pomares para consumo familiar
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POMARES PARA CONSUMO FAMILIAR
INTRODUÇÃO
O Brasil é o maior produtor mundial de frutas in natura ou frescas, com 32 milhões de
toneladas produzidas de um total de 340 milhões de toneladas colhidas em todo o mundo,
anualmente.
Pela diversidade de climas e solos, o Brasil apresenta condições ecológicas para produzir
frutas de ótima qualidade e uma variedade de espécies que passam pelas frutas tropicais,
subtropicais, e temperadas.
De acordo com estudos agronômicos realizados, constatou-se que toda a Região Norte do
Estado é recomendada para fruticultura. Nesta Região existe a possibilidade de implantação de uma
grande gama de frutíferas, devido à ampla diversificação edafoclimática, isto é, condições de clima
(desde temperado até tropical em algumas microrregiões) e solo de excelente qualidade que
permitem a exploração de frutas de clima tropical, subtropical e temperado.
A Região do Alto Médio Uruguai possue solo e clima que permitem o cultivo de frutíferas
de caroço com a vantagem de que o inverno é ameno, o que permite a ocorrência de floração e
maturação mais cedo, com entrada de frutas mais cedo nos mercados o que possibilita a obtenção de
preços maiores, comparados com outras regiões produtoras de frutas do Rio Grande do Sul.
Apesar deste quadro favorável, o Brasil ainda importa volumes significativos de frutas
frescas e industrializadas, como acontece com a ameixa, uva, kiwi, maçã, pêra, entre outras. No Rio
Grande do Sul, a situação não é diferente, trantando-se de tradicional importador de frutas de outros
países e/ou estados. Mesmo no caso dos citros, o Estado só consegue atender 60 % do consumo nas
épocas de maior demanda e tem dificuldade de abastecer e fornecer matéria-prima para suprir as
industrias de suco instaladas.
O consumo de frutas no Brasil é da ordem de 13 kg/habitante/ano, em Israel de 100, na Itália
é de 130 e na Grécia de 160 kg/habitante/ano, ou seja, existe um grande potencial a ser atingido.
Esta atividade poderá ser explorada com sucesso nos mercados estaduais, regionais e locais.
Para tanto, além das técnicas de cultivo, o setor deverá formar parcerias entre produtores, pesquisa,
extensão, distribuidores e o próprio consumidor, procurando-se obter frutas de boa qualidade, oferta
regular, livre de resíduos de agrotóxicos e a preços competitivos.
O plantio de um pomar bem planejado numa propriedade agrícola, grande ou pequena, traz
ao lado dos benefícios inumeráveis da produção, as vantagens de abrigar pássaros, proporcionar
sombra, perfumar e embelezar o lugar. Nada mais indicado para a valorização da terra e para seu
aproveitamento rentável, ao mesmo tempo prazeroso, que o cultivo racional de um belo pomar.
O primeiro resultado é a abundância de frutas, e fruta é sinônimo de saúde porque contém
vitaminas, sais minerais, calorias e proteínas.
Sem dúvida, uma atividade gratificante, mais do que isso: muito útil e lucrativa. A
fruticultura é uma atividade que utiliza grande quantidade de mão-de-obra e atende a necessidade de
viabilizar as pequenas propriedades e a fixação do homem no meio rural. Um pomar bem planejado,
tanto na escolha das variedades como na definição da quantidade de árvores frutíferas, permitirá
que haja frutas durante os doze meses do ano, para consumo ao natural, preparo de sucos, geléias,
doces, licores e vinhos, além da comercialização.
Mas, para que tudo isso se concretize, o pomar deve ser bem planejado, bem orientado,
levando-se em conta desde fatores técnicos, como tipo de solo e clima, até hábitos de consumo da
família e aproveitamento diversificado das frutas.
Importância da fruticultura
O cultivo de plantas frutíferas se caracteriza por apresentar aspectos importantes, como:
a) Utilização intensiva de mão-de-obra;
b) Possibilita um grande rendimento por área, sendo por isso uma alternativa para pequenas
propriedades rurais;
c) Possibilita o desenvolvimento de agroindústrias, tanto de pequeno quanto de grande porte;
d) As frutas são de importância fundamental como complemento alimentar, sendo fonte de
vitaminas, sais minerais e fibras indispensáveis ao bom funcionamento do organismo
humano.
Na tabela 1 é mostrada a rentabilidade da fruticultura no Estado do Rio Grande do Sul.
Tabela 1: Renda bruta/ha (R$) e produção por ha de algumas atividades desenvolvidas no RS.
ATIVIDADES RENDA BRUTA/HA (R$) PRODUÇÃO/HA Pecuária de corte
Pecuária de leite Trigo
Milho
Soja
Sorgo Fruticultura
150
420 300
350
720
400 10.000
150 Kg
2.000 litros 35 sacos
50 sacos
40 sacos
70 sacos 20.000 Kg
Produção durante o ano todo
Um cuidado que deve nortear o planejamento do pomar é a seleção de espécies e, para cada
espécie, as qualidades ou variedades, também chamadas de cultivares. Assim, é possível ter frutas
maduras durante os doze meses do ano. No pomar ideal, sempre é tempo de alguma fruta, desde que
seja bem estudado.
O plano poderá ser aperfeiçoado com a escolha de variedades que permitam prolongar o tempo
de cada fruta. Basta plantar o que se chama de variedades precoces – que dão antes de tempo – ou
de variedades tardias – que produzem depois da estação normal da fruta.
Como exemplo, vamos usar o planejamento de um pomar para uma família que consome a
laranja ao natural, em suco, doce, licor e tudo o mais. Neste caso, com possibilidade de plantio de
14 laranjeiras com diferentes épocas de maturação, poderíamos fazer a programação de acordo com
o Quadro 1.
Quadro 1: Programação de um laranjal.
Laranjeiras (total: 14) Número de mudas Cultivares Época de colheita
2
2 2
2 2
4
Piralima
Baianinha Hamlim
Seleta-de-itaboraí Valência
Pêra-rio
mar.-abr.
mai.-jul. mai.-jul.
jul.-ago set.-nov.
ago.-out.
