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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL
Disciplina: SEMINÁRIOS APLICADOS
PLANTAS MEDICINAIS NO TRATAMENTO DE
DIABETES MELLITUS
Luciana Silva de Carvalho
Orientador: Prof. Dr. Adilson Donizeti Damasceno
GOIÂNIA
2011
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LUCIANA SILVA DE CARVALHO
PLANTAS MEDICINAIS NO TRATAMENTO DE
DIABETES MELLITUS
Seminário apresentado junto à Disciplina de Seminários Aplicados do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás. Nível: Mestrado
Área de Concentração:
Patologia, Clínica e Cirurgia Animal
Linha de Pesquisa:
Alterações clínicas, metabólicas e
toxêmicas dos animais e meios auxiliares de diagnóstico
Orientador:
Prof. Dr. Adilson Donizeti Damasceno - UFG
Comitê de Orientação:
Prof.ª Dr.ª Rosângela de Oliveira Alves Carvalho – UFG
Prof.ª Dr.ª Veridiana Maria Brianezzi Dignani de Moura – UFG
GOIÂNIA
2011
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 1 2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................... 4 2.1 Diabetes Mellitus .......................................................................................... 4 2.2 CLASSIFICAÇÃO ......................................................................................... 6 2.2.1 Diabetes Mellitus tipo 1 ............................................................................. 7 2.2.2 Diabetes Mellitus tipo 2 ............................................................................. 8 2.2.3 Hiperglicemia ............................................................................................. 9 2.2.4 Insulina .................................................................................................... 10 2.2.5 Diagnóstico do Diabetes Mellitus ............................................................ 11 2.2.6 Tratamento do Diabetes Mellitus ............................................................. 11 2.3 Plantas Medicinais no Controle do Diabetes Mellitus ................................. 13 2.4 Principais Plantas com Atividade Hipoglicemiante ..................................... 15 2.4.1 Panax ginseng ......................................................................................... 15 2.4.2 Averrhoa carambola ................................................................................ 15 2.4.3 Passiflora edulis ...................................................................................... 16 2.4.4 Camellia sinensis .................................................................................... 16 2.4.5 Cissus verticillata ..................................................................................... 17 2.4.6 Momordica charantia ............................................................................... 17 2.4.7 Bauhinia forficata ..................................................................................... 18 2.4.8 Phillanthus sp. ......................................................................................... 18 2.4.9 Punica granatum ..................................................................................... 19 2.4.10 Aloe vera. .............................................................................................. 19 2.4.11 Allium sativum L .................................................................................... 20 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 21 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 22
1 INTRODUÇÃO
O diabetes mellitus consiste em um grupo de doenças metabólicas
caracterizadas por hiperglicemia resultante de defeitos na secreção de insulina,
na ação de insulina, ou em ambas (ADA, 2007), que acomete cerca de 7,6% da
população brasileira entre 30 e 69 anos de idade. Cerca de 50% dos pacientes
desconhecem o diagnóstico e 24% dos pacientes reconhecidamente
portadores de diabetes mellitus não fazem qualquer tipo de tratamento
(MALERBI & FRANCO, 1992).
O diabetes mellitus tipo 1, dependente de insulina, é a forma mais
comum em cães, e se caracteriza por uma alta concentração basal de glicose
sangüínea, incapaz de responder ao aumento da glicemia com a liberação de
insulina, semelhante ao diabetes mellitus tipo 1 em humanos (NICHOLS,
1992). Por sua vez, o diabetes mellitus tipo 2, não insulino-dependente, é uma
doença endócrina comum em gatos, representando 80% a 95% dos casos,
cujos sinais clínicos mais freqüentes são polidipsia, poliúria, polifagia e perda
de peso (FELDMAN, 2004; RAND & MARSHALL, 2005).
Estima-se que em 2030, o diabetes mellitus acometará 366 milhões
de pessoas em todo o mundo (WILD et al., 2004). Pelo impacto social e
econômico que tem ocasionado, tanto em termos de produtividade quanto de
custos, o diabetes mellitus vem sendo reconhecido, em vários países, como
problema de saúde pública com reflexos sociais importantes. Sobressaem,
dentre eles, as doenças oculares, renais e vasculares que tem sido apontadas
como causas freqüentes de invalidez e incapacitação para o trabalho (BRASIL,
1990).
Apesar dos avanços na medicina convencional, as pessoas
continuam recorrendo às plantas conhecidas popularmente por suas
propriedades medicinais. Antes da descoberta da insulina, as terapias para
melhora dos sintomas do diabetes mellitus eram realizadas com o uso de
dietas alimentares e tratamentos com plantas medicinais (DAY, 1998). As
propriedades benéficas encontradas em algumas plantas, tais como o controle
do metabolismo de carboidratos, liberação da insulina, prevenção e
restauração da integração e função das células pancreáticas, melhora da
2
captação e utilização da glicose, torna essas plantas excelentes fontes de
pesquisa como modelo terapêutico (ROCHA et al., 2006).
Para conviver com a doença, há necessidade de um controle
rigoroso da glicemia, uma vez que ainda não existe cura (NELSON, 2004).
Intervenções medicamentosas mostram efeitos positivos, porém o custo
elevado e os efeitos colaterais de diversos fármacos têm despertado o
interesse de pesquisadores em conhecer os efeitos de substâncias naturais na
redução dos níveis de glicose sangüínea, visto que muitos indivíduos escolhem
a suplementação dietética e terapias alternativas como as ervas medicinais
(RATES, 2001).
