português - morfologia advérbios

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  • 7/25/2019 Portugus - Morfologia Advrbios

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    Blog do Enem GramticaMorfologia: Advrbios

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    Questo 01 - (IME RJ/2016)

    Texto 1

    A QUMICA EM NOSSAS VIDASCarlos Corra

    H a ideia generalizada de que o que natural bom e o que sinttico, o que resulta da ao do homem, mau. No vou citar os terremotos, tsunamis e tempestades, tudo natural, que no tm nada de bom, mas certassubstncias naturais muito ms, como as toxinas produzidas naturalmente por certas bactrias e os vrus, todosto na moda nestes ltimos tempos. Dentre os maiores venenos que existem, seis so naturais. S o sarin (gsdos nervos) e as dioxinas que so de origem sinttica.

    Muitos alimentos contm substncias naturais que podem causar doenas, como por exemplo o isocianatode alila (alho, mostarda) que pode originar tumores, o benzopireno (defumados, churrascos) causador de cncerdo estmago, os cianetos (amndoas amargas, mandioca) que so txicos, as hidrazinas (cogumelos) que socancergenas, a saxtoxina (marisco) e a tetrodotoxina (peixe estragado) que causam paralisia e morte, certostaninos (caf, cacau) causadores de cncer do esfago e da boca e muitos outros.

    A m imagem da Qumica resulta da sua m utilizao e deve-se particularmente disperso de resduos noambiente (que levam ao aquecimento global e mudanas climticas, ao buraco da camada de oznio e contaminao das guas e solos) e utilizao de aditivos alimentares e pesticidas.

    Muitos desses males so o resultado da pouca educao dos cidados. Quem separa e compacta o lixo?Quem entrega nas farmcias os medicamentos que se encontram fora do prazo de validade? Quem trata osefluentes dos currais e das pocilgas? Quem deixa toda a espcie de lixo nas areias das nossas praias e matas?Quem usa e abusa do automvel? Quem berra contra as queimadas mas enche a sala de fumaa, intoxicandotoda a famlia? Quem no admira o fogo de artifcio, que enche a atmosfera e as guas de metais pesados?

    H o hbito de utilizar a expresso substncia qumica para designar substncias sintetizadas, imprimindo -lhes um ar perverso, de substncia maldita. H tempos passou na TV um anncio destinado a combater o usodo tabaco que dizia: o fumo do tabaco contm mais de 4000 substncias qumicas txicas, irritantes ecancergenas. Bastaria referir substncias, mas teve de aparecer o qualificativo qumicas pa ra lhes dar umar mais tenebroso. Todas as substncias, naturais ou de sntese, so substncias qumicas! Todas assubstncias, naturais ou de sntese, podem ser prejudiciais sade! Tudo depende da dose.

    Qualquer dia aparecer uma notcia na TV referindo, logo a seguir s notcias dos dirigentes e jogadores defutebol, que A gua, substncia com a frmula molecular H2O, foi a substncia qumica responsvel por muitas

    mortes nas nossas praias por falta de cuidado! Porque os Qumicos determinaram as es truturas epropriedades dessas substncias, haver razo para lhes chamar substncias qumicas? Estamos sendoenvenenados pelas muitas substncias qumicas que invadem as nossas vidas?

    A ideia de que o cncer est aumentando devido a essas substncias qumicas desmentida pelasestatsticas sobre o assunto, exceo do fumo do tabaco, que a maior causa de aumento do cncer dopulmo e das vias respiratrias. O aumento da longevidade acarreta necessariamente um aumento do nmerode cnceres. Curiosamente, o tabaco natural e essas 4000 substncias txicas, irritantes e cancergenasresultam da queima das folhas do tabaco. A reao de combusto no foi inventada pelos qumicos; vem daidade da pedra, quando o homem descobriu o fogo.

    O nmero de cnceres das vias respiratrias na mulher s comeou a crescer em meados dos anos 60, coma emancipao da mulher e o subsequente uso do cigarro. o tipo de cncer responsvel pelo maior nmero demortes nos Estados Unidos. No verdade que as substncias de sntese (as substncias qumicas) sejamuma causa importante de cncer; isso sucede somente quando h exposio a altas doses. As maiores causasde cncer so o cigarro, o excesso de lcool, certas viroses, inflamaes crnicas e problemas hormonais. Amelhor defesa uma dieta rica em frutos e vegetais.

    H alguns anos, metade das substncias testadas (naturais e sintticas) em roedores deram resultadopositivo em alguns testes de carcinogenicidade. Muitos alimentos contm substncias naturais que doresultado positivo, como o caso do caf torrado, embora esse resultado no possa ser diretamente relacionadoao aparecimento de um cncer, pois apenas a presena de doses muito elevadas das substncias pode justificartal relao.

    Embora um estudo realizado por Michael Shechter, do Instituto do Corao de Sheba, Israel, mostrasse quea cafena do caf tem propriedades antioxidantes, atuando no combate a radicais livres, diminuindo o risco dedoenas cardiovasculares e alguns tipos de cncer, a verdade que, h meia dzia de anos, s 3% doscompostos existentes no caf tinham sido testados. Das trinta substncias testadas no caf torrado, vinte e umaeram cancergenas em roedores e faltava testar cerca de um milhar! Vamos deixar de tomar caf? Certamenteque no. O que sucede que a Qumica hoje capaz de detectar e caracterizar quantidades minsculas desubstncias, o que no sucedia no passado. Como se disse, o veneno est na dose e essas substncias estopresentes em concentraes demasiado pequenas para causar danos.

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    Diante do que se sabe das substncias analisadas at aqui, todos concordam que o importante consumirabundantes quantidades de frutos e vegetais. Isso compensa inclusive riscos associados possvel presena depequenas quantidades de pesticidas.

    CORRA, Carlos. A Qumica em nossas vidas. Disponvel em:. Acesso em 17 Abr 2015. (Texto adaptado)

    Texto 2

    CONSUMIDORES COM MAIS ACESSO INFORMAO QUESTIONAM A VERDADE QUE LHES VENDIDAnio Rodrigo

    Se voc mulher, talvez j tenha observado com mais ateno como a publicidade de produtos de beleza,especialmente os voltados a tratamentos de rejuvenescimento, usualmente possuem novssimos "componentesanti-idade" e "micro-cpsulas" que ajudam "a sua pele a ter mais firmeza em oito dias", por exemplo, ou mesmoque determinados organismos "vivos" (mesmo depois de envazados, transportados e acondicionados emprateleiras com pouco controle de temperatura) fervilham aos milhes dentro de um vasilhame esperando paraserem ingeridos ajudando a regular sua flora intestinal. Homens, crianas, e todo tipo de pblico tambm noesto fora do alcance desse discurso que utiliza um recurso cada vez mais presente na publicidade: a cincia ea tecnologia como argumento de venda.

    Silvania Sousa do Nascimento, doutora em didtica da cincia e tecnologia pela Universidade Paris VI e

    professora da Faculdade de Educao da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), enxerga nesseprocesso um resqucio da viso positivista, na qual a cincia pode ser entendida como verdade absoluta. "Aviso de que a cincia a baliza tica da verdade e o mito do cientista como gnio criador amplamentedifundida, mas entra, cada vez mais, em atrito com a realidade, principalmente em uma sociedade informacional,como ( 1 ) nossa", acrescenta.

    Para entender esse processo numa sociedade pautada na dinmica da informao, Ricardo Cavallini,consultor corporativo e autor do livro O marketing depois de amanh (Universo dos Livros, 2007), afirma que,primeiramente, devemos repensar a noo de pblico especfico ou senso comum. "Essas categorizaes estosendo postas de lado. A publicidade contempornea trata com pessoas e elas tm cada vez mais acesso ( 2 )informao e assim que vejo a comunicao: com fronteiras menos marcadas e deixando de lado o paradigmade que o pblico passivo", acredita. Silvania concorda e diz que a sociedade comea ( 3 ) perceber que averdade suprema estanque, no condiz com o dia-a-dia. "Ao se depararem com uma informao, as pessoascomeam a pesquisar e isso as aproxima do fazer cientfico, ou seja, de que a verdade questionvel", enfatiza.

    Para a professora da UFMG, isso cria o "jornalista contnuo", um indivduo que pe a verdade prova otempo todo. "A noo de cincia atual a de verdade em construo, ou seja, de que determinados produtos ouprocessos imediatamente anteriores ao atual, so defasados".

    Cavallini considera que ( 4 ) trs linhas de pensamento possveis que poderiam explicar a utilizao dorecurso da imagem cientfica para vender: a quantidade de informao que a cincia pode agregar a um produto;o quanto essa informao pode ser usada como diferencial na concorrncia entre produtos similares; e a cinciacomo um selo de qualidade ou garantia. Ele cita o caso dos chamados produtos "verdes", associados adeterminadas caractersticas com vis ecolgico ou produtos que precisam de algum tipo de "auditoria" paracomprovarem seu discurso. "Na mdia, a cincia entra como mecanismo de validao, criando uma marca deavano tecnolgico, mesmo que por pouqussimo tempo", finaliza Silvania.

    O fascnio por determinados temas cientficos segue a lgica da saturao do termo, ou seja, ecoar algo quej esteja exercendo certo fascnio na sociedade. "O interesse do pblico muda bastante e a publicidade seaproveita desses temas que esto na mdia para recri-los a partir de um jogo de seduo com a linguagem" dizCristina Bruzzo, pesquisadora da Faculdade de Educao da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) eque acompanhou ( 5 ) apropriao da imagem da molcula de DNA pelas mdias (inclusive publicidade). "Aimagem do DNA, por exemplo, foi acrescida de diversos sentidos, que no o sentido original para a cincia, etransformado em discurso de venda de diversos produtos", diz.

    Onde esto os dados comprovando as afirmaes cientficas, no entanto? De acordo com Eduardo Corra,do Conselho Nacional de Auto Regulamentao Publicitria (Conar) os anncios, antes de serem veiculadoscom qualquer informao de cunho cientfico, devem trazer os registros de comprovao das pesquisas emrgos competentes. Segundo ele, o Conar no tem o papel de avalizar metodologias ou resultados, o que fica acargo do Ministrio da Sade, Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria (Anvisa) ou outros rgos. "Oconsumidor pode pedir uma reviso ou confirmao cientfica dos dados apresentados, contudo em 99% doscasos esses certificados so garantia de qualidade. Se surgirem dvidas, quanto a dados numricos depesquisas de opinio pblica, temos analistas no Conar que podem dar seus pareceres", esclarece Corra.Mesmo assim, de acordo com ele, os processos investigatrios so rarssimos.

    RODRIGO, Enio. Cincia e cultura na publicidade. Disponvel em:.

    Acesso em 22/04/2015.

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    Texto 3SOLUO

    Joo PaivaEu quero uma soluohomognea, preparada,coisa certa, controlada

    para ter tudo na mo.Soluo para questoque no ouso resolver.Diluda num baloelixir pra me entreter.Fao centrifugaopara ter ar uniformeuso varinha conforme,seja mgica ou no.Busco uma soluotudo lindo, direitinhoeu quero ter tudo certinhoter o mundo nesta mo.

    Procuro mistura,ento aqueo tudo em cadinho.E vejo no ter soluomas apenas um caminho...

    PAIVA, Joo. Quase poesia, quase qumica. Disponvel em: Acesso em: 22/04/2015.

    TEXTO 4

    PSICOLOGIA DE UM VENCIDOAugusto dos AnjosEu, filho do carbono e do amonaco,Monstro de escurido e rutilncia,

    Sofro, desde a epignese da infncia,A influncia m dos signos do zodaco.