3.Tamanho do pomar: Essa questão depende da área disponível. Se ela é pequena, exigirá um estudo cuidadoso para o aproveitamento adequado. Poucas plantas, mas bem selecionadas e produtivas. Quando não há problema de área, nas grandes e médias propriedades, a solução fica mais simples, plantam-se quantas espécies e cultivares se desejar. Ainda no planejamento do pomar é importante fazer o cálculo da produção média anual de cada planta, para determinar o número de plantas de cada espécie ou cultivar. Usando-se como exemplo a laranjeira, cuja produção média é de quinhentas laranjas por planta adulta, e sabendo-se que o consumo diário de uma família de dez pessoas é de cinqüenta frutas, ou seja, 1.500 laranjas por mês, conclui-se que o plantio de três laranjeiras da mesma qualidade, produzindo a média mensal de quinhentas frutas por planta, bastaria para atender às necessidades. Outro exemplo: se o consumo diário de uva são 2 quilos (60 quilos por mês), plantándo-se duas qualidades de videira, com produção anual média de 10 quilos por planta, num total de doze
parreiras -seis de cada qualidade – amadurecendo em meses diferentes, haverá disponibilidade de uvas maduras por dois meses. O mesmo raciocínio pode ser utilizado para o cálculo da produção de muitas espécies, procurando-se ajustar o consumo com o número de plantas do pomar numa determinada área de terreno para atender às necessidades. 4.O clima e as frutas As condições de clima e solo determinam quais as árvores frutíferas que podem ser plantadas em cada região. Não se devem plantar cajueiros, coqueiros ou mangueiras em locais frios, como o Rio Grande do Sul, nem tentar o cultivo de ameixeiras, pereiras e pessegueiros – plantas típicas de lugares frios – em climas quentes como o do Nordeste. Frutíferas tropicais podem ser cultivadas em alguns microclimas do Rio Grande do Sul (locais sem geadas ou com geadas ocasionais). Conhecer as frutas de clima tropical, subtropical e temperado, é necessário na escolha correta de frutíferas ideais a cada região. Classificação das fruteiras em relação ao clima Fruteiras tropicais As fruteiras de clima tropical são aquelas que encontram boas condições para seu crescimento e produção em regiões de clima quente, com precipitação atmosférica regular e temperatura média anual superior a 22 ºC, especialmente na faixa até 30 ºC. As mais importantes são: abacaxi, bananeira, cajueiro, coqueiro, goiabeira, graviola, jaqueira, mamoeiro, mangueira, maracujazeiro, sapotizeiro e tamareira. As fruteiras tropicais exigem, para seu crescimento e boa produtividade, temperatura elevada durante todo o ano, sem grandes variações, e solo sempre com água disponível. Como são muito sensíveis às baixas temperaturas, elas não resistem às geadas e, quando o fazem, estão sujeitas a grandes prejuízos no crescimento e na produção. Por essas características, as fruteiras tropicais são mais intensamente cultivadas nos Estados do Norte, Nordeste e em alguns do Centro e do Sudeste. Fruteiras subtropicais As fruteiras subtropicais têm melhores condições de crescimento e produção em zonas de temperatura média anual intermediária, que varia entre 15 e 22 ºC. As mais importantes fruteiras subtropicais cultivadas são: cítricas (laranjeira, limoeiro, tangerineira e limeira), abacateiro, cherimólia, lechieieira, jabuticabeira e nespereira. Algumas espécies exigem, além de temperatura média anual moderada, o plantio em grandes altitudes para garantir boa produção; apresentam folhas caducas (com exceção da oliveira) e um curto período de repouso vegetativo. Entre elas, o caquizeiro, a figueira, o marmeleiro, a oliveira e a nogueira-de-pecã. As frutíferas subtropicais têm melhores condições de crescimento e produção em locais de temperatura moderada, isto é, nem muito fria, nem muito quente. Sua resistência às geadas é pequena, mas as espécies de folhas caducas podem apresentar boa resistência nos períodos de repouso vegetativo, quando as folhas caem. Elas resistem por pouco tempo à exposição a temperaturas inferiores a 4 ºC. As principais fruteiras subtropicais são plantadas, no Brasil, nos Estados do Sudeste, do Centro e do Nordeste, mas as do grupo intermediário, de folhas caducas, são intensamente cultivadas nos Estados do Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul). Fruteiras de clima temperado
As fruteiras de clima temperado têm melhores condições de crescimento e produção em locais de temperatura média anual baixa (especialmente no inverno, durante o período de repouso vegetativo), variando entre 5 e 15 ºC. As melhores condições climáticas para o cultivo destas espécies são registradas nos Estados do Sul do Brasil e em parte dos Estados do Sudeste. Nesse grupo estão as espécies que necessitam, para seu crescimento e frutificação, de determinado período de repouso fisiológico (repouso vegetativo), durante o qual apresentam grande resistência ao frio. As principais fruteiras de clima temperado são: ameixeira, cerejeira doce, damasqueiro, framboeseira, macieira, nogueira-europeia, pereira, videira-americana e videira-europeia. A classificação das frutíferas em três grandes grupos (tropicais, subtropicais e de clima temperado) serve para indicar, de maneira geral, as melhores condições para sua exploração. Entretanto, com os trabalhos de melhoramento, tem sido possível adaptar fruteiras classificadas num determinado grupo para o cultivo em locais de condições climáticas diferentes daquelas de sua origem. A videira européia (fruteira de clima temperado) e a figueira (classificada como subtropical que exige altas altitudes) estão sendo cultivadas com muito sucesso no Nordeste do Brasil, onde o período de repouso vegetativo e provocado pela falta de água no solo, enquanto nos Estados do Sul ele é provocado pela baixa temperatura durante o inverno. Fruteiras típicas de clima tropical, como abacaxi, bananeira, goiabeira e maracujazeiro, são cultivadas comercialmente em climas subtropicais e temperados, desde que protegidas contra ventos frios e cultivadas em locais sem geadas ou com ocorrência de geadas fracas. Os citros encontram melhores condições para a produção de ótimos frutos, nas regiões subtropicais, mas são cultivados também nas tropicais e temperadas, onde não ocorram geadas ou estas sejam de curta duração. Quadro 2: Principais espécies de frutíferas que podem ser plantadas num pomar doméstico em clima subtropical.
Espécies de fruteiras
Espaçamento (metros)
Área por planta (m2)
Nº de plantas Área total (m2)
Abacaxi Bananeira Caquizeiro Cherimólia
Figueira Goiabeira
Jabuticabeira Laranjeira Lechieira Limeira
Limoeiro Macadâmia Mamoeiro Mangueira
Maracujazeiro Nespereira
Nogueira-de-pecã Romãzeira
Tangerineira Videira
0,90 x 0,30 3 x 2,5 7 x 7 6 x 8 3 x 3 6 x 6 6 x 6 7 x 7 6 x 8 7 x 7 7 x 7 6 x 8 2 x 3
10 x 10 2,5 x 3 7 x 7
10 x 10 7 x 7 7 x 7 2 x 3
0,27 7,5 49 48 9
36 36 49 48 49 49 48 6
100 7,5 49 100 49 49 6
20 9 3 1 2 2 2
14 1 2 6 2 4 3 5 2 2 1 4 6
5,4 67,5 147 48 18 72 72
686 48 98
294 96 24
300 37,5 98
200 49
196 36
Área total..........................4.076,4 m2Quadro 4: Espécies de fruteiras para um pomar doméstico em clima subtropical
Espécies de fruteiras
Cultivares Nº de mudas Época de plantio Colheita Observações
Abacaxi Pérola Caiena liso
10 10
ano todo 15-21 meses após plantio
Depende de muda, clima,
indução e florescimento
Bananeira Nanicão Prata Maçã
3 3 3
Inicio da primav. ano todo Depende da época, plantio,
saída e rebentos
Caquizeiro Fuyu Café
1 1
Período de repouso
vegetativo
fev.-mar. fev.- mar
-
Cherimólia - 1 Inicio da primav. ano todo - Figueira Roxo-de-
valinhos 4 Período de
repouso vegetativo
dez.-abr. Nordeste: depende de
época, poda, irrigação (ano
todo).Goiabeira IAC-4
Guanabara 1 1
Inicio da primav. jan.-mai. -
Jabuticabeira Sabará 2 Inicio da primav. 3 ou 4 colheitas/ano
-
Laranjeira Piralima Baianinha Hamlin Valência Pêra-rio
2 2 2 2 4
Inicio da primav. mar.-abr. mai.-jul. mai.-jul. set.-nov. ago.-out.
-
Lechieira - 1 Inicio da primav. - - Limeira Lima-da-pérsia 2 Inicio da primav. ano todo - Limoeiro Taiti
Siciliano 3 3
- jan.-ago -
Macadâmia - 2 Inicio da primav. mar.-mai. - Mamoeiro Sunrise solo
Formosa 2 2
Inicio da primav. ano todo -
Maracujazeiro Amarelo Alata
4 1
Inicio da primav. fev.-jul. -
Nespereira Mizuho Precoce-de-itaquera
1 1
Período de repouso
vegetativo
jun.-nov. -
Nogueira-de-pecã
Mahan Moneymaker
1 1
Período de repouso
vegetativo
abr.-mai. -
Romãzeira - 1 Inicio da primav. fev.-abr. - Tangerineira Poncã
Murcote 2 2
Inicio da primav. jun.-jul. jul.-set.
-
Videira Niágara branca Itália Isabel
2 2 2
Período de repouso
vegetativo
dez.-jan. fev.-mar. fev.-mar.
Nordeste: depende de
poda e irrigação.
Quadro 5: Principais espécies de frutíferas que podem ser plantadas num pomar doméstico em clima temperado.
Espécies de fruteiras
Espaçamento (metros)
Área por planta (m2)
Nº de plantas Área total (m2)
Ameixeira Caquizeiro Cherimólia
Figueira Jabuticabeira
Laranjeira Limeira
Limoeiro Mamoeiro Macieira
Nectarineira Nespereira
Nogueira-européia Nogueira-de-pecã
Pessegueiro Romãzeira
Tangerineira Videira
6 x 6 6 x 6 6 x 8 3 x 3 6 x 6 7 x 7 7 x 7 7 x 7 2 x 3 5 x 5 5 x 5 7 x 7
10 x 10
10 x 10
5 x 5 7 x 7 7 x 7 2 x 3
36 36 48 9
36 49 49 49 6
25 25 49 100
100
25 49 49 6
4 6 1 9 4
14 2 4 4 6 2 2 2
2
10 1 4 6
144 216 48 81
144 686 98
196 24
150 50 98
200
200
250 49
196 36
Área total...........................3.066 m2
Quadro 6: Espécies de fruteiras para um pomar doméstico em clima temperado Espécies de fruteiras
Cultivares Nº de mudas Época de plantio Colheita Observações
Ameixeira Satsuma Santa Rosa Kelsey Paulista
1 1
Período de repouso
vegetativo
dez.-mar. Depende de clima e cultivo
Caquizeiro Fuyu Café
2 2
Período de repouso
vegetativo
fev.-mar. fev.- mar
-
Cherimólia - 1 Inicio da primav. ano todo - Figueira Roxo-de-
valinhos 4 Período de
repouso vegetativo
dez.-abr. Nordeste: depende de
época, poda, irrigação (ano
todo).Jabuticabeira Sabará 2 Inicio da primav. 3 ou 4
colheitas/ano -
Laranjeira Piralima Baianinha Hamlin Valência Pêra-rio
2 2 2 2 4
Inicio da primav. mar.-abr. mai.-jul. mai.-jul. set.-nov. ago.-out.