No Brasil, os custos totais estimados para o diabetes mellitus, no
ano de 2002, foram de cerca de 22 milhões de dólares, sendo o custo médio
per capita de 872 dólares, o mais alto da América Latina. Gastos médios com
pessoas diabéticas alcançam o dobro, ou o triplo, do que com pessoas não
afetadas pela doença (BARCELÓ et al., 2003). Estes dados bastariam para
justificar o estudo entre nossa flora de plantas medicinais que possam auxiliar
no tratamento do diabetes mellitus, uma vez que os recursos financeiros
envolvidos no tratamento, recuperação e manutenção de pacientes portadores
desta doença são altos para governo e sociedade (WHO, 2002). De acordo
com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 60 a 80% da população
nos países em desenvolvimento dependem essencialmente de plantas para
cuidar de sua saúde devido à pobreza e à falta de acesso à medicina
tradicional (MEDEIROS et al., 2004; PILLA et al., 2006).
Em muitos países do mundo a prevalência do diabetes mellitus tipo
2 tem se elevado bastante, sendo que nos países em desenvolvimento há uma
tendência de aumento da sua freqüência em todas as faixas etárias,
especialmente nas mais jovens, cujo impacto negativo sobre a qualidade de
vida e a carga da doença aos sistemas de saúde é imensurável (KING &
BROWNLEE,1996).
No caso do diabetes mellitus, a procura por meios alternativos de
baixo custo que auxiliem no controle da glicemia crônica prevenindo ou
retardando o aparecimento de complicações da doença, com base na
farmacoetnobotânica, tem se tornado uma boa opção nos últimos anos, visto
que a maioria das plantas e nutracêuticos utilizados empiricamente
3
demonstram ação em experimentações pré-clínica e clínica (NEGRI, 2005;
RATES, 2001).
Esta revisão bibliográfica tem como objetivo descrever alguns
aspectos clínicos sobre diabetes, citar alguns exemplares botânicos usados no
controle da doença e também descrever os principais aspectos e resultados
relacionados aos ensaios farmacológicos com essas plantas que visam o
controle da glicemia nos pacientes diabéticos, com a perspectiva de serem
empregadas também em cães e gatos.
Visa ainda, salientar a importância do conhecimento científico sobre
essas plantas para evitar os possíveis efeitos tóxicos das mesmas e adequar
os efeitos farmacológicos de maneira segura e eficiente para os pacientes.
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2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Diabetes Mellitus
O diabetes mellitus (DM) é considerado a doença mais antiga do
mundo (SILVA, 2006), sendo que seus sintomas foram descritos há cerca de
3500 anos, no Papiro de Ebers no antigo Egito (MARLES & FARNSWORTH,
1995).
Em 1670, o médico inglês Thomas Willis descobriu, provando a urina
de indivíduos que apresentavam os mesmo sintomas, que ela era “muitíssimo
doce, cheia de açúcar”. Em 1815, o químico Michael Chevreul demonstrou que
o açúcar dos diabéticos era a glicose e os médicos passaram a provar a urina
das pessoas sob suspeita de diabetes. Desde essa época, a doença passou a
chamar-se “diabetes açucarada” ou diabetes mellitus. A palavra “mellitus”, de
origem latina, significa “mel ou adocicado” (OLIVEIRA, 2002; KING & RUBIN,
2003). Em 1889, Joseph Von Mering e Oscar Minkowski descobriram que o
pâncreas produz uma substância, capaz de controlar o açúcar no sangue e
evitar os sintomas do DM. Essa substância, anos depois, foi descrita como
insulina (OLIVEIRA, 2002).
O DM é considerado um problema de saúde mundial por ser de
prevalência elevada e incidência crescente (WILD et al., 2004; SILVA & MURA,
2007). No ranking dos 10 países mais atingidos pelo DM, o Brasil ocupa a 6º
posição, com 11,3 milhões de diabéticos (KING et al., 1998; WILD et al., 2004),
sendo que as cidades das regiões Sul e Sudeste, consideradas de maior
desenvolvimento econômico do país, apresentam maiores prevalências da
enfermidade (SARTORELLI E FRANCO, 2003).
Além disso, a doença está relacionada a um elevado número de
morbidades e mortalidades precoces em decorrência das complicações agudas
e crônicas que acarretam e que pioram a qualidade e a expectativa de vida de
seus portadores, podendo levar a incapacitações, o que resulta em altos custos
financeiros e sociais (SILVA & MURA, 2007; NETTO, 2008).
No Brasil a taxa de mortalidade por DM é 41,8 óbitos por 100 mil
habitantes, sendo que a doença está entre as dez principais causas de morte
em países ocidentais (SILVA et al., 2006), e se manifesta mais freqüentemente
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em pessoas entre 45 e 64 anos de idade em países subdesenvolvidos e acima
de 65 anos em países desenvolvidos (FERREIRA et al., 2005), acometendo
indivíduos em todos os estágios de desenvolvimento econômico e social (ADA,
2006). Nos últimos anos, tem-se observado um aumento na prevalência de
diabetes mellitus tipo 2 entre jovens, sendo que a presença da resistência
insulínica em indivíduos cada vez mais jovens está relacionada com o aumento
da obesidade infantil (GABBAY et al., 2003; PANAROTTO et al., 2005). A
obesidade, principalmente a visceral, resulta em várias alterações
fisiopatológicas como menor extração de insulina pelo fígado, aumento da
produção hepática de glicose e diminuição da captação de glicose pelo tecido
muscular (CORRÊA et al., 2003).
No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) vem atendendo um
número crescente de pacientes com DM. Em 1998, foram realizados 190 mil
atendimentos e em 2004 esse número subiu para 5,86 milhões de
atendimentos por ano (FERREIRA, 2008).
No que diz respeito aos cães e gatos, nos Estados Unidos, um em
cada 152 animais desenvolvem a doença ou algum distúrbio relacionado ao
metabolismo da glicose (CATCHPOLE et al., 2005), sendo que diversos fatores
predispõem à DM, entre eles a obesidade, a senilidade e genética em algumas
raças como Poodle Miniatura, Scottish Terrier, Samoyeda, King Charles
Spaniel e Rottweiler (COUTO & NELSON, 2001).
