plano de trabalho paula luiza

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Curso de Arquitetura e Urbanismo Departamento de Arquitetura e Artes Aplicadas DAUAP PATRIMÔNIO/ PAISAGEM VERSUS EXPANSÃO URBANA: O CRESCIMENTO DO BAIRRO VILA APARECIDA - OURO PRETO - EM MEADOS DO SÉCULO XX SEMINÁRIOS DE TFG/ PLANO DE TRABALHO Paula Luiza Ferreira Professores STFG: Adriana Nascimento e Marcia Hirata Orientadora de TFG: Luzia Santos Abreu 21 de maio de 2015 São João Del Rei MG

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Page 1: Plano de Trabalho Paula Luiza

Curso de Arquitetura e Urbanismo

Departamento de Arquitetura e Artes Aplicadas –

DAUAP

PATRIMÔNIO/ PAISAGEM VERSUS EXPANSÃO URBANA:

O CRESCIMENTO DO BAIRRO VILA APARECIDA - OURO PRETO -

EM MEADOS DO SÉCULO XX

SEMINÁRIOS DE TFG/ PLANO DE TRABALHO

Paula Luiza Ferreira

Professores STFG: Adriana Nascimento e Marcia Hirata

Orientadora de TFG: Luzia Santos Abreu

21 de maio de 2015

São João Del Rei – MG

Page 2: Plano de Trabalho Paula Luiza

Apresentação

A escolha feita em relação ao local de pesquisa foi baseada em afetos pela cidade de

Ouro Preto. Cursei o ensino público em Piranga, mudei-me para Ouro Preto em

fevereiro de 2010 para a graduação, onde não tive sucesso. Nesse meio tempo fiquei

fascinada com a paisagem urbana da cidade, comecei a entender que aquela era uma

cidade de descobertas arquitetônicas e de uma preservação cultural forte.

Segundo censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2010 a

população estimada da cidade de Ouro Preto era de 70.281 habitantes, onde 61.120

habitantes residindo na área urbana. Sua área de unidade territorial é de 1.245,865

km².

No início da graduação na Universidade Federal de São João Del-Rei eu já pensava

em retornar para Ouro Preto pensando em entender e estudar o traçado urbano da

cidade, as construções, a cultura e, principalmente, o que mais me instigava: a

paisagem. O gosto pela fotografia me levou várias vezes nesses cinco últimos anos a

prestigiar e observar os monumentos históricos da cidade de Ouro Preto através do

enquadramento de minhas fotografias.

Havia um incômodo que, de certa forma, um bairro servia como plano de fundo para

alguns monumentos históricos, este apresentava construções aparentemente

irregulares e, mesmo que eu não tivesse muito conhecimento sobre os conceitos de

paisagem, percebia que tal área teria crescido em momento posterior à história de

exploração de ouro na cidade... Era o bairro Vila Aparecida.

O Bairro Vila Aparecida surge em meados do século XX. Ele está no caminho de

acesso ao Instituto Federal de Minas Gerais e da Universidade Federal de Ouro Preto.

Vila Aparecida é um dos muitos aglomerados de casas que foram sendo construídas

informalmente nas montanhas que emolduram a “cidade histórica”. As habitações do

bairro em estudo surgiram por aforamento de terras dos fazendeiros da época e da

prefeitura. Segundo SANTANA (2014, p.09) o bairro se desenvolveu devido ao

crescimento da Aluminium Limited (ALCAN), que trouxe novas propostas de emprego

para a cidade de Ouro Preto e, consequentemente, uma busca por novas moradias. A

união do preço atrativo, as proximidades com as instituições de ensino e o centro

histórico foram a motivação dessa população a construir naquele local. Devido a sua

expansão desordenada e sem controle dos órgãos municipais, a Vila Aparecida por

Page 3: Plano de Trabalho Paula Luiza

estar localizada em uma área elevada de encosta que se prolonga da Vila Operária

até a Ladeira do Gambá e pode ser vista de vários pontos de Ouro Preto.

