter con-tado com o turismo do Algarve e o Algarve nunca ter contado com a TAP, os empresários hoteleiros e turísticos recusam alimentar uma guerra norte/sul nesta ma-téria”, conclui a maior associação do sector hoteleiro da região em comunicado à imprensa.

A AHETA considera mesmo que a TAP e o sector do turis-mo do Algarve estão “em rota de colisão”.

“As sucessivas alianças celebra-das pela TAP ao longo das últi-mas décadas foram, claramente, lesivas dos interesses do turismo do Algarve, designadamente no que se refere ao abandono de slots [autorizações para voar] em aeroportos considerados estraté-gicos para a actividade turística regional, como Heathrow, por exemplo”, acusa a AHETA.

Segundo os representantes do

sector turístico algarvio, a trans-portadora aérea nacional “nunca teve, não tem e, segundo tudo in-dica, nunca irá ter” uma estraté-gia direccionada para o turismo do Algarve.

“O transporte aéreo e a ges-tão aeroportuária são duas faces da mesma moeda, não tendo a companhia aérea de bandeira, em nome do interes-se público, e no que ao Algarve diz respeito, cumprido o papel a que estava obrigada”, consi-dera a AHETA.

Apesar da posição assumida, os representantes dos hotéis e

empreendimentos turísticos do Algarve esperam que a TAP “consiga ultrapassar os graves problemas financeiros em que se encontra mergulhada, me-lhor forma de evitar que todos paguem os benefícios de alguns”.

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, tem criti-cado violentamente a TAP nas últimas semanas, acusando a empresa de não servir os inte-resses da zona norte do país e de estar a abandonar o aero-porto Sá Carneiro, que serve essa região.

Lusa

d.r.

Ô AHETA diz que TAP nunca teve estratégia direccionada para a região

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6 | 4 de Março de 2016

Arquivo em São Brás preserva memória de mais de 500 famíliasMuseu do Trajo guarda cerca de 46 mil registos fotográficos

Ô Recolha dos registos fotográficos começou há 12 anos

O PROJECTO “FOTOGRAFIA, MEMÓRIA E IDENTIDADE” (FMID) do Museu do Trajo de São Brás de Alportel, iniciado há 12 anos, conta actualmente com mais 46 mil registos foto-gráficos de aproximadamente 500 famílias e grupos daquele concelho e do Algarve.

“Começou como uma fer-ramenta de trabalho para o Museu do Trajo mas depois tomou caminhos inespera-dos e no museu também es-tamos a trabalhar em função do futuro, estamos a deixar para as próximas gerações uma informação que se per-deria de outra maneira”, ex-plicou o director do museu,

Emanuel Sancho. Às três horas batidas num

relógio antigo de parede, vão entrando, aos poucos, os parti-cipantes regulares dos encon-tros das quintas-feiras do FMID como é o caso de Maria João Gaspar (71 anos) que contou à Lusa apreciar particularmente as fotografias antigas.

“As fotografias de pessoas já com cento e tal anos, para mim, são as mais bonitas”, co-mentou, admitindo apreciar o modo de vestir, os penteados que se usavam e os vestidos de noiva.

À medida que no ecrã co-meçam a surgir fotografias recentemente doadas e digi-

talizadas, cada um dos parti-cipantes vai dando o seu con-tributo, seja o nome de uma pessoa, a sua profissão, fami-liares e alcunhas ou, então, os serviços ou estabelecimentos que funcionaram em algum edifício antigo da vila.

“Dá para matar saudades de outros tempos”, referiu Ama-ro Serro (78 anos), apontando que tem “trazido fotografias e outras coisas também”.

“Ainda há pouco tempo a minha senhora trouxe o ves-tido de quando fez a primeira comunhão”, recordou.

PROJECTO TEM VINDO A GANHAR O ENTUSIASMO DAS PESSSOAS

DA COMUNIDADE Apesar de ter tido um arranque com pouca adesão, o projecto FMID tem vindo a ganhar o entusiasmo das pessoas da comunidade e, além de encontros semanais no museu, também se rea-lizam reuniões mensais no sítio de Parises e no Núcleo Museológico do Alportel.

Já existe o pedido para a realização destes encontros na zona dos Vilarinhos e até os residentes estrangeiros já pedem para que as suas fotos sejam incluídas no projecto argumentando que se sen-

tem parte da comunidade e da história daquele conce-lho, observou o director do museu.

Parises foi uma das zonas fortemente afectadas pelo in-cêndio de 2012, que afectou os concelhos de São Brás de Alportel e Tavira e Emanuel Sancho recordou que quan-do o projecto FMID chegou àquele sítio as pessoas esta-vam inconsoláveis e lhe ga-rantiam que não tinha so-brado nada.

“A memória era algo que por muitos incêndios que

existissem ninguém lhes po-dia tirar”, disse Emanuel San-cho, que entretanto começou a trabalhar igualmente a re-colha da memória e identida-de dos lugares e dos hábitos das pessoas daquela zona.

A partilha fotográfica do projecto permitiu que algumas fotografias e memórias fossem recuperadas através de fotogra-fias de familiares e amigos ao mesmo tempo que o Museu devolveu objectos que tinham sido doados anos antes.

“Os arquivos (fotográficos) pessoais são um espólio im-portantíssimo, enquanto o arquivo fotográfico profissio-nal é uma coisa profissional e fria, nos arquivos familiares há uma afectividade, outra re-lação que está ali a palpitar”, comentou Emanuel Sancho.

Apesar de 80% do espólio, composto por fotografias mas também de cartas, re-cortes de jornal, anúncios e outros registos, ser sobre as famílias e grupos desportivos ou associativos do concelho de São Brás de Alportel, Ema-nuel Sancho diz que já está a receber fotografias de pessoas dos concelhos limítrofes e até de outros concelhos como é o caso de Lagos.

Lusa

região

d.r.

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Mais de 4 mil apanhados com álcool na estrada pág 8

ESPAÇO GUADIANA

Mundo rural é tema de jornadas em Alcoutim

A CÂMARA DE ALCOUTIM leva a efeito, esta sexta-feira e no sába-do, a primeira edição das “Jorna-das do Mundo Rural”. O evento decorrerá no Espaço Guadiana, em Alcoutim, e terá como temas centrais a Floresta e a Agricultura.

A iniciativa, em colaboração com a Associação de Proprietá-rios Florestais das Cumeadas do Baixo Guadiana, pretende fo-mentar uma maior proximidade entre os produtores agrícolas e florestais, de forma a impulsio-nar os referidos sectores neste território.

Produção e protecção flores-tal, Diversificação dos Produtos Apícolas e Comercialização, o

Pinhal Manso, produção agrí-cola, reconversão do olival, raça caprina algarvia, associativismo, apoios e fundos comunitários, serão alguns dos temas a deba-ter nas jornadas.

Amândio Torres, secretário de Estado das Florestas e do De-senvolvimento Rural, Fernando Severino, director regional de Agricultura e Pescas do Algar-ve, Valentina Calixto, directora do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas do Algar-ve, Vítor Neto, presidente do NERA – Associação Empresarial da Região do Algarve, e Miguel Freitas, professor universitário e ex-deputado à Assembleia da

República, serão algumas das en-tidades presentes no evento que contará ainda com perto de duas dezenas de oradores.

Com abertura marcada para as 9.30 horas desta sexta-feira o evento tem participação gratui-ta e está aberto ao público em geral.

d.r.

Ô Jornadas arrancam hoje

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4 de Março de 2016 | 7

semear saúde

A Semear Saúde nasce para a prevenção e cuidados na saúdeTemos como objectivos a promoção da saúde, a pre-venção e apoio aos doentes, sobretudo oncológicos

A ASSOCIAÇÃO SEMEAR SAÚDE INICIA a publicação regular de um espaço informati-vo sobre as suas actividades, com a presente edição do jornal POSTAL.

Esta ainda maior abertura à comunida-de em geral, através da utilização quin-zenal de uma página de um prestigiado órgão de comunicação social da nossa região, visa igualmente chegar a públicos que não têm acesso às redes sociais para poderem conhecer as nossas actividades.

A Semear Saúde é o resultado de um projecto académico de dois anos desen-volvido na Universidade do Algarve nas Fa-culdades de Ciências da Educação e Enge-nharia Alimentar. O seu interesse e sucesso motivaram que eu congregasse vontades e esforços que resultaram na constituição, no passado mês de Outubro, da Associação Semear Saúde.

Agora, já no próximo dia 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, vamos abrir as portas da nossa sede à comunidade em geral através de um espaço de 250 metros quadrados, frente ao Tribunal de Tavira e junto do jornal POSTAL, composto por uma sala destinada às terapias, como o reiki, yoga e meditação, duas salas de formação e quatro gabinetes para consultas individu-ais de termografia, naturopatia, iridologia, homeopatia, osteopatia e muitas outras.

GRANDE FOCO NOS DOENTES ONCOLÓGICOS Embora a nossa missão se destine a todos os pacientes e doentes em geral, a Semear Saúde está a desenvolver um projecto inovador na área da promoção da Saúde e da prevenção das doenças oncológicas na região do Algarve.

Além das actividades que visam a pro-moção e a prevenção das doenças oncoló-gicas, a associação tem planeadas activida-des para apoiar os doentes oncológicos da região, através de terapias complementa-res como o reiki, a meditação, a acupun-tura, a cromoterapia e outras susceptíveis de minimizar efeitos secundários como a dor crónica, fadiga, enjoos, decorrentes dos tratamentos convencionais como a cirurgia, químio e radioterapia. Também estaremos focados no exercício físico adaptado, nas sessões de esclarecimento e encontros de partilha de experiências, nas consultas de nutrição oncológica e em outras que contribuam para melhorar a autoestima e a qualidade de vida dos pa-cientes oncológicos.

Acreditamos que, desta forma, podemos criar um projecto único e inovador, que possa ser replicado, para oferecer mais dignidade às pessoas que lutam contra o

cancro.

DOS OBJECTIVOS DA SEMEAR Para atingir os seus objectivos, a associação propõe-se de-senvolver actividades para que os cidadãos, capacitados, possam fazer escolhas mais conscientes e saudáveis. Das várias activida-des que vamos desenvolver, salientamos os workshops teórico/práticos de alimentação saudável anticancerígena, eventos que pro-movam o exercício físico e a mobilidade, pa-lestras em diversos espaços públicos, apoio aos doentes em geral e aos oncológicos em particular através de um amplo conjunto de terapias complementares, acções de sensibi-lização, divulgação de informação científica (prevenção e tratamentos) em várias redes sociais, e muitas outras.

PARA NOS ACOMPANHAR DIARIAMENTE NAS REDES SOCIAIS DEIXAMOS AQUI OS TRÊS SE-GUINTES LINKS:

facebook.com/associacaosemearsaudefacebook.com/OncologiaIntegrativafacebook.com/groups/semearsaude

Para celebrar o próximo dia 8 de Março - Dia Internacional da Mulher – a Seme-ar Saúde, em colaboração com o projeto Lado a Lado Tavira, da Junta de Freguesia de Tavira Santa Maria e Santiago, vai ofe-recer a todas as participantes várias tera-pias complementares.

A participação é gratuita, sendo reco-mendado fazer a pré-inscrição para o nosso “Open Day”, que vai decorrer na sede da As-sociação Semear Saúde, na Rua Dr. Silvestre Falcão nº 13 C, em Tavira, junto do jornal POSTAL e frente ao Tribunal de Tavira.

Se é mulher, pode fazer a sua pré-incrição para o seguinte telemóvel 926 485 533 ou ainda através do nosso email: [email protected] .

A todos e especialmente aos terapeutas que se juntaram a esta nossa causa, o nosso agradecimento por podermos estar a fazer aquilo que mais gostamos: apoiar o próxi-mo. Grata Cláudia Brito

d.r.

Contactos: 281 320 902 das 14:30 às 18:[email protected]

/associacaosemearsaude

Page 8: POSTAL 1158 - 4 MAR 2016

8 | 4 de Março de 2016

Mais de 4 mil apanhados com álcool na estradaGNR caçou 1.159 condutores com taxa de álcool no sangue considerada crime

Ô Faro é o terceiro distrito do país onde mais se conduz com álcool

Ricardo [email protected]

MAIS DE QUATRO MIL CON-DUTORES foram apanhados nas malhas das operações de detecção de condutores alcooli-zados no Algarve levadas a cabo pela Guarda Nacional Republi-cana (GNR) em 2015.

Os dados, revelados pela for-ça policial na passada semana, colocam o distrito de Faro no terceiro lugar em número de infracções deste género no país, apenas atrás de Aveiro (5.147) e Braga (4.892).

Os dados da GNR a que o POSTAL teve acesso revelam ainda que no caso do Algar-ve além dos 3.132 conduto-res detectados com álcool em ‘mera’ infracção ao código da estrada, 1.159 conduziam com uma taxa superior a 1,2 grama

por litro de sangue, pelo que incorreram na prática de um crime que levou à respectiva detenção e julgamento.

Assim, 27% dos condutores detectados pela GNR com álcool nas estradas algarvias conduzia com taxa crime.

Em termos comparativos a GNR revela que este ano nas estradas algarvias foram de-tectadas menos pessoas a con-duzir sob o efeito do álcool do que no ano passado, 4.456 em 2014 contra 4.281 em 2015, mas foram mais as detectadas com taxa crime, 1.199 em 2014 contra 1.159 em 2015.

Já as infracções estradais de condução sob o feito de álcool com taxa inferior a 1,2 grama por litro desceram este ano face a 2014 (3.257 em 2014 contra 3.132 em 2015).

Os números revelados ape-

nas dizem respeito às opera-ções da GNR pelo que os nú-meros serão substancialmente maiores se se tiverem em conta os números da PSP e das res-pectivas operações stop.

Segundo a GNR, perto de

40 mil condutores foram apa-nhados com excesso de álcool em 2015 a nível nacional, sen-do que 11.249 incorrerem em crime devido à elevada taxa de alcoolemia (superior a 1,2 gra-ma/litro de sangue).

região

d.r.