A maioria dos cães que apresenta qualquer tipo de DM tem entre
quatro e 14 anos de idade, com pico de prevalência entre sete a nove anos de
idade. Em cães com mais de oito anos de idade, o aparecimento do DM é
muito mais freqüente do que naqueles com idade inferior a oito anos de idade
(COELI et al., 2003), sendo que a maior incidência ocorre em fêmeas com mais
de sete anos de idade (GUPTILL et al., 2003).
Outro fator predisponente no cão é a destruição das células do
pâncreas, o que pode ser decorrente de uma pancreatite aguda ou crônica
reincidente, administração de fármacos citotóxicos ou destruição
imunomediada (NELSON & FELDMAN, 1998; NGUYEN et al., 1998).
A obesidade é um importante fator predisponente no
desenvolvimento do DM do tipo 2, ocorrendo principalmente em gatos e em
humanos (FORD et al., 1993), sendo que, provavelmente, o aumento no
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número de animais obesos está relacionado com o aumento na incidência da
diabetes em animais (HOENIG, 2002). A obesidade interfere com a
homeostasia da glicose e da insulina e o grau de insulinemia está altamente
correlacionado com o grau de obesidade em cães diabéticos e não-diabéticos.
Desta forma, torna-se importante o controle do peso no tratamento do diabetes
mellitus em cães (MARMOR et al., 2000).
Outro fator são os hormônios diabetogênicos que devido à ação
antagonista à insulina, podem levar a exaustão temporária das células das
ilhotas do pâncreas. Os glicocorticóides, adrenalina, glucagon e o hormônio do
crescimento são considerados hormônios diabetogênicos (EIGENMANN et al.,
1983). Quando a concentração plasmática de um destes hormônios estiver
aumentada devido a secreção excessiva ou administração exógena, há um
antagonismo à insulina nos tecidos periféricos e/ ou um favorecimento à
gliconeogênese e glicogenólise hepática, hiperinsulinemia e tolerância
prejudicada a glicose (NELSON,1994).
O estrógeno e a progesterona reduzem a sensibilidade dos órgãos-
alvo para a ação da insulina. Assim, as fêmeas não castradas são mais
propensas a desenvolverem a doença. Estudos têm demonstrado que os sinais
clínicos do DM geralmente são observados durante o estro ou diestro
(NELSON & FELDMANN, 1998).
2.2 Classificação
O DM é um distúrbio endócrino no qual o metabolismo da glicose
está alterado (PANAROTTO et al., 2005). Caracteriza-se por hiperglicemia
crônica, decorrente da deficiência de insulina ou da sua capacidade de agir
adequadamente em tecidos alvos, gerando desordens metabólicas em todos
os substratos energéticos e alterações funcionais em diferentes órgãos e
sistemas do organismo, como o sistema nervoso e o cardiovascular (WHO,
2009).
São definidos quatro subtipos principais da doença: DM tipo 1, DM
tipo 2, outros tipos específicos de diabetes e diabetes gestacional (ADA, 2007)
(Quadro 1), sendo que o DM tipo 1 e tipo 2 são as formas com maior
incidência, prevalência e importância clínica (OLIVEIRA, 2004).
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QUADRO 1 – Principais subtipos de diabetes mellitus
1- Diabetes Tipo 1
- DM imunomediada
- DM idiopática
2- Diabetes tipo 2
3- Outros tipos específicos de diabetes
- Defeitos genéticos da função das células
- Defeitos genéticos da ação da insulina
- Doenças do pâncreas exócrino
- Endocrinopatias induzidas por fármacos ou químicos e infecções
- Imuno-relacionada
4- Diabetes gestacional
Fonte: ADA (2007)
2.2.1 Diabetes Mellitus tipo 1
O DM tipo 1, forma presente em 5% a 10% do total dos casos em
humanos, resulta de destruição das células β-pancreáticas (DIRETRIZES
SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2007), responsáveis pela produção
e liberação de insulina (PANAROTTO et al., 2005). Muitas vezes, essa
destruição é autoimune, porém, existem casos em que não há evidências de
autoimunidade, sendo, portanto, referida como a forma idiopática do DM tipo 1
(DIRETRIZES SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2007).
Esse tipo da doença é diagnosticada principalmente na infância e
juventude e os pacientes têm como características a necessidade diária de
insulina, a grande oscilação na glicemia e a tendência a desenvolver
cetoacidose diabética. No momento do diagnóstico a maioria dos pacientes já
tem cerca de 85% das células β destruídas (OLIVEIRA, 2004).
O DM tipo 1 ou insulino-dependente (IDDM) é o mais encontrado em
cães (LASSEN, 2007). As células do pâncreas não têm capacidade de
responder ao aumento da glicemia com a liberação de insulina, sendo
semelhante ao DM tipo 1 que ocorre em humanos (NICHOLS, 1992).
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2.2.2 Diabetes Mellitus tipo 2
No DM tipo 2, também conhecido como DM não-dependente de
insulina (NIDDM), ocorre uma liberação inadequada de insulina pelas células β
pancreáticas ou ainda uma insensibilidade à insulina pelos tecidos alvos
(PANAROTTO et al., 2005). É caracterizada por uma resistência variável à
insulina, gerada principalmente pela obesidade, podendo ocorrer ainda relativa
deficiência na produção desse hormônio (KAUSHIK et al., 2010).