-
Limeira Lima-da-pérsia 2 Inicio da primav. ano todo - Limoeiro Taiti
Siciliano 3 3
- jan.-ago -
Quadro 6: continuação Nectarineira Mara
Sunred 1 1
Período de repouso
vegetativo
set.-out. out.-nov.
-
Nespereira Mizuho Precoce-de-itaquera
1 1
jun.-nov. -
Nogueira-de-pecã
Mahan Moneymaker
1 1
Período de repouso
vegetativo
abr.-mai. -
Pessegueiro Fla Premier * Precocinho Chimarrita
2 2 2 2
Período de repouso
vegetativo
set.-out. nov.
out.-nov. nov.-dez
-
Romãzeira - 1 Inicio da primav. fev.-abr. - Tangerineira Poncã
Murcote 2 2
Inicio da primav. jun.-jul. jul.-set.
-
Videira Niágara branca
2
Período de repouso
vegetativo
nov.-dez.
-
3.VENTOS
A ação do vento, pode beneficiar ou prejudicar as fruteiras. Tudo dependerá de sua
velocidade, temperatura, da época do ano e, principalmente, do estádio de desenvolvimento
da planta.
Os ventos frios e intensos oriundos do Sul, prejudicam a formação de novos brotos,
desidratam e podem queimar as folhas, dificultam o florescimento e a polinização. No entanto,
em determinados locais, em época fria, o vento pode provocar a mistura de ar quente com ar
frio e impedir a formação de geadas.
Ventos quentes e secos produzem efeitos desastrosos nas plantas, como derrubada de
flores, frutas e folhas, queimaduras ou mesmo destruição. Durante o inverno, o aparecimento
de ventos quentes chega a provocar o início antecipado do florescimento e da brotação das
plantas. Os prejuízos podem ser maiores no caso de surgimento de geadas tardias, quando a
planta está em plena brotação e florescimento. As raízes têm de fornecer maiores quantidades
de água à planta e o solo resseca-se mais rapidamente.
Ventos muito violentos provocam queda de folhas, ramos, flores, fruta e da própria planta.
Além disso, esses ventos podem alterar o porte e a forma da copa e ocacionar deformações e
grande diminuição na produção de frutas. Observa-se em muitos locais, após a incidência de
ventos fortes, que as plantas amarelecem e as frutas não atingem o tamanho normal, ficando
pequenas e péssimas para consumo.
Para evitar os efeitos negativos do vento, recomenda-se instalar o pomar no local mais
abrigado do terreno (face contrária à direção dos ventos fortes). Além disso, é aconselhável
escolher porta-enxertos que formem plantas pequenas e poda sistémica para diminuir a
altura das plantas.
Outra medida é colocar tutores ou estacas ao lado das mudas pequenas.
Em pequenas áreas, com pomar de frutíferas pequenas, pode-se fazer a cerca viva (quebra-
vento) com uma fila de árvores apenas. O mais indicado, no entanto, é plantar de duas a três
linhas com as plantas desencontradas, pois assim crescem melhor e impedem a passagem dos
ventos. É importante que as mudas frutíferas fiquem distanciadas do quebra-vento (10 metros
da primeira fila do pomar), para que não concorram no consumo de água, luz e nutrientes.
Quando se deseja fechar a área para evitar a entrada de animais ou de pessoas, além do
quebra-vento planta-se o maricá ou Poncirus trifoliata.
O quebra-vento protege 4 vezes sua altura e até 15 vezes a sua área.
Características do quebra-vento:
·De preferência plantas melíferas;
·Crescimento rápido;
·Boa ramificação;
·Folhas não caducas
·Floração não coincidente com a frutífera.
O eucalipto tem crescimento rápido, é bastante rústico, alcança grande altura, fornece
madeira e pode ser plantado como quebra-vento, desde que as frutíferas estejam um pouco
distanciadas. Renques de bambu ou taquara também são uma boa opção, quando alinhadas à
distância de 5 metros. Essas plantas podem atingir de 15 a 20 metros de altura, servido de boa
proteção para o pomar.
Para locais de clima frio, o cipreste tem apresentado bons resultados como quebra-vento.
A formação de cercas vivas deve ser iniciada antes de se implantarem as mudas frutíferas
no campo.
As plantas escolhidas para esse fim devem ter porte elevado e possuir ramos desde a base
do tronco, além de um sistema radicular vigoroso e profundo, para resistir aos ventos e
competir menos com as frutíferas. Elas devem crescer rapidamente, em qualquer solo, e
apresentar resistência à seca, doenças e pragas. De quebra, podem fornecer madeira e lenha.
4.SOLO
O pomar deve ser considerado e tratado como uma cultura permanente. Ou seja: ele
permanecerá sempre naquele chão, por dez ou vinte anos. Por isso é importante escolher um
solo de boa qualidade ou prepará-lo devidamente.
O primeiro passo para fazer um pomar é o estudo tanto das condições gerais do terreno
quanto da sua constituição (argila, limo, areia grossa ou fina) e também de seus componentes
químicos (pH, fósforo, nitrogênio, potássio, matéria orgânica, cálcio e magnésio). É
fundamental também conhecer as qualidades e defeitos da estrutura física do solo, se é
permeável, bem arejado, sua declividade e se conta com boa disponibilidade de água. Todos
esses fatores devem existir em equilíbrio, para que o pomar vingue.
Há outro detalhe do solo que não pode ser desconhecido. Uma árvore frutífera tem suas
raízes a uma profundidade de 30 cm e, em casos excepcionais, de 60 cm. Há necessidade,
portanto, de que as qualidades nutritivas do solo estejam também nessa camada, ao alcance
das raízes.
Para a instalação de pomares deve-se dar preferência para solos francos, profundos e bem
drenados, evitando-se solos encharcados ou que estejam sujeitos ao encharcamento ou que
possuam alguma camada que impeça a drenagem da água.
Para que possamos obter resultados satisfatórios na produção de frutas, é necessário que se
conheça o histórico da área onde o pomar será instalado, ou seja, saber o tipo de vegetação
que se encontrava naquele local, outras culturas, tipo de maquinário utilizado, etc. O
conhecimento prévio da área permitirá estimar problemas que podem ser encontrados, como
camada compactada, presença de nematóides, problemas de alelopatia, bem como planejar as
atividades que deverão ser desenvolvidas. Em terrenos que anterior mente abrigavam mata,
deve-se fazer destoca, subsolagem, retirada de raízes e pedras, lavração profunda e
incorporação de corretivos até 40 cm de profundidade, adubação e gradagem, cultivo de uma
gramínea anual por um período de 1 a 2 anos antes da instalação. Em terras que já foram
cultivadas deve-se fazer subsolagem, lavração profunda e incorporação de corretivos até 40
cm de profundidade e adubação de base e gradagem.
Em regiões onde as propriedades rurais são relativamente pequenas, o replantio na mesma
área é uma questão de sobrevivência, porém vale lembrar que para frutíferas, o replantio da
mesma espécie ou espécies afins pode acarretar desenvolvimento reduzido das plantas. Os
principais sintomas observados são parte aérea pouco desenvolvida, sistema radicular fraco e
com raízes esbranquiçadas. Estes sintomas caracterizam o que se chama de doença do solo ou
problemas de replantio.
Os problemas de replantio são mais severos para macieiras, cerejeiras, pessegueiros e
plantas cítricas e, em menor grau ocorrem em ameixeiras e pereiras.
As possíveis explicações são patôgenos, nutrição e fatores físicos e químicos ou a liberação
de substâncias no solo pelo sistema radicular que inibem o crescimento das novas plantas,
conhecido como alelopatia.
4.1EXPOSIÇÃO DO TERRENO E TOPOGRAFIA
Norte
Além da topografia, a orientação do terreno altera as condições climáticas. Um terreno
voltado para o sul tende a ser mais úmido, mais frio e menos iluminado do que aquele
orientado para o norte. Então, o terreno onde será instalado o pomar deve ter orientação
norte-sul, de maneira que as plantas possam ter maior aproveitamento da luz solar e,
conseqüentemente, serão mais produtivas e com frutas de melhor qualidade.
Os pomares devem ser instalados preferencialmente na meio encosta (em caso de
terrenos declivosos), pois em noites de inverno rigoroso ocorre esfriamento da superfície do
solo, fazendo com que se forme uma zona próxima ao solo com ar frio e denso, que empurra o
ar mais quente para cima, favorecendo os pomares que estão na meia encosta.
