poemas e poesias como forma de apreciaÇÃo a leitura … · a prática social de leitura é um...
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Poemas e Poesias como Forma… - Calado, Silva, Melo, Azevedo, Pedrosa
Revista Diálogos – N.° 21 – Mar. / Abr. – 2019 394
POEMAS E POESIAS COMO FORMA DE APRECIAÇÃO A
LEITURA E ESCRITA
POEMS AND POETRIES AS A WAY TO APPRECIATION
READING AND WRITING
Kamyla Vieira da Silva Calado - UPE
Marinês dos Santos Silva - UPE
Renata da Silva Melo - UPE
Luciana Santos da Silva Azevedo - UPE
Genealda Maria Leite Pedrosa - UPE
RESUMO
O presente artigo tem o objetivo de apresentar as vivências e as
práticas educativas em sala de aula com a intenção de apresentar
inovações pedagógicas, voltadas a aquisição da leitura e escrita, por
meio dos gêneros textuais poema e poesia, através do Programa
Institucional de Bolsa a Iniciação à Docência, da CAPES e parceira
com a Universidade de Pernambuco no Campus Garanhuns e na
escolas da rede municipal. O projeto vem se desenvolvendo com
ênfase sobre a leitura e escrita, como também a escolha do gênero
textual para ser desenvolvida em sala de aula. As contribuições do
poema e poesia para construção do conhecimento fomentam
resultados positivos, trazendo assim a construção de análises
sistemáticas que podem não só construir um processo avaliativo nos
educandos como na forma que está se desenvolvendo as práticas
pedagógicas, ressaltando se há inovação ou não no processo de ensino
e aprendizagem.
Palavras-chaves: Pibid, Leitura e Escrita, Poema e Poesia.
ABSTRACT
The aim of this article is to present experiences and educational
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practices in the classroom with the intention of presenting
pedagogical innovations, aimed at the acquisition of reading and
writing, through the textual genres poem and poetry, through the
Institutional Program of the Bolsa a Initiation to Teaching, CAPES
and partner with the University of Pernambuco in Campus Garanhuns
and schools of the municipal network. The project has been
developing with emphasis on reading and writing, as well as the
choice of the textual genre to be developed in the classroom. The
contributions of the poem and poetry for the construction of
knowledge foster positive results, thus bringing the construction of
systematic analyzes that can not only construct an evaluative process
in the learners but also in the form that the pedagogical practices are
developing, emphasizing whether there is innovation or not in the
process teaching and learning.
Keywords: Pibid, Reading and Writing, Poem and Poetry
INTRODUÇÃO
O Programa Institucional de Bolsa a Iniciação à Docência,
denominado Pibid, tendo como bases legais a lei nº 9.394/1996, a lei
nº 12.796/2013 e o decreto nº 7.219/2010. Ele é um programa da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(Capes), onde promove aos estudantes experiências que possam
contribuir de maneira positiva a educação básica. Os projetos
apoiados são propostos pela instituição de ensino superior UPE e,
desenvolvido pelos os licenciando sob a supervisão de professores da
e orientação da professora da IES.
O projeto está sendo aplicado na Escola Municipal Artur
Brasiliense Maia, no 2º ano do ensino fundamental dos anos iniciais,
no turno da manhã, a turma contém 30 estudantes.
A proposta a ser aplicada é em relação a leitura e a escrita,
onde a mesma é um dos processos mais importantes na vida escolar
da criança, e para que essa etapa seja usufruída de maneira
proveitosa, é necessário que as pibidianas garanta um trabalho com
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qualidade e um bom domínio de conteúdo, para que seja aplicado
com segurança e que possa alcançar resultados satisfatórios.
É importante destacar que,
A prática social de leitura é um processo que deve ser
conquistado favorecendo a humanidade e expressando
possibilidades de fazer uso dos seus sentimentos,
ajudando a compreensão das transformações culturais,
isto é, promovermos as diversidades de gêneros dentro
da sala de aula (SILVA, 2016, p. 1).
Na continuidade de buscar o êxito da conquista necessária
para a realização do Projeto, ao chegarmos a referida escola, fomos
acolhidas como integrantes do corpo docente da escola e assim poder
desenvolvermos um trabalho com suporte tanto da professora da
turma escolhida quando da coordenação.