Este tipo é mais comum entre adultos, mas cresce continuamente
entre crianças e adolescentes (SHEARD & CLARK, 2000), apresentando uma
forte predisposição genética, além de fatores ambientais e obesidade (ADA,
2007). O risco de se desenvolver DM tipo 2 aumenta com a idade, ganho de
peso e inatividade física (SILVA & MURA, 2007). Mudanças no estilo de vida,
incluindo hábitos alimentares saudáveis, prática de exercícios regulares e uso
adequado de hipoglicemiantes orais e insulina, quando necessário, melhoram a
qualidade de vida dos pacientes que possuem o DM tipo 2 (KAUSHIK et al.,
2010).
O diabetes mellitus tipo 2 induz a perda parcial da capacidade de
utilizar os açúcares dos alimentos ingeridos, ocasionando o acúmulo de glicose
no sangue que não se transforma em energia, tendo como conseqüência sede,
fome excessiva, fraqueza muscular, perda de peso e elevação da glicemia
sanguínea, o que causa excreção da glicose pela urina (NEGRI, 2005).
A resistência à insulina diminui a utilização da glicose pelo músculo
e pelo tecido adiposo, impedindo a supressão da lipólise que é mediada pela
glicose. Ocorre então uma oferta elevada de ácidos graxos livres que vão
alterar ainda mais o transporte de glicose para o músculo esquelético e inibir
fortemente a ação da insulina, podendo também interferir no transporte da
insulina através do endotélio capilar (GABBAY et al., 2003).
Em cães e gatos, o DM tipo 2 ou também reconhecido por NIDDM
ocorre devido à resistência à insulina com resposta secretória compensatória
inadequada (HOENING, 2002), sendo que há uma alta concentração basal de
glicose sanguínea e uma concentração basal de insulina normal ou elevada.
Pode ocorrer uma liberação retardada de insulina endógena após estímulo com
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glicose, e é semelhante ao tipo de DM que ocorre em humanos (HURTY &
FLATLAND, 2005).
É mais comum em gatos e é causada por defeitos na secreção de
insulina e defeitos nos receptores de insulina nas células alvo, os dois
principais critérios para o DM tipo 2 (HOENING, 2002).
2.2.3 Hiperglicemia
Todas as formas de DM são caracterizadas primeiramente por
hiperglicemia decorrente da falta absoluta ou relativa de insulina (resistência à
insulina) (SCHMIDT & STERN, 2000). Tanto em uma condição como em outra,
o comprometimento do controle metabólico da glicemia é considerado o fator
de risco clássico para o desenvolvimento das chamadas complicações do DM
(TIWARI, 2002).
A resistência à ação da insulina é uma anormalidade primária e
precoce que resulta no aumento da produção hepática de glicose. Numa fase
inicial, a elevação da glicemia é compensada pelo aumento na secreção de
insulina, mas com o progresso da doença ocorre um efeito glicotóxico que se
traduz pelo aumento da resistência à ação da insulina e à diminuição da função
das células β devido à hiperglicemia crônica (GABBAY et al., 2003).
Os efeitos metabólicos dessa alteração são responsáveis pela
sintomatologia aguda representada pela polidipsia, poliúria e polifagia
(SCHMIDT & STERN, 2000). Persistindo a hiperglicemia pode se desenvolver
a cetoacidose e desidratação, conduzindo ao estupor, coma e, na ausência de
tratamento eficaz, à morte (ADA, 1997; BERNE et al., 2000).
As células do endotélio vascular tornam-se alvos primários dos
danos hiperglicêmicos por causa do fluxo contínuo de glicose através delas. O
estresse oxidativo é aceito como principal fator desencadeante no
desenvolvimento das complicações crônicas do DM (BROWNLEE, 2001), pois
verifica-se que a hiperglicemia leva ao aumento na produção de espécies
reativas do oxigênio (EROs) dentro das células endoteliais da aorta (HUNT et
al., 1988; SAKURAI & TSUCHIYA, 1988). Estes seriam os principais
mecanismos metabólicos pelos quais a hiperglicemia causa as complicações
da diabetes com destruição tecidual (BAYNES, 1991).
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O surgimento de distúrbios micro e macro-vasculares específicas do
diabetes, como retinopatias, nefropatias, desordens neurológicas e necrose
tecidual dos membros inferiores, é decorrente do controle glicêmico
inadequado (GODOY, 2000; SAID et al., 2002).
2.2.4 Insulina
A insulina é um hormônio anabólico que estimula a captação de
glicose pelos tecidos adiposo e muscular, promove a conversão de glicose em
glicogênio ou em gordura para o armazenamento, inibe a produção
(gliconeogênese) e liberação (glicogenólise) de glicose pelo fígado. Também
estimula a síntese de proteínas, lipídios e colesterol e inibe o desdobramento
protéico (proteólise), cetogênese, lipólise e a oxidação dos ácidos graxos
(MOTTA, 2003).
A insulina é o principal hormônio anabólico dos mamíferos,
possuindo duas funções importantes, que são a de estimular o metabolismo
dos carboidratos e lipídeos pela indução de enzimas celulares, especialmente
nos hepatócitos, e também transportar glicose através das membranas
plasmáticas das células sensíveis à insulina, principalmente nas células
adiposas e da musculatura esquelética (CHEVILLE, 1993).
A capacidade da glicose em penetrar na célula está sob influência
da insulina. No DM com ausência relativa ou absoluta da insulina, a glicose não
penetra nas células (MELLANBY & HERRTAGE, 2002). Quando este
mecanismo está desencadeado no animal, os quatro sinais clássicos do
diabetes mellitus também podem ser observados: poliúria, polidipsia, polifagia e
perda de peso (KANEKO et al., 2008).