Inclinação do terreno
Para pomares, o ideal é que a inclinação do terreno não ultrapasse 20 %, pois terrenos
declivosos apresentam facilidade de escoar o excesso de água, têm solos muito superficiais e
mais pobres em elementos nutritivos. Com menor capacidade de retenção de água, esses
terrenos sofrem maior erosão e vivem o período mais crítico nas secas, necessitando de
medidas de controle antes da instalação do pomar, como camaleões, plantio em curvas de
nível, e evitando-se a capina de plantas daninhas. Deixa-se o solo coberto de vegetação,
durante a estação das chuvas, passando uma roçadeira nas entrelinhas e capinando apenas
em coroa ao redor das plantas.
Os terrenos com topografia mais plana, resultarão em pomares com maior
uniformidade e mais facilidade no cultivo, principalmente quanto ao emprego de máquinas;
geralmente são terrenos mais ricos em elementos químicos e sofrem menos nos períodos secos.
Mas há problemas, com o excesso de água nos períodos de chuva.
Nesse caso, a solução é a drenagem superficial ou a drenagem a uma profundidade de 1
metro e valetas com espaço de 10 a 15 metros.
Nos terrenos planos ou levemente inclinados, com declividade de até 2 %, é
desnecessário o trabalho de conservação de solo, e as mudas podem ser plantadas em linha
reta. Nas áreas com declividade entre 2 e 5 %, controla-se a erosão com o plantio de mudas
em nível.
ADUBAÇÃO
Antes da instalação do pomar, é necessário que se faça a análise de solo, para corrigir
as deficiências nutricionais de acordo com as exigências da cultura que se deseja implantar. A
análise de solo deve ser feita, pelo menos 6 meses antes da implantação do pomar.
Para a análise do solo, as amostras devem ser coletadas em duas profundidades, de 0 a
20 cm e de 20 a 40 cm, pois é onde se encontra a maior parte do sistema radicular das
frutíferas. O número de coletas varia de acordo com a uniformidade do terreno, ou seja, o
terreno é dividido de acordo com suas características e, de cada área deve ser coletada uma
amostra, que será composta de pelo menos 10 sub-amostras homogeneizadas, representativas
da área. As amostras serão encaminhadas a um laboratório de análise. Com o resultado da
análise do solo, recomenda-se consultar um técnico da Emater, que fará as recomendações do
adubo e tonelagem de calcário a utilizar.
Correção do solo
Faz-se a correção da acidez do solo com a prática denominada calagem, que consiste na
aplicação de calcário dolomítico. Esse procedimento serve também para incorporar cálcio e
magnésio ao solo.
É preciso aplicar calcário de preferência de dois a três meses antes do plantio,
espalhando-o sobre a área que será utilizada. Depois da aplicação, se possível, deve-se arar o
terreno ou passar a enxada rotativa a 10 cm de profundidade para facilitar a incorporação ao
solo.
É necessário analisar o solo no intervalo de 4 a 5 anos e aplicar calcário, de acordo com
as recomendações oficiais.
Distribuição dos fertilizantes
Em pomares com menos de 5 metros de distância entre as linhas de plantio, os adubos
devem ser espalhados em toda superfície. No entanto, onde essa distância for superior e não
houver interesse em se estabelecer cultura intercalar, a adubação poderá ser executada
somente numa faixa de 3 metros de largura ao longo da linha de plantio.
Os adubos fosfatados e potássicos, usados antes do plantio devem ser aplicados por
ocasião da instalação do pomar, preferentemente a lanço, e incorporados no mínimo da
camada arável.
Preparo da cova
A época de preparo das covas deve anteceder de 2 a 3 meses o plantio. A abertura pode
ser feita manualmente ou com broca. O tamanho da cova varia de acordo com a espécie e o
tipo de solo. Na maioria dos casos, as covas variam de 60 x 60 x 60 cm a 40 x 40 x 40 cm. No
caso das videiras, se dá preferência a valetas.
Quando se faz abertura manual, deve-se tomar o cuidado de separar o sub-solo, e no
momento de recolocar o solo obedecer à distribuição natural do solo.
SELEÇÃO DAS MUDAS
A muda é a base de toda a fruticultura e a garantia de produção abundante e de frutas de
excelente qualidade.
O dinheiro gasto na aquisição de mudas é um investimento muito baixo em comparação
aos cuidados permanentes que um pomar exige, considerando-se que uma planta pode
produzir frutas durante dez ou quarenta anos.
Na fase de planejar o pomar – cinco ou seis meses antes do plantio – devem-se encomendar
as mudas e ter certeza de que serão entregues na época certa. Elas devem ser adquiridas
diretamente de viveiristas idôneos, credenciados junto a órgãos oficiais e recomendados por
especialistas no assunto.
Muitos pomares fracassam pelo uso de mudas doentes, com vírus, especialmente os citros,
por isso, não se devem comprar mudas de intermediários ambulantes, sem endereço fixo ou
tradição na produção de plantas de qualidade garantida.
Quando as mudas chegarem ao pomar, tudo já deve estar preparado, as covas prontas e
adubadas. Aí é só colocar a muda na cova.
Em fruticultura, sempre que a planta permitir, devem-se utilizar mudas enxertadas em vez
de mudas propagadas por sementes. Da muda enxertada obtêm-se: produção precoce, plantas
de menor porte e garantia da qualidade das frutas produzidas.
As mudas previamente encomendadas podem ser transportadas do viveiro até o local de
plantio na embalagem coletiva (embalagem em raiz ou lavada) ou nas embalagens individuais
(bloco, torrão, cesto de taquara ou bambu, saco plástico).
Regra geral: as fruteiras de folhas caducas são transportadas em raiz nua ou lavada,
durante o repouso vegetativo, e as plantas de folhas permanentes em embalagens individuais,
com as raízes protegidas.
Ameixeira, caquizeiro, figueira, laranjeira, limeira, limoeiro, macieira, marmeleiro,
nectarineira, nogueira-de-pecã, nogueira-européia, pereira, pessegueiro, tangerineira e
videira são fruteiras que podem ser transportadas sem folhas, durante o repouso vegetativo
(fim do outono e inverno), na embalagem coletiva com raiz nua ou lavada.
As mudas de abacaxi, coqueiro, figueira-da-índia e tamareira podem ser transportadas em
embalagens individuais e sem proteção.
As mudas com folhas permanentes – como abacateiro, cherimólia, goiabeira, lechieira,
macadâmia, maracujazeiro, nespereira e romãzeira – devem ser transportadas nas
embalagens individuais, com as raízes protegidas, durante o período de crescimento
vegetativo.
Durante o transporte do viveirista ao local de plantio, as mudas não devem ficar expostas
ao sol e/ou ao vento, e o plantio deve ocorrer assim que elas cheguem.
4.ÉPOCA DE IMPLANTAÇÃO
O plantio das mudas pode-se tornar uma prática muito traumática para certas espécies
devido a condições especiais de luminosidade e umidade que as mudas recebem nos viveiros.
Por isso, a época de plantio depende de alguns fatores como a biologia da planta, o tipo de
muda utilizada e a região.
Mudas de raiz nua devem ser plantadas preferencialmente no período de repouso
vegetativo, que corresponde ao período de fim de outono e inverno. Para mudas produzidas
em embalagens, o plantio pode ser realizado em qualquer período do ano, desde que haja
irrigação frequente.
Espécies de folhas persistentes (citros, abacate) podem ser plantadas no inverno desde que
não seja rigoroso ou que haja proteção contra as baixas temperaturas e geadas.
A alteração da época de plantio só é indicada quando as mudas se encontram envasadas, ou
seja, com seu sistema radicular protegido.
5. PLANTIO DAS MUDAS
Para plantar a muda de raiz nua, no sulco ou na cova, retira-se parte da terra e coloca-se a
muda normalmente, sem amontoar as raízes. A cova deve ser preenchida, então, com a terra
da superfície. É necessário também fazer uma bacia ao redor da muda e colocar de 15 a 20
litros de água, mesmo que o solo esteja úmido, porque a água aproxima a terra das raízes e
facilita o seu pegamento.
Terminado esse trabalho, coloca-se um tutor ou estaca vertical (de taquara ou bambu) ao
lado da muda, amarrando-a, para que permaneça em posição vertical e o sistema radicular
não se desloque.
Depois do plantio, com pouca ou nenhuma chuva, deve-se irrigar a muda cada três dias, até
o completo pegamento.