    Profundissimamente hipocondraco,Este ambiente me causa repugnncia...Sobe-me boca uma nsia anloga nsiaQue se escapa da boca de um cardaco.

    J o verme este operrio das runas Que o sangue podre das carnificinasCome, e vida em geral declara guerra,

    Anda a espreitar meus olhos para ro-los,E h de deixar-me apenas os cabelos,Na frialdade inorgnica da terra!

    ANJOS, A. Eu e Outras Poesias.Rio de Janeiro: Civilizao Brasileira, 1998.

    Assinale a opo em que a anlise do termo destacado em negrito est de acordo com o uso no contexto dado.

    a) () um indivduo que pe a verdade prova o tempo todo (texto 2, 4 pargrafo). O vocbulo que, nessecaso, uma conjuno integrante.

    b) Tudo depende da dose (texto 1, 5 pargrafo). A expresso "da dose" destacada na orao funciona comocomplemento nominal.

    c) () e a publicidade se aproveita desses temas que esto na mdia para recri-los a partir de um jogo deseduo com a linguagem (texto 2, 6 pargrafo). A expresso grifada tem valor adverbial de circunstncia.

    d) Na frialdade inorgnica da terra! (texto 4, verso 14). O vocbulo destacado, numa anlise morfolgica,equivale a um adjetivo.

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    e) Em direitinho (texto 3, verso 14) e certinho (texto 3, verso 15) a terminao -inho um sufixo diminutivoque possui valor adverbial de intensidade.

    Questo 02 - (UECE/2016)O texto um excerto de Ba de Ossos (volume 1), do mdico e escritor mineiro Pedro Nava. Inclui-se essa obrano gnero memorialstico, que predominantemente narrativo. Nesse gnero, so contados episdios verdicosou baseadas em fatos reais, que ficaram na memria do autor. Isso o distingue da biografia, que se prope

    contar a histria de uma pessoa especfica.

    1O meu amigo Rodrigo Melo Franco de 2Andrade autor do conto Quando minha av 3morreu. Sei por eleque uma histria 4autobiogrfica. A Rodrigo confessa ter passado, 5aos 11 anos, por fase da vida em que sesentia 6 profundamente corrupto. Violava as promessas 7 feitas de noite a Nossa Senhora; mentia 8

    desabridamente; faltava s aulas para tomar 9banho no rio e pescar na Barroca com 10 companheiros vadios;furtava pratinhas de dois 11mil-ris... Ai! de mim que mais cedo que o 12 amigo tambm abracei a senda docrime e 13enveredei pela do furto... Amante das artes 14plsticas desde cedo, educado no culto do belo, 15euno pude me conter. Eram duas colees de 16 postais pertencentes a minha prima Maria Lusa 17 Palleta.Numa, toda a vida de Paulo e Virgnia 18do idlio infantil ao navio desmantelado na19 procela. Pobre Virgnia,dos cabelos 20esvoaantes! Noutra, a de Joana dArc, desde os 21tempos de pastora e das vozes ao da morte.22Pobre Joana dos cabelos em chama! No resisti. 23Furtei, escondi e depois de longos xtases, com24medo,joguei tudo fora. Terceiro roubo, terceira 25 coleo de postais a que um carcamano, 26 chamado Adriano

    Merlo, escrevia a uma de 27minhas tias. Os cartes eram fabulosos. Novas 28contemplaes solitrias e piqueitudo de latrina 29abaixo. Mas o mais grave foi o roubo de uma 30nota de cinco mil-ris, do patrimnio da prpria31 Inh Lusa. De posse dessa fortuna nababesca, 32 comprei um livro e uma lmpada eltrica de 33 tamanhodesmedido. Fui para o parque Halfeld 34com o butim de minha pirataria. Joguei o troco 35num bueiro. Comoainda no soubesse ler, 36rasguei o livro e atirei seus restos em um 37 tanque. A lmpada, enorme, esfregada,no fez 38 aparecer nenhum gnio. Fui me desfazer de 39 mais esse cadver na escada da Igreja de So 40Sebastio. L a estourei, tendo a impresso de 41 ouvir os troves e o morro do Imperador 42 desabando nasminhas costas. Depois dessa 43srie de atos gratuitos e delitos inteis, voltei 44para casa. Rasklnikov. O maisestranho que 45houve crime, e no castigo. Crime perfeito. 46Ningum desconfiou. Minha av no deu por 47falta de sua cdula. Eu fiquei por conta das 48Frias de um remorso, que me perseguiu toda a 49infncia, veiocomigo pela vida afora, com a 50terrvel impresso de que eu poderia reincidir 51porque vocs sabem, cesteiroque faz um 52 cesto... S me tranquilizei anos depois, j 53mdico, quando li num livro de Psicologia que s 54sedeve considerar roubo o que a criana faz 55com proveito e dolo. O furto intil fisiolgico e 56psicologicamente

    normal. Graas a Deus! Fiquei 57absolvido do meu ato gratuito...(Pedro Nava. Ba de ossos. Memrias 1. p. 308 a 310.)

    Considere o advrbio A (referncia 4). Observe o que se diz sobre ele.

    I. Pode ser substitudo, no texto, por outro advrbio: ento.II. Retoma anaforicamente a expresso (d)o conto Quando minha av morreu (Refs. 2 e 3). III. Poderia ser substitudo, no texto, por expresses como nesse conto ou no conto a que me referi.

    Est correto o que se diz apenas em

    a) I.b) I e II.c) II e III.d) III.

    Questo 03 - (UEMG/2016)

    As ltimas do mineiro

    Zuenir Ventura

    Talvez porque numa das vezes em que algum bateu com a lngua nos dentes um pescoo foi parar naforca, Minas trabalha em silncio, como se diz. Pode no ser verdade, mas a verso, que acaba prejudicandomais do que favorecendo a imagem de um estado que, alm das riquezas naturais e de uma poderosa tradiopoltica, tem o maior patrimnio histrico-cultural do pas. Numa poca de predomnio do marketing, em que oimportante mostrar mais do que fazer, ficar calado no seu canto pode no ser um bom negcio.

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    Como afirma um amigo de Belo Horizonte, temos os melhores grupos de dana do pas, cantores ecompositores excelentes, artistas plsticos e grupos teatrais de alta qualidade, mas no divulgamos, temospudor de nos exibir, de mostrar ao pas o que somos.

    Ele acredita que de fora se tem uma viso regionalista limitada memria e questo do patrimniohistrico, longa tradio de pedra e cal da cultura mineira. Sem descuidar desse acervo (s de barroco estoali 65% do patrimnio nacional), o desafio dos governantes mineiros mostrar sem reserva o que Minas tem demais moderno, cosmopolita e contemporneo.

    Mas acho que no ser fcil assim. A no ser meu amigo Ziraldo, que adora se mostrar, tendo alis razopara isso, que outro mineiro vocs imaginam chamando a ateno para o que est fazendo? Num artigo famoso,Guimares Rosa listou 66 adjetivos com os quais so caracterizados seus conterrneos. Eles vo de acanhado,afvel, desconfiado at sonso, sbrio, taciturno, tmido, passando por precavido, po -duro, perspicaz, quieto,irnico, meditativo.

    Fernando Sabino, que conhece a alma mineira como a dele prprio, tem vrias histrias para ilustrar comoseus conterrneos ficam sempre na moita. Mineiro no gosta de revelar nem a identidade.

    Qual o seu nome todo? pergunta o carioca.Diz a parte que voc sabe desconversa o mineiro.Nessa aqui o escritor conta o dilogo com um motorista mineiro em Nova York:Ah, voc tambm de Minas?Sou sim sinh.

    De onde?

    De Minas mesmo.Se consegue esconder at de onde , imagina quando lhe pedem uma opinio poltica.Que tal o prefeito daqui?O prefeito? tal qual eles falam dele.Que que falam dele?Dele? Uai, esse trem todo que falam de tudo que prefeito.H quem alegue que o que se diz em forma de anedota est longe de ser a verdade sobre Minas, so

    apenas verses. Ento me lembro do dia em que algum reclamou de Jos Maria Alkmim: Criei a frase o queimporta a verso, no o fato, e todo mundo atribui ela a voc. Ao que ele respondeu: Isso s confirma afrase.

    Portanto, imprima-se a verso.

    Minas trabalha em silncio, como (1)se diz. (...) Fernando Sabino, que conhece a alma mineira como (2)adele prprio, tem vrias histrias para ilustrar como (3)seus conterrneos ficam sempre na moita.

    Associe, a seguir, cada ocorrncia da palavra como funo que ela exerce no trecho apresentado.

    ( ) expressa ideia de comparao.( ) expressa ideia de conformidade.( ) equivale expresso de que forma.

    Assinale a sequncia CORRETA:

    a) 213.b) 321.c) 123 .d) 231.

    Questo 04 - (UNESP SP/2016)

    Memria e tecnologia

    Estava em um aeroporto quando testemunhei uma cena que me fez pensar bastante. Um garoto de mais oumenos 10 anos andava para l e para c muito aflito, sem saber para onde ir, e estava quase caindo no choro.Fui em sua direo para tentar ajudar, mas um casal chegou antes e pude ouvir a conversa deles.

    O garoto estava no aeroporto com a famlia de um amigo porque eles iriam viajar para uma praia. Ele haviasado de onde estava para comprar um lanche e no conseguiu mais encontrar o grupo.

    E a vem a parte mais interessante para refletirmos. O casal aquietou o garoto e disse que bastava o meninoinformar o nmero do telefone que eles ligariam para o amigo. O garoto, que tinha um celular e o deixara com ocolega, no sabia de memria nenhum nmero, nem o seu. Est tudo no meu celular, justificou.

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    Claro que, com a ajuda do casal, no foi difcil o garoto se reunir com o seu grupo. O fato, porm, me deu oque pensar. Imediatamente me lembrei de que, quando criana, meus pais me fizeram decorar a seguinte frase:Meu nome Rosely Sayo, eu moro na Rua Jaceguai, 462, So Paulo, Capital. Eles achavam So Paulo umacidade em que uma criana se perderia com muita facilidade e, cuidadosos, tentaram garantir que eu tivesseinformaes para que, caso me perdesse, tivesse condies mnimas para encontr-los.

    Hoje, com tantos recursos tecnolgicos, delegamos a esses aparelhos maravilhosos muito do servio quefazamos antes da existncia deles.

    Quantas coisas deixamos de ensinar s crianas porque a tecnologia resolve isso por ns. No maisensinamos a elas, por exemplo, que muito perigoso abrirem a porta do carro em movimento, porque elas estoprotegidas pelas travas; no as alertamos para os riscos de uma queda de local alto, porque esto protegidaspelas grades, e assim por diante. No ensinamos mais as crianas a memorizar nmeros de telefones, porqueos aparelhos tm cada vez mais memria, justamente para guardar o que antes era responsabilidade damemria humana.

    Mas, quando deixamos a cargo do funcionamento dos aparelhos essas e outras tarefas, no consideramosque a vida feita de falhas humanas e mecnicas de inesperados, de acontecimentos inusitados. E, quenesses momentos, o que conta o conhecimento que a pessoa guardou consigo.

    Em educao, os detalhes so importantes. Por isso necessrio ajudar os mais novos a perceber aimportncia da memorizao de informaes que a famlia considera essenciais e do autocuidado, que inclui asnoes de risco e de autoproteo. Afinal, aparelhos falham.