Em 1980 houve um incêndio num dos edifícios da prefeitura até hoje considerado uma

incógnita por não se ter certeza de que tenha sido criminoso ou não. Tal processo

histórico referente a tais posses desde seus cadastros e grande parte da

documentação referente aos processos de regularização de posse, identificação do

ocupante e registos de propriedade foram perdidos na época. Quem não tinha registo

aproveitou a situação para dizer que o tinha e o perdeu com o tal incêndio o que

dificultou ainda mais para a gestão administrativa o controle de ocupação no bairro.

Grande parte da cidade é caracterizada pela autoconstrução de moradias e muitas

vezes, sem ter onde construir, muita gente se vê forçada a ampliar seus imóveis ou

construir nos quintais para abrigar seus familiares, ainda que ilegalmente; sem falar no

trânsito que aumenta a cada dia.

Conforme SALGADO (2010 p.16): “A cidade de Ouro Preto está sob a influência

constante do crescimento desordenado o que gera uma descaracterização,

principalmente da paisagem da área tombada. Esta situação foi impulsionada

principalmente pelo desenvolvimento da indústria de alumínio na cidade, em 1945, que

exigiu novas habitações – com padrão diferenciado do núcleo histórico – e,

consequentemente, maior infraestrutura urbana. Esta expansão vem acompanhada do

surgimento de obras irregulares, além do agravamento da situação do trânsito, que

também ameaça a paisagem como um todo.”

Esse Trabalho Final de Graduação começa com o levantamento da história da cidade

de Ouro Preto e também uma pequena análise situacional de muitas cidades

brasileiras no período pós Revolução Industrial no Brasil. Farei ainda uma análise

comparativa das fotografias de Ouro Preto tiradas pelo fotografo Luiz Fontana (que

datam de 1930 a 1960) com as fotografias atuais da cidade, que ajudarão nas

discussões a respeito da paisagem, observando as ocupações que surgiram no século

XX. Centrarei também um estudo no bairro Vila Aparecida, na busca de sua história e

na produção análises para o entendimento da ocupação da mesma, que também está

presente nas fotografias de Fontana.

Page 4: Plano de Trabalho Paula Luiza

Título

Patrimônio/Paisagem versus Expansão Urbana: O Crescimento do bairro Vila

Aparecida – Ouro Preto - em meados do século XX.

Objetivo Geral

O objetivo deste trabalho é a busca pelo entendimento da paisagem como arte, assim

como para CAUQUELIN (2007 p.41) “(...) a paisagem é um “monumento natural de

caráter artístico”; a floresta, uma “galeria de quadros naturais, um museu verde”. Essa

definição, elaborada pelo Ministério da Instrução Pública e das Belas-Artes francês em

1930, destaca a ambiguidade; reúne em uma fórmula os dois aspectos antagônicos da

noção de paisagem: o ordenamento construído e o princípio eterno; enuncia uma

perfeita equivalência entre arte (quadro, museu, caráter artístico) e a natureza”. Além

disso, farei considerações relacionando arquitetura e paisagem chamando atenção

para a importância em se conhecer e explorar as relações históricas que guarda o

lugar a ser planejado, pois não há como falar em política séria de preservação do

patrimônio histórico de Ouro Preto, sem que se fale também seriamente em moradia e

planejamento urbano para a cidade e seus moradores.

Minha proposta é a proposição de diretrizes para controle do crescimento da cidade de

Ouro Preto, estudando o Plano de Uso e Ocupação juntamente com as leis da portaria

do IPHAN para controle e caracterização da paisagem levando em consideração as

características naturais da paisagem. Segundo SALGADO (2010, p.12) “este

crescimento, de um modo geral, impacta diretamente os seus centros históricos, tanto

no que diz respeito à sua paisagem, pela introdução de novas volumetrias, tipologias e

coeficiente das áreas verdes das novas edificações, quanto ao seu tecido urbano

através do parcelamento do solo e a implantação da edificação no lote.”.