Para plantar a muda com embalagem individual, coloca-se a muda na cova ou no sulco,
corta-se ou retira-se a embalagem, lenta e cuidadosamente, começando pela parte inferior da
planta. À medida que se retira a embalagem, coloca-se a terra, tendo todo o cuidado para não
desfazer o torrão, o que pode prejudicar o pegamento.
Retirada a embalagem protetora, procede-se como no plantio da muda de raiz nua.
6.CUIDADOS PÓS-PLANTIO
As mudas devem ser tutoradas e receber irrigação permanente, conforme forem as
condições de umidade do solo.
Outro cuidado que deve ser tomado é o de eliminar os ramos ladrões, principalmente
os originados do porta-enxerto, e dar uma condução de planta conforme desejado.
No início da brotação, deve-se ter cuidado com o controle de formigas, plantas
daninhas no pomar e alguns roedores que poderão causar danos na casca das mudas.
Normalmente, a percentagem de reposição das mudas é da ordem de 5 %. Este
percentual deve ser adquirido com antecedência para reposição em ocasião oportuna.
4.ADUBAÇÃO
A adubação de um pomar é prática rotineira e obrigatória na fruticultura. Inicia-se
corrigindo o solo e adubando a muda ainda pequena. Sua base são a fertilidade do solo, a
idade da planta, as espécies e os recursos disponíveis. Num pomar comercial, onde o número
de espécies cultivadas é
menor, geralmente, a adubação é simples. A dificuldade aumenta no caso de pomar
doméstico, diante da diversidade de espécies, exigindo diferentes receitas e nutrientes.
Mas, quer seja um pomar comercial ou doméstico, a adubação é medida indispensável para
assegurar rápido crescimento, maior resistência às doenças e pragas, grande produção, boa
qualidade, vigor e longevidade das fruteiras.
As árvores frutíferas – em função de suas diferentes maneiras de crescimento, precocidade
ou demora na frutificação, pouca ou grande longevidade, demanda de podas e,
principalmente, pelas diferentes qualidades de frutas produzidas – não têm as mesmas
exigências de fertilizantes. Normalmente, a planta em formação necessita de maiores
quantidades de nitrogênio e depois, na época de frutificação, aumentam as retiradas de
fósforo e, principalmente, potássio.
Deve-ser manter o equilíbrio entre as quantidades existentes no solo, retiradas pela planta,
e as quantidades aplicadas por ocasião das adubações.
Na ocasião do plantio, no fundo do sulco colocam-se misturados à terra da superfície,
adubo fosfatado e matéria orgânica bem curtida (esterco de bovinos ou de aves). Para as
frutíferas de ciclo curto (produção de frutas no primeiro ou segundo ano), pode-se também
depositar adubo potássico na cova, enquanto para as frutíferas de produção mais tardia não é
recomendável o adubo potássico, sendo preferível sua aplicação posterior, em cobertura, em
pequenas quantidades com o adubo nitrogenado durante a fase de crescimento.
Após a adubação da cova ou sulco, aplicam-se adubos fosfatado e potássico por três vezes
em toda a área do solo coberta pela copa, durante a época de crescimento vegetativo e em
cobertura ao redor da planta. Aqui, um cuidado é muito importante: manter o adubo
afastado do tronco a uma distância de 40 a 60 centímetros, pois o esterco ainda não totalmente
curtido e o adubo químico podem queimar a casca da muda.
Para o Rio Grande do Sul, sugere-se a fórmula 20-0-15, na seguinte quantidade por ano:
Idade das plantas Fórmula 20-0-15
1º ano
2º ano
3º ano
4º ano
5º ano
6º ano
7º ano
8º ano
200 g
400 g
800 g
1.200 g
1.600 g
2.000 g
2.500 g
3.000 g
Adubam-se as plantas em fase de crescimento na projeção da sua saia ou copa, isto é,
na periferia ou parte externa, incorporando levemente os adubos ao solo.
A aplicação de esterco bem curtido melhora consideravelmente as condições de
crescimento e produção do pomar. De preferência deve-se aplicar o esterco bem curtido com
os adubos químicos. Segundo estudos realizados, as quantidades de esterco bovino ou de aves
indicadas por idade das plantas no Rio Grande do Sul são:
Idade das plantas Quantidade (Kg por planta)
Esterco de bovinos Esterco de aves
1º ano
2º ano
3º ano
4º ano
5º ano
6º ano
7º ano
8º ano
10 a 15 2 a 4
10 a 15 3 a 4
15 a 20 4 a 6
20 a 25 6 a 8
30 a 35 8 a 10
40 a 50 10 a 12
50 a 60 12 a 15
60 a 80 15 a 20
Na fase de crescimento das plantas, os adubos orgânicos podem ser aplicados em sulco,
na projeção da saia ou copa, isto é, na periferia ou parte externa. Em pomar adulto, os adubos
podem ser espalhados em toda a área e depois incorporados levemente ao solo. O mais
recomendável seria fazer duas ou três aplicações anuais, nos períodos de grande crescimento,
florescimento e produção de frutas.
5.IRRIGAÇÃO
A água é um dos elementos-chave para que o pomar tenha bom crescimento e
frutificação. A dose adequada de umidade garante muitas frutas e de bom tamanho,
principalmente nos períodos de crescimento e frutificação. A falta de água provoca inúmeros
prejuízos: diminui a quantidade de raízes, folhas, ramos, flores e frutas, o crescimento é
limitado e a longevidade da planta é reduzida.
A instalação do pomar pode ser feita em qualquer época do ano, quando a propriedade
possui sistema de irrigação. A produção de uma mesma fruteira aumenta, como é o caso da
jabuticabeira, onde a irrigação e a adubação proporcionam de três a quatro colheitas anuais
em climas tropicais e subtropicais.
A safra também pode ser antecipada ou prolongada, como acontece com a figueira,
sempre que a irrigação for complementada com adubação correta e controle de doenças e
pragas. A colheita das frutas pode ser feita na época desejada, em qualquer mês, mesmo nas
culturas que exigem repouso vegetativo, através do controle da dosagem de água.
De maneira geral, a necessidade de água durante os meses de inverno – principalmente
para fruteiras de clima temperado ou subtropical de folhas caducas – é muito pequena. A
exigência de umidade cresce durante a primavera e o verão, quando há pleno crescimento
vegetativo, florescimento e desenvolvimento das frutas.
Quanto mais chove, menor será a necessidade de irrigação. Mas o que conta é a chuva
que cai mês a mês. Não o total anual. A bananeira, por exemplo, uma planta tropical de
crescimento quase contínuo, quando cultivada em climas subtropicais, apresenta uma
necessidade de água em torno de 80 a 100 milímetros mensais, durante a época mais fria do
ano. No verão, a exigência de água aumenta para 240 a 320 mm mensais. Portanto, chuvas
acima de 100 mm são excessivas durante o inverno para a bananeira plantada em clima
subtropical, mas escassas no período de verão.
A irrigação no pomar deve iniciar no momento do plantio da muda no campo. Pomares
adultos ou em formação precisam ser irrigados principalmente durante as fases de intenso
crescimento vegetativo e de frutificação.
Na época de amadurecimento das frutas, o excesso de chuvas provoca doenças e queda
da qualidade. Esse problema é comum em regiões do Rio Grande do Sul, nas plantações de
uva, figo e pêssego, nos meses de janeiro e fevereiro.
Para pequenos pomares, a irrigação pode ser feita com baldes ou com mangueira,
molhando a terra próxima à planta. Para áreas médias, podem-se instalar pequenos
aspersores de jardim, regando abaixo da copa das fruteiras. Quando o terreno é inclinado,
abrem-se sulcos e a água chega à planta seguindo as curvas de nível do terreno. Em áreas
maiores, dispondo de recursos e desejando uma irrigação com melhores resultados, pode-se
instalar o sistema de irrigação por gotejamento, que, além de água, pode fornecer ao mesmo
tempo fertilizantes às plantas.
6.CONTROLE DAS PLANTAS INVASORAS
As plantas invasoras ou daninhas disputam, com as frutíferas, água, luz e nutrientes do
solo. Por isso, precisam ser eliminadas no início da formação do pomar, antes que se tornem
excessivas, principalmente na época seca do ano.
Ao eliminar as plantas invasoras, por capinas, roçagem, grade de discos, enxada
rotativa, cobertura vegetal ou cobertura morta, reduzem-se também os focos de doenças e
pragas. As plantas daninhas, depois de capinadas e secas, podem ser incorporadas ao solo
como matéria orgânica, nutrindo e aumentando a capacidade de armazenamento de água pelo
solo. Porém, há o risco de a eliminação de plantas daninhas, em terrenos inclinados, aumentar
a erosão do solo na época de chuvas.