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Bruno Filipe Torres Marcos Notário

Cartório Notarial de Tavira

Extrato de Escritura de Justificação CERTIFICO, para efeitos de publicação, nos termos do artigo 100.º do Código do Notariado que, por escritura pública de Justificação outorgada em 23 de Fevereiro de 2016, exarada a folhas 142 e seguintes do Livro n.º 74-A, do Cartório Notarial em Tavira, do Notário privado Bruno Torres Marcos, sito na Rua da Silva, n.º 17-A:

José Gilberto Rodrigues Pereira Dias, NIF 124483526, natural da freguesia de Tavira (Santiago), concelho de Tavira, casado com Eduarda Fernandes Sebastião Dias sob o regi-me da comunhão de adquiridos, residentes em Vale de Junco - Picota, caixa postal 213-Z, 8800-211 Tavira, declara que é dono e legítimo possuidor, com exclusão de outrem do prédio rústico composto por terra de cultura com árvores, com a área de mil e quatrocentos metros quadrados, que confronta de norte com Manuel Martins, de sul com Manuel do Nascimento, de nascente com Francisco Rita e de poente com Manuel Rodrigues, sito em Fonte Bonita, freguesia da União das Freguesias de Tavira (Santa Maria e Santiago), concelho de Tavi-ra, inscrito na respetiva matriz sob o artigo 1385, que teve origem no artigo 1231 da extinta freguesia de Tavira (Santa Maria), com o valor patrimonial tributário de 100,54 €, igual ao atribuído para efeitos deste ato, não descrito na Conservatória do Registo Predial de Tavira.

- Que este prédio, com a indicada composição e área, veio à sua posse, ainda no estado de solteiro, maior, por doação meramente verbal nunca reduzida a escritura em meados do ano de mil novecentos e oitenta e quatro, em data que não sabe precisar, feita pelos seus avós José Beatriz Dias e Ilda das Dores Costa, atualmente falecidos, residentes que foram no Sítio da Asseca, em Tavira.

- Que, porém, desde aquele ano, portanto, há mais de vinte anos, de forma pública, pacífica, contínua e de boa fé, ou seja, com o conhecimento de toda a gente, sem violência nem oposição de ninguém, reiterada e ininterruptamente, na convicção de não lesar quaisquer direitos de outrem e ainda convencido de ser o único titular do direito de propriedade sobre os prédios atrás identificados, e assim o julgando as demais pessoas, tem possuído aquele prédio – semeando a terra, tratando das culturas, colhendo os respetivos frutos, amanhando e limpando a terra, tratando das árvores, e dela retirando os respetivos rendimentos – pelo que, tendo em consideração as referidas características de tal posse, adquiriu o referido prédio por USUCAPIÃO, o que invoca.

Tavira e Cartório, em 23 de fevereiro de 2016.

O Notário,

Bruno Torres Marcos

Ato registado sob o n.º 2/455

(POSTAL do ALGARVE, nº 1158 de 4 de Março de 2016)

Bruno Filipe Torres Marcos Notário

Cartório Notarial de Tavira

Extrato de Escritura de Justificação CERTIFICO, para efeitos de publicação, nos termos do artigo 100.º do Código do Notariado que, por escritura pública de Justificação outorgada em 23 de Fevereiro de 2016, exarada a folhas 145 e seguintes do Livro n.º 74-A, do Cartório Notarial em Tavira, do Notário privado Bruno Torres Marcos, sito na Rua da Silva, n.º 17-A:

Domingos António, NIF 124483518, e mulher Maria da Conceição Pereira, NIF 124483500, casados sob o regime da comunhão geral, ambos naturais do concelho de Tavira, ele da freguesia de Conceição e ela da freguesia de Tavira (Santa Maria), residentes no Sítio dos Carriços, caixa postal 403-Z, 8800-213 Tavira, declararam que são donos e legítimos possuidores, com exclusão de outrem dos seguintes imóveis, sitos na freguesia da União das Freguesias de Tavira (Santa Maria e Santiago), concelho de Tavira, não se encontram descritos na Conservatória do Registo Predial de Tavira:

- prédio rústico composto por terra de pastagem, sito em Portela da Fonte, com a área de dois mil novecentos e sessenta metros quadrados, que confronta de norte com Maria José de Jesus e outro, de sul com João Gonçalves, de nascente com António Pereira e outros e de poente com Manuel José da Palma, inscrito na respetiva matriz sob o artigo 36434, que teve origem no artigo 35726 da extinta freguesia de Tavira (Santa Maria), com o valor patrimonial tributário de 20,18 €;

- prédio rústico composto por terra de pastagem com árvores, sito em Fonte de Abreu, com a área de mil quinhentos e oitenta metros quadrados, que confronta de norte e nascente com Manuel Lourenço, de sul com Domingos Dias Pereira e de poente com José Fernandes, inscrito na respetiva matriz sob o artigo 41083, que teve origem no artigo 40379 da extinta freguesia de Tavira (Santa Maria), com o valor patrimonial tributário de 24,43 €.

- Que os mencionados prédios, com a indicada composição e área, vieram à sua posse, por partilha meramente verbal nunca reduzida a escritura, em meados do ano de mil novecentos e oitenta e nove, em data que não sabem precisar, por óbito dos pais do justificante marido, António Afonso e mulher Isabel Guerreira, casados sob o regime da comunhão geral, resi-dentes que foram no Sítio dos Carriços, em Tavira.

- Que, porém, desde aquele ano, portanto, há mais de vinte anos, de forma pública, pacífica, contínua e de boa fé, ou seja, com o conhecimento de toda a gente, sem violência nem oposição de ninguém, reiterada e ininterruptamente, na convicção de não lesarem quaisquer direitos de outrem e ainda convencidos de serem os únicos titulares do direito de propriedade sobre os prédios atrás identificados, e assim o julgando as demais pessoas, têm possuído aqueles prédios – semeando a terra, tratando das culturas, colhendo os respetivos frutos, amanhando e limpando a terra, tratando das árvores, e deles retirando os respetivos rendi-mentos – pelo que, tendo em consideração as referidas características de tal posse, adqui-riram os referidos prédios por USUCAPIÃO.

Tavira e Cartório, em 23 de fevereiro de 2016.

O Notário,

Bruno Torres Marcos

Ato registado sob o n.º 2/457

(POSTAL do ALGARVE, nº 1158, de 4 de Março de 2016)

PROCEDIMENTO POR NEGOCIAÇÃO, COM PUBLICAÇÃO PRÉVIA DE ANÚNCIO PARA ARRENDAMENTO COM OPÇÃO DE COMPRA, DE IMÓVEL MUNICIPAL, PARA A INSTALAÇÃO DE UM EMPREEN-DIMENTO TURÍSTICO HOTELEIRO

1. Identificação e contatos da entidade adjudicante: Município de Alcoutim, com sede na rua do Município, n.º 12 8970-066 Alcoutim, com os contactos de telefone 281540500, fax 281546363 e e-mail [email protected].

2. Objeto do Procedimento: O Procedimento destina-se à celebração de um contrato de arrendamento com opção de compra, de imóvel municipal, para a instalação de um empreendimento turístico.

3. Indicações adicionais: Não é utilizada plataforma eletrónica.

4. Consulta das peças do procedimento: O Programa de procedimento e o caderno de encargos podem ser consultados no sitio da internet www.cm-alcoutim.pt ou solici-tados no local indicado no ponto 1, nos dias úteis, das 8h30m às 15h00m.

5. Critério de seleção das candidaturas: São selecionados os candidatos que declarem:

a. que exercem a atividade hoteleira e pretende exercer a mesma no imóvel objeto de arrendamento, nos termos do artigo 1.º do programa de procedimento.

b. Que dispõem de capacidade financeira para arrendar o imóvel, avaliada de acordo com o estabelecido no anexo I

6. Documentos que acompanham a candidatura: A candidatura deve ser efetu-ada de acordo com o modelo Anexo 2 ao programa de procedimento e acompanhada das seguintes declarações, que devem ser assinadas pelo candidato ou por represen-tante que tenha poderes para a obrigar:

a. Declaração dos valores de EDBITA dos 3 (três) últimos exercícios concluídos e o valor médio dos resultados operacionais, conforme Anexo IV;

b. Cópia das declarações de Informação Empresarial Simplificada (IES) entregues para efeitos fiscais, relativas aos três últimos exercícios, para verificação da infor-mação constante da declaração a que se refere a alínea anterior.

c. Declaração de que o candidato possui no mínimo dois estabelecimentos hoteleiros na Região do Baixo Guadiana (concelhos de Mértola, Alcoutim, Castro Marim, Vila Real de Santo António e Tavira) conforme Anexo V.

d. Declaração que indique o número de anos que exerce a atividade que se pretende exercer no imóvel, sendo que, o este número não poderá ser inferior a 15 (quinze), conforme Anexo VI;

7. Designação e endereço da entidade a quem devem ser entregues ou enviadas as candidaturas: Câmara Municipal de Alcoutim, com sede na rua do Mu-nicípio, n.º 12 - 8970-066 Alcoutim, com os contactos de telefone 281540500, fax 281546363 e e-mail [email protected].

8. Local data e hora limite para entrega das candidaturas: As candidaturas devem ser entregues até às 15h do dia 28 de março de 2016, no endereço indicado no ponto anterior da 8h30m até às 15h00m.

9. Critério de adjudicação das propostas: A adjudicação das propostas será feita segundo o critério da proposta economicamente mais vantajosa sendo avaliados e ponderados os seguintes fatores:

a. Valor da renda – ponderação de 50%

b. N.º de postos de trabalho – ponderação de 50%

10. Elementos e documentos das propostas: As propostas devem:

a. Indicar o valor da renda, tendo por referencia o valor mínimo 1.700,00 euros;

b. Indicar o n.º de postos de trabalho que o proponente se compromete a criar as-sim como os que incidem sobre residentes e/ou naturais no Concelho de Alcoutim;

c. Ser redigidas em língua portuguesa e assinadas pelos concorrentes ou seus representantes;

d. A proposta deve ser acompanhada da seguinte declaração:

i. Declaração sob compromisso de honra de que não se encontra em nenhuma das situações previstas no artigo 55.º do CCP, aprovado pelo Decreto-lei n.º 18/2008, de 29 de janeiro, conforme anexo VII

11. Modo de apresentação das propostas – As propostas e os documentos que as acompanham são apresentadas num único involucro, opaco e fechado, em cujo rosto se identifica o procedimento e se escreve a expressão “Proposta” e o nome ou denominação do concorrente.

12. Local data e hora limite para entrega das propostas: A apresentação das propostas deve ser feita até às 15h do 10.º dia a contar da data do envio do convite, no endereço indicado no ponto 1, das 8h30m até às 15h00m.

13. Local data e hora do ato de abertura das propostas – As propostas são abertas pela comissão, em sessão privada, às 10h00m do dia útil imediato ao da data limite para a respetiva apresentação, no local indicado no ponto 1.

14. Prazo durante o qual os concorrentes ficam obrigados a manter as suas propostas – Os concorrentes ficam obrigados a manter a sua proposta durante um período de 60 dias, contado da data limite para a sua entrega, considerando-se esse prazo prorrogado por iguais períodos se nada for requerido em contrário.

Câmara Municipal de Alcoutim, 01 de março de 2016

O Presidente da Câmara Municipal

Osvaldo dos Santos Gonçalves

(POSTAL do ALGARVE, nº 1158 de 4 de Março de 2016)

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Page 9: POSTAL 1158 - 4 MAR 2016

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ASSEMBLEIA GERALCONVOCATÓRIA

De acordo com o disposto no Parágrafo segundo do art. 23º, e no Parágrafo segundo do art. 25º dos Estatutos da Cooperativa Agrícola dos Produtores de Azeite de Santa Catarina da Fonte do Bispo, CRL, convoco os seus associados a reunirem-se em Assembleia Geral, em sessão ordinária, no dia 02 de Abril de 2016, pelas 14 horas na sua sede e com a seguinte ordem de trabalhos:

1º- Aprovação de Contas de 2015;

2º- Aprovação do parecer do Concelho Fiscal;

3º - Outros Assuntos;

Se à hora marcada não estiver presente o número legal de sócios, a Assembleia Geral reunirá uma hora depois, em segunda convocatória, no mesmo local e com a mesma ordem de trabalhos, podendo deliberar com qualquer número de associados.

Santa Catarina, 29 de Fevereiro de 2016

O Presidente da Assembleia Geral

Alberto Maria Vilela Boto Pimental

(POSTAL do ALGARVE, nº 1158 de 4 de Março de 2016)

MUNICÍPIO DE FAROAVISO N.º 95/2016

Torna-se público que, no âmbito do Programa Estágios Profissionais na Administra-ção Local (PEPAL) – 5.ª Edição, nos termos e para efeitos do n.º 1 do artigo 6.º do Decreto-Lei n.º 166/2014, de 6 de novembro, conjugado com o artigo 3.º da Portaria n.º 254/2014, de 9 de dezembro, se encontram abertas, pelo período de 10 dias úteis, a partir da publicitação do aviso na página eletrónica do Município de Faro em www.cm-faro.pt, candidaturas ao procedimento de recrutamento e seleção para 1 Estágio PEPAL – 5.ª Edição, no qual constará a seguinte informação, relevante para o procedimento de recrutamento e seleção:

- Local onde o estágio irá decorrer, destinatários, duração do estágio, forma e prazo de candidaturas, documentação para apresentação das candidaturas, área e res-petiva licenciatura exigida, planos de estágio, métodos de seleção, parâmetros e fórmula de avaliação, respetivo júri, bem como a legislação aplicável.

Faro, 8 de fevereiro de 2016

Vereador da Câmara Municipal,

José António Cavaco

Publique-se em 2 jornais de expansão regional ou local

Faro, 8 de fevereiro de 2016

Vereador da Câmara Municipal,

José António Cavaco  

 

Page 10: POSTAL 1158 - 4 MAR 2016

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10 | 4 de Março de 2016

Reze 9 Ave-Marias com uma vela aces-sa durante 9 dias, pedindo 3 desejos, um de negócios e 2 impossíveis ao 9º dia publique este aviso, cumprir-se-á

mesmo que não acredite. N.V.

Reze 9 Ave-Marias com uma vela acessa durante 9 dias, pedindo 3 desejos, um de negócios e 2 impossíveis ao 9º dia publique este aviso, cumprir-se-á mesmo que não

acredite.A.B.

