poesia trovadoresca e palaciana

20
História da Literatura Portuguesa ÉPOCA MEDIEVAL (SÉCULOS XII-XVI)

Upload: paulo-rodrigues

Post on 21-Mar-2017

911 views

Category:

Education


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: Poesia trovadoresca e palaciana

História da Literatura Portuguesa

ÉPOCA MEDIEVAL

(SÉCULOS XII-XVI)

Page 2: Poesia trovadoresca e palaciana

História da Literatura Portuguesa

ÉPOCA MEDIEVAL

(SÉCULOS XII-XVI)

Page 3: Poesia trovadoresca e palaciana

A POESIA TROVADORESCA

Na Provença, o poeta era chamado de troubadour, cuja forma correspondente em Português é trovador. O trovador acompanhava as suas poesias de música, por isso as primeiras manifestações literárias desta altura eram chamadas de cantigas, já que eram cantadas.

Page 4: Poesia trovadoresca e palaciana

A POESIA TROVADORESCA

O idioma usado em Portugal, tanto na fala como na escrita, desde o século XII até ao século XV, era o português arcaico ou galaico-português, pois também era utilizado na região da Galiza, no Norte de Espanha.

“Ay eu, coitada, como vivoen gram cuydado por meu amigoque ey alongado! Muyto me tardao meu amigo na Guarda.

Page 5: Poesia trovadoresca e palaciana

A POESIA TROVADORESCA

Essas poesias, feitas pelos trovadores, e que eram normalmente cantadas, eram apenas transmitidas por via oral, sem qualquer registo escrito. Contudo, com o passar do tempo, começou-se a compilar essas poesias em livros, aos quais chamamos de Cancioneiros.

Page 6: Poesia trovadoresca e palaciana

A POESIA TROVADORESCA

Existem, sobretudo, três tipos de cantigas na poesia trovadoresca:

• Cantigas de amor.

• Cantigas de amigo.

• Cantigas de escárnio e maldizer.

Page 7: Poesia trovadoresca e palaciana

A POESIA TROVADORESCACantigas de amor.

• A cantiga é posta na boca de um enamorado (trovador), que exprime os sentimentos amorosos pela dama (sua SENHOR), destacando a sua coita de amor que o faz ensandecer (enlouquecer) ou morrer.

• A «senhor» surge como alguém a quem o amador «serve», prestando-lhe vassalagem amorosa.

• A dama é uma mulher formosa e ideal, frequentemente comprometida ou até casada, inacessível, quase sobrenatural.

• O ambiente é, raramente, sugerido, mas percebe-se que a cantiga de amor é uma poesia da corte ou de inspiração palaciana.

Page 8: Poesia trovadoresca e palaciana

A POESIA TROVADORESCACantigas de amor.• Nas cantigas de amor, a beleza e a

sensualidade da mulher são evidenciadas, mas a relação amorosa não se apresenta como experiência, mas um estado de tensão e contemplação.

• A «senhor» é cheia de formosura, tipo ideal de mulher, com bondade, lealdade e perfeição; possuidora de honra («prez»), tem sabedoria, grande valor e boas maneiras; é capaz de «falar mui bem» e rir melhor.

Page 9: Poesia trovadoresca e palaciana

A POESIA TROVADORESCACantigas de amor.

Page 10: Poesia trovadoresca e palaciana

A POESIA TROVADORESCACantigas de amigo.

• Enquanto nas cantigas de amor, é o homem que fala do seu amor pela sua amada, nas cantigas de amigo é a mulher que abre o seu coração.

• A donzela dirige-se ao seu amigo (amado), normalmente ausente por estar na guerra.

• O sofrimento de amor, sobretudo por não saber onde está o seu amor.• Preocupação e ansiedade - o amigo está ausente, demora-se e isso

preocupa a amada. São frequentes as perguntas da donzela : “será vivo? será morto?”

• Tristeza e saudade - a donzela sente-se triste pelo facto de o amigo estar ausente, o que lhe provoca muita saudade.