    (Rosely Sayo. Folha de S. Paulo, 04.02.2014. Adaptado)

    Assinale a alternativa em que as expresses em destaque apresentam circunstncia adverbial de intensidade.

    a) Estava em um aeroporto quando testemunhei uma cena que me fez pensar bastante. / E a vem a partemaisinteressante para refletirmos.

    b) ... para comprar um lanche e no conseguiu mais encontrar o grupo. / Imediatamente me lembrei de que,quando criana, meus pais me fizeram decorar...

    c) ... sem saber para onde ir, e estava quase caindo no choro. / Est tudo no meu celular, justificou.d) Fui em sua direo para tentar ajudar... / ... que muito perigoso abrirem a porta do carro...e) ... no as alertamos para os riscos de uma queda de local alto, porque esto protegidas pelas grades... /

    Afinal, aparelhos falham.

    Questo 05 - (CEFET MG/2015)

    A falcia do mundo justo e a culpabilizao das vtimasPor Ana Carolina Prado

    claro que o cara que estuprou o culpado, mas as mulheres tambm ficam andando na rua de saia curtae em hora errada!. O hacker que roubou as fotos dessas celebridades nuas est errado, mas ningum mandoutirar as fotos!. Se voc trabalhar duro vai ser bem-sucedido, no importa quem voc seja. Quem morreu pobre porque no se esforou o bastante. Voc sabe o que essas afirmaes tm em comum?

    H algum tempo falei aqui sobre como os humanos tm diversas formas de se enganar em relao ideiaque tm de si mesmos, quase sempre para proteger sua autoestima ou para saciar sua vontade de estar semprecertos. Mas nosso crebro no nos engana s em relao a como vemos a ns mesmos: temos tambm atendncia de nos iludir em relao aos outros e vida em geral. E as frases acima exemplificam uma maneiracomo isso pode acontecer: por meio da falcia do mundo justo.

    Por exemplo, embora os estupros raramente tenham qualquer coisa a ver com o comportamento ouvestimenta da vtima e sejam normalmente cometidos por um conhecido e no por um estranho numa ruadeserta, a maioria das campanhas de conscientizao so voltadas para as mulheres, no para os homens etrazem a absurda mensagem de no faa algo que poderia lev-la a ser violentada.

    Em um estudo sobre bullying feito em 2010 na Universidade Linkoping, na Sucia, 42% dos adolescentesculparam a vtima porser um alvo fcil. Para os pesquisadores, esses julgamentos estorelacionados nooamplamente difundida na fico de quecoisas boas acontecem a quem bom e coisas ms acontecem aquem merece. A tendncia a acreditar que o mundo assim chamada, na psicologia, de falcia do mundojusto. No importaquo liberal ou conservador voc seja, alguma noo dela entra nasua reao emocionalquando ouve sobre o sofrimento dos outros,diz o jornalista David McRaney no livro Voc no to espertoquanto pensa. Ele acrescenta que, embora muitas pessoas no acreditem conscientemente em carma, nofundo ainda acreditamem alguma verso disso, adaptando o conceito para a sua prpriacultura.

    E d para entender por que somos levados a pensar assim: viver em um mundo injusto e imprevisvel meioassustador e queremos nos sentir seguros e no controle. O problema que crer cegamente nisso leva a aindamais injustias, como o julgamento de que pessoas pobres ou viciadas em drogas so vagabundas [...], que

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    mulher de roupa curta merece ser maltratada ou que programas sociais so um desperdcio de dinheiro e umamuleta para preguiosos. Todas essas crenas so falaciosas porque partem do princpio de que o sistema emque vivemos justo e cada um tem exatamente o que merece.

    [...] a falcia do mundo justo desconsidera os inmeros outros fatores que influenciam quo bem-sucedida apessoa vai ser, como o local onde ela nasceu, a situao socioeconmica da sua famlia, os estmulos esituaes pelas quais passou ao longo da vida e o acaso. Programas sociais e aes afirmativas no rompem oequilbrio natural das coisas, como seus crticos podem crer pelo contrrio, a ideia justamente minimizar os

    efeitos da injustia social. Uma pessoa extremamente pobre pode virar a dona de uma empresa multimilionria,mas o esforo que vai ter de fazer para chegar l muito maior do que o esforo de algum nascido em umafamlia rica que sempre teve acesso melhor educao e a bons contatos. Se olhar os excludos e sequestionar por que eles no conseguem sair da pobreza e ter um bom emprego como voc, est cometendo afalcia do mundo justo. Est ignorando as bnos no merecidas da sua posio, diz McRaney.

    Em casos de abusos contra outras pessoas, como bullying ou estupro, a injustia ainda maior, pois elesnunca so justificados e a a falcia do mundo justo se mostra ainda mais perversa. Portanto, toda vez quevoc se sentir movido a dizer coisas como O estuprador quem est errado, claro, mas, pare por a. O quevem depois do mas quase sempre fruto de uma tendncia a ver o mundo de uma forma distorcida s para eleparecer menos injusto.

    Disponvel em: . Acesso em: 02 set. 2014(Adaptado)

    O advrbio destacado expressa uma ideia de intensidade em:

    a) O problema que crer cegamentenisso leva a ainda mais injustias, como o julgamento de que pessoaspobres ou viciadas em drogas so vagabundas [...].(5 pargrafo)

    b) Programas sociais e aes afirmativas no rompem o equilbrio natural das coisas, como seus crticospodem crerpelo contrrio, a ideia justamenteminimizar os efeitos da injustia social. (6 pargrafo)

    c) Ele acrescenta que, embora muitas pessoas no acreditem conscientementeem carma, no fundo aindaacreditam em alguma verso disso, adaptando o conceito para a sua prpria cultura. (4 pargrafo)

    d) Uma pessoa extremamentepobre pode virar a dona de uma empresa multimilionria, mas o esforo quevai ter de fazer para chegar l muito maior do que o esforo de algum nascido em uma famlia rica ... (6pargrafo)

    Questo 06 - (UERJ/2015)

    Caso tenha uma aranha na sua perna, melhor no se mexer.No quadrinho seguinte, o prprio personagem analisa essa fala como hipottica.A construo de hiptese est marcada na frase do personagem pelo seguinte trao lingustico:

    a) tom de conselho da falab) ordem inversa do perodoc) emprego do conectivo iniciald) presena de forma negativa

    Questo 07 - (UFAM/2015)

    H muito tempo, o homem sonha construir mquinas que possam livr-lo das tarefas entediantes do dia adia. Durante todo o sculo XX, os escritores de fico cientfica estavam preocupados em criar histrias sobrerobs que serviam seus mestres em tudo, sem reclamar e sem se cansar. Essa era uma viso tentadora, mas,do ponto de vista tecnolgico, at o final do sculo XX continuava a ser um sonho remoto, simplesmente porque

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    no houve meios de construir essas mquinas. Que atrasados ainda somos! E, apesar da rejeio de muitos,essa perspectiva tem um qu de atraente.

    Alguns pesquisadores dos Estados Unidos, da Europa e do Japo continuam a perseguir, incansavelmente, osonho de criar servidores robticos multifuncionais, que possam fazer o trabalho pesado. A busca tem sido difcile os progressos, lentos. No entanto, a partir do ano 2000, vm sendo desenvolvidos robs experimentais comconsidervel sofisticao. Muitos cientistas j se convenceram de que essa tecnologia no apenas possvel,mas inevitvel. Hoje em dia, a era dos robs continua situada em algum lugar do futuro, mas est cada dia

    mais prxima. Sendo assim, daqui a alguns anos, no pegaremos numa vassoura que no seja atravs de umrob.

    Como dizia o escritor Oscar Wilde, a civilizao precisa de escravos. Que os escravos sejam, ento, asmquinas. Por isso, esses robs tm que ser construdos, para que tenhamos um novo amanhecer em nossavida, com um enlace entre homens e mquinas.

    (BALCH, Tucher. As Maravilhosas mquinas inteligentes do futuro. Texto adaptado.)

    Assinale a alternativa em que a palavra QUE exerce a funo de advrbio de intensidade:

    a) servidores robticos multifuncionais, que possam fazer o trabalho pesado.b) no pegaremos numa vassoura que no seja atravs de um rob.c) essa perspectiva tem um qu de atraente.d) Por isso, esses robs tm que ser construdos.

    e) Que atrasados ainda somos!

    Questo 08 - (UNESP SP/2015)

    Considere o texto abaixo de um site especializado em esportes com instrues de treinamento para a corridaolmpica dos 1 500 metros.

    CorridaProva 1 500 metros rasos

    A prova dos 1 500 metros rasos, juntamente com a da milha (1 609 metros), caracterstica dos pases anglo-saxnicos, considerada prova ttica por excelncia, sendo muito importante o conhecimento do ritmo e dafrmula a ser utilizada para vencer a prova. Os especialistas nessas distncias so considerados completos

    homens de luta que, aps um penoso esforo para resistir ao ataque dos adversrios, recorrem a todas as suasenergias restantes a fim de manter a posio de destaque conseguida durante a corrida, sem ceder aoconstante assdio dos seus perseguidores.

    [...] Para correr essa distncia em um tempo aceitvel, deve-se gastar o menor tempo possvel no primeiroquarto da prova, devendo-se para tanto sair na frente dos adversrios, sendo essencial o completo domnio daspernas, para em seguida normalizar o ritmo da corrida. No segundo quarto, deve-se diminuir o ritmo, a fim detrabalhar forte no restante da prova, sempre procurando dosar as energias, para no correr o risco de sersurpreendido por um adversrio e ficar sem condies para a luta final.

    Deve ser tomado cuidado para no se deixar enganar por algum adversrio de condio inferior, quenormalmente finge possuir energias que realmente no tem, com o intuito de minar o bom corredor, para que ocompanheiro da mesma equipe possa tirar proveito da situao e vencer a prova. Assim sendo, o corredorexperiente saber manter regularmente as suas passadas, sem deixar-se levar por esse tipo de artimanha.Conhecendo o estado de suas condies pessoais, o corredor saber se capaz de um sprint nos 200 metros

    finais, que a distncia ideal para quebrar a resistncia de um adversrio pouco experiente.O corredor que possui resistncia e velocidade pode conduzir a corrida segundo a sua convenincia,

    impondo os seus prprios meios de ao. Finalmente, ao ultrapassar um adversrio, deve-se faz-lo decidida efolgadamente, procurando sempre impression-lo com sua ao enrgica. Tambm deve-se procurar mantersempre uma boa descontrao muscular durante o desenvolvimento da corrida, nunca levar a cabea para trse encurtar as passadas para finalizar a prova.

    (http://treino-de-corrida.f1cf.com.br)

    Observando as seguintes passagens do texto apresentado, marque a alternativa em que as duas palavras emnegrito so utilizadas como advrbios:

    a) no correr o risco de ser surpreendido.b) finge possuir energias que realmente no tem.c) deve-se faz-lo decidida e folgadamente.d) nunca levar a cabea para trs.e) forte no restante da prova, sempre procurando dosar.

    http://treino-de-corrida.f1cf.com.br/http://treino-de-corrida.f1cf.com.br/
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    Questo 09 - (UECE/2014)

    O texto (subdividido em sees) faz uma reflexo sobre a maneira como se comporta, em determinadomomento, a sociedade brasileira, que, mais cedo ou mais tarde, teria que integrar negros e mulatos.

    Jos Paulo Florenzano

    49FUTEBOL E RACISMO: O MITO 50DA DEMOCRACIA EM CAMPO51A histria do futebol brasileiro contm, ao 52 longo de quase um sculo, registros de e 53pisdios marcadospelo racismo. Eis o 54paradoxo: se de um lado a atividade 55futebolstica era depreciada aos olhos da 56boasociedade enquanto profisso destinada a 57pobres, negros e marginais, de outro ela se 58achava investida dopoder de representar e 59projetar a nao em escala mundial.