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SERAFINA GUERREIRA 11-12-1929 / 25-02-2016

AGRADECIMENTOOs seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes ma-nifestaram o seu sentimento e amizade.

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MARIA JACINTA FERNANDES15-05-1942 / 26-02-2016

AGRADECIMENTOOs seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer for-ma, lhes manifestaram o seu pesar.

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MARIA NATÁLIA CORREIA26-12-1928 / 20-02-2016

AGRADECIMENTOOs seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer for-ma, lhes manifestaram o seu pesar.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

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DANIEL GUERREIRO GONÇALVES25-04-1927 / 13-02-2016

AGRADECIMENTOOs seus familiares vêm por este meio agradecer a todos quantos se dignaram acompanhar o seu ente querido à sua última morada ou que, de qualquer for-ma, lhes manifestaram o seu pesar.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

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VITALINA MARIA RUFINO05-07-1935 / 24-02-2016

AGRADECIMENTOOs seus familiares vêm, por este meio, agradecer a todos quantos a acompanharam em vida e nas suas cerimónias exéquias ou que de algum modo lhes ma-nifestaram o seu sentimento e amizade.

Agência Funerária Santos & Bárbara, Lda.

TAVIRA

MANUEL DOMINGUES90 ANOS

AGRADECIMENTOSua querida família cumpre o doloroso dever de agra-decer reconhecidamente a todas as pessoas que as-sistiram ao funeral do seu ente querido, realizado no dia 20 de Fevereiro, para o Cemitério de Tavira, bem como a todos os amigos que manifestaram o seu pesar e solidariedade. Agradecem também a todos que rezaram Missa do 7º Dia, pelo seu eterno descanso, celebrada no dia 25 de Fevereiro, pelas 08h45m, na Igreja de Santiago em Tavira.

“Paz à sua Alma”

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Page 11: POSTAL 1158 - 4 MAR 2016

opinião

Sobe

& d

esce Tavira renova frentes de mar

Dentro em breve quem visitar a marginal de Santa Luzia na ligação a Pedras d’el Rei e as Quatro-Águas não reconhecerá os locais, como o POSTAL já tinha ante-cipado a obra está quase terminada e a inauguração para breve (Ler pág. 3).

Alcoutim sem médico

A situação repete-se e Alcoutim volta a não ter médico de família no respectivo Centro de Sáude. O alerta é da autar-quia e denuncia o que põe em causa a qualidade dos serviços de saúde prestado pelo Estado. (Ler pág. 4).

Já não era sem tempo que vos anuncio que está à vossa disposição o que há de melhor que até hoje José Quitério con-feccionou, a pensar nos valores sublimes da gastronomia por-tuguesa: “Bem Comer & Curio-sidades”, Sistema Solar, 2015. Avisa-nos em posfácio: “Livro de Bem Comer foi publicado em 1987 e Histórias e Curiosi-

dades Gastronómicas em 1992. Fizeram sem pressas os seus ca-minhos e acabaram por natural-mente esgotar. Relidos os textos, cheguei à conclusão que talvez merecessem não ficar sepulta-dos e poderem ser conhecidos pelos interessados da nova ge-ração. Não é uma mera junção dos dois livros. Aqui fica. Obra definitiva e crê-se que de registo histórico da cultura gastronómi-ca portuguesa”.

E que registo! É a mais com-pleta sinfonia que conheço da nossa cultura do bem comer: a sinopse do património gastro-nómico nacional é inexcedível; regista-se em bronze o que é português e único nas sopas, na sardinha, no bacalhau, na lam-preia e no cozido, não ficam de fora as coisas da carne, feijoadas

e azeite; temos caça com perdiz, galinhola, lebre e coelho. Não faltam os manjares rituais, as efemérides, os grandes escri-tos sobre a cozinha portugue-sa; frioleiras que metem trufas, caviar e foie gras; e vemos a co-mida dos outros muitas vezes servida na nossa terra; e há os queijos, a doçaria conventual e as libações que vão do vinho ao chá. Querem mais?

Quitério escreve com a preci-são das melhores armas de arre-messo, o que comunica fica dito e pode ser aplicado. Um exemplo sobre as sopas alentejanas, o que quer dizer açorda, o que é uma açorda à alentejana ou sopa de coentros à alentejana ou açorda de ovos escalfados à alentejana: “Faz-se uma papa com coentros, dentes de alho e sal, que se põe

numa terrina; deita-se por cima azeite e depois espalha-se pão ca-seiro (às fatias ou partido à mão); rega-se com a água a ferver (onde previamente escalfaram ovos) e tapa-se; dispõem-se por fim os ovos escalfados, na terrina ou em cada prato. Variante pos-sível é a água fervente ter servi-do para nela se ter cozido uma posta de bacalhau, o que vem enxertar um novo sabor. A as-sunção plena deste é na sopa de bacalhau, onde, além do expos-to (substituídos os coentros por poejos – mas estes também po-dem entrar na açorda – e acres-centado um dedal de farinha e outro de vinagre), o bacalhau se incorpora”. Apetecia-me ir mais longe e falar do gaspacho ou da sopa de beldroegas, até mesmo a sopa de espinafres com ovos,

mas impõe-se respeitar a neutra-lidade territorial.

Acresce que José Quitério é um homem mesmo culto, não mete à pressão buchas literárias nem citações retiradas de almanaque. Falando da cozinha galega, até apetece fazer a mala e pôr-nos ao caminho: “A terra galega é verde-jante, brumosa, fecundada pela chuva pendular. Pastos abun-dantes com a correspondente riqueza em gado, e leite que dá para abastecer boa parte de Espanha. O mar, além de tema poético que já vem do mais re-moto lirismo galaico-português (“Ondas do mar de Vigo, / se vistes meu amigo! / E ai, Deus, se virá cedo!”) transborda de brindes piscícolas e marisquei-ros. Rios truteiros, salmonídeos e lampreiosos.

4 de Março de 2016 | 11

ficha técnica

Sede: Rua Dr. Silvestre Falcão, n.º 13 C - 8800-412 Tavira - Algarve Tel: 281 320 900 | Fax: 281 320 909 E-mail: [email protected]: www.postal.pt

Director: Henrique Dias(CP 3259).

Editor: Ricardo Claro (CP 9238). Redacção: Cristina Mendonça (CP 3258), Humberto Ricardo (CP 388).Design: Profissional Gráfica. Colaboradores fotográficos: José A. N. Encarnação “MIRA” Colaboradores: Beja Santos (defe-sa do consumidor), Nelson Pires (CO76). Departamento Comercial, Publicidade e Assinaturas: Anabela Gonçalves, José Francisco.Propriedade do título: Henrique Manuel Dias Freire ( mais de 5% do capital social)Edição: Postal do Algarve - Publicações e Editores, Lda. Contribuinte nº 502 597 917. Depósito Legal: nº 20779/88. Registo do Título (dgcs): ERC nº 111 613. Impressão: Naveprinter Distribuição: Banca - Logista, à sexta-feira com o Público/VASP - Sociedade de Transportes e Distribuição, Lda e CTT.Estatuto editorial: disponível em http://www.postal.pt/quem--somos/Membro: APCT - Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação; API - Associação Portuguesa de Imprensa.

Tiragem desta edição:7.535 exemplares

Uma obra definitiva da melhor literatura gastronómica portuguesa

E-mail da redacção:

[email protected]

Esta é uma iniciativa das Bibliotecas Paula Nogueira do Agrupamento de Escolas Professor Paula Nogueira (Olhão) em parceria com a Casa da Juventude de Olhão e o POSTAL, que semanalmente divulga os problemas e as soluções deste jogo. Várias escolas do Algarve já aderiram à iniciativa: AE Professor Paula Nogueira (Olhão) / AE da Sé (Faro) / AE D. Afonso III (Faro) / AE Dr. Alberto Iria (Olhão) / Colégio Bernardette Romeira (Olhão) / AE Dr. João Lúcio (Fuseta) / AE de Estoi (Faro) / AE Joaquim Magalhães (Faro) / AE do Montenegro (Faro) / AE de Castro Marim (Vila Real de St. António) / AE Professora Diamantina Negrão / (Albufeira) / Agrupamento de Escolas José Belchior Viegas (Mega Agrupamento de São Brás de Alportel) / Escola Secundária João de Deus (Faro) / Agrupamento de Escolas D. Paio Peres Correia (Tavira) / Casa da Juventude (Olhão) / Postal do Algarve. Convidamos todas as escolas e bibliotecas, interessadas em aderir ao Jogo da Língua Portuguesa e receber os materiais para o mesmo, a contactar: [email protected] ou [email protected].

>> SOLUÇÃO da edição passada

Beja SantosAssessor do Instituto do Consumidor e consultor do POSTAL

- Ana, chega aqui.Abandonei as prateleiras

que andava a vasculhar e

aproximei-me da secção de livros que prendia a atenção do Capitão.

- Olha para isto…Fez-me ler os títulos e ob-

servar as capas. Nazismo, Hitler, Hitler e mais nazis-mo. De facto nunca antes me dera conta, na Fnac ou em qualquer outra livraria, da existência de tanta lite-ratura sobre o tema.

- Preocupante… - comen-tou. - Já na televisão é a mes-ma coisa: os canais de que

gosto estão sempre a passar programas sobre isto.

- Achas que voltou o fascí-nio? - a ideia horrorizou-me.

Ontem os miúdos quise-ram ver o Jurassic World; uma sequela do Jurassic Park, no qual um monstru-oso dinossauro genetica-mente manipulado se esca-pa do cativeiro espalhando o terror pela ilha. Uma das ideias para o travar? Soltar os ferozes velociraptors.

Aquilo fez-me, de alguma

forma, lembrar o estado do mundo: ameaças monstru-osas a serem combatidas por males que se podem vir a tornar ainda maiores do que elas. Migrações massi-vas provocadas por guerras cujos orquestradores nem suspeitamos quem sejam, ditadores insanos com des-mesurados poderios, extre-mismos religiosos, só para enumerar alguns. E a res-posta? Um renascer de ide-ais, sem paliativos, nazis.

O que tem mantido o Ho-mem é a capacidade de evo-luir. O que tem expandido a humanidade é o alargamen-to progressivo das capacida-des mentais.

Mas, e o correspondente alargamento das competên-cias morais, éticas e emo-cionais? Onde ficou? O que continuo a estranhar é como é que chegámos tão longe se continuamos a insistir em não aprender com os colos-sais erros já cometidos…

Não pode voltar o fascínio!

Ana Amorim Dias - [email protected]

� A – Aquele conteúdo da aula foi de encontro os interesses dos alunos. ; B – Aquele conteúdo da aula foi ao encontro dos interesses dos alunos.

� C – Aquele conteúdo da aula foi de encontro dos interesses dos alunos.

� D – Aquele conteudo da aula foi ao encontro dos intresses dos alunos.

� A – A obra na minha casa está meia feita. � B – A obra na minha casa está meio feita. � C – A obra na minha caza está meia feita. � D – A óbra na minha casa está meio feita.

>> ASSINALE A FRASE CORRETA

Page 12: POSTAL 1158 - 4 MAR 2016

d.r.

pubpub

Lagoa inaugura hoje Balcão Único MunicipalServiços que antes se encontravam dispersos ficam agora concentrados no mesmo espaçoA CÂMARA DE LAGOA INAU-GURA, esta sexta-feira, pelas 16.30 horas, com a presença do ministro adjunto, Eduar-do Cabrita, o novo sistema de atendimento público, con-centrando num só espaço a maioria dos serviços munici-pais prestados aos cidadãos, o Balcão Único Municipal.

O Balcão Único Municipal surgiu no contexto nacional da Modernização da Admi-nistração Autárquica, sendo um espaço dotado de maior eficácia e com melhoria no atendimento por uma equipa multidisciplinar, visando faci-litar a solução dos problemas de forma rápida e tratar de vá-rios assuntos de acordo com as

necessidades de cada cidadão.A autarquia de Lagoa dota

assim os serviços de “um aten-dimento multicanal personali-zado, seja ele pessoal, informá-tico ou telefónico, que se quer com qualidade e competência, sempre no sentido da satisfa-ção da sua população numa resposta directa às questões que surgem no dia-a-dia da sua administração”.

O espaço conta com seis postos individuais de aten-dimento, dois postos avan-çados de tesouraria, dois gabinetes de atendimento técnico e um posto de auto utilização onde o cidadão poderá realizar consultas sobre os processos relacio-

nados com os seus pedidos.“Sendo que, para o bom

funcionamento desta nova mais-valia se impõe uma valorização da imagem e da funcionalidade dos seus agentes baseada no profissio-nalismo e simpatia, a aposta foi focada na formação da equipa de funcionários aten-dedores, na aquisição de sof-tware moderno e na criação de uma área decorada com cores alegres”, explica a au-tarquia lagoense.

O Balcão Único Municipal fica situado logo na entrada do edifício-sede da câmara, com um horário contínuo de atendimento das 9 às 16.30 horas, de segunda a sexta Ô Novo espaço fica situado na entrada do edifício-sede da câmara

últimaTiragem desta edição:7.535 exemplares

O POSTAL regressa no dia

18 de Março

ATÉ 29 DE MARÇO

Tavirenses convidados a participar na revisão do PDM

A FASE DE PARTICIPAÇÃO PÚ-BLICA de revisão do PDM de Tavira decorre até ao próxi-mo dia 29. Todos os interes-sados podem apresentar as sugestões e informações que considerem pertinentes.

A Câmara de Tavira delibe-rou em reunião do passado dia 26 de Fevereiro, “definir o prazo de três anos para a ela-boração deste procedimento e estabelecer uma data limite para a recolha de sugestões”.

O processo pode ser con-sultado no site do Município (www.cm-tavira.pt) ou nas instalações da câmara todos os dias úteis, no horário de expediente.

Os contributos devem ser formulados, por escrito, em impresso próprio, a conceder pelos serviços.

“PORTUGALIDADE”

Maestro Victorino d’Almeida dá conferência-concerto em LouléO CONHECIDO MAESTRO Antó-nio Victorino d’Almeida apre-senta uma conferência-concerto intitulada “Portugalidade” esta sexta-feira, pelas 21.30 horas, no Cine-Teatro Louletano.

