pontifÍcia universidade catÓlica do estado de sÃo paulo - puc-sp · 2017. 2. 22. · resumo...

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E ATUARIAIS Luis Felipe Hortenzi Vilela Braga Fatores de influência no processo de retenção discente: um estudo com alunos de graduação em Ciências Contábeis em uma IES de iniciativa privada São Paulo 2016

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO

PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E

ATUARIAIS

Luis Felipe Hortenzi Vilela Braga

Fatores de influência no processo de retenção discente: um estudo com alunos de graduação em Ciências

Contábeis em uma IES de iniciativa privada

São Paulo

2016

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO

PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS E

ATUARIAIS

Luis Felipe Hortenzi Vilela Braga

Fatores de influência no processo de retenção discente: um estudo com alunos de graduação em Ciências

Contábeis em uma IES de iniciativa privada

Dissertação apresentada ao Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Contábeis e Atuariais da Pontifícia Universidade Católica do Estado de São Paulo como requisito parcial para obtenção do título de Mestre, sob a orientação da Profa. Dra. Neusa Maria Bastos Fernandes dos Santos.

São Paulo

2016

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

Dedico esse trabalho a memória de

meu pai, professor Antônio Carlos

Vilela Braga, e de meu orientador,

professor Roberto Fernandes dos

Santos, eles se foram, e homens

como eles em pouco tempo não

existirão mais, é uma pena, a

humanidade perde muito com isso,

eram pessoas com uma formação

integral, pela escola e pela vida,

nasceram durante a guerra, quando

criança ouviam rádio e iam ao

cinema, presenciaram a invenção da

televisão e da comunicação de

massa, viram o homem ir à lua, o

sequenciamento do DNA, a criação

da internet, viveram em meio a

revoluções sociais, políticas e

culturais, constituíram família,

construíram patrimônio e deixaram

um legado, ensinado as pessoas e

transformando vidas, tenho

saudades e guardo lembranças em

meu coração.

AGRADECIMENTOS

A Deus, pela graça da vida.

A minha orientadora, por seu conhecimento, disposição e energia, Professora

Dra. Neusa Maria Bastos Fernandes dos Santos.

Aos professores, Dr. José Carlos Marion e Dr. Haroldo Clemente Giacometti, pelo

conhecimento e disposição a ensinar.

Agradecimento especial, ao professor Aristides Cordeiro, um homem dedicado ao

ensino, a bondade e ao acolhimento, sua vida é a Família, a Escola e a

Contabilidade.

Aos que contribuíram com a construção desse trabalho:

Paulo Oliveira, com a formatação e elaboração dos gráficos, figuras e tabelas.

Professor Jhon F.B. Gonzales, com a elaboração das análises estatísticas.

Daniela Nunes e Juliana Artimundo, com a tabulação e análise de dados.

Professor José Donizete Romão, com a coleta de dados.

Professora Carla Geraldo, com a revisão ortográfica e gramatical.

Aos professores, que contribuíram com apoio informal e incentivo a pesquisa

científica: Ana Cristina Braga Martes, Adriana Maria Procópio de Araújo, Argemiro

Severiano, Elizabete Gabriela Castellano, José Eduardo Reis, Karim Storani e

Paula Roberta Velho.

Aos alunos de Ciências Contábeis, do Centro Universitário Central Paulista, que

participaram da pesquisa, respondendo o questionário.

A todos meus colegas e professores, do Mestrado em Ciências Contábeis e

Atuariais, da Pontifícia Universidade Católica do Estado de São Paulo.

A minha mãe, Zuleika Ortêncio Vilela Braga, pela marcante presença e apoio

incondicional.

A Minha esposa, Juliana Martes Martins Braga, pelo afeto, força e coragem para

enfrentar os momentos difíceis.

Aos meus filhos, Lucca Garcia Braga e Henrique Martins Braga, pela alegria que

move todas as minhas forças para enfrentar a vida.

“O homem nasceu para aprender, aprender tanto quanto a vida lhe permita”.

João Guimarães Rosa

(1908-1967)

RESUMO

BRAGA, L. F. H. V. Fatores de influência no processo de retenção discente:

um estudo com alunos de graduação em Ciências Contábeis em uma IES de

iniciativa privada. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo,

2015. (Dissertação de Mestrado em Contabilidade e Atuariais).

Essa dissertação tem dois principais objetivos, o primeiro identificar parâmetros para avaliação da eficiência e eficácia do ensino de graduação em Ciências Contábeis e o segundo gerar informações úteis, para o planejamento estratégico do Sistema de Ensino, das IES, e dos Cursos de Ciências Contábeis, por meio dos fatores de retenção discente propostos por Cabrera, Nora e Castanheda (1992). Para tanto, foi realizada uma pesquisa aplicada de abordagem qualitativa e quantitativa, utilizando um questionário semiestruturado, de abordagem direta, aplicado a 155 alunos, regularmente matriculados, do segundo ao quarto de graduação presencial em Ciências Contábeis, em uma Instituição de Ensino Superior do interior do Estado de São Paulo, utilizando um modelo adaptado de Cabrera et al. (1992), composto por indicadores organizados e agrupados em fatores sociais, ambientais, cognitivos e comportamentais. A metodologia empregada faz uso da estatística descritiva e inferencial, prosseguindo com a análise fatorial exploratória, análise fatorial confirmatória e finalizando com a proposição de um modelo composto por equações estruturais. Após a aplicação do modelo, os resultados confirmam, por meio da matriz de covariância do modelo estrutural a observação de 7 entre 12 relações causais, comparando-se respectivamente o modelo proposto com o modelo de Cabrera et al. (1992). Entre as variáveis exógenas assim como no modelo de referência, o encorajamento de pessoas próximas foi o fator que obteve maior peso na explicação do modelo, com uma relação causal de 0,885 com desenvolvimento acadêmico e intelectual e 0,714 integração social; entre as variáveis endógenas, o desenvolvimento acadêmico e intelectual, foi o fator mais importante, com uma relação causal de 0,720 com comprometimento com a instituição e 0,432 com o objetivo de se formar. Conclui-se por meio dos resultados, que a adaptação do modelo propostos por Cabrera, Nora e Castanheda (1992) bem como sua aplicação, foram capazes de identificar parâmetro para gestão dos cursos de Ciências Contábeis e contribuir com pesquisas futuras, ampliando as discussões sobre ensino, gestão e formação profissional em Ciências Contábeis.

Palavras Chaves: Retenção Discente. Evasão Discente. Análise Fatorial.

Equações Estruturais. Diagrama de Caminhos.

ABSTRACT

BRAGA, L. F. H. V. Influence Factors in student retention process: a study

with undergraduates in accounting in a private HEI. Pontifícia Universidade

Católica de São Paulo, São Paulo, 2015. (Master in Accounting and Actuarial).

This dissertation has two main objectives, the first to identify parameters to assess

the efficiency and effectiveness of undergraduate education in Accounting and the

second generating useful information for strategic planning of the education

system, the IES, and of Accounting Courses, by means of student retention factors

proposed by Cabrera, Nora and Castanheda (1992).The methodological approach

applied descriptive and inferential statistics continuing the Exploratory Factor

Analysis, Confirmatory Factor Analysis and finalizing this study with the

proposition of a model compound for Structural Equation. The results confirm

using the covariance matrix of the structural equation modeling showed that 7

between 12 causal relationships respectively comparing with the model of

Cabrera et al. (1992 ). Among the exogenous variables as well as in the reference

model the encouragement of close people got more weight in the model of

explanation, from a causal relationship 0.885 with academic and intellectual

development, and 0.714 from social integration; between endogenous variables

academic and intellectual development was the most important factor with a

causal relationship 0.720 with commitment to the institution and 0.432 in order to

graduating. It was concluded by the results that the adaptation of the model

proposed by Cabrera, Nora and Castaneda (1992) and its implementation, were

able to identify parameter for management of Accounting courses and contribute

to future research, expanding discussions on education, management and

vocational training in Accounting.

Key words: student retention, student drop out, factor analysis, structural

equation, paths diagram.

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 – IES com e sem fins lucrativos / filantrópicas................................. 71

Tabela 02 – Financiamento público – PROUNI ................................................ 72

Tabela 03 – Gastos privados com Educação no Brasil .................................... 84

Tabela 04 – Percentual em países selecionados – 2002/2003 ........................ 88

Tabela 05 – Matrículas dos alunos do Ensino Médio ....................................... 92

Tabela 06 – Fluxo de caixa .............................................................................. 94

Tabela 07 – Índice de reposição das matrículas - Brasil, 2000/2009 ............... 95

Tabela 08 – Cursos presenciais mais procurados ............................................ 98

Tabela 09 – Padronização dos Indicadores ................................................... 169

Tabela 10 – Modelo inicial com seus respectivos indicadores ....................... 129

Tabela 11 – Estimativas das cargas dos indicadores do modelo proposto .... 170

Tabela 12 – Índices de qualidade de ajuste para o modelo inicial e final. ...... 130

Tabela 13 – Estimativas dos parâmetros do modelo final. ............................. 171

Tabela 14 – Estimativa das covariâncias e correlações entre os fatores

para o modelo final. ........................................................................................ 172

Tabela 15 – Estimativas dos coeficientes de regressão para analise

estrutural inicial .............................................................................................. 133

Tabela 16 – Coeficientes de regressão para o modelo modificado ................ 134

Tabela 17 – Comparativo: modelo proposto e o modelo de Cabrera ............. 141

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 – Índice de evasão discente no E. S. no Estado de São Paulo ...... 30

Gráfico 02 – ENADE institucional e índice geral de cursos 2011 (IGC) ........... 75

Gráfico 03 – Estudantes no ensino superior..................................................... 79

Gráfico 04 – Contratos FIES – Brasil ............................................................... 81

Gráfico 05 – IES no Brasil ................................................................................ 85

Gráfico 06 – Número de alunos no ensino presencial superior ........................ 86

Gráfico 07 – Número de alunos no ensino superior à distância ....................... 86

Gráfico 08 – Representação segundo o IBGE ................................................. 95

Gráfico 09 – EVA (milhares de reais) agregado das IES analisadas no

triênio................................................................................................................ 96

Gráfico 10 – Screeplot para os dados de retenção. ....................................... 126

Gráfico 11 – Gráfico da análise paralela para os dados de retenção. ............ 127

Gráfico 12 – Gráfico q-q ................................................................................. 128

LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – Visão sistêmica da evasão discente .............................................. 18

......................................................................................................................... 18

Figura 02 – Visão sistêmica da evasão discente .............................................. 33

Figura 03 – Fluxograma de inegração estudante-instituição ............................ 42

Figura 04– Fluxograma conceitual da decisão acadêmica ............................... 43

Figura 05 – Fluxograma de variáveis de relação aluno / IES ........................... 46

......................................................................................................................... 46

Figura 06 – Fluxograma das finanças no processo de persistência ................. 56

Figura 07 – Perspectiva da evasão e retenção discente .................................. 64

Figura 08 – População no ensino superior ....................................................... 80

Figura 09 – Matriz bem público e serviços educacionais ................................. 82

Figura 10 – Relação em uma IES .................................................................... 87

Figura 11 – Matriz preço mensalidade/quantidade de alunos .......................... 91

Figura 12 – Cinco forças de Porter e um resumo de seus direcionadores ....... 91

Figura 13 – Região Central Paulista ............................................................... 108

Figura 14 – Fatores de retenção discente ...................................................... 132

Figura 15 – Modelo proposto .......................................................................... 132

Figura 16 – Modelo final ................................................................................. 134

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AEE Analise por Equações Estruturais

AF Financiamento assistencial

AFC Analise Fatorial Confirmatória

AFE Analise Fatorial Exploratória

CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental

CF Condições Financeiras dos alunos

CFI Comparative Fit Index

CFC Conselho Federal de Contabilidade

CI Comprometimento com a instituição

CIC Congresso de Iniciação Científica

CNE Conselho Nacional de Educação

CNPQ Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico

CO Compromisso com o objetivo de se formar

COFINS Contribuição para Financiamento da Seguridade Social

CONAPE Congresso Nacional de Pesquisadores.

CPA Comissão Permanente de avaliação

CPC Comitê de Pronunciamentos Contábeis

CPC Conceito Preliminar de Cursos

CPC Conceito Preliminar de Cursos

CSLL Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido

CVM Comissão de Valores Mobiliários

DA Desempenho nas Avaliações

DAI Desenvolvimento acadêmico e intelectual

DEA Desempenho escolar anterior

ENADE Exame Nacional dos Estudantes do Ensino Superior

EPP Encorajamento de pessoas próximas

EUA Estados Unidos da América

EVA Economic Value Added

FASB Financial Accounting Standards Board

FEARP Faculdade de Economia Administração e Ciências Contábeis

de Ribeirão Preto

FENEP Federação Nacional das Escolas Particulares

FGV Fundação Getúlio Vargas

FI Finanças

FIES Fundo de Financiamento Estudantil

GC Compromisso com os Objetivos

HSQ Performance do Ensino Médio

IASB International Accounting Standards Board

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICMS Imposto Sobre Circulação de Mercadorias

IDH Índice de desenvolvimento humano

IES Instituição de Ensino Superior

IFRS International Financial Reporting Standards

IGC Índice Geral de Cursos

INEP Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

INSS Instituto Nacional do Seguro Social

IPTU Imposto Territorial Urbano

IPVA Imposto Sobre veículos automotores

IRPJ Imposto de Renda da Pessoa Jurídica

IS Integração social

ISSN Sistema Integrado de Gestão de Atividades acadêmicas como

ITBI Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis

LDB Lei de Diretrizes e Bases para a Educação no Brasil

MEC Ministério da Educação

MEE Modelagem por Equações Estruturais

OCDE Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico

P Persistência na Instituição

PI Intenção de Persistir

PIB Produto Interno Bruto

PIBIC Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica

PIS Programas de Integração Social

PDI Plano de Desenvolvimento Institucional

PNE Plano Nacional de Educação

POF Pesquisa de Orçamento Familiar

PAIUB Programa de Avaliação Institucional das Universidades

Brasileiras

PRONATEC Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego

PROUNI Programa Universidade para Todos

REUNI Reforma Universitária

RMSEA Root Mean Square Error of Approximation

CFI Comparative Fit Index

SEADE Sistema Estadual de Análise de Dados

SEMESP Sindicato dos Mantenedores do Ensino Superior do Estado de

São Paulo

SESU Secretaria de Educação Superior

SI Integração Social

SINAES Sistema Nacional do Ensino Superior

SINDATA Sistema de Informações do Ensino Superior Particular

SO Influência de Pessoas Próximas

TLI Tucker Lewis Index

SRMR Standardized Root Mean Square Residual

UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação

UNICEP Centro Universitário Central Paulista

USP Universidade de São Paulo

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 17

1.1 Problema .............................................................................................. 25

1.2 Objetivo geral ....................................................................................... 26

1.3 Objetivos específicos ........................................................................... 26

1.4 Justificativa .......................................................................................... 26

1.5 Contribuições ....................................................................................... 27

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA DOS ESTUDOS SORE RETENÇÃO E

EVASÃO DISCENTE........................................................................................ 28

2.1 Caracterização da evasão discente e suas consequências ................. 28

2.2 Cálculo da evasão discente ................................................................. 32

2.3 Causas da evasão discente ................................................................. 36

2.4 Breve histórico dos estudos sobre retenção discente .......................... 39

2.5 Principais autores e suas contribuições para os estudos sobre

retenção discente................................................................................. 41

2.5.1 Wilian G. Spady ................................................................................ 41

2.5.2 Vincent Tinto ..................................................................................... 42

2.5.3 Ernest T. Pascarela .......................................................................... 44

2.5.4 Alexander W. Astin ........................................................................... 44

2.5.5.John P. Bean .................................................................................... 45

2.5.6 Alberto F. Cabrera ............................................................................ 47

2.5.7 Estudos atuais sobre retenção discente ........................................... 48

2.6 Os modelos preditivos propostos por Alberto F. Cabrera .................... 51

3 MODELO PROPOSTO.................................................................................. 59

4 AMBIENTE LEGAL, ENSINO E GESTÃO ..................................................... 63

4.1 Evolução histórica do Ensino Superior no Brasil .................................. 64

4.2 Legislação e avaliação do Ensino Superior no Brasil........................... 70

4.3 Planejamento estratégico do Ensino Superior no Brasil ...................... 76

4.4 Serviços educacionais como setor econômico .................................... 83

4.5 Desafios da gestão estratégica das Instituições Ensino Superior ........ 90

4.6 Ensino de Ciências Contábeis no Brasil .............................................. 97

5 DESCRIÇÃO DA INSTITUIÇÃO PESQUISADA, UNICEP – CENTO

UNIVERSITÁRIO CENTRAL PAULISTA........................................................ 107

6 METODOLOGIA .......................................................................................... 113

6.1 Percurso metodológico ...................................................................... 117

6.1.1 Modelo Fatorial Comum .................................................................. 117

6.1.2 Análise Fatorial Exploratória ........................................................... 118

6.1.3 Análise Fatorial Confirmatória ......................................................... 119

6.1.4 Estimação dos parâmetros ............................................................. 120

6.1.5 Avaliação de ajuste do modelo ....................................................... 121

6.1.6 Modelagem por equações estruturais ............................................. 123

7 RESULTADOS ............................................................................................ 125

7.1 Análise Fatorial Exploratória e Confirmatória ..................................... 125

7.2 Modelagem por equações estruturais ................................................ 132

8 DISCUSSÃO ............................................................................................... 135

8.1 Achados relevantes ............................................................................ 135

8.2 Considerações relacionadas ao objetivo geral ................................... 137

8.3 Considerações relacionadas aos objetivos específicos ..................... 138

8.4 Comparação crítica com a literatura pertinente.................................. 139

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................ 143

REFERÊNCIAS .............................................................................................. 145

APÊNDICES ................................................................................................... 153

17

1 INTRODUÇÃO

A preocupação com a eficiência do sistema educacional brasileiro e com os

níveis de desistência dos alunos, figurados como evasão discente, bem como

suas possíveis causas, assumem grande relevância em meio aos compromissos

dos gestores das IES (Instituições de Ensino Superior) e das políticas

educacionais.

A evasão apresenta-se como perdas sociais e econômicas seja em

instituições públicas ou de iniciativa privada, Silva Filho et al. (2007) considera a

evasão discente como perda de recursos e de tempo, dos alunos, professores,

instituições de ensino, do sistema educacional e do país.

O monitoramento dos índices de evasão, ou taxas de evasão pode

influenciar nas decisões estratégicas referentes a eficiência e a qualidade,

servindo como parâmetros para planos de gestão, pois do ponto de vista

econômico baixos índices de evasão contribuem com a otimização dos recursos,

revelando a eficiência operacional.

Esses indicadores apontam parra a percepção de valor, demonstrada pelo

aluno quando suas expectativas são alcançadas, expressas por meio do

comprometimento com a instituição de ensino e com seus objetivos de formação

acadêmica.

Embora as instituições de ensino façam uso de diversas estratégias em

busca da eficiência e da entrega de ensino e serviços de qualidade aos seus

alunos, a compreensão do processo com o aluno como elemento central é

fundamental para o sucesso da gestão do ensino superior, consequentemente o

monitoramento das taxas de evasão é fundamental para a ação dos gestores.

Como indicador, a evasão pode ser compreendida de maneira resumida

pela taxa proporcional dos alunos que abandonam o curso em relação aos que

permanecem matriculados até a formatura, pode ser classificada como evasão do

curso, quando o aluno evade o curso, mas permanece matriculado em outro curso

na mesma IES; evasão da IES quando o aluno transfere a matrícula para outra

instituição e evasão do sistema quando ele desiste da conclusão do ensino

superior e abandona sistema educacional.

18

Figura 01 – Visão sistêmica da evasão discente

Fonte: O autor, 2015.

Esse ordenamento, apesar de ilustrativo não é explicativo, além de tipificar

a evasão é necessário conhecer suas motivações, diante desse fato, Silva Filho

(2012) observa que mais importante que saber o saldo de quantos alunos saíram

é saber quem e por que saíram.

Em resposta a esse quadro a partir dos níveis de evasão dos cursos de

Ciências Contábeis, esse trabalho observa o problema da evasão por uma

perspectiva diferente da maior parte das publicações atuais sobre o tema, na

literatura brasileira, pois, ao invés de pesquisar as motivações da evasão

discente, estuda os fatores que levam a retenção discente.

O trabalho concentra-se em aspectos antagônicos a evasão, percebidos

pelos alunos gestores e pesquisadores como condições favoráveis e importantes

para a permanência do aluno do início ao fim do curso, e consequentemente,

necessários para a eficiência dos cursos, das IES e do sistema educacional,

possibilitando a eficácia do ensino superior, proporcionada pelo ensino, pesquisa

e extensão.

Reflexões sobre evasão no ensino superior levam a crer que este problema

não deve ser encarado apenas sob o ponto de vista quantitativo, os fundamentos

teóricos propostos por Tinto (1975), pioneiro nos estudos nessa área temática,

defendem que tanto a evasão quanto a retenção discente devem ser

compreendidas a partir do aluno, das Instituições de Ensino e de fatores externos.

Evasão do sistema

Evasão da IES

Evasão do curso

19

Estudos bibliográficos sobre o tema a partir da década de 1970

contemplam explicações nas teorias psicossociais buscando as motivações da

evasão e retenção, os trabalhos mais recentes enfatizam a importância da gestão

das instituições de ensino. Tinto (2012) chama atenção para a importância da

gestão acadêmica e formação docente especializada para o trabalho no ensino

superior.

Analisando os fatores externos ligados a gestão das IES observa-se forte

influência do momento em que vivemos, ou seja, as transformações da sociedade

industrial em sociedade do conhecimento.

Drucker (2002) observa que à medida que os fatores de produção

tradicionais, terra, capital e trabalho são secundários ao conhecimento, esse

conceito é reforçado pela transição do capitalismo tradicional ao capitalismo

informacional e a organização da sociedade em rede, conceitos criados por

Casttels e Gerhard (2000) que buscam explicar sociedade contemporânea.

Essas transformações sociais trazem à tona a projeção futura da

educação no Brasil, um país em desenvolvimento que apresenta dimensões

continentais, grandes distinções regionais, desafios políticos e econômicos

significativos.

Adicionada a essa realidade a fase de crescimento demográfico em que

vivemos é uma oportunidade, que pode ser aproveitada, para promover ganhos

qualitativos à nossa economia e à nossa força de trabalho.

Em reação e essas premissas o Ministério da Educação (MEC) por meio da

Lei das Diretrizes e Bases (LDB) de 1996 permitiu a expansão e a massificação

do ensino superior, validando a participação do Estado em conjunto com a

iniciativa privada, buscando parâmetros de qualidade e eficiência do sistema de

ensino, das IES e dos cursos.

Após a implantação da LDB de 1996 o país passou por vários governos,

porém, as diretrizes fundamentais se mantiveram, entre elas, a autonomia do

INEP Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, que gera

informações e presta assessoria ao MEC e demais órgãos associados na

20

formulação e execução das políticas educacionais, e o alinhamento com

organizações transnacionais, tais como a OCDE e a UNESCO.

Essas organizações direcionam as iniciativas do sistema de ensino

brasileiro, inserido na economia de mercado e submetido à globalização do

conhecimento, dos meios de comunicação e produção, seguindo tendências

mundiais de ampliação da oferta, através do financiamento público e da

manutenção do controle das IES por meio da iniciativa privada.

Em consequência às tendências acima mencionadas considerando o papel

da educação de capacitar o cidadão não apenas para se adaptar a evolução da

sociedade, mas também, proporcionar condições para transformá-la, a UNESCO

por meio de conferências revela as necessidades de empreender ações

direcionadas ao acesso e a qualidade de ensino para todos os alunos em cada

etapa de sua vida, em resposta a fatores de mudança e de progresso da

sociedade, a situações de restrição financeira e a prioridade dos níveis e formas

de educação.

O contexto descrito justifica o aprimoramento do sistema educacional

brasileiro por meio da criação em rede nacional do SINAES em 2004, base para o

processo de qualificação das IES dividido em avaliação institucional, avaliação

dos cursos e avaliação discente,

Condicionados a ampliação da oferta do ensino superior o FIES e o

PROUNI, que promovem a inclusão de jovens de baixa renda no sistema de

ensino superior via financiamento público de mensalidades em instituições

privadas de ensino superior.

Diante dessa organização estrutural para o enfrentamento dos grandes

desafios da expansão da oferta e da busca por qualidade do ensino superior,

Fonseca (2012) observa que a expansão do ensino superior no Brasil e no mundo

é mais quantitativa que qualitativa ocorrência confirmada pelo crescente número

de estudantes do ensino superior nas nações em desenvolvimento, em proporção

aos países desenvolvidos, em consequência do aumento da demanda por

qualificação profissional, tendência evidente no texto que segue:

A expansão do ensino superior nas nações em crescente desenvolvimento do G20 tem reduzido o percentual de participação de

21

graduados da Europa, Japão e Estados Unidos no conjunto de talentos global. Se as tendências atuais continuarem, China e Índia terão 40% do total de jovens com ensino superior no G20 e nos países da OCDE em 2020, enquanto os Estados Unidos e a União Europeia terão em torno de um quarto. A forte demanda por pessoal na “economia do conhecimento” é um indicador de que o mercado de trabalho global pode continuar a absorver a crescente oferta de indivíduos com alto nível de escolaridade. OCDE, (2012, p.1).

Apesar da forte demanda a evolução qualitativa apresenta-se em

descompasso com as necessidades do empregador, complementando o

enunciado o trabalho realizado pela MacKinsey importante empresa de

consultoria em gestão de negócios de projeção mundial, constatou a existência de

duas crises globais relacionadas entre si:

Altos níveis de desemprego entre os jovens e escassez de profissionais com habilidades críticas para o trabalho. Líderes de todas as regiões estão cientes das possíveis consequências, incluindo instabilidade social e econômica, quando um número muito grande de jovens acredita que seu futuro está comprometido. (MOURSHED; FARREL; BARTON, 2012, p.11).

Apesar dos esforços do Estado e da iniciativa privada na criação, execução

e manutenção dos programas implantados para expansão quantitativa e

qualitativa do ensino superior, o quadro atual demonstra que na perseguição dos

objetivos e metas propostos pelo PNE (Plano Nacional de Educação) as ações

em curso não são suficientes para debelar as fragilidades do nosso sistema de

ensino.

Nossos resultados são aquém dos esperados, revelados tanto em

aspectos qualitativos quanto quantitativos. O crescimento para atingir as metas de

ampliação população entre 18 e 24 anos, de 16,5% para 33% de jovens

matriculados no ensino superior, bem como a participação de 13,1% para 40% do

ensino público não é obtido e os prazos para as metas propostas foram ampliados

de 2020 para 2024.

A partir do sistema de ensino superior são estudados os desafios

específicos dos cursos de Bacharelado em Ciências Contábeis, profissão de

caráter técnico, científico e utilitarista cuja formação se insere na grande área de

ciências sociais aplicadas e apresenta interfaces principalmente com

administração de empresas, direito, economia e engenharia.

22

Segundo o Conselho Federal de Contabilidade são várias possibilidades de

atuação do Profissional de Ciências Contábeis: Empresário, Auditor Interno ou

Independente, Consultor Tributário, Controller, Auditor Fiscal, Membro de

Conselho Fiscal, Conselho de Administração, Membro de Comitê de Auditoria,

Membro de Entidades de Classe, Arbitro em Câmaras Especializadas, Professor

e Executivo.

As diversas possibilidades de atuação dos contabilistas conferem ao curso

de Ciências Contábeis a quarta posição, entre as opções dos ingressantes no

ensino superior do Estado de São Paulo em números evidenciados nos dados do

Censo do INEP (Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais), organizados no

Mapa do Ensino Superior do Estado de São Paulo, do ano de 2013, produzido e

publicado pelo (SEMESP), Sindicato das Entidades Mantenedoras de

Estabelecimentos de Ensino Superior do Estado de São Paulo.

Essa projeção ocasiona grandes desafios a profissão contábil Andere e

Araujo (2008) ponderam que o rápido crescimento do número de cursos pode ser

um indicador positivo de que o mercado e a sociedade estão valorizando o

profissional de Ciências Contábeis.

O crescimento desorganizado preocupa quanto ao acesso e a qualidade da

formação dos Contabilistas, gerando problemas na formação que se avolumam

diante dos grandes desafios específicos da profissão, que demanda uma

formação eficiente e eficaz.

A formação de qualidade não se restringe aos contabilistas, as partes

interessadas, ou seja, usuários indiretos da contabilidade, tomam decisões com

base na geração e interpretação de informações contábeis úteis e relevantes.

Como usuários diretos e indiretos da contabilidade destacam-se além da

sociedade e dos agentes econômicos, o Estado, o CFC Conselho Federal de

Contabilidade, a CVM Companhia de Valores Mobiliários, o FASB- Financial

Accounting Standards Board, o IFRS International Financial Reporting Standers, e

o CPC Comitê de Pronunciamentos Contábeis, colegiado que auxilia na

convergência da contabilidade da economia globalizada.

23

Diante da complexidade da atuação global do profissional de Ciências

Contábeis, preocupados com a qualidade dos cursos, professores e

pesquisadores das principais universidades da América Latina propuseram um

workshop para estudar a evolução curricular dos cursos de ciências contábeis

Deste modo, Marion e Robles Jr. (1998) explicam quais problemas centrais

são encontrados no ensino de Ciências Contábeis: questões pedagógicas,

metodológicas, qualificação docente, titulação docente, estrutura curricular,

pesquisa, produção científica, ensino de informática e ensino de métodos

quantitativos.

A partir dessa iniciativa vários trabalhos deram continuidade aos estudos

sobre a qualidade dos cursos de Ciências Contábeis e verificou-se ainda que

muitos desses problemas permanecem sem resolução, sobretudo, por serem

inerentes a gestão e a melhoria contínua não apresentando solução definitiva.

Diante de tais circunstâncias Fonseca (2012 p.96) faz a seguinte

constatação referindo-se ao ensino superior brasileiro:

A oferta de vagas sempre foi menor que a demanda. O ensino superior era privilégio de poucos e estes pertenciam a uma classe social que não fazia conta dos gastos com a educação dos seus dependentes. A gestão era apenas do “débito e crédito” e poucos controles internos. Inovação, avaliação da qualidade, atualização do corpo docente etc, eram preocupações desconhecidas das IES.

Evidentemente o contexto mudou, veremos no tópico que trata da gestão

das IES que vagas ociosas no ensino superior, atualmente são comuns no

sistema educacional brasileiro, consequentemente vivemos uma corrida pela

captação de alunos.

Fonseca (2015) observa que diante da competitividade da educação

encarada como “negócio” ocorre a queda do nível de qualidade e o uso de

práticas antiéticas para captação de alunos.

A autora aborda temas de gestão das IES e faz duras críticas ao atual

sistema de gestão, aplicado em grande escala, fundamentado na economia

industrial e em descompasso com os modelos de contemporâneos de Gestão

Empresarial que concebem o conhecimento como principal meio de produção.

24

Esse cenário aponta para forte disputa por alunos, portanto a percepção da

qualidade por parte dos discentes tende a ser mais valorizada, nesse contexto,

pesquisas atuais abordam a qualidade, não apenas pelo prisma dos docentes e

gestores, mas também, pela perspectiva dos discentes.

Embora haja a relativa manifestação da preocupação dos gestores com as

políticas de qualidade do ensino explícitas no texto acima, a percepção da

qualidade do ensino por parte do aluno ainda é pouco discutida, assim como

promoção da retenção discente apesar de sua importância.

Diante dos fatos apesar da decisão entre concluir ou abandonar o curso

ser do, as causas da evasão não devem ser imputadas exclusivamente a ele, pois

existem problemas relacionados tanto ao sistema de ensino, as instituições e aos

cursos, quanto a fatores externos que ocasionam a sensação de insatisfação ou

impossibilidade do aluno a seguir até a formatura, podendo culminar no abandono

do curso.

Nesse ínterim entender os fatores percebidos pelos alunos considerados

importantes para a conclusão do curso, dá oportunidade aos gestores de criar

políticas, bem como melhorar as práticas de gestão, visando a promoção da

permanência do aluno cursista até a etapa conclusiva do mesmo.

Em outras palavras, entende-se que a retenção discente pode ser um forte

indicador de qualidade dos cursos e satisfação dos alunos.

A partir da fundamentação teórica o trabalho segue com a caracterização

da evasão discente e suas consequências sociais e econômicas, os modelos de

cálculo, as causas, a evasão e retenção discente do ponto de vista dos alunos,

das IES e fatores de externos, ou seja, a visão sistêmica da evasão e retenção

discente no ensino superior.