As gramíneas são as que mais prejudicam as frutíferas novas. A concorrência por água
e nutrientes atrasa o desenvolvimento da frutífera, diminui o número de folhas, o
comprimento dos ramos e o diâmetro do caule. Por fim, reduz o vigor da planta, o número e o
peso das frutas.
Como acabar com as invasoras
A retirada manual das plantas invasoras próximas das mudas frutíferas, dentro das
linhas ou nas entrelinhas, pode resolver o problema de um pequeno pomar; pode ser feito com
a utilização da enxada manual, cortando-as alguns centímetros abaixo do solo.
Em pomares de área média, o sistema de retirada manual e capinas, dentro da linha de
plantio, e o uso de cultivadores de tração animal, nas entrelinhas, dão bom resultado.
No período de muita chuva, ou em locais acidentados, com terrenos pedregosos, as
plantas daninhas podem ser roçadas ou ceifadas a 5 cm do nível do solo e deixadas para secar
no terreno, formando uma cobertura morta. Além de diminuir o nascimento de novas plantas
daninhas, essa prática ajuda a controlar a erosão e a melhorar a estrutura do solo.
A grade de discos pode ser usada em terrenos planos ou levemente inclinados, somente
na fase inicial da formação do pomar, da instalação até uns noventa dias após o plantio das
mudas. A grade deve ser regulada para atingir somente 10 cm de profundidade máxima. A
enxada rotativa também pode ser usada, quando regulada até uma profundidade de 5 cm.
Existem enxadas rotativas com braço móvel, que permitem controlar as invasoras bem
próximo do tronco.
Outra prática preconizada é a cobertura vegetal para o solo, na área livre de plantas
frutíferas, durante o ano todo ou por alguns meses. Depois a cobertura é cortada e
incorporada ao solo, sendo considerada um adubo verde. Essa prática melhora a estrutura do
solo, previne a erosão, aumenta as condições de nutrição das plantas frutíferas, porque há
disponibilidade de nutrientes no solo, e ajuda a eliminar o excesso de água nos solos argilosos.
Na escolha das plantas para cobertura vegetal, recomenda-se o exame da quantidade
de matéria verde que a planta selecionada pode fornecer por unidade de área, sua
adaptabilidade ao local, clima, hábitos de crescimento e facilidade de controle.
7.DOENÇAS
O plantio de grande número de espécies facilita a entrada, o crescimento e a
propagação de muitas doenças comuns a diversas fruteiras. Mas em um pomar doméstico,
onde as frutas são colhidas e consumidas imediatamente no próprio local, não ocorrem
doenças e perdas depois da colheita.
Nesse ponto, volta-se à questão básica inicial: as mudas para o plantio devem ser
obtidas em viveiros registrados. Essa é a melhor medida para controlar as doenças.
Somente os pomares comerciais exigem a aplicação de produtos químicos preventivos,
para garantir a conservação das frutas após a colheita, durante o período de transporte,
armazenamento e comercialização até chegar ao consumidor final.
Sistematicamente, o pomar deve ser controlado: todos os ramos secos, frutos secos e
caídos e mudas doentes devem ser cortados ou recolhidos, enterrados ou queimados.
As plantas daninhas do pomar são hospedeiras de doenças e pragas e devem ser
eliminadas ainda pequenas.
Outra prática preventiva é eliminar os ramos localizados na parte mais interna da
planta, permitindo melhor insolação e arejamento em seu interior. Assim, diminuirá a
ocorrência de doenças no pomar.
As medidas preventivas funcionam melhor na fruticultura do que as práticas
curativas. Formação de plantas bem nutridas (adubadas), irrigação na época da seca, matéria
orgânica anual, solos bem drenados ou terrenos pouco inclinados são medidas auxiliares no
controle de doenças do pomar.
A calda bordalesa, a calda sulfocálcica e fungicidas são empregados no controle de
doenças na fruticultura.
8.PRAGAS
O controle de pragas é das práticas mais difíceis no pomar doméstico. O número e a
diversidade de pragas são grandes. E o controle, através de produtos químicos, traz sérios
riscos quando usado de maneira incorreta, seja na forma ou no volume aplicado, por causa
dos resíduos que ficam na planta.
A consulta a um técnico especializado no assunto, para dar a orientação necessária, é
imprescindível para que o fruticultor não jogue com sua própria saúde, a de sua família e a de
outros. E para que não se repitam os acidentes sérios já registrados pelo uso indevido de
produtos violentos, contra-indicados para fruticultura e em doses e épocas não recomendadas.
O ponto de partida para evitar problemas é a cuidadosa seleção da muda, porque ela
pode introduzir no pomar pragas e doenças, inviabilizando qualquer controle posterior. Vale
a pena repetir que é primordial a aquisição de mudas sadias e de excelente qualidade para a
formação de um bom pomar.
Mudas de figueira ou de abacaxi podem chegar ao pomar já portando nematóides.
Citros, macieiras e videiras – quando não se utiliza o porta-enxerto indicado- levam junto as
pragas, que permanecem no pomar durante o ciclo de crescimento e produção da planta. Para
evitar surpresas, as frutíferas que podem ser transportadas e transplantadas com raiz nua, e
em especial as qu têm repouso vegetativo, devem ter as raízes descobertas, o que permite
examinar seu estado na ocasião do plantio.
A mosca-das-frutas é uma presença constante em pomares domésticos, principalmente
quando se cultiva grande número de espécies susceptíveis a essa praga. Nesse caso, muitas
vezes o melhor é evitar a contínua produção de frutas maduras durante todos os meses do
ano, deixa-se um intervalo de alguns meses para dificultar o ciclo contínuo de propagação da
mosca-das-frutas.
Para controlar com eficiência a mosca-das-frutas, ensacam-se as frutas ainda
pequenas, trabalho que pode ser executado quando o pomar é pequeno. Em área maior, as
frutas temporãs, doentes ou caídas são coletas e enterradas profundamente. Lavrar o pomar e
colocar galinhas, gansos ou patos para comerem larvas e pupas também auxilia no combate.
Para detectar o início do ataque da mosca-das-frutas, instalam-se iscas caça-moscas,
que permitem identificar a época propícia para o controle com produtos químicos. Colocar
iscas é medida eficiente e não apresenta riscos.
Mudas de bananeira devem proceder, de preferência de um viveiro ou de um bananal
em plena produção, livre da broca-da-bananeira.
No controle de pragas de um pomar doméstico é importante que se adote o mesmo
princípio que para a poda de frutíferas: “é muito melhor não usar nenhum inseticida para
controlar pragas do que utilizá-lo de qualquer jeito, desconhecendo seu efeito sobre a saúde
do aplicador e do consumidor”.
9.PODAS
Plantas sadias, vigorosas, em condições de suportar a carga das frutas e resistir aos
ventos fortes. Para obter frutíferas desse quilate, além dos cuidados já citados, é necessário
poda-las adequadamente desde a muda até a árvore em frutificação.
A poda, no entanto, é uma técnica que exige conhecimento, e é preferível nunca podar
uma planta do que poda-la mal. O corte e a retirada de parte de uma frutífera têm como
finalidade melhorar algum aspecto da planta. E como cada espécie cresce e frutifica de modos
diferentes, é necessário conhecer bem a planta antes de iniciar a poda.
Além de adequar as plantas ao seu espaço disponível, a poda controla e equilibra a
circulação da seiva em toda a árvore frutífera. A poda produz também copas bem formadas,
equilibradas, e distribui a área de frutificação por toda sua extensão. Com isso, aumenta a
produção de frutas de boa qualidade e de maior tamanho.
A poda regula também a sucessão anual de safras e evita a alternância de produção.
Estabelece ainda um equilíbrio entre o crescimento vegetativo, o sistema radicular e a
frutificação. Em plantas fracas, ela serve para estimular o crescimento vegetativo.
A muda frutífera, que depois do plantio recebe podas obrigatórias de formação e
frutificação, necessita ter uma boa estrutura para garantir muita produção e frutos de
qualidade. Ao ser adquirida, a muda deve ter de três a quatro pernadas ou ramos, bem
distribuídos no tronco. Entre as espécies de mudas assim formadas estão ameixeira,
caquizeiro, figueira, goiabeira, laranjeira, limeira, limoeiro, nogueira-de-pecã, nogueira-
européia, pereira, pessegueiro e tangerineira.
Outras frutíferas são adquiridas com haste única e têm crescimento apical: abacateiro,
cherimólia, jabuticabeira, lechieira, macadâmia, mamoeiro e maracujazeiro.
A importância de se podar varia de espécie para espécie, assim poderá ser desiciva
para uma, enquanto que para outra, ela é praticamente dispensável. Com relação à
importância, as espécies podem ser agrupadas em:
Decisiva: videira, pessegueiro, figueira.