Este comportamento entende-se que é muito importante na
construção e formação dos futuros educadores, principalmente
observar o entendimento de que:
Proporcionar um ambiente favorável com relações
sadias traz grandes benefícios para os gestores e,
consequentemente, para as organizações. Equipes
sólidas são mais fortes não só por compartilharem as
vitórias, como também para dividirem os resultados
negativos e buscarem as soluções que possam reverter
essa situação. Relacionamentos interpessoais éticos e
gentis diminuem o individualismo, aumentam o
comprometimento e a responsabilidade. Um clima
organizacional harmonioso resulta em entusiasmo,
amplia a visão de futuro, melhora o desempenho e a
produtividade (FONSECA, 2016, p. 3).
Frente a aceitação e o comportamento dos profissionais da
escola, passou-se a iniciar as atividades e nos deparamos com a
realidade de que os alunos da turma em questão não estão habituados
a lerem o gênero poema e poesia em seu dia a dia.
Adotou-se o entendimento de que a partir deste momento o
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pensamento de sermos bolsistas passaria a ser substituído por ser
profissionais com a necessidade de consolidar a harmonia entre os
alunos e os conteúdos a serem desenvolvidos, observando:
A postura do professor em sala de aula, bem como suas
artimanhas em articular o conteúdo teórico a ser
ensinado com atividades mais dinâmicas e uma
abordagem moderna são, sem dúvida, pontos de partida
para a solução de problemas em sala de aula, tanto no
sentido disciplinar (comportamento do aluno) quanto
no índice de rendimento de conteúdos que serão
aproveitados pelo estudante (KUBATA, 2012, p. 2).
Habitualmente a turma ouve histórias variadas (fábulas,
contos e etc.) no momento inicial da aula, como leitura deleite, onde é
feito sondagem sobre o que acabaram de ouvir. Mas não podemos
deixar de notar que a participação dos alunos nessa leitura, é apenas
como ouvinte, sujeito passivo nesta ação.
Para isso, dentro dessa temática de leitura e escrita foi
estabelecido um gênero textual como forma de contribuição no
desenvolvimento cognitivo das crianças, despertando nos alunos o
desejo de viajar em meio às fantasias apresentadas pelos autores,
resgatando a cultura de cantar e encantar, por meio dos recursos
sonoros.
OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL
Apresentar o poema e a poesia como ferramenta para o
desenvolvimento da escrita e da leitura em sala de aula
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Promovera inovação do poema e a poesia no processo de
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ensino e aprendizagem da leitura e da escrita;
Aprimorar o conhecimento da linguagem e escrita;
Desenvolver uma proposta inovadora que contribua com a
prática pedagógica Enquanto acadêmicos de pedagogia.
REFERENCIAL TEÓRICO
O poema e a poesia é um gênero muito interessante de se
trabalhar, pois são neles, em podemos trabalhar diversos conteúdos
em apenas um texto. O mesmo, também proporciona momentos
lúdicos em que só favorecem o conhecimento. Para que assim,
possamos garantir um bom gosto a leitura, o a memorização e a
autonomia para que eles realizem suas próprias produções.
A criança vive em um processo de transformação, por isso, os
professores devem auxiliá-los por meio de processos pedagógicos
significativos, para que eles evoluam em seus conhecimentos.
A leitura é um ato de interagir com o mundo e nós como
futuros professores devemos repensar nossas práticas, para estimulá-
los e fazer com que, eles se permitam e queiram sempre exercitar a
mente, tanto na escola como em outros ambientes.
Para Cardoso e Pelozo (2007), os alunos devem receber
estímulos para que possam adquirir a vontade de ler e para que isso
ocorra, esses estímulos devem ocorrer nos primeiros anos, para assim,
os mesmos terem a oportunidade de ser um bom leitor.
Isso significa que ler, permite uma maior compreensão e
entendimento de mundo, por isso que não só serve para escola, mas
para a vida.
A escrita é uma modalidade da língua que reforça a leitura e
para isso, devemos oferecer a autonomia as crianças para que possam
produzir segundo suas leituras. Antunes (2004, p. 60) diz: “É uma
conquista, ama aquisição, isto é, não acontece gratuitamente, por
acaso, sem ensino, sem esforço, sem persistência. Supõe orientação,
vontade, determinação, exercício, práticas, tentativas”.
Para realizarmos esse trabalho, decidimos trabalhar com
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poema e poesias, com intuito de oferecer um gênero diferenciado
para abordar diversos temas. Conforme os PCN, “O termo poema,
como gênero textual e literário deve estar associado ao
desenvolvimento da escrita e da linguagem dos educandos.
Utilizando textos em versos e prosa é possível proporcionar contato
com os poemas na sala de aula”. (BRASIL, 1997). Ou seja, esse
gênero pode contribuir sim, para a construção da leitura e escrita.