Sob condições fisiológicas, a concentração sanguínea de glicose
oscila numa faixa estreita. Tal fenômeno, que garante simultaneamente oferta
adequada de nutrientes aos tecidos e proteção contra a neuroglicopenia, só é
possível graças a um sistema hormonal integrado e eficiente, composto por um
hormônio hipoglicemiante, a insulina, e alguns hormônios hiperglicemiantes
como o glucagon, o cortisol, a adrenalina e o hormônio de crescimento
(TIWARI & RAO, 2002).
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O controle deste sistema é realizado por modulação hormonal,
sendo, basicamente, dois os hormônios reguladores: glucagon que é o
hormônio responsável pelo metabolismo em jejum e, a insulina, o hormônio que
estimula a captação e a utilização da glicose pelos músculos esqueléticos,
cardíaco e adipócitos, após a ingestão de alimentos ricos em carboidratos
(BRANSOME, 1992; TIWARI & RAO, 2002; WHO, 2002).
As condições em que a homeostasia do metabolismo de
carboidratos e lipídeos não é regulada de maneira apropriada pela insulina,
resultam, primariamente, em um aumento dos níveis de glicose sanguínea em
jejum e pós-prandial. Se esse desequilíbrio homeostático não for restabelecido,
o sistema endócrino será exposto a uma sobrecarga, causando exacerbação
dos distúrbios metabólicos que resulta em hiperglicemia, a qual pode evoluir
para o DM (TIWARI & RAO, 2002; WHO, 2002; BRANSOME, 1992).
2.2.5 Diagnóstico do Diabetes Mellitus
O diagnóstico do diabetes mellitus para humanos é realizado de
acordo com os sintomas do diabetes mellitus, como poliúria, polidipsia e perda
de peso inexplicável combinados com uma glicemia casual superior ou igual a
200mg/dL, ou glicose em jejum prévio de 8 a 12 horas superior ou igual a
126mg/dL, ou glicose superior ou igual a 200mg/dL duas horas após teste de
tolerância a glicose (KANEKO et al., 2008).
Em cães e gatos, a forma mais freqüente de diagnóstico do Diabetes
Mellitus é por meio da determinação da glicemia (KERR, 2002), sendo que a
glicemia casual superior a 200mg/dL pode ser usada como critério para
diagnóstico (GAVIN, 2000).
A hemoglobina glicosilada e a frutosamina são muito úteis para
monitorar o tratamento do DM em cães, pois são considerados, em seres
humanos, bons exames para o monitoramento do tratamento desta doença
(DENNIS, 1989).
2.2.6 Tratamento do Diabetes Mellitus
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Preconiza-se que o tratamento da DM tipo 1 inclua medidas não-
farmacológicas, principalmente o controle da dieta, e medidas farmacológicas,
as quais incluem primeiramente o uso de hipoglicemiantes orais e nos casos
mais graves, em que não se consegue atingir os níveis glicêmicos desejados,
deve-se então iniciar a terapia com insulina (DRAZEN et al., 2001; RAMOS et
al., 2007). Os recursos medicamentosos são empregados, geralmente, em um
segundo momento da terapêutica, diante da incapacidade de controlar os
níveis glicêmicos pela prática da dieta e de exercícios físicos (MALERBI &
FRANCO, 1992; FOSTER, 1998; ALAD, 2000).
Na prática clínica, os objetivos principais do tratamento do DM tem
sido a redução dos valores de glicemia pós-prandiais, de jejum e da
hemoglobina glicosilada (MILECH et al., 2001). É necessário o estabelecimento
de estratégias efetivas e eficazes para redução do impacto do DM tipo 2, sendo
que fatores como os hábitos nutricionais, a obesidade, sedentarismo e
tabagismo devem ser alvo de intervenção, fazendo parte das estratégias
eficientes (LYRA et al., 2006).
Os hábitos alimentares têm sido de grande importância no controle
do DM tipo 2. Indica-se um consumo moderado de carboidratos, sendo que a
melhor fonte para a obtenção destes nutrientes são as fibras hidrossolúveis, as
quais diminuem a absorção da glicose pós-prandial através do retardamento do
esvaziamento gástrico, além da discreta diminuição dos níveis de triglicerídeos
e LDL-colesterol (DRAZEN et al., 2001; RAMOS et al., 2007).
A perda de 5 a 10% de peso além de possibilitar o controle da
glicemia, retarda a progressão da doença, reduz as necessidades de insulina e
em muitos casos permite a retirada do tratamento farmacológico
(ATUALIZAÇÃO BRASILEIRA SOBRE DIABETES, 2006). A perda de peso
melhora a resposta das células pancreáticas à glicose, aumentando a
liberação de insulina e diminuindo a resistência à mesma, sendo o
emagrecimento, a alimentação balanceada e o exercício físico parte do
tratamento da DM tipo 2 (VARELA et al., 2007).
O fumo é fator de risco para doenças cardiovasculares
(ATUALIZAÇÃO BRASILEIRA SOBRE DIABETES, 2006) pois é responsável
pelo aumento da concentração de gordura abdominal, redução da sensibilidade
à insulina e elevação da concentração glicêmica (LYRA et al., 2006) Quanto ao
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uso de álcool, recomenda-se sua restrição (ARAÚJO et al., 2000) devido ao
seu alto valor calórico que aumenta drasticamente o valor energético total da
dieta (YOUNG et al., 2001).
Os hipoglicemiantes orais são empregados quando os níveis
glicêmicos desejáveis não são atingidos, após o uso de medidas dietéticas e do
exercício (KING et al., 1998). Aproximadamente um terço dos pacientes com
DM tipo 2 utilizam os hipoglicemiantes orais para estimular a secreção de
insulina. Tais medicamentos muitas vezes causam hipoglicemia e possuem
efeitos adversos que aumentam as complicações da doença (BURCELIN et al.,
1999).