Após a visão sistêmica, o trabalho aborda o histórico dos estudos sobre

retenção discente e as contribuições dos principais autores, finalizando com a

revisão do modelo preditivo da evasão e retenção discente proposto por Cabrera,

Nora e Castanheda (1992).

Em seguida, serão abordados ambiente, legal ensino e gestão do ensino

superior, finalizando com os cursos de Ciências Contábeis analisados a partir dos

25

gestores e dos alunos, proporcionando informações para compreensão dos

fenômenos relacionados a evasão e a retenção discente dos cursos de Ciências

Contábeis.

Após a contextualização e a revisão bibliográfica será feita a aplicação do

modelo proposto fundamentado nos trabalhos Cabrera, Nora e Castanheda

(1992) aos discentes do curso de Ciências Contábeis de uma IES da região

Central do Estado de São Paulo, posteriormente, serão feitas as exposições dos

resultados, implicações e considerações finais.

Em linhas gerais a pesquisa busca reduzir a complexidade, acerca do

processo de retenção discente, a partir do protagonismo do aluno como elemento

central no processo decisório entre evadir ou permanecer.

1.1 Problema

Perante os desafios da gestão das Instituições de Ensino, das políticas

públicas do Ensino Superior e das necessidades dos discentes, docentes e

gestores dos cursos de Ciências Contábeis, o trabalho pretende responder a

seguinte questão:

Quais os fatores que influenciam na retenção discente da matrícula até a

conclusão do curso, de graduação em Ciências Contábeis, em uma IES de

iniciativa privada do estado de São Paulo, a partir do modelo proposto por

Cabrera, Nora e Castanheda (1992)?

Delimitando a pesquisa, será considerada IES de iniciativa privada, aquela

mantida por sociedade de direito privado, nas quais há obrigação do aluno em

saldar seu compromisso contratual pecuniário, independente da forma de

financiamento.

26

1.2 Objetivo geral

O objetivo geral é estudar por meio de pesquisa qualitativa e quantitativa, a

relação entre os fatores que motivam a retenção discente no ensino superior,

proposto por Cabrera, Nora e Castanheda (1992).

1.3 Objetivos específicos

Identificar parâmetros para avaliação da eficiência e eficácia do Ensino de

Graduação em Ciências Contábeis.

Gerar Informações úteis, para o planejamento estratégico do Sistema de

Ensino, das IES, e dos Cursos de Ciências Contábeis, por meio dos fatores de

retenção discente propostos por Cabrera, Nora e Castanheda (1992).

1.4 Justificativa

No panorama atual, a educação assume crescente importância para o

desenvolvimento humano, este trabalho tem como justificativa a necessidade de

obtenção de conhecimento técnico e cientifico, para direcionar ações estratégicas,

visando a qualidade do ensino das IES de iniciativa privada, bem como gerar

informações e diretrizes para as políticas públicas do ensino superior.

Diante da preocupação dos gestores, com a eficiência do sistema

educacional, os níveis de desistência dos alunos, figurados como evasão, e suas

possíveis causas, assumem grande relevância.

O combate à evasão, em outras palavras promoção da retenção discente

por meio de ações que visam promover a permanência até a conclusão curso, é

necessária para a eficácia da educação, definida pela realização da missão das

IES, de proporcionar ensino, pesquisa e extensão aos seus alunos.

27

1.5 Contribuições

Contribuir com as Ciências Contábeis, gestão das IES, com o planejamento

estratégico e execução de políticas públicas para a educação, por meio da

organização e evidenciação de indicadores de evasão e dos fatores promotores

da retenção discente.

Ampliação das discussões sobre ensino de Ciências Contábeis, gestão

políticas públicas para o Ensino Superior, gestão das IES e Formação do

Profissional de Ciências Contábeis.

28

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA DOS ESTUDOS SORE RETENÇÃO E

EVASÃO DISCENTE

2.1 Caracterização da evasão discente e suas consequências

Veremos detalhadamente no tópico que trata da evolução histórica do

ensino superior no Brasil, os dois ciclos de crescimento emergiram a partir da

década 1960 e do início da década de 1990, que em ambos os casos a evolução

foi marcada pela flexibilização do sistema de regulação e supervisão, e pelo clima

e ambiente econômico favorável.

Essa conjunção de fatores deu oportunidade ao crescimento quantitativo e

ao aumento do número de vagas das IES mantidas pela iniciativa privada em

reação a defasagem de oferta do ensino superior brasileiro mantido tanto pelo

poder público quanto pela iniciativa privada, quando comparado a países

desenvolvidos e em desenvolvimento.

Nesse ínterim segundo Porto e Reginer (2003, p.17) questionam-se as

consequências diretamente associadas à expansão e acentua-se a questão do

equilíbrio entre quantidade e qualidade, em outras palavras, como oferecer um

maior número de programas e vagas com a manutenção da qualidade.

Esse panorama de picos de crescimento evidente em vários setores

econômicos do país, não se fez diferente no sistema de ensino, comprometendo

sua qualidade e sustentabilidade, tal como demonstrado por Porto e Reginer

(2003), na matriz “Bem Público e Serviços Educacionais”, tópico que trata do

planejamento estratégico do ensino superior no Brasil, permitindo observar o

posicionamento do Brasil nos quadrantes da expansão orientada pelo mercado e

massificação com desqualificação.

Essa situação demonstra a priori a possibilidade de expansão por meio da

captação de novos alunos, porém na prática nosso histórico revela que a medida

que cresce o quantitativo de ingressantes no sistema de ensino superior

brasileiro, a evasão desses alunos também aumenta, como observa Monteiro

(2010) com base em informações do INEP, “No período de 2004 a 2009 a evasão

no ensino superior brasileiro alcançou 3.188.325 alunos, o que representou a

29

média de 531.389 evadidos/ano, equivalente à taxa média de 11,5% ao ano no

referido período. Em 2009 a taxa média de evasão foi de 13,2%”.

A fragilidade acima revelada leva a inúmeros questionamentos referentes a

gestão, ao controle, a qualidade e a sustentabilidade do crescimento do ensino

superior brasileiro, de modo que a evolução do contexto educacional permite a

constatação da ineficiência e ineficácia do nosso sistema de ensino demonstradas

por vários indicadores.

Entre os diversos indicadores observa-se o índice de evasão, caracterizado

pela desistência ou abandono dos cursos pelos alunos antes da sua conclusão,

consequentemente impossibilitando sua formatura, segundo Monteiro (2010) a

evasão é [...]”em sentido estrito o desaparecimento do aluno, em sentido amplo,

como exceção dos formandos, caracterizada pela ausência do aluno, seja por

qualquer motivo, justificado ou não” [...].

Colaborando com Monteiro Silva Filho (2007) caracteriza evasão pelo [...]

“abandono do aluno sem a finalização dos seus estudos e representa perda

social, de recursos e de tempo de todos os envolvidos no processo de ensino,

alunos, professores, instituições de ensino, o sistema de educação, a sociedade e

todo o País. ”

A elevação do índice de evasão demonstra perda quantitativa de alunos,

embora a interpretação dessa perda de alunos possa ser atribuída pura e

simplesmente à opção dos alunos entre evadir ou permanecer, prevenir ou

impedir essa perda requer a interpretação de problemas complexos, relacionados

à qualidade dos cursos, das instituições e do sistema educacional.

Analisando o sistema de ensino brasileiro, observa-se que embora ainda

haja uma baixa abrangência, fato evidenciado na contextualização do sistema de

ensino, decorrente da pequena participação relativa de apenas 17% dos jovens

de 18 a 24 anos no ensino superior, a perspectiva dos cursos e das instituições

de ensino, relatada na contextualização das IES e dos, é bem menos otimista ao

revelar que o número de egressos do ensino médio tende a estabilidade e

consequentemente reduz as possibilidades crescimento do ensino superior:

Da promulgação da LDB de 1996 para cá, esse crescimento muito

expressivo gerou um choque de oferta pelo setor privado, que foi o que

30

mais cresceu, inclusive em razão da melhoria da economia brasileira,

mas não houve a geração de um círculo virtuoso de oferta e demanda e,

a partir de 2002, a queda do percentual de aumento das matrículas no

setor privado ficou evidente e só se recrudesceu de lá para cá. (LOBO,

2012).

A partir desse cenário a eficiência do sistema de ensino é questionada, e a

busca por resultados, quantitativos e qualitativos apontam para retenção ou

combate à evasão como oportunidade factível de melhoria na eficiência, dos

cursos, instituições e consequentemente do sistema de ensino, pois revela uma

quantidade expressiva observada por meio dos indicadores.

Gráfico 01 – Índice de evasão discente no E. S. no Estado de São Paulo

Fonte: Mapa

do ensino superior

do Estado de São

Paulo 2015

A exposição deixa claro que a evasão causa severas consequências às

IES e ao sistema de ensino brasileiro conforme Silva Filho et al., (2007) revelada

por perdas de estudantes que iniciam, mas não terminam seus cursos gerando

desperdícios econômicos acadêmicos e sociais.

Independente da categoria administrativa seja pública ou privada, a

ineficiência provocada pela evasão e seus desdobramentos em prejuízos sociais

e econômicos, segundo autor manifestam-se: [...] no setor público, por meio de

recursos públicos investidos sem o devido retorno. No setor privado, em uma

importante perda de receitas. Em ambos os casos, a evasão é uma fonte de

ociosidade de professores, funcionários, equipamentos e espaço físico[...] (SILVA

FILHO et al., 2007).

13,2% 13,7%

28,2%

36,2%

23,9%

32,1%

0,0%

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

35,0%

40,0%

Presencial EAD

Rede Pública Rede Privada Total

31

Aprofundando a análise sobre o impacto econômico provocado pela

evasão Pereira (2003) observa que a capacidade instalada de uma IES é

projetada para atender os alunos ingressantes conforme as vagas são oferecidas

periodicamente, a evasão em determinados espaço de tempo, significa perda de

receita, ao mesmo tempo, em que as despesas continuam ocorrendo.

Colaborando com o autor Silva Filho (2007, p.12) pondera que a queda na

receita compromete todo o plano acadêmico, administrativo e financeiro com

expectativas maiores do que as reais e vagas ociosas que provocam um olhar

que vai além da disputa pela captação de alunos,

O autor observa que a evasão ao longo do processo formativo é

generalizada provocando duras críticas de estudiosos tanto em educação quanto

em economia, sobretudo diante de um processo de estagnação conforme observa

Silva (2014, p.19),a queda de candidatos sinaliza crescimento negativo a partir de

2009 levando a um processo precoce de consolidação, fenômeno observado na

economia entendido como estabilização da demanda.

Com base nas considerações feitas acima aprofundando o estudo do

conceito de evasão é preciso ressaltar que devemos interpretá-la sob vários

ângulos e que ela pode ser caracterizada de maneiras distintas, resultantes de

diferentes abordagens do problema, segundo Lobo (2012), Silva Filho (2007),

Pereira (2003), Cislagh (2008) e Biazus (2004) ocorrem ao menos três

classificações distintas da evasão:

• Evasão de curso – quando o estudante se desliga do curso superior em

situações diversas tais como: abandono (deixa de matricular-se), desistência

(oficial), transferência ou mudança de curso, trancamento, exclusão por norma

institucional;

• Evasão da instituição – quando o estudante se desliga da instituição na

qual está matriculado;

• Evasão do sistema – quando o estudante abandona de forma definitiva ou

temporária o ensino superior.

A exposição acima remete ao crescente interesse pelo tema,

consequentemente o poder público representado pelo Ministério da Educação, as

32

IES seus gestores e pesquisadores, bem como os institutos de pesquisa mantidos

pelo governo, iniciativa privada e sociedade civil; passaram a estudar com mais

empenho as causas motivadoras da evasão a partir dos anos 2000, tal fato

confirmado pelo aumento do volume da produção técnica e científica, portanto as

causas da evasão tornaram-se foco de estudos; e ações corretivas para enfrentá-

la e diretrizes estratégicas da gestão do ensino superior.

Embora exista a uma manifestação real da preocupação com a evasão a

aplicação de ações estratégicas e relatos de casos de programas efetivos no

Brasil, no sentido de sua prevenção e contenção ainda não foram

institucionalizados, conforme Silva Filho et al. (2007) [...] são raríssimas as IES

brasileiras que possuem um programa institucional profissionalizado de combate

à evasão, com planejamento de ações, acompanhamento de resultados e coleta

de experiências bem-sucedidas [...].

2.2 Cálculo da evasão discente

Independe do objeto de estudo da evasão, conforme propostas

anteriormente as três classificações distintas da evasão do curso, evasão da

instituição e evasão do sistema, Lobo (2012) observa que o importante é poder

medir a evolução da evasão corretamente, durante um determinado horizonte de

tempo, sem alterar o modelo de cálculo, a fim de garantir o melhor e mais

imparcial possível entendimento do problema, para definir as diferentes

tendências sobre o tema e as políticas adequadas para cada uma delas.

Partindo do preceito, de que as informações devem ser consistentes o

tópico segue com os cálculos de evasão do curso, das instituições do sistema, da

taxa de permanência, sob a ótica do INEP, e do Instituto Lobo, posteriormente

apresentará um modelo alternativo do cálculo da evasão proposto por Kassai et

al. (2010), em sequência finalizando com a taxa de ocupação, ociosidade e com o

índice de reposição proposto por Monteiro et al. (2010).

33

Para compreender os três diferentes tipos de evasão e seus respectivos

cálculos devemos ter em mente a ilustração abaixo, considerando que os cursos

fazem parte das IES e consequentemente do Sistema, de modo que é possível a

migração de alunos de um curso para o outro como também de uma IES para

outra, essas movimentações alteram a evasão dos cursos e IES não alteram

resultado da evasão do sistema.

Para obter o cálculo da evasão do curso basta adicionar a evasão do

sistema, as transferências entre cursos da mesma instituição e transferências

entre diferentes instituições, ou seja, na prática a evasão do curso é maior que a

evasão da IES e esta por sua vez é maior que a evasão do sistema,

consequentemente os números da evasão se apresentam da ordem decrescente,

a partir do Curso para a IES e finalmente para Sistema conforme exposto por

Lobo e Silva Filho(2012) a partir dos dados obtidos entre 2007 e 2008:

1. EC = 22,2% (abandonaram seus cursos);

2. EIES =20,3% (abandonaram suas IES);

3. ES = 17,7% (abandonaram o ensino superior, alguns podendo ter

retornado por meio de novo processo seletivo).

Figura 02 – Visão sistêmica da evasão discente

Fonte: O autor, (2015).

É possível obter a taxa de evasão do curso pela fórmula abaixo proposta por

Silva Filho (2012), em que M2 representa Matriculados e M1 matriculados do ano

anterior, I2 representa ingressantes e C1 concluintes do ano anterior.

Evasão de cursos = 1 – (M2 – I2)/(M1 – C1)

Evasão do sistema

Evasão da IES

Evasão do curso

34

Para obtenção da evasão da IES é preciso reduzir a perda, ou seja, somar

os alunos ingressantes por meio de transferência interna entre cursos da mesma

instituição ITC2 conforme Proposto por Lobo e Silva Filho (2012),

Evasão de IES = 1- (M2 – I2 + ITC2)/(M1 – C1)

Tanto o cálculo dos indicadores de evasão dos cursos, quanto da evasão

das IES podem ser aferidos de diversas formas, se a intenção for trabalhar na

própria instituição sem que haja compromisso técnico ou cientifico de comparação

entre outras instituições esse cálculo pode ser feito individualmente, em meio a

um grupo estatístico, conferindo maior exatidão por meio do chamado,

acompanhamento de Coorte mencionado por Silva Filho (2012).

A evasão do sistema segue a mesma lógica ao somar as transferências

entre instituições ITIES conforme proposto por Lobo e Silva Filho (2012).

Evasão do sistema = 1- (M2 – I2 + ITC2 + ITIES2)/(M1 – C1)

Para a obtenção da evasão do sistema a partir de dados oficiais gerados

pelo senso da educação, com a finalidade de obtenção de comparabilidade e

consistência para publicações científicas Silva Filho (2012) adota a taxa de

permanência como base para o cálculo da evasão e mantém sua série histórica

desde 2006, segundo o autor, existe uma forte tendência de adoção dessa

metodologia pelo MEC, como oficial, pois é a mais comumente adotada tanto na

gestão quanto nas publicações internacionais.

P = [M(n)-In(n)] / [M(n-1)-Eg(n-1)]

M(n) = matrículas num certo ano

M (n-1) = matrículas do ano anterior a n

Eg (n-1) = egressos do ano anterior

Ig (n) = novos ingressantes (no ano n)

O índice de evasão, ou abandono anual é dado por: Ev = 1- PEvasão.

Pela dificuldade de obtenção de dados e informações precisas a partir dos

sistemas educacionais Silva Filho (2012) observa que muitos países utilizam a

taxa de titulação como parâmetro para combater a evasão, embora essa

35

estratégia seja fácil de ser aplicada e produzir dados precisos para serem

comparados, o fator tempo deve ser levado em conta, pois, muitos alunos não se

formam no tempo previsto e permanecem matriculados mesmo após a data

prevista para a formatura.

Adaptando essa estratégia de obtenção dos dados a partir da taxa de

formatura à equação fundamental da contabilidade (ativo – passivo = patrimônio

líquido Luca Pacioli, (1445-1517) Kassai et al. (2010). Propõe um estudo

exploratório sobre a evasão na USP por meio da técnica inquired balances heet

ou balanço perguntado (KASSAI, 2004), utilizando dados físicos e financeiros

considera:

Ativo Social: o orçamento anual per capita

Passivo Social: a porção do ativo equivalente ao percentual médio de

evasão

Patrimônio Líquido Social: os alunos formados no período.

Esse estudo permitiu evidenciar a evasão dos cursos e das IES e os danos

sociais e econômicos por ela causados.

Além da evasão a ociosidade também representa uma grande perda de

eficiência, o cálculo da taxa de ociosidade de vagas refere-se às vagas e

ingressantes dos primeiros anos dos cursos de graduação.

Vagas Ofertadas - Vagas Preenchidas = Taxa de Ociosidade

Em suma a ociosidade é decorrente da subutilização da capacidade

instalada e a evasão das turmas em curso colabora com o aumento da taxa de

ociosidade.

Além da evasão, a opção pela oferta de um número de vagas além da

capacidade de captação também colabora com o aumento da ociosidade, tal

como observa (MONTEIRO, 2010), “dos fatores que contribuem para a evasão tal

como já evidenciado, pode-se considerar a ociosidade como uma espécie de

evasão pré-estabelecida, caracterizada pelo não preenchimento de vagas antes

mesmo do ingresso do novo aluno”

36

Além dos índices de evasão e ociosidade o índice de reposição é um dos

indicadores com maior potencial analítico, por evidenciar a sustentabilidade do

sistema, leva em conta a captação, evasão e formatura em um único indicador de

eficiência, que demonstra se o sistema é capaz de repor os alunos que evadem

ou concluem o curso.

Ingressantes / (Egressos + Evadidos) = Índice de Reposição

Quando o índice é igual a 01 significa que o Curso IES ou Sistema são

capazes de repor os alunos que deixam o curso, por evasão ou formatura, além

disso, pode expressar a expansão conforme observa Monteiro (2010) “É expresso

em número decimal com uma casa após a vírgula e demonstra o crescimento real

do alunado em relação às matrículas”.

Os métodos acima descritos configuram apenas os aspectos quantitativos

do problema da evasão, ações de controle e prevenção demandam análises mais

elaboradas tal como expresso no enunciado abaixo:

Medir a Evasão não se trata só de verificar um “saldo de caixa”, ou seja, quantos alunos entraram menos quanto saíram, mas quem entrou e quem saiu e por quais razões, para que seja possível evitar outras perdas pelos mesmos motivos com ações que gerem mudanças e essas só acontecem se entendemos, claramente, o que está ocorrendo. (LOBO; SILVA FILHO, 2012, p. 27).

Esses são os desafios atuais do sistema de ensino superior como política

pública e dos gestores das IES como portadoras da missão de ofertar ensino

pesquisa e extensão configurada em serviços educacionais capazes de atender a

percepção de valor dos alunos.

2.3 Causas da evasão discente

Os alunos deixam o curso frequentemente sem qualquer tipo de

manifestação prévia de descontentamento com a instituição ou com o curso, as

instituições de ensino até pouco tempo atrás eram passivas em relação a

ocorrência da evasão, atualmente essa postura mudou e as pesquisas

relacionadas a evasão se institucionalizaram, sobretudo devido a ação das CPAs

37

comissões próprias de avaliação institucionalizadas pela LDB de 1996,

responsáveis pela avaliação interna das instituições.

Embora a avaliação interna busque respostas para as causas da evasão, é

comum a omissão por parte dos alunos, sobre suas verdadeiras causas da

evasão, geralmente porque os instrumentos não são abrangentes o suficiente

para obter informações acuradas, ou pelo fato dos alunos realmente não estarem

dispostos a se abrirem por questões pessoais, além disso, um grande número de

alunos abandonam as instituições e não retornam para formalizar sua situação,

consequentemente não respondem os questionários de avaliação.

Esse quadro aponta para parte da complexidade do assunto, pois, além da

dificuldade de comunicação com os alunos, para obter informações, muitas vezes,

as razões são múltiplas e ainda hoje no Brasil a postura das instituições bem

como do sistema de ensino é reativa e não preventiva.

Entre as teorias e dos modelos comportamentais norte-americanos que a

reação a evasão pode ser confusa e pouco eficaz, tal como o conceito difundido

no marketing de produtos e serviços observado como mais oneroso para uma

empresa reatar o relacionamento com um cliente do que mantê-lo satisfeito,

portanto o ideal é agir, sobretudo na prevenção.

Mesmo com suas limitações as respostas dos alunos não devem ser

ignoradas, vários trabalhos tentam explicar as causas da evasão com base nas

respostas dos alunos na ocasião do desligamento do curso, porem precisam ser

analisadas com cuidado para não imputar segundo Monteiro (2010), Silva Filho

(2007) questões de ordem financeiras como praticamente as únicas causas da

evasão, Cislaghi (2003, p.33) após extensa pesquisa aponta como causas da

evasão problemas com desempenho acadêmico, questões didáticas pedagógicas,

ambiente sócio acadêmico, currículo, curso e interesses pessoais.

Estudando os cursos de Ciências Contábeis da Universidade Estadual de

Montes Claros, Dias, Theóphilo e Lopes (2010) consideram as causas Internas:

infraestrutura, corpo docente e assistência sócio educacional e como causas

externas: falha na tomada de decisão em relação ao curso, razões sócio

econômicas, descontentamento com o curso e sua futura profissão, distância

38

entre seu domicílio e a universidade, e problemas pessoais e formas de ingresso

no ensino superior brasileiro.

Complementando o enunciado e visualizando o problema a partir de uma

conotação empresarial Monteiro (2010) observa que fatores ligados a evasão

estão relacionados situação financeira, desempenho acadêmico insatisfatório, ao

desgaste entre o aluno e a IES, à falta de interesse pelo curso, problemas

pessoais ou uma oferta melhor em outra IES face às campanhas promocionais

para alunos transferidos.

O desdobramento dos fatores na percepção de valor pelo aluno segundo

Monteiro (2010) pode ser observado na Baixa qualidade no atendimento, Falta de

comprometimento docente, Matriz curricular muito rígida, Incompatibilidade de

horários, mudança de domicílio, imagem institucional abalada.

Com mais de 10 anos de estudo Lobo e Dias Filho (2012) lista como

fatores que explicam a evasão do sistema:

Baixa qualidade da educação básica brasileira

Baixa eficiência e o diploma do ensino médio

Limitação das políticas de financiamento ao estudante

Escolha precoce da especialidade profissional

Dificuldade de mobilidade estudantil

Rigidez do arcabouço legal e das exigências para autorização

E reconhecimento de cursos

Legislação sobre a inadimplência no Brasil

Enorme quantidade de docentes despreparados para o ensino e

para lidar com o aluno real

Diante das diversas causas da evasão acima listadas podemos concluir

que elas são difíceis de serem explicadas e que embora ocorra a evolução dos

estudos para tentar entendê-las, alguns fatores sempre passarão despercebidos e

outros conforme a ocasião, alternados em grau de importância.

Algumas considerações feitas por Monteiro (2010) devem ser levadas em

conta, a evasão sempre existirá porque não é totalmente condicionada a fatores

controláveis, embora estes em grande parte possam ser minimizados pelas IES,

39

está intrinsecamente ligada à percepção de valor e não deve ser combatida

apenas do ponto de vista financeiro.

2.4 Breve histórico dos estudos sobre retenção discente

No capítulo anterior foi observado que a evolução dos estudos sobre

evasão acompanha o crescimento do sistema educacional brasileiro, do mesmo

modo, porém, com um repertório muito mais amplo, a busca por eficiência no

ensino superior dos EUA empenhou grandes esforços em pesquisas teóricas e

empíricas para tratar dos problemas que levam a evasão escolar nas Faculdades

e Universidades Norte Americanas, sua base de dados apresenta estudos desde

a década de 1930.

A partir da década de 1970 a maior parte dos estudos aborda a eficiência

do sistema com foco na retenção dos alunos, que em termos quantitativos é

semelhante ao estudo da evasão, embora observada por outro ângulo, o do aluno

que permanece no curso até a conclusão e não o do que se vai antes de se

formar.

Entre os pesquisadores Norte Americanos, predomina o conceito de

retenção, por essa visão ser oportuna para agir na prevenção a evasão, ou seja,

por ajudar a praticar ações promotoras da retenção.

Essa diferença crucial da postura Norte Americana revela que ao passo

que nós brasileiros, enfatizamos o problema da evasão eles apontam soluções

para reter os alunos, da matrícula a formatura, tal como a seguinte definição:

O termo “retenção” traz uma conotação que está sendo utilizada nas instituições de ensino americanas e denota um sentido lato da palavra, porque envolve uma série de ações administrativas e acadêmicas destinadas a ajudar o aluno a permanecer na instituição até a obtenção do diploma de graduação. (SILVA, 2014, p.66).

Por apresentarem características demográficas e territoriais, semelhantes

às brasileiras, por serem referência em educação e manterem uma grande

diversidade de instituições de ensino, que vai de grandes universidades de

pesquisa a faculdades de ensino profissionalizante e massificado, muitos

40

pesquisadores do Brasil e do mundo, buscam informações na literatura Norte

Americana.

Embora exista a necessidade premente, de estudar o assunto, dada a

preocupação dos gestores de políticas públicas ligadas a educação bem como

dos gestores de IES, Silva (2014) constata que a literatura brasileira sobre o

assunto ainda é incipiente e não existe grande disposição das IES brasileiras em

lidar com assuntos acadêmicos e administrativos focados na retenção dos alunos.

Atualmente além da volumosa produção acadêmica, focada nessa

temática, segundo Tinto (2005), nos EUA existe um grande comércio de produtos

e serviços, que perpassa o desenvolvimento de softwares, a edição de livros,

contratação pessoas e empresas de consultoria, por parte das Instituições de

Ensino, dos governos e demais interessados, na gestão e prestação de contas

das políticas educacionais.

Partindo dos primórdios a evolução histórica do estudo da retenção nos

EUA sofreu forte influência de eventos econômicos e sociais, tais como a crise de

1929, a segunda guerra mundial e a expansão do ensino superior, esses eventos

nortearam os estudos sobre retenção no ensino superior, que se consolidaram a

partir da década de 1950, época em que houve uma explosão de matrículas, por

meio de vagas oferecidas para as massas em diferentes vias de acesso.

De acordo com Berger et al. (2012) com a grande expansão do sistema

educacional norte americano entre as décadas de 1950 e 1960 a formação e

capacitação individual tornam-se a esperança de melhorar a si mesmos,

sobrepondo o valor do diploma.

Os primeiros estudos sobre evasão datam de 1930 conforme Berger et al.

(2012) escrito por Begam de 1930 denominado Estudos Sobre a Mortalidade, o

modo como era originalmente conceituada a mortalidade dava uma conotação de

baixa ou perda em escala demográfica, mas Berger et al. (2012) relata que com

a expansão do ensino superior Norte Americano nas décadas de 1950 e 1960 é

que os gestores começaram a se preocupar efetivamente com a retenção.

Com o sistema de ensino em desenvolvimento a busca por eficiência levou

a gestão por meio do acompanhamento individual, implantado entre as décadas

41

de 1950 e 1960 segundo Berger et al. (2012) atributos pessoais inerentes a

personalidade dos alunos e suas influencias tais como, motivação, maturidade,

disposição, passaram a ser estudado por meio de estudos psicológicos

demográficos e estatísticos.

A evolução cronológica da literatura americana mostrou diversas

correntes de pensamento na década de 1960 Tinto, (2005) relata que o

problema foi estudado com foco na Psicologia e reduzido ao degaste entre o

aluno e a escola, motivando sua evasão ou permanência, mais tarde a partir de

1970, o enfoque mudou para o prisma da sociologia, focando a integração

entre aluno e IES, sobretudo no primeiro ano.

2.5 Principais autores e suas contribuições para os estudos sobre

retenção discente

2.5.1 Wilian G. Spady

No final da década de 60 muitos estudos surgiram com fundamentados na

psicologia e sociologia, Spady (1971) classifica em seis correntes de pensamento

distintas na década de 1960: filosóficas, partindo do pressuposto que ações

preventivas deveriam ser implementadas para a retenção dos alunos,

censitárias, exposições dos números relacionados ao problema da evasão, tais

como evasão, do sistema evasão da IES, índices de evasão índices de retenção,

trancamentos e desistências, Autópsias, buscavam alternativas para a retenção

a partir da visão do aluno, Estudos de Caso, identificava peculiaridades de

diferentes IES, a propensão ao abandono dos seus alunos e medidas preventivas

para a retenção, Estudos Descritivos, ofereciam uma visão geral da evasão e

retenção e suas motivações, Estudos Preditivos, busca fatores que explicam a

retenção dos alunos.

Os estudos evoluíram de abordagens psicológicas com foco nos indivíduos

para modelos sociológicos analisando o comportamento individual e coletivo dos

alunos nas IES, foi Spady (1975) que propôs os modelos de integração

42

estudante-instituição, são estudos que analisam a compatibilidade entre

estudantes e as IES, baseado na teoria do suicídio de Durkheim, que explica o

suicídio por meio da ruptura dos laços com o sistema social devido à falta de

integração com a sociedade.

O modelo integração estudante-instituição busca características que

expliquem as causas da evasão Segundo Spady (1975) quando a integração é

incompleta, ou seja, quando o aluno não é capaz de atender às demandas dos

sistemas acadêmicos e sociais da IES ele rompe seus laços, ou seja, de forma

semelhante ao que faz um suicida ao desistir da vida, o aluno desiste da IES.

Figura 03 – Fluxograma de inegração estudante-instituição

Fonte: Desistentes do ensino superior: síntese de uma análise interdisciplinar (SPADY, 1970)

2.5.2 Vincent Tinto

Vincent Tinto o mais influente autor sobre tema, dando continuidade nos

estudos sociológicos também trabalha como modelo de integração estudante-IES,

assim como Spady parte do pensamento de Dhurkein e a teoria do suicídio, em

sua teoria, o autor inclui a análise do custo social, para Tinto (1975) o ser humano

evita comportamentos muito custosos e procura status, relacionamentos,

interações e estados emocionais compensadores.

43

Em seu trabalho o autor sugere ações práticas e o desenvolvimento de

políticas compensatórias dentro e fora da sala de aula visando a integração

acadêmica, segundo Tinto (1975) as políticas de retenção devem ser centradas

no aluno, pois se ele perceber que os benefícios sociais que estão a sua

disposição são maiores do que os custos, ele permanece, mas se os custos forem

maiores que os benefícios ele evade, ou seja para o autor existe uma forte

predição do comportamento do aluno em função do seu grau de integração

acadêmica e social.

O estabelecimento das relações de integração entre o Aluno e a IES na

visão de Tinto (1975) não deve ser considerado como algo estático, segundo o

autor o relacionamento evolui ao longo do tempo levando a integração e o

compromisso com a IES consequentemente a retenção, assim como quando há

falta de integração os compromissos são negligenciados ao longo do tempo e os

abandonos ocorrem, no momento da decisão do aluno.

O modelo de Tinto prediz a decisão dos alunos permanecer em ou

abandonar as universidades. Várias terminologias são razoavelmente utilizadas

para esta área temática. As negativas para as perspectivas futuras são falha,

abandono e atrito; as positivas são retenção e persistência. Tinto oferece uma

teoria para entender o a decisão do aluno entre a retenção e a evasão, o quadro

abaixo procura explicar esse fenômeno.

Figura 04– Fluxograma conceitual da decisão acadêmica

Fonte: Abandono do ensino superior: uma síntese teórica de pesquisas recentes, Tinto (1975).