Já a respeito da poesia e por onde ela percorre, Miguez (2000)
diz em seus escritos, que sempre os primeiros passos da poesia vem
através das primeiras canções ouvidas e cantadas pela criança e seus
responsáveis, isso é uma marca e por isso, queremos deixar essa
prática algo que elas sempre lembram e também, tenham gosto de
fazer leituras delas.
Além de desenvolvermos atividades, com função de aprimorar
o conhecimento da linguagem e escrita, umas das decisões de
querermos trabalhar com esse gênero é, porque ele muito lúdico e a
criança aprende mais quando ocorre essa interação divertida. “A
presença dessas repetições e semelhanças sonoras “serve de
intermediário entre a experiência lúdica com a língua e a iniciação
literária” (MAGALHÃES, 1987, p. 36).
Diante disso, o poema e a poesia, proporciona aulas mais
diferenciadas, mas sem tirar o seu valor pedagógico, pois é através de
todos os estruturantes que compõem o gênero, faz com que, a criança
viaje mais em uma trilha da sua imaginação, fazendo com que, tudo
que for produzido ganhe significado, onde a autora reforça: “A
criança é movida, principalmente, pelo ritmo das palavras em um
poema do que pelo seu real significado. O som desperta a ligação
emocional e o prazer da criança diante um texto poético”
(AVERBUCK, 1988).
O projeto Pibid, está nos proporcionando vivenciar o
cotidiano dos professores para além de suas teorias, à prática
propriamente dita. Ao nos depararmos com a realidade da sala de
aula, vemos que ter o conhecimento teórico para lidar com tais
situações é imprescindível para solucionar problemas existentes e
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possíveis que possam surgir.
Com a chegada do projeto Pibid, na sala em questão, a leitura
deleite do primeiro momento da aula tornou-se mais prazerosa, os
alunos deixaram de ser sujeito passivo dessa atividade para se
tornarem ativos. Participam do momento de maneira lúdica,
levantam-se, ouvem com um interesse maior, e reproduzem o que se
pede no comando da atividade. Como nos diz a autora Amarilia
(1993, p. 28):
As manifestações do lúdico na poesia se dão por
diferentes mecanismos relacionados ao jogo. Para
compreender o prazer proporcionado pelo jogo da
linguagem, que se dá na poesia, é preciso relacionar os
elementos que caracterizam o jogo de uma maneira
geral.
Não podemos deixar de considerar outros fatores relevantes
no trabalho de aprimoramento da leitura e da escrita. A turma
contemplada a estar recebendo esse apoio do projeto Pibid, é
frequentada por alunos de classe média/ baixa da comunidade vizinha
a Escola Artur Brasiliense Maia, os mesmos não possuem um
histórico de leitura do gênero proposto, pois seus encontros com a
literatura é somente quando estão no ambiente escolar, deixando a
desejar quanto há um entendimento espontâneo dos recitais feitos em
sala.
Quanto a isso Filipouski (2009, p. 23) salienta que:
Para formar leitores implica destinar tempo e criar
ambientes favoráveis à leitura literária, em atividades
que tenham finalidade social, que se consolidem
através de leitura silenciosa e individual, promovendo o
contato com os textos variados nos quais os alunos
possam encontrar respostas para suas inquietações,
interesses e expectativas. Ler não se restringe a prática
exaustiva de análise, quer de excertos, quer de obras
completas, pois o prazer, a afirmação da identidade e o
alargamento das experiências passa pela subjetividade
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do leitor e resultam de projeções múltiplas em
diferentes universos textuais. Nesse caso, o papel da
escola é torna-lo mais apto a fruir o texto.
Nesse mesmo seguimento em questão Lerner (2002, p. 95)
afirma:
Para comunicar as crianças os comportamentos que são
típicos do leitor, é necessário que o professor encarne
na sala de aula, que proporcione a oportunidade a seus
alunos de participarem em atos de leitura que ele
mesmo está realizando, que trave com eles uma relação
de leitor para leitor.
A nossa proposta de inovação da leitura e da escrita tomando
como base "poema e poesia" e tornar o hábito de ler e de se pensar,
mais agradável e crítico possível. Que essas crianças que hoje houve
esses poemas se tornem leitores que façam indagações, que queiram
se aprofundar nesse universo de realidade e fantasia, buscando o
entendimento verdadeiro deixando de lado o contentamento de ficar
apenas no que foi dito.