Pretendo também fazer uma avaliação crítica das leis que regem o crescimento da

cidade: IPHAN e Plano Diretor para fundamentar e justificar que a cidade não é tratada

por elas na sua totalidade

Objetivo Específico

- Levantamento e análise do histórico de ocupação do bairro Vila Aparecida;

Page 5: Plano de Trabalho Paula Luiza

- Identificação e caracterização da Paisagem urbana de Ouro Preto;

- Estudo da topografia local, que é fundamental para o direcionamento do crescimento

urbano;

- Estudo das Legislações;

- Busca por referências e obras análogas a fim de analisar criticamente e enriquecer a

discussão filtrando/ selecionando o que for de interesse para a elaboração da proposta

de projeto e/ou diretrizes;

- Propostas que valorize o crescimento harmonioso da paisagem, pensando em um

plano de uso e ocupação que faça a união entre o que prega teoricamente o IPHAN

associado e às leis do plano diretor, no sentido de uma avaliação mais minuciosa que

vá desde o traçado urbano da cidade até as intervenções nos lotes (estudo

metodológico da morfologia urbana);

Objeto

Pensando em um recorte dentro do tema de Paisagem/Patrimônio versus Expansão

Urbana, delimitei como objeto de estudo uma área de transição entre o perímetro

tombado como patrimônio e o bairro Vila Aparecida que está fora dessa área de

tombamento, mas que impacta visualmente a noção de conjunto por consequência

das ocupações de meados do século XX.

Problema

Ao entender que muito dos problemas enfrentados acerca do controle de ocupação na

cidade de Ouro Preto se dá em parte por má gestão administrativa da cidade, que de

fato ocorre em grande parte das outras cidades brasileiras, históricas ou não. Com

todas as mazelas sociais que as cidades possuem, o processo de urbanização que

vem acontecendo no Brasil, sobretudo a partir de meados do século XX, extrapola o

planejamento urbano, a capacidade do crescimento planejado, assim como a ausência

de politicas de habitação popular.

Ao analisar e contextualizar discussões dentro de patrimônio e paisagem urbana na

cidade numa abordagem contemporânea, considerarmos o contraste entre dois

tempos na construção na paisagem urbana de Ouro Preto: A arquitetura e o traçado

da cidade do período colonial (Vila Rica) que está grande parte intacta ainda hoje e o

surgimento de novos bairros na cidade durante e pós o processo de industrialização

tardia no Brasil.

Page 6: Plano de Trabalho Paula Luiza

Justificativa

Entendo que o estudo da paisagem é importante não somente para o Trabalho Final

de Graduação, penso que estudar a paisagem é uma das muitas formas de estudar o

espaço onde pensamos em intervir seja na escala urbana ou do edifício. Segundo

RISSO (2014 p.09) a “paisagem como patrimônio reforça a ideia das qualidades

visuais e valores de proteção e também de aproveitamento”.

Por conseqüência desse estudo acredito que minha visão do espaço na cidade ficará

mais ampla, terei oportunidade de mostrar no mercado de trabalho uma visão humana

de intervenção, podendo isso me diferenciar dos muitos arquitetos e urbanistas que

não trabalham por vocação.

A multidisciplinaridade é um segundo ponto que eu acredito ser crucial no meu

trabalho. O conceito de paisagem é multidisciplinar, assim meu objetivo é manter

contato com turmas de outros cursos na Universidade Federal de Ouro Preto como os

da geografia, engenharia geológica e tantos outros que trabalham essa questão de

paisagem e expansão urbana.

Método

-Revisão Bibliográfica: Nesta etapa será realizado um amplo levantamento das

bibliografias sobre alguns dos principais autores importantes na corrente paisagem

urbana e patrimônio; principalmente dos artigos, monografias e dissertações

apresentadas no 3º Colóquio Ibero – Americano com tema Paisagem Cultural,

Patrimônio e Projeto que ocorreu em Belo Horizonte do dia 15 ao dia 17 de setembro

de 2014.

-Levantamentos histórico e fotográfico;

- Mapeamentos analíticos de transição na forma urbana;

-Visita ao conselho de Patrimônio da cidade de Ouro Preto, e a sede do IPHAN, para

buscar informações sobre as portarias, sua história, seus usos, e entorno.

- História oral: Entrevista com os moradores do bairro Vila Aparecida

Page 7: Plano de Trabalho Paula Luiza

CRONOGRAMA DE ATIVIDADES

M J J A S O N D

Levantamento Bibliográfico X X

Levantamento histórico e fotográfico X X

Pesquisa de campo X X

Estudo da Legislação X X

Embasamento Teórico X X X

Proposta de Intervenção/plano X X

Revisão metodológica e gramatical do TCC

X

Elaboração das pranchas para apresentação final

X X

Bibliografia Utilizada:

IBGE, Censo Demográfico 2010.

