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1 A influência da mídia sobre a imagem que os servidores da Câmara de vereadores de Goiânia têm da casa onde trabalham Quézia Alcântara Os parlamentares brasileiros gozam de uma péssima imagem junto à opinião pública. Fruto de escândalos que se traduzem em CPI‟s-Comissões Parlamentares de Inquérito, que no final “sempre acabam em pizza”, conforme um bordão bastante utilizado pela mídia. Em Goiânia, capital de Goiás, a situação é a mesma. Sabe-se por meio de divulgação da mídia que os parlamentares goianienses também são autores dessas práticas, contribuindo para essa imagem que a sociedade tem do legislativo. E entre os servidores efetivos que atuam diretamente com os vereadores no município de Goiânia, qual é a imagem que possuem? Para esclarecer esta questão foi realizada uma pesquisa exploratória junto aos funcionários e depois comparada com outra do ano de 2008 realizada junto aos cidadãos comuns. O resultado é que, como os cidadãos da cidade de Goiânia, os servidores efetivos apontam problemas, mas ainda assim, acham que a Câmara Municipal de Goiânia tem uma imagem razoável perante a opinião pública. Palavras-chave: Legislativo, Câmara de vereadores de Goiânia, imagem institucional, mídia, jornalismo político The Brazilian parliamentarians enjoy a bad image in public opinion. The result of scandals that translate into CPI's-Parliamentary Commissions of Inquiry, which in the end "always end up in pizza" as a slogan widely used by the media. In Goiania, capital of Goias, the situation is the same. It is known through the media disclosure that lawmakers Goianiense are also the authors of these practices, contributing to the image society has of the legislature. And between the actual servers that work directly with the council in the municipality of Goiânia, which is the image that you hold? To clarify this issue was conducted exploratory research with employees and then compared with one in 2008 carried out with ordinary citizens. The result is that as citizens of the city of Goiânia, the servers actual link problems, but still think the municipality of Goiânia has a reasonable image to the public. Keywords: legislative, city council of Goiania, corporate image, media, political journalism Este artigo tem como objetivo verificar a imagem percebida pelos servidores efetivos da Câmara Municipal de Goiânia, local onde trabalham e o que acham da atuação dos vereadores da casa, bem como, se esta imagem midiática colabora para a formação da opinião pública junto aos funcionários. O trabalho não pretende esgotar o assunto e este artigo pretende ser um pontapé para futuras pesquisas de opinião e observações.

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Artigo descreve resultado de pesquisa junto aos servidores do poder Legislativo municipal de Goiânia para saber qual é a imagem que têm da Casa em que trabalham, visto que a imagem da Câmara junto à sociedade se equipara à imagem que ela tem dos políticos em geral: corruptos, que não trabalham, que se envolvem em pagamentos de propinas etc...

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A influência da mídia sobre a imagem que os servidores da Câmara de

vereadores de Goiânia têm da casa onde trabalham

Quézia Alcântara

Os parlamentares brasileiros gozam de uma péssima imagem junto à opinião pública.

Fruto de escândalos que se traduzem em CPI‟s-Comissões Parlamentares de Inquérito,

que no final “sempre acabam em pizza”, conforme um bordão bastante utilizado pela

mídia. Em Goiânia, capital de Goiás, a situação é a mesma. Sabe-se por meio de

divulgação da mídia que os parlamentares goianienses também são autores dessas

práticas, contribuindo para essa imagem que a sociedade tem do legislativo. E entre os

servidores efetivos que atuam diretamente com os vereadores no município de

Goiânia, qual é a imagem que possuem? Para esclarecer esta questão foi realizada uma

pesquisa exploratória junto aos funcionários e depois comparada com outra do ano de

2008 realizada junto aos cidadãos comuns. O resultado é que, como os cidadãos da

cidade de Goiânia, os servidores efetivos apontam problemas, mas ainda assim, acham

que a Câmara Municipal de Goiânia tem uma imagem razoável perante a opinião

pública.

Palavras-chave: Legislativo, Câmara de vereadores de Goiânia, imagem institucional,

mídia, jornalismo político

The Brazilian parliamentarians enjoy a bad image in public opinion. The result of scandals that translate into CPI's-Parliamentary Commissions of Inquiry, which in the end "always end up in pizza" as a slogan widely used by the media. In Goiania, capital of Goias, the situation is the same. It is known through the media disclosure that lawmakers Goianiense are also the authors of these practices, contributing to the image society has of the legislature. And between the actual servers that work directly with the council in the municipality of Goiânia, which is the image that you hold? To clarify this issue was conducted exploratory research with employees and then compared with one in 2008 carried out with ordinary citizens. The result is that as citizens of the city of Goiânia, the servers actual link problems, but still think the municipality of Goiânia has a reasonable image to the public.