Relativa: pereira, macieira, caquizeiro
Pouca importância: citros, abacateiro, mangueira.
Noções sucintas sobre poda em pomares domésticos
Ameixeira
Para podar uma ameixeira usa-se o mesmo sistema de poda de um pessegueiro.
Bananeira
Após o plantio da muda, eliminam-se todos os rebentos e deixa-se sair, com intervalo
de quatro a cinco meses, a segunda muda na mesma cova. Depois, com oito ou dez meses, a
terceira muda, ficando cada com três plantas (matriz, filha e neta). Todas as outras mudas
devem ser eliminadas. Quando for realizada a colheita da planta matriz, deixa-se outra muda
(planta bisneta), permanecendo outra vez a mesma com três plantas em estádios diferentes de
desenvolvimento.
Caquizeiro
Deve-se utilizar no plantio mudas formadas com três ou quatro pernadas, inseridas em
pontos diferentes do tronco, de 15 a 20 cm de comprimento, bem distribuídas na copa.
Eliminam-se toda brotação que aparecer no porta-enxerto e os ramos mal colocados ou
encostados no solo. Deve-se poda-los, para evitar o excessivo crescimento apical, eliminar
parte dos ramos internos e equilibrar melhor a produção. Nos primeiros anos de frutificação é
acoselhável desbastar as frutas para evitar quebra dos ramos frutíferos, garantir melhor
crescimento da planta e aumentar o tamanho médio das frutas.
Citros
Deve-se iniciar a plantação com muda bem formada, com três ou quatro ramos
distribuídos regularmente na copa. Sistematicamente são eliminados os ramos secos, doentes,
encurvados e os mal localizados ou que encostem no solo. Para abrir um pouco a copa,
podem-se cortar alguns ramos do centro da planta, o que permite melhor penetração do sol e
diminui os problemas de doenças e pragas. Para as plantas que frutificam em excesso como a
bergamoteira comum, montenegrina e a murcote, pode-se realizar desbaste de frutas para
aumentar o tamanho e não esgotar a planta, provocando produções alternadas.
Figueira
No plantio, utilizam-se mudas com três ou quatro pernadas e bem distribuídas na copa.
Eliminam-se todas as brotações que aparecem durante o período de crescimento vegetativo,
mas deixa-se desenvolver em cada ramo dois novos ramos, totalizando seis brotações durante
o primeiro ano de crescimento. Esses seis ou oito ramos são podados, ficando com 20 a 30 cm
no final do primeiro ano (no inverno) e deixam-se crescer duas novas brotações, perfazendo
doze ou dezesseis ramos no final do segundo ano. No final do terceiro ano deixam-se doze ou
dezesseis ramos ou 24 a 32 ramos, dependendo da finalidade. Um número menor de ramos
resulta em frutas de melhor qualidade e em produções mais abundantes.
Goiabeira
Faz-se o plantio da muda de boa qualidade com três ou quatro ramos bem distribuídos
na copa. Sistematicamente são eliminados os ramos secos, doentes e os nascidos abaixo do
enxerto e encurtam-se os ramos muito baixos e mal localizados na planta. A poda de
frutificação, para eliminar um terço do ramo terminal, permite prolongar por um mês,
aproximadamente, a colheita das frutas. No caso de plantas mais baixas, para facilitar os
tratos culturais e a colheita das frutas, os ramos terminais são sistematicamente podados.
Jabuticabeira
Normalmente não se faz nenhum tipo de poda. Em plantas enxertadas, eliminam-se as
brotações nascidas abaixo do ponto de enxertia e os ramos secos e doentes.
Macadâmia
Pode-se adotar o mesmo tipo de poda aplicado na nogueira-de-pecã.
Mamoeiro
O mamoeiro não requer nenhum tipo de poda. Em plantas com frutas muito
apertadas, pode-se realizar o desbaste de frutas, aumentando o espaço entre as restantes e
aproveitando as frutas verdes para fazer doces. Quando o mamoeiro perde a brotação apical,
por causa de doenças, pragas ou frio, nascendo nova brotação, deve-se deixar apenas um
broto lateral. Eliminam-se todos os demais, que são focos permanentes de ácaros e podem
dificultar os tratos culturais. A colheita é reduzida e as frutas são geralmente pequenas
quando há muitos ramos originados de diferentes pontos de crescimento da mesma planta.
Maracujazeiro
A muda de maracujá é conduzida tanto no sistema de espaldeira como no tipo latada,
com apenas um broto terminal de crescimento até atingir o segundo fio mais alto na
espaldeira ou a superior da latada. Depois, deixa-se crescer livremente. Pode-se despontar o
crescimento terminal do ramo, quando atingir a planta seguinte. Durante o período de
repouso vegetativo, eliminam-se todos os ramos secos, doentes ou aqueles que estejam abaixo
do segundo fio de arame e junto ao solo. Devem ser cortados também os ramos até a altura do
primeiro fio, no sistema de condução em espaldeira.
Nespereira
No momento do plantio, escolhem-se mudas com três a cinco ramos bem distribuídos
ao longo do tronco e cortam-se os demais pela base.
No primeiro ano, deixa-se a muda crescer naturalmente, fazendo desbrotas do tronco e
de alguns ramos da copa, quando em excesso. A partir do segundo ano, selecionam-se de três
a cinco ramos bem distribuídos ao longo do tronco e os demais são eliminados pela base. Esses
ramos do tronco ficam apoiados por estacas de bambu, fios de arame ou cordão, num ângulo
de inclinação de 55º da horizontal. Os ramos devem ficar nessa posição durante um ou dois
anos, período em que devem ser eliminados os ramos secundários, ao longo das pernadas
principais, e todos os ramos que tendem para o centro da planta. Nesse período, o crescimento
terminal corre verticalmente, tomando uma forma de taça. Então deve se provocar,
novamente o arqueamento das pernadas principais junto às ramificações, forçando-as para
uma inclinação de uns 40º horizontais. Os ramos devem ser mantidos assim seguros durante
dois anos.
Com a planta já adulta, em novembro ou dezembro, são eliminados todos os ramos
supérfluos, ladrões e fracos, para permitir a penetração de luz na parte interna da copa.
Despontam-se somente os ramos grossos e demasiado longos.
Ocorre, com freqüência, o aparecimento de brotos a partir da extremidade dos ramos.
Por ocasião do desbaste das frutas pequenas, deixa-se apenas um ou dois brotos e eliminam-se
manualmente todos os outros. Também após a colheita das frutas aparecem, em cada ramo,
de dois a três brotos. Deve-se eliminar, novamente, um ou dois brotos, ficando apenas um por
ramo.
O desbaste de flores e frutas é necessário na nespereira para melhorar a qualidade.
Elimina-se parte dos botões florais e, para cada botão floral, faz-se a desponta restando
apenas três ramificações. Quando as frutas estão com diâmetro aproximado de 1,5 cm,
eliminam-se as frutas defeituosas, praguejadas e em excesso, ficando apenas três ou quatro
frutas sadias e de igual tamanho em cada botão floral.
Nogueira-de-pecã
A muda usada no plantio deve ser formada por três ou quatro pernadas, saindo de
pontos diferentes do tronco e bem distribuídos na copa, com comprimento de 15 a 25 cm. Dos
três ou quatro ramos iniciais, brotam seis ou oito ramos, dos quais, no final do primeiro ano,
são podados 50 a 60 cm de comprimento. Desses seis a oito ramos, controla-se a saída de doze
a dezesseis ramos novos, que continuam crescendo até o final do segundo ano, quando são
podados 50 a 60 cm de comprimento novamente, e eliminam-se todos os outros ramos em
excesso e mal localizados. Com o novo crescimento, eleva-se o número de ramos para 24 a 32,
que crescem livremente até o final do terceiro ano, e eliminam-se todos os outros. Considera-
se a muda formada depois de três anos no campo, quando então, anualmente, no período do
inverno, podam-se os ramos defeituosos, fracos, cruzados, muito baixos e aqueles dirigidos
para o centro da planta.
Pessegueiro
No momento do plantio poda-se a muda, que fica com 0,80 m de comprimento
aproximadamente, com quatro ou cinco pernadas de 10 cm de comprimento, saindo de
diferentes pontos do tronco. A pernada mais baixa deve ficar de 25 a 30 cm do solo. Com o
plantio da muda no inverno, em outubro ou novembro, quando as brotações alcançam10 a 20
cm, seis a sete ramos bem distribuídos são selecionados para formar a ramificação principal
da copa. No inverno seguinte, eliminam-se todas as brotações que não foram previamente
selecionadas. Deve-se fazer uma poda intensiva para dar origem a uma copa em forma de
cone invertido. Os ramos principais selecionados devem ser reduzidos – em até um terço do
seu comprimento – e cortados logo acima de um ramo lateral que se dirige para fora, para
abrir a copa.