No âmbito da homenagem que o Governo português, atra-vés da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, de-cidiu fazer em 2015 ao maestro António Victorino d’Almeida com uma digressão interna-cional comemorativa do seu 75.º aniversário em formato de conferência-concerto, o Cine-Te-atro Louletano associa-se agora a esta meritória iniciativa em torno de uma das figuras mais destacadas da cultura portugue-sa dos últimos 50 anos.

“Portugalidade” é protago-nizada pelo homenageado maestro António Victorino d’Almeida e pelo divulgador musical Miguel Leite (antigo aluno do maestro), dando ao público a oportunidade de po-

der usufruir de um momento único, festivo, cheio de vitalida-de, oportunidade de exaltação e projecção da Arte e Cultura nacionais, o qual decorrerá em clima de grande informalida-de, na linha das actuações de carácter didáctico, formativo e artístico a que o maestro Victo-rino d’Almeida já habituou o grande público.

A sessão tem a duração de 90 minutos, dirigindo-se a maio-res de seis anos. Os bilhetes têm um custo normal de oito euros, sendo de seis euros para maiores de 65 e menores de 30 anos no âmbito da política de descontos iniciada pelo Cine--Teatro este ano.

Para mais informações e re-servas os interessados podem contactar o Cine-Teatro Loule-tano pelo telefone 289 414 604 (terça a sexta das 13 às 18 horas) ou pelo email [email protected]. Além disso, podem consultar o seu website cinetea-

tro.cm-loule.pt ou a sua página de facebook, em permanente ac-tualização, onde também existe a possibilidade de compra on--line de ingressos através da pla-taforma BOL (www.bol.pt).

d.r.

Ô O maestro Victorino d’Almeida

Page 13: POSTAL 1158 - 4 MAR 2016

www.issuu.com/postaldoalgarve7.535 EXEMPLARES

Mensalmente com o POSTAL

em conjuntocom o PÚBLICO

MARÇO2016n.º 90

ric

ard

o c

laro

Amália ao sul

p. 8

Som Riscado: festivaldesafiapúblicos em Loulé p. 5

d.r.

Lugares da Primeira Globalização

p. 3

d.r.

Missão Cultura:

Fragmentos de uma história do Algarve contemporâneo

p. 2

Letras e Leituras:

Harper Lee: Autora de um só livro?

d.r.

p. 4

d.r.

Espaço AGECAL:

A fotografia é arte visual?

p. 6

Artes visuais:d.r.

Page 14: POSTAL 1158 - 4 MAR 2016

04.03.2016 2 Cultura.Sul

AGENDAR

Comemoraram-se em Setem-bro de 2015 os 100 anos do 1º Congresso Regional Algarvio em que se mobilizaram pela primeira vez os grandes vultos do Algarve para uma reflexão profunda, no Casino da Praia da Rocha, sobre os desígnios desta região.

Durante três dias juntaram--se várias classes profissionais e as personalidades mais destaca-das para diagnosticar o panora-ma regional de então. Podemos mesmo referir que o Algarve as-sumiu uma ruptura regionalista com o resto do país, pois ao in-vés de congressos municipalistas que promoviam a propaganda nacional, situaram a discussão numa dimensão aglutinadora de uma visão regional. O turismo ainda não era uma realidade no Algarve, mas as preocupações da população falavam de desigual-dades sociais e territoriais.

Vivia-se a 1ª República Portu-guesa e experimentava-se uma crise governativa que contribuía para mudanças sucessivas de chefes de governo. A nível mun-dial, a Guerra das Guerras tinha despontado no ano anterior e a

Europa teria de reconfigurar as suas fronteiras. O comboio che-gara pouco anos antes ao Algar-ve. As mulheres reivindicavam direitos de igualdade, o casa-mento laicizava-se e a ‘instrução popular’ era discutida. O último concelho do Algarve tinha aca-bado de nascer: São Braz de Al-portel em 1 de junho de 1914, fechando assim o mosaico dos 16 concelhos que hoje constro-em este território.

As reflexões desenvolvidas à data falavam-nos dos produtos e da indústria do Algarve (Luís Mascarenhas), do clima (Ben-tes Castelo Branco), das paisa-gens culturais algarvias (João de Mello Falcão Trigoso) e da alfabetização (Mateus Moreno), entre outros. O professor Fernan-do Catroga fala numa revolução cultural de raiz neo-iluminista1 no Algarve. Sobre o desenvolvimen-to do turismo na região assume particular relevância a interven-ção de Thomaz Cabreira (Presi-dente do Congresso), que havia sido ministro das finanças por pouco tempo e apresentava nes-te congresso uma reflexão sobre as zonas turísticas, que viriam a determinar o aparecimento das primeiras estruturas de apoio ao turismo do Algarve. Defen-deu então a criação de uma gare marítima em Vila Real de Santo António para trazer os turistas da

margem de Ayamonte, na An-daluzia, até ao Algarve. Propõe a criação das ‘zonas turísticas’ da Praia da Rocha e de Monchique indo ao encontro da procura en-tre o mar e a serra, e introduz a necessidade de um casino e de um teatro, que proporcionem uma outra oferta regular. Foram dias de inovação e planeamento prospectivo.

Numa coordenação científica conjunta connosco, o Profes-sor Doutor A. Paulo Oliveira e a Mestre Cristina Fé Santos, deter-

minou-se que os 100 anos do 1º Congresso do Algarve seriam o pretexto para intentar um con-tributo para a história do turis-mo no Algarve. A obra aconteceu e está aí. Recebeu o contributo de 15 artigos que abordam temas sobre: património, cultura e tu-rismo em termos abrangentes e conceptuais; história do turismo no Algarve; e as infra-estruturas e o turismo na região. O apoio de vários municípios e entidades, tornou possível a sua edição pela Universidade do Algarve, através

da sua Faculdade de Ciências Hu-manas e Sociais e do CEPAC.

Estes retalhos a que se cha-maram fragmentos celebram e marcam desta forma um cen-tenário que teve com o Municí-pio de Portimão e o seu Museu Municipal ao longo do ano que passou a programação de um conjunto de relevantes palestras, assim como motivou uma exce-lente exposição ainda patente no Museu sobre o “despertar deste novo Algarve”.

Hoje, na linguagem do marke-ting, correntemente adoptada, dir-se-ia que naquele Congres-so Algarvio, foi a primeira vez que se fez uma análise SWOT, identificando-se potencialida-des e constrangimentos para a região, no entanto, ainda subsis-tem muitas destas características por resolver e cumprir.

Alexandra Rodrigues Gonçalves

1) Maria de Fátima Pegado Martins de Almeida Pires (2012)

O surto das ideias republicanas no Algarve (1876-1910). Tese de Mestrado da FCHS/Univer-

sidade do Algarve. available on line: https://sapientia.ualg.pt/bitstream/10400.1/3484/1/

tese_venha%20a%20republica%20paginada%20-%20C%C3%B3pia.

pdf, Outubro de 2015.

Tirar... ou os ombros… ou o peso...

Não gosto quando as pes-soas dizem que não preci-sam de ninguém. […] Tal-

vez até seja bom ficar um dia ou dois a sós connosco próprios. Mas não será triste ficar sozinho o tempo todo?

Eu fiz um bolo, vou comê--lo sozinha. Vou demorar imenso tempo a comê-lo, sozinha. A não ser que esteja em TPM. Mas que sentindo faz, Eu fazer um bolo só para mim? Sem ter ninguém que diga - Gosto, está bom, devias fazer mais vezes - ou - Que

bela merda, não serves para pasteleira, vai mas é escrever.

Eu acho que precisamos de alguém, para partilhar, para ajudar, para ouvir. Hoje em dia as pessoas já não ouvem, elas se calhar só esperam a sua vez para falar. Eu preciso de alguém, todos nós precisamos de ser amigos, de cuidar, proteger. Para que serve a vida se vi-vermos sós?

Não me digam que não precisam de ninguém. Não me digam que estão bem somente por vossa conta. Eu sei, todos sabemos cuidar de nós. Foi para isso mesmo que fomos ensinados, para cuidarmos de nós. Então e somos egoístas ao ponto de não cuidarmos dos outros?

As pessoas precisam amar mais. Ter mais paciência. Não cuspir estupidez. Eu sou

estúpida, mas sou uma estú-pida que cuida, que ama, e que não se importa de ser es-túpida. Ser estúpido até não é mau. Desde que seja uma estupidez saudável. Aquilo que somos, anda connosco, aos nossos ombros. E pare-cendo que não, com o passar do tempo, às vezes o peso já nos dobra. Já não se supor-ta. Às vezes, temos que tirar... ou os ombros… ou o peso...

Editorial Missão Cultura

Direção Regionalde Cultura do Algarve

Juventude, artes e ideias

“PARA ALÉM DA PORTA”Até 26 MAR | Galeria de Arte da Praçado Mar - QuarteiraExposição apresenta uma recolha que foi efectuada por António Alvélua Correia sobre portas em ma-deira de habitações, na sua maioria degradadas, em diversas zonas do Algarve

“PRELUDE”5 MAR | 22.00 | Casa do Povo de Santo Estêvão- TaviraProjecto Darko marca o regresso de Zé Manel à mú-sica (ex-vocalista dos Fingertips), desta vez, a solo, afirmando-se como compositor, intérprete e letrista

foto: drcalg/r. parreira

O reconhecimento é devido a quem o merece e o Museu de Portimão é um caso de sucesso que merece claramente ser re-conhecido. Outros haverá certa-mente nesta área da museologia, como noutras, também eles e pe-las mais diversas razões, que de-vrão ser alvo de reconhecimento, mas o que neste caso releva é o sucesso do museu portimonense em número de visitantes no pas-sado ano de 2015.

Mais de 53.400 pessoas passa-ram pelo equipamento cultural da cidade do Arade no ano pas-sado, um valor que faz crescer o volume de visitas em 5,7% e só isto era por si digno de destaque.

O espaço, um museu de cariz industrial, é no entanto digno de nota quanto à sua perfro-mance porque ao atingir este valor fica entre os grandes do país, combatendo com os mu-seus sob tutela directa da Direc-ção-Geral do Património.

O Museu de Portimão tem mais visitantes que, por exem-plo, os museus Nacional de Arte Contemporânea / do Chiado e Nacional do Traje.

A posição relativa do museu algarvio em termos comparati-vos é assim digna de relevo e dá nota do interesse que suscita e da sua capacidade de funcionar como elemento diferenciador da oferta cultural portimonense e regional. Uma mais-valia que prova também que os museus algarvios estão longe de serem simples espaços de exposição sem interesse ou capacidade aglutinadora.

Por todas estas razões se deve o reconhecimento a quem pen-sou, criou, dirige e mantém em funcionamento mais um 'palco' da cultura regional.

Museu de Portimão, um caso de sucesso

Ricardo [email protected]

Petra Martins Blogger

Fragmentos de uma história do Algarve contemporâneo

Page 15: POSTAL 1158 - 4 MAR 2016

04.03.2016  3Cultura.Sul

Espaço AGECAL

Há 600 anos atrás, nos finais da Idade Média, o extremo Sul de Por-tugal assumiu um particular prota-gonismo nos contactos atlânticos que configuraram uma abertura do Mun-do Antigo e Medieval que alguns his-toriadores designam como «Primeira Globalização».

Numa conjuntura histórica especí-fica, em que a Cristandade cobiçava as riquezas que vinham do espaço africano mas as rotas caravaneiras estavam nas mãos dos impérios mu-çulmanos, enquanto os medos ao oceano inibiam os mareantes e os afastavam das rotas oceânicas, algu-mas elites do espaço atlântico euro-peu e a burguesia emergente que as apoiava procuraram criar novas opor-tunidades económicas fora desse âm-bito geográfico.

Mercê das suas boas condições portuárias e da sua posição no ex-

tremo Sudoeste europeu como en-cruzilhada das rotas marítimas entre o Mediterrâneo, o Atlântico Norte e a costa atlântica africana, um conjun-to de localidades algarvias foi impli-cado no lançamento de um projeto global de viagens de exploração ma-rítima ao longo da costa ocidental africana a partir da segunda década do século XV.

Se o centro nevrálgico desse mo-vimento foi Lagos – protagonismo

que se deve a uma população de ma-reantes experimentados, à natureza da sua baía abrigada, à proximidade das serras de Monchique e Espinha-ço de Cão para aprovisionamento de madeira usada na construção naval e ao abastecimento que era garantido por hortas, terras de pão e pastos, e às salinas essenciais à conservação dos géneros que abasteceram barcas e caravelas em viagens de longa du-ração – outras localidades algarvias

como Alvor, Silves, Tavira ou Castro Marim participaram nele ativamente.

Em todas essas localidades se fez sentir a presença de um dos grandes impulsionadores desse movimento de exploração, personagem incon-tornável neste contexto: o Infante Dom Henrique, o príncipe que criou uma das maiores casas senhoriais do reino e um portentoso empório co-mercial sustentado pelo tráfico do ouro e dos escravos mas que, aos cin-

quenta anos, escolhe o promontório de Sagres, um ermo escarpado apon-tado mar adentro, para nele edificar a sua vila – a moradia que escolheu para morrer.

Em 2015, esse conjunto de locali-dades algarvias onde se faz sentir a tradição dos patrimónios do mar co-notados com os Descobrimentos, deu corpo a uma candidatura que visa a sua inscrição na lista indicativa do Pa-trimónio Mundial da UNESCO e que integra ainda, repartidos por Portu-gal, Espanha, Cabo Verde, Marrocos e Mauritânia (cinco países), vários luga-res que a memória universal associa ao imaginário das importantes mudan-ças históricas relacionadas com aquele movimento de exploração e comércio.

São lugares associados ao lança-mento de um processo de globaliza-ção ainda limitado por uma perceção do mundo centrada no mediterrâno, sem uma noção da verdadeira confi-guração do oceano – que agora dei-xava de meter medo mas continua-va a ser informe e sem fim. É nossa convicção que o reconhecimento mundial dessa herança comum e a sua adequada gestão promoverão o intercâmbio cultural entre povos, contribuindo para o diálogo entre culturas, projetando um conceito dinâmico de cultura de paz.