Keywords: legislative, city council of Goiania, corporate image, media, political journalism

Este artigo tem como objetivo verificar a imagem percebida pelos servidores efetivos da

Câmara Municipal de Goiânia, local onde trabalham e o que acham da atuação dos vereadores da

casa, bem como, se esta imagem midiática colabora para a formação da opinião pública junto aos

funcionários. O trabalho não pretende esgotar o assunto e este artigo pretende ser um pontapé para

futuras pesquisas de opinião e observações.

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Por imagem entende-se o que disse o professor e especialista em comunicação, Wilson

Bueno(2009): “A imagem de uma organização são percepções que estão na cabeça dos públicos ou

das pessoas individualmente, formadas pelo contato direto ou não com essa organização” e que para

Gomes(2004) pode ser traduzido como “fama, reputação” ou sintetizando, “imagem pública”.

Esta imagem reflete o juízo de valor que os servidores possuem sobre as ações

desenvolvidas pelo legislativo goianiense. Teve-se também como objetivo apurar a

responsabilidade por esta imagem: se dos vereadores, se dos funcionários ou de ambos. O que se

pretende ainda é verificar se a imagem interna é semelhante à imagem externa – aquela que os

meios de comunicação e a população possuem da Casa, uma vez que é notória a referência negativa

que se tem dos poderes legislativos em todo o país.

Há que se verificar se os servidores sentem-se inseridos no processo de construção dessa

imagem – quer positiva ou negativa. Será que o clima organizacional também influencia na imagem

dos parlamentares junto aos funcionários que trabalham diretamente com eles? Ou apenas a imagem

midiática é que exerce influência na opinião dos que atuam na casa de leis da cidade de Goiânia?

A administração pública, e entre seus órgãos inclui-se as câmaras municipais, sofre

constantes críticas e nunca é reconhecida como eficiente, antes tem sua eficácia comprometida pelo

descrédito e pela falta de participação popular. Os erros, os deslizes e os escândalos dos

parlamentares, que se traduzem em opinião pública, fazem com que a imagem institucional do

poder legislativo fique tão desgastada que comprometa a legitimidade de sua existência, ou seja, a

real necessidade de se manter essa instituição.

Segundo Kunsch, “imagem é o que passa na mente dos públicos, no seu imaginário... é uma

visão intangível, abstrata das coisas, uma visão subjetiva de determinada realidade... a imagem

representa o que está na cabeça do público a respeito do comportamento institucional das

organizações e dos seus integrantes”.

Aplicando este conceito à administração pública, este trabalho aponta as percepções que o

servidor efetivo tem da Câmara quanto ao trabalho, ao processo legislativo e à atuação parlamentar

dos vereadores.

Há que se esclarecer que este trabalho não se trata de uma pesquisa institucional, descrita

por Kuncsh e que “visa conhecer a organização como um todo, valendo-se, para tanto, de técnicas e

instrumentos apropriados para chegar a uma análise completa da real situação organizacional,

envolvendo os aspectos estruturais, administrativos, econômicos, políticos, sociais, históricos e os

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recursos humanos”. Antes é um pequeno levantamento da opinião dos servidores da CMG e que

poderá subsidiar futuramente outras pesquisas, estudos e inclusive uma auditoria de imagem.

No futuro, pesquisadores poderão utilizar alguns dos dados ora levantados para se

aprofundar, seja na observância de como o público interno vê a Câmara e a atuação parlamentar,

seja na questão do clima organizacional.

Entende-se que as câmaras legislativas são organismos que possuem duas vertentes - de um

lado possuem uma atuação política, enquanto um dos três poderes constituídos no país e por outro

lado é uma organização que tem estruturas de apoio onde atuam servidores, sejam concursados,

efetivos ou provisórios (comissionados, terceirizados e estagiários).

1- O descrédito dos brasileiros quanto aos seus parlamentares

A sociedade tem uma imagem negativa dos parlamentares brasileiros. Esta imagem é

reforçada diariamente pelos sucessivos escândalos, pela impunidade, pela omissão, pelas denúncias

e pelo desgastes provocados pelos privilégios que vêm à tona em praticamente em todas as formas

de comunicação. A imagem dos políticos brasileiros é constantemente associada à corrupção, uso

indevido de verbas públicas, suborno, uso do cargo para tirar proveito pessoal, furto, compra de

votos. Além da falta de transparência, as instituições parlamentares são pouco eficientes tanto na

apuração quanto na punição de seus membros envolvidos em denúncias.

Faz parte do senso popular de que CPI e CEI sempre acabam “em pizza”, o que reforça

ainda mais a imagem de que o corporativismo entre parlamentares é tão grande quanto à lentidão da

Justiça. Os noticiários estão repletos de exemplos, e a cada época, um novo escândalo surge.

O problema da péssima imagem do parlamento brasileiro não é de hoje. Também as práticas

não são novidade, ou exclusivas dos tempos atuais. A descrição abaixo cabe perfeitamente ao

político do século XXI.