Na poda de frutificação, cortam-se os ramos quebrados, doentes, secos e os mal
localizados; eliminam-se os ramos paralelos muito próximos entre si; os ramos ladrões, os
ramos dirigidos diretamente para cima ou para baixo (verticais) e todos aqueles que têm um
ponto de inserção muito fraco (ângulo muito fechado).
Videira
No caso de muda plantada no sistema do tipo latada, coloca-se a planta na cova, e
conduz-se verticalmente o ramo de crescimento em direção ao fio da latada. No primeiro ano,
deixa-se crescer livremente o ramo principal e eliminam-se os ramos secundários e ladrões.
No final do primeiro ano, podam-se as mudas pouco vigorosas, permanecendo três gemas no
ramo. Nas plantas vigorosas – em que o crescimento terminal ultrapassa a parte superior da
latada – poda-se na altura da latada, aproveitando duas gemas imediatamente inferiores a
esse nível. Os sarmentos (ramos) das duas gemas abaixo da latada são conservados para que
cresçam, e os outros ramos nascidos das gemas inferiores são eliminados durante o
crescimento (poda verde). Depois de crescidos, os sarmentos devem ser podados anualmente,
ficando a 50 cm de distancia dos ramos da outra planta. O sistema de poda anual desses
sarmentos dependerá do vigor da planta e da variedade: na poda curta convém deixar um até
três olhos ou gemas; na poda longa, de sete a dez gemas ou olhos. Plantas fracas recebem poda
curta e plantas vigorosas, poda longa. Os cultivares Isabel, Moscatel italiano e Niágara branca
recebem poda curta; a Itália e Moscatel-de-hamburgo, poda longa.
13.PONTO DE COLHEITA
Decorrido determinado número de dias ou meses, após o florescimento, pode-se
estimar a época de maturação dos frutos e o ponto de colheita.
O momento ideal para apanhar a fruta ocorre em três condições, dependendo da
variedade. Uva, manga, figo, lima, laranja, tangerina e bergamota têm de ser colhidas quando
completamente desenvolvidas, no ponto de consumo. Outras frutas como abacate, goiaba,
manga e nêspera também devem ser colhidas completamente desenvolvidas, mas ainda a dois
ou três dias do ponto ideal de consumo, embora já estejam com a polpa mais mole e doce.
Frutas como pêra, ameixa, banana e caqui são colhidas quando bem desenvolvidas, mas ainda
impróprias para o consumo imediato. Depois de maduras ou amadurecidas artificialmente,
podem ser consumidas.
O ponto ótimo de colheita das frutas é quando apresentam excelente sabor, aroma,
bom teor de açúcar, grande porcentagem de suco e menor concentração de ácidos.
No Quadro 7 há exemplos do ponto de colheita de frutas: prontas para o consumo
(maduras); completamente desenvolvidas, mas aguardando alguns dias para consumo (frutas
de “vez”); ou frutas fisiologicamente desenvolvidas, mas necessitando de transformações antes
do consumo (frutas amadurecidas artificialmente ou ao natural).
Quadro 7: Pontos ideais de colheita
Frutas colhidas maduras
prontas para o consumo ou
uso.
Frutas de “vez”, alguns dias
antes de comer ou usar.
Frutas desenvolvidas, ainda
verdes para o consumo
imediato (amadurecimento
natural ou artificial)
abacaxi – ameixa – bergamota
- cherimólia – figo – goiaba –
jabuticaba – laranja – lechia –
lima – limão – macadâmia –
maçã – manga – maracujá –
nêspera – noz – nectarina –
pêssego – romã - uva
abacaxi – ameixa – abacate –
banana – caqui – laranja azeda
– limão – maçã – manga –
nêspera – nectarina – pêra -
pêssego
ameixa – banana – caqui –
pêra – noz-de-pecã
Durante a colheita e o manuseio das frutas, convém evitar golpes, batidas e pressões,
que podem prejudicar a qualidade, a maturação natural depois da colheita ou abreviar seu
armazenamento.
As frutas perecíveis devem ser acondicionadas em caixas de plástico ou madeira, lisas,
secas, isentas de pontas e quinas, totalmente fechadas no fundo e nas laterais. Ou em cestos,
sem quinas ou cantos, lisos e pequenos para facilitar o manuseio e evitar que as frutas
colocadas na base sejam pressionadas por aquelas das camadas superiores.
Para colher frutas de plantas altas, podem-se escadas retas, tipo encosto, de madeira
leve e resistente, com comprimento variável. No caso de plantas de altura média, as escadas
simples de abrir são mais apropriadas.
Sacolas de lona resistente, com capacidade para meia caixa, ajudam na colheita de
frutas de casca mais grossa e dura. Abre-se a parte superior da sacola e o fundo falso fica
preso por ganchos, o que permite regular o volume da sacola e facilitar a descarga das frutas
da sacola para as caixas. Para frutas de casca mais sensível (manga, pêssego, ameixa), regula-
se a sacola para um volume menor, evitando-se a pressão entre as frutas e um eventual
amassamento.
Além das escadas, quando se colhem frutas de plantas muito altas, pode-se usar um
coletor com vara comprida, do tipo doméstico, tendo na extremidade superior uma abertura.
Essa abertura é formada por uma armação de arame grosso, rodeada por um tecido de
diâmetro um pouco superior ao da fruta. A armação é ligada a uma bolsa, para onde a fruta
desce lentamente depois de solta da planta.
Tesouras especiais de colheita – diferentes das tesouras de poda, pequenas e com
pontas arredondadas para evitar o ferimento das frutas – são utilizadas durante a colheita
para separar a fruta da planta. As tesouras são indicadas e muito práticas na colheita de
laranja, bergamota, uva, pêra, caqui e abacaxi.
Seqüência da colheita
São muito importantes algumas regras básicas na realização da colheita, que deve ser
executada quando as plantas estiverem com pouca umidade e, de preferência, com
temperatura mais baixa, o que permite melhor conservação das frutas.
Aconselha-se que o colhedor corte as unhas para evitar ferimentos nas cascas das
frutas sensíveis ou use luvas e tenha as mãos livres para fazer a colheita. A sacola de colheita,
quando utilizada, é colocada a tiracolo, regulada ao seu menor volume para frutas mais
sensíveis. Nas plantas altas, as frutas da parte mais baixa são colhidas primeiro.
Com o corte do pedúnculo feito com a tesoura especial de colheita, separam-se as
frutas da planta e colocam-se na sacola. Quando a sacola estiver cheia, o apanhador coloca a
sacola no fundo da caixa de colheita, solta o gancho e abre o fundo da sacola, depositando as
frutas na caixa.
Na colheita de ameixa, nectarina, goiaba, figo, nêspera ou manga, o fruto pode ser
separado da planta por simples torção manual e colocado dentro da caixa ou cesto. Nesse
caso, deve-se evitar o uso de sacolas de colheita.
As pencas de um cacho de banana têm diferentes idades. Não é necessário apanhar o
cacho inteiro. Podem-se colher as pencas mais próximas do pseudocaule da planta (pencas
mais altas) em dias diferentes, e depois colher as mais próximas do solo de acordo com o
consumo.
Em pomar doméstico, muitas frutas amadurecem antes da necessidade de consumo e
precisam ser colhidas e armazenadas, em condições controladas, para melhor
aproveitamento. Essas condições oscilam de acordo com as diferentes espécies de frutas e
variedades que necessitam temperatura e umidade específicas para sua conservação e
aproveitamento posterior.
O Quadro 8 mostra uma relação de diferentes espécies de frutas, temperatura de
armazenamento e temperatura de amadurecimento natural e artificial.
Quadro 8: Condições de armazenamento.
Espécies de
frutas
Temperatura (ºC) Umidade relativa
(%)
Dias de
armazenamento
Amadurecimento
(temp. ºC)
abacaxi 7 (maduro)
12 (fruto verde)
- 21 -
banana 13 - 14 90 verdes
85 maduras
21 a 28 18
caqui -1 90 90 - 120 18 - 20
figo -0,5 a 0 85 - 90 10 -
goiaba 7 a 10 85 - 90 14 - 21 -
laranja 0 (Valência) 85 - 90 42 a 56 -
limão-taiti 9 a 10 85 a 90 72-96 -
maçã -1 a 5 90 60 a 90 -
mamão 7 85-90 7 a 21 21 a 26
pêssego -1,5 a 0 90 14 18
uva -1 a –0,5 (viníferas)
-0,5 a 0 (americanas)
90-95
85
- -