O controle de outros parâmetros como pressão arterial e níveis séricos
de lipídios, como aumento do colesterol total, triglicerídeos e apolipoproteína B,
e redução do colesterol HDL, seriam de relevante importância para diminuir o
risco de surgimento das complicações macrovasculares do diabetes, que
representam 65% das causas de mortalidade nesta população (GAEDE et al.,
1999; GRUNDY et al., 1999).
Nos animais, a finalidade terapêutica é restabelecer a homeostasia
normal do metabolismo de proteínas, lipídios e carboidratos (HOENIG, 2002).
Independente dos fatores etiológicos envolvidos no desenvolvimento do DM
canino (GUPTILL et al., 2003), muitos dos quais são similares à etiologia do
DM tipo 2 humano (FELDMAN & NELSON, 2004 ), no momento do diagnóstico
os pacientes apresentam necessidade de insulinoterapia para controlar os
sinais clínicos, retomar a qualidade de vida e evitar a cetoacidose diabética
(FLEEMAN & RAND, 2001).
A insulinoterapia ainda oferece a forma mais efetiva de tratamento
em gatos diabéticos (MARSHALL, et al., 2008) e deve ser associada a uma
dieta apropriada, que melhora o controle da glicemia e do peso corporal,
podendo resultar em remissão da doença (MAZZAFERRO et al., 2003; KIRK,
2006).
2.3 Plantas Medicinais no Controle do Diabetes Mellitus
A OMS define planta medicinal como sendo "todo e qualquer vegetal
que possui, em um ou mais órgãos, substâncias que podem ser utilizadas com
14
fins terapêuticos ou que sejam precursores de fármacos semi-sintéticos" (WHO
1998).
Entre as diversas enfermidades tratadas com o auxílio das plantas
está o DM. Antes do advento da insulina exógena e hipoglicemiantes orais, o
uso de plantas medicinais era a principal forma de controle da diabetes, pois
são importantes fontes de substâncias potencialmente terapêuticas (GRAY &
FLATT, 1999).
Muitos consumidores acreditam que os remédios feitos a partir de
plantas medicinais, por serem naturais, são efetivamente seguros (VEIGA
JÚNIOR et al., 2005). No entanto, os efeitos dos princípios ativos existentes
nas plantas medicinais podem ser influenciados por diferentes fatores, e os
experimentos realizados devem ser cuidadosamente avaliados, considerando-
se a dosagem, a espécie vegetal e a droga diabetogênica usada
experimentalmente (PEPATO et al., 1998), já que algumas plantas associadas
ao tratamento do DM são consideradas tóxicas, causando efeitos que podem
resultar em hepatotoxicidade e bloqueio β- adrenérgico (NEGRI, 2005).
Algumas informações como, identificação da planta, parte a ser
usada, preparação, padronização química e biológica do extrato, estabilidade
do extrato, dosagens terapêuticas, efeitos colaterais, interações
medicamentosas e alimentares e contra-indicações devem ser incorporados à
farmacopéia nacional (SAID et al., 2002; HUO et al., 2003).
As intervenções medicamentosas mostram efeitos positivos para o
controle da glicemia, porém o custo elevado e os efeitos colaterais de diversos
fármacos têm despertado o interesse de pesquisadores em conhecer os efeitos
de substâncias naturais na redução dos níveis de glicose sangüínea, visto que
muitos indivíduos escolhem a suplementação dietética e terapias alternativas
como as ervas medicinais (RATES, 2001).
Esse interesse sobre as plantas medicinais para o tratamento de
diabetes se justifica, já que as mesmas mostram efeitos benéficos múltiplos no
combate ao DM e às complicações relacionadas (AL-HABORI & RAMAN,
1998). Dentre os compostos ativos antidiabéticos têm-se destacados
polissacarídeos, proteínas, esteróides, terpenóides, alcalóides, flavonóides,
glicosídeos, triterpenos, óleos, vitaminas, saponinas, peptídeos e aminoácidos
(ABDEL-HASSAN et al., 2000).
15
No contexto do DM, a etnobotânica reporta a existências de 1200
plantas no mundo com potencial anti-diabético (NEGRI, 2005). De todas as
espécies estudadas e com possíveis efeitos no controle da glicemia, poucas
foram aquelas que tiveram sua aplicação medicinal comprovada em virtude de
sua eficácia e segurança (VOLPATO, 2002).
O mecanismo de ação pelos quais as plantas reduzem a taxa de
glicose do sangue pode ser atribuído aos seguintes fatores: aumento da
liberação de insulina pela estimulação das células β do pâncreas; resistência
aos hormônios que aumentam a taxa de glicose; aumento do número e da
sensibilidade do sítio receptor de insulina; diminuição da perda de glicogênio;
aumento do consumo de glicose nos tecidos e órgãos; eliminação de radicais
livres; resistência à peroxidação de lipídeos; correção da desordem metabólica
causada em lipídeos e proteínas e estímulo ao aumento da microcirculação do
sangue no organismo (NEGRI, 2005).
2.4 Principais Plantas com Atividade Hipoglicemiante
2.4.1 Panax ginseng
Na Medicina Tradicional Chinesa, o ginseng (Panax ginseng,
Araliaceae) tem mostrado bons resultados para regular o nível de açúcar no
sangue e é geralmente utilizado para tratar DM (XIE et al., 2005). O extrato da
semente de Panax ginseng pode oferecer tratamento alternativo para o DM do
tipo 2 porque, além de possuir atividade hipoglicemiante, também combate a
obesidade, uma das causas do diabetes. Os glicanos do Panax ginseng
estimulam a utilização da glicose hepática através do aumento da atividade da
glicose-6-fosfato desidrogenase e fosfofrutoquinase (XIE et al., 2002).
2.4.2 Averrhoa carambola
Em nossa região, a carambola (Averrhoa carambola L.,
Oxalidaceae), vem sendo empregada como anti-diabético (ALVIM, 1999).