    60VNCULO MENOS ASSIMTRICO ENTRE 61NEGROS E BRANCOS62O trem do futebol descortinava perspectivas 63promissoras no terreno das relaes sociais. 64Mas emboratransportasse ricos e pobres,65 negros e brancos, ele o fazia alocando os66 diversos grupos em vagesseparados. 67 Enquanto a juventude privilegiada agia de 68 modo a reforar as divises internas da 69composio, a mocidade alegre dos subrbios 70 buscava franquear a passagem a fim de 71 enriquecer aexperincia da viagem. Caberia, 72nesse sentido, um papel de destaque aos 73jogadores que logravam transitar

    entre os 74diversos compartimentos.

    75LENIDAS DA SILVA: IDENTIDADE AMBGUA 76DO ATLETA77 Seria nesta conjuntura adversa que 78 Lenidas da Silva pegaria o bonde da histria. 79 Smbolo daproeminncia adquirida pelo boleiro 80em detrimento do sportsman, ele encarnava a 81mudana destinada aapagar os ltimos 82 vestgios da marca refinada, esnobe e 83 excludente que a juventude privilegiada 84procurara atribuir prtica do esporte ingls, 85substituindo-a gradativamente por uma feio 86mais popular dojogo, por uma dimenso mais 87nacional do futebol, por uma identidade mais 88ambgua do atleta.

    89 RISCOS SIMBLICOS90A realizao da Copa do Brasil em 1950 91viria a se constituir, neste sentido, em uma 92rara oportunidade. Nodia da deciso contra o 93Uruguai sobreveio o inesperado revs. Foi, 94ento, que os torcedores descobriram osriscos 95 simblicos envolvidos na tarefa de reimaginar a 96 nao dentro das quatro linhas do campo. As 97

    reportagens da crnica esportiva elegiam o 98goleiro Barbosa e o defensor Bigode como 99bodes expiatrios,exprimindo a vontade de 100descarregar nas costas dos referidos 101jogadores os prejuzos acarretados pela102derrota. Uma chibata moral, eis a sentena 103proferida no tribunal dos brancos.

    104A REVOLTA DA CHIBATA105 Nos anos 1970, por no atender s 106 expectativas normativas suscitadas pelo 107 esteretipo do bomnegro, Paulo Csar Lima 108 foi classificado como jogador-problema. 109Responsabilizado pelo fracasso doBrasil na 110Copa da Alemanha, pleiteava o direito de voltar 111a vestir a camisa verde e amarela. O rumor de 112que o banimento tinha o respaldo de um 113ministro de Estado, no o surpreendia: Se for, 114mais uma vez vouter a certeza de que sou um 115negro que incomoda muita gente. E 116acrescentava: No vou ser um negrotmido, 117quieto, com medo e temor das pessoas. Dessa 118maneira, nas pginas de O Estado de S. Paulo, 119Paulo Csar esboava a revolta da chibata no 120 futebol brasileiro. Enquanto Barbosa e Bigode, 121 semalternativa, suportaram com dignidade o 122 linchamento moral na derrota de 1950, Paulo 123 Csar contra-atacava os que pretendiam124 conden-lo pelo insucesso de 1974, reeditando 125 as acusaes de covarde e de mercenrio 126 asmesmas dirigidas a Lenidas no passado. 127Paulo Csar, no entanto, assumia, sem 128ambiguidades, as corese as causas defendidas 129pela esquadra dos pretos em todas as esferas 130da vida social. Sinto na pele esseracismo 131subjacente, revelou certa vez imprensa 132francesa: Isto , ningum ousa pronunciar a 133palavraracismo. Mas posso garantir que ele 134 existe, mesmo na Seleo Brasileira. Sua 135 ousadia consistiu empronunciar a palavra 136interdita no espao simblico utilizado pelo 137discurso oficial para reafirmar o mito da138democracia racial.

    Jos Paulo Florenzano professor de Antropologia da PUC-SP e autor do livroA Democracia Corinthiana (2009). Texto adaptado.

    A seo de nmero 2 do texto intitula-se VNCULO MENOS ASSIMTRICO ENTRE NEGROS E BRANCOS. Aexpresso que mais se aproxima do significado da expresso VNCULO MENOS ASSIMTRICO, no texto,

    a) menos desigualdade.

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    b) menos discordncia.c) menos inimizade.d) menos rivalidade.

    Questo 10 - (IFSP/2013)

    Buscando a excelncia (Lya Luft)

    Estamos carentes de excelncia. A mediocridade reina, assustadora, implacvel e persistentemente.Autoridades, altos cargos, lderes, em boa parte desinformados, desinteressados, incultos, lamentveis. Alunosque saem do ensino mdio semianalfabetos e assim entram nas universidades, que aos poucos refiro-me spblicasvo se tornando reduto de pobreza intelectual.

    As infelizes cotas, contras as quais tenho escrito e s quais me oponho desde sempre, servemmagnificamente para alcanarmos este objetivo: a mediocrizao tambm do ensino superior. Alunos que noconseguem raciocinar porque no lhes foi ensinado, numa educao de brincadeirinha. E, porque no sabem lernem escrever direito e com naturalidade, no conseguem expor em letra ou fala seu pensamento truncado epobre. [...] E as cotas roubam a dignidade daqueles que deveriam ter acesso ao ensino superior por mrito [...]Meu conceito serve para cotas raciais tambm: no pela raa ou cor, sobretudo autodeclarada, que um jovemdeve conseguir diploma superior, mas por seu esforo e capacidade. [...]

    Em suma, parece que trabalhamos para facilitar as coisas aos jovens, em lugar de educ-los com e para o

    trabalho, zelo, esforo, busca de mrito, uso da prpria capacidade e talento, j entre as crianas. O ensino nasltimas dcadas aprimorou-se em fazer os pequenos aprender brincando. Isso pode ser bom para os bempequenos, mas j na escola elementar, em seus primeiros anos, bom alertar, com afeto e alegria, para o fatode que a vida no s brincadeira, que lazer e divertimento so necessrios at sade, mas que a escola tambm preparao para uma vida profissional futura, na qual haver disciplina e limites que alis deveriamexistir em casa, ainda que amorosos.

    Muitos diro que no estou sendo simptica. No escrevo para ser agradvel, mas para partilhar com meusleitores preocupaes sobre este pas com suas maravilhas e suas mazelas, num momento fundamental emque, em meio a greves, justas ou desatinadas, [...] se delineia com grande inteligncia e preciso a possibilidadede serem punidos aqueles que no apenas prejudicaram monetariamente o pas, mas corroeram sua moral, e adignidade de milhes de brasileiros. Est sendo um momento de excelncia que nos devolve nimo eesperana.

    (Fonte: Revista Veja, de 26.09.2012. Adaptado).

    Assinale a classe de palavras correspondente a cada uma das palavras grifadas no trecho: A mediocridadereina, assustadora, implacvel e persistentemente.

    a) adjetivo, advrbio, advrbio.b) advrbio, adjetivo, advrbio.c) advrbio, advrbio, adjetivo.d) adjetivo, adjetivo, adjetivo.e) advrbio, advrbio, advrbio.

    Questo 11 - (FCM MG/2013)

    ASMTICOS E ASMLOGOS

    1 No sei por que veio bater aqui em casa uma revista mdica. Tomei conhecimento de como a 2betaciclodextrina metabolizada em glicose. Mas o que me impressionou mesmo foi o que h de 3novidade emmatria de teraputica da asma. Meu conhecimento no ramo no foi adquirido nos 4livros. Ainda que remoto, saber de experincia feito. Uma vez imaginei fundar um clube dos 5asmticos. Flego curto, o Octavio Malta foium que se entusiasmou.

    6Mas os asmticos no so muito unidos. Tampouco os ex-asmticos. o meu caso, apesar 7de uma ou outraameaa que l de vez em quando me assusta. E quase sempre nos momentos mais 8 inoportunos. Uma noiteem Madri tive de sair de um jantar direto para uma farmcia. Se no 9opusesse feroz resistncia, me recolhiama um pronto-socorro com direito a balo de oxignio. L se 10vo vinte anos. Foi minha ltima crise, espero.ltima, isto , derradeira.

    11Do tal clube dos asmticos ficou uma crnica do Paulo Mendes Campos. Para o asmtico, 12dizia ele, no hnada mais ofensivo do que perguntar se asma pega. Pois no contagiosa. de 13 nascena e no mata.

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    Dizem at que garante vida longa. Se no tiver complicao, o asmtico fica 14 pra semente. Como atuberculose nos velhos tempos, a asma teria afinidade com certo tipo de gente. 15Gente sensvel e inteligente.Verdade ou no, um consolo.

    16 Proust, por exemplo, todo mundo sabe que foi asmtico. Vivia num sufoco tremendo, fechado 17 naquelequarto forrado de cortia. Isso nos seus ltimos anos de vida, depois que encerrou a fase 18mundana. O que euno sabia e a tal revista me informou que h hoje a asmologia. E h 19asmlogos, claro. Alis, a em So

    Paulo existe um Jornal da Asma. Graas ao seu editor, dr. Charles 20K. Naspitz, pude ler exemplares de vriosnmeros.

    21Boa parte do mistrio e at, por que no?, do encanto da asma porque se trata de uma 22doena hereditriae noturna. Ataca de preferncia noite. E se retira com o sol. Na velha ortografia, 23escrevia-se asthma. Palavragrega, tem a ver com aspirar. A reforma ortogrfica cortou o th. Se por 24um lado simplificou o nome da doena,por outro aliviou a dispneia dos asthmaticos. Um acesso em 25Paris, por exemplo, ainda hoje bem mais grave.O th no soa, mas em francs ainda se escreve 26asthme.

    27 Imagine o que sofreu o pobre do Machado de Assis. No sabia que ele era asmtico? Eu 28 tambm no.Sabamos que era epilptico. Pois o Jornal da Asma o inclui entre os asmticos. J 29tinha ouvido falar no estilode gago do Machado. Sim, tambm era gago. H de ver que o ritmo da 30sua prosa vem da asma. Outro quepagou tributo sufocao foi o Graciliano Ramos. Fumava que 31nem um desesperado. Cigarro mata-rato. E

    asmtico! Eu o conheci e no sabia.

    32 Explica-se por a o temperamento abespinhado do Velho Graa. Outro asmtico foi Augusto 33 dos Anjos.Aquele pessimismo todo, coitado, era falta de ar. Vivia a um passo da asfixia, numa poca 34 em que aasmologia apenas engatinhava. No se sabia o que hoje se sabe, ou se propala. Sendo 35 uma forma dehipersensibilidade, que tem a ver com a respirao, isto , com a prpria vida, a asma 36inclina a pessoa paraas letras e as artes. Dura compensao!

    (RESENDE, Otto Lara. Bom dia para nascer. S.P.:Companhia das Letras, 2011, p.p.76-78. Texto adaptado.)

    Antes de serem selecionadas em livro, as crnicas de Otto Lara Resende foram publicadas pelo jornal Folha deSo Paulo. O autor morava no Rio de Janeiro, da a razo do advrbio no trecho destacado a seguir: Alis, a

    em So Paulo existe um Jornal da Asma. Das passagens abaixo, os dois termos grifados so advrbios em:

    a) Sim, tambm era gago. / ...fechado naquele quarto forrado de cortia.b) ...mas em francs ainda se escreve asthme. / Isso nos seus ltimos anos de vida.c) Dizem at que garante vida longa. / No sei por que veio bater aqui em casa uma revista mdica.d) Explica-se por a o temperamento abespinhado do Velho Graa. / ...por outro aliviou a dispneia dos

    asthmaticos.

    Questo 12 - (FCM MG/2013)A ltima lio de Chico Anysio

    A ltima entrevista de Chico Anysio, falecido em maro, foi feita em sua casa e no foi para nenhum jornal, rdioou TV. Com cerca de 40 minutos de durao, foi concedida ao psiquiatra Antnio Geraldo da Silva, presidenteda Associao Brasileira de Psiquiatria (ABP).