“O brasileiro, é politicamente, o homem individualista e privatista, arrastado pela

libido dominandi e conduzindo-se na vida pública sem outro objetivo senão a

satisfação desta libido. Infelizmente, os nossos “políticos” são, na generalidade,

todos deste tipo inferior de homens públicos – e é o interesse privado que os inspira

e determina”. (Ferreira Filho)

Esta afirmação que contém adjetivos tão atuais é uma descrição dos primeiros políticos do

país e consta de livro que analisava a política do Império e dos primórdios da República. No

entanto, demonstra que a prática de colocar seus interesses acima dos interesses coletivos ou da

sociedade vem historicamente acontecendo desde o início da existência do poder político da nação.

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As próximas linhas foram transcritas de depoimentos colhidos na Tribuna Livre do site

www.políticosdobrasil, que mostram como o brasileiro vê os políticos em geral e o trabalho

legislativo.

“Primeiramente, é fato notório que ser político é um grande negócio. Não precisa ter

experiência, muito menos saber administrar, lidar com pessoas, “bater cartão”. Seus

salários não são atrasados, inclusive, muitas vezes tem o poder de reajustá-los por

livre e espontânea vontade.” Wagner Campos

“Com um legislativo vergonhoso, com políticos sem partido – como é possível ficar

sem partido mas com o mandato para o qual foram eleitos? Valdemy Correia

“...vemos inúmeros parlamentares que se reelegem em todas as eleições. A compra

de votos ainda é uma realidade nas eleições brasileiras, principalmente nas eleições

municipais para prefeito e vereadores, a compra se dá através de negociação de bens

materiais, favores administrativos e promessa de cargos”. Sérgio Furquim-

presidente da 56ª secção da OAB/MG

“O congresso Nacional está virando um balcão de negociações políticas sujas e

roscofe. Estão jogando o nome da instituição na lama, o povo não acredita mais em

discursos inflamados e gestos esbravejastes para convencer a massa. Milton Botelho

-professor

A população brasileira, na voz de um articulista de jornal, vê o político como uma pessoa

que se sente acima do bem e do mal, que não se percebe como um ser humano normal, mas sim,

como alguém endeusado.

“Difícil imaginar uma tarefa, tão bem remunerada, sem a menor possibilidade de

exigência no quesito produtividade. Com o agravante de férias esticadas, décimo

quarto salário e atuação de minguados três dias por semana no local de trabalho. O

que justificam regalias como gabinetes especiais, carro oficial com direito a

gasolina, auxílio-moradia, generosas passagens aéreas, viagens internacionais,

mordomias na área de saúde, ressarcimento de restaurantes e outras sinecuras que o

povão sequer imagina usufruir?” jornalista Rosemwal Ferreira

2- A imagem que o cidadão tem do Legislativo goianiense

Goiânia, capital do Estado de Goiás, possui, de acordo com o último levantamento do IBGE,

1 milhão e 300 mil habitantes. A cidade tem atraído grande número de migrantes, das regiões norte

e nordeste por ser um pólo econômico de grande expansão e por ter uma localização privilegiada,

bem no centro do país.

De acordo com o cenário municipal apresentado no Plano Plurianual-PPA 2010-2013 que a

prefeitura elaborou, Goiânia é entreposto de mercadorias, pessoas entre as regiões sul e norte, leste

e oeste do país, e é conhecida pela qualidade de vida que oferece, sendo o principal centro

comercial da região Centro-Oeste, “exercendo influência econômica sobre uma área muito extensa

formada por municípios tanto do Estado de Goiás, como de Mato Grosso e MT Sul, Tocantins,

Maranhão e Pará”.

Porém, o próprio PPA 2010-2013 mostra que existem pontos fracos, como violência urbana,

grande informalidade, baixa qualificação da mão-de-obra, a qualidade da saúde e da educação

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pública, além de segregação social, envelhecimento e decadência do centro da cidade. O PPA

também mostra dados da Secretaria de Planejamento Municipal de que nas zonas de exclusão vivem

cerca de 21% da população goianiense. Nesses bairos há muita carência de infra-estrutura, escolas,

postos de saúde, creches, delegacias de polícia e outros equipamentos de uso público e comunitário.

Neste contexto é que se inserem os projetos de lei e requerimentos que os vereadores

apresentam em plenário. Eles têm a missão de contribuir junto ao executivo para diminuir estas

desigualdades e promover mais qualidade de vida para os bairros que pertencem a uma faixa

excluída economicamente das riquezas geradas no município.

Com todos esses problemas a enfrentar e solucionar, o Legislativo de Goiânia precisa da

legitimidade popular para exercer com toda plenitude sua tarefa de discutir, analisar, apreciar, votar

os instrumentos do Plano Diretor e as leis –sejam de sua autoria, ou do prefeito – para proporcionar

a qualidade de vida que o cidadão-eleitor merece. Será que nas últimas legislaturas, o parlamento

goianiense tem conseguido alcançar seu alvo?