A diferenciação de evasão do curso, IES e do sistema de ensino foi um dos

pontos de partida para o trabalho de Tinto, o autor também classificou

44

comportamentos indesejáveis como fracasso acadêmico, desistência voluntária,

abandono, afastamento temporário e transferência, de modo semelhante ao que

vivenciamos no Brasil.

2.5.3 Ernest T. Pascarela

Focando as relações sociais, dando continuidade ao trabalho de Tinto,

aplicando seu método em diversas pesquisas Pascarela (1980) observa que

estudantes que possuem maior contato extraclasse com seus professores tem

menor propensão ao abandono, os benefícios do contato extraclasse referem-se,

sobretudo em quantidade e qualidade, e são muito importantes para a retenção,

sobretudo para os alunos que carregam uma baixa expectativa em relação a seu

curso

As conclusões de Pascarela (1980) levam a três variáveis independentes

porem sinérgicas, atuando em conjunto no desgaste entre Aluno e IES, entre elas

estão o contato informal entre aluno e professor, as experiências na faculdade

dentro e fora da sala de aula, e os resultados expressos desempenho acadêmico,

social e intelectual.

Para Pascarela (1980) a variável que expressa os resultados acadêmicos é

a que leva ao abandono, embora o contato informal professor aluno e as

experiências vividas na faculdade poderem influenciar nos resultados

acadêmicos.

2.5.4 Alexander W. Astin

Os estudos de Astin (1975,1985) são multidisciplinares e levam em

consideração aspectos psicológicos e sociais, ele aponta que a eficácia das

políticas ou práticas educacionais estão associadas ao aumento do envolvimento

45

do aluno com a IES, diferente das outras teorias pedagógicas, essa teoria

direciona-se para a motivação e o comportamento do aluno.

Os estudos de Astin (1975, 1985) são ricos em conceitos, apresentam uma

visão macros sistêmica, fundamentando-se em três elementos principais,

primeiramente os alunos, com seus dados demográficos e experiências anteriores

considerados inputs, posteriormente o ambiente dos alunos e as suas

experiências durante a faculdade, e finalmente os resultados considerando os

alunos com suas características, conhecimentos, atitudes, crenças e valores,

resultados das suas experiências anteriores e das adquiridas na faculdade.

Os postulados de Astin levam em conta o investimento variável de aluno

para aluno em energia física e psicossocial durante o curso. Para o autor o

envolvimento pode ser quantitativo e qualitativo, o ganho do aluno em

desenvolvimento é proporcional aos aspectos relacionados a quantidade e

qualidade. O desempenho acadêmico se correlaciona com o envolvimento do

aluno.

2.5.5.John P. Bean

Em 1980 Bean estudou os fatores determinantes do desgaste entre o aluno

e a IES, por meio de um modelo causal propôs uma explicação comportamental

análoga à da rotatividade dos trabalhadores em empresas norte americanas, a

concepção do modelo empírico de Bean (1985) confirmou a possibilidade de

explicação da evasão dos estudantes utilizando-se os modelos preditivos

aplicados a gestão de organizações empresariais.

Em 1985 Bean criou um modelo conceitual, que explica o que ele chama

síndrome do abandono, composta pela decisão de evasão ou permanência diante

do desgaste entre IES e aluno, esse estudo foi desenvolvido levando-se em

consideração resultados acadêmicos, sociais e pessoais observados nas relações

entre colegas e a IES.

46

Figura 05 – Fluxograma de variáveis de relação aluno / IES

Fonte: Modelo conceitual do desgaste do estudante não-tradicional Bean e Metzer, (1985)

O trabalho de Bean (1982) leva a conclusão de que os alunos são os

agentes ativos mais importantes de socialização e que os contatos informais entre

alunos e professores, são fatores importantes de socialização e

consequentemente contribuem para a retenção dos alunos.

Estudando alunos não tradicionais, ou seja, aqueles que com idade

superior a 24 anos, matriculados em período parcial eram muito pouco integrados

as IES, verificou que entre as variáveis ambientais tais como, jornada de trabalho,

apoio externo, responsabilidades familiares e oportunidades de transferência

eram os fatores mais importantes para sua retenção.

Em suma o modelo de Bean (1982) deriva da psicologia comportamental,

expressa por meio uma trama de fatores não cognitivos, tais como, atitudes,

intenções e fatores ambientais, entre eles, a aprovação de pessoas próximas

como a família e os de amigos, condições financeiras entre outros, quando os

alunos apresentam deficiência desses fatores ocorre a propensão ao desgaste

entre os alunos e a IES e esse desgaste é o que leva ao abandono dos estudos

por parte do aluno.

Síndrome do

abandono

Variáveis Variáveis Critério

Fatores

Desempenho acadêmico anterior Integração acadêmica

Fatores Psicológicos e

Sociais Metas Vantagens Relacionamento com a Faculdade Vida Social

Fatores

Oportunidades de transferência Condições financeiras Apoio de pessoas próximas

Fatores de socialização e

seleção Obtenção de grau universitário Ajuste na instituição Compromisso

47

Bean e Metzer (1985) observam ainda, que mesmo quando os demais

fatores tais como, desempenho acadêmico eram muito bons e os fatores

ambientais eram muito ruins estes eram preponderantes na decisão de evasão do

aluno.

2.5.6 Alberto F. Cabrera

Dentre os autores citados acima, Tinto (1975)e Bean (1982)são as

principais autoridades no assunto, por discutirem com maior profundidade e

criarem modelos preditivos com maior validade estatística, a partir das teorias

desses autores Cabrera, Nora e Castañeda (1992) criaram Modelo Integrado de

Permanecia, abordando 10 construtos preditores, englobando, as condições pré-

universitárias dos alunos, as dimensões financeiras, sociais e atitudinais,

integrando os estudos baseados na psicologia propostos por Bean (1982)e da

Sociologia proposto por Tinto (1975) acrescentando, fatores de persistência

integrados a variáveis econômicas:

1. Financiamento assistencial

2. Condições Financeiras do indivíduo

3. Desempenho escolar anterior

4. Encorajamento de pessoas próximas

5. Desenvolvimento acadêmico e intelectual

6. Desempenho nas Avaliações

7. Integração social

8. Compromisso com a instituição

9. Compromisso com o objetivo de se formar

10. Intenção de persistir na IES

Cabrera, Nora e Castañeda (1992), constataram que o apoio financeiro

institucional além de contribuir com a igualdade de oportunidades de acesso

48

também promove a inclusão, refletindo na integração acadêmica e social firmando

o comprometimento com a formatura.

O trabalho de Cabrera, Nora e Castañeda (1992) segue a tendência atual

Berger et al. (2012) de integrar várias teorias para desenvolver modelos mais

abrangentes e outros usaram constructos e teorias de outros autores para

elaborar modelos novos ou aprimorar os modelos existentes.

Por participar efetivamente do quadro referencial teórico dessa dissertação

o modelo de Cabrera, Nora e Castañeda (1992) será apresentado e discutido com

maior profundidade no próximo capítulo.

2.5.7 Estudos atuais sobre retenção discente

Entre os diversos trabalhos atuais sobre retenção, muitas são as propostas

para criação de programas de retenção dentro das universidades, nesse contexto,

Tinto (2005) leva em conta três problemas fundamentais a serem abordados:

implementação, inclusão e renda.

Refletindo sobre o problema da implementação, Tinto (2005) propõe

questões como o tempo de maturação e a longevidade dos resultados efetivos

dos programas, o envolvimento do corpo docente e do alunado em sala de aula e

a limitação dos programas baseados no enfoque Psicológico e Sociológico.

Embora alguns estudos, ainda evoluam no enfoque psicossial,

incorporando elementos ligados diretamente ao aprendizado, tal como o estudo

de Cabrera et al. (2006) que analisa a partir do pensamento de Bourdieu como o

capital social dos alunos adquirido na trajetória pré-universitária interfere na

retenção.

Colaborando com enunciado Berger et al. (2012) pondera também a

tendência da centralidade em estudos de médio alcance que explicam a interação

entre tipos específicos de estudante e específico tipos de campi, em vez da

49

orientação por macro teorias que tentam explicar a retenção para todos os tipos

de alunos de todos os tipos de campis,

O trabalho de Padgett, Johnson e Pascarella (2000), é um exemplo de

estudo com objetivo restrito, os autores que estudam o processo de retenção

discente de uma universidade norte americana e observam que os alunos que

cursam a segunda graduação possuem um comprometimento maior que

estudantes de primeira graduação, e também que as ações de apoio a retenção

utilizando-se de reforços cognitivos e psicossociais são mais eficazes em alunos

no primeiro ano de graduação.

Outro exemplo de estudo de caso refere-se a Pascarella, Seifert e Whitt

(2000) que concluíram que a estrutura física da sala e sua organização têm

efeitos positivos sobre a probabilidade de retenção do primeiro para o segundo

ano de faculdade.

Abordando o problema do engajamento, apontando possíveis falhas em

programas desconexos com as atividades acadêmicas e pedagógicas, revela o

equívoco de programas paralelos aos objetivos institucionais e discorre sobre

questões pedagógicas estruturais, ligadas a avaliação de desempenho, ensino,

aprendizagem em sala de aula e ao comprometimento do corpo docente.

Tinto (2005) aborda estratégias de ensino inovadoras, utilizando redes

colaborativas de aprendizagem evidenciando o sucesso de sua aplicação na

melhoria da aprendizagem do aluno, levando a maior persistência, ao

enriquecimento profissional do aluno e do corpo docente, por meio dos efeitos da

sinergia entre a socialização e o aprendizado.

Em seu mais recente trabalho, Tinto (2012) estuda as ações como

comunidades de aprendizagem e seminários do primeiro ano, mas ele também

destaca intervenções menos reconhecidas como instrução suplementar, a

aprendizagem cooperativa, e mentoring.

Nessa mesma linha de trabalho Kiyama e Luca (2014), focam o

desenvolvimento do capital humano das IES em seu estudo qualitativo,

pesquisaram a participação de mentores em IES, como pontes entre alunos

iniciantes, seus colegas e equipes de trabalho, constatando por meio de

50

resultados empíricos e depoimentos, que o programa proporciona resultados

efetivos na retenção dos alunos, por trazer benefícios sociais e estimular a

integração acadêmica, tanto para os alunos iniciantes quanto entre membros das

equipes de trabalho.

Cabrera e Trangsrud (2009) constatam em sua revisão bibliográfica que os

estudos seguem a tendência de abordar problemas localizados em vez de

sistêmicos, utiliza como construtos o trabalho de apoio acadêmico e o ambiente

do campus, os desafios acadêmicos, enriquecimento pelas experiências

educativas, as interações aluno-professor, e a aprendizagem ativa e colaborativa;

o estudo empírico faz o uso do método estatístico de regressão logística para

análise de dados qualitativos e quantitativos assim como a maior parte dos

estudos atuais.

A questão da equidade, no sentido do apoio institucional a alunos de

classes sociais menos favorecidas, abordada por Tinto (2005) se fundamenta em

pesquisas empíricas que revelam que alunos de baixa renda levam mais tempo

para concluir o curso.

Colaborando com Tinto Berger et al. (2012) afirmam que hoje estuda-se

tipos específicos de alunos e instituições, também tem havido um movimento para

integrar várias teorias para desenvolver modelos mais abrangentes, com alunos

de diferentes estratos socioeconômicos. Seguindo essa tendência Wendell (2009)

estuda o engajamento entre os alunos de diferentes grupos étnicos e a instituição,

concluindo que a diversidade estrutural pré-universitária ambiente criado as

condições para que os alunos integração na universidade.

Além de pesquisas focadas em problemas específicos, a abordagem

holística dos trabalhos sobre retenção também é tendência, sobretudo pelo fato

dos problemas ligados a retenção e evasão e suas consequências ganharem

tanta notoriedade ao ponto de serem consideradas prioridades, nesse contexto

aponta Tinto (2012) a necessidade dos gestores e líderes acadêmicos,

incorporarem ações ligadas a retenção tanto no apoio a decisões como

principalmente na elaboração de um planejamento estratégico institucionalizado,

substituindo as ações pontuais, nesse sentido a gestão e liderança devem tratar o

tema com maior comprometimento e profundidade.

51

Whistle (2014), aborda a relação entre as taxas de conclusão do curso e

retenção, diante de diferentes perfis de presidentes e instituições de ensino no

estado do Kentucky, suas conclusões sugerem a atuação dos presidentes em

diferentes IES em situações distintas.

O autor conclui que há situações em que é necessário um perfil

empreendedor ligado a finanças e levantamento de fundos, ou situações que

requerem um perfil acadêmico ligado ao desempenho escolar, mas em geral o

presidente com perfil acadêmico, leva as IES a obterem melhores taxas de

retenção e formatura.

Observando o problema sob a perspectiva do gestor na implantação de um

programa de retenção em uma universidade brasileira, Silva (2014), propõe como

fatores de sucesso a prática da missão institucional, o estabelecimento de

objetivos e metas, o engajamento da direção executiva, do corpo docente e

funcional, a implantação de sistemas de informação para acompanhamento e a

evidenciação dos resultados.

2.6 Os modelos preditivos propostos por Alberto F. Cabrera

Diante dos fenômenos observados no ensino superior Norte Americano,

nas décadas de 1980 e 1990 entre eles a busca pela igualdade de oportunidades

aos jovens em idade escolar e a ampliação da oferta do ensino superior Cabrera,

Nora e Castañeda (1992) observaram que poucos estudos se relacionavam ao

papel das finanças na retenção, embora grandes esforços por parte dos fundos

governamentais foram empenhados para financiar os estudos universitários de

jovens de baixa renda.

Do mesmo modo que a expansão do ensino superior brasileiro ocorre

entre vários fatores via financiamento público o governo Norte Americano

promoveu a expansão do financiamento nas décadas de 1980 e 1990, Cabrera,

Nora e Castañeda (1992) observaram que os trabalhos científicos escritos na

época tratavam especificamente da sensibilidade dos alunos e da eficácia do

52

apoio financeiro via programas de financiamento, porém o tema era tratado

isoladamente e não em conjunto com outros fatores ligados a retenção, presentes

nas teorias e modelos criados a partir da sociologia e psicologia.

Além do impacto do apoio financeiro via fundos governamentais Cabrera,

Nora e Castañeda (1992) ressaltam a importância do papel das finanças não

isoladamente e sim em perspectiva sistêmica, dentre os demais fatores que

influenciam na persistência, tais como características demográficas, condições,

pré-universitárias e aspectos motivacionais, os autores observaram que essa

visão integrada do apoio financeiro junto aos fatores de persistência observados

nas teorias antecessoras era uma lacuna a ser preenchida por sua pesquisa.

Observando essa oportunidade o trabalho de Cabrera, Nora e Castañeda

(1992) tiveram como objetivo explorar o papel das finanças e seus efeitos diretos

e indiretos na persistência, no contexto de variáveis econômicas e não

econômicas, a partir dos Modelos de Bean e Tinto.

Envolvendo as variáveis não econômicas propostas por Cabrera, Nora e

Castañeda (1992) encontram-se principalmente o desempenho acadêmico como

fator diretamente relacionado a persistência, contribuindo indiretamente com a

persistência o desempenho acadêmico pré-universitário e o apoio de pessoas

próximas, essas premissas colaboraram com os autores no desenvolvimento o

modelo integrado de permanência, classificando as variáveis preditivas de

persistência entre cognitivas e não cognitivas.

Como veremos adiante para explicar a participação do trabalho de Bean e

Tinto que formam os pilares do quadro teórico de Cabrera, Nora e Castanheda

(1992) em “The role of finances in the persistense process: A Structura Model”,

que estuda o papel das finanças na retenção em perspectiva sistêmica, também

serão explorados, os trabalhos “Structural Equations Modeling Test of

Anintegrated Modelof Student Retention” escrito por Cabrera, Nora e Castanheda

(1993) e “The Convergence between Two Theories of College Persistence”

Cabrera et al. (1992), ambos pesquisaram a convergência entre os modelos de

Bean e Tinto.

O Modelo de Integração Estudante, criado por Tinto, segundo, Cabrera et

al. (1992), Cabrera, Nora e Castanheda (1992), Cabrera, Nora e Castanheda

53

(1993) se desenvolveu por meio de uma linha de pesquisa em expansão

constante em estudos longitudinais por mais de 10 anos em diferentes tipos de

instituições com diferentes populações estudantis.

Com referência basilar entre os trabalhos sobre retenção, a construção do

Modelo do Atrito, criado por Bean, conforme Cabrera et al. (1992), Cabrera, Nora

e Castanheda (1992,1993) o estudo apresenta grande relevância ao explicar o

comportamento de persistência de estudantes tradicionais, ou seja, aqueles em

que predomina a graduação em tempo integral, em que compõe a faixa etária

entre 18 e 24 anos e normalmente não precisam trabalhar para custear os

estudos e alunos não tradicionais normalmente mais maduros, trabalham para

custear os estudos e estudam em tempo parcial.

Cabrera et al. (1992), Cabrera, Nora e Castanheda (1992,1993) reforçam

que entre as diversas teorias as duas teorias que fornecem um quadro teórico

mais abrangente sobre evasão do ensino superior são Student Modelo de

Integração de Tinto e o Modelo de Origem do Aluno de Bean, diante desse fato os

autores observam que as duas teorias têm tentado explicar o mesmo fenômeno.

Em sua pesquisa Cabrera et al. (1992), Cabrera, Nora e Castanheda

(1993), buscam explicar de forma empírica, a convergência e a validade e entre

essas duas teorias e em que medida os dois modelos podem se fundir para

melhorar a nossa compreensão do processo que afeta as decisões dos alunos

permaneçam na faculdade.

Ratificando a revisão feita anteriormente, observa-se que o trabalho de

Tinto conclui que os componentes acadêmicos e sociais moldam os dois

componentes individuais subjacentes à decisão de permanecer: o

comprometimento com a IES e o compromisso com a conclusão do curso, no

entanto Cabrera, Nora e Castanheda (1992) observam que no modelo de Tinto o

papel das finanças não é relevante, aparentemente por que os alunos que

recebem apoio financeiro não demonstram propensão a permanência mais alta do

que os alunos que não recebem apoio financeiro, no entanto os autores observam

que os alunos ajudados são de baixa renda e o trabalho de Tinto, nessa época,

não dava ênfase a capacidade de pagamento e consequentemente a equidade.

54

Estudando os modelos de Bean, Cabrera, Nora e Castanheda (1992)

observam que o papel das finanças na persistência é considerado uma extensão

dos fatores sociais, motivacionais e acadêmicos, os autores afirmam que na teoria

o papel das finanças se apresenta em duas dimensões uma objetiva que reflete a

disponibilidade financeira do aluno e uma subjetiva que considera a dificuldade do

aluno em dispor dos recursos financeiros para o financiamento dos estudos.

O impacto das finanças a partir do trabalho de Bean é considerado por

Cabrera, Nora e Castanheda (1992), não só como fator decisivo na evasão como

também relacionado indiretamente por meio de variáveis intervenientes que

incluem fatores acadêmicos e sociais que analisados do ponto de vista

psicológico resultam na satisfação com a IES e com a utilidade percebida da

educação, refletindo seus compromissos com a formatura com a IES

consequentemente sua intenção de persistir.

A partir das teorias de Bean (1982) e Tinto (1975), em sua revisão

bibliográfica Cabrera, Nora e Castanheda (1992) observam que vários trabalhos

empíricos, aplicados por meio de diferentes modelos e em universos distintos,

evidenciaram influência direta e indireta das finanças na permanência.

Apesar das evidencias, Cabrera, Nora e Castanheda (1992) observam

várias limitações ao estudar a influência das finanças na intenção de persistir,

entre elas a importância dos fatores objetivos e subjetivos relacionados ao papel

das finanças na persistência, a imprecisão dos indicadores de capacidade de

pagamento e a validade dos construtos utilizados para realizar as análises

estatísticas.

O modelo Cabrera, Nora e Castanheda (1992) se desenvolve

principalmente a partir das teorias de Tinto e Bean incorporando a capacidade de

pagamento proposta por Cabrera, às pesquisas sobre ajuda financeira de Nora a

influência de pessoas próximas na persistência proposta Nora e Pascarela (1980),

incorporando todas as variáveis do modelo de integração proposto por Tinto

definindo como o aluno é afetado na decisão de persistir enquanto ele está

matriculado na faculdade.

Reunindo os fatores de persistência, ou retenção discente e construindo o

modelo Cabrera et al. (1992) concluíram que a intenção do aluno persistir e o

55

compromisso com a IES medidos quando o aluno está matriculado, são

comportamentos preditivos da retenção.

O tralbalho de Cabrera, Nora e Castanheda (1992) foi desenvolvido por

meio de uma pesquisa lonjitudinal, para isso foi aplicado um questionário

desenvolvido a partir de trabalhos realizados por Bean (1982, 1985), Metzner

Bean (1987), Pascarella Terenzini (1980), Nettles, Gosman, Theony, Dandridge

(1983), Mowday, Steers e Porter, (1979); Pierce eDunham, (1987) e (Dunham,

1984), aplicado a alunos ingressantes dos quais, 61% não eram alojados em

moradia universitária e 67% trabalhavam em tempo parcial, solteiros com menos

de 24 anos.

A abordagem foi indireta por meio de um questionário enviado via correio,

contendo 79 questões, antes disso o questinário foi testado, revisado e corrigido

de 2453 questionários enviados foram obtidas 466 respostas, a validade

estatística dos questionários foi aferida por uma escala de confiabilidade através

da aplicação do alfa de cronbach.

Cabrera, Nora e Castanheda (1992) a partir do quadro referencial teórico

previamente elaborado utilizaram em sua pesquisa, a relação causal entre os

fatores de persistência testados empiricamente por meio de equações estruturais.

Os fatores de persistência foram elaborados a partir de construtos, como

variável dependente, a Persistência na Instituição (P); as variáveis

independentes a Intenção de Persistir, ou seja, a intenção de se matricular no

próximo semestre que forneceu a medida do construto (PI); o Compromisso

Institucional (CI) foi obtido a partir do sentimento de participação, da certeza na

escolha da IES, valor do diploma e importância de se formar pela IES e pelo

prestigio da instituição frente à comunidade, compilados em uma escala

exploratória e confirmatória dando origem ao construto; o Compromisso com os

Objetivos (GC) obtidos a partir da importância dados a formatura e da literatura

sobre comportamento organizacional; a Integração Social (SI) construto

elaborado a partir das relações sociais entre professores, alunos e funcionários da

IES; a Performance do Ensino Médio (HSQ) obtida pelo histórico escolar do

ensino médio testada e confirmada como medida preditiva do desempenho

acadêmico universitário; a Influência de Pessoas Próximas (SO) construto

56

elaborado a partir da percepção do aluno do apoio dado por pessoas próximas e

pela família e finalmente construto; as Finanças (FI) elaborado a partir de dois

elementos inter-relacionados, um componente comportamental e subjetivo

refletindo a importância dada pelo aluno ao apoio financeiro e um componente

objetivo medido por uma variável categórica que é o apoio financeiro

propriamente dito.

Figura 06 – Fluxograma das finanças no processo de persistência

Fonte: O papel das finanças no processo de Persistência, Cabrera (1992)

O trabalho pesquisa as teorias da retenção por meio de testes empíricos a

partir dos efeitos no desempenho acadêmico fatores motivacionais, institucionais

compostos por um complexo de variáveis e sua integração ao longo do tempo,

Cabrera, Nora e Castanheda (1992) observam que embora as linhas de

pesquisas voltadas para fatores sociais e financeiros afetem a persistência elas

não são convergentes.

A partir desse contexto os autores tentam fundir essas abordagens e

explicar o papel das finanças por meio de elementos tangíveis e intangíveis, tais

implicações levam Cabrera et al. (1993) a observar em aplicações práticas que a

ajuda financeira, aconselhamento acadêmico, e outros serviços de apoio, por si

só, não são suficientes para melhorar os índices de retenção.

57

Diante dessas premissas propõe-se um esforço concentrado por parte da

instituição que reúne os diferentes serviços de apoio aos estudantes para abordar

as demandas dos alunos.

Com uma abordagem inédita o estudo de Cabrera, Nora e Castanheda

(1992), considera a efetiva ajuda financeira governamental como também o

comportamento relacionado ao apoio financeiro estendido a outras fontes de

financiamento tais apoio financeiro concedido por familiares, por fundos privados

entre outros em uma perspectiva mais abrangente do papel das finanças no

financiamento estudantil.

Os resultados revelaram o caráter indireto da ajuda financeira sobre a

persistência, apesar de não haver efeito direto, o efeito sobre as variáveis

intervenientes, refletido na integração acadêmica, processos de socialização e

intenção de persistir, permitem concluir que há um efeito total significativo na

retenção, a partir de Cabrera, Nora e Castanheda (1992).

A imaterial indireta do efeito das finanças, leva a crer, que a concessão de

ajuda financeira dá ao aluno maior liberdade e condições para os alunos

participarem da vida universitária consequentemente refletindo, na socialização e

nos resultados acadêmicos, fatores preditivos da retenção.

Por meio dos componentes inerentes dos financiamentos concedidos aos

alunos eles também percebem que as instituições podem ser catalisadoras de

oportunidades e a prospecção de fundos futuros influencia no compromisso com a

instituição, a obtenção de recursos propriamente dita segundo Cabrera, Nora e

Castanheda (1992) revela a percepção material das finanças.

As aplicações práticas do modelo Cabrera, Nora e Castanheda (1992)

sugerem que os analistas e gestores de políticas públicas bem como os gestores

das IES devem visualizar o efeito das finanças em um determinado contexto,

levando-se em conta o desenvolvimento intelectual e acadêmico, fatores de

socialização e interação e fatores motivacionais, ou seja, os fatores ligados a

tomada de decisão de persistência, de modo a garantir a retenção dos alunos e a

eficácia do financiamento.

58

O autores concluíram que os pesquisadores institucionais e gestores de

políticas educacionais devem levar em conta a interação entre fatores

institucionais, pessoais e externos ao desenvolver e avaliar programas destinados

a prevenir o desgaste da faculdade e que monitorando os fatores que foram

preditivos de intenção de persistir poderia ajudar os gestores a identificar, desde

cedo, os estudantes que estão em risco de abandonar a faculdade e,

posteriormente, ajudar no desenvolvimento de estratégias de prevenção precoce.

59

3 MODELO PROPOSTO

A partir da revisão bibliográfica que observa o problema da retenção

discente na perspectiva do sistema de ensino, das IES e dos cursos, buscando

inserção no contexto educacional brasileiro, em meio as suas características

sociais econômicas e demográficas; população com baixo nível de escolaridade e

qualificação para o trabalho. Vive-se o momento de expansão e democratização

da oferta do ensino superior ao mesmo tempo em que se exige padrões de

qualidade a todo o momento colocados à prova pelo mercado de trabalho.

Nesse cenário o modelo proposto, estuda os problemas relacionados a

evasão e retenção discente nos cursos de Ciências Contábeis, por meio de um

estudo de caso numa IES da região central paulista.

Tendo em vista que os estudos sobre retenção discente são

compreendidos por meio das instituições de ensino, dos alunos e de fatores

externos, a pesquisa explora lacunas na literatura brasileira, no que se refere a

modelos de aplicação empírica, fundamentados em aspectos acadêmicos,

sociais, econômicos e comportamentais, que constituem a base para a

construção das teorias psicossociais sobre evasão e retenção discente

elaboradas por Tinto (1975) e Bean (1982).

Tais circunstâncias levam a discussão dos modelos preditivos de retenção

discente e sua contribuição com a gestão das IES e do sistema de ensino,

desencadeando a questão problema: Como se relacionam os fatores que

influenciam na retenção discente da matricula até a conclusão, no curso de

Ciências Contábeis, a partir do modelo proposto por Cabrera, et al. (1992).

Atentando-se ao fato de que ações que levam a retenção discente podem

ser compreendidas como reação ou prevenção a evasão o presente, modelo tem

como objetivo geral explorar por meio de pesquisa teórica e empírica os fatores

preditivos da retenção discente, fundamentados em aspectos acadêmicos,

sociais, econômicos e comportamentais, propostos por Cabrera et al. (1992),

Contribuindo com a gestão do ensino superior e identificando parâmetros

para avaliação da eficiência e eficácia do Ensino de Ciências Contábeis no

Estado de São Paulo.

60

Em busca do objetivo o presente trabalho propõe um modelo estatístico

híbrido originário do trabalho de Cabrera et al. (1992), contemplando a

incorporação de vários modelos principalmente os de Tinto (1975) e Bean (1982).

Enquanto, Tinto (1975) que comprova que componentes acadêmicos e

sociais moldam os dois componentes individuais subjacentes à decisão de

permanecer, o comprometimento com a IES e o comprometimento com a

conclusão do curso, Bean (1982), baseado na psicologia comportamental busca a

influência de fatores cognitivos e não cognitivos, tais como Intenções, Atitudes e

Fatores ambientais entre eles aprovação de colegas, condições financeiras etc.

Cabrera (1992) em seu modelo, incorporando modelos predecessores,

entre os quais, Tinto (1975) e Bean (1982, 1985) adiciona variáveis econômicas

às teorias psicossociais, relativas às condições econômicas dos alunos a partir de

questões relacionadas à capacidade financeira para custear o curso de maneira

independente ou por meio de apoio financeiro, em outras palavras, financiamento

público ou privado.

Nesse contexto o presente modelo, ganha destaque devido conjuntura de

ampliação de fundos de financiamento públicos via FIES e PROUNI e privado, via

sistema financeiro, no contexto atual brasileiro.

Trabalhos que estudaram a retenção discente, elaborados por Cabrera et

al. (1992) em geral apontam um número de fatores entre 7 e 9 fatores (construtos)

que influenciam na persistência, nesse sentido, os fatores são também

conhecidos como variáveis latentes na modelagem de análise fatorial.

A fim de saber o número de fatores que estão presentes na persistência

dos alunos, serão feitas análises exploratória e confirmatória, para criação dos

construtos. Finalmente será feita uma modelagem por equações estruturais

objetivando a compreensão das relações causais entre os construtos, em outras

palavras como se relacionam os fatores de permanência ou retenção discente, a

partir de adaptações feitas ao modelo propostos por Cabrera et al (1992).

Para elaboração da pesquisa os dados foram obtidos por meio da

aplicação direta de um questionário semiestruturado de produção própria, fazendo

o uso da escala de Likert e de perguntas dicotômicas, contendo 37 perguntas,

61

contemplando o número de 181 observações das quais 26 foram expurgadas por

erro no preenchimento e aplicação, contemplando o total de 155 observações

viáveis.

A partir dos dados coletados cada pergunta do questionário indicador terá

uma carga associada com cada fator. As cargas refletem as relações entre os

fatores e os indicadores, para isso será utilizada a Análise Fatorial Exploratória

AFE.

A fim de conhecer a estrutura latente (fatores) duas etapas foram

percorridas: a primeira que estudou o número fatores existem nos dados (fator

extração) e a segunda explora a relação entre os fatores (rotação de fatores).

Dado que o número de construtos em diferentes trabalhos relacionados

com persistência dos alunos está em num intervalo entre 8 e 12 o objetivo foi

fazer AFE com os questionários aplicados aos alunos para saber o número de

fatores plausíveis a partir dos dados.

Condicionado ao fato de que é conhecido o número de fatores e que cada

indicador está associado só a um fator, pode-se fazer uma Análise Fatorial

Confirmatória AFC e logo depois uma Análise Estrutural AEE.

Frequentemente pesquisadores estão interessados em saber como um ou

mais construtos estão relacionados entre si (variáveis latentes), por exemplo, o

comprometimento com a IES e o desempenho acadêmico dos alunos, as relações

entre os construtos são descritas por meio de um modelo de equações estruturais

MEE.

A metodologia MEE é similar a metodologia de regressão linear múltipla,

porém, ao invés de ter variáveis observadas tem-se variáveis latentes ou

construtos, as variáveis latentes podem ser exógenas ou endógenas, assim

segue a relação entre os construtos abaixo.

No modelo proposto assume-se que entre os fatores adaptados da revisão

bibliográfica, obtêm-se como construtos preditivos da retenção, os fatores não

cognitivos que exploram influencias ambientais e comportamentais tais como:

Financiamento assistencial AF

Condições Financeiras dos alunos CF

62

Desempenho escolar anterior DEA

Encorajamento de pessoas próximas EPP

Incorporados como fatores cognitivos são foram utilizados:

Desenvolvimento acadêmico e intelectual DAI

Desempenho nas Avaliações DA

E contemplando o comportamento referente ao engajamento com a

instituição e com o curso:

Integração social IS

Comprometimento com a instituição CI

Compromisso com o objetivo de se formar CO

O questionário foi aplicado a alunos a partir do segundo ano, ou seja,

alunos que já possuem um histórico de persistência, dado que o período crítico de

maior ocorrência de evasão segundo Tinto (2012) se dá na transição entre o

primeiro e o segundo ano.