MELO FILHO, Dirceu Cadena de(1); SILVA, Paula Azevedo da(2); CARNEIRO, Pablo de

Oliveira(3); CRUZ, Alan Guedes da(4); FERNANDES, Pedro Henrique dos Santos(5);

DOMINGUES, Beatriz Velloso da Cruz(6). Paisagem como Conceito: as

contribuições da 2014 AAG Annual Meeting. UFRJ. Departamento de Geografia.

2014.

O texto faz um panorama de produções acadêmicas que estudam o conceito de

Paisagem ressaltando a diferença desse conceito em diferentes áreas do

conhecimento.

RISSO, Luciene C. Abordagem Cultural nas Paisagens: Concepções e

perspectivas atuais. UNESP. Campus de Ourinhos, Geografia. 2014.

A autora traz uma reflexão teórica da história do termo Paisagem e apresenta também

uma perspectiva atual do conceito.

SALGADO, Marina. OURO PRETO: Paisagem em transformação, Belo Horizonte:

Escola de Arquitetura da UFMG: 2010.

Page 8: Plano de Trabalho Paula Luiza

A autora apresenta uma pesquisa da evolução das novas formas urbanas originadas

pela acelerada expansão das cidades, fazendo uma análise mais profunda sobre a

cidade de Ouro Preto.

SANTANA, Marcela M.; STEPHAN, Ítalo I. C. As bordas da cidade colonial: O

Caso de Vila Aparecida em Ouro Preto/MG. Viçosa. UFV: 2014

Bibliografia Programada :

BRANDI, Cesare. Teoria da Restauração. São Paulo: Ateliê Editorial, 2004.

Minha escolha do é por ele ser um dos teóricos mais seguidos, historiador e critico de

Arte.

CAUQUELIN, Anne. A Invenção da Paisagem. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2007. Esta bibliografia será de extrema importância ao tratar de alguns conceitos como:

“Patrimônio e seu contexto histórico”. A autora é professora de Urbanismo, Arte e

Arquitetura na Universidade de Paris, trata a noção de monumento e de patrimônio

histórico na sua relação com a história, a memória e o tempo analisam os excessos

deste novo «culto» e descobre as suas ligações profundas com a crise da arquitetura

e das cidades.

CHOAY, Françoise. A alegoria do patrimônio. São Paulo: Editora da Unesp: Estação

Liberdade, 2006.

Neste Livro Françoise traz a importância da preservação do patrimônio cultural e a

conservação e restauração como um desafio para muitas cidades que não sabem lidar

com a relação de patrimônio, memória e história. A autora neste livro volta às origens

dos conceitos de monumento e patrimônio histórico na tentativa de buscar respostas

para a crise da arquitetura e das cidades.

CHOAY, Françoise. O Urbanismo. São Paulo: Editora Perspectiva, 2010.

Procurei essa bibliografia para entender melhor os processos construtivos da cidade e

a história de como as cidades vêm se moldando até a sociedade contemporânea

Pelo pouco que li percebi que sua leitura é das mais fáceis mas acredito ser uma

leitura crucial para minha pesquisa.

Page 9: Plano de Trabalho Paula Luiza

PANERAI, Phillipe. Análise Urbana. Brasília: Editora Universidade de Brasília 2006.

Esse livro traz um entendimento da formação, crescimento e modificação das

cidades,. É um dos estudiosos do assunto e cuja metodologia é auxiliar no processo

de analise urbana.

VASCONCELLOS, Silvio de. Vila Rica – Debates Arquitetura. São Paulo: Editora

Perspectiva, 1977.

Minha escolha desta referência se dá pelo fato do autor trazer neste livro algumas das

características da cidade colonial de Ouro Preto. Acredito que para o entendimento da

paisagem urbana eu precisarei estudar os “dois tempos” de formação da cidade: No

século XVIII e no século XX. Além disso, o autor conta um pouco sobre a estrutura

social do período colonial em Ouro Preto, o que é importante no conhecimento da

cultura que ainda está viva no local.