portugal no sÉc xviii
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PORTUGAL NO SÉC. XVIII
1. Localiza os territórios portugueses no séc. XVIII.
Brasil, Açores, Madeira, Cabo Verde, Guiné, Angola, Moçambique, S. Tomé e Príncipe, Goa, Damão, Diu, Macau, Timor.
2. Faz um pequeno texto sobre os recursos naturais e as actividades económicas desenvolvidas no Brasil a partir do séc. XVII.
No Brasil foram descobertas, pelos “bandeirantes”, minas de ouro e pedras preciosas e a partir daí desenvolveu-se a exploração mineira no Brasil. As produções agrícolas também eram muito importantes, em que se destaca o cultivo de cana-de-açúcar, cultivada em grandes plantações. A produção de açúcar enriqueceu os chamados “senhores do engenho”.
3. Descreve o movimento dos bandeirantes e as suas consequências.
Os bandeirantes eram colonos aventureiros que em grupo, faziam expedições armadas que partiam do litoral para o interior do Brasil à procura de escravos índios, ouro e pedras preciosas. Estas expedições chamavam-se Bandeiras, algumas delas chegaram a ser formadas por mais de 250 homens. Foram eles que descobriram as minas de ouro e pedras preciosas em Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais. É a partir desta altura que se desenvolve a exploração mineira no Brasil. As principais Bandeiras partiram de S. Paulo, Baía e Recife.
4. Refere as medidas tomadas pelo rei para diminuir o contrabando.
D. João V para evitar o contrabando e assegurar a cobrança dos impostos reais, ordenou que o ouro fosse fundido em barras. Essas barras eram cunhadas com as armas reais e nelas eram gravadas o peso e o ano da fundição. O ouro era transportado em cofres feitos em ferro e tinham fechaduras cheias de segredos e mecanismos muito complicados era quase impossível abri-los.
5. Faz um texto sobre a movimentação de população entre a África e o Brasil.
Nesta época foram levados para o Brasil um grande número de escravos africanos para trabalharem nos engenhos, nas plantações e nas minas. Os escravos vinham principalmente de Angola (para a Baía), Moçambique (para o Rio de Janeiro) e S. Tomé e Príncipe (para Pernambuco). Os homens africanos eram transportados acorrentados e ao monte no porão do “navio negreiro”. As muheres e crianças eram separadas e transportadas ao monte. Faziam as necessidades no mesmo local, o calor e o cheiro tornavam-se insuportáveis.
6. Explica a importância do Padre António Vieira.
O Padre António Vieira foi um padre jesuíta que muito lutou pela libertação dos escravos e dos índios brasileiros.
7. Explica o que se entende por Monarquia Absoluta.
É uma monarquia em que o rei tem todos os poderes e governa sozinho, nem convoca as Cortes”.
8. Refere as características mais marcantes da maneira de viver da corte de D. João V.
A corte vivia com luxo e ostentação. A principal residência do rei continuava a ser o Palácio da Ribeira mas existiam outros paços reais – o Paço de Belém e o Palácio das Necessidades. Estes palácios eram muito ricos, com paredes decoradas com quadros e tapeçarias, os móveis eram muitos e variados e em cima deles havia peças de prata e louça das Índias.
Havia, com frequência, grandes festas: bailes, concertos, sessões de poesia, jogos de salão, caçadas e passeios. As senhoras que anteriormente não saiam de casa passaram a animar as festas e os serões. As touradas eram espectáculos quase obrigatórios nas festas da corte, participavam os nobres que aproveitavam para mostrar a sua valentia e a arte de montar.
A ida à ópera e ao teatro fazia igualmente parte dos divertimentos da família real e da nobreza.
A família real e alguns nobres mais ricos faziam-se transportar em coches ricamente decorados, puxados por seis cavalos. Havia também as segues, as berlindas e as liteiras.
9. Faz um texto sobre o desenrolar de uma festa neste reinado.
Os banquetes eram intermináveis, com grande número de pratos. O café ou o chocolate terminavam a refeição e por essa altura os homens tiravam das suas tabaqueiras um pouco de “rapé” (pó de tabaco), que com toda a delicadeza, aspiravam.
10. Descreve um solar de um nobre desse tempo.
O exterior dos solares tinha pedra talhada, escadarias e grandes varandas. Tinham paredes revestidas a azulejo.
O interior tinha paredes com pinturas e grandes espelhos. Os tectos tinham candelabros e em cima dos móveis objectos de prata e louça das Índias.
11. Como vivia o povo?
No campo vivia com grandes dificuldades. Alguns emigravam para o Brasil. Os que ficavam continuavam a ter um tipo de vida idêntica ao dos séculos anteriores. Viviam de uma agricultura de sobrevivência, agravada com pesados impostos.