Foi-se buscar a resposta em uma pesquisa de opinião realizada pelo Instituto Sondagem de

Pesquisa, em agosto de 2008 junto à população. Para se ter uma idéia, de acordo com a pesquisa

20,4% dos entrevistados avaliaram o trabalho da Câmara Municipal de Goiânia-CMG como ótimo e

bom; 25,4% como regular positivo e 46,4% avaliam negativamente o trabalho da CMG. Somando

as avaliações positivas têm-se o total de 45,8%, contra 46,4% de negativas. Com isto, deduz-se que

houve um empate técnico nas avaliações.

A CMG tem uma imagem equilibrada de acordo com o ISP, no meio termo, para o cidadão

da capital goiana. O trabalho dela não é bom, mas não é ruim também. É regular(21,1% dizem que é

regular negativo e 25,4%, regular positivo). Então a imagem é considerada razoável. Para os

entrevistados - moradores de mais de 100 bairros da capital, de todas as 12 zonas eleitorais

registradas pelo T.R.E., o Legislativo, apesar da mídia divulgar fatos negativos e escândalos

envolvendo parlamentares, ainda está em consonância com o senso comum.

O desconhecimento do trabalho parlamentar também ficou notório nesta pesquisa em que

55% contra 44,8% disseram que tem lembrança de pelo menos um projeto importante que o

legislativo aprovou. Perguntados quais projetos, eles afirmaram 19 vezes, que foi o da „lei seca‟.

Veja a análise feita na própria pesquisa pelo responsável pela mesma, sociólogo Benaias Aires

Filho:

“Mesmo sendo uma questão que aceitava múltiplas respostas, podemos perceber o

nível de desconhecimento e desinformação em relação aos projetos votados na

CMG, o projeto que resultou na chamada‟ lei seca‟, é de âmbito federal e muitas das

respostas não são de responsabilidade e iniciativa do poder legislativo municipal”.

Esta é a imagem do cidadão comum que se inteira dos trabalhos do Legislativo, a maior

parte das vezes, pelo que a mídia divulga. Porém, quanto aos servidores da Casa, qual é a imagem

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que eles têm do Legislativo goianiense? Será que a imagem dos funcionários coincide com a

imagem da sociedade?

3-O poder Legislativo em Goiânia

A Câmara Municipal de Goiânia foi criada pelo decreto 510, de 20 de novembro de 1935,

pelo então governador Pedro Ludovico Teixeira que marcou eleições municipais para o ano

seguinte e nomeou, enquanto isso, sete conselheiros municipais que tinham a função de legislar até

a posse dos sete vereadores eleitos em 1936. Mas o mandato foi extinto com o golpe de Estado

imposto pelo presidente Getúlio Vargas, que fechou os órgãos legislativos, como câmara de

vereadores e assembléias de deputados, em todo o país dia 10 de novembro de 1937.

A Casa de Leis de Goiânia só foi novamente reaberta dez anos depois, dia 6 de dezembro de

1947. Esta é considerada a data oficial de criação da CMG. A primeira sede foi instalada no antigo

prédio do jornal O Popular, na Avenida Goiás. Naquele tempo, as sessões eram ininterruptas, de

segunda a sexta e sem hora para terminar, segundo atas daquela época. As primeiras leis foram

feitas em uma época em que a população goianiense que girava em torno de 40 mil habitantes,

convivia com a falta de estrutura de uma cidade que acabava de nascer.

Com a redemocratização após o Estado Novo, a CMG teve outras cinco sedes: o antigo

prédio do Jornal O Popular, na Avenida Goiás; prédio do antigo Cine Frida, também na Avenida

Goiás; o Edifício Inhumas, na Rua 6, esquina com a Avenida Anhanguera; o Palácio da Pecuária e o

9º andar do Pathernon Center.

Durante o golpe militar de 1964, que ocorreu na 5ª Legislatura (1963/1966), o poder

legislativo de Goiânia começou a enfrentar os primeiros problemas com o regime ditatorial, ou seja,

não havia autonomia para legislar, não se podia usar a tribuna sem ser censurado. Na 6ª Legislatura,

dois partidos faziam parte da CMG: Arena e MDB. Iris Rezende foi eleito prefeito pelo MDB, que

também elegeu 12 vereadores, contra apenas cinco da Arena.

Em 1998, finalmente a Câmara de Goiânia ganhou sede própria, ocupando uma área

construída de 8.500 metros na avenida Goiás em frente à Praça do Trabalhador onde se encontra até

os dias atuais. Nesses 61 anos de existência, este parlamento aprovou importantes leis para a cidade

de Goiânia, tais como a LOM-Lei Orgânica do Município, Código de Posturas, Código de Obras e

Edificações, Código tributário, Plano Diretor e Legislação Ambiental.