Grande ecrã

Cineclube de TaviraProgramação: www.cineclubetavira.com281 971 546 | [email protected]

SESSÕES REGULARES | CINE-TEATROANTÓNIO PINHEIRO | 21.30 HORAS

10 MAR | SICARIO (SICÁRIO - INFILTRA-DO), Denis Villeneuve – E.U.A. 2015 (121’) M/1617 MAR | QUE HORAS ELA VOLTA?, Anna Mylaert – Brasil 2015 (111’) M/12 24 MAR | AMY, Asif Kapadia – Reino Uni-do/ E.U.A. 2015 (127’) M/14

31 MAR | MUSTANG, Deniz Gamze Er-güven – França/Alemanha/Turquia/Qatar 2015 (97’) M/12

Filmes abordam condição humana e sociedade em Tavira

A maioria dos filmes programa-dos levantam uma série de ques-tões em torno da condição huma-na. Se bem que o filme "45 anos" é um retrato mais intimista, os fil-mes "Sicário", "Que horas volta?" e "Mustang", levantam questões muito pertinentes no contexto económico e social que vivemos actualmente. Finalmente todos eles tratam da condição humana.

"45 anos" foi um pedido do público de Tavira. Um filme que consegue escapar dos lugares comuns em torno do assunto da velhice e põe em relevo o papel da paixão e do tempo.

"Sicário" questiona o valor da vida humana. Com um estilo vi-sual que impressiona, o director gere com grande mestria o ritmo e o suspense. Tudo resulta credível no brutal universo que explora. O seu virtuosismo narrativo serve ao realizador para expor uma con-clusão arrepiante. O que os guar-diões da ordem mais temem não é a droga, mas sim que se provo-

que caos na própria ordem."Que horas ela volta?" fala

com inteligência e sensibilidade de algo que não perdeu vigên-cia desde o princípio da humani-dade, a chamada luta de classes, por mais que aqueles que estão por cima afirmem que se trata de algo que pertence ao passado, superado pelo progresso, pela civilização, ou por um mundo mais justo e falácias similares.

"Mustang" exibe as contra-

dições da sociedade patriarcal turca. O realizador evoca essa crise cultural nos jovens. É uma história dramática, mas Gamze Ergüven tem a capacidade de a contar com leveza e com uma dose de humor.

O cineclube anuncia que con-tinuará com a sua programação regular todas as quintas feiras, e que a Mostra este ano inaugura no dia 15 de Julho.

Cineclube de Tavira

Cena do filme 'Sicário'

fotos: d.r.

Cineclube de Faro Programação: cineclubefaro.blogspot.pt

IPDJ | 21.30 HORAS8 MAR | QUE HORAS ELA VOLTA?, Anna Mylaert – Brasil 2015 (111’) M/12 15 MAR | MUSTANG, Deniz Gamze Er-güven, França/Alemanha/Turquia/Qatar, 2015, 97’, M/1422 MAR | ANTESTREIA | JOHN FROM, João Nicolau, Portugal, 2015, 98’ , com a presen-ça do realizador (a confirmar)

TEATRO MUNICIPAL DE FARO | 21.30 HORAS29 MAR | FILHO DE SAUL, László Nemes, Hungria, 2015, M/16

Lugares da Primeira Globalização

Rui ParreiraArqueólogo e museólogo, sócio da AGECAL.

d.r.

Page 16: POSTAL 1158 - 4 MAR 2016

04.03.2016 4 Cultura.Sul

Harper Lee – Autora de um só livro?

Harper Lee é uma autora que marcou a literatura norte-ame-ricana e anglófona apesar de o ter feito – pensava-se – através de uma única obra. Mataram a Cotovia (To kill a mockingbird) considerado Melhor Romance do Século, em 1999, pelo Libra-ry Journal, ganhou o Pulitzer em 1961 e vendeu mais de 30 milhões de exemplares, tradu-zido em mais de quarenta lín-guas, adaptado ao cinema em 1962. Em Portugal, foi traduzi-do originalmente sob o título Por favor não matem a cotovia, até que a Relógio d’Água numa edição mais recente corrigiu o tí-tulo, segundo muitos de forma mais justa, para Mataram a Co-tovia. Poucos meses depois de ter sido publicado outro manuscrito seu, que parecia constituir uma sequela ao seu primeiro roman-ce, a autora faleceu no dia 19 de Fevereiro deste ano.

Apenas no final da sua vida, quando Harper Lee contava já 88 anos, foi publicada outra obra, entre muita polémica, lançada entre nós com o título Vai e Põe uma Sentinela, publicada pela Editorial Presença, em Outubro de 2015. Em agosto de 2014 a advogada de Harper Lee, Tonja B. Carter, ao remexer entre vários documentos da autora ter-se-á deparado com um manuscrito que lhe chamou a atenção pois parecia tratar-se de um rascu-nho para o To kill a mocking-bird, sendo que os nomes das personagens eram os mesmos. Só depois percebeu que aquela era uma história diferente e si-tuada vinte anos mais tarde em relação à acção de Mataram a Cotovia, com uma nova intriga e onde as crianças eram agora jovens adultos. Supostamente Go set a watchman foi o primei-ro original de Harper Lee mas, quando o apresentou ao editor, este ter-lhe-á sugerido que escre-vesse um livro da perspectiva de Scout ainda em criança, recuan-do cerca de vinte anos.

Entretanto, tudo o que se conseguiu apurar sobre a publi-cação deste manuscrito perdido, ou melhor dizendo, esquecido, terá sido por interposta pessoa,

sem ter havido qualquer decla-ração directa por parte da auto-ra. Afinal, Harper Lee não dava uma entrevista desde 1964, pois recolheu-se ao anonimato, e des-de 2007, quando terá sofrido um acidente vacular cerebral, que vi-via num lar na terra onde nasceu, Monroeville, encontrando-se fí-sica e metalmente debilitada, e aparentemente cega. Mesmo quando a advogada foi julgada em tribunal o silêncio de Harper Lee ter-se-á mantido, ainda que tenha deixado a mensagem de que este manuscrito era uma obra acabada e, mesmo que não estivesse ao nível do roman-ce por que ficou mundialmente conhecida, era certamente uma obra digna de uma principiante.

Nelle Harper Lee nasceu no dia 28 de Abril de 1926 em Mon-roeville, uma pequena cidade do Alabama, onde se tornou a me-lhor amiga de um rapaz que se mudou para lá aos quatro anos, após o divórcio dos pais. Harper Lee servirá de inspiração a esse mesmo rapaz, anos depois, para a personagem Idabel de Outras vozes, outros lugares, o roman-ce de estreia de Truman Capote, enquanto este, por seu lado, será retratado como Dill, o vizinho e amigo da protagonista Scout, de Mataram a Cotovia, um rapaz baixo, de ombros largos, sem-pre presente nas brincadeiras de Scout e do irmão Jem. Quem viu os filmes Capote (2005) e Infame (2006), recordar-se-á de Nelle Harper Lee, a inseparável amiga de Truman Capote, representa-da, respectivamente, por Catheri-ne Keener e Sandra Bullock.

Nelle foi a mais nova de qua-tro irmãs, filhas de um advoga-do, cuja carreira terá começado com o polémico caso de defe-

sa de dois negros acusados de terem morto um comerciante branco, depois condenados a morte por enforcamento. Este caso real está de certa forma re-tratado na forma como Atticus Finch, o pai de Scout, também ele advogado, em Mataram a Co-tovia, não hesitará em defender, perante o assombro e revolta de vizinhos e amigos, um negro acusado de violar uma jovem branca, ensinando aos filhos que nunca se devem render ao racis-mo ou a qualquer outro tipo de preconceito social. Esta situação irá ter um volte face curioso no se-gundo livro de Harper Lee, Vai e Põe uma Sentinela, onde o pai de Scout, agora com 26 anos e co-nhecida pelo nome próprio de Jean Louise, parece finalmente sucumbir também ele ao racis-mo, o que retrata as tensões ra-ciais que se viviam nos anos 50.

Em Vai e Põe uma Sentine-la sente-se, efectivamente, esse

constante retorno à infância de Scout, o que parece justificar, de facto, que este livro tenha pro-vocado a escrita de Mataram a Cotovia. Quando Jean Louise re-gressa à sua terra natal, pois vive agora em Nova Iorque (à seme-lhança da autora), para visitar o pai que está doente, existem constantes deambulações pelo passado da protagonista, por ve-zes através da narração de episó-dios subitamente relembrados, muitas vezes apenas em subtis alusões ou comparações entre o tempo da narrativa e o tempo da infância: «Os comboios haviam mudado desde a sua infância» (p. 11); «Havia vinte anos que não voltava àquela estação» (p. 14); «O tempo da escola havia sido o período mais infeliz da sua vida» (p. 36).

A escrita é leve mas cuidada, e com um humor bastante pecu-liar, que parece advir da própria perspectiva e espírito irreveren-

te de Jean Louise: «Jean Louise, Jem e Dill ter-se-iam aborrecido de morte não fosse o reverendo Moorehead possuir um talento deslumbrante que fascinava as crianças: ciciava. Tinha um espa-ço entre os dois dentes da frente (Dill jurava que eram falsos e ti-nham sido feitos assim para os fazer parecer naturais) que pro-duzia um som desgraçadamen-te divertido quando ele pronun-ciava uma palavra com um «s» ou mais. Perversão, Jesus, Cristo, salvação, sucesso eram palavras--chave que esperavam ouvir todas as noites, e a sua atenção era recompensada de duas for-mas: naquele tempo, nenhum pastor conseguia terminar um sermão sem as usar todas, o que

lhes garantia deliciosos paroxis-mos de riso abafado pelo menos sete vezes por noite; em segundo lugar, uma vez que prestavam uma atenção tão rigorosa ao re-verendo, os três amigos foram considerados as crianças mais bem comportadas da congre-gação.» (p. 60-61).

Publicado ou não com o consentimento da autora, que já não terá vivido o suficiente para colher os louros deste su-cesso (a obra estava já no top de vendas da Amazon, seis meses ainda antes do seu lançamen-to); o estado de saúde da auto-ra seria tão debilitante como se fazia crer?; este romance tem de facto qualidade literária para fa-zer jus à sua obra anterior que parecia fazer de Harper Lee au-tora de um único livro (apesar de ter escrito alguns contos e ensaios)? Esta não é uma obra de todo pacífica, dado o contex-to em que surge e as questões que levanta, mas é certamente um romance meritório de ser lido, independentemente de se ler antes ou depois ou até mes-mo de se ter lido ou não Mata-ram a Cotovia. É também uma obra que faz luz sobre o passa-do da protagonista, Jean Loui-se Finch (terá a sua infância e a educação que recebeu por parte do pai uma mentira?) e sobre o passado de uma nação dividida pelas tensões raciais que, afinal, não são um assunto arrumado, como ainda recentemente se pôde verificar a propósito da questãos dos Óscares.

Paulo SerraInvestigador da UAlgassociado ao CLEPUL

Letras e Leituras

fotos: d.r.

A publicação de ‘Vai e Põe uma Sentinela’ gerou muita polémica

Harper Lee marcou a literatura norte-americana e anglófona

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04.03.2016  5Cultura.Sul

Panorâmica

Festival Som Riscado: Criar! Implicar! Inovar!

Loulé prepara-se para receber, entre os dias 31 de Março e 3 de Abril, um novo festival que prome-te ser uma verdadeira pedrada nas mansas águas do panorama geral da cultura no Algarve.

Dizer que o Festival Som Riscado - assim se chama a nova data que pretende marcar a agenda anual da cultura regional - é um festival que pretende unir a nova música portuguesa de cariz experimental e os universos da imagem e das artes visuais, é pouco, muito pouco, para definir o desafio que a Câmara de Loulé, presidida por Vítor Aleixo, quer lançar à região.

'Som riscado': um apelo à intervenção,

uma provocação... mesmo uma afronta

ao pensamento do espectador

É verdade que o festival quer unir a nova música nacional de li-nha minimal, psicadélica e electró-nica e o desenho, a pintura, o gra-ffiti e o cinema, bem como, a esta mescla quer chamar a fotografia, a arte digital, a imagem animada e o design. Mas o ‘Som Riscado’ quer ser muito mais do que isso, quer ser um apelo à intervenção, uma provocação... mesmo uma afronta ao pensamento do espectador.

Mais longe - depois da conversa do Cultura.Sul com Dália Paula, responsável pelo departamento de Cultura da Câmara de Loulé e uma das mentes por detrás de todo o festival - a verdade é que o ‘Som Riscado’ não quer espectadores tout court, quer em cada um dos que se deslocarem ao festival um verda-deiro interventor, um pensador, um deslumbrado activo e - porque não - um ‘fazedor de arte’ que não deixa por mãos alheias a interpre-tação e a definição do fenómeno cultural.

Por detrás deste entendimento pouco usual do espectador está a ideia de que a cultura é um factor estratégico de desenvolvimento do concelho de Loulé e a consciencia-lização dos programadores cultu-rais locais de que a política cultural deve assentar num entendimento do território e da população, que se faz ouvindo as pessoas do concelho “numa perspectiva que recusa tra-çar rumos com decisões top-down

e, antes, se obriga a ouvir e a apos-tar numa construção horizontal e transversal das decisões no campo cultural”, refere Dália Paulo.

O festival não pretende ser um programa cultural com data mar-cada, finito e fechado sobre si mes-mo enquanto epifenómeno cultu-ral. “O ‘Som Riscado’ é o ponto culminante de uma programação cultural que se fez e faz - e fará - ouvindo a população louletana e percebendo quais são as suas ne-cessidades, ao mesmo tempo que, numa perspectiva macro, se vê o que faz falta no panorama cultural regional, quer em termos de oferta, quer em termos de resposta aos di-versos públicos-alvo”, refere a res-ponsável autárquica.

Um festival urbano para um público jovem

e jovem adulto

“Percebemos que quer em Loulé, quer na região, havia uma falta de resposta para os públicos jovem e jovem-adulto que integrasse o que de novo na região e no país se vai fazendo na área da nova música portuguesa e na exploração de ino-vadores conceitos no mundo das artes visuais”, refere Dália Paulo, que encontrou a resposta na pro-posta “de verdadeiros e inovado-res diálogos entre artistas das artes performativas e das artes visuais e plásticas”, onde o desafio lançado aos artistas foi o de se unirem em parcerias para a criação de obras verdadeiramente únicas e - não

poucas vezes - irrepetíveis.