Nas cidades, o povo ocupava-se dos trabalhos domésticos e dos muitos serviços que davam vida à cidade – aguadeiros, vendedores ambulantes, carregadores, regateiras, artesãos, pequenos comerciantes, criados. Nas ruas existiam muitos mendigos, desprotegidos, órfãos e delinquentes.
Nas cidades também havia grupos de burgueses que apesar de terem enriquecido com o comércio, não eram admitidos na corte, nem conseguiam ser convidados a frequentar as casas dos nobres.
12. Explica em que consistiam as cerimónias públicas.
Eram cerimónias em que toda a população participava – touradas, cortejos, procissões e os autos-de-fé. Estas cerimónias tinham muitas vezes a presença do rei, que se servia destes momentos para mostrar todo o seu luxo e poder.
13. Faz um pequeno texto sobre a Arte Barroca.
A Arte barroca é caracterizada pela decoração muito rebuscada – com medalhões, torneados, pináculos, curvas e contracurvas. No interior das igrejas e palácios utilizavam-se frequentemente revestimentos em talha dourada, azulejos e mármores.
14. Justifica a situação de crise económica do reino quando D. José I subiu ao trono.
O ouro que chegava do Brasil era cada vez menos. A agricultura não produzia e as indústrias eram poucas. Comprava-se quase tudo ao estrangeiro.
O povo vivia em grandes dificuldades. A nobreza e o clero, que tinham recebido de D. João V grandes honras e dinheiros, abusavam do seu poder.
15. Faz um pequeno texto sobre a personalidade do Marquês de Pombal.
O Marquês de Pombal que no reinado do pai de D. José I tinha sido embaixador de Portugal em Viena de Áustria, foi nomeado seu ministro. O Marquês tinha uma grande capacidade de decisão e era eficaz naquilo que fazia, como ficou demonstrado a seguir ao terramoto de 1755. Mandou logo enterrar os mortos e socorrer os feridos, mandou vigiar a cidade para evitar os roubos e encarregou o engenheiro Manuel da Maia e o arquitecto Eugénio dos Santos fazerem um plano para a reconstrução de Lisboa. Conquistou a confiança do rei que lhe entregou o controlo do governo do reino. Assim o Marquês pode iniciar um conjunto de reformas para desenvolver o País e fortalecer o poder absoluto do rei.
16. Faz uma pequena notícia sobre o Terramoto que ocorreu no seu tempo.
Catástrofe em Lisboa. Um violento terramoto ocorreu nesta linda cidade, provocou incêndios, pilhagens e o terror instalou-se na cidade. A parte baixa da cidade ficou destruída. Pensa-se que cerca de 20 000 pessoas morreram e 10 000 edifícios ficaram em ruínas incluindo o Palácio Real da Ribeira.
17. Faz um pequeno texto sobre a reconstrução de Lisboa.
O Marquês de Pombal acompanhou a reconstrução de Lisboa e encarregou o engenheiro Manuel da Maia e o arquitecto Eugénio dos Santos de fazerem um plano para a reconstrução de Lisboa. Decidiu arrasar a “Baixa”, que era a parte mais destruída e construir aí uma zona nova e arejada – a Lisboa pombalina – com características próprias:
Ruas largas e perpendiculares umas às outras, com passeios calcetados e esgotos; Edifícios harmoniosos, todos da mesma altura, com bonitas varandas de ferro forjado e
construídos com um sistema de protecção contra sismos; Uma grande praça – a Praça do comércio – construída no sito do antigo Terreiro do
Paço, onde iam dar as ruas “nobres” da cidade. Esta praça era sem dúvida a mais bela praça ribeirinha da Europa. Vinte anos depois foi construída, pelo escultor Machado de Castro, a estátua de D. José I.
18. Comenta a frase “As notícias da Europa chegavam rapidamente”.
As notícias chegavam rapidamente a Portugal através da imprensa, dos estrangeiros e dos portugueses que viviam ou tinham vivido no estrangeiro (como o próprio marquês de Pombal).
Nas ruas vendiam-se almanaques, vidas de santos, peças de teatro de cordel e a célebre “Gazeta de Lisboa” – o jornal da época.
O gosto pela moda francesa fez reanimar os locais de convívio. Apareceram os salões literários, os cafés e botequins (casa de bebidas). Aí se reuniam artistas, poetas, escritores, políticos, para discutir as ideias avançadas da Europa ou criticar a sociedade da época.
19. Indica as principais reformas pombalinas.
Reformas económicas – para diminuir as importações, instalou novas indústrias. Para proteger a agricultura, a pesca e desenvolver o comércio retirou aos comerciantes estrangeiros os grandes lucros e criou as “companhias comerciais” controladas pelo estado, como por exemplo a “Companhia dos vinhos do Alto Douro” e a “Companhia de Pescas do Algarve”.