Filipouski (2006, p. 339) trata dessa questão dizendo que:
A poesia é uma das formas mais radicais que a
educação pode oferecer de exercícios de liberdade
através da leitura, de oportunidade de crescimento e
problematização das relações entre os pares e de
compreensão do contexto onde interagem.
Também não podemos desconsiderar que onde há crianças, há
um universo paralelo de fantasias e imaginação, onde é permitido
viajar e tornar possível tudo aquilo que imaginamos. Trabalhar com
as poesias em sala de aula, não é diferente, oferecemos a elas meios
de ir além das palavras.
Pensando nisso Miguez (2000, p. 38) expõe:
[...] brincando a criança nega a logicidade do adulto,
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pois aquilo que é passa a não ser, assim como o poeta
no poema não diz o que é e sim o que poderia ser. Logo
a poesia seria uma das formas da criança escapar da
linearidade do universo adulto para alcançar novas
leituras de mundo. Poeta e criança vivendo então, a
experiência poética do mundo, vão desvendando a vida
dentro de uma dimensão lúdica.
Frente a estas colocações são consideravelmente apontadas na
inovação de perspectivas que trazem ao bojo das discussões
importantes formas de trazer ao processo de ensino e aprendizagem
novas formas de consolidar uma prática evolutiva e rica em
conhecimento.
Muitas destas práticas que visam a evolução da educação
devem estar em consonância com as necessidade do educando, como
também serem trabalhadas de forma simples e operacional.
METODOLOGIA
Antes de aplicarmos o nosso projeto, passamos por um
período de observação e análise da turma escolhida. Após a
identificação de suas dificuldades, iniciamos efetivamente as
atividades. Levamos os poemas e poesias xerocados, para obtermos
maior aproveitamento do tempo que passamos com a turma, para tirar
dúvidas existentes e focar principalmente naqueles estudantes que
apresentaram um grau maior de dificuldades na leitura e na escrita.
Os métodos escolhidos foram pensados conforme a faixa
etária e as necessidades das crianças, onde é pretendido além de
aprimorar os conhecimentos através de atividades sobre leitura e
escrita, iremos utilizar estratégias junto também com os temas
geradores, para que as crianças fortaleçam o seu entendimento por
meio de questões do cotidiano.
Apresentar poesias e poemas as crianças de forma aleatória
para realizarem uma leitura individual de maneira apreciativa;
Utilizar algumas delas para serem cantadas e assim, trabalhar o ritmo
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e memorização das mesmas; Exposição com cartolinas com textos
ilustrados; Construir desenhos com base na imaginação da criança
através das leituras, produzir atividades que desenvolvam a leitura e a
escrita e realizar encenações onde o enredo é a própria poesia e
poemas.
Assim, começamos com a leitura coletiva do poema ou
poesia, escolhida de acordo com o tema gerador da escola, seguido de
discussão sobre a leitura efetuada, a partir daí para termos certeza da
compreensão do poema em questão, seguimos com exercícios de
apoio relacionado ao texto.
Poesia não serve apenas para decodificação de
símbolos gráficos, nem apenas para ser recitada na
escola, ela pode configurar-se em uma forma educativa
para além do uso e aquisição da língua. A poesia assim
pode ser subentendida como inerente à própria
infância, sejam pela musicalidade, metáforais e o
lirismo tanto quanto pelo o humor que se apresenta e
elementos humanizadores que constituem os poemas
infantis. As experiências poéticas na escola favorecem
desse modo a aquisição da leitura da escrita, através da
leitura e poetizamento das palavras proporcionando o
descortinar da leitura do mundo. (ROSA, 2009, p.37)
Ao escolhermos o gênero textual "poema e poesia", tem-se a
proposta de despertar nos alunos, maior atenção, sob os demais
gêneros, a forma de apreciação da leitura de um poema é
diferenciada, pois o ritmo em versos trazem aos estudantes a vontade
de ouvir os próximos versos e suas rimas.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
No universo infantil onde o concreto tem maior significado do
que apenas palavras, a utilização de atividades lúdicas para promover
a leitura e a escrita, por meio do poema e poesia, dar aos alunos o
poder de viajar em meio aos versos poéticos em seu leque de
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possibilidades.
Neste sentido Abramovich (2000, p. 26): diz que:
"[..] a poesia não é mais do que uma brincadeira, cada palavra
pode e deve significar mais de uma coisa ao mesmo tempo: isso aí
também é isso ali [...]''.
No entanto para que ocorra efetivamente um aprendizado, o
papel do professor tem seu lugar de destaque, pois é a partir da forma
na qual ele expressa cada verso do poema ou poesia, que os alunos
abrirão suas mentes para além do que foi dito, e mergulhar em meio
ao mar de possibilidades expostas a cada estrofe.