    Chico havia sido convidado para ser padrinho da campanha "A sociedade contra o preconceito", 5 da ABP,lanada no Congresso Brasileiro de Psiquiatria, ano passado. Devido ao seu estado de sade e com medo deno comparecer ao evento, fez questo de deixar algumas palavras aos mdicos na abertura do congresso,onde seu depoimento foi exibido.

    Como sua fala de grande valia, divido com os leitores algumas de suas ltimas palavras. 9Paciente orgulhosodo psiquiatra Marcos Gebara por quase 25 anos, fez questo de explicitar a importncia do tratamentopsiquitrico na sua vida. "Sem os remdios da psiquiatria, eu no teria feito 20% do que fiz."

    O grande Chico Anysio, que divertiu a vida de geraes de brasileiros, sofreu de depresso por anos a fio.

    14 "Depresso um quadro que s se controla com remdio. O antidepressivo acertou a minha vida. 15 Apsiquiatria fundamental como o ar que eu respiro." A depresso era "um demnio, um gs letal, ela entra e apessoa no sente que est deprimida. Os outros que descobrem".

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    17Chico definiu como "criminoso" o preconceito contra as doenas mentais, traduzido pela palavra psicofobia."Achar que ir ao psiquiatra ainda coisa de maluco retrato do preconceito. Depresso uma coisa, maluquice outra", comparou.

    20 Chico se revoltou com o descaso com que governos e autoridades lidam com os transtornos mentais e ofornecimento de medicamentos.

    "Se possvel ajudar e curar pessoas e isso no feito, crime. O governo tem esse dever. No favor colocaros remdios psiquitricos ao alcance dos pobres, obrigao. dever do governo. Remdios psiquitricosprecisam ser gratuitos para quem precisa, assim como j acontece com os soropositivos", props.

    Ele afirmava que seu grande mal no era a depresso, mas o cigarro. "Meu pulmo foi meu grande adversrio.O grande criminoso da minha vida foi o cigarro. Eu venci a depresso porque pude pagar remdios e psiquiatra.A depresso vencvel, controlvel. s ir ao psiquiatra e tomar os remdios. O cigarro no."

    Ele era categrico em afirmar que seu nico arrependimento em quase 80 anos de vida era o vcio 31no cigarro."Sou do tempo em que fumar era coisa de macho. Cary Grant fumava, Humphrey Bogart fumava... Conseguirque uma pessoa pare de fumar significa que ela volte a viver", afirmou emocionado.

    Ele foi capaz de um feito raro: parar de fumar sozinho. Mas, infelizmente, j era tarde demais. Os danos aopulmo e corao eram de tal ordem que muito pouco poderia ser revertido. Antes de falecer, Chico andava coma ideia de criar uma fundao com seu nome para apoiar os estudos de combate ao tabagismo. Infelizmente,no teve tempo.

    Ele tinha a dimenso do poder que suas palavras poderiam ter para as vtimas de depresso e tabagismo.

    "O humor s existe em pases com problemas. No existe humorista sueco ou finlands. Do problema nasce ohumor. Como humorista, no tenho nenhum poder de consertar uma coisa, mas tenho o dever de denunci-la. o que estou fazendo aqui: denunciando a falta de socorro aos doentes mentais no Brasil".

    Que o seu contundente relato alcance aqueles que ainda fumam ou questionam os danos que os transtornosmentais no tratados podem causar na vida de quem os sofre, seus familiares e amigos. 46Se Chico conseguiu

    diminuir a tristeza de milhes de brasileiros com o sorriso, que ele possa agora diminuir o preconceito contra asdoenas psiquitricas por meio de suas palavras.

    (GIGLIOTTI, A. Folha de So Paulo, 14/08/2012, 1 caderno, p.3.)* Analice Gigliotti,48, mestre em psiquiatria pela Unifesp, mdica e sobrinha de Chico Anysio

    Nas passagens a seguir, h referncia temporalidade, EXCETO em:

    a) o que estou fazendo aqui: denunciando a falta de socorro aos doentes mentais no Brasil."b) Ele foi capaz de um feito raro: parar de fumar sozinho. Mas, infelizmente, j era tarde demais.c) O grande Chico Anysio, que divertiu a vida de geraes de brasileiros, sofreu de depresso por anos a fio. d) A ltima entrevista de Chico Anysio, falecido em maro, foi feita em sua casa e no foi para nenhum jornal,

    rdio ou TV.

    Questo 13 - (FGV /2013)Bom amigo, o fogo.Cria calor, afasta os bichos, protege o sono e as mochilas de mantimento. Carne-de-sol, rapadura, farinha.Deita-se na rede, abraado ao rifle, as alpercatas nos ps, as cartucheiras em torno do peito, o faco preso aocinturo. E, mais uma vez pensando no servio, diz muito baixo para si mesmo:Me, espera o resultado.A me exigira a viagem, um ms ou mais na selva sem caminhos, ningum para ouvir ou falar. Servio arriscadoe to brabo que era para quem no tinha medo. Meter-se no povoado, no estrado para o vale do Ouro, arrancaros ossos do pai. L, na cova, o pai estava h mais de vinte anos. Ali, naquele lugar, entre as pastagens de gadoe as plantaes de cacau. Almadina se chamava o lugar que guardava a ossada do pai no barro duro.Trinta anos ele tinha quando a desgraa acontecera. Agora, vinte anos depois, e ainda na manh de ontem, avelha o chamara. E, logo o viu, sempre com os olhos parados, exclamou:Eu quero os ossos! V, Tonho Ber, calcule o terreno e, percebendo a surpresa do filho, acrescentou: Vamos ver se trazemos os ossos do seu pai!

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    Por qu, me, e para qu?Estou velha, cada vez mais velha, no demoro a morrer. E, por isso, quero os ossos.Mas, para qu?ele insistira.Calou-se, a me, sem qualquer resposta. Fcil verificar que escondia as ideias no rosto cor de cobre. No, nodisse para que queria os ossos! Talvez para embrulhar eles com a prpria pele, talvez.A rede, o rifle entre os braos, os olhos abertos. A velha de tal modo ali est, dentro do seu olhar sem sono, queparece a prpria Tari Januria em pessoa. Permanece assim, deitado e imvel, vendo a velha como a via todos

    os dias.(Adonias Filho, As velhas)

    Considere a seguinte passagem do texto:

    Cria calor, afasta os bichos, protege o sono e as mochilas de mantimento. Carne-de-sol, rapadura, farinha.Deita-se na rede, abraado ao rifle, as alpercatas nos ps, as cartucheiras em torno do peito, o faco preso aocinturo. E, mais uma vez pensando no servio, diz muito baixo para si mesmo:Me, espera o resultado.

    a) No trecho, a narrao se d em terceira pessoa. Reescreva-o, em primeira pessoa do singular, transpondoo discurso direto para indireto.

    b) Observe as palavras, no contexto em que foram empregadas: carne-de-sol, muito, baixo, mesmo. Quaisdelas admitem flexo de nmero? Justifique sua resposta.

    Questo 14 - (UNESP SP/2013)Considere um fragmento da crnica Letra de cano e poesia, de Antonio Cicero.

    Como escrevo poemas e letras de canes, frequentemente perguntam-me se acho que as letras de canesso poemas. A expresso letra de cano j indica de que modo essa questo deve ser entendida, pois apalavra letra remete escrita. O que se quer saber se a letra, separada da cano, constitui um poemaescrito.Letra de cano poema? Essa formulao inadequada. Desde que as vanguardas mostraram que no sepode determinar a priori quais so as formas lcitas para a poesia, qualquer coisa pode ser um poema. Se umpoeta escreve letras soltas na pgina e diz que um poema, quem provar o contrrio?

    Neste ponto, parece-me inevitvel introduzir um juzo de valor. A verdadeira questo parece ser se uma letra decano um bom poema. Entretanto, mesmo esta ltima pergunta ainda no suficientemente precisa, poispode estar a indagar duas coisas distintas: 1) Se uma letra de cano necessariamente um bom poema; e 2)Se uma letra de cano possivelmente um bom poema.Quanto primeira pergunta, evidente que deve ter uma resposta negativa. Nenhum poema necessariamenteum bom poema; nenhum texto necessariamente um bom poema; logo, nenhuma letra necessariamente umbom poema. Mas talvez o que se deva perguntar se uma boa letra necessariamente um bom poema. Ora,tambm a essa pergunta a resposta negativa. Quem j no teve a experincia, em relao a uma letra decano, de se emocionar com ela ao escut-la cantada e depois consider-la inspida, ao l-la no papel, semacompanhamento musical? No difcil entender a razo disso.Um poema um objeto autotlico, isto , ele tem o seu fim em si prprio. Quando o julgamos bom ou ruim,estamos a consider-lo independentemente do fato de que, alm de ser um poema, ele tenha qualquer utilidade.O poema se realiza quando lido: e ele pode ser lido em voz baixa, interna, aural.

    J uma letra de cano heterotlica, isto , ela no tem o seu fim em si prpria. Para que a julguemos boa, necessrio e suficiente que ela contribua para que a obra ltero-musical de que faz parte seja boa. Em outraspalavras, se uma letra de cano servir para fazer uma boa cano, ela boa, ainda que seja ilegvel. E a letrapode ser ilegvel porque, para se estruturar, para adquirir determinado colorido, para ter os sons ou as palavrascertas enfatizadas, ela depende da melodia, da harmonia, do ritmo, do tom da msica qual se encontraassociada.

    ( Folha de S.Paulo, 16.06.2007.)

    Nenhum poema necessariamente um bom poema; nenhum texto necessariamente um bom poema; logo,nenhuma letra necessariamente um bom poema.

    O advrbio necessariamente, nas trs ocorrncias verificadas na passagem mencionada, equivale, pelo sentido,a:

    a) forosamente.

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    b) raramente.c) suficientemente.d) independentemente.e) frequentemente.

    Questo 15 - (UEA AM/2013)

    Leia um trecho de Vidas Secas, de Graciliano Ramos, em que Fabiano e sua famlia encontram-se famintos emmeio estrada e terrvel seca.

    Iam-se amodorrando e foram despertados por Baleia, que trazia nos dentes um pre. Levantaram-se todosgritando. O menino mais velho esfregou as plpebras, afastando pedaos de sonho. Sinh Vitria beijava ofocinho de Baleia, e como o focinho estava ensanguentado, lambia o sangue e tirava proveito do beijo.Aquilo era caa bem mesquinha, mas adiaria a morte do grupo. E Fabiano queria viver. Olhou o cu comresoluo. A nuvem tinha crescido, agora cobria o morro inteiro. Fabiano pisou com segurana, esquecendo asrachaduras que lhe estragavam os dedos e os calcanhares.Sinh Vitria remexeu no ba, os meninos foram quebrar uma haste de alecrim para fazer um espeto. Baleia, oouvido atento, o traseiro em repouso e as pernas da frente erguidas, vigiava, aguardando a parte que lhe iriatocar, provavelmente os ossos do bicho e talvez o couro.Fabiano tomou a cuia, desceu a ladeira, encaminhou-se ao rio seco, achou no bebedouro dos animais um pouco

    de lama. Cavou a areia com as unhas, esperou que a gua marejasse e, debruando-se no cho, bebeu muito.Saciado, caiu de papo para cima, olhando as estrelas, que vinham nascendo. Uma, duas, trs, quatro, haviamuitas estrelas, havia mais de cinco estrelas no cu. O poente cobria-se de cirros e uma alegria doida enchiao corao de Fabiano.Pensou na famlia, sentiu fome. [...]Lembrou-se dos filhos, da mulher e da cachorra, que estavam l em cima, debaixo de um juazeiro, com sede.Lembrou-se do pre morto. Encheu a cuia, ergueu-se, afastou-se, lento, para no derramar a gua salobra.Subiu a ladeira. A aragem morna acudia os xiquexiques e os mandacarus. Uma palpitao nova. Sentiu umarrepio na catinga, uma ressurreio de garranchos e de folhas secas.