Reformas Sociais – Procurou mostrar a força do poder absoluto do rei. Perseguiu a nobreza e o clero, principalmente os Jesuítas. Protegeu os comerciantes e os burgueses e declarou oficialmente o comércio como profissão nobre. Em 1771, proibiu a escravatura no reino mas continuou a existir nas colónias portuguesas.
Reformas no ensino – criou escolas “menores” (parecidas com as do 1º ciclo) por todo o país e reformou a Universidade de Coimbra.
AS INVASÕES NAPOLEÓNICAS
20. Localiza no tempo a revolução francesa.
Ocorreu nos finais do séc. XVIII, em 1789.
21. Indica quais os objectivos dos revoltosos.
Queriam acabar com o poder absoluto do rei e com os pesados impostos e obrigações que lhes eram exigidos pela nobreza e pelo clero.
Defendiam que todas as pessoas eram iguais perante a lei, todas tinham os mesmos direitos e deveres. O próprio rei devia obedecer às leis do país. Defendiam que a liberdade era um direito de todos.
22. Faz um pequeno texto sobre Napoleão Bonaparte e os seus objectivos para a França.
Napoleão era um militar ambicioso que depois de alguns anos do início da guerra ficou à frente do governo francês. Em pouco tempo conseguiu dominar uma grande parte da Europa, mas a Inglaterra continuava a resistir, o seu grande objectivo era dominar toda e Europa incluindo Inglaterra e Portugal.
23. O que se entende por bloqueio continental.
Como Inglaterra continuava a resistir aos exércitos franceses, Napoleão para enfraquecer Inglaterra, ordenou a todos os países europeus que fechassem os seus portos aos navios ingleses. A essa ordem chamou-se Bloqueio Continental.
24. Justifica as invasões francesas a Portugal.
Portugal não aderiu ao Bloqueio Continental porque era um velho aliado de Inglaterra e mantinha com ela relações comerciais. Por isso em Novembro de 1807 as tropas napoleónicas, entraram em Portugal.
25. Explica a fuga da família real portuguesa para o Brasil.
Quando se iniciaram as invasões francesas, governava Portugal o príncipe regente D. João, filho de D. Maria I. A rainha tinha enlouquecido por isso desde 1799 que o príncipe D. João era o Regente do Reino.
Para não serem presos pelas tropas francesas, a rainha e o príncipe regente partiram, a 27 de Novembro de 1807 para o Brasil, que na época era uma colónia portuguesa. Acompanharam a Família Real pessoas da corte, magistrados, alguns funcionários e todos aqueles que quiseram mudar-se para o Brasil, num total de 15 000 pessoas. Saíram de Portugal 15 navios de guerra e 20 navios mercantes que também levavam jóias, pratas, móveis, tapeçarias, livros e tudo o que foi possível transportar.
Ficou a governar Portugal uma Junta de Regência, presidida pelo Marquês de Abrantes.
26. Descreve as 3 invasões francesas.
1ª Invasão (1807) – Foi chefiada pelo general Junot. Entraram em Portugal perto de Castelo Branco, para onde se dirigiram. A seguir tomaram a direcção de Lisboa, quando lá chegaram acabaram com a Junta de Regência e passou o próprio general Junot a governar Portugal. O general Junot perdeu as batalhas de Roliça e do Vimeiro, o que obrigou a pedir paz e assinar um tratado – Convenção de Sintra – onde se comprometeu a sair de Portugal.
2ª Invasão (1809) – Foi chefiada pelo marechal Soult, entraram em Portugal junto a Chaves e dirigiram-se para o Porto. Teve grande resistência de toda a população e teve que abandonar Portugal.
3ª Invasão (1810) – Foi chefiada pelo general Massena que tinha fama de nunca ter sido derrotado. Entraram junto de Almeida e dirigiram-se para Coimbra. A caminho de Coimbra deu-se a Batalha do Buçaco. As tropas francesas tiveram muitas baixas mas tentaram, a todo o custo chegar a Lisboa mas as chamadas “linhas de Torres Vedras”, com os seus fortes e canhões, defenderam os canhões. Massena foi obrigado a desistir e a retirar-se de Portugal em Março de 1811.
27. Explica como se verificou a resistência popular às invasões.
Junot distribuiu tropas francesas por todo o território português. Os franceses destruíram culturas, incendiaram culturas, mataram pessoas e roubaram das Igrejas e casas tudo o que puderam, a população portuguesa reagiu e apareceram espontaneamente em vários pontos do país movimentos de resistência popular. (ver alguns locais no mapa)
28. Descreva a ajuda inglesa.
Portugal pediu ajuda a Inglaterra e estes desembarcaram cerca de 9 000 militares ingleses na praia de Lavos (próximo da Figueira da Foz). Formou-se um exército anglo-português. Este exército, comandado pelo General Wellesley, atacou os franceses e venceram-nos nas batalhas de Roliça e do Vimeiro. Na 3ª invasão também foi um exército anglo-português que combateu os franceses na batalha do Buçaco.