3.1-Estrutura legislativa e funcional

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A CMG possui hoje 35 vereadores que estão na 16ª legislatura (até 2012). Além da mesa

diretora, possui 15 comissões técnicas permanentes que têm como atribuição, analisar os projetos de

lei, emitir pareceres antes das votações em plenário. Além dos pareceres cabe às comissões realizar

estudos, relatórios, pesquisas, audiências e debates sobre temas próprios. Administrativamente a

CMG possui uma estrutura com cinco Diretorias, 15 assessorias, nove divisões, e 12 núcleos, além

de dezenas de assistentes

Possui 230 servidores efetivos, sendo 70 empossados após o primeiro concurso público

realizado na casa em 2006. Os demais 160 foram nomeados antes da constituição de 1988, por

indicação política. Eles assumiram por volta da década de 1970 e 1980, e portanto, possuem mais

de 20 anos de serviços prestados ao legislativo goianiense.

A pesquisa por amostragem ouviu 30 funcionários, sendo que 24 possuíam mais de 15 anos

de serviço - na verdade, mais de 21 anos de casa. Os demais servidores ouvidos tinham menos de

dois anos, pois os novos concursados somente foram chamados após julho de 2007.

Os servidores comissionados – cerca de 10 para cada vereador - não foram entrevistados

devido à situação funcional transitória, pois não têm estabilidade e podem ser demitidos a qualquer

momento, o que também gera muita rotatividade. Por conviverem diretamente nos gabinetes

poderiam emitir opiniões com uma visão menos distanciada e profissional.

4- Avaliando os dados coletados junto aos servidores

4.1-O que o servidor efetivo acha do Legislativo

Afinal, que imagem os funcionários efetivos da Casa têm dos vereadores? Eles trabalham

para proporcionar o suporte para que os parlamentares façam seu trabalho de legislar e fiscalizar as

ações do Executivo. Será que estes servidores sabem da importância de suas atividades para o bom

funcionamento dessa casa de leis?

A primeira pergunta do questionário quis saber, qual a opinião do funcionário efetivo sobre

a imagem da CMG. A pesquisa foi realizada logo após o escândalo ocorrido em setembro de 2008,

quando a poucos dias das eleições, os vereadores votaram, numa sessão bastante defasada, a criação

dos 14º e 15º salários para si. Tiveram que recuar na semana seguinte, após a péssima repercussão.

Alguns vereadores não conseguiram se reeleger tamanha repercussão na mídia. Alguns dias antes, o

plenário havia votado apenas 3,95% de aumento para o funcionalismo municipal, o que serviu para

muitos funcionários públicos rejeitarem tais candidatos.

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A mídia repercutiu negativamente o fato durante semanas. Todos os meios de comunicação,

televisão, rádio e os três jornais diários da capital – O Popular, Diário da Manhã e Hoje Notícia-

divulgaram e questionaram a matéria. Apesar disso, os funcionários continuaram a aprovar a

atuação dos vereadores conforme o gráfico a seguir que traduz o resultado desta pesquisa.

Gráfico nº1- Pesquisa Imagem dos Servidores da CMG

A repercussão negativa junto à opinião pública ocorrida seis meses antes desta pesquisa

influenciou na opinião dos efetivos da casa? Esta tabela com a primeira pergunta do questionário

demonstra que não, apesar de não avaliar especificamente esta ocorrência. Se somarmos as

respostas ótima, boa e razoável teremos como resultado o percentual 69%, ou seja, 23 servidores

aprovando a atuação da CMG. Somente 23,33%, apontaram a imagem como ruim ou péssima.

O resultado é superior ao obtido em pesquisa do Instituto DataFolha em março deste ano,

sobre a opinião da população brasileira quanto à atuação dos parlamentares eleitos em 2006 para o

Congresso Nacional. Segundo o DataFolha, na Centro-oeste, região da qual o estado de Goiás faz

parte, o resultado da somatória das respostas ótima/boa e regular(razoável) foi 59%, contra 36% que

apontaram a atuação do Congresso como ruim/péssima.

Os goianienses, apesar da imagem negativa divulgada pela mídia acha regular ou razoável a

atuação dos vereadores. Enquanto na pesquisa nacional, 59% acham a atuação dos parlamentares

brasileiros razoável, entre os servidores efetivos do legislativo municipal de Goiânia, o resultado é

de 69%.

4.2- Adjetivos e notas dos parlamentares

Apesar dos funcionários aprovarem a imagem da Câmara, eles não pouparam críticas na

pergunta que visou a descrição dos vereadores usando alguns adjetivos do senso comum.

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Gráfico nº 2- Adjetivos atribuídos aos vereadores - Pesquisa Imagem dos Servidores da CMG

Veja no gráfico abaixo que novamente o meio termo imperou entre os servidores. A maioria,

18 entrevistados deram notas acima de 6 para a atuação do parlamentar da Câmara de Goiânia. A

opinião dos servidores corresponde exatamente à apurada na pesquisa do ISP. Afinal, será esta

posição de conformismo quanto ao que é regular, razoável uma característica do goiano,

considerado por muitos antropólogos e historiadores, como povo pacato.