Em estudo realizado por PROVASI et al. (2001), observou-se o
efeito anti-hiperglicemiante do fitoterápico Glico-Vitae®, indicado no tratamento
do NIDDM, fabricado com folhas de carambola. Foi empregado o extrato
16
liofilizado via intragástrica em ratos que receberam amilose e desenvolveram
hiperglicemia. Observou-se que o efeito hiperglicemiante da amilose foi inibido
pela administração concomitante do extrato de Glico-Vitae® a partir da dose de
30mg/kg, sendo o efeito máximo alcançado com a dose de 500mg/kg.
2.4.3 Passiflora edulis
Atualmente tem sido empregado como adjuvante no tratamento do
DM, a casca do maracujá (Passiflora edulis Sims, Passifloraceae) desidratada
(RAMOS, 2004; JANEBRO et al., 2008). Foi observado na casca do fruto uma
grande riqueza de substâncias em sua composição, especialmente fibras
solúveis (CÓRDOVA et al., 2005; ICHIMURA et al., 2006). Dentre as fibras
solúveis, a pectina caracteriza-se como o principal componente, sendo
apontada como adjuvante na redução dos níveis de colesterol e glicemia, e
apresentando ainda atividade anticancerígena e imunoestimulatória (MOHNEN,
2008; ANDERSON et al., 2009).
Em estudo realizado por BRAGA et al. (2010), investigou-se o efeito
das doses de 20mg/kg, 40mg/kg e 160mg/kg de farinha da casca do fruto de
maracujá, no controle da glicemia em ratos diabéticos induzidos
experimentalmente. Os ensaios da atividade anti-hiperglicemiante foram
conduzidos com farinha da casca de maracujá desidratada, comercializada
com o nome de Maracujá Dessecado em Pó®.
Observou-se que em ratos machos, a redução da glicemia ocorreu
após 2 horas de administração, permanecendo até 4 horas para as doses
efetivas que foram de 40mg/kg e 160mg/kg.
2.4.4 Camellia sinensis
As propriedades medicinais do chá preto e verde de Camellia
sinensis (L.) Kuntze (Theacea) podem auxiliar no tratamento de doenças
cardiovasculares, DM e câncer (KHAN & MUKHTAR, 2007).
Os flavonóides presentes nos chás preto e verde podem atuar no
controle do DM de várias formas, podendo exibir efeitos hipoglicêmicos,
antioxidantes ou insulino-estimulantes (CHENG, 2006; MACHHA et al., 2007).
17
De acordo com FUNKE & MELZIG (2006), o extrato seco das folhas
de Camellia sinensis inibiu em 45% a 75% a enzima α-amilase, a qual é
responsável pela quebra dos oligossacarídeos em monossacarídeos que são
absorvidos. A inibição da atividade destas enzimas no trato digestivo de
humanos é relevante no controle da obesidade ou diabetes, por diminuir a
absorção de glicose (NEGRI, 2005).
A administração de chá verde diminuiu a atividade dos
transportadores de glicose no epitélio intestinal em experimento com cultura de
células intestinais humanas, o que se acredita poder promover uma sensação
de saciedade nas pessoas, diminuindo assim a ingestão de glicose na dieta
(SHIMIZU, 1999).
2.4.5 Cissus verticillata
O vegetal Cissus verticillata é empregado popularmente no
tratamento de diabetes, sendo conhecido como “insulina vegetal” e “parreira
brava” (AGRA et al., 2007). A ação hipoglicemiante de Cissus verticillata, na
hiperglicemia induzida experimentalmente após injeção intraperitoneal de
aloxano 120mg/kg em coelhos foi avaliada com o uso de extrato hidroalcoólico
liofilizado das folhas nas doses de 4,5mg/kg e 13,5mg/kg, que corresponde à
dose de uso popular (VASCONCELOS et al., 2007). Observou-se redução da
glicemia em 35% com a dose de 4,5mg/kg e de 60% com a dose de 13,5mg/kg.
Nenhuma das doses testadas do extrato promoveu aumento na concentração
plasmática de insulina dos coelhos, indicando que não é a estimulação da
liberação de insulina o mecanismo de ação pelo qual o extrato de C. verticillata
verticillata diminui as taxas de glicose (NEGRI, 2005).
A redução nos níveis de glicose plasmáticos pode ser explicada pela
presença de flavonóides no extrato, dentre eles a rutina. A administração oral
de rutina a ratos diabéticos, induzidos por estreptozotocina, reduziu
significativamente os níveis plasmáticos de glicose e hemoglobina glicosilada
(KAMALAKKANNAN & PRINCE, 2006).
2.4.6 Momordica charantia
18
A Momordica charantia, conhecida popularmente por melão de São
Caetano, é uma planta bastante utilizada para o tratamento do DM (MARLES &
FARNSWORTH, 1995).
A administração oral do extrato cetônico do pó do fruto por 15 a 30
dias em ratos induzidos experimentalmente reduziu a glicemia e colesterolemia
aos níveis normais, permanecendo a glicemia normal mesmo após 15 dias de
descontinuação do tratamento (GROVER et al., 2002).
Algumas substâncias isoladas da planta já foram testadas
isoladamente, como o polipeptídeo-p, denominado insulina-p por possuir uma
grande semelhança à insulina com apenas um aminoácido a mais, e a
metionina, que foram isolados do fruto, semente e tecidos da planta
(BRAGANÇA, 1996). Observou-se potente efeito antidiabético quando
administrado subcutâneamente em humanos (KHANNA et al., 1981).