63

4 AMBIENTE LEGAL, ENSINO E GESTÃO

Um dos principais fundamentos dos estudos sobre retenção e evasão

discente é a diferenciação de evasão do curso IES e do sistema de ensino um

dos pontos de partida para o trabalho de Tinto (1975), o autor também classificou

comportamentos indesejáveis como fracasso acadêmico, desistência voluntária,

abandono, afastamento temporário e transferência, de modo semelhante ao que

vivenciamos no Brasil.

Hoje é consenso a importância das Instituições de Ensino e dos fatores

externos e internos na decisão do aluno permanecer ou evadir o curso,

contemplando essas múltiplas visões foram criadas teorias e modelos preditivos

qualitativos e quantitativos a partir do sistema de ensino Norte Americano. O MEC

por Meio da SESU-Secretaria do Ensino Superior a ordenar fatores que leva a

retenção e a evasão em três grupos distintos conforme relata Pereira (2003, P.

47)

Fatores referentes a características individuais do estudante:

fatores relativos à habilidade de estudo, personalidade,

desencanto com cursos escolhidos em segunda ou terceira

opção, desinformação no momento da escolha do curso;

Fatores internos às instituições: relativos a questões

acadêmicas, tais como currículos desatualizados, rígida cadeia

de pré-requisitos para as disciplinas; falta de formação

pedagógica ou desinteresse do docente; insuficiência de

estrutura de apoio como laboratórios de ensino e de informática;

Fatores externos às instituições: relacionados às condições da

profissão no mercado de trabalho, conjunturas econômicas

específicas, vinculados a dificuldades financeiras do estudante.

64

Figura 07 – Perspectiva da evasão e retenção discente

Fonte: O autor,2015.

Partindo dessas premissas visando ampliar a reflexão e discussão sobre o

problema, o trabalho segue contextualizando o sistema de ensino, as IES e o

perfil dos cursos e alunos dos Cursos Ciências Contábeis, desenvolvendo os

tópicos a seguir: Evolução Histórica do Ensino Superior no Brasil, Legislação e

Avaliação do Ensino Superior no Brasil, Planejamento Estratégico do Ensino

Superior no Brasil, Serviços Educacionais como Setor Econômico, Desafios da

Gestão Estratégica das Instituições Ensino Superior, Desafios do Ensino de

Ciências Contábeis no Brasil.

4.1 Evolução histórica do Ensino Superior no Brasil

O ensino superior marca sua origem e contextualização histórica na

Europa, inicialmente com a finalidade de capacitar pessoas para assumir funções

específicas na burocracia estatal, “constituindo-se praticamente como único

empregador dos egressos das universidades, os Estados Nacionais ditavam os

conhecimentos que deveriam ser produzidos e ensinados, úteis às suas ambições

e seu fortalecimento. ” (NASCENTE, 2010, p.45).

Fatores externos

Instituição de ensino

Aluno

65

As transformações sociais do século XVIII culminaram na revolução

industrial e projetaram um novo cenário para o ensino superior, de modo que, as

necessidades do Estado prescindiram as iniciativas de empreendedores.

Segundo Nascente (2010), a partir do século XVIII com a Revolução Industrial, o

controle estatal, sobre a universidade foi diminuindo em função das necessidades

de formar profissionais para o comércio e para indústria.

No Brasil, o ensino superior emerge no século XIX sobre influência da

igreja católica, com a chegada da coroa portuguesa, ainda que tardia e em

descompasso com a realidade europeia, segundo Durham (2005, p. 201)

obedeceu inicialmente à tradição Napoleônica.

A transição entre o Império e a República foi oportunidade para um grande

salto quantitativo e para a estratificação entre instituições mantidas pelo poder

público e pela iniciativa privada, período em que foram criadas as primeiras

instituições de ensino superior confessionais: “De fato, com a proclamação da

República, a nova Constituição descentralizou o ensino superior, e permitiu o

aparecimento de novas instituições, tanto pelas demais instâncias do poder

público (estaduais e municipais) quanto pela iniciativa privada.” (DURHAM, 2005,

p. 201).

As universidades começam a desenhar seu formato atual a partir da

primeira metade do século XX, conforme relata De Paula (2009), representadas

principalmente pela Universidade do Rio de Janeiro (atual UFRJ), criada em 1920

e Universidade de São Paulo (USP), fundada em 1934, suas concepções foram

influenciadas respectivamente, e pelos modelos, francês e alemão.

Desde a concepção original havia a dicotomia entre os dois modelos, o

francês com uma formação predominantemente utilitarista, conhecido como

modelo napoleônico, “caracterizado por escolas isoladas de cunho

profissionalizante, com dissociação entre ensino e pesquisa e grande

centralização estatal” (DE PAULA, 2009)

Com uma proposta mais independente e comprometida com a ciência

presente no modelo Alemão “O modelo alemão enfatiza a importância da

pesquisa na universidade, e mais do que isto, a indissociabilidade entre ensino,

pesquisa e formação” (DE PAULA, 2009), essa concepção, alemã predomina

66

Brasil como referencial de qualidade, portanto as universidades de excelência em

pesquisa são as mais procuradas e apresentam um status de maior prestígio.

No período de intervenção militar, Macedo et al. (2005, p.128) revela que

embora houvesse grande frustração com o governo e muita pressão política,

ocorreram grandes transformações no ensino superior, nesse período segundo o

autor, a Lei de Diretrizes e Bases de 1968 (BRASIL, 1968), no art. 2º, adota uma

concepção de reforma, estabelece o ensino superior indissociável da pesquisa,

ministrado em universidades e, apenas excepcionalmente, em estabelecimentos

isolados, organizados como instituições de direito público ou privado.

A legislação instituiu o vestibular, as avaliações de seleção e a

meritocracia, em contraponto, levou a restrição do acesso tal como observa

Macedo et al. (2005, p.129):

Assim, ao lado da reformulação da natureza dos exames vestibulares, que ao eliminar a figura do excedente apenas encobriu a dolorosa marca da exclusão característica das carreiras de alto prestígio social, houve a extinção da cátedra, o estabelecimento de uma carreira universitária aberta e baseada no mérito acadêmico, a instituição do departamento como unidade mínima de ensino e pesquisa, e a criação dos colegiados de curso.

O percurso início anos 1960 demonstra uma pequena evolução

quantitativa, o modelo de ensino superior focado predominantemente no poder

público e em universidades, o sistema estava sob forte regulação e

impossibilitado de crescer para responder as demandas da época.

Segundo Macedo et al. (2005, p.129) o Conselho Nacional de Educação

CNE viabilizou a expansão do ensino superior por meio da criação de faculdades

isoladas e esse fato, proporcionou um forte crescimento no decorrer da década

1970 até o início da década de 1980 que marca um período de estagnação.

Veremos a diante no tópico que abrange a legislação do ensino superior

que a constituição de 1988 e a criação da LDB de 1996 deram origem ao atual

marco regulatório do Ensino Superior, vale destacar que estas leis causaram

grande impacto quantitativo, devido principalmente, a consolidação da

participação do setor privado nas políticas educacionais, segundo Macedo et al.

(2005, p.129) essa é a segunda fase de forte expansão do sistema de ensino

superior.

67

A partir do final dos anos noventa, o Brasil ganha maior relevância no

cenário internacional, como país em desenvolvimento no mundo globalizado a

cooperação e ação coordenada entre Estados Nação passa a fazer parte das

políticas educacionais, da mesma forma que novos arranjos produtivos desafiam

a universidade e o papel do Estado na educação encontra novos desafios:

Na era da informação mundial, uma estratégia educativa ainda tem necessidade de ser pelo menos em parte nacional, sobretudo nos países marcados pela diversidade e desigualdade econômica entre os regimes. No entanto, como veremos ulteriormente, a estratégia mais produtiva para o Estado Nação na economia mundial, consiste, sem dúvida, em tornar-se mais reguladora, informativa e “igualizadora”, em vez de administrar o sistema a partir do topo da hierarquia. (CORNOY, 2002).

Diante dessa realidade catalisada por meio de um processo que Cornoy

chama de “mundialização”, (MONTEIRO, 2010, p.24), afirma que a escola

contemporânea seria um modelo da sociedade industrial e o futuro do ensino

mundial está ligado a três palavras chave, relevância qualidade e

internacionalização.

O papel da educação na esteira da sociedade pós-industrial proporciona

uma série de mudanças, tais como apontadas por Porto e Régner (2003) a

organização econômica da prestação de Serviços Educacionais, a intensificação

da competição, a extrapolação dos papéis clássicos que tornam as IES mais

visíveis e vulneráveis e as mudanças estruturais, que fazem surgir novos

concorrentes e parceiros, da universidade.

A partir da organização econômica da educação surge a liberalização de

sua forma original, reconfigurando sua atuação Porto e Régner (2003) apontam à

tendência da diversificação da prestação dos serviços, direciona para uma

aprendizagem continuada e assíncrona, o modo de execução das atividades

acadêmicas tende a sofrer profundas mudanças, influenciadas pelas novas

tecnologias e pelo modelo de produção em massa.

Observa-se também a estratificação entre instituições de ensino públicas e

privadas, consequentemente o papel do Estado na educação passa por

transformações, obrigando os seus participantes a se adaptarem a tendências

mundiais e a realidades locais, relatadas no enunciado abaixo:

Em nenhuma outra época da história da humanidade ocorreram tantas e tão rápidas transformações como nos dias de hoje. Essas

68

transformações são produtos dos avanços tecnológicos, da reestruturação do sistema de produção, do papel do Estado, da organização do trabalho, entre outros tantos fatores que afetam a educação, inclusive no nível universitário, cobrando uma nova postura da universidade que contemple a formação de profissionais mais flexíveis e polivalentes, através de uma ação educativa que desenvolva habilidades e competências sociais e pessoais. (MARTINS, 2010, p.32).

Os fenômenos acima evidenciados ilustram o paradigma atual de acordo

com Mitter (2009, p.128) “a globalização estimula a comparação entre temas de

âmbito local (nacional e regional, respectivamente) e tendências mundiais,

enfatizadas com a inclusão da dimensão histórica”; consequentemente a

visibilidade da educação no contexto global traz à tona o uso dos indicadores

sociais na avaliação de desempenho dos sistemas educacionais dos países,

aferidos por organizações globais tais como a OCDE e a UNESCO.

Diante desse panorama a educação contemporânea expande suas

fronteiras assumindo estudos de maior amplitude, nessa perspectiva Mitter (2009,

p.128), observa os benefícios da educação comparada, ainda de acordo com o

autor, “o efeito positivo é a união de pesquisadores de diferentes países e regiões

para dar início e continuidade a projetos comparados e, consequentemente,

conectar a expertise nacional com a visão do estrangeiro, qualificada por uma

atitude de distanciamento”.

A partir das múltiplas visões da educação no mundo globalizado Mitter

(2009, p.128) observa três tendências: a ampliação geográfica das áreas

temáticas, a junção de configurações culturais distintas aos estudos comparativos

entre sistemas educacionais e a definição da educação comparada como uma

área de pesquisa e reflexão da ciência educacional e social.

Por outro lado, a busca pela padronização dos currículos, na intenção de

facilitar o processo de internacionalização, se torna cada vez mais presente,

fenômeno evidente na Europa [...] A expressão “Processo de Bologna” se refere a

uma série de decisões que vem sendo tomadas pelos governos da União

Europeia, com a adesão crescente de outros países, para reformar e tornar

compatíveis entre si os sistemas de ensino superior de cada um.

(SHWARTSMAN, 2014).

Ao estudar as estruturas curriculares das IES na atualidade, Schwartzman

(2014) revela a aderência da União Europeia aos modelos dos sistemas de

ensino Inglês e irlandês, bastante semelhantes ao Norte Americano. No Brasil, a

69

expansão do ensino superior inspira-se no sistema de ensino Anglo Americano e

na União Europeia, utilizando indicadores da OCDE como parâmetros de

referência.

O contexto atual marcado pela LDB de 1996 promove a ampliação do

ensino superior por meio de Faculdades e Centros Universitários, buscando a

formação direcionada ao mercado de trabalho, nesse sentido várias ações são

colocadas em prática para suprir nossas deficiências quantitativas e qualitativas,

tais como a criação do FIES fundo de desenvolvimento do ensino superior pela lei

n° 10.260, de 12 de julho de 2001, que promove a inclusão de jovens de baixa

renda no sistema de ensino superior, via financiamento público de mensalidades

em instituições privadas de ensino superior.

A criação do PROUNI Programa Universidade para Todos pela Medida

Provisória nº. 213, de 10 de setembro de 2004, convertida na Lei nº. 11.096, de

13 de janeiro de 2005, tal como FIES que financia mensalidades em instituições

de iniciativa privada em contrapartida a imunidade e isenção de tributos federais.

A reforma universitária (REUNI) instituída pelo Decreto nº 6.096, de 24 de

abril de 2007, que ampliou significativamente o número de vagas e de Instituições

de Ensino Federais, criando principalmente cursos noturnos, e ações diretivas,

promovendo inovações pedagógicas, visando diminuição das desigualdades

sociais do país, sobretudo por meio da interiorização do ensino superior.

A Implantação do Sistema de Seleção Unificado por meio da Lei 12.711 de

29/08/2012 de modo que SISU passa a ser a principal forma de seleção para os

candidatos às vagas de muitas instituições públicas de ensino superior.

E no âmbito qualitativo a criação do SINAES (Sistema Nacional de

Avaliação do Ensino Superior), criado pela Lei n° 10.861, de 14 de abril de 2004,

que organizou um processo dividido em avaliação institucional e avaliação dos

cursos, assunto a ser detalhado no capítulo que abordará a avaliação do ensino

superior.

70

4.2 Legislação e avaliação do Ensino Superior no Brasil

A regulamentação do ensino superior, em sua configuração atual se

apresenta a partir da Constituição Federal de 1988 (artigos 207, 208, 213 e 218) e

da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9394/1996).

Os pilares da LDB dão prioridade à classificação jurídica das IES, a partir

de sua finalidade e em consequência disso seus direitos e obrigações legais.

O Art. 19º da LDB classifica o IES em duas categorias administrativas:

pública ou privada.

As IES públicas criadas, mantidas e administradas pelo poder público,

federal, municipal e estadual.

O Art. 20º da LDB classifica as instituições de ensino de iniciativa privada

conforme a seguinte disposição:

I - particulares em sentido estrito, assim entendidas as que são

instituídas e mantidas por uma ou mais pessoas físicas ou jurídicas de direito

privado que não apresentem as características dos incisos abaixo.

II - comunitárias, assim entendidas, as que são instituídas por grupos de

pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas, inclusive cooperativas de

professores e alunos que incluam na sua entidade mantenedora representantes

da comunidade.

III - confessionais assim entendidas as que são instituídas por grupos de

pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas que atendem a orientação

confessional e ideologia específicas e ao disposto no inciso anterior.

IV - filantrópicas, na forma da lei.

A partir da legislação, segundo Shuwartsmam e Suwartsmam (2001)

admitem que as IES com fins lucrativos, ou particulares no sentido estrito têm

utilidade pública, essa justificativa concede o direito à exploração econômica por

pessoas físicas ou jurídicas de iniciativa privada, de modo que o posicionamento

do Estado não se limita apenas a regulamentar, mas também busca dar

71

legitimidade a participação do setor privado no ensino superior, segundo

Shuwartsmam e Suwartsmam (2001):

É possível argumentar que, em seu conjunto, a legislação vigente, as normas emanadas do Conselho Nacional de Educação e os atos do Poder Executivo têm buscado estabelecer uma posição de equilíbrio entre estas posições extremas. A educação superior continua sendo considerada uma função pública, mas não como monopólio, e o setor privado não é mais percebido como mal necessário, e sim como participante legítimo e importante para o cumprimento desta missão.

Desse modo a manutenção das IES coincide com a busca por eficiência

financeira e relaciona-se inclusive ao planejamento tributário, condicionado à

opção e caracterização jurídica conforme o Parecer CNE/CES nº 204/2008 Diário

Oficial da União 19/11/2008 segmenta, as IES geridas pela iniciativa privada

conforme a finalidade em Lucrativas, sem fins lucrativos incluindo as comunitárias

e confessionais e as filantrópicas, implicando em regimes de tributação distintos,

como exibe o quadro a seguir.

Tabela 01 – IES com e sem fins lucrativos / filantrópicas

Enquadramento Jurídico Com fins

lucrativos Sem fins lucrativos Filantrópicas

Lei nº 9.394 LDB Particulares Confeccionais Comunitárias Filantrópicas

IRPJ e CSLL Lucro Real Imune / Isenta Imune / Isenta Imune

SISTEMA S. SAT. SED Imune

INSS S. Folha (trabalhador)

INSS S. Folha (patronal) Imune

PIS sobre Folha LC N.7 Lei do Pis

ISS e IPTU IMUNE IMUNE Imune

ITBI Imune

Contribuição de Melhorias Imune

Cofins RECEITA SUB JUDICE SUB JUDICE Imune

PIS sobre RECEITA LC N.7 Lei do Pis

IPVA ICMS e IPI (IMPORT) IMUNE IMUNE

Fonte: Elaboração própria a partir da LDB 1996 e Legislação Tributária

A tabela demonstra o regime tributário diferenciado as IES de iniciativa

privada sem fins lucrativos e as IES filantrópicas, que possuem um bônus via

imunidade e isenção de tributos em contrapartida a um controle estatal mais

rígido, por outro lado a regulamentação deu oportunidade para as (IES) poderem

ter fins lucrativos e atrair o investimento privado para educação, diante dos

72

possíveis enquadramentos jurídicos e consequentemente direitos e obrigações

subjacentes, tais condições evidenciam a tendência da liberalização do ensino

superior, conforme o enunciado abaixo:

Pelas estatísticas oficiais 12% das IES são públicas, dos particulares 34% declaram-se com fins lucrativos, nota-se que esse número vem crescendo rapidamente. Ao que parece, isso reflete controles burocráticos mais severos para IES sem fins lucrativos, visando que não estão nessa categoria apenas para se evadir de impostos. Algumas IES acham mais conveniente pagar os impostos para se verem livres do controle governamental. (CASTRO; GIUNTINI; LIMA, 2012).

Além da concessão da exploração econômica, a legislação atua também

como reguladora da ampliação do acesso que passou a ser fomentada pelo

financiamento público por meio do custeio de mensalidades a alunos de baixa

renda, pelo FIES e PROUNI.

Tabela 02 – Financiamento público – PROUNI

PROUNI Prouni/Impostos Com fins

Lucrativos Sem fins

Lucrativos Filantrópicas

Obrigações da Adesão Art. 8º,

Lei nº. 11.096/2005

01 bolsa para cada 10,7 estudantes

regularmente pagantes

01 bolsa para cada 10,7 estudantes

regularmente pagantes

01 bolsa para cada 09 estudantes regularmente

pagantes

Benefícios da Adesão Art. 8º,

Lei nº. 11.096/2005

Isenção de IRPJ, CSLL, COFINS e

PIS

Isenção de IRPJ, CSLL, COFINS e

PIS

Fonte: Portaria Nº 4.415, de 30 de dezembro de 2004.

O processo de avaliação também é objeto da Lei 9394/1996, que evidencia

os componentes das avaliações exigidas pelo MEC com o apoio do INEP e do

SINAES que a partir de 2004 controla o processo de avaliação institucional,

avaliação dos cursos e avaliação discente.

A avaliação no momento atual é bastante discutida, talvez falhada

legislação, pois enquanto alguns entendem que IES com baixo desempenho

qualitativo devem ser punidas, outros entendem que a avaliação deve ser

formativa e não punitiva, o fato é que as IES com baixo desempenho são

73

implicadas em sanções, que vão da diminuição do número de vagas ao

descredenciamento.

Antes das sanções as IES são submetidas a prazos para diligências,

incluindo visitas in loco e intervenção corretiva do MEC nos processos

administrativos, essa postura leva ao questionamento referente à sobreposição da

legislação por atos normativos de autorização e avaliação conforme observado

por Fagundes, Covac e Silva (2012):

[...] os mecanismos de regulamentação setorial das instituições de ensino superior no Brasil se confundem com os mecanismos de autorização e avaliação destas, empregados pelo Ministério da Educação (MEC), em uma sistemática que atribui grande poder aos atos normativos expedidos pelo MEC, os quais muitas vezes se chocam com as próprias leis instituidoras (LDB e Sinaes) [...]

A revisão e a atualização da legislação principal ocorrem por meio da

edição de inúmeras Medidas Provisórias, Decretos, Resoluções e Pareceres do

Conselho Nacional de Educação, Conselhos Profissionais, segundo Shuwartsman

(2001, p.5) “Esta enorme quantidade de normas que se sucedem

permanentemente torna impossível qualquer tentativa de sistematizar o marco

normativo relativo ao ensino superior privado, exceto em suas linhas mais gerais,

ou em relação a questões muito específicas”.

Além da preocupação com a finalidade, a sustentação da expansão e a

manutenção da qualidade também fazem parte do escopo da legislação, em um

cenário mundial projeta a busca pela universalização da educação em todos os

níveis.

A imperativa expansão do ensino superior provoca reflexões e ações que

culminam na racionalização da aplicação dos recursos financeiros direcionados a

eficiência das políticas públicas, levando a revisão da postura do Estado frente

aos desafios atuais do ensino superior.

Segundo Nascente (2010, p. 45)o cenário desloca o papel do Estado de

supervisor para regulador, por meio da criação e manutenção de um sistema de

auto avaliação, que garanta os mínimos padrões de qualidade das IES,

compatíveis com as demandas sociais econômicas.

74

Nesse sentido, observa-se a ocorrência da convergência de interesses

mediante a criação de uma política pública envolvendo o Estado e a sociedade,

na intenção de promover ao mesmo tempo a expansão quantitativa e a

manutenção da qualidade conforme a afirmam Covac e Silva (2012, p.60):

A partir da premissa que emerge da colaboração entre Estado e Sociedade, igualmente emerge a necessidade de que a educação superior seja objeto de constante avaliação. A importância da avaliação da educação superior advém do próprio ato educativo e seus vários procedimentos sistemáticos.

Reafirmando a posição do Estado, frente à necessidade da manutenção da

qualidade, e a concessão da exploração econômica Shuwartsman e

Shuwartsman (2001, p.7) defendem que: “A busca de lucro nos empreendimentos

educacionais não é mais percebida como antagônica, em princípio, aos fins da

educação, ainda que possa vir a sê-lo na prática e daí a necessidade de sistemas

públicos de acompanhamento e avaliação de qualidade e resultados”.

Colaborando com autor Castro, Giuntini e Lima (2012) entendem que a

ampliação do sistema e a busca por eficiência da gestão financeira não garantem

a qualidade e o valor agregado aos serviços educacionais, mas, segundo os

autores não é a exploração econômica da atividade que gera a ineficiência do

sistema e resultados ruins nas avaliações.

O processo de avaliação como vimos a partir do capítulo anterior inicia-se

por meio da aplicação da LDB de1996, que evidencia os componentes das

avaliações exigidas pelo MEC apoiado pelo INEP, executadas pelo SINAES em

um processo integrado por meio de três critérios que se complementam,

avaliação Institucional, avaliação dos cursos e avaliação discente.

A avaliação discente composta pelo desempenho dos alunos nas

avaliações do ENADE, as informações apresentadas nos quadros a seguir

comparam resultados agregados das avaliações realizadas por instituições

brasileiras financiadas com recursos públicos e privados em diferentes categorias

administrativas, exibindo resultados muito próximos.

75

205

215,9

211,6

227,2

265,7

0 100 200 300

Total Inicitativa Privada

Capital aberto

Pública

Gráfico 02 – ENADE institucional e índice geral de cursos 2011 (IGC)

Fonte: (CASTRO; GIUNTINI; LIMA, 2012)

Na prática o sistema de ensino e as IES são avaliados pelo Estado e

mercado, porque grande parte dos itens da avaliação proposta pelo MEC são

valores percebidos por seu público alvo, ou seja, por seus alunos e por pessoas

que podem ser consideradas “clientes” atuais ou futuros das instituições de

ensino, de maneira que a intervenção Estatal, no sentido deque o resultado e a

regulação também são utilizados como referência de imagem, qualidade e

posicionamento, compilados no Status das IES, de maneira que as avaliações do

MEC, também servem como instrumentos de melhoria contínua das IES, exibindo

oportunidades de aprimoramento da qualidade do ensino entregue aos alunos e a

sociedade.

Apesar das controvérsias a respeito da eficácia do sistema, principalmente

devido a sua variância diante do universo grande e diverso do nosso sistema

federativo, e do recente histórico de aplicação, a tendência é de continuidade e

aprimoramento. (CASTRO; GIUNTINI; LIMA, 2012).

O recente histórico de avaliações tende a aprimorar-se à medida que

surjam questionamentos, um dos principais é o uso do resultado das avaliações

como diferencial competitivo. A citação abaixo se refere à acurácia da avaliação e

a representatividade do seu resultado diante da multiplicidade de indicadores

agregados em um único índice e seu resultado final.

3,1

3,2

3,2

3,3

3,5

0 2 4

ICG ENADE

76

No caso do ranking das IES, outro problema é o fato dele ser formado por vários componentes que são compilados num único indicador. Devido à falta de justificativa para os pesos atribuídos aos diferentes componentes e o fato da classificação final ser sensível a ponderações diferentes, a escolha ad hoc torna questionável a utilidade do resultado final encontrado. (ANDRADE, 2011, p. 21).

As controvérsias acerca das avaliações não anulam sua relevância, porém,

tão importante quanto os indicadores do ENADE e IGC Índice Geral de Cursos,

uma política interna de qualidade bem estruturada proposta pela CPA, focada na

auto avaliação e no valor percebido pelos clientes internos e externos, ou seja,

alunos, professores e funcionários; é necessária.

A articulação entre a avaliação e o planejamento estratégico permite o direcionamento do processo de tomada de decisões, pois a avaliação é mais que um conjunto de dados aleatórios, é parte de um processo maior de tomada de decisão de mudança organizacional. (STORANI; SENO, 2010, p. 260).

Essa tônica evidencia a intenção da valorização da gestão da qualidade, a

partir dos processos internos das IES, orientando a Gestão Estratégica

fundamentada nas exigências das partes interessadas, além das políticas

públicas nacionais do Ensino Superior.

4.3 Planejamento estratégico do Ensino Superior no Brasil

O papel da educação frente à globalização, e a transformação da economia

industrial em economia do conhecimento são de protagonismo num mundo em

que a informação tem cada vez mais valor, (Monteiro 2010, p.24) considera

educação um meio necessário para fazer frente à velocidade das mudanças

vividas na era do conhecimento.

O acesso ao sistema de ensino, bem como sua qualidade transcendem os

imperativos econômicos, são necessidades básicas, para o desenvolvimento

humano, Porto e Reginer (2003, p.6) entendem que o acesso ao ensino em níveis

mais elevados não é apenas uma exigência econômica, é também um indicador

do grau de democracia e justiça social de um país.

A criação das políticas educacionais leva em conta principalmente a sua

justificativa social e a projeção de futuro, sua participação central como temática

projetiva de desenvolvimento nunca obteve tanto destaque nas agendas da mídia,

77

governos, sociedade civil e iniciativa privada, essa tônica revela as

potencialidades da educação também no campo econômico.

Segundo Porto e Reginer (2003, p.10) no ambiente macroeconômico

contribui com a inserção do país no mercado global e gera, por meio de

investimentos e benefícios indiretos, inovação e participação social, já no

ambiente microeconômico distribuição de renda e mobilidade social.

Com todo esse potencial transformador a educação é considerada um bem

público cuja concessão e regulação são de responsabilidade do Estado, as

políticas educacionais partem da organização democrática dos governos ao

planejamento e controle estatal, buscando eficácia, valem-se da evolução da

administração púbica que atualmente se aproxima estrategicamente da

administração científica e de modelos de gestão empresarial.

Essa transição marca a transformação da antiga burocracia estatal no

modelo gerencial da administração pública, tal como caracterizada por Abrúcio

(1998):

Em âmbito mundial, a administração pública encontra-se hoje num contexto que os historiadores chamam de “revolucionário”. Novos conceitos surgem para combater os antigos – administração por objetivos, downsizing, serviços públicos voltados para o consumidor, empowerment, pagamento por desempenho, qualidade total, diversas formas de descentralização, todas essas propostas, e mais algumas outras, cujas finalidades fazem parte de um conjunto mais abrangente possível, os parâmetros da organização burocrática.

Diante dessa nova realidade o Estado passa por uma reconfiguração

orientada por meio de metas e objetivos fundamentados em tendências mundiais,

no Brasil a partir dos anos 1990a evolução do Estado segundo Matias Pereira

(2008) apresenta uma nova forma orientada pela a fragmentação institucional e a

separação entre a formulação e implementação de políticas públicas.

O cenário demonstra que os Estados Nacionais utilizam com crescente

intensidade o planejamento formal aplicado a organizações a partir da difusão dos

conceitos do Planejamento Estratégico Gestão Estratégica empresarial.

Segundo Matias Pereira (2010) nos anos 1990 o Banco Mundial define

como importantes as seguintes práticas de governança: administração do setor

78

público, quadro legal, participação da sociedade civil, accountability, informação e

transparência.

Tais prerrogativas direcionam a condução da administração pública

inclusive a manutenção das políticas educacionais como geradoras potenciais de

desenvolvimento social e econômico, dentre as possibilidades da gestão

estratégica diante dos players da economia mundial como observam Porto e

Regner (2010):

A vantagem competitiva de um país em relação a outro começa a depender da capacitação de seus cidadãos, da qualidade dos conhecimentos que estes são capazes de produzir e transferir para os sistemas produtivos e da capacidade de aplicação / geração da ciência e tecnologia na produção de bens e serviços.

Em síntese conhecimento e informação assumem crescente participação

nos sistemas produtivos, e a educação possui papel central na prosperidade

econômica, essa tônica é observada na agenda dos países em desenvolvimento,

como se observa a eminência da UNESCO, documentar o compromisso entre os

BRIKS assumindo a importância estratégica da educação para o desenvolvimento

sustentável e o crescimento econômico inclusivo, bem como o fortalecimento da

cooperação, esse compromisso resultou nas recomendações de facilitar a

mobilidade entre estudantes e profissionais da educação e gerenciar a rápida

expansão do ensino superior.

A concepção da estratégia com ênfase no gerenciamento tem origem no

conceito de estratégia deliberada, descrito por Mintzberg et al. (2000) a criação da

estratégia é distinta da aplicação, a alta administração, projeta e se certifica de

que as interações gerenciais são realizadas em ação, condição comum a criação

e implementação, proveniente das estratégias deliberadas das escolas

prescritivas do Design, Planejamento e Posicionamento.

O gráfico 03 demonstra o percentual da população brasileira matriculada

no ensino superior e sua posição entre países da OCDE.

79

Gráfico 03 – Estudantes no ensino superior

Fonte: Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (2012)

Diante das premissas observadas no texto acima com autonomia delegada

ao MEC, em consonância com padrões quantitativos e qualitativos observados

pelas organizações globais apresenta-se o PNE 2001-2002 em todos os

segmentos educacionais normatizado pelo Projeto de Lei do Plano Nacional de

Educação (PL Nº8. 035/2010), que estabelece as diretrizes para o PNE 2011-

2020, composto por 20 metas e 150 estratégias de ação a partir das 10 diretrizes

traçadas.

Em observância aos aspectos qualitativos do PNE procura-se levar em

consideração na criação das Políticas de Estado as diferenças demográficas,

sociais e territoriais, revisado e reeditado com vigência de 2014 a 2024

sancionado em junho de 2014 com a Lei 13.005. O PNE define as bases da

política educacional brasileira para os próximos 10 anos. A Gestão do PNE parte

da articulação com documentos oficiais, tais como, LDB Constituição Federal,

Notas Técnicas análise sistemática (SINAES) estatística, e indicadores de

desempenho.

O recorte do PNE que trata especificamente do Ensino Superior contempla

as Metas 12, 13 e 14 descritas abaixo:

0 20 40 60 80 100

Brasil

México

Turquia

Suiça

Itália

Argentina

Coréia do Sul

EUA

Eslovênia

Autraluia

Estudantes de 18 a 24 anos no Ensino Superior

80

Meta 12: elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50%

(cinquenta por cento) e a taxa líquida para 33% (trinta e três por cento) da

população de 18 (dezoito) a 24 (vinte e quatro) anos, assegurada a qualidade da

oferta e expansão para, pelo menos, 40% (quarenta por cento) das novas

matrículas, no segmento público.