    Vrias expresses no texto informam o leitor sobre a situao em que se encontravam as personagens. Analisee reconhea a correta relao entre o trecho destacado e a circunstncia adverbial que ele expressa.

    a) [...] a parte que lhe iria tocar, provavelmente os ossos do bicho e talvez o couro: tempo, indicando a fome eaangstia de Baleia.

    b) [...] que estavam l em cima, debaixo de um juazeiro: lugar, indicando a necessidade de a famliaproteger-se do custico sol da manh.

    c) [...] foram despertados por Baleia que trazia nos dentes um pre: intensidade, indicando a ferocidade dacachorra.

    d) Aquilo era caa bem mesquinha: afirmao, indicando a pequenez do animal caado.e) Olhou o cu com reso luo: modo, indicando a esperana que brotara em Fabiano.

    Questo 16 - (UERN/2013)

    A balcanizao da Internet

    A Internet corre o risco de se fragmentar. E o programa americano de espionagem digital, revelado por EdwardSnowden, o grande culpado disso. Ele tem levado governos do mundo todo a tomar medidas que criambarreiras e aumentam os controles locais sobre a rede mundial. Um exemplo disso a exigncia, includa pelogoverno brasileiro no projeto do Marco Civil da Internet, de empresas estrangeiras instalarem seus servidorespor aqui.Na semana passada, Steven Levy autor, entre outros livros, de Google: a Biografia publicou no site darevista Wired uma extensa reportagem sobre o impacto das revelaes de Snowden nas empresas americanasde tecnologia, intitulada Como a NSA quase matou a Internet (NSA a sigla em ingls de Agncia deSegurana Nacional, para quem Snowden prestava servios).O Brasil citado na reportagem como um dos protagonistas desse movimento de fragmentao da Internet.Depois de descobrir que a NSA a estava grampeando, a presidente brasileira Dilma Rousseff comeou apromover uma lei que exige que os dados pessoais dos brasileiros sejam armazenados dentro do Pas,escreveu Levy. A Malsia promulgou uma lei similar, e a ndia tambm busca o protecionismo dos dados. At aAlemanha estuda uma medida parecida.

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    A grande questo que esse tipo de medida no garante que os dados ficaro imunes espionagem de outrospases, j que eles podem ser acessados em outras partes do mundo. Alm disso, uma medida que ampliacustos, podendo aumentar preos ao consumidor, no caso de servios pagos, e criar barreiras entrada deempresas iniciantes de Internet sediadas em outros pases.David Karp, fundador do Tumblr, falou com Levy sobre isso, citando especificamente o Brasil: uma propostaincrivelmente cara para o Tumblr, mas impossvel para a empresa jovem aspirante que quer construir algopara ser usado por todos em todo o mundo.

    O principal exemplo de pas que separou a Internet local do restante do mundo a China. Por l, alm deespionar o trfego da rede, o governo filtra contedos, num esquema que costuma ser chamado de grandefirewall da China, num trocadilho com a Grande Muralha (Firewall um dispositivo ou software que controla asinformaes que entram e saem da rede).Acontece que os EUA, ao coletar informaes em pontos de grande concentrao de trfego de Internet, usarammtodos muito parecidos com os chineses, apesar de no terem, at onde se sabe, bloqueado informaes.Segundo Levy, antes de Snowden, as empresas americanas podiam argumentar que medidas como as queesto sendo discutidas no Brasil levariam a perda de privacidade e censura. Agora j no podem mais, pois osEUA so o pas que espiona o restante do mundo.

    (Renato Cruz. Disponvel em: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,a-balcanizacao-da-internet-,1117487,0.htm.)

    Na Lngua Portuguesa, bem como em muitas lnguas do globo, uma mesma palavra pode ter vrios sentidos. Adepender do sentido que um contexto especfico seleciona para tal termo, a classe gramatical dessa mesmapalavra pode variar. Assim, no trecho Ata Alemanha estuda uma medida parecida. (3), a palavra destacadaatua como um(a)

    a) artigo.b) advrbio.c) interjeio.d) preposio.

    Questo 17 - (UERJ/2012)

    Memrias do crcere

    Resolvo-me a contar, depois de muita hesitao, casos passados h dez anos e, antes de comear, digo osmotivos por que silenciei e por que me decido. No conservo notas: algumas que tomei foram inutilizadas, eassim, com o decorrer do tempo, ia-me parecendo cada vez mais difcil, quase impossvel, redigir esta narrativa.Alm disso, julgando a matria superior s minhas 5foras, esperei que outros mais aptos se ocupassem dela.No vai aqui falsa modstia, como adiante se ver. Tambm me afligiu a ideia de jogar no papel criaturas vivas,sem disfarces, com os nomes que tm no registro civil. Repugnava-me deform-las, dar-lhes pseudnimo, fazerdo livro uma espcie de romance; mas teria eu o direito de utiliz-las em histria presumivelmente verdadeira?Que diriam elas se se vissem impressas, realizando atos esquecidos, repetindo 10palavras contestveis eobliteradas?(...)O receio de cometer indiscrio exibindo em pblico pessoas que tiveram comigo convivncia forada j no meapoquenta. Muitos desses antigos companheiros distanciaram-se, apagaramse. Outros permaneceram junto amim, ou vo reaparecendo ao cabo de longa ausncia, alteramse, completam-se, avivam recordaes meioconfusas e no vejo inconvenincia em mostr-los.(...)15E aqui chego ltima objeo que me impus. No resguardei os apontamentos obtidos em largos dias emeses de observao: num momento de aperto fui obrigado a atir-los na gua. Certamente me iro fazer falta,mas ter sido uma perda irreparvel? Quase me inclino a supor que foi bom privar-me desse material. Se eleexistisse, ver-me-ia propenso a consult-lo a cada instante, mortificar-me-ia por dizer com rigor a hora exata deuma partida, quantas demoradas 20tristezas se aqueciam ao sol plido, em manh de bruma, a cor das folhasque tombavam das rvores, num ptio branco, a forma dos montes verdes, tintos de luz, frases autnticas,gestos, gritos, gemidos. Mas que significa isso? Essas coisas verdadeiras podem no ser verossmeis. E seesmoreceram, deix-las no esquecimento: valiam pouco, pelo menos imagino que valiam pouco. Outras, porm,conservaram-se, cresceram, associaram-se, e inevitvel mencion25las. Afirmarei que sejam absolutamenteexatas? Leviandade. (...) Nesta reconstituio de fatos velhos, neste esmiuamento, exponho o que notei, o quejulgo ter notado. Outros devem possuir lembranas diversas. No as contesto, mas espero que no recusem asminhas: conjugam-se, completam-se e me do hoje impresso de realidade. Formamos um grupo muitocomplexo, que se desagregou. De repente nos surge a necessidade urgente de recomp-lo. Define-se o

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    ambiente, 30as figuras se delineiam, vacilantes, ganham relevo, a ao comea. Com esforo desesperadoarrancamos de cenas confusas alguns fragmentos. Dvidas terrveis nos assaltam. De que modo reagiram oscaracteres em determinadas circunstncias? O ato que nos ocorre, ntido, irrecusvel, ter sido realmentepraticado? No ser incongruncia? Certo a vida cheia de incongruncias, mas estaremos seguros de no noshavermos enganado? Nessas vacilaes dolorosas, s vezes 35necessitamos confirmao, apelamos parareminiscncias alheias, convencemo-nos de que a mincia discrepante no iluso. Difcil sabermos a causadela, desenterrarmos pacientemente as condies que a determinaram. Como isso variava em excesso, era

    natural que varissemos tambm, apresentssemos falhas. Fiz o possvel por entender aqueles homens,penetrar-lhes na alma, sentir as suas dores, admirar-lhes a relativa grandeza, enxergar nos seus defeitos a40sombra dos meus defeitos. Foram apenas bons propsitos: devo ter-me revelado com frequncia egosta emesquinho. E esse desabrochar de sentimentos maus era a pior tortura que nos podiam infligir naquele anoterrvel.

    GRACILIANO RAMOSMemrias do crcere. Rio de Janeiro: Record, 2002.

    As palavras classificadas como advrbios agregam noes diversas aos termos a que se ligam na frase,demarcando posies, relativizando ou reforando sentidos, por exemplo.

    O advrbio destacado empregado para relativizar o sentido da palavra a que se refere em:

    a) utiliz-las em histria presumivelmente verdadeira? (ref. 5)b) Certamente me iro fazer falta, (ref. 15)c) Afirmarei que sejam absolutamente exatas? (ref. 25)d) desenterrarmos pacientemente as condies que a determinaram. (ref. 35)

    Questo 18 - (UFRN/2012)

    Uma sada para as megacidades

    As solues inusitadas para trnsito, lixo, poluioe os problemas crnicos dos grandes centros urbanosROBERTA CARDOSO com NELITO FERNANDES

    EMPILHADOSPrdios na cidade chinesa de Chongqing, uma das que mais crescem no pas. Das 136 novas metrpoles queentraro at 2025 na lista das 600 maiores do mundo, 100 esto na China.

    1Precisamente s 6 horas da manh, o despertador de Lilian Garcia Martins toca na Vila Formosa, bairro declasse mdia na Zona Leste de So Paulo. A partir da, comea a 3jornada da analista de crdito, de 35 anos,para chegar ao trabalho, s 8h30. O grande desafio de Lilian se locomover em horrio de pico na cidade.Como difcil, pela lotao excessiva, pegar qualquer uma das linhas de nibus que passam perto de sua casae do 6acesso ao metr, o marido tem de lev-la ao terminal de embarque mais prximo. Ambos perdem cercade 20 minutos de carro para fazer o trajeto. S a Lilian consegue entrar em um nibus que a deixar a algunsmetros da estao Tatuap. Poucos minutos depois, ela 9volta a enfrentar o mesmo problema, no metr. Esperocerca de meia hora, todo dia, para conseguir entrar em um dos vages. E sair to difcil quanto entrar, diz.Essa no uma aventura exclusiva de Lilian. Na capital paulista, quem depende do 12transporte pblico tem

    uma rotina difcil. A falta de eficincia na mobilidade e a densidade populacional agravaram o frgil modelo deurbanizao de cidades que crescem sem planejamento. O problema no apenas de So Paulo, e vai alm decomplicaes no 15transporte. Os moradores das grandes cidades do mundo principalmente as que se

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    expandem aceleradamente em pases emergentes enfrentam desafios como a degradao dos centros, o arpoludo, as enchentes e a falta de lugar para dispor o lixo. De 18acordo com a ONU, a previso que at 2020 apopulao urbana global atingir 4,2 bilhes. Nos anos 1970, as dez maiores cidades do mundo somavam 114milhes de pessoas. Em 2025, abrigaro 234 milhes. At l, segundo um estudo da consultoria 21McKinsey,136 centros urbanos vo se tornar megacidades (aquelas com mais de 10 milhes de habitantes). Essaexpanso das megalpoles est multiplicando os problemas da sociedade.[...]

    Disponvel em . Acesso em: 30 ago. 2011.

    No texto,

    a) a expresso cerca de (ref. 6) tem valor restritivo em relaoao espao de tempo focalizado.b) os termos precisamente (ref. 1) e principalmente (ref. 15) expressam, respectivamente, exatido e

    focalizao.c) as expresses de pico (ref. 3) e de embarque (ref. 6) modificam, respectivamente, os verbos locomover

    (ref. 3) e levar (ref. 6).d) o termo que (ref. 12) tem como referente o frgil modelo de urbanizao de cidades (ref. 12).