Gráfico nº 3- Notas que os servidores deram aos vereadores-Pesquisa Imagem dos Servidores da CMG

Câmara Filho diz respeito ao potencial agropecuário das terras goianas bem como para a

capacidade de trabalho do povo goiano, o qual segundo a propaganda era um povo - que embora

indolente - pacato, obediente e ordeiro, portanto, ideal para a submissão ao trabalho capitalista

(ASMAR, 1989). Seria uma peculiaridade do goiano o conformismo, ou no caso, específico desta

pesquisa, seria um comodismo dos servidores, tal avaliação?

4.3- Como o funcionário acompanha o trabalho do parlamentar que ajudou a eleger

Gráfico Nº 4- Acompanhamento do trabalho do vereador? Pesquisa Imagem dos Servidores da CMG

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Esta tabela referente à quarta pergunta visa saber como o funcionário da CMG

acompanha o trabalho do vereador. O resultado é interessante. Enquanto a maioria do eleitor

comum, que esquece em quem votou e não acompanha a atuação do político que ajudou a eleger, o

servidor efetivo CMG é atento. O cientista político Alberto Carlos Almeida publicou livro em que

demonstra que “sete entre dez brasileiros” não se lembra em quem votou nas últimas eleições.

Almeida revela que 71% dos eleitores esqueceram em quem votaram para deputado

federal quatro anos antes e outros 3% citam nomes inexistentes. Essa amnésia

começa cedo: dois meses após a eleição, 28% já não se recordam de seu candidato a

deputado federal, e 30%, em quem votaram para deputado estadual (os dados

constam do Estudo Eleitoral Brasileiro conduzido pela UFF e pelo Cesop/Unicamp).

Talvez o fato da proximidade física, pois os gabinetes ficam no mesmo prédio que a ala

administrativa e muitos trabalham no plenário, com atividades diretamente ligadas às sessões, tais

como o Cerimonial, o Apoio Legislativo, a Taquigrafia, a Imprensa, a TV Câmara, faça com que os

funcionários que responderam ao questionário, se interessem mais pelo trabalho dos vereadores.

Com este resultado constata-se que a proximidade física não é o meio que o servidor se

utiliza para perceber como o vereador de sua preferência está desempenhando suas funções

legislativas. A maioria, apesar de trabalhar no mesmo prédio, prefere acompanhar por meio da

mídia. Como a pergunta era de múltipla escolha, o resultado indicou que alguns vereadores são

avaliados pela imagem midiática divulgada por vários tipos de veículos de comunicação. Somente 3

responderam que acompanham pessoalmente, talvez por exercerem alguma função de confiança nos

gabinetes, o que é permitido pelo regimento interno da casa. Confira no gráfico abaixo:

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Gráfico Nº 5-Como você acompanha o trabalho do vereador em quem votou? Pesquisa Imagem dos Servidores da CMG

Mesmo para quem atua diretamente junto aos parlamentares, a opinião pública divulgada e

reforçada pelos meios de comunicação de massa é muito importante. A maioria prefere acompanhar

o que o vereador faz pela mídia. Tal fato se deve, por um lado pela precária comunicação interna

que é feita na casa, uma vez que até a 15ª legislatura nenhuma ação nesse sentido era feita, senão

alguns informes via boletim do sindicato dos servidores, o Sindiflego. Até esta data toda a

comunicação institucional era voltada para o público externo.

Com a criação da Diretoria de Comunicação na 15ª legislatura(2006-2008), iniciou-se a

divulgação por meio do site institucional de notícias do plenário, canal para divulgação, identificado

com características da comunicação externa. Porém, somente na atual legislatura este trabalho teve

mais efetividade com a criação do Boletim impresso Diário da Câmara, com a Rádio Câmara e

mídias „out of home‟-mídias internas de corredores e elevadores, que veiculam diariamente notícias

de interesse dos servidores e dos projetos aprovados, além de uma remodelação do site com notícias

da atuação dos parlamentares. Isso permitiu que notícias sobre a atuação parlamentar tivessem uma

massificação junto ao público interno e representou um início de ações de endomarketing, não

caracterizando ainda um plano de comunicaçao interna.

4.4 - Por que o funcionário que trabalha próximo ao parlamentar não se sente parte do processo?

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Gráfico Nº 6-De quem é a responsabilidade pela imagem da Câmara? Pesquisa Imagem dos Servidores da CMG

Interessante observar que o servidor de carreira do legislativo goianiense atribui grande

responsabilidade pela imagem pública da casa ao vereador. Ele não se inclui no processo. A

resposta desta questão também era de múltipla escolha, e alguns indicaram que a responsabilidade

recaía também sobre vereadores e comissionados. Outros, que era dos vereadores, comissionados e

prestadores de serviço.

Mesmo assim, na última pergunta, em que a pesquisa quis saber as sugestões que o servidor

efetivo tem para a melhoria da imagem da CMG, eles opinaram dizendo que acreditam que já

estarem trabalhando para isto. Dos 30 entrevistados, seis não quiserem responder. Estão apáticos,

alheios, desmotivados?