Figura 08 – População no ensino superior

POPULAÇÂO DE 18 A 24 ANOS NO ENSINO SUPERIOR

ABRANGÊNCIA 17,20%

META DO PNE PARA 2020 33,00%

Fonte: Plano Nacional de Educação (2010)

Meta 13: elevar a qualidade da educação superior e ampliar a proporção de

mestres e doutores do corpo docente em efetivo exercício no conjunto do sistema

de educação superior para 75% (setenta e cinco por cento), sendo, do total, no

mínimo, 35% (trinta e cinco por cento) doutores.

Meta 14: elevar gradualmente o número de matrículas na pós-graduação

strictosensu, de modo a atingir a titulação anual de 60.000 (sessenta mil) mestres

e 25.000 (vinte e cinco mil) doutores.

Entre as ações estratégicas para alcançar a expansão da oferta de vagas

do ensino superior, para o cumprimento das metas, considera-se a possibilidade

do financiamento de vagas em IES privadas para alunos de baixa renda, fazendo-

se necessária a expansão de programas de concessão de bolsas e

financiamentos, como o PROUNI e o FIES.

81

Gráfico 04 – Contratos FIES – Brasil

Fonte: SEMESP/SINDATA Mapa do Ensino Superior do Estado de São Paulo (2015)

A análise interna do setor projeta a elevação do nível de escolaridade

média do brasileiro, consequentemente aumentando o número de concluintes do

segundo grau; além do grande número de profissionais inseridos no mercado com

idade acima de 24 anos, que não possuem formação superior, mas buscam

ascensão profissional.

São citados como vetores de crescimento, portanto oportunidades do

ensino superior, a expansão da renda; o financiamento público e privado das

mensalidades e das operações das Instituições; o ganho em escala por meio da

formação de redes; a criação de cursos profissionalizantes que tem demanda

reprimida no Brasil e a adoção de novas tecnologias como o ensino a distância.

Oportunidades macroeconômicas geradoras de demanda de egressos do

ensino superior, em setores onde há lacunas na projeção e execução de obras de

infraestrutura.

Nota-se ainda o crescimento de determinados nichos de mercado tais como:

construção civil, serviços e turismo, além da ampliação da demanda por

profissionais de áreas estratégicas ligadas a exportação como, Indústria,

Mineração e Agronegócio, possibilitando o crescimento do Brasil no cenário

macroeconômico, atraindo investimentos estrangeiros para a educação.

44 77 59 49 32 33

76

154

376

556

732

253

0

100

200

300

400

500

600

700

800

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Número de Novos Contratos Firmados - Fies - Brasil (milhares)

82

Como ameaças internas, perda do grau de Investimento, clima de

instabilidade econômica e ineficiência do Estado em manter a conquista da

estabilidade necessária para a atração de investimento, a instabilidade política e

institucional diante da corrupção de agentes econômicos públicos e privados.

Ameaças internas inerentes à própria atividade notam-se a grande

concorrência, a transformação do ensino em commodities, grande evasão,

ociosidade e taxa de reposição tendendo a estabilidade nos cursos presenciais

que formam a base do setor, além dos custos crescentes da regulação, legislação

tributária, trabalhista previdenciária e educacional.

Ameaças ligadas ao macro ambiente são os cenários de crise e incerteza

diante da momentânea ineficiência da economia Americana e Europeia queda de

atividade da China e sua forte influência em economias em desenvolvimento,

além da imagem de intervencionismo estatal ligado a economia brasileira perante

o investidor estrangeiro.

Embora o PNE apresente diretrizes quantitativas e qualitativas a evolução

histórica do ensino superior no Brasil mostra que desde a criação da primeira LDB

na década de 1996, o crescimento se dá em picos conforme exibido os

quadrantes A e B da matriz abaixo e não de forma sustentada tal como nos

quadrantes B e D.

Figura 09 – Matriz bem público e serviços educacionais

B E

M P

Ú

B

L

I C

O

“Stop and Go” Crescimento Sustentado

A – Expansão com

Desqualificação

B – Massificação

Planejada

C – Expansão Orientada

pelo mercado

D – Massificação

Segmentada

S E R V I Ç O S E D U C A C I O N A I S

Fonte: Adaptado de Porto e Réginer, (2010) O Ensino Superior no Mundo e no Brasil

Condicionantes, Tendências e Cenários para o Horizonte 2003-2025

83

Diante dessa conjuntura mesmo havendo avanços em termos quantitativos

as políticas educacionais são alvo de críticas, relacionadas à evolução qualitativa,

relacionadas tanto a execução quanto aos resultados.

4.4 Serviços educacionais como setor econômico

No mundo contemporâneo o conhecimento pode ser considerado um ativo

intangível e o ato de educar um serviço de utilidade pública do qual se espera a

geração de valor direta e indiretamente as práticas educativas.

Castells (1999, pág. 35), considera que a centralidade do conhecimento se

dá ao passo em que ele é gerado a partir de si próprio, refletindo em ganhos de

produtividade, ou seja, as atividades educacionais geram ganhos centrais e

marginais de conhecimento e produtividade da transformação social.

Apoiando a evolução da economia industrial para a chamada Nova

Economia, Castells (1999) a define como informacional, global e em rede,

entendendo valor, produtividade e competitividade como a capacidade das

regiões, nações e empresas, gerar, processar e aplicar informação baseada em

conhecimento.

Com uma visão prática deslocando o pensamento da sociologia aos

negócios, sem perder sua essência, valorizando a aprendizagem individual e

coletiva Senge (2009, p.38) observa: “As organizações que realmente terão

sucesso no mundo futuro serão aquelas que descobrirem como cultivar nas

pessoas o comprometimento e a capacidade de aprender em todos os níveis da

organização”.

Colaborando com os autores Druker (2006) prevê a decadência do setor

industrial e observa a ascensão da informação como ferramenta fundamental para

o setor produtivo, também a emergência de uma nova força de trabalho

independente dos empregadores, detentora dos conhecimentos como próprios

meios de produção.

84

Partindo das considerações acima destacadas é possível concluir que a

necessidade da geração e difusão do conhecimento suplanta o ambiente

acadêmico, tornando-se imprescindível para as organizações nesse contexto, o

Setor de Serviços Educacionais, como participante do setor produtivo, abrange

diversas modalidades de ensino, desde a educação básica, ao Ensino Superior.

Tabela 03 – Gastos privados com Educação no Brasil

Fonte: (MONTEIRO et al.2011,p.76), adaptado de Folha de São Paulo, abril 2011

O recorte macroeconômico do ensino superior no Brasil revela a

complementaridade entre o setor público e privado, tal fato interpretado pela FGV

(2012) em conjunto com a FENEP considera a concessão do ensino superior

como uma despesa pública não realizada, ao computar este valor a preços

básicos, obtêm-se o custo econômico da oferta de serviços educacionais as

famílias usuárias da rede mantida pela iniciativa privada.

A manutenção dessa rede de serviços de ensino gera um número bastante

expressivo de empregos para seus clientes internos e externos, dados do

SEMESP revelam que o Ensino Superior particular no Brasil, emprega

diretamente mais de 725 mil profissionais, dos quais 366 mil são docentes e 358

mil, exercem funções técnicas e administrativas.

Gastos Privados Com Educação no Brasil

Mensalidade do Ensino Superior 35,10% Mensalidade da Educação Básica 30,10% Cursos Extracurriculares 8,10% Mensalidade de Pós Graduação 5,90%

Livro Didático 4,70% Curso de Idiomas 4,40%

Artigos Escolares 4,00%

85

Número de IES no Brasil TotalRede PrivadaRede Pública

Gráfico 05 – IES no Brasil

Fonte: SEMESP/SINDATA Mapa do Ensino Superior do Estado de São Paulo, 2015

Além dos empregos, o valor econômico agregado gerado pelo setor de

serviços educacionais, classificado como educação mercantil pelos economistas,

também deve ser destacado. Segundo a FGV (2012) em parceria com a FENEP

esta cifra pode ser atualizada para 2012 por meio de um cálculo que combina

dados da POF (Pesquisa de observação das famílias), censos escolares e índices

de preços, em R$ 64,7 bilhões, valor corresponde a aproximadamente 1,5% do

PIB.

A aferição da educação como (indicador de desenvolvimento humano) IDH

colabora com os dados oficiais das IES coletados, organizados e analisados a

partir de dados do educacional e do censo demográfico, contabilizado a partir da

população residente de 13.044.781 indivíduos que frequentavam

estabelecimentos de ensino da rede mantida pela iniciativa privada. Esse número

representa um acréscimo de 29,56%, desde o censo 2000 até o ano de 2010,

acréscimo equivalente a uma taxa anual de crescimento de 2,62%.

Conforme metodologia quantitativa dos dados apresentados pela FGV em

parceria com a FENEP, o senso da educação no ano de 2013 as IES brasileiras

mantidas pela iniciativa privada somavam 2113, enquanto as mantidas pelo

Estado 304 perfazendo o total de 2416 instituições, marcando a importância do

setor privado responsável por 72,7% das IES.

Quanto ao número de alunos no ensino presencial a proporção entre IES

públicas 28,87% e privadas 71,13%, a série histórica segundo as informações

compiladas pelo SEMESP (2013) mostra nos últimos 12 anos, um crescimento de

86

120,6%, alavancado, por programas governamentais de ampliação de acesso tais

como o PROUNI e FIES entre outros de iniciativa privada, mantidos pelas

próprias IES isoladamente ou em consórcio e instituições financeiras.

Gráfico 06 – Número de alunos no ensino presencial superior

Fonte: SEMESP/SINDATA Mapa do Ensino Superior do Estado de São Paulo 2015.

Gráfico 07 – Número de alunos no ensino superior à distância

Fonte: SEMESP/SINDATA Mapa do Ensino Superior do Estado de São Paulo 2015

Os ganhos sociais e econômicos gerados pelo setor de serviços

educacionais são incontestáveis, porém, algumas peculiaridades, relacionadas à

3887 4163

4453 4676

4880 5080 5146

5477 5773 5944

6169 6486

2751 2985

3261 3467 3639 3806 3794

4015 4177 4228 4391 4664

1136 1178 1192 1209 1241 1274 1352 1462 1596 1716 1778 1822

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Matrículas Cursos Presenciais - Brasil (em milhares)

Total

Rede Privada

Rede Pública

839 931

993

1114 1154

1341

666 749

815

932 999

1202

173 182 178 182 155 139

2009 2010 2011 2012 2013 2014

Matrículas Cursos EAD - Brasil (em milhares)

Total

Rede Privada

Rede Pública

87

criação, manutenção e a qualidade das IES, dificultam a gestão e a manutenção

de uma imagem positiva do nosso sistema de ensino, sobretudo no que se refere

a grande participação do setor privado e a não gratuidade das mensalidades.

Independente da classificação jurídica e administrativa, educar gerar e

difundir cultura, conhecimento e informação, é a missão das instituições de

ensino, característica fundamental para a distinção das IES das demais

organizações do sistema produtivo.

Partindo dessa proposição Tashizawa e Andrade (2006, p.23) defendem

que a Missão da IES é oferecer aos alunos, futuros profissionais, um conjunto de

habilidades, competências e conhecimentos valorizados e reconhecidos pelas

organizações contratantes e esse desdobramento direciona a atividade de ensino

a prestação de serviço verificado em relações contratuais entre as IES e seus

alunos, bem como entre seus alunos egressos e futuros contratantes.

Tashizawa e Andrade (2006, p.24) explicam que não há IES que sobreviva

se a expectativa do seu cliente não for atendida, pois segundo os autores tanto

os alunos quanto as organizações empregadoras dos alunos formados podem ser

consideradas clientes das IES.

Figura 10 – Relação em uma IES

Fonte: (TASHIZAWA; ANDADE, 2006) Gestão de Instituições de Ensino

No tópico que trata da legislação observa-se a posição do Estado como

regulador da atividade e da concessão do direito de mantença e exploração

econômica das IES de iniciativa privada, a participação do setor privado no

Ensino Superior é uma tendência mundial, constatada por Castro, Giuntini e Lima

(2012), Porto e Reginer (2003), Monteiro (2010), Barreyro (2008) e Swartsman

Professor

(Colaborador)

Aluno

(ClienteInterno)

Instituições de Ensino

Superior

Profissional

(Aluno Formado)

Organização Contratante

(Mercado de Trabalho / Cliente Externo)

88

(2001), tal postura verifica-se também na transição da antiga burocracia estatal ao

Estado Gerencial caracterizado por Abrúcio,(1998) e Matias Pereira (2008).

A Tabela 04 mostra as matrículas em IES públicas, privadas e

governamentais.

Tabela 04 – Percentual em países selecionados – 2002/2003

País Pública Privada com

financiamento público Privada

independente

Alemanha 94,7 5,3 0 (zero)

Argentina 78,9 7,2 13,5

Áustria 99,8 0,2 0 (zero)

Bélgica 44,9 55,2 Não se Aplica

Brasil 31,7 Não se Aplica 68,3

Chile 25,8 17,7 56,5

EUA 76,8 Não se Aplica 23,2

França 83,9 2,6 13,5

Gran Bretanha Não se Aplica 100 0 (zero)

Indonésia 39,0 Não se Aplica 61,0

Japão 23,0 Não se Aplica 77,0

México 66,8 Não se Aplica 33,2

Portugal 72,5 Não se Aplica 27,5

Coréia do Sul 19,2 Não se Aplica 80,8

Fonte: OECD/Unesco WEI (2005, p. 185)

Predomina no Brasil, tal como no Chile, Japão, Coréia e Indonésia, as

instituições privadas independentes do governo. Nesse caso, as IES são

administradas pela iniciativa privada e a maior parte de seu financiamento ocorre

por meio dos alunos, responsáveis pelo pagamento de suas mensalidades.

Existem sistemas em que o acesso ao ensino superior acontece

principalmente via setor público como é o caso da Alemanha, Argentina e Áustria.

No caso da Gran Bretanha e da Bélgica as Instituições são privadas, mas o

financiamento é público.

Embora haja diversas formas de administração e financiamento, dois

pontos devem ser destacados: grande participação do setor privado e a realidade

de que participação do setor público não significa a gratuidade, conforme explica

Barreyro (2008, p.27) “o fato de um sistema ser público não implica

necessariamente em gratuidade, tal o caso de parte do sistema norte-americano e

89

do próprio sistema brasileiro que possui instituições públicas municipais, mas que

cobram mensalidades”

Nesse cenário o Ensino Superior no Brasil deixa de ser encarado, apenas

como uma projeção de política pública voltada para o desenvolvimento

humanístico, social e econômico, para ser compreendido também, como um

partícipe ativo da economia, organizado por meio de instituições privadas que

somam aproximadamente 75% das vagas dos cursos superiores de graduação,

inseridos num contexto turbulento, cujos principais desafios, como em todos os

setores da economia, soam com os bordões, da volatilidade, incerteza e

acelerada evolução tecnológica.

O número de concluintes do ensino superior, consequentemente de

profissionais de nível superior participantes do mercado de trabalho também é

muito maior no setor privado, portanto existe o interesse declarado do governo via

ministério da educação, da economia, da ciência e tecnologia entre outros, em

estimular seu crescimento, afim de que o país atinja suas metas de

desenvolvimento, na intenção não só de se posicionar como player na atração de

investimentos estrangeiros, como também de fortalecer nossa economia interna

por meio da evolução econômica e cultural da nossa força de trabalho.

Os dados do SEMESP mostram entre os 835 mil concluintes do ensino

superior presencial no Brasil em 2010, 657 mil foram do setor privado de

educação enquanto 178 mil foram da rede pública.

Outra característica marcante do ensino superior brasileiro que direciona a

atividade a organização econômica do ensino superior como setor de serviços,

constada por Monteiro (2010) é: enquanto a maior parte das universidades

mundiais exploram outras fontes de renda, a universidade privada brasileira tem

forte dependência de sua sustentabilidade nas mensalidades dos alunos de seus

cursos superiores.

Esse tema segundo o autor leva a interpretação de que a missão das IES

brasileiras é fornecer pessoal qualificado ao mercado, via captação de novos

alunos e retenção dos alunos matriculados garantindo o recebimento das

mensalidades e a viabilidade financeira.

90

4.5 Desafios da gestão estratégica das Instituições Ensino Superior

As transformações econômicas e sociais impactam o sistema de ensino,

por sua vez, a gestão das IES, desde os anos 1990, apresenta forte expansão,

trazendo à discussão posicionamento estratégico desdobramentos em

competição por alunos e participação de mercado, tendendo a uma forte

concentração econômica entre poucos cursos.

Monteiro (2011) relata que, quanto ao número de instituições, pulverizado

em 78% das instituições com menos de 2000 alunos, ao mesmo tempo

concentrado em 2% das instituições apresentado 1/3 dos alunos.

Em relação aos cursos 1/3 dos alunos concentrados em apenas 2 cursos,

Administração de Empresas e Direito, essa concentração pode levar a perda de

dinamismo e estagnação Sistema de Ensino.

As ações dos competidores exigem decisões em direção à

profissionalização da gestão, terceirização de atividades secundárias do processo

produtivo e posicionamento estratégico, conforme a proposição de Garcia (2005),

revelando a conjuntura existente em vários outros setores permitindo prever que,

nos próximos anos, três grandes tendências serão observadas no mercado da

educação superior privada no Brasil: segmentação, profissionalização e

terceirização.

O posicionamento por meio da relação entre mensalidade e quantidade de

alunos (Figura 11) fundamenta a análise da competitividade do setor, referindo-se

ao modelo genérico das cinco forças competitivas básicas: Concorrentes no

Setor, Entrantes Potenciais, Compradores, Substitutos e Fornecedores (PORTER,

1991).

91

Figura 11 – Matriz preço mensalidade/quantidade de alunos

Fonte: Adaptado de Garcia (2005)

Partindo desse modelo de Porter, Sécca e Leal (2009) observaram forças

moderadas dos compradores, fornecedores, novos entrantes e substitutos, bem

como os seus direcionadores e sua competitividade, no ano de 2005 (Figura 12).

A disputa por compradores e fornecedores, no entanto, tende a ser acentuada ao

longo do tempo.

Figura 12 – Cinco forças de Porter e um resumo de seus direcionadores

Fonte: Adaptado de Porter apud Sécca e Leal (2009)

Partindo desse modelo de Porter, Sécca e Leal (2009) observaram forças

moderadas dos compradores, fornecedores, novos entrantes e substitutos, bem

Instituições de Elite, instituições de nicho, oferecem cursos em torno de uma mesma área, buscam excelência

de ensino.

Quadrante do Pesadelo, pior lugar para uma instituição se posicionar. Não há escala para otimizar os custos

e o valor recebido é muito baixo

Quadrante dos Sonhos, difícil de ser alcançado. Atualmente, ocupado apenas por instituições de grande

tradição e sem concorrência acirrada.

Instituições de Massa, cursos populares, grandes instituições de ensino, com instalações multicampi

ganhos de escala.

Posicionamento

Indefinido

Pre

ço

Me

nsa

lid

ad

e

Quantidade de Alunos

Fornecedores: Força moderada. Os professores

são decisivos no padrão de qualidade fornecido

pela IES. No entanto, o mercado vem

crescendo menos e outras opções de clientes para os

professores das IES podem ter sinergia com a atividade. docente

Novos Entrantes: Ameaça é moderada. A

diferenciação pela marca e pela qualidade do produto é uma forma de proteção das IES já estabelecidas. Há também barreiras legais que

dão menos flexibilidade quanto ao portfólio de

cursos aos novos entrantes.

Competidores: A rivalidade é alta. O número de players em nível nacional é grande, apesar

de haver concentrações regionais. Há equilíbrio entre os principais competidores, as taxas de crescimento caíram bastante e há barreiras de

saída significativas.

Substitutos: há poucos produtos. Apesar da importância crescente da educação profissional, o incremento que pode ser obtido

com o diploma de curso superior e o status que ele oferece normalmente o tornam o sonho dos jovens brasileiros

Compradores: Força moderada.

Grande número de IES privadas diante da preferência do

aluno, embora em nível regional possa haver menos

competição. Há razoável quantidade de informação

disponível para a tomada de decisão do cliente. Não

obstante, uma vez escolhida a IES, há barreiras para a

mudança.

92

como os seus direcionadores e sua competitividade, no ano de 2004 (Figura 12).

A disputa por compradores e fornecedores, no entanto, tende a ser acentuada ao

longo do tempo.

O crescimento do setor fundamenta-se no índice relativo de apenas 14%

dos jovens entre 18 e 24 anos estarem cursando o ensino superior. Essa

demanda, porém, é dependente do número de egressos do ensino médio, o qual

tem decrescido e revelado um problema estrutural crônico do nosso sistema de

ensino desde a sua base, conforme relata Monteiro (2011), o número de

concluintes do ensino médio vem diminuindo, em média, 2,85% ao ano desde

2006. Em uma Cadeia de Suprimentos semelhante a um funil, observa-se que ao

longo do tempo, perde-se um quantitativo expressivo de alunos.

Tabela 05 – Matrículas dos alunos do Ensino Médio

Ano Total 3º Ano

2005 9.031.302 2.412.701 2006 8.906.820 2.358.919

2007 8.369.369 2.211.998

2008 8.366.100 2.176.547

2009 8.337.160 2.218830

Fonte: Censo Escolar 2005-2009. Adaptado de Monteiro (2011)

A rivalidade entre as IES, bem como entre empresas de qualquer setor

industrial organizado e as diretrizes estratégicas definidas acerca de seus

posicionamentos, ganham destaque em Porter (1991) que propõe três

estratégicas genéricas ao analisar as vantagens competitivas e o posicionamento

estratégico por elas proporcionado: liderança no custo total, diferenciação e

enfoque.

Concordando, em parte, com o enunciado de Mintzberg et al. (2000) sobre

a afirmação que o papel do posicionamento é o de apoiar o processo, e não o de

sê-lo; além disso, valoriza as reflexões de Porter ao firmar a contribuição da

chamada escola do posicionamento na mudança de papel do gestor de

planejador para analista. Observa-se, porém, maior complexidade e dinamismo

no processo de criação de estratégias, considerando um número maior de

variáveis.

93

Em síntese, deve-se considerar o posicionamento estratégico como um

meio para realização da missão, e não como a finalidade das IES. Portanto,

reavaliações de cenários são cada vez mais necessárias, assim como a

maleabilidade na criação de estratégias e ações em períodos turbulentos. Neste

contexto, Mintzberg et al. (2000) propõe a ampliação das possibilidades e

pretende explicar a estratégia como a configuração de um processo único,

contemplando posicionamento, ambiente, cultura, cognição, planejamento,

desenho organizacional e empreendedorismo.

Em meio a missão de educar o compromisso com a qualidade dos cursos,

objeto das atividades acadêmicas, as ações estratégicas das IES também devem

envolver efetivas práticas de gestão conforme revela Capelato (2011) ao afirmar

que a fase do empreendedorismo, dá espaço a um tempo em que novos desafios

se apresentam, demandas acadêmicas, regulatórias, mercadológicas e

tecnológicas, atuais diretrizes das ações estratégicas do ensino superior.

Além dos novos desafios e da dependência do crescimento do ensino médio

para que haja crescimento das matrículas do ensino superior, outro problema é o

índice de evasão, ou seja, alunos que abandonam o curso antes do término,

levando a perda de eficiência dos cursos das IES e consequentemente do

sistema. Esse cenário leva a reflexões e ações em meio a práticas de gestão a

retenção dos alunos do início ao fim do curso como consequência da eficácia das

ações estratégicas.

A Gestão por meio de dados quantitativos para decisões estratégicas

frequentemente encontra limitações operacionais. Conforme Capelato (2011), a

busca pela sustentabilidade das instituições de ensino, muitas vezes, esbarra em

duas questões preliminares, falta de informação para o controle financeiro e falta

de parâmetros para decisões de investimentos, custos e preços praticados.

94

Tabela 06 – Fluxo de caixa

Itens analisados e 1.064 Instituições

1 Tíquete médio R$ 464,4

1.1 Receita de alunos 85,50%

2 Despesas com pessoal 57,60%

2.1 Docentes 37,10%

2.2 Técnico Administrativo 15,20%

2.3 Benefícios 1,90%

3 Custeio (Despesas Operacionais) 24,90%

3.1 Gastos com publicidade 2,90%

4 Investimentos 11,70%

4.1 Aquisição de acervo para biblioteca 1,90%

4.2Obras e instalações 3,70%

5 Lucratividade (receita - despesa com pessoal - custeio) 17,50%

6 Fluxo de caixa (receita -d. com pessoal - custeio -

investimento)ivestimento)iiinvestimento)

5,80%

Fonte: Semesp/Sindata. Adaptado de Capelato (2011)

Adotando os gastos incorridos diretamente na entrega do produto e o

custeio das operações e das atividades funcionais como base para a precificação

do serviço, obtém-se o ponto de equilíbrio para a formação do preço das

mensalidades.

Ressalta Capelato (2011) que, para definição de preço é preciso verificar

as condições do mercado e a composição dos custos da instituição, inviabilizando

a oferta de cursos a um valor competitivo com margem de contribuição negativa.

Na atual conjuntura socioeconômica, o aprendizado estratégico do setor pautado

pela ampliação da oferta dos serviços e a adoção de novas tecnologias trouxe

como consequência uma maior competição.

Com os efeitos da estabilização econômica, consolidação do mercado, aumento da concorrência principalmente pela chegada do ensino a distância as mensalidades do ensino superior tenderam a queda nos últimos anos, segundo dados da pesquisa elaborada pela empresa Talent, a mensalidade média do ensino superior decresceu de R$860,00 em 2002 para R$467,00 em 2009. (MONTEIRO, 2011, p.79).

Essa conjuntura é reforçada pela estratégia de massificação imposta pelos

grandes grupos educacionais e pelas diretrizes de ampliação de oferta, propostas

pelo PNE, focadas na melhoria das condições financeiras das classes C e D da

população brasileira e pela necessidade de educação continuada como diferencial

para permanência ou recolocação no mercado de trabalho, por meio de projetos

financeiros assistenciais tais como, FIES, PROUNI e PRONATEC etc.

95

Gráfico 08 – Representação segundo o IBGE

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

As consequências da expansão da oferta revelam o aumento da

competição por preço, o achatamento das margens e a diminuição da taxa de

reposição, índice destacado por Monteiro (2011) como a razão entre o número de

ingressantes e o somatório do número de egressos e evadidos de um mesmo

período, cálculo esse que demonstra se há reposição dos alunos que saem em

razão do término ou abandono do curso.

Tabela 07 – Índice de reposição das matrículas - Brasil, 2000/2009

Ano Ingressos Egresso+Evasão T. Reposição

2000 897.557 600.828 1,5

2001 1.036.690 743.864 1,4

2002 1.205.140 826.253 1,5

2003 1.262.904 917.687 1,4

2004 1.303.110 1.124.793 1,2

2005 1.397.281 1.109.099 1,3

2006 1.448.509 1.243.990 1,2

2007 1.481.955 1.298.190 1,1

2008 1.505.819 1.349.633 1,1

2009 1.511.388 1.502.158 1,0

Fonte: INEP, elaborado por Monteiro (2011)

A crescente rivalidade entre as instituições provoca a busca por

posicionamento e vantagem de ser líder em participação, de certa forma, as IES

62,1% 54,8%

33,2%

32,5% 37,6%

55,0%

5,3% 7,6% 11,8%

1992 2003 2011

A,B

C

D,E

96

estão comprando posição no mercado através de fusões, aquisições e baixos

preços de mensalidade, impactando toda a cadeia de valor.

Esse comportamento de concorrência predatória provoca a diminuição das

margens, comprometendo a qualidade e a sustentabilidade econômica das IES

em um setor que apresenta problemas estruturais, entre eles, a dependência de

uma política pública efetiva direcionada ao ensino básico, a diminuição do número

de egressos do ensino médio e a estabilização da taxa de reposição dos alunos

ingressantes no ensino superior.

A grande demanda por investimentos e a queda do valor das mensalidades

vem provocando em todo o setor, seja qual for o posicionamento da IES, um forte

impacto na geração de caixa e resultado operacional, o que coloca em

questionamento a excessiva valorização da posição de mercado.

O gráfico 09 demonstra o desempenho econômico das IES de capital

aberto na Bovespa, posicionadas entre as maiores instituições do país em

número de alunos.

Gráfico 09 – EVA (milhares de reais) agregado das IES analisadas no triênio

Fonte: O autor e Conceição (2013), Gestão Estratégica e Indicadores de Eficiência nas Instituições de Ensino Superior.

Revela-se a ineficiência econômica a partir do EVA desse corte estatístico

do setor, pertencente aos 2% das instituições de ensino com 1/3 dos alunos.

Segundo Assaf Neto (2010), criar valor exige estratégias financeiras e medidas

direcionadas à riqueza agregada aos acionistas.

Sua demanda ultrapassa objetivos dos custos explícitos observados nas

vendas, ela incorpora a remuneração do custo de oportunidade do capital

investido. Na busca pelo posicionamento de liderança, essas instituições

consolidadoras, ou seja, que incorporam outras instituições para aumentar sua

(273.066,03) (319.050,42)

(178.056,14)

201120102009

97

participação no mercado exibem ineficiência econômica a partir do EVA no

momento da análise.

A busca por vantagens competitivas sustentáveis, bem como a missão das

IES é e sempre será dependente da qualidade das operações, ao cumprir a

missão de educar e entregar serviços voltados ao valor percebido pelo aluno,

visando sua captação e retenção da matrícula a formatura.

4.6 Ensino de Ciências Contábeis no Brasil

A Gestão dos cursos de Ciências Contábeis assume condições ambientais

inerentes ao ensino de graduação superior, tais como a padronização das

informações por meio da autonomia do INEP e dá implantação da LDB de 1996

promovendo a expansão e massificação em observância a uma legislação

sofisticada que valida a participação do Estado e da iniciativa privada no ensino

superior, buscando parâmetros de qualidade e eficiência do sistema de ensino,

das IES e dos cursos.

Essas premissas deram origem ao SINAES, PROUNI e ao FIES, como

observado nos tópicos anteriores, o sistema almeja os desafios da expansão da

oferta e da busca por qualidade, porém apresenta resultados aquém dos

esperados revelados tanto em aspectos quantitativos quanto qualitativos.

Feitas as considerações sobre o sistema de ensino superior, os desafios

específicos dos cursos de Ciências Contábeis passam a ser discutidos

formalmente a partir de 1945, data em que foi instituída a Lei 7.988 que confere

aos formandos o grau de Bacharel em Ciências contábeis e atuariais, profissão de

caráter técnico, científico e utilitarista cuja formação se insere na grande área de

ciências sociais aplicadas e apresenta interfaces principalmente com

administração de empresas, direito, economia e engenharia.

A organização classista da profissão de contabilista esta alicerçada no

Conselho Federal de Contabilidade criado em 1946, entre suas ações destacam-

se assuntos relacionados à regulamentação da profissão e a educação

continuada, visando à garantia dos padrões mínimos de qualidade dos serviços

98

prestados a sociedade bem como entre as relações profissionais da área e de

áreas correlatas.

O Conselho federal de Contabilidade descreve as principais atuações do

Profissional de Ciências Contábeis: Empresário, Auditor Interno ou Independente,

Consultor Tributário, Controller, Auditor Fiscal, Membro de Conselho Fiscal,

Conselho de Administração, Membro de Comitê de Auditoria, Membro de

Entidades de Classe, Arbitro em Câmaras Especializadas, Professor e Executivo.

Essa forte inserção no mercado de trabalho confere ao curso de Ciências

Contábeis a quarta posição, entre as opções dos ingressantes no ensino superior

do Estado de São Paulo, atrás apenas de Administração de Empresas, Direito e

Pedagogia, tal como evidenciado nos dados do Censo do INEP Instituto Nacional

de Pesquisas Educacionais, organizados no Mapa do Ensino Superior do Estado

de São Paulo, do ano de 2013, produzido e publicado pelo (SEMESP), Sindicato

das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior do Estado

de São Paulo.

Tabela 08 – Cursos presenciais mais procurados

Cursos Presenciais Mais Procurados IES Privadas - 2013

Curso Matrículas Concluintes Ingressantes

Direito 677.875 81.903 214.923

Administração 557.948 86.466 196.201

Pedagogia 213.142 40.848 83.561

Ciências Contábeis 208.380 29.169 77.947

Enfermagem 193.420 27.144 68.895

Engenharia Civil 211.255 9.285 59.764

Psicologia 153.273 16.202 53.016

Gestão de Pessoal / RH 105.806 28.120 57.202

Engenharia de Produção 111.147 9.588 47.478

Fisioterapia 96.070 10.225 39.946

Ciência da Computação 83.124 11.073 31.340

Fonte: Sindata/Semesp Base Censo INEP, 2015.