    Questo 19 - (UEL PR/2012)

    A DILMA NO LULODEPENDENTE

    Vinde a mim vs todos que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Cristo de boa cepa j quis atser padre , o ministro Gilberto Carvalho, secretrio-geral da Presidncia, continua com o hbito de escolher,matinalmente, o versculo do dia. O da quarta-feira, 27 de julho, era este de Mateus 11, 28-30. Oprimido ele noest, mas o cansao no d para esconder. Isso aqui no para, disse logo depois de voltar de mais umareunio com a Dilma. como ele a trata, alternando com o presidenta quando acha mais adequado. Euchamo mais ela de Dilma que chamava o Lula de Lula. O Lula gostava muito que a gente o chamasse depresidente. Aos 60 anos, o ex-seminarista, ex-sindicalista e ex-dirigente do PT quer ser ex-ministro no fim destemandato, se a presidenta quiser que eu fique at l.

    (Adaptado de: CARVALHO, Luiz Maklouf. A Dilma no

    lulodependente. poca, So Paulo, p. 70. 8 ago. 2011.)

    Com relao aos recursos lingusticos utilizados no texto, considere as afirmativas a seguir.

    I. A frase oprimido ele no est, mas o cansao no d para esconder mantm uma relao deintertextualidade com o versculo que inicia o texto.

    II. Tanto no trecho o ministro Gilberto Carvalho, secretrio-geral da Presidncia, quanto no trecho continuacom o hbito de escolher, matinalmente, o versculo do dia, as vrgulas separam o sujeito do aposto.

    III. Em aos 60 anos, o ex-seminarista, ex-sindicalista e ex-dirigente do PT quer ser ex-ministro no fim destemandato, o autor utiliza vrgulas, pois se trata de uma enumerao.

    IV. A expresso lulodependente, do ttulo do texto, um neologismo.

    Assinale a alternativa correta.

    a) Somente as afirmativas I e II so corretas.b) Somente as afirmativas II e IV so corretas.c) Somente as afirmativas III e IV so corretas.d) Somente as afirmativas I, II e III so corretas.e) Somente as afirmativas I, III e IV so corretas.

    Questo 20 - (FGV /2010)

    Sub Solo 1

    Mundo, mundo, vasto mundo, se eu me chamasse Raimundo, seria uma rima, no uma soluo. Os versosde Drummond me desabaram na cabea assim que sa do elevador no andar errado, num prdio da Berrini, e dei

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    com um piso inteiro de restaurantes; uma praa de alimentao submersa em toneladas de concreto, no centroempresarial de So Paulo.

    Ento assim o mundo pensei , aqui que esto as pessoas normais. As pessoas que tm emprego,FGTS, frias remuneradas, chefes que admiram e/ou detestam, colegas com quem competem e se comprazem,horrio de almoo e happy hour, todo mundo, enfim, que sai de casa toda manh para trabalhar num escritrio,em vez de caminhar, s, em direo a uma edcula, no fundo do quintal.

    Eu leio sobre o mundo com frequncia, nos jornais. De vez em quando, leio livros sobre o mundo. Pensando

    bem, estudei o mundo por cinco anos, na Faculdade de Cincias Sociais, mas raramente vou at ele, e preciseido choque daquela praa de alimentao para dar-me conta de quo distante ns estvamos eu e o mundo.Para um escritor, poucas constataes podem ser mais trgicas.

    Posso me acabar de ler Shakespeare, Dostoievski, Kafka e Goethe, mas os verdadeiros Macbeths, IvansKaramazovs, Gregors Sansas e Faustos esto entre as mquinas de caf e os scanners, tiram fotinhos naportaria e alimentam as catracas com seus crachs. Nos 20 andares acima daquelas bandejas, todo dia, sonhosmedram ou murcham, homens competem, traem, fofocas so discretamente difundidas, algum entregar o quetem de mais precioso em nome de uma causa; a glria e o fiasco espocam, das oito da manh s sete da tarde.Como posso querer ser um escritor se s trato com o ser humano por e-mail? Se s o vejo amistoso e calmo, nocinema ou num restaurante, no fim de semana?

    Voltei ao elevador decidido a raspar essa barbicha calculadamente desleixada, meu crach de escritor, quepretende dizer, ingenuamente, no fao parte do mundo e arrumar um emprego na Berrini. Pode ser de quintoauxiliar de almoxarifado ou subanalista de cafezinho, no importa. S preciso ter acesso ao corao do mundo.

    Uma vez ali dentro, ouvirei as moas falando mal do chefe na fila do Subway, descobrirei o que planejam osjovens de terno na mesa do Sbito, verei a felicidade do garoto do interior que acabou de ser contratado e o diode seu vizinho de baia, que no foi. Depois, e s depois, poderei voltar para minha edcula e tentar escrever algoque preste. Algo que, um dia, espero, chegue aos ps do ltimo verso do poema de Drummond: Mundo, mundo,vasto mundo, mais vasto meu corao.

    (Antonio Prata. O Estado de S.Paulo, 31.05.2009. Adaptado)

    Quanto morfologia, explique o emprego das palavras em destaque:

    a) mal em ouvirei as moas falando mal do chefe na fila do Subway e em O mal as moas norespeitarem a ausncia do chefe na fila do Subway.

    b) s em em vez de caminhar, s, em direo a uma edcula, no fundo do quintal. e em S preciso teracesso ao corao do mundo.

    Questo 21 - (UEL PR/2010)

    O labirinto da internet

    Um paradoxo da cultura contempornea a incapacidade da maioria dos polticos de entender a comunicaopoltica. Essa disfuno provoca, muitas vezes, resultados trgicos. o caso da lei votada pela Cmara dosDeputados para regular o uso da internet nas eleies. Se aprovada sem mudanas pelo Senado, vai provocarum forte retrocesso numa rea em que o Brasil, quase milagrosamente, se destaca no mundosua legislao decomunicao eleitoral. Sim, a despeito da m vontade de alguns e, a partir da, de certos equvocosinterpretativos, o Brasil tem uma das mais modernas legislaes de comunicao eleitoral do mundo. O nossomodelo de propaganda gratuita, via renncia fiscal, to conceitualmente poderoso que se sobressai a algunsanacronismos da lei, como o excesso de propaganda partidria em anos no eleitorais ou a ridcula proibio deimagens externas em comerciais de TV. Os deputados decidiram errar onde no poderiam. Mas era um erroprevisvel. A internet o meio mais perturbador que j surgiu na comunicao. Para ns da rea, ela abrefronteiras to imprevisveis e desconcertantes como foram a Teoria da Relatividade para a fsica, a descoberta docdigo gentico para a biologia, o inconsciente para a psicologia ou a atonalidade para a msica. Nacomunicao poltica, a internet rota ainda difcil de navegar. [...] Desde sua origem nas cavernas, o modo deexpresso poltica tem dado pulos evolutivos sempre que surge um novo meio. [...] Foram enormes os puloscausados pela imprensa, pelo rdio, pelo cinema e pela TV na forma e no modo de fazer poltica. Mas nada pertodos efeitos que trar a internet. No s por ser uma multimdia de altssima concentrao, mas tambm porquesua capilaridade e interatividade planetria faro dela no apenas uma transformadora das tcnicas de induodo voto, mas o primeiro meio na histria a mudar a maneira de votar. Ou seja, vai transformar o formato e a carada democracia. No futuro, o eleitor no vai ser apenas persuadido, por meio da internet, a votar naquele ounaquela candidata. Ele simplesmente vai votar pela internet de forma contnua e constante.

    (Adaptado de: SANTANA, Joo. O labirinto da internet. Disponvel em:.

    Acesso em: 20 jul. 2009).

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    Observe a frase: Os deputados decidiram errar onde no poderiam.

    Assinale a alternativa que corresponde ao uso correto do termo onde.

    a) Aquele era um tempo onde as pessoas se compreendiam melhor.b) Este um povo onde a f inabalvel e a alegria constante.

    c) Este um homem onde fazer cincia um dos maiores objetivos.d) Onde quer que esteja, ho de se lembrar de voc.e) Aquele um pensamento onde tudo muito arriscado.

    Questo 22 - (UFC CE/2010)

    O Ser nordestino: a vida em terras do Sul

    Texto 7

    1Velho Firmo fechou a janela e voltou para a rede, piga rreando. () Lembrou-se das palavras de 2Berto.Fechar a porteira e ir para a companhia dos filhos no Sul. Mandavam contar grandezas. A ltima 3carta do

    Pedrinho s falava em dinheiro grosso. O Henrique, pelo retrato, parecia outro, metido na farda 4de oficial.5()6 O menino est feito lorde, Raimunda. De crista levantada. Henrique tambm tem seus espores. 7J

    oferecem esmola...CARNEIRO, Caio Porfrio. Macambira. In: ___. Trapi. Fortaleza: Edies UFC, 2008, p. 63-68.

    Texto 8

    1 Naquele ambiente estranho2 continua a indigncia3 rigor de todo tamanho4 sem ningum dar assistncia5 aquela famlia triste

    6 ningum v, ningum assiste7 com alimento e com veste,8 que alm da situao9 padece a recordao10 das cousas do seu Nordeste11 Meu leitor, no tenha enfado12 vamos ver mais adiante13 quanto triste o resultado14 do nordestino emigrante15 quero provar-lhe a carncia16 o desgosto e a inclemncia17 que sofre o pobre infeliz18 que deixa a terra onde mora19 e vai procurar melhora20 l pelo Sul do pas

    ASSAR, Patativa do. Emigrao. In: ______. Cordis e outros poemas.Fortaleza: Edies UFC, 2006, p. 108-109.

    Da orao A ltima carta de Pedrinho s falava em dinheiro grosso. (texto 7) infere -se que Pedrinho escreveraoutras cartas a seu pai, nas quais no necessariamente enfatizou o ganho de dinheiro, como fizera na ltimacarta. Assinale a alternativa cuja orao nela constante atende s seguintes instrues:

    i) a palavra s deve exercer a mesma funo que na orao do texto 7;ii) a inferncia feita a partir da orao deve ser a de que Pedrinho escrevera outras cartas a seu pai, das quais

    no era o nico autor.

    a) S a ltima carta do Pedrinho falava em dinheiro grosso.b) A ltima carta do Pedrinho falava em dinheiro grosso s.c) A ltima carta do Pedrinho falava s em dinheiro grosso.d) A ltima carta s do Pedrinho falava em dinheiro grosso.

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    e) A ltima carta do s Pedrinho falava em dinheiro grosso.

    Questo 23 - (UECE/2010)

    8OO Quinze foi publicado em agosto 81de 1930. No fez grande sucesso quando 82saiu em Fortaleza.Escreveram at um 83artigo falando que o livro era impresso em 84papel inferior e no dizia nada de novo.

    85Outro sujeito escreveu afirmando 86que o livro no era meu, mas do meu 87ilustre pai, Daniel de Queiroz. E

    isso tudo 88me deixava meio ressabiada. Morava ento 89no Cear o jornalista carioca Renato Viana, 90quemedeu os endereos das pessoas no 91Rio de Janeiro, uma lista de jornalistas e 92crticos para os quais eu deviamandar 93o livrinho. O mestre Antnio Sales, que 94adorou o livro, tambm me deu outra lista. 95Ento mechegou uma carta do meu amigo 96Hyder Corra Lima, que morava no Rio, 97convivia com Nazareth Prado e aroda de 98Graa Aranha. Hyder mostrava na carta 99o maior alvoroo e contava o entusiasmo de 100GraaAranha por O Quinze. Depois veio 101uma carta autografada do prprio Graa, 102realmente muito entusiasmado.Em 103seguida comearam a chegar crticas, de 104Augusto Frederico Schmidt (no Novidades 105Literrias), doescritor Artur Mota, em So 106Paulo; foram pipocando notas e artigos, 107tudo muito animador. No Cear, no.No 108me lembro de nenhuma repercusso. 109Depois, quando a coisa virou, que o livro 110comeou a pegarpor l.