• Alegria na volta do amigo - Terminada a guerra, o amigo da donzela está de volta. Voltou o amigo e voltou também uma enorme alegria.

Page 11: Poesia trovadoresca e palaciana

A POESIA TROVADORESCACantigas de amigo.

Ai flores, ai flores do verde pino, se sabedes novas do meu amigo! Ai Deus, e u é?

Ai flores, ai flores do verde ramo, se sabedes novas do meu amado! Ai Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amigo, aquel que mentiu do que pôs comigo! Ai Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amado, aquel que mentiu do qui mi á jurado! Ai Deus, e u é?

Vós me perguntardes polo voss'amigo, e eu bem vos digo que é san'vivo. Ai Deus, e u é?

Vós me perguntardes polo voss'amado, e eu bem vos digo que é viv'e sano. Ai Deus, e u é?

E eu bem vos digo que é san'vivo e seera vosc'ant'o prazo saído. Ai Deus, e u é?

E eu bem vos digo que é viv' e sano e seera vosc'ant'o prazo passado Ai Deus, e u é?

D. Dinis, in 'Antologia Poética'

Page 12: Poesia trovadoresca e palaciana

A POESIA TROVADORESCACantigas de amigo.

Ondas do mar de Vigo,se vistes meu amigo!E ai Deus, se verrá cedo!

Ondas do mar levado,se vistes meu amado!E ai Deus, se verrá cedo!

Se vistes meu amigo,o por que eu sospiro!E ai Deus, se verrá cedo!

Se vistes meu amado,por que hei gran cuidado!E ai Deus, se verrá cedo!

Page 13: Poesia trovadoresca e palaciana

A POESIA TROVADORESCACantigas de amigo.

Page 14: Poesia trovadoresca e palaciana

A POESIA TROVADORESCACantigas de escárnio e maldizer.

Este tipo de cantigas serviam para criticar, dizer mal de algo ou alguém, ridicularizar a sociedade, por exemplo, o clero, a nobreza, o rei.

Page 15: Poesia trovadoresca e palaciana

A POESIA TROVADORESCACantigas de escárnio e maldizer.

Page 16: Poesia trovadoresca e palaciana

A POESIA PALACIANA

A poesia palaciana, assim chamada porque surgiu dentro dos palácios, era feita por nobres e para a nobreza, retratando usos e costumes da corte. Era cultivada pela aristocracia nos serões (saraus).

Page 17: Poesia trovadoresca e palaciana

A POESIA PALACIANA

Ao contrário da poesia trovadoresca, a poesia palaciana não era acompanhada por música. Essa poesia era para ser apenas declamada. Por isso, exigia muito mais do poeta, que tinha de usar a voz de forma sublime para declamar as suas poesias, que normalmente eram mais apuradas, mais atraentes.Através da poesia palaciana, nós sabemos como era a vida nos palácios, no século XV.

Page 18: Poesia trovadoresca e palaciana

A POESIA PALACIANA

Os poetas palacianos inspiravam-se nos feitos históricos, na dramaticidade, no lirismo sentimental, sutil e sofisticado (predominante) sem abandonar, contudo, temas comuns aos trovadores medievais: a coita amorosa, a súplica triste e apaixonada e a sátira.O lirismo amoroso trovadoresco assume uma nova conotação, a mulher idealizada, inatingível, carnaliza-se e a sensualidade reprimida nas cantigas de amor passa a ser frequente.

Page 19: Poesia trovadoresca e palaciana

A POESIA PALACIANA

A maior parte desta poesia palaciana foi compilada por Garcia de Resende, em 1516, no Cancioneiro Geral.Entre os poetas mais destacados dessa antologia poética contam-se o próprio Garcia de Resende, Gil Vicente, Bernardim Ribeiro, Sá de Miranda, entre outros.

Page 20: Poesia trovadoresca e palaciana

A POESIA PALACIANA