Além da participação do Estado e do Conselho de Contabilidade, nota-se

também a interação com organizações ligadas a economia, finanças e negócios

tais como a Companhia de Valores Mobiliários - CVM estabelecendo princípios e

99

normas contábeis a serem seguidos pelo Mercado de Capitais, por meio das Leis

6385 e 6404 de 1976 reformuladas pela Lei 11.638 de 2007, acelerando o

processo de convergência das normas contábeis brasileiras as normas do FASB-

Financial Accounting Standards Board, realizando profundas mudanças na

contabilidade brasileira, o clima de otimismo e o avanço do mercado de capitais o

conferiu ao Brasil por meio de agências de avaliação de risco o grau de

investimento e a agenda de harmonização contínua com a lei 11.041 de 2009 que

dispõe orientações para a convergência da contabilidade às normas

Internacionais de contabilidade, e com a criação de CPC (Comitê de

Pronunciamentos Contábeis), colegiado que auxilia na convergência da

contabilidade no mercado global.

Essa complexa rede de interlocutores leva a uma série de demandas pelo

aprimoramento do ensino de Ciências Contábeis, preparando-se para essas

premissas o CNE (Conselho Nacional de Educação), órgão colegiado integrante

da estruturado MEC que atua nas políticas de ensino no Brasil, criou o Currículo

Pleno em 1992 propondo autonomia para a IES definir o perfil do egresso de

acordo com as peculiaridades e necessidades de cada região, obedecendo três

categorias de organização entre as disciplinas:

Conhecimentos de formação geral de natureza humanística e social;

Conhecimento de formação profissional, compreendendo conhecimentos

obrigatórios de formação, profissional básica e conhecimentos obrigatórios

de formação específica;

Conhecimentos eletivos, a critério da instituição e conhecimentos ou

atividades de formação complementar, compreendendo conhecimentos

obrigatórios de formação instrumental.

Logo depois, com grande experiência na atividade docente, professores e

pesquisadores, das principais universidades da América Latina propuseram um

workshop para discutir a qualidade e a padronização curricular dos cursos de

ciências contábeis, relatados por Marion e Robles Jr. (1998).

O centrais diagnosticados no evento estão: questões pedagógicas,

metodológicas, qualificação docente, titulação docente, estrutura curricular,

100

pesquisa, produção científica, ensino de informática e ensino de métodos

quantitativos.

A renovação do currículo pleno em 2004 acrescenta importantes

atualizações tais como:

A organização curricular por meio de projeto político pedagógico;

Ações efetivas direcionadas a educação continuada e aprimoramento

profissional;

Desenvolvimento de habilidades e competências;

Aplicação de conteúdos relacionados a mercado de capitais, finanças

economia globalizada e a harmonização das normas contábeis em

consonância com os padrões mundiais.

Embora as considerações acerca da evolução curricular visando à

formação e a evolução do perfil do egresso em ciências contábeis, tais melhorias

ainda não surtiram o efeito esperado, Andere e Araujo (2008) ponderam que o

rápido crescimento do número de cursos pode ser um indicador positivo de que o

mercado e a sociedade estão valorizando o profissional de Ciências Contábeis,

porém esse crescimento preocupa, quanto ao acesso e a qualidade.

Nesse sentido, observam-se inúmeras críticas, desferidas à eficácia do

ensino de ciências contábeis, vista por ângulos distintos, entre eles a visão dos

docentes, discentes, gestores e usuários das ciências contábeis, algumas delas

serão relatadas por meio da revisão no texto que segue.

Trabalhos atuais demonstram que a maioria dos problemas apontados nos

Cursos de Ciências Contábeis é permanente, inclusive por serem inerentes a

atividade de gestão e a necessidade de melhoria contínua e para isso não há

solução definitiva.

Mesmo que ações efetivas sejam colocadas em prática, de maneira que

problemas como titulação e qualificação docente possam ser resolvidos com

maior apoio do MEC em conjunto com as Universidades, por se tratar de uma

política pública pela manutenção da qualidade, ainda perduram em nosso

contexto, como é observável em recente pesquisa envolvendo coordenadores de

importantes universidades do Estado de São Paulo, Citeroni (2014) constata que

101

a atuação das instituições de pesquisa bem como a formação de mestres e

doutores ainda é insuficiente para as cadeiras dos cursos de graduação.

Complementando o enunciado, Araujo e Melo (2014) obtiveram como

resposta de pesquisa aplicada a docentes pós-graduandos em ciências a

consciência de que sua formação é predominantemente prática, carecendo de

formação pedagógica, além disso, no processo de contratação foi constatado por

meio de entrevistas, que não houve preocupação com a habilidade didática do

professor, como consequência da formação deficiente.

Afirmam ainda que a falta de preparo pedagógico dos docentes, leva a

dificuldade em promover a ligação entre teoria e prática requerida pelo aluno,

fundamental para o processo de ensino e aprendizagem.

Quanto a estrutura curricular dos cursos de Ciências Contábeis Citeroni

(2014) aponta como lacunas o conteúdo superficial sobre as práticas contábeis

nacionais e internacionais, refletidos nos conceitos de contabilidade básica,

intermediária e avançada estudadas permanentemente pelo (Comitê dos

Pronunciamentos Contábeis) em consonância com IFRS (International Finacial

Reporting Standards), observa também a falta de programas de intercâmbio com

países desenvolvidos.

No que se refere a habilidades e competências, bem como formação

humanística e social, segundo Citeroni (2014) existe pouca preocupação com o

desenvolvimento competências gerenciais, relacionadas principalmente a

comunicação, bem como conhecimento em gestão de pessoas.

Colaborando com o autor, Slomski et al. (2014) apontam que a escolha da

profissão sofre interferências do contexto social e obedece uma natureza

ideológica, no entanto, o crescimento profissional exige preparo para enfrentar

desafios globais.

Diante desses grandes desafios Galvão (2007) e Citeroni (2014)

constataram a necessidade dos bacharéis em Ciências contábeis se inscreverem

em programas de educação continuada para complementar a formação e

aprimorar a atuação profissional.

102

Em pesquisa aplicada a estudantes de Ciências Contábeis Galvão (2007),

Araujo, e Miranda (2015) e Slomski et al. (2015) concluíram que existe uma forte

ligação do curso de Ciências Contábeis com o mercado de trabalho, grande parte

dos respondentes trabalhava em atividades ligadas a profissão, e a maior parte

dos que não estavam empregados afirmaram buscar oportunidades, Slomski et al.

(2015) constatou que os alunos entrevistados escolheram a profissão por ser

promissora, estável e oferecer boas perspectivas de emprego.

Com relação a auto percepção dos alunos Slomski et al. (2015) observa o

valor dado ao curso, sobretudo pela valorização do contabilista, porém a condição

implícita compreende a responsabilidade social ligada à profissão, essa

consciência é capaz de fazer a diferença, referindo-se tanto a identificação com a

profissão quanto a competência profissional.

Contribuindo com o enunciado Galvão (2007) conclui que entre os alunos

de Ciências Contábeis existe a consciência de que contadores podem influenciar

positivamente os resultados de empresas e que apenas 2% dos entrevistados

acreditam que essa ocorrência pode ser por fraude, observa também que o senso

comum, reconhece a importância do contador e da contabilidade e associa

fortemente a profissão a dilemas éticos.

Quanto as carreiras mais almejadas pelos estudantes de Ciências

Contábeis Galvão (2007), Araujo, e Miranda (2015) constataram o predomínio do

profissional liberal, ou seja, empreendedores que constituem escritórios de

serviços contábeis, sobretudo no interior, Araujo, e Miranda (2015) observaram a

busca por empregos em empresas de grande porte nas capitais e cidades mais

populosas constataram também, que há pouco interesse pelas áreas de auditoria,

controladoria e perícia; entre os jovens originários de famílias de baixa renda

ocorre a busca de oportunidades de emprego no serviço público e em escritórios

de contabilidade, Galvão (2007) concluiu que a atividade docente foi a que

manifestou o menor interesse.

Finalizando as considerações sobre os alunos de Ciências Contábeis

Araujo e Miranda, (2015) consideram o fator renda impactante, na qualidade da

formação, consequentemente na busca por oportunidades, fato constatado por

possíveis deficiências no idioma inglês nem sempre ministrado de maneira

103

adequada nas escolas públicas de ensino básico, e também pela necessidade de

trabalhar durante o turno invertido, muitas vezes para poder custear seu curso.

Feitas as considerações, Citeroni (2014) relata que embora haja esforços

tanto por parte do poder público quanto da sociedade civil evidentes nas

avaliações institucionais do MEC, no ENADE e no Exame de Suficiência do ponto

de vista do empregador dos egressos dos cursos de Ciências Contábeis a

formação dos alunos é ineficaz.

Esses fatos constata-se na aplicação de provas objetivas, no Estado de

São Paulo para contratação de treinee de uma grande empresa de Auditoria de

atuação Global, segundo Citeroni (2014) o desempenho observado entre 13

cursos participantes, foi de 53% de aproveitamento em Português, se

posicionando em 11º colocado, 36% em Inglês e 52% em Lógica ambos em

última posição, e 51% em Contabilidade Básica, como primeiro colocado.

Tanto os problemas relacionados ao sistema de ensino e IES, quanto os

relacionados aos Cursos, ocasionam a sensação de insatisfação por parte do

aluno, podendo levar a evasão do curso, por outro lado medidas preventivas

podem gerar efeitos positivos, elevando a qualidade e promovendo a retenção

dos alunos de Ciências Contábeis.

Diante desse cenário, foram propostas melhorias nos cursos de Ciências

Contábeis no Brasil partindo da análise crítica dos Projetos Políticos Pedagógicos

dos cursos de graduação em diversas IES públicas e privadas elaboradas pelos

alunos do programa de Doutorado da FEARP Faculdade de Economia

Administração e Ciências Contábeis da USP (Universidade de São Paulo),

partindo como temática extraída do livro Competência Pedagógica do Professor

Universitário do Professor Marcos Tarciso Masetto, da estrutura organizacional do

ensino superior no Brasil, do Impacto da Tecnologia da Informação na sociedade

do conhecimento ou da aprendizagem e das Carreiras Profissionais revisadas.

O desenvolvimento da análise utiliza como referência o material das aulas

da disciplina, Estruturação de Programa de Cursos e Melhorias Curriculares,

conduzida pelos professores Adriana Procópio de Araújo e Claudio de Souza

Miranda, os projetos pedagógicos de 20 IES entre públicas e privadas, escolhidas

104

livremente pelos alunos, por meio de discussões em sala de aula e também

pesquisa bibliográfica complementar.

Como sugestão de melhorias, foi apresentado o que pode ser feito:

À medida que a IES se posiciona como referência no ensino de

profissionais de Ciências Contábeis para o mercado de trabalho ao se

aproximar do seu objetivo, essa visão deve ser construída, e declarada aos

funcionários, docentes e discentes.

A pesquisa e a extensão também podem contribuir com a formação

profissional e devem ser incentivadas.

Ações interdisciplinares devem ser estimuladas para minimizar os efeitos

da intervenção do MEC nas grades Curriculares, temas transversais

podem relacionar Ciências Contábeis com as disciplinas de sociologia,

responsabilidade social, meio ambiente entre outras.

O Ensino de Inglês deve estar no currículo ou ao menos ser oferecido

como atividade complementar.

A integração com empresas de tecnologia de informação, empresas de

auditoria independente, empresas de base tecnológica entre outras devem

ser estimuladas.

Iniciativas de modelos inovadores de ensino e aprendizagem tais como,

aprendizagem ativa e blended learning devem ser encorajados

Integração com outros cursos e áreas afins, tais como Engenharia de

Produção e Administração de Empresas, bem como a conexão com as

empresas da região devem ser mais exploradas.

Cursos de Formação continuada, para docentes e coordenadores, com

ações internas e externas devem ser incentivados.

Além da formação continuada práticas exitosas, tais como: Laboratório

Contábil, Jogos de Empresas, Estudos Baseados em Problemas entre

outras, devem ser promovidas e incentivadas.

Os relatórios da CPA devem ter maior evidência e foco nos alunos e

professores e não apenas nas diretrizes propostas pelo MEC, ou seja,

devem dar retorno às dúvidas, queixas e sugestões dos alunos e

105

professores. A IES em contrapartida não pode ser passiva, respondendo

ao mínimo proposto, para que os seus cursos sejam reconhecidos pelo

MEC, e sim superar a expectativa dos alunos, cabe o questionamento: Em

quais pontos o nível de exigência dos alunos e dos empregadores é mais

alto que o MEC?

Com quem pode ser feito:

A maior parte das respostas está na própria IES, desde que haja

disposição em buscá-las visando à evolução, o sucesso do passado não garante

o futuro, e as pessoas dispostas a buscar a qualidade por meio do aprendizado

podem ser a chave para melhoria contínua.

Com dedicação a formação de pessoal desde a sala de aula até as áreas

funcionais o ensino de Ciências Contábeis pode superar as expectativas, há muito

tempo as pessoas aprendem fazendo, apenas com a visão operacional sem o

olhar reflexivo e sistêmico. Deste modo, aprimorar a ação das pessoas é o que

levará a IES a realizar as melhorias.

Como pode ser feito:

Com o passar do tempo as dificuldades se avolumam, diante do cenário

de constantes mudanças, da organização econômica do setor, do

desenvolvimento de novas tecnologias, da regulamentação por parte do Estado,

da concorrência imposta pelas grandes redes, sobretudo pela transposição das

barreiras geográficas através da educação a distância.

O cenário da busca pela universalização da oferta na maior parte das IES

leva ao prejuízo da baixa qualidade.

O imediatismo e a busca por estratégias que vão dos mercados, dos

governos da Direção das IES direto para salas de aula, sem serem discutidas e

trabalhadas com os coordenadores, funcionários e professores, tendem a o

retrabalho e a perda de energia evidente no texto abaixo:

Os indicadores em relação ao ensino superior brasileiro trazem a baila, a constatação de que é preciso colocar em prática uma nova teoria. Mudar a visão e modificar velhos padrões. Para tanto 2 caminhos podem ser seguidos: o curto caminho longo ou o longo caminho curto. No curto caminho longo, rapidamente mudam-se os processos, mas não há sustentação para as mudanças. O longo caminho curto é o caminho que passa primeiro pelas pessoas, os processos, o governo, e a partir daí, espera-se que seja transformada a formação profissional, via ensino

106

de graduação. Aparentemente esse caminho é o longo, mas, no entanto, é o mais curto, por que não há retrabalho. (MONTEIRO et al., 2011,p.26).

Diante dos grandes desafios e da legitimidade da estruturação dos

Projetos Políticos Pedagógicos, bem como a qualidade do ensino explícita na

Missão da IES, observa-se como principal ponto crítico a necessidade de se

manter ativo e livre, o poder do diálogo entre seus participantes, respondendo

assim, como fazer para que as mudanças ocorram e sejam sustentáveis.

107

5 DESCRIÇÃO DA INSTITUIÇÃO PESQUISADA, UNICEP – CENTO

UNIVERSITÁRIO CENTRAL PAULISTA

As informações que seguem abaixo foram obtidas no projeto pedagógico

do curso de Ciências Contábeis e, do Curso Superior Tecnólogo em Gestão de

Recursos Humanos, elaborados pelos docentes dos respectivos cursos

compondo uma breve descrição do Centro Universitário Central Paulista UNICEP,

da cidade de São Carlos em que está inserido e da região central paulista na qual

estende sua participação.

Como Centro Universitário possui Autonomia Limitada, de forma resumida

essa classificação implica na liberdade concedida pelo MEC para elaborar

projetos e implantar novos cursos, porém se faz necessária a chancela do MEC

para o Reconhecimento dos Cursos na ocasião da formatura da primeira turma.

O UNICEP mantém 28 cursos de Graduação e 12 Cursos de Pós-

Graduação Lato Sensu, desde sua criação em 1974, o Curso de Bacharelado em

Ciências Contábeis já formou 40 turmas, totalizando aproximadamente 2000

graduados até dezembro de 2015.

São Carlos situa-se na região Central do Estado de São Paulo, composta

por 26 municípios, que concentram quase um milhão de habitantes sendo que

São Carlos, Araraquara, Matão, Américo Brasiliense e Porto Ferreira são os mais

populosos da região.

A região apresenta excelentes indicadores econômicos e sociais,

atividades diversificadas produzindo para o mercado interno e externo. As

indústrias da região passam pelo setor metalúrgico, eletroeletrônico, químico,

aeronáutico, sucroalcooleiro e agrícola. No setor agrícola há uma predominância

da produção de cana-de-açúcar e laranja. Na sequência aparece a produção de

leite e derivados, carne de frango e bovina.

São Carlos contribui para o desenvolvimento econômico, social, cultural,

político e ambiental da região e é por ele influenciada, ampliando as chances de

sucesso dos negócios nela instalados. Assim, em função do crescimento

populacional e do acesso ao ensino formal, existe ainda uma demanda por vagas

108

no ensino de graduação, uma vez que o mercado tem passado por rápidas e

intensas mudanças, exigindo a contratação de mão-de-obra especializada.

Figura 13 – Região Central Paulista

Fonte: Governo do Estado de São Paulo (http://www.sp-turismo.com/mapas/regiao-central.htm)

Sua população é de 230.890 habitantes (SEADE, 2015), da qual, segundo

a Secretaria Municipal de Habitação e Desenvolvimento Urbano, apenas 5%

residem na zona rural, que ocupa 94% do território municipal, enquanto 95%

residem em zona urbana, ocupando os 6% restantes da área do município;

ocasionando intensa pressão por construção de moradias e pela infraestrutura

necessária no ambiente urbano.

Entremeado a esse ambiente o UNICEP tem como missão, “Gerar e

disseminar conhecimento para a sociedade obedecendo ao princípio de

indissociabilidade entre ensino, extensão e pesquisa, com qualidade”.

Sua visão de futuro é, “Tornar-se referência nas atividades de ensino,

pesquisa, extensão e prestação de serviços firmando-se como instituição capaz

de interagir na busca de soluções para o desenvolvimento do cidadão, da

sociedade e da região em que está inserida”.

109

Quanto ao curso de Ciências Contábeis vem conquistado ao longo dos

anos o posicionamento de referência de qualidade no que diz respeito à formação

de contadores profissionais no interior paulista, dentro de sua categoria de

instituição de ensino superior privado, contribuindo, ao mesmo tempo, para a

manutenção da qualidade de vida humana e para o desenvolvimento regional e

nacional

O Curso de Ciências Contábeis do UNICEP tem como objetivos:

Desenvolver em seus egressos, habilidades profissionais na área contábil,

compatíveis com a natureza de sua formação superior, capacitando-os e

qualificando-os para que possam, por meio de seus conhecimentos científicos e

técnicos avançados, contribuir para o desenvolvimento econômico e tecnológico

da iniciativa pública e privada, capacitação técnica, humanística e específica para

o profissional contábil, contribuindo para o desenvolvimento da profissão,

desempenhando suas funções com ética e responsabilidade social.

Capacitar o futuro profissional para as responsabilidades de planejamento,

coordenação, controle e análise das mutações do patrimônio de uma entidade,

desenvolver habilidades para a elaboração de demonstrações contábeis e dar

condições ao aluno e para a compreensão dos princípios éticos indispensáveis ao

exercício profissional.

Preparar o profissional em questão para manter relacionamento entre

empresa e poder público nas questões tributárias e de gestão governamental,

formar profissionais para planejar e colocar em prática um sistema de informação

para uma organização, com ou sem fins lucrativos.

Ensejar condições para que o futuro profissional esteja preparado para

entender as dificuldades e as complexidades do processo de tomada de decisões

e se comportar como um agente de mudanças na busca por alternativas que

auxiliem tal processo.

Para tanto, o Bacharel formado em Ciências Contábeis pelo UNICEP,

possui uma sólida formação nas áreas de contabilidade financeira, tributária e

atuarial, auditoria, perícia, análise de demonstrações financeiras, custos, dentre

110

outros, em conformidade com as Diretrizes Curriculares do Conselho Nacional de

Educação - CNE.

O perfil profissional gráfico desejado pela Instituição é o de um profissional

com conhecimento contábil genérico. Assim, de uma forma geral, os

conhecimentos requeridos compreendem conhecimentos gerais, especialmente

na área humanística e conhecimentos teórico-doutrinários aplicados à

contabilidade.

Os atributos esperados como habilidades e competências do egresso

obedecem ao artigo 4º, itens I a VIII, da Resolução CNE nº 10/04, de 16 de

dezembro de 2004 do Conselho Nacional de Educação.

Buscam-se também como atributos indispensáveis ao Contador aptidões

pessoais para que execute suas atividades com eficiência, tais como:

• Habilidade numérica

• Raciocínio abstrato

• Memória

Atributos que o levem a exercer com competência e responsabilidade a sua

função social

• a) Atributos de natureza humana

• b) Atributos de natureza social

• c) Atributos de natureza profissional

De acordo com a Resolução CNE N.º 10/04 do MEC, que estabelece as

diretrizes curriculares do curso de graduação em Ciências Contábeis, em

2006, implantou uma nova modalidade de Estágio Supervisionado, que pode ser

considerado uma particularidade significativa do curso por conferir ao futuro

profissional a oportunidade de desenvolver atividades práticas do exercício da

profissão contábil dirigida por docentes com experiência acadêmica e profissional

111

oferecido nos laboratórios técnicos da própria instituição, em duas etapas, com

duração total de 308 horas/aulas.

Estágio I trata da Concepção de um plano de Negócios Fictício, elaboração

do Contrato Social registro na Junta Comercial, além da sua regularização junto

aos demais órgãos oficiais como Receita Federal e do Estado, Previdência e

Prefeitura, CETESB e Corpo de Bombeiros, entre outras. Ou seja, é a preparação

de um ambiente de negócios.

Estágio II/III, grupos de alunos simulam os diversos departamentos que

normalmente existiriam, com seus respectivos sistemas de informações e

atividades, tais como Contabilidade Societária e Fiscal, Controle Patrimonial,

Inventários ou Custo Contábil, Gestão de Tributos, Análises Financeira e de

Balanços, Orçamento, Análise de Custos, Escrituração Fiscal, Execução

Financeira e Recursos Humanos.

Como atividades de pesquisa em parceria com o CNPQ o UNICEP está

inscrito no PIBIC - Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica,

incentivando e promovendo a participação de alunos e docente em projetos de

iniciação científica, mantém uma revista cientifica, REVISTA MULTICIÊNCIA,

classificada pelo Sistema Integrado de Gestão de Atividades acadêmicas como

ISSN 14138972 preparando sua 14ª edição e desde 1996 mantém o CIC –

Congresso de Iniciação Científica e CONAPE – Congresso Nacional de

Pesquisadores.

Entre as atividades de extensão do Curso de Ciências Contábeis estão às

atividades da Empresa Jr. Mantida em conjunto com o curso de Administração,

Orientação Preenchimento de Declaração do IR à agência do POUPA TEMPO e

Ações Integradas com o Núcleo de Práticas Jurídicas.

Em referência a avaliação interna a mais de 20 anos foi criada a CPA

Comissão Própria de Avaliação, aderindo espontaneamente ao Programa de

Avaliação Institucional das Universidades Brasileiras - PAIUB em 1993.

Atualmente o processo de auto avaliação da UNICEP segue a orientação

da Lei 10.861/2004, que instituiu o Sistema Nacional de Avaliação da Educação

Superior – SINAES, com o objetivo de assegurar o processo nacional de

112

avaliação das instituições de educação superior, dos cursos de graduação e do

desempenho acadêmico de seus estudantes seguindo as dimensões abaixo:

• A missão e o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI).

• A política para o ensino, a pesquisa, a pós-graduação, a extensão e as

respectivas formas de operacionalização.

• A responsabilidade social da instituição.

• As políticas de pessoal.

• A organização e gestão da instituição.

• A infraestrutura física.

• Ao planejamento e avaliação.

• Às políticas de atendimento aos estudantes.

• A sustentabilidade financeira.

A Avaliação Externa tem como referência os índices de qualidade das

Comissões de Especialistas do MEC, para efeito de autorização ou

reconhecimento de cursos, processo que se constitui de visitas in loco,

elaboração de relatório contendo recomendações e acompanhamento periódico.

113

6 METODOLOGIA

A pesquisa, objeto desta dissertação utilizou-se da metodologia aplicada

por meio de estudos das teorias existentes na bibliografia sobre o assunto,

efetuando posteriormente comparação dessa literatura com o que foi observado

na pesquisa realizada em campo, com objetivo de evidenciar informações para

gestão do ensino de Ciências Contábeis.

As abordagens qualitativa e quantitativa foram utilizadas como objeto de

pesquisa deste trabalho. Descreveu-se a realidade encontrada, possibilitando

uma análise com maior profundidade; foi aplicado um modelo adaptado de

Cabrera, Nora e Castanheda (1992) que evidencia os fatores que motivam a

retenção discente por meio de analise fatorial e de modelagem por equações

estruturais ilustrada por um diagrama de caminhos.

Com o intuito, de analisar o grau incidência dos fatores motivadores da

persistência por meio do modelo Cabrera, Nora e Castanheda (1992), os dados

foram obtidos por meio da aplicação de um questionário semiestruturado de

elaboração própria, fazendo o uso de perguntas dicotômicas e da escala Likert

que segundo Amaro, Povoa e Macedo(2006), apresenta uma série de cinco

proposições, das quais o inquirido deve selecionar uma, podendo estas ser:

concorda totalmente, concorda, sem opinião, discorda, discorda totalmente

utilizando pontuações de 1 a 5.

Para testar a viabilidade do questionário este foi validado por meio do

coeficiente alfa de Crombrach. Segundo Maroco e Marques (2006) o coeficiente

se apresenta a partir da correlação média entre as respostas dadas pelos

respondentes, correlacionada com a média das perguntas, o teste resultou em 95

% de confiabilidade estatística.

O questionário segue como referencial teórico e metodológico a pesquisa

de Cabrera, Nora e Castanheda (1992) Modelo Integrado de Permanência,

abordando 10 construtos (variáveis latentes) preditores, englobando, as

condições pré-universitárias dos alunos, as dimensões financeiras, sociais e

atitudinais:

114

1. Financiamento assistencial

2. Condições Financeiras do indivíduo

3. Desempenho escolar anterior

4. Encorajamento de pessoas próximas

5. Desenvolvimento acadêmico e intelectual

6. Desempenho nas Avaliações

7. Integração social

8. Compromisso com a instituição

9. Compromisso com o objetivo de se formar

10. Intenção de Persistir na IES

11. Decisão de Persistir

O modelo de Cabrera, Nora e Castanheda (1992) assume entre as

variáveis do modelo, a número 11, decisão de persistir é a variável dependente,

as demais variáveis, intenção de persistir, compromisso de se formar,

compromisso com a IES, integração social, desempenho nas avaliações,

desenvolvimento acadêmico e intelectual, encorajamento de pessoas próximas,

desempenho escolar anterior, condições financeiras do indivíduo e financiamento

assistencial são as variáveis independentes.

O enfoque dado a presente pesquisa difere-se de Cabrera, Nora e

Castanheda (1992), o questionário foi aplicado a alunos a partir do segundo de

graduação em Ciências Contábeis em uma instituição de ensino superior do

estado de São Paulo, tais alunos que já possuem um histórico de persistência,

pois o conceito de que o primeiro ano é o período crítico de maior evasão já está

consolidado, tal como afirmam diversos pesquisadores, entre eles Tinto (1975;

2005; 2012), Pascarela (1980) e Peleias (2008).

Alunos do primeiro ano e os alunos que evadiram o curso não fizeram parte

da pesquisa, ou seja, serão pesquisados somente os alunos persistentes, do

segundo ao quarto ano, período em que a retenção se consolida e os índices de

evasão são bem menores.

A resposta ao problema se dá pela modelagem de equações estruturais,

por uma série de técnicas e procedimentos utilizados em conjunto para análise de

estrutura de variância. Consiste em quantificar de que forma as variáveis

115

observadas são indicativos indiretos de variáveis latentes observadas ou não

também conhecidas como construtos ou fatores.

O método de pesquisa utilizado é o estudo de caso, sua aplicação segundo

Gonçalves e Caldeira (2005) tem como vantagens a geração de informações de

entendimento e comunicação acessíveis, a discussão detalhada de uma situação

específica proporcionando maior compreensão da realidade, a aplicação por

observador único e facilidade na comparação a casos similares servindo de base

para sua interpretação.

As autoras observam que suas principais vertentes de aplicação são

etnográficas, históricas, psicológicas, sociológicas, educacionais ou associados a

culturas e disciplinas específicas.

Quanto à origem e significado do estudo de caso, Ventura (2007) destaca o

estudo de uma unidade, bem delimitada e contextualizada, visando não analisar

apenas o caso em si, isoladamente, mas o que sua concepção representa dentro

do todo.

A classificação do estudo de caso segundo Ventura (2007) dependendo

dos seus objetivos classifica-se com de intrínseco ou particular, buscando a

compreensão intrínseca do objeto de estudo, instrumental, partindo para uma

investigação mais ampla, visando orientar estudos ou pretendendo ser

instrumento para pesquisas posteriores, pode ser coletivo compondo vários casos

instrumentais, buscando ampliar, compreender ou teorizar sobre um conjunto

ainda maior de casos.

Quanto a Estratégia investigativa Yin (2015) afirma que o estudo de caso

se caracteriza como pesquisa empírica, a questão de pesquisa visa responder

como e por que o autor observa que o método não exige controle dos eventos

comportamentais e tem o foco nos acontecimentos contemporâneos, em outras

palavras o trabalho é realizado em circunstâncias específicas, delimitado em

tempo e espaço.

Como referencial para o estudo de caso Ventura (2007), observa a

importância da revisão bibliográfica e sua utilidade nas comparações com outros

casos semelhantes, buscando fundamentação teórica e também reforçando a

116

argumentação do pesquisador, colaborando com a autora, Yin (2015) destaca que

a investigação se beneficia do desenvolvimento prévio de proposições teóricas

para conduzir a coleta e análise de dados.

No Estudo de caso a pesquisa se desencadeia segundo Yin (2015) a

partir de uma situação tecnicamente única em que haverá muito mais variáveis de

interesse do que pontos dados seus, resultados de várias evidências, usando a

convergência entre os dados para a obtenção do resultado.

O desenvolvimento do projeto no estudo de caso, na visão de Ventura

(2007) ocorre de modo semelhante aos demais métodos de pesquisa científica,

organizado em torno de um pequeno número de questões que se referem ao

como e ao porquê da investigação, e, provavelmente essas questões também são

apropriadas para pesquisas históricas e experimentos.

O pesquisador de estudo de caso conforme observa Yin (2015) deve

maximizar quatro aspectos da qualidade como em todo projeto buscando validade

do constructo, validade interna, validade externa e a confiabilidade, o autor define

cinco componentes de um projeto de pesquisa, questões de um estudo, suas

proposições, a unidade de análise, a lógica que une os dados as proposições e os

critérios de interpretação das descobertas.

O projeto do estudo de caso na visão de Ventura (2007) é constituído de 4

fases relacionadas, delimitação da unidade caso, coleta de dados, seleção,

análise, interpretação dos dados e elaboração do relatório do caso.

Como toda pesquisa apresenta vantagens e limitações Yin (2015) observa

como limitações a confusão com outros métodos e o fato do estudo de fornecer

pouca base para se fazer generalização científica, colaborando com o autor

Ventura (2007) acrescenta o tempo e o esforço para elaboração da pesquisa e

ratifica que sua aplicação merece cuidado na busca por generalizações, sendo

assim necessário rigor científico para sua validação.

Quanto à obtenção dos dados, por se tratar de um estudo de caso e da

facilidade da abordagem direta em sala de aula, obteve-se um número bastante

representativo do universo estudado. Deste modo, a pesquisa classifica-se como

censitária, pois entre o universo de 194 alunos de primeiro ao quarto ano 181

117

responderam o questionário, dos quais distribuídos em 59 observações de alunos

do segundo ano, 67 do terceiro e 55 do quarto em percentual respectivamente

32,60%, 37,02%e 30,39%.

6.1 Percurso metodológico

Para obtenção do modelo de incidência dos fatores motivadores da

persistência adaptado de Cabrera, Nora e Castanheda (1992), o trabalho segue

uma série de procedimentos de análise de dados, fazendo o uso da estatística

não paramétrica, utilizando recursos da estatística descritiva e inferencial, o

percurso metodológico segue várias etapas que serão expostas a seguir.