    (Rachel de Queiroz. In: QUEIROZ, Rachel de eQUEIROZ, Maria Luza de. Tantos anos. p. 31.)

    Considere o que se diz sobre a partcula l, no seguinte enunciado: Depois, quando a coisa virou, que o livrocomeou a pegar por l. (refs. 109-110)

    I. Tem uma funo de apontar para um elemento textual, substituindo-o anaforicamente.II. Indica que a escritora no escreveu o texto em estudo (o texto 2) no Cear.III. Informa que a escritora no morava no Cear quando da publicao de O Quinze.

    correto o que se afirma

    a) em I, II e III.b) somente em I e II.c) somente em II e III.

    d) somente em I e III.

    Questo 24 - (FUVEST SP/2009)

    Leia o seguinte texto, extrado de uma biografia do compositor Carlos Gomes.

    No ano seguinte [1860], com o objetivo de consolidar sua formao musical, [Carlos Gomes] mudou-se parao Rio de Janeiro, contra a vontade do pai, para iniciar os estudos no conservatrio da cidade. Uma idia fixa meacompanha como o meu destino! Tenho culpa, porventura, por tal cousa, se foi vossemec que me deu o gostopela arte a que me dediquei e se seus esforos e sacrifcios fizeram-me ganhar ambio de glrias futuras?,escreveu ao pai, aflito e cheio de remorso por t-lo contrariado. No me culpe pelo passo que dei hoje. [...] Nadamais lhe posso dizer nesta ocasio, mas afirmo que as minhas intenes so puras e espero desassossegado asua bno e o seu perdo, completou.

    http://musicaclassica.folha.com.br

    a) Sobre o advrbio porventura, presente na carta do compositor, o dicionrio Houaiss informa: usa-se emfrases interrogativas, especialmente em perguntas delicadas ou retricas.

    Aplica-se ao texto da carta essa informao? Justifique sua resposta.b) Cite duas palavras, tambm empregadas pelo compositor, que atestem, de maneira mais evidente, que,

    daquela poca para hoje, a lngua portuguesa sofreu modificaes.

    Questo 25 - (UFU MG/2009)

    01Quando houve a virada do novo milnio, rondava entre ns, os conectados na internet, o medo do chamado02bug. Temia-se que os computadores entrassem numa espcie de catalepsia em rede, ocasionada por umasituao 03inusitada: os softwares no estariam programados para decodificar os dgitos do ano 2000. Asmquinas como que 04parariam no tempo ou, pior, voltariam para trs, no fatdico 1 de janeiro de 00. O risco erao de que a pane acarretasse 05reveses econmicos inestimveis. Conjecturava-se que os bancos, coitados,sofreriam perdas medonhaspela 06primeira vez! Parecia at sabotagem arquitetada por astutos hackers para

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    promover, se no a redistribuio de 07renda, alguma perda econmica, que fosse, para os aquinhoados pelodestino (e pela herana). Programadores 08acorreram de todos os lados, esbaforidos, para evitar o pior. E o piorno veio. No veio?

    09Por outro lado, h muitos anos, contingentes expressivos de seres humanos vinham acalentando aperspectiva de 10que os avanos tecnolgicos nos levariam a trabalhar menos: as mquinas nos serviriam,enquanto poderamos 11despender o tempo extra resultante dessa servido a nosso bel-prazer, para o lazer, emidlico dolce far niente. O12melhor da festa viria. Veio?

    13 fcil perceber que, em termos de previses, nossos futurlogos da tecnologia so um fiasco. Nem bug,nem 14dolce far niente. O queveioeMachado de 15Assis, o grande caos.

    16As novas tecnologias esto fazendo muitos de ns trabalharmos sem parar. Se as frias j eram poucas,17muitas vezes resumidas a parcos dias nas festas de final de ano, agora, ainda por cima (por baixo, por trs epelo 18lado), so contaminadas pelo vrus da conectividade permanente: celular, iPhone, computador porttil,enfim, o 19escambau, que fica ligado, piscando, vibrando, zunindo, para acabar com nosso sossego. Adeus, fim-de-semana, 20oh! saudosas noites de luar! (ou de cu cinzento, que fossem).

    21O que dizer, ento, do famigerado e-mail? Uma maravilha! Agiliza tudo! Facilita a comunicao entre as 22pessoas, diro os incautos. Ora, alm de no ter diminudo a jornada de trabalho, a tecnologia, por via do e-mail 23para ficar apenas no nosso exemplo , est fazendo com que trabalhemos mais horas. Muito mais!

    24Se algum nos envia uma mensagem, antes de tudo, preciso l-la.25Muitas vezes, respond-la. Fique-se um dia sem consultar a caixa de mensagens, e elas iro se

    acumulando 26como coelhos cibernticos, com suas respostas, cpias e encaminhamentos para terceiros.27E as to sonhadas horas extras para o lazer viram p, ou melhor, viram bits, pois as ocuparemos, at o fim

    dos 28tempos, somadas a outras horas extras de mais trabalho, para responder os queridos e-mails, copi-los eencaminh29los. E, depois de tudo, talvez ainda sobre um tempinho para delet-los ou deles fazermos backup.

    30E, se no sobrar, estaremos, como dizer... bem arranjados, porque, ou nosso computador dar uma pane31qualquer por excesso de informao acumulada, ou ento, para evitar o big bug pessoal, teremos, fatalmente,de 32limpar as caixas de mensagens, de entrada e de sada, as lixeiras, a parafernlia toda.

    33J sei: j possvel deixar os e-mails em sites hospedeiros, com segurana e praticidade. Vai confiar...34Com tudo isso, o tempo tem se tornado um dos bens mais escassos de nossa era. Em outras palavras: j

    se 35foi o tempo em que se tinha tempo para discutir o tempo, digo, se dia de sol ou de chuva. Agora, basta umclick de 36nada, a qualquer hora e em qualquer lugar, e todas as informaes estaro disponveisinstantaneamente. O prazer 37da conversa e o esforo prazeroso da busca pela informao? Baubau.

    38J no bastasse o trnsito, que cresce maligno, invadindo as ruas e todas as conversas (falta de assunto,39viu?!), surrupiando o nosso precioso tempo, agora estamos escravizados pela tirania do e-mail. De repente,todo 40mundo acorda de uma longa letargia para olhar o caos urbano, a imobilidade instalada. E algum aindacomemora a 41possibilidade de no perder tempo no engarrafamento, porque existe celular com e-mail. Quemaravilha...

    42Onde que ns vamos parar? Difcil dizer. O fato que j estamos parando... De minha parte, alheio ao43famigerado boom da indstria automobilstica, tenho andado cada vez mais a p. E tenho andado tambm comuma 44saudade danada de minha maquininha de escrever, de seu suave tec-tec-tec... tec-tec-tec... Agora, paracompletar, 45vou pegar um punhado de papel vegetal pautado, para escrever, de prprio punho, longas cartasaos amigos, tudo 46com muito vagar, apoderando-me do tempo e de mim mesmo... Adeus, pressa. Bye,bug!

    Cssio Schubsky. Folha de S. Paulo, 22 de maio de 2008.

    Marque a NICA alternativa em que o termo em destaque se refere ao momento da enunciao.

    a) Se as frias j eram poucas, muitas vezes resumidas a parcos dias nas festas de final de ano, agora, aindapor cima (por baixo, por trs e pelo lado), so contaminadas pelo vrus da conectividade [...]. (ref.15)

    b) Agora, para completar, vou pegar um punhado de papel vegetal pautado, para escrever, de prprio punho,longas cartas aos amigos, [...]. (ref. 40-45)

    c) Agora, basta um click de nada, a qualquer hora e em qualquer lugar, e todas as informaes estarodisponveis instantaneamente. (ref. 35-36)

    d) J no bastasse o trnsito, que cresce maligno, invadindo as ruas e todas as conversas (falta de assunto,viu?!), surrupiando o nosso precioso tempo, agora estamos escravizados pela tirania do e-mail. (ref.35)

    Questo 26 - (ITA SP/2008)

    1Com um pouco de exagero, costumo dizer que todo jogo de azar. Falo assim referindo-me ao futebol que,ao contrrio da roleta ou da loteria, implica ttica e estratgia, sem falar no principal, que o talento e ahabilidade dos jogadores. Apesar disso, no consegue eliminar o azar, isto , o acaso.

  • 7/25/2019 Portugus - Morfologia Advrbios

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    Blog do Enem GramticaMorfologia: Advrbios

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    5E j que falamos em acaso, vale lembrar que, em francs, acaso escreve-se hasard, como no clebreverso de Mallarm, que diz: um lance de dados jamais eliminar o acaso. Ele est, no fundo, referindo-se aofazer do poema que, em que pese a mestria e lucidez do poeta, est ainda assim sujeito ao azar, ou seja, aoacaso.

    Se no poema assim, imagina numa partida de futebol, que envolve 22 jogadores se 10movendo num campode amplas dimenses. Se verdade que eles jogam conforme esquemas de marcao e ataque, seguindo aorientao do tcnico, deve-se no entanto levar em conta que cada jogador tem sua percepo da jogada e

    decide deslocar-se nesta ou naquela direo, ou manter-se parado, certo de que a bola chegar a seus ps.Nada disso se pode prever, da resultando um alto ndice de probabilidades, ou seja, de ocorrncias15imprevisveis e que, portanto, escapam ao controle.

    Tomemos, como exemplo, um lance que quase sempre implica perigo de gol: o tiro de canto. No toaque, quando se cria essa situao, os jogadores da defesa se afligem em anular as possibilidades que tm osadversrios de fazerem o gol. Sentem-se ao sabor do acaso, da imprevisibilidade. O time adversrio deslocapara a rea do que sofre 20o tiro de canto seus jogadores mais altos e, por isso mesmo, treinados para cabecearpara dentro do gol. Isto reduz o grau de imprevisibilidade por aumentar as possibilidades do time atacante deaproveitar em seu favor o tiro de canto e fazer o gol. Nessa mesma medida, crescem, para a defesa, asdificuldades de evitar o pior. Mas nada disso consegue eliminar o acaso, uma vez que o batedor do escanteio,por mais exmio que 25seja, no pode com preciso absoluta lanar a bola na cabea de determinado jogador.Alm do mais, a inquietao ali na rea grande, todos os jogadores se movimentam, uns tentando escapar marcao, outros procurando marc-los. Essa movimentao, multiplicada pelo nmero de jogadores que se

    movem, aumenta fantasticamente o grau de imprevisibilidade do que ocorrer quando a bola for lanada. A quealtura chegar 30ali? Qual jogador estar, naquele instante, em posio propcia para cabece-la, seja paradentro do gol, seja para longe dele? No existe treinamento ttico, posio privilegiada, nada que torne previsvelo desfecho do tiro de canto. A bola pode cair ao alcance deste ou daquele jogador e, dependendo da sorte, sergol ou no.

    No quero dizer com isso que o resultado das partidas de futebol seja apenas fruto 35do acaso, mas averdade que, sem um pouco de sorte, neste campo, como em outros, no se vai muito longe; jogadores,tcnicos e torcedores sabem disso, tanto que todos querem se livrar do chamado p frio. Como n