2.4.7 Bauhinia forficata
Em estudo desenvolvido por LINO et al. (2004), foi testado o extrato
aquoso, etanólico e hexânico da Bauhinia forficata (pata de vaca). Administrou-
se cada extrato oralmente por 7 dias nas doses de 200mg/kg e 400mg/kg, 48
horas após a indução experimental de diabetes, mostrando redução da
glicemia, nível de triglicerídeos, colesterol total e HDL , sugerindo a validade do
uso clínico da planta para o tratamento do DM tipo 2.
Os extratos de Bauhinia forticata podem reduzir a taxa de glicose,
triglicerídeos e colesterol, sendo útil no tratamento do DM tipo 2 (LINO et al.,
2004).
Em outro estudo, feito com um flavonóide isolado da fração n-
butanólica das folhas, observou-se um efeito antidiabético significante em ratos
normais e diabéticos induzidos experimentalmente, sendo que nos ratos
diabéticos, foi evidente o efeito nas doses de 50mg/kg, 100mg/kg e 200mg/kg.
Esta fração foi efetiva no decréscimo do nível de glicose, provavelmente agindo
na redução da sua absorção intestinal (SILVA et al., 2003).
2.4.8 Phillanthus sp.
19
Estudo realizado por RAPHAEL et al. (2002), com a administração
de um extrato metanólico de Phillanthus sp., conhecida como “quebra-pedra”,
reduziu a glicemia sanguínea em 6% em ratos diabéticos induzidos
experimentalmente na concentração de 200mg/kg e 18,7% na concentração de
1000mg/kg. A administração continuada do extrato por 15 dias promoveu uma
redução significante na glicemia sanguínea.
A administração oral da planta inteira na dose de 5mg/dia, durante
10 dias, permitiu a redução da glicemia em diabéticos (GROVER et al, 2001).
2.4.9 Punica granatum
O extrato das raízes e do caule da romã, Punica granatum,
promoveu uma diminuição da glicemia em animais (JAFRI et al., 2000). Em
estudos pré-clínicos, a romã inibiu a absorção intestinal de glicose. O extrato
hidroalcóolico do epicarpo da romã causou hipoglicemia dose-dependente, com
efeito máximo em cerca de 4 a 6 horas após administração intraperitoneal do
extrato (NOGUEIRA & PEREIRA, 1986).
A administração oral do extrato aquoso-etanólico a 50% das folhas da
romanzeira levou a uma significante diminuição na glicemia sanguínea em
ratos hiperglicêmicos induzidos experimentalmente após administração de
glicose com efeito máximo na dose de 400mg/kg de peso corporal (JAFRI et
al., 2000).
2.4.10 Aloe vera.
Em estudo desenvolvido com o extrato alcoólico da Aloe vera
(babosa), administrado oralmente, nas concentrações de 200 e 300mg/kg em
ratos com alimentação normal, ratos com sobrecarga de glicose e com
hiperglicemia induzida experimentalmente, o extrato promoveu a manutenção
na glicemia por controlar as enzimas que metabolizam os carboidratos
(RAJASEKARAN et al., 2004).
Os extratos da planta aumentaram a tolerância à glicose, tanto em
ratos normais, como diabéticos, enquanto o uso crônico do exsudato das folhas
da Aloe vera, na dose de 500mg/kg, por via oral, provocou hipoglicemia em
20
camundongos diabéticos induzidos experimentalmente (GROVER & VATS,
2001).
Vários estudos já foram realizados sobre a ação hipoglicemiante da
babosa, parecendo seu efeito ser mediado pelo estímulo à síntese e/ou
liberação de insulina pelas células β pancreáticas (BRAGANÇA, 1996).
2.4.11 Allium sativum L
Diferentes estudos indicam que o alho (Allium sativum L.) contribui
na estabilização do nível de açúcar no sangue (BALUCHNEJADMOJARAD &
ROGHANI, 2003).
A ingestão oral do extrato de alho, na dose de 100mg/kg, melhorou
as funções cardiovasculares, preveniu anormalidades no perfil lipídico e
aumentou a atividade fibrinolítica, com diminuição da agregação plaquetária em
ratos diabéticos induzidos experimentalmente. Os níveis plasmáticos de
insulina aumentaram com conseqüente diminuição da glicose sanguínea. A
administração oral diária da mesma dose por 16 semanas mostrou efeito
antiaterosclerótico em ratos induzidos experimentalmente, sugerindo que o
alho poderia prevenir complicações cardiovasculares no DM (GROVER et al.,
2002).
21
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Atualmente há um grande interesse científico em exemplares
botânicos que tenham propriedades farmacológicas que diminuam o risco de
doenças crônicas não transmissíveis, como por exemplo, o diabetes mellitus.
Muitas plantas e as propriedades de seus compostos já foram
cientificamente estudadas e comprovadas, porém muitas das que exercem
efeito hipoglicemiante não são terapeuticamente úteis, visto que podem
produzir hipoglicemia como efeito colateral devido à sua toxicidade.
Entre as principais plantas medicinais empregadas no controle de
diabetes estão o Allium sativum, Aloe spp., Punica granatum, Passiflora edulis,
Averrhoa carambola e Momordica charantia. Estas, além de suprir a
necessidade por novos compostos ativos menos tóxicos produzem menos
efeitos colaterais que os fármacos sintéticos e são economicamente mais
acessíveis à população.
Vale ressaltar que a utilização desses compostos naturais com
atividade antidiabética deve ser feita de forma criteriosa, já que muitos
pacientes fazem uso de plantas medicinais associados com a medicação
tradicional, o que pode levar à potencialização de seus efeitos e severa
hipoglicemia.
Portanto, o uso de exemplares botânicos nos cuidados com a saúde
requer um conhecimento dos princípios ativos, além de estudos farmacológicos
e toxicológicos que forneçam eficácia e segurança para serem utilizadas no
tratamento tanto de pessoas nos programas de saúde, quanto de animais
domésticos, como os cães e gatos.
22
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