6.1.1 Modelo Fatorial Comum

No modelo fatorial comum Thurstone (1947), postula que cada indicador

em um conjunto de medidas observadas é uma função linear de um ou mais

fatores comuns e um fator único. O autor observa que a análise fatorial particiona

a variância de cada indicador (derivado a partir da matriz de correlação de

amostra/covariância que é usado como input para análise) em duas partes:

• Variância comum ou a variação explicada pelo fator, que é estimado

com base na variância compartilhada com outros indicadores na análise;

• Variância única, que é uma combinação de variância de confiança que é

específico para o indicador (ou seja, os fatores sistemáticos que influenciam

apenas um indicador) e a variância do erro aleatório (isto é, os erros de medição

ou falta de fiabilidade no indicador;

Existem dois tipos principais de análise com base no modelo de fator

comum:

A análise fatorial exploratória (AFE)

A análise fatorial confirmatória (AFC)

118

Ambos AFE e AFC destinam-se a reproduzir as relações observadas entre

um grupo de indicadores (perguntas do questionário) com um conjunto de fatores

(variáveis latentes), porém, a diferença fundamental está no número e na

natureza da pesquisa que utiliza o modelo fatorial.

Na AFC, o pesquisador especifica o número de fatores e o padrão de

indicadores e cargas fatoriais, bem como outros parâmetros, tais como a

independência ou covariância entre os fatores e as variâncias únicas dos

indicadores.

6.1.2 Análise Fatorial Exploratória

AFE é uma abordagem data driven, isto é, orientada pelos dados, de modo

que não são feitas especificações em relação ao número de fatores inicialmente,

ou, o padrão de relações entre os fatores comuns e os indicadores, isto é, as

cargas fatoriais.

Assim, um investigador emprega AFE como uma técnica exploratória ou

descritiva para determinar o número adequado de fatores comuns, e para

descobrir quais variáveis mensuradas são indicadores razoáveis das várias

dimensões latentes, por exemplo, pelo tamanho e a diferencial magnitude das

cargas fatoriais.

Existem vários métodos para determinar o número de fatores (variáveis

latentes) assim os métodos baseados nos autovalores da matriz de dados,

Osborne (2014) e Brow (2015) são:

Regra Kaiser-Guttman

O teste scree,

Análise paralela.

Sendo que existe uma relação entre a regra de Kaisser e o teste scree,

será utilizado só o teste scree para saber o número de fatores nos dados.

119

Os autores observam que a análise paralela considera os autovalores

obtidos do conjunto de dados (matriz de dados) e logo depois são geradas

amostras aleatórias baseados nesses autovalores, posteriormente é feita uma

análise conjunta dos autovalores da matriz de dados e os autovalores das

amostras geradas com o teste scree..

6.1.3 Análise Fatorial Confirmatória

A fim de relacionar os indicadores observados e os fatores é considerado o

modelo fatorial, (BROWN, 2015):

y = τ + Λη + ℇ, (1)

em que:

• y: representa as variáveis observadas, isto é, indicadores (as perguntas do

questionário aplicado);

• τ é o intercepto;

• η: são os fatores (construtos) a serem considerados;

• ℇ: representa a variância única para os indicadores, isto é, a variabilidade dos

indicadores que não foi considerada pelos fatores latentes.

Segundo Brown (2015) é considerado o termo, intercepto, na AFC pelo

interesse em se comparar as médias das variáveis latentes entre os grupos,

assim o modelo com intercepto desempenha um papel importante. Na AFE, tem-

se que:

τ = 0.

120

Desse modo na AFC, cada indicador está ligado somente a um fator, ao

passo que na AFE, pode haver cruzamentos de indicadores, ou seja, um

indicador pode estar ligado a um ou mais fatores, Brown (2015) observa que na

AFC existe um modelo parcimonioso em relação ao modelo proposto pelo AFE.

Partindo da AFC obtém-se o modelo de mensuração, suficiente para propor

um modelo de equações estruturais que se origina de um modelo de mensuração.

6.1.4 Estimação dos parâmetros

Existem vários métodos para estimar os parâmetros do modelo de

mensuração, isto é, as cargas de cada fator, a variância e covariância dos fatores

e a variância única de cada estimador.

Em geral, o método largamente utilizado é o método de máxima

verossimilhança (MV) (BISTAFFA, 2010) que minimiza o critério dado por:

𝐹𝑀𝑉𝑥 =1

2 𝑇𝑟 {[(𝑆 − 𝛴) 𝛴-1]2 }, (2)

em que S é a matriz de covariância dos indicadores observados e Σ é matriz de

covariância preditos indicadores observados.

O método MV baseia-se na suposição que os indicadores observados

seguem uma distribuição normal multivariada. Se a suposição anterior não é

verdadeira então, tem-se que os desvios padrão das estimativas podem ser

incorretos, e, isto leva provas de hipóteses impróprias.

Existem métodos alternativos quando os indicadores não seguem uma

distribuição normal, tal como se refere o trabalho de Rosseel (2012).

O método aplicado neste trabalho é baseado no método de mínimos

quadrados diagonalmente ponderados, (DWLS) (do inglês diagonally weightedl

east squares) em que tal método considera o critério:

121

FDWLS = (S − Σ)⟙ {diag (W)}−1 (S − Σ) (3)

Como neste trabalho a amostra é relativamente pequena, será utilizada

uma versão do estimador DWLS em que, se consegue obter os desvios padrão

robustos das estimativas das cargas, portanto, todas as estatísticas são baseadas

nos desvios padrão.

A diferença do EFA, no CFA é utilizada como input a matriz de covariância

ou os dados brutos e geralmente fornece as estimativas dos parâmetros de forma

padronizada.

Porém, a maioria dos pacotes estatísticos produz também estimativas

parcialmente padronizadas e não padronizadas.

Neste trabalho, as estimativas relacionadas com o modelo de mensuração

e da modelagem de equações estruturais foram encontradas utilizando o pacote

lavaan (ROSSEEL, 2012) que foi executado no software R (R CORE TEAM,

2015).

6.1.5 Avaliação de ajuste do modelo

Assim, o critério mais comum é o teste qui quadrado, porém não é

particularmente útil na prática. Isto pelo fato da hipótese nula do teste qui

quadrado

H0 : Σ = S

ser muita restritiva. Note-se que a hipótese alternativa é

H1 : Σ 6= S

Neste sentido, o teste qui quadrado baseia-se na suposição que os

indicadores seguem uma distribuição normal multivariada, porém tal suposição

pode ser não razoável. Neste cenário, existem também outras estatísticas

descritivas (chamadas também de índices) além do teste qui quadrado, que

122

resumem a performance do ajuste do modelo proposto. Esses índices são

conhecidos como índices de qualidade de ajuste (do inglês Goodness- of- fit) e

podem ser divididos em três categorias (Brown, 2015).

1. índices de ajuste absoluto

2. índices de ajuste parcimonioso

3. índices de ajuste comparativo (ou índices de ajuste incrementais).

Na literatura de análise fatorial os índices de qualidade do ajuste são

também denominado como índices de qualidade absoluto (Overall Goodness of

Fit).

Índices de ajuste absoluto

Nesta categoria estão o estatística qui-quadrado χ 2 e o índice SRMR (do

inglês, Standardized Root Mean Square Residual). Hu e Bentler (1999)

recomendam um valor de corte perto de 0,08 ou menor para ter um razoável

ajuste.

Índices de ajuste parcimonioso

O índice mais amplamente utilizado e recomendado nesta categoria é o

índice RMSEA (do inglês root mean square error of approximation). Existem

vários pontos de corte no índice RMSEA para avaliar se o modelo proposto tem

um bom ajuste aos dados. Geralmente é utilizado a proposta dada por Browne

and Cudeck (1993) em que, valores menores 0,08 sugerem um adequado ajuste

do modelo, valores menores que 0,05 sugerem um bom ajuste. O modelo

encontrado deve ser rejeitado se os valores do RMSEA são maiores ou iguais a 1.

Índices de ajuste comparativo

Índices de ajuste comparativo avaliam o ajuste de uma solução

especificada em relação a um modelo mais restrito, o modelo base (padrão)

encaixado. Em geral, o modelo padrão é denominado também modelo "nulo"(ou

modelo de "independência") fixa as covariâncias entre os indicadores a zero.

• O índice CFI (Comparative Fit Index), que pode variar entre 0 e 1, em que

valores próximos de 1 implicam em um modelo bem ajustado.

123

• O índice Tucker-Lewis (TLI) é não normalizado, i.e., que os possíveis

valores do índice TLI podem cair fora do intervalo [0; 1].

De qualquer forma, é interpretado de maneira similar ao índice CFI, ou

seja, valores próximos de 1 indicam um bom ajuste. Em pesquisa aplicada, tem-

se observado que se os valores dos índices CFI e TLI são menores que 0,9 então

tem-se evidencia para rejeitar o modelo ajustado. Porém, se os valores dos

índices estão no intervalo de 0,90 até 0,95 então o modelo ajustado pode ser

considerado como aceitável Bentler (1990).

A avaliação do ajuste do modelo proposto consiste em responder se é

capaz de reproduzir com precisão (exatidão) a matriz de covariância das variáveis

observadas, para tanto, utiliza-se o teste qui quadrado e vários índices de ajuste.

6.1.6 Modelagem por equações estruturais

Frequentemente pesquisadores estão interessados em saber como um ou

mais fatores ou construtos, por exemplo, Desenvolvimento acadêmico e

intelectual DAI e Comprometimento com a instituição CI se relacionam entre si.

Esse propósito compreende duas etapas na primeira, o modelo de

mensuração pelo qual obtém-se os fatores a partir da equação evidente na

análise fatorial confirmatória e em seguida a parte estrutural na qual as relações

entre os construtos são descritas pelo modelo de equações estruturais (MEE)

seguindo uma metodologia similar a regressão linear múltipla, porém, ao invés de

ter variáveis observadas tem-se variáveis latentes.

Partindo das variáveis latentes que podem ser exógenas ou endógenas, a

relação entre elas e obtida, pela parte estrutural do modelo dada pela seguinte

equação, Brown (2015):

124

𝜂 = 𝑩𝛾 + 𝜁, em que:

• 𝜂: variáveis latentes endógenas (dependentes)

• 𝛾: variáveis latentes exógenas (independentes)

• 𝑩: coeficientes que representam as relações entre as variáveis

latentes

• 𝜁: erro aleatório

Sua representação gráfica pode ser obtida por um diagrama de caminho

em que os losangos demonstram os indicadores, as elipses os construtos ou

variáveis latentes, as setas curvilíneas representam a existência de correlação

entre os construtos e as setas retilíneas representam a existência de relação de

causalidade entre os construtos, direcionando o diagrama de caminhos.

O diagrama de caminhos, segundo Bistaffa (2010) é uma representação

gráfica do sistema de equações estudado na modelagem de equações

estruturais, sua vantagem é a representação em uma única figura contendo

relações causais assumidas como verdadeiras para o modelo, o autor afirma, que

os coeficientes do modelo são interpretados da mesma maneira que os

coeficientes de regressão linear, portanto, assim denominados.

125

7 RESULTADOS

7.1 Análise Fatorial Exploratória e Confirmatória

Foram coletados 181 questionários, sendo que alguns alunos não

responderam completamente as perguntas do questionário. Assim, dos 181

questionários 26 foram desconsiderados, portanto, o tamanho de amostra final é n

= 155.

Baseado em estudos empíricos de estudos de retenção de alunos, foram

propostos nove fatores (construtos). Assim na AFE foi verificado se os dados

evidenciam a hipótese de possuir nove construtos. Para tal fim, foi utilizado

screeplot e a análise paralela.

Assim, para obter o screeplot e fazer a análise paralela na AFE é

considerado a matriz de correlação entre os indicadores. Em geral, é utilizada a

correlação linear Pearson, porém para utilizar a correlação de Pearson os

indicadores do questionário devem ser de natureza contínua (por exemplo, idade,

peso).

Neste caso os indicadores registram respostas categóricas (ordinais e

dicotômicas) sendo assim não é correto considerar o coeficiente de correlação de

Pearson para mensurar a correlação entre indicadores, então buscando

informações de maior acurácia a correlação entre indicadores será considerada a

correlação policórica.

No Gráfico 10 é mostrada o screeplot, em que se observa que o número de

autovalores maiores que um é onze. Portanto, de acordo o screeplot pode-se

dizer que o número de fatores é 11.

126

Gráfico 10 – Screeplot para os dados de retenção.

Fonte: O autor, (2015).

No Gráfico 11 é apresentado o gráfico da análise paralela em que a linha

pontilhada em vermelho é menor ou igual até o nono autovalor. Isto implica que

para fazer a análise fatorial devem ser considerados 9 fatores.

Essa constatação originária da AFE dispõe a formação de 9 fatores (ou

construtos) e pode ser utilizada para explicar para explicar a retenção dos alunos,

é importante observar que propor 9 fatores para explicar a retenção dos alunos foi

baseada em evidência empírica dos trabalhos que também estudaram a retenção

de alunos, porém não em um contexto brasileiro.

127

Gráfico 11 – Gráfico da análise paralela para os dados de retenção.

Fonte: O autor, (2015).

Com a finalidade de fazer a AFC é importante saber que para os dados a

serem analisados (respostas aos indicadores) parte-se de uma distribuição

normal multivariada. Neste sentido, utiliza-se o gráfico q-q (conhecido também

como qqplot), assim no Gráfico 12, é apresentado o gráfico q-q, em que a linha

sólida representa os dados sobre a condição de normalidade e os pontos acima

dela são os dados observados.

Se os dados seguem uma distribuição normal multivariada então os pontos

devem ficar próximos da linha sólida. Porém, o gráfico q-q não tem esse

comportamento, ao invés disso tem-se que os pontos têm uma forma de similar

com a letra S em torno da linha sólida. Isto indica que os dados são assimétricos

e, portanto, não seguem uma distribuição normal multivariada.

128

Gráfico 12 – Gráfico q-q

Fonte: O autor, (2015).

Em uma análise inicial, todos os indicadores relacionados com cada

construto foram considerados, porém alguns indicadores foram rejeitados porque

não serem considerados significativos. O modelo final é apresentado nas tabelas

a seguir.

129

Na Tabela 10, é apresentado o modelo proposto inicialmente, por exemplo,

o construto f1 contém os indicadores P4 e P5, o fator "f7” contém os indicadores

P22, P23, P24, P25. Note-se que o construto "f8" contem mais indicadores que

os outros construtos.

Tabela 10 – Modelo inicial com seus respectivos indicadores

Fator Indicador Fator Indicador f1 P4-5 f6 P19-21 f2 P6-P9 f7 P22-25 f3 P10-12 f8 P26-35 f4 P13-14 f9 P36-39 f5 P15-181111111111111111

Fonte: O autor, (2015).

Na Tabela 09, vide apêndice, são apresentadas as estimativas das cargas,

o erro padrão das estimativas (Std.Err), o valor da estatística (Z-value) do teste de

hipótese em que a hipótese nula é que a carga de cada indicador é igual a 0,05 o

p valor (P(>|z|)) associado para cada hipótese, a estimativa de cada carga

padronizada (Std.lv) só quando os fatores (variáveis latente) são padronizados e

as estimativas das cargas (std.all) quando fatores e indicadores são

padronizados.

Os P valores dos indicadores P11, P14, P35 e P39 na Tabela 08 são

maiores que 0,05; indicando que as estimativas das cargas não são significativas,

ou seja, tem-se evidência para não rejeitar a hipótese nula, H0:λi= 0.

Neste sentido, têm-se também alguns indicadores em que seu p valor é

próximo de 0, 05, por exemplo, P27, P30, P32. A maioria das cargas estimadas é

significativa, ou seja, o p valor é menor que 0, 05. Também, foi observado o p

valor de alguns indicadores é menor que 0, 001, e levando em conta isto na

Tabela 08 o valor desses p valor foram denotados por 0*.

Sendo que alguns indicadores resultaram não significativos, então foi feita

outra análise. Assim, nesta nova análise não foram considerados os indicadores

P11, P14, P35 e P39. Nessa nova análise, foi observado que o indicador P26 não

foi significativo. Assim, ao modelo sem os indicadores ditos anteriormente será

chamado de modelo final.

130

Na Tabela 12 são mostrados os índices de qualidade de ajuste. Nota-se

que o valor da estatística quiquadrado para o modelo inicial é 631, 204 em que os

graus de liberdade (que estão entre parênteses) são iguais a 558, e tem-se que e

o P valor é menor que 0,05 o que indica que o modelo inicial rejeita a hipótese

nula, isto é, que a matriz de covariância observada é igual a matriz de covariância

do modelo inicial. Porém, o teste quiquadrado é restritivo e, além disso, os dados

apresentam assimetria, assim devem ser considerados outros critérios de

qualidade de ajuste. Nesta mesma tabela, observa-se que os índices CFI e TLI

são menores que 0,9, o que indica que o modelo inicial deve ser rejeitado.

Após descartados os indicadores P11, P14, P35, P39 e P26, na Tabela 09,

vide apêndice, também são apresentados, os índices de qualidade de ajuste para

o modelo final. Nota-se que a valor da estatística quiquadrado é 443, 776 com

399 graus de liberdade.

Assim, no modelo final tem-se que o P valor é 0,06 (e, portanto, maior que

0,05) e desta forma tem-se evidência para não rejeitar que a matriz de covariância

das variáveis observadas, pois é próxima da covariância do modelo final,

portanto, de acordo com o teste quiquadrado o modelo final pode ser aceito.

Além disso, nota-se que o índice SRMR (0,067) é menor que 0,08 e o

índice RMSEA é menor que 0,05, o índice CFI (0, 922), é maior que 0,9 e também

o índice TLI (0,909). Levando em conta todos os índices anteriores, pode-se

afirmar que o ajuste do modelo final pode ser aceito.

Tabela 12 – Índices de qualidade de ajuste para o modelo inicial e final.

Índices de qualidade de ajuste

Modelo χ2 p valor SRMR RMSEA CFI TLI

Modelo Inicial 631,204 (558) 0,017 0.075 0,029 0,866 0,849

Modelo Final 443,776 (399) 0,060 0,067 0,027 0,922 0,909

Fonte: O autor, (2015).

Na Tabela 09, vide apêndice, são apresentadas as estimativas das cargas,

o erro padrão de estimação, o valor estatístico do teste, o P valor e a estimativa

das cargas quando os fatores e os indicadores são padronizados, isto é, a

131

correlação do modelo final. Nota-se que todas as cargas dos estimadores são

significativas (os P valor são menores que 0,05).

Pode-se observar que alguns indicadores tem a estimativa da carga igual a

1, isto porque esses indicadores são definidos como marcadores necessários

para obter as estimativas das cargas. Neste sentido, os indicadores marcadores

não têm erro padrão de estimação, portanto, não há possiblidade de teste de

hipótese.

Na Tabela 14, vide apêndice, apresentam-se as estimativas das

covariâncias e correlações (Std.all) entre os fatores (ou construtos). Nesta tabela,

tem-se também tem o erro padrão (Std.Err) de estimação e o valor da estatística

(Z-value) do teste de hipótese em que a hipótese nula, é que a covariância é igual

à zero e o P valor. Os resultados mostram as relações entre os fatores, por

exemplo, nota-se que existe uma relação estatisticamente significativa entre o

fator f1 e os fatores f2 e f3.

De fato, existem mais relações entre os fatores assim:

• f2 tem uma relação com f3

• f3 tem uma relação com f6

• f4 tem relação com f5

• f5 tem relação com f6, f7, f8 e f9

• f6 tem relação com f7, f8 e f9

• f7 tem relação com f8

• f8 tem relação com f9

Após a aplicação da AFE e AFC os indicadores evidenciados na tabela 15

por meio da correlação policórica entre eles, foi possível a validação dos 9

construtos propostos pelo modelo: Financiamento assistencial AF, Condições

Financeiras dos alunos CF, Desempenho escolar anterior DEA, Encorajamento

de pessoas próximas EPP, Desenvolvimento acadêmico e intelectual DAI,

Desempenho nas Avaliações DA Integração social IS, Comprometimento com a

instituição CI, Compromisso com o objetivo de se formar CO.

132

A fim de obter a parte estrutural da MEE, foram considerados 9 construtos

como no trabalho Cabrera et al. (1992), a Figura 14, evidencia os fatores que

buscam reduzir a complexidade, acerca do processo de retenção discente, e o

protagonismo do aluno como elemento central no processo decisório entre evadir

ou permanecer.

Figura 14 – Fatores de retenção discente

Fonte: O autor, (2015).

7.2 Modelagem por equações estruturais

Uma vez obtidos os construtos validados pela AFE e a AFC, observa-se

por meio das cargas fatoriais a existência de correlação entre os construtos,

pressupostos que sustentam a proposição de uma modelagem por equações

estruturais. Assim o modelo inicial proposto é dado na figura 15:

Figura 15 – Modelo proposto

Fonte: O autor, (2015).

I

S

133

A Tabela 15 mostra as estimativas dos coeficientes, B, o erro padrão, o

valor da estatística Z da prova de hipótese, o P valor e a correlação entre os

fatores (Std.all), partindo desta tabela, pode-se dizer que não existe uma relação

direta (o P valor é maior que 0,05) entre as variáveis exógenas f1, f2, f3 e f6 e f5

também, o mesmo resultado tem-se para os fatores f4 e f5.

Diferente dos resultados anteriores tem-se para a relação direta entre f4, f5

e f7 e f8, assim existe uma relação direta entre f5 e f8. Além disso, observa-se

que a relação direta entre os fatores f4 e f7 e f8 não são estatisticamente

significativas, porém os valores de P são próximos de 0,05. A relação entre f4, f5 e

f7 e f9 também não são estatisticamente significativas.

Levando em conta os resultados anteriores decidiu-se modificar o modelo

proposto inicialmente.

Tabela 15 – Estimativas dos coeficientes de regressão para analise estrutural inicial Parte estrutural Estimativa Std.Err Z-value P(>|z|) Std.lv Std.all f5 f1 1.196 2.149 0.557 0.578 0.874 0.874

f2 -1.212 2.211 -0.548 0.584 -1.037 -1.037 f3 -5.745 7.642 -0.752 0.452 -3.981 -3.981 f6 3.978 4.373 0.91 0.363 3.776 3.776

f4 f1 0.268 0.78 0.344 0.731 0.155 0.155 f2 -0.213 0.7 -0.304 0.761 -0.144 -0.144 f3 -1.772 2.387 -0.742 0.458 -0.971 -0.971 f6 1.295 1.345 0.963 0.336 0.972 0.972

f7 f1 1.039 1.59 0.654 0.513 0.874 0.874 f2 -0.786 1.42 -0.553 0.58 -0.774 -0.774 f3 -4.083 4.914 -0.831 0.406 -3.256 -3.256 f6 2.752 2.819 0.976 0.329 3.005 3.005

f8 f4 -0.069 0.036 -1.909 0.056 -0.139 -0.139 f5 0.456 0.124 3.666 0∗ 0.727 0.727 f7 0.195 0.101 1.926 0.054 0.271 0.271

f9 f4 0.012 0.047 0.258 0.797 0.026 0.026 f5 0.256 0.148 1.733 0.083 0.429 0.429 f7 -0.008 0.134 -0.057 0.954 -0.011 -0.011

Fonte: O autor, (2015).

O modelo modificado é dado na Figura 16. Nota-se que agora só foram

considerados como variável exógena apenas o fator f6.

134

Figura 16 – Modelo final

Fonte: O autor, (2015).

A Tabela 16 mostra as estimativas dos coeficientes de regressão, erro

padrão, o valor da estatística da prova de hipótese. Assim pode-se observar que

as relações são estatisticamente significativas.

Tabela 16 – Coeficientes de regressão para o modelo modificado

Coeficientes de regressão Estimativa Std.Err Z-value P(>|z|) Std.lv Std.all f5 f6 1.518 0.544 2.79 0.005 0.885 0.885 f4 f6 0.575 0.243 2.37 0.018 0.262 0.262 f7 f6 1.081 0.34 3.178 0.001 0.714 0.714 f8 f4 -0.066 0.034 -1.94 0.052 -0.132 -0.132

f5 0.459 0.124 3.708 0∗ 0.72 0.72 f7 0.209 0.1 2.098 0.036 0.289 0.289

f9 f5 0.267 0.115 2.326 0.02 0.432 0.432

Fonte: O Autor, (2015).

RETENÇÃO

135

8 DISCUSSÃO

8.1 Achados relevantes

A originalidade do trabalho consiste na investigação de elementos que

contribuem com a retenção discente, visando prevenir a desistência dos alunos,

ao passo que prevalece na literatura nacional a visão pelo prisma da evasão.

O olhar sobre o fenômeno da retenção discente expande a complexidade

das relações psicossociais e busca reduzi-las por meio da pesquisa teórica

empírica fundamentada em equações estruturais, criando construtos que podem

servir como padrões de qualidade que buscam aferir eficiência e a eficácia das

práticas educativas e sociais da IES.

Inicialmente, entre os nove construtos obtidos pela análise fatorial

exploratória e confirmatória, chama à atenção a influência dos fatores externos na

retenção discente. Entende-se por fatores externos aqueles que não fazem parte

do escopo de trabalho das IES, porém interagem com as atividades de ensino

pesquisa e extensão, participando indiretamente da gestão das IES, compondo

universo do sistema de ensino; são considerados fatores não cognitivos, e

exploram influencias ambientais e comportamentais:

Financiamento assistencial AF

Condições Financeiras dos alunos CF

Desempenho escolar anterior DEA

Encorajamento de pessoas próximas EPP

Embora haja correlação entre todos os fatores externos observados na

Análise Fatorial, na fase de modelagem por equações estruturais, as questões

focadas no apoio aos alunos de classes sociais menos favorecidas, abordadas

por Bean (1983), Cabrera (1992) e Tinto (2005) fundamentadas em pesquisas

empíricas e presentes no modelo proposto, representados pelos construtos

condições financeiras CF, apoio financeiro AF não obtiveram carga suficiente

para se relacionar com os fatores cognitivos e comportamentais que seguem

adiante, o mesmo ocorreu com desempenho escolar anterior DEA.

136

Por outro lado, o fator ou construto, encorajamento de pessoas próximas

EPP, destaca-se entre os demais fatores não cognitivos, aqueles que exploram

influencias ambientais e comportamentais, como sendo o único entre os que

foram abordados no estudo, o qual influencia diretamente os fatores cognitivos,

Desenvolvimento acadêmico e intelectual DAI, Desempenho nas Avaliações DA e

o fator comportamental, integração social IS.

Incorporados como fatores cognitivos foram utilizados:

Desenvolvimento acadêmico e intelectual DAI

Desempenho nas Avaliações DA

Com base na teoria de Tinto, em que a integração social favorece os

construtos cognitivos e estes apresentam relação direta com o comprometimento

dos alunos relacionada a seus objetivos pessoais e compromisso com a IES,

indicativo de eficiência e eficácia das ações institucionais, a diante, o

desenvolvimento acadêmico e intelectual DAI demonstrou relação causal com o

objetivo de se formar CO; na sequência desempenho acadêmico DA, integração

social IA e desenvolvimento acadêmico e intelectual DAI, demonstraram relação

causal com o compromisso com a IESCI, esta etapa da análise por equações

estruturais aborda fatores referentes as características individuais do estudante e

Fatores internos relacionados a gestão e ao planejamentos estratégico das

instituições.

Contemplando o comportamento referente ao engajamento dos alunos com

a instituição e com o curso e as ações institucionais:

Integração social IS

Comprometimento com a instituição CI

Compromisso com o objetivo de se formar CO

Em síntese, o modelo proposto, por meio do diagrama de caminhos que

aborda inicialmente a influência de fatores externos, nesse caso representado por

influência de pessoas próximas, evidencia relação causal com os construtos

cognitivos e integração social que compõe a estrutura do modelo presente no

trabalho de Cabrera (1992) e (1993).

Observa-se também em sua base a construção teórica e empírica de seus

precursores Tinto (1975) e Bean (1983), nos quais os construtos cognitivos

137

desempenho acadêmico e desenvolvimento acadêmico intelectual reforçado pela

integração social, demonstraram comprometimento dos alunos, tanto com seus

objetivos pessoais quanto com a IES e esses objetivos são considerados

preditivos da retenção discente por meio de determinação em obter o grau

acadêmico e expresso na confiança e no prestígio institucional pelo sentimento de

pertencer a IES.

8.2 Considerações relacionadas ao objetivo geral

Perseguindo o objetivo geral da dissertação verifica-se que a pesquisa

teórica empírica, inicialmente constituída do questionário fundamentado na

revisão bibliográfica, foi capaz de expor como se relacionam os fatores que

colaboram com a retenção discente, sustentada pela criação de um modelo de

acompanhamento dos fatores de retenção discente adaptado dos trabalhos de

Cabrera et al. (1992) e (1993).

O trabalho permitiu no primeiro momento, por meio das Análises Fatoriais

exploratórias e confirmatórias, expressar a visão discente revelada nas respostas

ao questionário, a existência de motivações cognitivas e não cognitivas da

retenção discente, compondo um modelo que contempla, fatores ambientais,

comportamentais, desenvolvimento acadêmico, intelectual, engajamento na

instituição e no curso de Ciências Contábeis.

Uma vez obtidos os fatores em um segundo momento referindo-se ao

objetivo geral do trabalho o modelo final obtido a partir as equações estruturais

responde como esses fatores se relacionam.

O percurso metodológico utilizou inicialmente a Análise Fatorial

Exploratória e posteriormente a Análise Fatorial Confirmatória, observa-se que a

variabilidade entre os indicadores possibilita a modelagem por equações

estruturais, tal fato permitiu a criação dos construtos, em outras palavras, fatores

de análise fundamentados e questões sociais, cognitivas e comportamentais,

138

elaborados por meio de indicadores agrupados na forma de perguntas do

questionário do qual deu início ao trabalho empírico.

Na fase da AFE e AFC os indicadores mantiveram uma frequência de

respostas adequadas para criação de construtos, por meio da constatação da

relação de causalidade entre eles, nos moldes propostos por Brow (2006) French

e Finch (2006) e Kline (2011), fundamentando a reposta ao problema nas

pesquisas propostas, principalmente por Tinto e Bean das quais partiram as

teorias psicossociais consolidadas nos trabalhos de Cabrera et al.(1992) e (1993),

que agregam em um modelo teórico empírico de fatores representativos das

influências do ambiente externo, na gestão das IES, dos cursos e no

comportamento dos alunos.

8.3 Considerações relacionadas aos objetivos específicos

Respaldando-se no fato da retenção discente ser indicativa de eficiência e

eficácia do ensino superior, correspondendo ao objetivo específico da criação de

parâmetros para gestão do Ensino de Ciências Contábeis na IES estudada, o

trabalho permitiu no primeiro momento, por meio das Análises Fatoriais

exploratórias e confirmatórias, expressar a visão discente revelada nas respostas

ao questionário.

A contribuição com o planejamento estratégico dos cursos ocorre à medida

que os construtos são criados e evidenciadas as relações entre eles, podendo

servir como orientação para elaboração de estratégias tal como Tinto (2012)

explicita a necessidade dos gestores e líderes acadêmicos de incorporarem ações

ligadas a retenção tanto no apoio a decisões quanto na elaboração de um

planejamento estratégico institucionalizado, substituindo as ações pontuais.

A visão dos alunos sobre a IES deriva do modelo proposto, evidenciando

assim fatores referentes às suas características individuais nos contextos externo

e interno às instituições, estendendo-se à perspectiva sistêmica do ensino

superior, que aborda tanto a gestão estratégica global das Instituições de ensino

139

como questões específicas, que influenciam na decisão por parte do aluno de

concluir ou abandonar seu curso.

Desse modo, colabora com a proposição de Silva (2014) que enxerga o

planejamento estratégico incorporando a retenção discente como prática da

missão institucional, o estabelecimento de objetivos e metas, o engajamento da

direção executiva, do corpo docente e funcional, a implantação de sistemas de

informação para acompanhamento e a evidenciação dos resultados.

Segundo Tinto (1975), (1983) e (2012) o foco na decisão do aluno de

concluir ou abandonar o ensino é um problema que deve ser compreendido a

partir do aluno, das Instituições de Ensino e de fatores externos, desse modo a

visão dos discentes obtida por meio da sua participação na pesquisa, colabora

com a composição dos cenários, peças fundamentais na elaboração de diretrizes

para a criação e implantação de estratégias em perspectiva sistêmica, para os

cursos, instituições de ensino superior e para o sistema de ensino.

O trabalho atinge o objetivo de contribuir com a formação acadêmica dos

alunos de Ciências Contábeis, ao passo que reúne em um modelo aplicado uma

série de indicadores que permitem traçar um percurso entre fatores cognitivos,

sociais e comportamentais, que influenciam na decisão dos alunos, convergindo

ao mesmo tempo no compromisso dos alunos com o desenvolvimento acadêmico

e intelectual e a obtenção do grau acadêmico.

8.4 Comparação crítica com a literatura pertinente

Partindo do pensamento de Mitter (2009) observa-se que o confronto entre

os resultados de pesquisas em educação originárias de países distintos deve ser

incentivado, o autor frisa a importância da expansão das fronteiras da educação,

comparada por meio da conexão da expertise nacional com visão externa.