Implicar o espectador

Este é um dos aspectos inovado-

res do festival que importa realçar, mas não é o único. A ideia da equi-pa de programação do ‘Som Risca-do’ é a de que o espectador deve ser implicado em todo o festival, mais do que assistir, deve propor, questionar, desafiar e participar no fenómeno cultural. Um ver-dadeiro desafio a quem assiste às performances ou vê as exposições ou ouve os concertos durante este festival.

“Começámos a fazer este cami-nho de implicar o público desde 2014 e apostámos nele em 2015 e 2016, para que a programação cul-tural do concelho seja o reflexo dos seus destinatários, que nela parti-cipam desde o início, e que culmi-na com este primeiro festival, que funciona como a cereja no topo do bolo deste percurso”, diz Dália Paulo.

“É este processo de audição da população que nos faz acreditar que o ‘Som Riscado’, formatado como foi para implicar os públi-cos, trará consistência e coerência a uma oferta cultural que estava em falta na região”.

A partir do Cine-Teatro Louletano num verdadeiro espectáculo

constante pulverizado por toda a cidade

O festival, que promete espalhar-

-se pela cidade de Loulé, terá o seu centro nevrálgico no Cine-Teatro Louletano, mas a intenção para esta edição zero é que se pulverize por espaços abertos e fechados em toda a cidade.

“Este é um festival marcada-mente urbano e jovem, mas que também terá programação para as famílias de jovens adultos com os seus respectivos filhos”, refere Dália Paulo, que não recusa - an-tes antecipa como provável - que o evento se espanda para além das fronteiras da cidade de Loulé em futuras edições.

Com menos de 30 mil euros de orçamento o ‘Som Riscado’ quer ainda lançar pontes entre artistas e artes que fomentem a criação cul-tural de forma continuada a nível transversal nas geografias, unin-do artistas regionais e nacionais e criando condições para que este palco alargado seja uma platafor-ma de lançamento da produção cultural do Algarve para o mains-tream nacional.

'Maravilhem-se, impliquem-se e inquietem-se'

“Maravilhem-se, impliquem-se e inquietem-se” é a proposta - nada pouco ambiciosa - que Dália Pau-lo faz ao público na apresentação deste novo festival, que une confe-rências a exposições, música a pro-jecções, instalações e leitura entre tantos outras propostas, numa pro-gramação que junta nomes como Marum Nascimento, Milita Doré, Susana de Medeiros, Menau, Vasco Célio, Carlos Barretto, João Frade, Simão Costa, Yola Pinto, Holy No-thing e Rui Monteiro, entre muitos outros.

Uma aposta na sustentabilidade

Tudo isto para um primeiro fes-tival que não se esgota com o cair do pano e que promete manter-se vivo ao longo de toda a programa-ção cultural de Loulé durante o ano, criando condições para uma “apos-ta sustentável na criação artística local e regional e no cruzamento desta com o todo nacional”, de for-ma a criar não só produtos culturais inovadores como públicos novos e implicados na vida cultural que os envolve”, refere Dália Paulo.

Quatro dias de artes várias e ca-samentos improváveis prometem assim animar Loulé enquanto ame-açam provocar o verdadeiro arre-pio do som riscado nas consciên-cias de quem se atrever a passar por Loulé a partir de 31 de Março.

Implique-se, vai ver que emoção é participar em alternativa a, sim-plesmente, assistir. Há propostas assim!

Ricardo ClaroJornalista / [email protected]

Dália Paulo, a responsável pela programação do festival

fotos: ricardo claro

O Cine-Teatro Louletano é o epicentro do Festival Som Riscado, previsto para se espalhar pela cidade

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04.03.2016 6 Cultura.Sul

Saul Neves de JesusProfessor catedrático da UAlg;Pós-doutorado em Artes Visuais pela Universidade de Évora

A fotografia é arte visual?Artes visuais

Em termos de fotografia ar-tística, e inclusivamente das relações entre a fotografia e a pintura na primeira metade do século XX, destaca-se o tra-balho de Francis Picabia, con-siderando este que a fotografia pode ajudar o artista a desen-volver a sua imaginação sobre o que vai efetivamente pin-tar. Como exemplo, pintou o quadro “Femmes au Bulldog” (1940/41) a partir de uma fo-tografia retirada de uma revis-ta pornográfica “Mon Paris” (1936), mas transformou os elementos decorativos do ori-ginal, sendo substituídos por um cão e por uma segunda mulher. Segundo o próprio, “o pintor escolhe um motivo, depois imita o que escolheu e, por fim, deforma-o. É aqui que o artista se encontra”.

No que concerne a artistas que na primeira metade do século XX tiveram um contri-buto importante para o de-senvolvimento da fotografia como expressão artística des-taca-se ainda Man Ray. Este viveu nos EUA, encontrando em Marcel Duchamp o prin-cipal “aliado” para as suas ex-

periências fotográficas entre outras iniciativas conjuntas, como o terem fundado a re-vista New York Dada. No entan-to, não encontrou nos EUA o reconhecimento pretendido, pelo que partiu para Paris, em 1921, considerando que “só a capital francesa estava madura para compreender o seu espí-rito profundamente impreg-nado de dadaismo” (cit. em Heiting, 2008, 14). Parece que aqui encontrou o pretendido reconhecimento do seu traba-lho, tendo conhecido Picasso e Braque, entre outros artistas, e desenvolvido a fotografia artís-tica, utilizando várias técnicas de manipulação fotográfica, como a dupla exposição e a so-larização, sendo até considera-do que “em resumo, Man Ray criou a fotografia surrealista” (Heiting, 2008). Uma das suas fotografias mais conhecidas é “Le Violon d’Ingres” (1924), em que desenhou nas costas de uma modelo os símbolos que costumam encontrar-se dese-nhados nos violinos, estabele-cendo as semelhanças entre o corpo da mulher e um violino. É curioso que Man Ray trabalhou como fotógrafo para financiar a pintura e, com a nova atividade, desenvolveu a raiografia (1922), criando imagens abstratas, ob-tidas sem o auxílio da câmara, mas sim com a exposição à luz de objetos previamente disper-sos sobre o papel fotográfico, deixando nestes a marca da sua sombra. Era claramente um artista multidisciplinar, diferen-ciando o seu trabalho na foto-grafia e na pintura, ao afirmar

o seguinte: «em lugar de pintar pessoas, comecei a fotografá--las, e desisti de pintar retratos ou melhor, se pintava um retra-to, não me interessava em ficar parecido. Finalmente conclui que não havia comparação en-tre as duas coisas, fotografia e pintura. Pinto o que não pode ser fotografado, algo surgido da imaginação, ou um sonho, ou um impulso do subconsciente. Fotografo as coisas que não que-ro pintar, coisas que já existem” (cit. em Heiting, 2008). Os contri-butos de Man Ray alargaram-se inclusivamente ao cinema, ten-

do produzido em particular o filme surrealista “L’Étoile de Mer” (1928), com o auxílio de uma técnica chamada solarização, pela qual inverte parcialmente os tons da fotografia.

Um outro artista cujo trabalho marcou simultaneamente a his-

tória da pintura, da fotografia e do cinema, mas já no início da segunda metade do século XX, foi Andy Warhol, inserido no movimento Pop Art. Este surgiu nos EUA, em finais dos anos 50, procurando constituir uma alternativa à produção artísti-ca desenvolvida na Europa, em particular Paris. Associado ao movimento da “cultura pop”, este movimento procurou tra-zer para o meio artístico temas do quotidiano, permitindo que, não só a cultura popular se tenha tornado um tema da arte, como também que a arte se tenha tor-nado parte integrante da cultura popular. Warhol também apre-sentou alguns contributos ao ní-vel do cinema. Por exemplo, em “Sleep” (1963), este artista até expressa alguma relação com os pressupostos do movimento futurista, ao procurar explorar a gestão do tempo através do vídeo, pois este permitiria au-mentar ou diminuir a velocidade comparativamente à realidade.

O elevado valor financeiro com que as fotos de alguns artistas são transacionadas na atualidade em leilões de arte contemporânea também expressa o reconhecimento da fotografia como forma de arte. Uma das artistas que mais se destaca a este nível é Cindy

Sherman, sendo suas duas das dez fotografias mais caras vendidas desde sempre, “Sem título #153” (1985) e “Sem tí-tulo #96” (1981). Esta última foi transacionada por 3,89 milhões de dólares, em 2011. Cindy Sherman centra-se fun-damentalmente no auto-retra-to, procurando levantar ques-tões sobre o papel da mulher na sociedade. Curiosamente, a própria refere que terá abando-nado a pintura, na sua forma-ção superior em artes visuais, e se terá começado a dedicar à fotografia, por na pintura se li-mitar a copiar a arte de outros pintores.

Nesta análise das relações entre a fotografia e a pintura, convém ainda salientar os tra-balhos produzidos no âmbito do fotorealismo, desenvolvidos a partir dos anos 60. Os fotore-alistas copiavam meticulosa-mente, em pintura, motivos projetados na parede por um projetor de diapositivos. Seria assim um novo tipo de realis-mo, uma representação da re-presentação, sendo a máquina fotográfica o instrumento in-termediário entre a realidade e o artista. Seria a fotografia que constituía a realidade, pois era sobre ela que os pintores rea-lizavam os seus trabalhos. Na sequência do fotorealismo, de-senvolveu-se o hiperrealismo, em que as obras representadas, pinturas ou esculturas, são re-alizadas a partir de imagens fotográficas, no caso da pintu-ra, ou de figuras reais, no caso da escultura. Como o próprio nome indica, é uma realidade levada ao extremo e, para isso, é trabalhada a partir da imagem fotográfica. Tendo uma base fo-tográfica, o resultado final é, no entanto, mais complexo e sub-jetivo, criando a ilusão de uma nova realidade não presente na fotografia original, a chamada simulação da realidade.

Nota: Algumas das reflexões apresentadas neste artigoencon-

tram-se no livro “Construção de um percurso multidisciplinar, integrati-

vo e de síntese nas Artes Visuais”, de Saul Neves de Jesus

([email protected])

Fotografia ‘Le Violon d’Ingres’, de Man Ray (1924)

fotos: d.r.

Fotografia ‘Sem título #153’, de Cindy Sherman (1985)

AGENDAR

“TRADIÇÕES DE PÁSCOA”Até 2 ABR | Posto Municipal de Exposições de LagosExposição de Timo e Elisabeth Dillner alusiva à Pás-coa, com uma mostra de ovos coloridos artesanais típicos de vários países como França, Bélgica, Alema-nha (da coleção Schnorr) e Países Baixos

“PORTUGALIDADE”4 MAR | 22.00 | Cine-Teatro LouletanoO maestro António Victorino d’Almeida apresenta uma conferência-concerto juntamente com Miguel Leite (antigo aluno do maestro), numa digressão que assinala o seu 75º aniversário

Fotografia ‘Sem título #96’, de Cindy Sherman (1981)

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04.03.2016  7Cultura.Sul

Momento

«A tempestade caisobre a cidade»Foto de Ana Omelete

Espaço ALFA

Desde o século XIX, uma das grandes ambições na fo-tografia era conseguir captar imagens coloridas, tal qual eram observadas. Para cum-prir o objetivo, vários foram os estudos e experiências efetuadas, sendo que a pri-meira fotografia colorida foi captada em 1861, pelo físico James Clerk Maxwell. Mas, apenas em 1935 surgiu o primeiro filme colorido “Ko-dachrome”, o qual, após me-lhoramentos, revolucionou o mercado e incentivou outras marcas a apostar nesta área, permitindo a massificação da fotografia colorida, a partir da década de 1960.

A massificação da fotogra-

fia colorida levou a que muitos fotógrafos e meios de comu-nicação vaticinassem o fim da fotografia a preto e branco. Várias foram as publicações mundiais que passaram ape-nas a utilizar registos colori-dos, afastando os fotojornalis-tas do registo preto e branco, visto como algo fora da reali-dade. Porém, muitos fotógra-fos não adotaram o “corte ra-dical” com a fotografia a preto e branco, continuando a pro-duzir trabalhos de autor, apre-ciados internacionalmente.

Ao longo dos últimos anos, o registo fotográfico preto e branco passou a ser visto como uma forma de expres-são artística de grande im-pacto, capaz de transmitir as emoções que estão por detrás das imagens. Sendo este tipo de imagem uma abstração da realidade, o que faz dela algo magnífico é a capacidade que o fotógrafo tem de produzir um bom enquadramento, que possa contar uma histó-ria e despertar sentimentos, sem que seja necessário o re-

curso a texto, com uma boa utilização da escala de cin-zas, jogando com o contras-

te da imagem. Hoje, já na era digital, a fotografia a preto e branco afirmou-se e é idola-

trada, existindo no mercado várias soluções para trata-mento digital que permitem

simular o “velhinho” efeito do grão-de-filme, imortalizando o uso desta técnica secular.

A imortalidade da fotografia a preto e branco

Marco PedroMembro da ALFA

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04.03.2016 8 Cultura.Sul

Uma outra Amália, (re)ligada à terra e aos encantos do sul

d.r.

“Na brancura da cal o tra-ço azul / Alentejo é a última utopia. // Todas as aves par-tem para o sul / todas as aves: como a poesia”, escreveu Ma-nuel Alegre. Amália também sentiu este apelo inebriante do sul, talvez impelida pelo seu espírito de cigana-anda-rilha e bicho-do-mato (como gostava de se definir), talvez para se lavar de desencontro e poeira num lugar, renova-dor, onde a luz cai a direito (como diria Sophia). Ávida de horizontes largos e da comu-nhão despreocupada com as coisas mais simples, a afinida-de com o mistério da imensi-dão alentejana já morava em si: “A primeira vez que fui ao Alentejo era muito nova e tive uma sensação de liberdade. E aquele espaço todo sem fim à vista. O Alentejo é um sítio onde uma pessoa vê mais do que aquilo que pode ver.”

E depois havia o mar, mo-tivo poético que cantou nos palcos do mundo e que redes-cobriu nos encantos da então virginal costa alentejana, e que para Amália foi sempre sinónimo de força e de ânsia de libertação. “Gostar do mar foi talvez uma necessidade”, diria mesmo, e imaginava frequentemente, como reza certo cancioneiro alentejano, “que o mar se transform[ava] em rosas / e o seu barco num jardim”. Daí ter pintado, pela sua mão, flores de todas as co-res nas paredes voltadas para o mar da sua casa no Brejão, na freguesia de S. Teotónio (concelho de Odemira), onde escondia e exorcizava a ines-capável solidão – de muitos anos a arrastar o amor das multidões – e a desilusão – de quem não tinha saudade do passado nem esperança no futuro –, numa espécie de fortaleza que era também um porto de abrigo.