A REVOLUÇÃO LIBERAL DE 1820
29. Refere as principais razões do descontentamento dos portugueses. A Família Real e a corte portuguesa continuavam a viver no Brasil e parecia não
desejarem regressar; O Reino tinha ficado mais pobre e desorganizado com as invasões napoleónicas; Os ingleses não saíram de Portugal e controlavam quase todo o comércio com o Brasil,
o que prejudicava em muito os comerciantes portugueses.
Era portanto necessário expulsar os ingleses de Portugal e obrigar o rei a voltar do Brasil.
Entretanto era de cada vez maior o número de adeptos das “novas ideias liberais” vindas de França. Essas pessoas queriam um governo liberal que garantisse a liberdade e a igualdade de todos os portugueses perante a lei.
30. Identifica – Gomes Freire de Andrade, Manuel Fernandes Tomás e o “Sinédrio”.
– Gomes Freire de Andrade: Era general e foi o primeiro chefe dos liberais portugueses, fez em Lisboa uma tentativa para expulsar os ingleses, mas os conspiradores foram descobertos e mortos.
- Manuel Fernandes Tomás: Era um juiz do Tribunal da Relação do Porto que foi um dos elementos mais importantes do “Sinédrio” – Sinédrio era uma sociedade secreta que tinha como objectivo preparar uma revolução. Era formado por um conjunto de burgueses portuenses (comerciantes, juízes, proprietários) que se reuniam em segredo e trabalhavam com a maior prudência.
31. Localiza no tempo e no espaço a Revolução Liberal.
A Revolução Liberal deu-se no dia 24 de Agosto de 1820. Teve origem no Porto, a população do Porto aderiu e fez grandes manifestações de apoio assim como noutras zonas do Norte do Pais. A adesão de Lisboa deu-se cerca de um mês mais tarde e depois espalhou-se por todo o País.
32. Ordena cronologicamente os principais acontecimentos desde a Revolução à formação da Monarquia Constitucional.
- 24 de Agosto de 1820 - Revolução Liberal, com origem no Porto e norte do País.
- 1 de Outubro de 1820 – Lisboa recebe os revolucionários nortenhos e é criado um Governo Provisório – a “Junta Provisional de Governo do Reino”.
- Dezembro de 1820 – Eleições para as Cortes Constituintes que iriam fazer a primeira Constituição portuguesa. Foram as primeiras eleições em Portugal.
- 4 de Julho de 1821 – O rei D. João VI regressa a Portugal.
- 1822 – Aprovação da primeira Constituição portuguesa.
- 1 de Outubro de 1822 – O Rei D. João VI jurou com toda a solenidade a Constituição Portuguesa.
33. Refere a acção das Cortes Constituintes.
A principal função era elaborar uma Constituição – documento que é a lei fundamental de um país. Do seu trabalho saiu a primeira Constituição portuguesa a chamada Constituição de 1822.
34. Relaciona as primeiras leis com as ideias liberais.
A Constituição de 1822 baseava-se nos princípios de igualdade e liberdade dos cidadãos. A lei era igual para todos, qualquer que fosse a sua origem e a sua riqueza. Acabavam assim os antigos privilégios da nobreza e clero. Por tudo isto se diz que a Constituição de 1822 defendia ideias liberais.
35. Apresenta as principais características da Constituição de 1822.
Passou-se de uma monarquia absoluta para uma monarquia liberal ou Constitucional, o rei tinha que seguir a Constituição. O rei deixava de ter todo o poder e passava a ter de o dividir. Havia o poder legislativo (pertencia às Cortes, os deputados eleitos faziam as leis), o poder executivo (pertencia ao governo, o rei e os seus ministros faziam cumprir as leis), o poder Judicial (pertencia aos tribunais, os juízes jugavam quem não cumpria as leis).
36. Explica a independência do Brasil.
Quando em 1821 D. João VI regressou a Portugal deixou a governar o Brasil o príncipe D. Pedro. Com o regresso do rei as Cortes Constituintes decretaram que o Brasil voltasse a ter a condição de colónia portuguesa, o comércio externo voltasse a fazer-se passando por Portugal e que o príncipe D. Pedro, herdeiro do trono português viesse viver para Portugal. Perante estas imposições o príncipe, apoiado pela burguesia brasileira, decidiu ficar no Brasil. Assim as Cortes enviaram novas ordens para o Brasil anulando todos os puderes do príncipe. Quando D. Pedro recebeu a notícia, decidiu declarar a independência do Brasil, era o dia de 7 de Setembro de 1822.