Ao descrever o sistema de ensino brasileiro Schwartzman (2014) relata que

a expansão do ensino superior inspira-se no modelo Anglo Americano, embora

140

haja proximidade entre as estratégias de expansão do ensino superior dos dois

países, deve-se atentar para a geografia e para suas configurações culturais,

portanto, as comparações do sistema de ensino brasileiro, IES, cursos, bem como

a pesquisa em educação feita em universidades brasileiras, devem proceder com

cautela.

Entre os pesquisadores Norte Americanos, predomina o conceito de

retenção, por essa visão ser oportuna para agir na prevenção a evasão e ajudar a

praticar ações promotoras da retenção.

Essa diferença crucial da postura Norte Americana revela que ao passo

que nós brasileiros, enfatizamos o problema da evasão, eles apontam soluções

para reter os alunos, tal como a seguinte definição:

O termo “retenção” traz uma conotação que está sendo utilizada nas

instituições de ensino americanas e denota um sentido lato da palavra, porque

envolve uma série de ações administrativas e acadêmicas destinadas a ajudar o

aluno a permanecer na instituição até a obtenção do diploma de graduação.

(SILVA, 2014 p.66).

Diante do exposto ao comparar a pesquisa em questão com os principais

trabalhos de referência apresentados por Cabrera et al.(1992) e utilizados na

construção do modelo aplicado, verifica-se a convergência dos resultados,

sobretudo no que se refere aos fatores cognitivos e sociais, porém os fatores

relacionados ao ambiente, ou seja, fatores externos.

Apesar de estarem presentes na análise fatorial os construtos, Condições

Financeiras, apoio financeiro e condições pré-escolares, não fizeram parte da

composição da modelagem de equações estruturais e consequentemente do

diagrama de caminhos.

141

Tabela 17 – Comparativo: modelo proposto e o modelo de Cabrera

M. DE CABRERA MC / M. PROPOSTO MP MC MP MC MP MC MP MC MP MC MP

Construtos (acrônimos) DAI DA IS CI CO

Construtos

Apoio financeiro AF X X

Histórico escolar anterior HEA X X

Encorajamento de pessoas próximas EPP X X X X X X X X

Condições financeiras CF X

Desenvolvimento acadêmico e intelectual DAI X X X

Desempenho acadêmico DA X

Integração social IS X X

Comprometimento com a instituição CI

Compromisso com o objetivo de se formar CO

Fonte: o autor (2016)

A Tabela 17 revela que o modelo proposto exibe relações causais em sete

situações das quais cinco são idênticas ao modelo Cabrera et. al. (1992) e duas

são distintas, referindo-se as relações entre desenvolvimento acadêmico

intelectual DAI e desempenho acadêmico DA com o compromisso com a

instituição CI, embora haja muitas distinções culturais entre os dois países

impactando principalmente os fatores externos, diferenças entre a natureza das

pesquisas, questionário e metodologia também tem efeito no resultado final,

deixando evidente o peso do construto apoio de pessoas próximas, que mesmo

nas condições evidenciadas, manifestou carga suficiente para manter a relação

causal e participar do diagrama de caminhos.

Diante desse cenário, fica evidente que entre os fatores externos o

construto de maior relevância para o modelo proposto, confirmando a

configuração sistêmica do processo de retenção discente, assim como para o

modelo de Cabrera et. al. (1992) é o EPP encorajamento de pessoas próximas,

contemplando fatores externos, instituição de ensino e a decisão do aluno,

proposta por Cabrera et. al. (1992) e seus predecessores Tinto (1975) e Bean

(1985).

Comparando o sistema de ensino do Brasil com os EUA, Berguer et al.

(2012) relata a expansão do ensino superior Norte Americano nas décadas de

1950 e 1960. Acompanhando a expansão do financiamento estudantil, tanto

público quanto privado, também é uma prática que precede e se consolida em

décadas as iniciativas brasileiras, consequentemente, a preocupação

142

efetivamente com a retenção discente por parte dos norte-americanos é muito

mais precoce.

Partindo do enunciado, presume-se que o breve histórico de expansão do

financiamento estudantil no Brasil, bem como particularidades da IES estudada, e

da estruturação da pesquisa, sobretudo do questionário, não permitiram a

participação dos construtos referentes ao apoio financeiro e a condições

financeiras, como observado no trabalho de Cabrera et al. (1992).

143

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Embora o trabalho tenha atingido os objetivos gerais e específicos acima

evidenciados, por meio do estudo do processo de retenção discente, a partir do

protagonismo do aluno como elemento central no processo decisório de evadir ou

permanecer, como limitação, pôde ser observada a própria natureza da pesquisa,

haja vista que os estudos de caso não devem ser generalizados, pois estão

limitados a um problema específico presente em seu universo.

Observam-se também as limitações relacionadas ao questionário de

pesquisa, pois no trabalho de Cabrera et al. (1992) houve o cuidado em separar

os alunos que receberam dos que não receberam apoio financeiro, e questões

específicas aos alunos ajudados foram adicionadas, desse modo, presume-se

que no presente trabalho o construto que trata do apoio financeiro não exprimiu

todo seu potencial analítico em função das limitações do questionário.

Quanto ao desempenho escolar anterior, o questionário revelou-se pobre

em variabilidade, pois informações relevantes não foram incorporadas, tais como,

se o aluno cursou o ensino médio em rede pública ou privada.

A pesquisa também apresenta limitações ao estudar apenas alunos do

regularmente matriculados do segundo ao quarto ano do ensino superior do curso

de contabilidade, dessa forma, tanto os alunos que evadiram quanto os do

primeiro ano não foram abordados, outro fato limitante foi o número de

observações.

Embora a amostra seja bastante representativa do todo, o número de

inquéritos se aproxima do mínimo aceitável para aplicação metodológica,

sobretudo na fase da análise confirmatória, e na modelagem por equações

estruturais, demandando um grande esforço na elaboração de ensaios

estatísticos.

Para proposições futuras é viável estender o modelo para outros cursos e

outras IES, outras modalidades de ensino tal como a distância.

Buscar desdobramentos da pesquisa em estudos multi casos, como

também introduzir questões abertas, trabalhando com amostras maiores e

144

comparando o uso de diversos modelos estatísticos, tais como regressão logística

evidente na revisão bibliográfica.

Julga-se também importante Estudar o Sistema de Ensino ampliando o

universo de investigação por meio de cortes representativos dos Estados e do

País, utilizando como base a pesquisa experimental.

Aplicar o modelo a estudos longitudinais, utilizando amostras de alunos

evadidos e retidos, acrescentando informações obtidas por meio de dados

demográficos obtidos pelo banco de micro dados do senso escolar e das

respostas obtidas na aplicação do questionário socioeconômico do senso

nacional do ensino superior.

Ampliar os estudos sistêmicos focando o perfil dos alunos, da IES e fatores

externos, entre eles o histórico escolar anterior, haja vista a precariedade do

ensino básico no Brasil e os impactos do financiamento estudantil na retenção

discente, a fim de avaliar a eficácia das políticas públicas para o ensino superior.

Por todos esses aspectos justifica-se a ampliação da discussão, pois ações

que visam promover retenção discente e prevenção a evasão contribuem com a

missão das IES e com a eficiência e eficácia dos sistemas de ensinos, das

instituições de ensino e com o desenvolvimento humano dos alunos.

A pesquisa busca explicação ao fenômeno reduzindo observação de um

contexto geral para um problema específico, a análise deve ser sempre

contextualizada a partir de, Fatores externos às instituições, Fatores internos às

instituições e das características individuais dos estudantes.

145

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APÊNDICES

154

Curso de Graduação em Ciências Contábeis

Esse questionário tem o objetivo de mensurar o engajamento e a percepção do

graduando no ensino superior.

Sua resposta tem grande importância e nos fará entender melhor a retenção do aluno no

curso.

O sigilo das respostas está garantido!

1.Sexo

Marcar apenas uma oval.

Feminino

Masculino

Outro:

2. Qual o nome da Faculdade, Centro Universitário ou Universidade que você

está cursando?

3. Qual o período que você está cursando?

Marcar apenas uma oval.

1o. período

2o. período

3o. período

4o. período

5o. período

6o. período

7o. período

8o. período

9o período

10o. período

Histórico Financeiro

4. 1.1 Você pagou seu Curso por Conta Própria?

Marcar apenas uma oval.

Sim

Não

Em parte

155

5. 1.2 Você recebeu ajuda da família para pagar o curso?

Marcar apenas uma oval.

Sim

Não

Em parte

Apoio Financeiro

6. 2.1 Seu curso foi financiado pelo FIES?

Marcar apenas uma oval.

Sim

Não

Em parte

7. 2.2 Seu curso foi financiado pelo PROUNI?

Marcar apenas uma oval.

Sim

Não

Em parte

8.2.3 Seu curso foi financiado por algum programa da Própria IES?

Marcar apenas uma oval.

Sim

Não

Em parte

9.2.4 Seu curso foi financiado por outro tipo de programa?

Marcar apenas uma oval.

Sim

Não

Em parte

Histórico Escolar Anterior

10. 3.1 Você conseguiu se adaptar bem ao início do curso?

Marcar apenas uma oval.

Sim

Não

Em parte

156

11.3.2 Quando iniciou o ensino superior, o ensino médio foi suficiente paraacompanhar o

curso?

Marcar apenas uma oval.

Sim

Não

Em parte

12. 3.3 Você considera que fez uma boa escolha ao ingressar no curso de graduação

em nível superior?

Marcar apenas uma oval.

Sim

Não

Em parte

Desempenho Acadêmico

13. 4.1 Qual o seu grau de desempenho nas avaliações?

Marcar apenas uma oval.

Excelente

Bom

Regular

Ruim

Pésssimo

14. 4.2 Grau de desempenho nas conclusões das disciplinas ( reprovações ou DP)?

Marcar apenas uma oval.

Nenhuma

Menos de 10% de reprovações

Entre 10 a 20% de reprovações

Mais de 20% de reprovações

Desenvolvimento Acadêmico e Intelectual

15. 5.1 Você está satisfeito com seu curso de graduação em nível superior?

Marcar apenas uma oval.

Completamente Satisfeito

Satisfeito

Indiferente

Insatisfeito

Totalmente Insatisfeito

157

16. 5.2 Você se sente desafiado a continuar estudando seu curso?

Marcar apenas uma oval

Me sinto MUITO desafiado

Me sinto POUCO desafiado

Não me sinto desafiado

17. 5.3 Você considera, de forma geral, que o sistema de avaliação é apropriado para

o curso?

Marcar apenas uma oval.

Sim

Não

Em parte

18. 5.4 Você se sente prestigiado pela sociedade por ser um futuro profissional de

nível superior?

Marcar apenas uma oval.

Sim

Não

Em parte

Apoio de Pessoas Próximas

19. 6.1 No ambiente de trabalho seus COLEGAS te deram apoio para concluir o curso?

Marcar apenas uma oval.

Sim

Não

Em parte

20. 6.2 Você recebeu apoio dos AMIGOS para concluir o curso?

Marcar apenas uma oval.

Sim

Não

Em parte

21. 6.3 No ambiente familiar você recebeu apoio dos FAMILIARES para concluir o

curso?

Marcar apenas uma oval.

Sim

Não

Em parte

158

Integração Social

22. 7.1 Como você avalia o seu relacionamento pessoal com os colegas do curso?

Marcar apenas uma oval.

Excelente

Bom

Regular

Ruim

Péssimo

23. 7.2 Como você avalia o seu relacionamento pessoal com os funcionários da

Instituição?

Marcar apenas uma oval.

Excelente

Bom

Regular

Ruim

Péssimo

24. 7.3 Como você avalia o seu relacionamento pessoal com os docentes do curso?

Marcar apenas uma oval.

Excelente

Bom

Regular

Ruim

Péssimo

25. 7.4 Qual a sua percepção da hospitalidade da escola?

Marcar apenas uma oval.

Excelente

Bom

Regular

Ruim

Péssimo

Vínculo com a Instituição

26. 8.1 Você considera importante a obtenção de um diploma na IES que você estuda?

Marcar apenas uma oval.

Sim

Não

159

Em parte

27. 8.2 Você considera importante a tradição da IES em que estuda?

Marcar apenas uma oval.

Sim

Não

Em parte

28. 8.3 Como você avalia o corpo docente do seu curso?

Marcar apenas uma oval.

Excelente

Bom

Regular

Ruim

Péssimo

29. 8.4 Como você avalia a grade curricular do seu curso?

Marcar apenas uma oval.

Excelente

Boa

Regular

Ruim

Péssima

Não sei avaliar

30. 8.5 Como você avalia a infraestrutura da Instituição?

Marcar apenas uma oval.

Excelente

Boa

Regular

Ruim

Péssima

31. 8.6 Qual a sua percepção no grau de importância da IES no desenvolvimento de

competências para exercer a sua futura profissão?

Marcar apenas uma oval.

Percebo que a IES dá MUITA importância para o desenvolvimento das

competências do futuro profissional da minha área de atuação

Percebo que a IES dá POUCA importância para o desenvolvimento das

competências do futuro profissional da minha área de atuação

160

Percebo que a IES NÃO dá importância para o desenvolvimento das

competências do futuro profissional da minha área de atuação

Não sei avaliar

32. 8.7 Você acredita que a Instituição em que estuda está atualizada em metodologias

de ensino, conteúdo etc?

Marcar apenas uma oval.

Sim

Não

Em parte

33. 8.8 Você considera que a IES em que você estuda está pronta para o futuro na sua

área de atuação?

Marcar apenas uma oval.

Sim

Não

Em parte

34. 8.9 Você considera que profissionais do mercado de trabalho recomendam a IES

em que você estuda?

Marcar apenas uma oval.

Sim

Não

Em parte

35. 8.10 Existe a divulgação de oportunidades em programas de estágio e emprego na

escola em que você estuda?

Marcar apenas uma oval.

Sim

Não

Em parte

Objetivo e Compromisso com o Curso

36. 9.1 Você trabalha na área?

Marcar apenas uma oval.

Sim

Não

37. 9.2 A conclusão do curso é uma oportunidade para obter ascensão profissional na

sua área de atuação?

Marcar apenas uma oval.

Sim

161

Não

38. 9.3 A profissão oferece boa remuneração?

Marcar apenas uma oval.

Sim

Não

Não sei responder

39. 9.4 A profissão oferece boa empregabilidade?

Marcar apenas uma oval.

Sim

Não

Não sei responder

40. 9.5 A graduação pode ser oportunidade de ingresso na carreira acadêmica como

docente ou pesquisador?

Marcar apenas uma oval.

Sim

Não

Não sei responder

162

163

164

165

166

Tabela 01 – IES com e sem fins lucrativos / filantrópicas

Enquadramento Jurídico COM FINS

LUCRATIVOS SEM FINS LUCRATIVOS FILANTRÓPICAS

Lei nº 9.394 LDB Particulares Confeccionais Comunitárias FILANTRÓPICAS

IRPJ e CSLL Lucro Real Imune / Isenta Imune / Isenta IMUNE

SISTEMA S. SAT. SED IMUNE

INSS S. Folha (trabalhador)

INSS S. Folha (patronal) IMUNE

PIS sobre Folha LC N.7 Lei do PIS

ISS e IPTU IMUNE IMUNE IMUNE

ITBI IMUNE

Contribuição de Melhorias IMUNE

Cofins RECEITA SUB JUDICE SUB JUDICE IMUNE

PIS sobre RECEITA LC N.7 Lei do PIS

IPVA ICMS e IPI (IMPORT) IMUNE IMUNE

Fonte: Elaboração própria a partir da LDB 1996 e Legislação Tributária

Tabela 02 – Financiamento público – PROUNI

PROUNI Prouni/Impostos Com fins

Lucrativos Sem fins

Lucrativos Filantrópicas

Obrigações da Adesão Art. 8º,

Lei nº. 11.096/2005

01 bolsa para cada 10,7 estudantes

regularmente pagantes

01 bolsa para cada 10,7 estudantes

regularmente pagantes

01 bolsa para cada

09 estudantes regularmente

pagantes Benefícios da

Adesão Art. 8º, Lei nº.

11.096/2005

Isenção de IRPJ, CSLL, COFINS e

PIS

Isenção de IRPJ, CSLL, COFINS e

PIS

Fonte: Portaria Nº 4.415, de 30 de dezembro de 2004.

Tabela 03 – Gastos privados com Educação no Brasil

Gastos Privados Com Educação no Brasil

Mensalidade do Ensino Superior 35,10% Mensalidade da Educação Básica 30,10% Cursos Extracurriculares 8,10%

Mensalidade de Pós Graduação 5,90% Livro Didático 4,70%

Curso de Idiomas 4,40% Artigos Escolares 4,00%

167

Fonte: (MONTEIRO et al.2011,p.76), adaptado de Folha de São Paulo, abril 2011

Tabela 04 – Percentual em países selecionados – 2002/2003

PAÍS PÚBLICA PRIVADA COM FINANCIAMENTO

PÚBLICO

PRIVADA INDEPENDENTE

Alemanha 94,7 5,3 0 (zero)

Argentina 78,9 7,2 13,5

Áustria 99,8 0,2 0 (zero)

Bélgica 44,9 55,2 Não se Aplica

Brasil 31,7 Não se Aplica 68,3

Chile 25,8 17,7 56,5

EUA 76,8 Não se Aplica 23,2

França 83,9 2,6 13,5

Gran Bretanha Não se Aplica 100 0 (zero)

Indonésia 39,0 Não se Aplica 61,0

Japão 23,0 Não se Aplica 77,0

México 66,8 Não se Aplica 33,2

Portugal 72,5 Não se Aplica 27,5

Coréia do Sul 19,2 Não se Aplica 80,8

Fonte: OECD/Unesco WEI (2005, p. 185)

Tabela 05 – Matrículas dos alunos do Ensino Médio

Ano Total 3º Ano

2005 9.031.302 2.412.701

2006 8.906.820 2.358.919

2007 8.369.369 2.211.998

2008 8.366.100 2.176.547

2009 8.337.160 2.218830

Fonte: Censo Escolar 2005-2009. Adaptado de Monteiro (2011)

168

Tabela 06 – Fluxo de caixa

Itens analisados e 1.064 Instituições

1 Tíquete médio R$ 464,4

1.1 Receita de alunos 85,50%

2 Despesas com pessoal 57,60%

2.1 Docentes 37,10%

2.2 Técnico Administrativo 15,20%

2.3 Benefícios 1,90%

3 Custeio (Despesas Operacionais) 24,90%

3.1 Gastos com publicidade 2,90%

4 Investimentos 11,70%

4.1 Aquisição de acervo para biblioteca 1,90%

4.2Obras e instalações 3,70%

5 Lucratividade (receita - despesa com pessoal - custeio) 17,50%

6 Fluxo de caixa(receita -d. com pessoal - custeio -

investimento)ivestimento)iiinvestimento)

5,80%

Fonte: Semesp/Sindata. Adaptado de Capelato (2011)

Tabela 07 – Índice de reposição das matrículas - Brasil, 2000/2009

Ano Ingressos Egresso+Evasão T. Reposição

2000 897.557 600.828 1,5

2001 1.036.690 743.864 1,4

2002 1.205.140 826.253 1,5

2003 1.262.904 917.687 1,4

2004 1.303.110 1.124.793 1,2

2005 1.397.281 1.109.099 1,3

2006 1.448.509 1.243.990 1,2

2007 1.481.955 1.298.190 1,1

2008 1.505.819 1.349.633 1,1

2009 1.511.388 1.502.158 1,0

Fonte: INEP, elaborado por Monteiro (2011)

169

Tabela 08 – Cursos presenciais mais procurados

Cursos Presenciais Mais Procurados IES Privadas - 2013

Curso Matrículas Concluintes Ingressantes

Direito 677.875 81.903 214.923

Administração 557.948 86.466 196.201

Pedagogia 213.142 40.848 83.561

Ciências Contábeis 208.380 29.169 77.947

Enfermagem 193.420 27.144 68.895

Engenharia Civil 211.255 9.285 59.764

Psicologia 153.273 16.202 53.016

Gestão de Pessoal / RH 105.806 28.120 57.202

Engenharia de Produção 111.147 9.588 47.478

Fisioterapia 96.070 10.225 39.946

Ciência da Computação 83.124 11.073 31.340

Fonte: Sindata/Semesp Base Censo INEP

Tabela 09 – Padronização dos Indicadores

Fator Indicador Estimativa Erro padrão Z - value P(> |z|) Padronizaçãoα Padronização

β

1 P4 1 0.324 0.432 1 P5 -1.132 0.428 -2.649 0.008 -0.367 -0.431 1 P6 1 0.396 0.56 1 P7 0.841 0.172 4.9 0 0.333 0.465 1 P8 1.266 0.214 5.921 0 0.501 0.925 1 P9 1.138 0.237 4,81 0 0.45 0.622 1 P10 1 0.332 0.527 1 P12 0.906 0.223 4.056 0 0.301 0.544 1 P13 1 0.595 1 1 P15 1 0.467 0.576 1 P16 0.664 0.133 4.993 0 0.31 0.438 1 P17 0.94 0.164 5.713 0 0.439 0.564 1 P19 1 0.435 0.567 1 P20 0.743 0.174 4.273 0 0.323 0.447 1 P21 0.57 0.193 2.95 0.003 0.248 0.415 1 P22 1 0.405 0.574 1 P23 1.08 0.187 5.782 0 0.437 0.668 1 P24 1.074 0.192 5.586 0 0.435 0.714 1 P25 1.744 0.336 5.187 0 0.706 0.824 1 P28 1 0.585 0.699 1 P29 0.979 0.113 8.636 0 0.572 0.66 1 P30 1.11 0.138 8.022 0 0.649 0.666 1 P32 0.776 0.112 6.94 0 0.453 0.591 1 P33 0.879 0.108 8.172 0 0.514 0.685 1 P34 0.683 0.101 6.751 0 0.399 0.572 1 P36 1 0.294 0.543 1 P37 0.703 0.299 2.348 0.019 0.207 0.562 1 P38 1.15 0.458 2.511 0.012 0.338 0.487

Fonte: O autor, (2015).

170

Tabela 10 – Modelo inicial com seus respectivos indicadores

Fator Indicador Fator Indicador

f1 P4-5 f6 P19-21

f2 P6-P9 f7 P22-25

f3 P10-12 f8 P26-35

f4 P13-14 f9 P36-39

f5 P15-181111111111111111

Fonte: O autor, (2015).

Tabela 11 – Estimativas das cargas dos indicadores do modelo proposto

Indicador estimativa std.err Z-value P(>|z|) Std.lv Std.all P4 1 - - - 0.326 0.435 P5 -1.121 0.42 -2.671 0.008 -0.365 -0.429 P6 1 - - - 0.395 0.56 P7 0.853 0.168 5.077 0∗ 0.337 0.472 P8 1.264 0.211 5.994 0∗ 0.5 0.923 P9 1.129 0.229 4.936 0∗ 0.446 0.617 P10 1 - - - 0.321 0.509 P11 0.344 0.272 1.263 0.206 0.11 0.142

P12 0.82 0.209 3.931 0∗ 0.263 0.475 P13 1 - - - 0.288 0.484 P14 1.241 0.641 1.936 0.053 0.357 0.478 P15 1 - - - 0.453 0.559 P16 0.7 0.145 4.821 0∗ 0.317 0.448 P17 1.036 0.185 5.599 0∗ 0.469 0.603 P18 0.841 0.176 4.785 0∗ 0.381 0.492 P19 1 - - - 0.438 0.57 P20 0.748 0.177 4.239 0∗ 0.328 0.453 P21 0.559 0.185 3.018 0.003 0.245 0.409 P22 1 - - - 0.402 0.569 P23 1.109 0.198 5.604 0∗ 0.446 0.682 P24 1.064 0.194 5.472 0∗ 0.428 0.703 P25 1.756 0.346 5.08 0∗ 0.706 0.824 P26 1 - - - 0.081 0.162 P27 3.704 1.773 2.089 0.037 0.302 0.457 P28 6.913 3.159 2.188 0.029 0.563 0.674 P29 7.004 3.144 2.228 0.026 0.57 0.658 P30 7.687 3.683 2.087 0.037 0.626 0.643 P31 4.452 1.784 2.496 0.013 0.363 0.386 P32 5.664 2.784 2.035 0.042 0.461 0.601 P33 6.527 2.922 2.234 0.025 0.532 0.709 P34 4.997 2.28 2.192 0.028 0.407 0.583 P35 1.975 1.254 1.575 0.115 0.161 0.243 P36 1 - - - 0.272 0.503 P37 0.769 0.299 2.574 0.01 0.21 0.569 P38 1.44 0.509 2.83 0.005 0.392 0.565 P39 0.903 0.494 1.828 0.068 0.246 0.397 Fonte: O autor, (2015).

171

Tabela 12 – Índices de qualidade de ajuste para o modelo inicial e final.

Índices de qualidade de ajuste

Modelo χ2 p valor SRMR RMSEA CFI TLI

Modelo Inicial 631,204 (558) 0,017 0.075 0,029 0,866 0,849

Modelo Final 443,776 (399) 0,060 0,067 0,027 0,922 0,909

Fonte: O autor, (2015).

Tabela 13 – Estimativas dos parâmetros do modelo final.

Fator Indicador Estimativa Std.Err Z-value P(>|z|) Std.lv Std.all f1 P4 1 - - - 0.339 0.452

P5 -1.034 0.401 -2.578 0.01 -0.351 -0.412 f2 P6 1 - - 0.398 0.564

P7 0.825 0.167 4.933 0∗ 0.329 0.46 P8 1.254 0.212 5.925 0∗ 0.499 0.923 P9 1.137 0.233 4.88 0∗ 0.453 0.626

f3 P10 1 - - - 0.335 0.532 P12 0.891 0.229 3.887 0∗ 0.299 0.539

f4 P13 1 - - - 0.595 1 f5 P15 1 - - - 0.459 0.567

P16 0.688 0.141 4.881 0∗ 0.316 0.447 P17 1.028 0.181 5.689 0∗ 0.472 0.608 P18 0.803 0.167 4.797 0∗ 0.369 0.477

f6 P19 1 - - - 0.454 0.592 P20 0.734 0.168 4.361 0∗ 0.334 0.461 P21 0.517 0.179 2.885 0.004 0.235 0.393

f7 P22 1 - - - 0.406 0.576 P23 1.075 0.19 5.653 0∗ 0.437 0.668 P24 1.051 0.193 5.459 0∗ 0.427 0.702 P25 1.755 0.345 5.088 0∗ 0.713 0.832

f8 P27 1 - - - 0.295 0.447 P28 1.943 0.375 5.18 0∗ 0.574 0.687 P29 1.954 0.407 4.803 0∗ 0.577 0.666 P30 2.147 0.433 4.957 0∗ 0.634 0.651 P31 1.215 0.319 3.808 0∗ 0.359 0.382 P32 1.556 0.343 4.536 0∗ 0.46 0.599 P33 1.804 0.381 4.736 0∗ 0.533 0.71 P34 1.36 0.277 4.913 0∗ 0.402 0.576

f9 P36 1 - - - 0.285 0.525 P37 0.723 0.309 2.34 0.019 0.206 0.559 P38 1.234 0.482 2.563 0.01 0.351 0.506

Fonte: O autor, (2015).

172

Tabela 14 – Estimativa das covariâncias e correlações entre os fatores para o

modelo final.

Covariância Estimativa Std.Err Z-value P(>|z|) Std.lv Std.all f1 f2 -0.071 0.024 -2.902 0.004 -0.523 -0.523

f3 0.065 0.031 2.083 0.037 0.568 0.568 f4 -0.019 0.033 -0.596 0.551 -0.097 -0.097 f5 0.012 0.03 0.401 0.688 0.078 0.078 f6 0.041 0.035 1.166 0.244 0.266 0.266 f7 0.026 0.027 0.964 0.335 0.189 0.189 f8 0.007 0.018 0.397 0.691 0.069 0.069 f9 0.031 0.02 1.538 0.124 0.316 0.316

f2 f3 -0.056 0.024 -2.356 0.018 -0.42 -0.42 f4 0.037 0.023 1.627 0.104 0.156 0.156 f5 0.032 0.02 1.57 0.116 0.172 0.172 f6 -0.006 0.022 -0.271 0.787 -0.034 -0.034 f7 0.019 0.016 1.168 0.243 0.116 0.116 f8 0.009 0.012 0.707 0.48 0.073 0.073 f9 0.012 0.012 0.998 0.318 0.105 0.105

f3 f4 0.005 0.03 0.163 0.871 0.025 0.025 f5 0.057 0.032 1.798 0.072 0.372 0.372 f6 0.122 0.041 2.966 0.003 0.799 0.799 f7 0.03 0.031 0.973 0.331 0.219 0.219 f8 0.026 0.018 1.453 0.146 0.26 0.26 f9 0.003 0.015 0.163 0.87 0.026 0.026

f4 f5 0.068 0.031 2.183 0.029 0.25 0.25 f6 0.039 0.031 1.286 0.198 0.145 0.145 f7 0.042 0.027 1.542 0.123 0.173 0.173 f8 0.016 0.016 0.964 0.335 0.09 0.09 f9 0.02 0.017 1.185 0.236 0.12 0.12

f5 f6 0.118 0.038 3.077 0.002 0.567 0.567 f7 0.123 0.04 3.06 0.002 0.66 0.66 f8 0.123 0.04 3.084 0.002 0.908 0.908 f9 0.052 0.021 2.507 0.012 0.399 0.399

f6 f7 0.08 0.039 2.049 0.040 0.435 0.435 f8 0.059 0.023 2.616 0.009 0.438 0.438 f9 0.051 0.023 2.21 0.027 0.394 0.394

f7 f8 0.087 0.03 2.925 0.003 0.726 0.726 f9 0.03 0.017 1.77 0.077 0.26 0.26

f8 f9 0.03 0.014 2.109 0.035 0.352 0.352

Fonte: O autor, (2015).

173

Tabela 15 – Estimativas dos coeficientes de regressão para analise estrutural

inicial

Parte estrutural Estimativa Std.Err Z-value P(>|z|) Std.lv Std.all f5 f1 1.196 2.149 0.557 0.578 0.874 0.874

f2 -1.212 2.211 -0.548 0.584 -1.037 -1.037 f3 -5.745 7.642 -0.752 0.452 -3.981 -3.981 f6 3.978 4.373 0.91 0.363 3.776 3.776

f4 f1 0.268 0.78 0.344 0.731 0.155 0.155 f2 -0.213 0.7 -0.304 0.761 -0.144 -0.144 f3 -1.772 2.387 -0.742 0.458 -0.971 -0.971 f6 1.295 1.345 0.963 0.336 0.972 0.972

f7 f1 1.039 1.59 0.654 0.513 0.874 0.874 f2 -0.786 1.42 -0.553 0.58 -0.774 -0.774 f3 -4.083 4.914 -0.831 0.406 -3.256 -3.256 f6 2.752 2.819 0.976 0.329 3.005 3.005

f8 f4 -0.069 0.036 -1.909 0.056 -0.139 -0.139 f5 0.456 0.124 3.666 0∗ 0.727 0.727 f7 0.195 0.101 1.926 0.054 0.271 0.271

f9 f4 0.012 0.047 0.258 0.797 0.026 0.026 f5 0.256 0.148 1.733 0.083 0.429 0.429 f7 -0.008 0.134 -0.057 0.954 -0.011 -0.011

Fonte: O autor, (2015).

Tabela 16 – Coeficientes de regressão para o modelo modificado

Coeficientes de regressão Estimativa Std.Err Z-value P(>|z|) Std.lv Std.all f5 f6 1.518 0.544 2.79 0.005 0.885 0.885 f4 f6 0.575 0.243 2.37 0.018 0.262 0.262 f7 f6 1.081 0.34 3.178 0.001 0.714 0.714 f8 f4 -0.066 0.034 -1.94 0.052 -0.132 -0.132

f5 0.459 0.124 3.708 0∗ 0.72 0.72 f7 0.209 0.1 2.098 0.036 0.289 0.289

f9 f5 0.267 0.115 2.326 0.02 0.432 0.432

Fonte: O Autor, (2015).

174

Tabela 17 – Comparativo: modelo proposto e o modelo de Cabrera

M. DE CABRERA MC / M. PROPOSTO MP MC MP MC MP MC MP MC MP MC MP

Construtos (acrônimos) DAI DA IS CI CO

Construtos

Apoio financeiro AF X X

Histórico escolar anterior HEA X X

Encorajamento de pessoas próximas EPP X X X X X X X X

Condições financeiras CF X

Desenvolvimento acadêmico e intelectual DAI X X X

Desempenho acadêmico DA X

Integração social IS X X

Comprometimento com a instituição CI

Compromisso com o objetivo de se formar CO

Fonte: o autor (2016)