Como confidenciava o João Belchior Viegas – amigo, cúm-plice e empresário, sempre invisível e decisivo, de Amá-lia entre 1965 e 1992, o qual

conheci em 2002 em S. Brás de Alportel (onde passou a vi-ver após sair de Lisboa) e com quem partilhei longas horas daquelas conversas que per-manecem dentro de nós para a vida toda –, ela procurava os campos de Odeceixe e lá, sim, sentia-se contente por estar viva, excitando-se com os pra-dos repletos de malmequeres e comovendo-se com as cores garridas e contrastantes, como que embriagada pelo cheiro da esteva. Consultaria até um psicanalista por causa da sua paixão pelas flores, com quem falava amiúde e ralhava quan-do não abriam ou cresciam como desejava.

Os seus amigos, aliás, tam-bém eram aqueles que consi-go se aventuravam a cortar ra-magens e flores em muros de casas particulares em Lisboa. Quando eram surpreendidos pelos proprietários, Amália lançava o xaile à cabeça e fu-gia a rir. Apesar de a Câmara Municipal lhe ter começado a remeter ramos de flores re-gularmente para a poupar ao cansaço das jardinagens clan-destinas, a fadista nunca abdi-cou desse vital divertimento. Um dia, quando questionada sobre as suas virtudes, Amá-lia diria mesmo que as suas maiores qualidades eram chei-rar com o seu nariz, ver com os seus olhos, apalpar com os seus dedos, crer em Deus – à sua maneira, sem esperança no céu nem medo do infer-

no (curiosamente, a palavra “Amália” significa em árabe “trabalho de Deus”) – e não ter ambição.

A descoberta, em 1962, dos paradisíacos nove hectares de terra junto à praia da Seiceira no Brejão veio no seguimen-to de uma década de intensa projecção internacional para Amália, a qual culminou, em 1959, com a eleição como uma das quatro melhores cantoras do mundo (a par de Édith Piaf, Judy Garland e Lena Hor-ne) pela prestigiada revista norte-americana Variety. Não obstante, Amália faria um ano sabático, ausentando-se dos olhares públicos entre 1960 e 1961, vindo a casar neste úl-timo ano com o engenheiro César Seabra no Rio de Janeiro. Apesar de ter anunciado que iria abandonar a carreira artís-tica passando a viver no Bra-sil, a paixão pelo chão pátrio e por um povo-fa(da)do que a entendia falariam mais alto, e em 1962 Amália regressa a Lisboa, ano em que conhece Alain Oulman na Ericeira (este mostra-lhe inicialmente o po-ema “Vagamundo”, de Luís de Macedo) e com quem enceta uma inspiradora colaboração que irá ser decisiva para o seu futuro percurso, levando-a a explorar novos e ousados ter-ritórios musicais estranhos até então ao fado clássico: “Eu es-tava à espera daquela música [de Oulman]. Não é que esti-vesse à espera, mas a minha

maneira de cantar estava à espera daquilo.”

O ano de 1962 é, assim, du-plamente estimulante para Amália: nova etapa musical em que o fado atingirá voos mais altos de arrojo e rein-venção (patentes logo no cé-lebre EP “Amália Rodrigues”, mais conhecido como “Busto” ou “Asas fechadas”) e a desco-berta de um singular refúgio a sul. Num descapotável verde prateado, de estilo americano, conduzido por um motorista, Amália chegou ao Brejão com César Seabra, recém-casados, e ter-lhe-á dito “Já não saio mais daqui”, adquirindo uma her-dade junto à falésia a Jacome Pacheco, pai do actual dono do Café Central da pacata po-voação, pela quantia de 300 contos. Terminava assim o périplo exploratório da fa-dista pela costa alentejana (de Lisboa a Sagres), em bus-ca de distância e resguardo relativamente aos holofotes da fama. O marido de Amá-lia idealizaria então para esse espaço um projecto de viven-da para férias, com linhas modernas e privilegiando o conforto, bem como um aces-so (ainda estão lá os degraus que Amália tantas vezes pi-sou) ao pequeno areal da praia que ficaria conhecida como a “Praia da Amália”. Uma casa sem luz nem telefo-ne, “simplesmente” um sítio onde pendurar o chapéu, um “lugar sem deve nem haver”,

onde Amália encontrou “um modo de calar e um falar claro / um olhar cara a cara e frente a frente / um viver devagar que tudo é raro / e único e só assim urgente” (Manuel Alegre, so-bre o Alentejo).

A ligação apaixonada e cúmplice de Amália com aquele lugar mágico de finis-terra e suas gentes terá sido uma das obras-primas da sua vida: desde as idas regulares ao Café Central, em jeito de ritu-al, onde pedia sempre a sala de dentro e uma mesa específica, escolhendo invariavelmente peixe (sobretudo dourada), ou das sardinhas assadas na brasa com que gostava de re-ceber os amigos em sua casa, até à cúmplice amizade com Francisca Efigénia (a “Xica”), a quem escreveu uma dedica-tória numa fotografia que di-zia “Para a minha amiga Xica que sabe tanto de pesca que até me pescou a mim” e com quem passava longe serões a ver filmes do Fred Astaire ou a devorar livros de cowboys alugados numa loja de S. Te-otónio, passando ainda pela original sinalização em forma de malmequer (que resistiu à voragem do tempo e lá perma-nece) que mandou colocar na entrada do caminho de terra batida que dá acesso à sua her-dade, pelas flores de todas as cores que pintou, com as suas próprias mãos, no muro bran-co de entrada (infelizmente hoje apagadas), pelos porcos

que ficava a mirar de longe e que baptizava com nomes próprios portugueses (Antó-nio, Joaquim, etc.), ou até pela sincera e esforçada tentativa, ainda que quase sempre desa-jeitada, de ajudar o caseiro da quinta a plantar batatas.

Ao sul, num Alentejo que desnuda e recentra, onde se vive rente à terra e rente à pele, acredito que Amália pôde eva-dir-se, esquecer-se e regressar àquela frescura das coisas ve-getais e ao grande vento lím-pido do mar que Sophia su-blimemente cantou nos seus versos. A sua atracção pelos lugares de fronteira e abismo – talvez porque “todos os aman-tes são raianos / como os ciga-nos de passagem” e seu “amor é de bala e desafio” (novamen-te Alegre); e o Belchior falava--me tanto do seu fascínio por Sagres – levou assim Amália a esse lugar-destino de liberda-de e solidão, como que senta-da à beira do mundo, o qual se foi mitificando no imaginário colectivo, ainda mais após a sua morte no Outono de 1999. A sua memória espiritual ficou indelevelmente impressa na-quela paisagem recôndita e selvagem, naquela falésia onde se abre um admirável mundo novo ao olhar – tal como Amá-lia nos abriu novos horizontes de ouvir e de sentir com o seu fado feito de singular intuição e verdade natural.

Numa entrevista a Inês Pe-drosa dois anos antes da sua morte, Amália reiterava a ideia de que andara toda a vida a não viver a sua vida, de que não fizera a sua vida, fizeram--na. E de que continuava a não saber o que é a felicidade, até porque “não se pode meter uma vida toda numa palavra”. Mas a sul ela terá pintado de muitas tonalidades e matizes esse denso preto que dizia ser, excessivamente, a cor do seu feitio e da sua vida inteira – essa cor que para si não era necessariamente triste: “Tenho muitas alegrias através da cor preta. Às vezes, por isso, é como se fosse encarnado.” Gosto de pensar que Amália encontrou nos trilhos e areais além-Tejo, entre a serenidade criadora dos campos e o ímpe-to fremente e inquietante das águas atlânticas, uma (ambí-gua, misteriosa) alegria que advém de uma tristeza à qual não faltou pecado nenhum.

(continua na próxima edição)

Amália ao sulSala de leitura

Paulo PiresProgramador culturalno Município de Louléhttp://escrytos.blogspot.pt

In memoriam João Belchior Viegas À Teresa Oliveira e ao Gonçalo Couceiro

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04.03.2016  9Cultura.Sul

O(s) Sentido(s) da Vida a 37º N

AGENDAR

“OBRAS NARRATIVAS”Até 1 MAI | Museu Municipal Dr. José Formosinho - LagosEduarda Coutinho apresenta uma exposição simul-taneamente literária e artística, com nove obras de espaços e tempo divergentes, mas ainda assim in-terligadas entre si

“BIOCO”Até 2 ABR | Museu Municipal de LouléA paixão pela tradição e pela nossa identidade le-vou a Bioco Tradition a recriar esta peça com design, adaptando-a à mulher actual

Março

Pedro [email protected]

Melhor ao sol

Olho no céu desta manhã de ainda inverno, a instabilidade que o ar tem vindo a produzir por estes dias apresentando-se em termos de nuvens cumuliformes, mas um melómano com um pouco de sorte encontra facilmente na in-ternet, uma canção apropriada para se reafir-mar no desejo da cláusula de que as pessoas ficam sempre melhor ao sol…

Lua de Marfim

No último trimestre, esta editora de Lisboa tem sido a casa de diversos escritores algarvios, desde o recentemente homenageado pela sua

vida e obra, o poeta Manuel Madeira, até à es-treante Adília César, que já aqui publicámos. Do primeiro saiu «Para Decifração do Caos» e da segunda «o que se ergue do fogo». Na colecção Lua Cheia já tinham saído simultaneamente em 2015 os sugestivos títulos «artrozes, nozes e vozes (com)sentidas» e « Curt’os Contos», de Gabriela Rocha Martins e Paulo Moreira respectivamente.

Destaque ainda para os mais recentes livros dos autores Fernando Cabrita - «Meditação em Novembro», e Vítor Gil Cardeira com «Escaras» (ambos na colecção Meia Lua-parte II). E acaba-dinho de sair «Escrever é dobrar e desdobrar palavras à procura de um sentido» de Luís Ene, com texto abaixo:

Estava a escrever quando ouviu um ar-ranhar quase imperceptível na porta do quarto; levantou o olhar como à procura de uma palavra ou de uma ideia, o que fa-zia muitas vezes, e continuou a escrever. Voltou a ouvir o arranhar e parou de escrever, mas toda a sua atenção estava dirigida para aquilo que escrevia. Faltava qualquer coisa. As-sim não dava! Não conseguia terminar a história. E de novo o arranhar. Olhou para a porta e de-pois para o ecrã. Parecia que ia recomeçar a es-crever, mas depois levantou-se e foi abrir a porta. E é assim que finalmente o gato Benevides conse-gue entrar nesta história e acabá-la de uma vez por todas com alguma dignidade.

Meditar em Azul

Virando costas ao agreste vento de norte que teima em arrefecer os dias, deparamos forço-samente com esse imenso mar a sul. Impondo--se na paisagem de costa. Impossível desviar o olhar. E ignorar como mexe com os sentidos.

Assim se descobrem novos mundos, mesmo esses, os interiores que os há sempre por des-cobrir ou revisitar nessa meditativa extensão.

‘Escandinávia Bar’

No último álbum de originais, ‘Galinhas do Mato’, no qual, devido ao seu estado de saú-de, não consegue interpretar todas as músi-cas previstas, apenas duas das canções, sendo uma ‘Escandinávia Bar’, dedicatória à conhe-cida casa que o autor frequentava na Fuzeta, com a mulher Zélia. O disco foi completado por José Mário Branco, Helena Vieira, Fausto e Luís Represas. José Afonso acabaria por falecer a 23 de Fevereiro de 1987, em Setúbal, outra terra de pescadores, deixando um cancioneiro inigualável. 

Som Riscado

É pelo menos arriscado fazer um festival de som em Loulé, que não é só feito de concertos. Mas terá também exposições, debates e refle-

xões, workshops, instalações e performances, entre 31 de Março e 3 de Abril. Em iniciativa promovida pela Câmara de Loulé, com um forte envolvimento da equipa do Cine-Teatro, preten-de fomentar cruzamentos e diálogos criativos entre a nova música portuguesa mais experi-mental e o universo da imagem e das diferen-tes correntes de artes visuais. A programação poderá ser consultada nos sites da organização.

Jam – A – Lyrica

É… quando as palavras se encontram com a música. Tânia Silva e Paulo Moreira, actores da ACTA, e o músico Zé Eduardo, referência in-ternacional do jazz, servem ao público, de um modo original, poemas de seis autores con-temporâneos, todos a viver no Algarve: Adão Contreiras, Adília César, Fernando Esteves Pinto, Maria Luísa Francisco, Miguel Godinho, Vítor Gil Cardeira. O espectáculo surgiu de uma ideia inicial do escritor e editor Fernando Esteves Pin-to e é uma produção da Associação Grémio das Músicas. A apresentação ao público do projecto será no Dia Mundial da Poesia – 21 de Março, às 21h30, na Biblioteca Municipal de Faro Antó-nio Ramos Rosa. Ou poderão tentar entrada na ante-estreia de dia 12, no Clube Farense.

Barquinho Na tarde de chuva, há uma folha branca de

papel sempre pronta a dobrar-se, até formar um pequeno barco. Pode pintar-se, batizá-lo até, e porque não colocar-lhe uma mensagem de es-perança, desde um país quase triste. Depois vai ser lançado suavemente nas águas de um rio ali à mão. Mesmo sem se saber onde chegará nesta odisseia. Sequer, encontrará ele água salgada que não a das lágrimas de um povo antigo.

fotos: d.r.

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04.03.2016 10 Cultura.Sul

A Rede AZUL – uma rede de Teatros para o Algarve

Nos finais da década de 90, inícios dos anos 2000 foi pensada (e nunca concreti-zada) uma rede de Teatros e Cine-Teatros para Portugal. Os dois últimos quadros co-munitários permitiram a re-cuperação e a construção de uma “rede” de equipamentos que nunca vieram a funcionar em rede. Construídos os equi-pamentos, as equipas ficaram sem rede e foram construindo o caminho que culminou, em alguns casos, com a constitui-ção de redes regionais ou de programação, como é o caso da Artemrede (2005), a rede de programação Cinco Sentidos (2009) ou a rede informal CIRA - Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro (2013).