Dos 23 servidores que responderam esta questão subjetiva, dez informaram que para

melhorar a imagem da câmara, eles deveriam continuar trabalhando, desempenhando suas tarefas

como o fazem ou cada vez mais e melhor. Algumas sugestões merecem ser citadas, tais como:

“sugerindo à direção e aos vereadores posturas e atitudes e cuidar bem e exercer bem as atividades que lhe

competem”; “acompanhar os seus trabalhos dando sugestões e reivindicando”.

Duas sugestões apontam para a necessidade de mais comunicação e divulgação interna e externa na

CMG. “Deixar o povo bem informado”, é a sugestão de uma dos servidores e outro mostra como proposta:

“estimulando vereadores e funcionários a conhecerem as leis (orgânica, código de ética,etc) para melhor

compreensão do papel deste legislativo”.

Silva(2006) que estudou a Câmara de Santa Maria, município do Rio Grande do Sul, defende que

não somente a área de comunicação, que tem como função principal, a divulgação dos trabalhos do plenário

e das comissões que integram o poder Legislativo, mas também todos os servidores envolvidos no processo

parlamentar podem disseminar as boas práticas da organização, angariando apoio popular e contribuindo

para o reforço positivo junto à opinião pública. Ele diz que:

“Alguns estereótipos sobre a administração pública (pouca eficiência, cabide de

empregos, burocracia, suborno, gastos excessivos, etc.), que aparecem na mente das

pessoas, são alguns dos entraves para a obtenção do apoio público. Muito embora a

responsabilidade das informações governamentais fique a cargo de uma assessoria

ou de profissionais contratados, é preciso lembrar que todos os servidores públicos

devem contribuir para a execução de uma comunicação transparente e aberta em

todos os sentidos da linha hierárquica, mas para que isso aconteça, eles precisam ser

informados e treinados.”

Uma das respostas sobre a contribuição que o funcionário pode dar ao processo de melhoria da

imagem diz: “esclarecendo pessoas do meu círculo de relacionamento como funciona a criação de leis e

como se dá a contribuição delas nesse processo”. A resposta desse servidor demonstra o que o professor

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Wilson Bueno(2009) diz em recente artigo, que explica o porquê dos funcionários não “vestirem a camisa da

empresa”. O mesmo pode ser aplicado para a câmara enquanto organização.

“ A maioria dos funcionários não se compromete com as organizações e se recusa

terminantemente a vestir a camisa, exatamente porque não se identifica com elas (e

deveriam?). E isso acontece por inúmeros motivos, desde o clima organizacional

que não é nada saudável, ambientes que não privilegiam a comunicação interna e

inclusive problemas relativos à falta de reconhecimento por parte da empresa...

infelizmente, para boa parte das organizações, a gestão continua autoritária, com

pouco incentivo à participação, assédio moral, desestímulo à divergência de idéias e

opiniões”.

Palhares e Tófani(2007) também discorrem sobre a importância de investir no funcionário e na

melhoria do clima organizacional como fator de melhoria da imagem de uma organização:

“Antes de satisfazer os clientes externos é primordial preocupar-se com quem

colabora para o progresso da empresa. Trabalhar inovações nas atividades de

endomarketing é atrelar crescimento organizacional à satisfação das pessoas. Os

resultados que as empresas podem obter ao investir neste serviço são positivos:

funcionários satisfeitos e sentindo-se essenciais para a empresa como um todo. Isto

origina uma significativa melhoria no atendimento ao cliente externo, ampliação do

nome da empresa e o crescimento tão almejado”.

Mesmo não sendo empresa que visa fim lucrativo, o legislativo possui um corpo de servidores que

lhe presta serviço administrativo e de apoio para seu funcionamento. Portanto, enquanto organismo, deve

também promover políticas de recursos humanos que incentivem seus trabalhadores a não somente terem

suas habilidades desenvolvidas, mas adquirir novos conhecimentos.

Falando especificamente do problema nas administrações públicas, Tófani(2007) diz que “o

setor público tradicionalmente não se preocupa com a manutenção de clientes, mas deve se

preocupar com o atendimento das necessidades desses e com a sua própria imagem, prestando

serviços que atinjam, e até mesmo superem, as expectativas”. E ele sugere algumas ações que

seriam bem vindas para os servidores que por sua vez impactariam em todos os públicos com os

quais a Câmara de Vereadores se relaciona, os „stakholders‟ e a sociedade:

Para isso é preciso que ocorra uma modernização da máquina pública, além da

valorização dos funcionários, para que estes, dentro das perspectivas do

endomarketing, estejam bem informados, bem preparados, satisfeitos e bem

remunerados e deixem os clientes bem igualmente bem informados e satisfeitos com

os serviços recebidos. É necessário também que eles sejam capacitados e treinados

para consolidar e tornar irreversível o processo de melhoria contínua na prestação de

serviços públicos‟.