Como nos assegura Abramovich (2000, p. 95):
O professor deve star preparado, e ao ler um poema
para classe, deve conhecê-lo bem: lido várias vezes
antes, sentido, percebido e saboreado. Só assim irá
passar a emoção verdadeira, o ritmo e a cadência e,
assim fazer com que os alunos possam perceber as
passagens, estrofes e mudanças.
No processo de aprendizagem, a criança se expressa de
diversas maneiras o que entenderam de tal poema e(ou) poesia, uns
preferem transcrever o que o leu da mesma maneira, outros preferem
se expressar através de desenhos, passando para o papel o que veio
em sua mente quando ouvia aqueles lindos versos, podemos
considerar que houve o aprendizado da mesma maneira pois
independente da forma que se expressem, deixam transcender o que
absorveram de cada poema. Segundo Benjamin (2008, p. 242):
A criança redige dentro da imagem. Por isso, ela não se
limita a descrever imagens: ela as escreve e rabisca[...].
Essas imagens são mais eficazes que quaisquer outras
na tarefa de iniciar a criança na linguagem e na escrita.
No reino das imagens coloridas, ela sonha seus sonhos
até o fim.
Esse gênero no qual escolhemos, tem uma propriedade muito
rica e pode ser trabalhado de várias formas contribuindo ao
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aprendizado do estudante. O mesmo auxilia até para alguns que não
dominam a leitura, pois percebemos nas suas produções a forma em
que eles se expressam, em seus diferentes níveis e isso é leitura, é
escrita. Observamos em nossas práticas o quanto elas gostam de
brincar com as palavras, a partir da oralidade e interpretação e na
escrita.
É importante destacar que:
“[...] toda criança que brinca se porta como um poeta, uma vez
que ela cria para si o seu próprio mundo, ou, para dizer com mais
precisão, transpõe as coisas de seu mundo para uma nova ordem, que
lhe agrada” (FREUD, 2014, p. 80).
Trazendo aqui, uma de nossas intervenções desenvolvidas
apresentamos utilizamos o poema 'Leilão de Jardim'' da autora
Cecília Meireles. Após a apreciação da leitura conjunta, aplicamos
atividades relacionadas, como o texto lacunado, onde eles iam
completando conforme foi apresentado o texto e o texto fatiado, onde
as crianças brincaram com os versos do poema, no qual estavam
embaralhados, para que assim, eles organizassem o texto conforme
estávamos trabalhando.
As crianças desenvolveram-se bem nas atividades proposta,
levando em conta as especificidades de alguns alunos, que mesmo
assim, interagiram com a participação e o cumprimento da proposta
da aula, pois sabemos que, como qualquer outra turma, há
heterogeneidade a serem observadas e por isso, requer um trabalho
de forma diferenciada para que possa atender a todas as
especificidades.
Como trabalharmos com leitura e a escrita, no qual sabemos
que é o objetivo central do nosso projeto, além disso, buscamos
trabalhar paralelamente com outros métodos pedagógicos e que é
importante para fortalecer os vínculos em sala de aula, onde o
trabalho em equipe foi uma delas. Essa atividade foi executada a
partir da poesia de Vinícius de Moraes, como o título: As borboletas.
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A proposta foi de que, com a realização da leitura da mesma,
os alunos procurassem ilustrar todos os elementos que a compõe e
que essa atividade seria em grupo, para que eles pudessem
desenvolver a oralidade e o diálogo entre colegas. Por fim,
organizamos uma breve apresentação à turma, sobre os trabalhos
desenvolvidos por eles, onde foi muito proveitoso.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dessas atividades no qual foram apresentadas,
concluímos que o nosso projeto está conseguindo se diferenciar das
atividades que acontecem na escola, refletindo que as crianças
aprendem desse forma a partir de trabalhos em equipe, atividades
lúdicas e tudo que a faça se envolver nas atividades, garantindo assim
conhecimento.
Frente a tudo que foi realizado no discorrer do Projeto é
relevante elencar que o processo de ensino e aprendizagem tem uma
evolução enriquecedora, de forma que se pode construir no ambiente
escolar uma inovação pedagógica frente aos comportamentos
necessários à efetivação de métodos e técnicas no processo.
Outro importante fator que está relacionado com as dinâmicas
que as escolas podem contribuir na valorização de ferramentas como
a poesia e poemas na construção do desenvolvimento dos educandos
condicionando e viabilizando novas perspectivas.
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