Na região do Algarve, cin-co municípios do Algarve Central – Faro, Loulé, Olhão, Tavira e Albufeira – no âm-bito da candidatura (2009) “Rede de Equipamentos Cul-turais – Programação Cultural em Rede”, apoiada pelo QREN- PO Algarve21, promoveram o programa Movimenta-te - Trajectórias de Programa-ção Cultural em Rede (2011-2012), de criação, produção e programação em rede. Uma experiência muito enrique-cedora para as equipas que, pela primeira vez, começa-ram a construir uma rede, a pensar o território e a criar sinergias entre as equipas. Uma experiência que permi-tiu ser complementar, ganhar escala e criar “novas” experi-ências de trabalhar com o público, “ouvir” o território, tendo algumas das propostas programáticas permitido ao público fazer parte e estar em palco; implicando-o na acção desmistificou pré-conceitos e criou afetos com os espaços. O Movimenta-te derrubou barreiras, criou públicos mas esfumou-se com o fim do fi-nanciamento comunitário e o trabalho em rede terminou.

Conscientes de que a Cul-tura deve estar no centro da política de desenvolvimento da região e que para isso se tornar uma realidade o traba-lho em rede é fundamental, os profissionais dos equipa-mentos culturais – teatros, cine-teatros e auditórios – (re)iniciaram o caminho (ja-neiro de 2014) de trabalho em rede.

Durante dois anos fez-se o diagnóstico das potenciali-dades e carências da região, criaram-se laços de confiança interpares, perspectivou-se o futuro do trabalho em rede, criaram-se os documentos “fundadores” da rede AZUL, rede de Teatros do Algarve e apresentou-se, num momen-to inicial, a proposta às ins-tituições regionais – Direção Regional de Cultura do Algar-ve, Universidade do Algarve, Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional, Região de Turismo do Algar-ve e Comunidade Intermuni-cipal da Região do Algarve.

Comummente identifi-cadas, a rede AZUL elencou as principais debilidades na área das artes performati-vas no Algarve: a fixação de criadores na região; o apoio à criação; a debilidade do

apoio por parte do Estado às estruturas da região; uma programação pouco consis-tente dos equipamentos cul-turais; a quase ausência de itinerância das estruturas de cariz amador pela região e a carência de recursos huma-nos dos equipamentos cul-turais.

Nesse sentido, a rede AZUL definiu a sua missão: “progra-mar e apoiar a produção cultu-ral regional, tendo em vista a circulação artística na região, rentabilizando as infraestru-turas existentes e reforçando a oferta cultural regional, as-sim como permitir receber no Algarve produções nacionais e internacionais”, bem como os seus objectivos principais: promover a identidade cultu-ral regional; apoiar a criação pelos agentes culturais locais; aumentar o acesso e fruição às artes; valorizar a oferta cul-tural da região; criar econo-mias de escala na aquisição

de espetáculos; apoiar a cir-culação dos agentes culturais locais pelos espaços da rede.

Para a concretização des-tes objectivos, a rede definiu três eixos de atuação: apoio à criação; programação em rede e formação, os quais fo-ram elencados a 9 de janeiro de 2016, aquando da apre-sentação pública da Rede AZUL, composta, nesta fase inicial, por 11 parceiros: Al-bufeira, Faro, Lagoa, Lagos, Loulé, Olhão, Portimão, São Brás de Alportel, Silves, Tavira e Vila Real de Santo António.

No eixo do Apoio à Cria-ção, foi aberto um Convite à criação (terminou a 28 de fevereiro) que se destinou a “Associações culturais sem fins lucrativos de cariz amador e com personalidade jurídica, sediados no Algarve” e que contou com o apoio da Dire-ção Regional de Cultura do Algarve, tendo envolvido 10 dos 11 parceiros.

No eixo da programação em rede está a ser desenvolvido um programa na área edu-cativa, direcionado para o público escolar, a principiar no ano lectivo 2016/2017. Iniciou-se, ainda, a partilha da programação dos parcei-ros, assim como a possibili-dade de realização de uma programação temática anual. Por outro lado, os parceiros vão disponibilizar uma “ficha de itinerância” para que as es-truturas possam apresentar a sua proposta artística à AZUL. Comprometeram-se, ainda, a trabalhar a itine-rância das estruturas sedia-das na região, como forma destas irem densificando as suas propostas.

No eixo da formação a AZUL pretende qualificar as equi-pas técnicas dos equipamen-tos culturais da rede, quer através de formação externa, quer através de formação en-tre parceiros. Neste eixo pre-vê-se, igualmente, a formação dirigida às estruturas de cariz amador da região.

Como afirmou o poeta António Machado “ao andar faz-se o caminho”, e este é o grande desafio da rede AZUL: construir um caminho coe-rente, consistente, comple-mentar e resiliente que vise contribuir para o aumen-to da criação regional e da qualificação da oferta cultu-ral regional, alicerçada numa visão estratégica de desen-volvimento regional que coloque a Cultura no centro da agenda política regional e numa necessidade para as pessoas.

Apresentação da rede AZUL

d.r.

O logótipo da nova rede algarvia na área da Cultura

Ficha Técnica:

Direcção: GORDAAssociação Sócio-Cultural

Editor: Ricardo Claro

Paginaçãoe gestão de conteúdos:Postal do Algarve

Responsáveis pelas secções:• Artes visuais:

Saul de Jesus• Espaço AGECAL:

Jorge Queiroz• Espaço ALFA:

Raúl Grade Coelho• Espaço ao Património:

Isabel Soares• Da minha biblioteca:

Adriana Nogueira• Grande ecrã:

Cineclube de FaroCineclube de Tavira

• Juventude, artes e ideias: Jady Batista

• Letras e literatura: Paulo Serra• Missão Cultura:

Direcção Regionalde Cultura do Algarve

• Momento:Ana Omelete

• O(s) Sentido(s) da Vida a 37º N: Pedro Jubilot• Panorâmica:

Ricardo Claro• Sala de leitura:

Paulo Pires• Um olhar sobre o património:

Alexandre Ferreira

Colaboradoresdesta edição:Dália PauloJoaquim GuerreiroMarco PedroPetra MartinsRui Parreira

Parceiros:Direcção Regional de Cultu-ra do Algarve, FNAC Forum Algarve

e-mail redacção:[email protected]

e-mail publicidade:[email protected]

on-line em: www.postal.pt

e-paper em:www.issuu.com/postaldoalgarve

facebook: Cultura.Sul

Tiragem:7.535 exemplares

Espaço ao Património

Dália PauloDiretora de Departamentode Desenvolvimento Humano e Coesão da Câmara Municipal de Loulé

Joaquim GuerreiroDiretor delegado do Teatro Municipal de Faro

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04.03.2016  11Cultura.Sul

Da minha biblioteca

Adriana NogueiraClassicistaProfessora da Univ. do [email protected]

Passei os olhos pelas estantes e reparei num conjunto de livros, deitados (e não na vertical como os outros dessa prateleira, que é como eu os ponho quando me falta espaço numa qualquer le-tra, o C, neste caso). Não eram muitos (apenas 9, num univer-so bem mais extenso). Entortei a cabeça, para ler os títulos, e lá estava o nome de Mário Cláudio, autor sobre o qual aqui nunca tinha escrito. A cor da lombada de um deles, em bordeaux, com letras brancas, destacava-se das outras (brancas ou pretas) e eu lembrava-me bem do livro, lido recentemente (2014): Retrato de Rapaz.

A identidade

Mário Cláudio é o pseudóni-mo de Rui Manuel Pinto Barbot Costa. Durante algum tempo não soube disso, apesar do pri-meiro livro que comprei dele, em 1992, Tocata para Dois Clarins, ter um pendor autobiográfico (que eu na altura não soube – não devia ter lido nenhuma crítica sobre o assunto) e as últimas palavras daquela novela serem «Rui Manuel».

A ideia de um autor que usa pseudónimo sempre me desper-tou curiosidade, imaginando as razões que poderiam subjazer ao facto (no caso de Mário Cláudio, foi por razões pragmáticas, para que o, então, recém-advogado não fosse confundido com o es-critor). Mas mais curiosidade tive quando surgiu, em 2011, Tiago Veiga, uma biografia. Terá Tiago Veiga existido? Será um novo pseudónimo? Ou será um hete-rónimo? Mário Cláudio não quis ser explícito nas respostas que foi dando a estas perguntas, mas numa entrevista à revista LER, de-clarou: «Como figura de ficção,

Tiago Veiga tem de ser respeita-do por razões de afecto. Explico--lhe porquê: uma das maiores deceções que tive foi quando os meus pais me disseram que o Pai Natal não existia. Estava farto de saber mas não queria confron-tar essa verdade. Fiquei comple-tamente devastado. Não quero devastar ninguém».

Biografias

É notório que muitos dos seus livros são de biografias. Uns por encomenda (como foi o caso de Amadeo, a pedido de Vasco Graça Moura), outros, porque encon-trou nas vidas dos biografados razões para isso. Numa entrevista a Anabela Mota Ribeiro, à revista Selecções do Reader’s Digest, afir-mou: «Quando vejo uma figura biografável, sinto que, de alguma forma, essa figura me chamou. É mais uma possessão de uma fi-gura que exige que eu a biografe do que propriamente uma busca minha. São figuras que têm algu-ma coisa a ver comigo, mesmo que a afinidade se manifeste por um lado mais negativo. A única coisa que depois respeito é a cro-nologia. Faço uma psicobiogra-

fia, uma incursão pela personali-dade da pessoa, pelas atmosferas a que esteve ligada, muito mais que pelos factos verificáveis».

«Um discípulo no estúdio de Leonardo da Vinci»

Este livro não é uma biogra-fia de Leonardo da Vinci, que é nomeado, frequentemente, ape-nas por «o Homem». Um narra-dor omnisciente acompanha o rapaz que dá o título ao livro, cujo pai o entregou ao mestre para ser um criadito para varrer a oficina, mas que, dada a sua natureza conquistou o grande pintor e tornou-se um dos seus aprendizes mais chegados. E é essa natureza que é explorada na obra (139 páginas), onde ele é tratado por ganapo, moço, mo-cito, catraio, pequeno, miúdo, gaiato (nomes exemplificativos, retirados apenas das pp. 21-24). Por vontade de agradar ao amo ou por vontade de chocar os outros, o rapaz vive, desde cedo, no exagero e no desregramento. Quando toda a oficina se esmera por contribuir para a construção do modelo do gigantesco cava-lo encomendado por Ludovico

Sforza para homenagear o seu pai, «o ganapo, levado pelo inconsciente afã de reconquistar as boas graças do amo, assumindo uma natureza equestre, manifestada em trotes e galopes, em relinchos, em vio-lentos bufos das narinas, e nesse gemido plangente, comum aos cães, que denota a queixa, a sú-plica, ou a declaração de amor. O próprio construtor do cavalo deliciava-se com tais entremezes, e dir-se-ia estimulá-los até, isto como se o catraio o apoiasse no devaneio em que andava, e no engenho que punha na concreti-zação dos seus artefactos» (p.26).

Quando cresceu, aprimorou as suas qualidades de ladrão, manipulador, fanfarrão, abusa-dor, sempre com a complacência do artista. Amante? Pai? Irmão? A relação entre os dois não é ex-plicitada, mas deixa-nos pistas da cumplicidade que sempre os uniu.

Anos depois, quando a idade já não lhe permitia ser chama-do pelos nomes que antes o descreviam, pois mantinha, pa-radoxalmente, a malandrice e ingenuidade da quase infância, o narrador anexa expressões

ou adjetivos para o descre-ver: é chamado de «o moço de outrora» (p.116), «o pretérito rapaz» (p.120), «o antigo jo-vem», «o adolescente perpétuo» (p.121), ou «o jovem de anta-nho» (p.128).

Um outro nome pelo qual é tratado no texto é «Salai», al-cunha por que o aprendiz era chamado por Leonardo, insinu-ando que o moço era um «‘dia-binho’, e em que se reconhecia a sua natureza de ‘ladrão’ e ‘mentiroso’, de ‘teimoso’ e ‘glu-tão’, conforme o amo o carac-terizava» (p.37). Durante mui-to tempo foi conhecido como Andrea Salaino, até que no séc. XX o seu nome foi recuperado: Gian Giacomo Caprotti, chama-do de Salai.

Leonardo parece passar flutu-ante, pouco definido, pela nar-rativa. Quando está a morrer, é isso que se observa nele: «Um nevoeiro pairava nos olhos do génio, igual ao que torna irre-sistível de compaixão a mirada dos cães moribundos. E nisso via o aprendiz a velatura que desde sempre cobrira rostos e

paisagens do pintor».Mas, na verdade, é Leonardo

que constrói Salai, como se cria uma obra, tirando aqui, acres-centando ali, permitindo isto, não recriminando aquilo, casti-gando aqueloutro. Ao perceber os suspiros finais do mestre, o ra-paz «Fugiu por fim à morte que invadia o que lhe talhara a vida, não como desistem os covar-des que não podem amar, mas como escolhem os heróis que entregam o coração para além da caducidade dos dias» (p.130).

Alguns desenhos de Leonar-do e de Salai ilustram o livro, não apenas para distração ou instrução do leitor, mas justi-ficados pela narrativa, que os enquadra no momento da sua criação.

A linguagem usada, algo arcaizante, contribui para nos cercar num clima de sfumati, como a pintura do mestre, suavizando a brutalidade de algumas descrições de abusos e deboches.

Não podemos deixar de ter compaixão pelo «rapaz de sempre».

Mário Cláudio foi premiado pelo romance 'Retrato de Rapaz'

foto: d.r.

AGENDAR

“PINTURA DE CASSIANO LIMA”Até 29 FEV | Galeria Pintor Samora Barros- AlbufeiraO autor é apaixonado por pintura há mais de 20 anos, contando no seu curriculum com várias exposições individuais e colectivas em Portugal e no estrangeiro

“DESCORTINAR”Até 30 ABR | Galeria do Convento do EspíritoSanto - LouléTata Regala apresenta um estudo fotográfico so-bre o conceito de retrato, onde as palavras vestem e desnudam

Retrato de Rapaz, de Mário Cláudio

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