5- A mídia e a imagem pública da Câmara – considerações finais:

O poder da mídia para a formação da opinião ou imagem pública de uma organização é

incontestável. Ela está presente em todos os aspectos da vida humana e permeia as relações

pessoais, econômicas e políticas da sociedade. Diz Gomes(2004) que “a imagem pública nos chega

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como nos chega o mundo: mediado pelo sistema institucional e expressivo da comunicação, onde e

por onde se realiza a visibilidade social”.

Nenhuma organização está isenta da avaliação da mídia e toda instituição precisa e quer ser

notícia, o que para Gomes(2004) ocorre porque: “a informação midiática é hoje o modo

fundamental como se podem construir ou destruir honras, reputações, nomes e imagens”.

O fato é que o relacionamento de uma organização com a mídia é complexo e delicado. O

mesmo ocorre com as câmaras legislativas, enquanto organização. A diferença é que enquanto um a

empresa, instituições, muitas vezes não encontra espaço garantido nas páginas de um periódico

devido a inúmeros critérios utilizados pelos editores, as câmaras legislativas, enquanto poder

constituído em um município, será sempre campo fértil da produção de notícias e do interesse da

imprensa.

“As organizações investem muito para criar estruturas ágeis e eficientes de forma a

melhorar seu relacionamento com a mídia. Principalmente as grandes empresas e os

órgãos públicos, que sofisticam cada vez mais suas ações de comunicação e também

de marketing com a imprensa. Isso se deve, sobretudo, ao poder que ela representa

de formar e manipular a opinião pública. Quem não gosta de ocupar positivamente

espaços na mídia e não tem medo de cair na desgraça de ser mal interpretado, ver

seu nome envolvido negativamente em escândalos e denúncias?”(Kunsch)

Porém, na maioria das vezes, o poder Legislativo é prato cheio de notícias negativas,

conforme descrito nos capítulos anteriores deste trabalho. São notícias de mal versação de dinheiro

público, nepotismo, corrupção e outros. Se por um lado estas notícias respingam na imagem da

Casa, por outro, as câmaras não podem abrir mão da cobertura da imprensa, da visibilidade pública

que os meios de comunicação de massa proporcionam.

“A questão fundamental é a seguinte: nenhuma empresa, por maior, mais bem

estruturada e mais poderosa que seja, é capaz de criar embaraços ou danos graves

para a imprensa. Mas também esta – mesmo um pequeno jornal de bairro - pode

causar prejuízos insanáveis e perturbações definitivas a qualquer grande empresa. A

imprensa leva a vantagem, que a empresa seja poderosa”. (Kunsch)

Porém, para uma câmara de vereadores o trabalho da imprensa funciona como legitimadora

do poder. Ela coopera para que a sociedade conheça o que a Casa de leis faz, os projetos aprovados,

como tem atuado na fiscalização do poder Executivo, coibindo, de certa forma, os abusos que

possam ser efetuados.

A mídia, ao levar diariamente à opinião pública fatos e denúncias contra o poder Legislativo,

está contribuindo para que os excessos que possam ocorrer nesta esfera de poder, também venham a

público e diante da pressão popular, sejam corrigidos e até mesmo inibidos. Com isto, os

parlamentares, com medo da exposição negativa de seus atos, observem mais a postura ética, a

transparência e o decoro parlamentar. Assim, mesmo que seja para saber dos bons ou dos maus atos

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praticados pelos vereadores, a sociedade busca nos meios de comunicação, diariamente, notícias

sobre a atuação do poder Legislativo.

Diz Kunsch(2003) que o “trabalho, portanto, de relacionamento com a mídia devem ter um

compromisso e uma responsabilidade pública como fontes de informações”, e ela cita Miguel

Jorge(1999): “as empresas têm o direito e o dever de divulgar suas informações, seus pontos de

vista, suas atividades e suas reivindicações, até por um princípio democrático”.

E falando em democracia, esta deve ser, juntamente com o decoro parlamentar, a

transparência e a publicidade dos atos, pilares que sustentam o Legislativo enquanto poder e órgão

da administração pública. As câmaras não são apenas instituições com objetivos políticos, mas

enquanto organização possui também, setores administrativos que fornecem o necessário suporte

para seu funcionamento. “Nesse sentido, podem ser ressaltadas as perspectivas que preconizam

novos estilos de gestão pública, revertendo o isolamento e o confinamento burocrático”.

(Diniz,2001) .

Enquanto poder Legislativo, as câmaras municipais têm, nessa nova perspectiva

administrativa, de ir além da feitura de leis e fiscalização dos atos do poder Executivo. Como

organismo, também precisa nortear-se pela eficiência, eficácia e efetividade de seus atos,

possibilitando que todos os atores do processo parlamentar – vereadores, servidores, fornecedores,

eleitores - participem do jogo político, o que resultará na imagem institucional de um poder

democrático de práticas ilibadas em consonância com os anseios da sociedade que representa.

* * * *

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