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Pibid e o projeto Contador de Histórias como incentivo à leitura1
Jaqueline Bonfim de Souza Lima2 (UNIOESTE)
Resumo: O presente artigo tem como objetivo demonstrar a contribuição do subprojeto
Pibid/Pedagogia como incentivo à leitura e a formação de leitores. O projeto “contador de
histórias” foi desenvolvido, com os alunos da Escola Municipal Maria dos Prazeres Neres da
Silva, sendo a apresentação final realizada no anfiteatro da Universidade Estadual do Oeste do
Paraná – UNIOESTE, campus de Cascavel. Participamos com os alunos e professores na
organização do evento que teve como temática a literatura de cordel, sendo que a preparação
do evento aconteceu desde o início do ano letivo, iniciando pela escolha do aluno que contaria
a história selecionada por cada turma, em seguida a apresentação que ocorre nas salas de aula,
o ensaio geral para toda escola, e a apresentação final para o público presente no dia do evento.
Além da participação em sala de aula os acadêmicos fizeram a abertura do evento declamando
o cordel intitulado “A Bruxinha que era boa” de Maria Clara Machado / versão em cordel:
Sírlia Souza de Lima. A arte de contar histórias está além de ser somente uma distração, pois
estimula a oralidade, interpretação de texto, o desenvolvimento da Linguagem, além de
propiciar ao aluno o mundo imaginário. A inserção da literatura no processo de aprendizagem
é de extrema valia e cabe ao professor reconhecer a importância das histórias infantil visando
sempre à qualidade do ensino e a aprendizagem dos alunos. Essa atividade nos proporcionou
um amplo aprendizado e uma vivência rica em experiência para nossa formação docente.
Palavras-chave: Ensino-aprendizagem, contos de fadas, incentivo à leitura, PIBID.
Abstract: This essay aims to demonstrate the contribution of the subproject Pibid/Pedagogia
as a reading stimulation to readers development. “Contador de histórias Project” was developed
with the students of Municipal School Maria dos Prazeres Neres da Silva, and had the final
presentation of this experience presented in the amphitheater of Universidade Estadual do
Oeste do Paraná – UNIOESTE, campus of Cascavel. We participated with the students and
teachers in the organization of an event themed with cordel literature, which was prepared since
the beginning of the school year, and got started with the choice of the student who would tell
the selected story for each class, and then the presentation that happened in the classrooms, the
reherse to all the school and the final presentation to the actual audience in the day of the event.
Besides the participation in classroom, the academics opened the event reciting the cordel poem
called “A Bruxinha que era boa”, by Maria Clara Machado. The art of telling stories is beyond
of being only a distraction, because it stimulates the orality, text comprehension, the
development of the language, besides give the students an imaginary world. The insertion of
literature in the learning process is extremely valuable and it is up to the teacher to recognize
an importance of children's stories always aiming at the quality of teaching and learning of
students. This activity has given us a wide learning and a great experience to our teaching
training.
Keywords: Teaching and learning, fairytales, reading stimulation, PIBID.
1 Trabalho realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes),
entidade do governo brasileiro voltada para a formação de recursos humanos. 2 Bolsista de Iniciação à Docência do Subprojeto Pedagogia – Unioeste do campus de Cascavel – PR. E-mail:
Introdução
Esse artigo tem por objetivo enaltecer a importância da literatura infantil para o
desenvolvimento cognitivo, e também suas contribuições para o estímulo a criatividade e a
imaginação da criança. Assim partimos do pressuposto que a literatura infantil contribui de
forma significativa para o desenvolvimento da formação do leitor.
Para a realização desse artigo utilizaremos como recurso metodológico, a pesquisa
bibliográfica e o relato de experiência dos resultados obtidos por meio de atividades de
observação participativa, desenvolvidas por um grupo acadêmicos bolsistas PIBID, em uma
escola da rede municipal de Cascavel, que recebem Pedagogia.
O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID, subprojeto
Pedagogia é um programa da CAPES/MEC, que tem como objetivo incentivar a docência dos
acadêmicos de licenciatura. O programa possibilita a prática reflexiva através da vivência e as
observações em sala de aula mediante o processo de ensino aprendizagem.
O programa oferta uma bolsa como ajuda financeira aos estudantes que são
selecionados através de um processo de seleção, onde os selecionados são motivados a se
inteirar do cotidiano escolar, para que a relação teoria e prática contribua para a formação
docente na práxis escolar.
O PIBID subprojeto Pedagogia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná-
UNIOESTE, realiza ações em três instituições da rede pública de ensino no Município de
Cascavel, Paraná, no sentido de oportunizar a realização atividades práticas dentro da escola,
onde os acadêmicos desenvolvem observações participativas, regências e também têm a
autonomia para a aplicação de diversos projetos que contemplem as necessidades e a demanda
da escola.
Dentro das escolas do município de Cascavel os acadêmicos pibidianos sempre são bem
recebidos pela comunidade escolar, pois os coordenadores e professores regentes, expõem que
existe relevância no trabalho realizado pelos acadêmicos, pois o foco do projeto é atender os
alunos das séries iniciais, auxiliando no processo de alfabetização, e trabalhando também com
aqueles que apresentam alguma dificuldade no decorrer do processo de alfabetização. Em
resumo, os bolsistas auxiliam o professor no decorrer das atividades diárias trabalhando com
alunos individualmente ou coletivamente em conjunto com as atividades da escola, sendo que
necessário considerar as especificidades e as necessidades dos alunos.
Nesse sentido,
“ O trabalho a ser realizado na educação infantil precisa ser voltado a
ludicidade através de um processo dinâmico e contínuo em que o papel do
professor é perceber as necessidades de cada aluno, oportunizando sempre
recursos variados para contribuir de forma significativa para a aprendizagem
deste, pois as brincadeiras exercem um papel importante na construção de
identidade da criança. Sendo assim, enquanto brinca ela tem um espaço com
ela mesma e com o meio, onde recria e interpreta o mundo em que vive”
(CASSIANO,2009, P.18).
O projeto “contador de Histórias” teve a intencionalidade de promover a interação dos
alunos, família, e a leitura infantil, possibilitando aos alunos vivenciar, como as histórias
infantis ensinam e possibilitam uma viagem ao mundo da imaginação.
Na obra de Abramovich (1993) a autora expõe, que a criança deve ser apresentada aos
seus primeiros textos de forma oral, através da voz de familiares, dando ênfase nos contos de
fadas, poemas sonoros, possibilitando que a crianças ou até mesmo quem esteja narrando a
história incorpore os personagens. A Autora recomenda livros atuais e curtinhos. Em suma a
Autora nos diz que é importante para a formação leitora de qualquer criança, ouvir muitas
histórias e que escutá-las é o início da aprendizagem para ser um leitor, possibilitando a criança,
a descoberta e a compreensão do mundo.
A proposta do projeto “Contador de Histórias”
A primeira proposta de intervenção dos bolsistas para o ano letivo de 2016, foi a
participação no projeto da escola “Contador de Histórias”, o qual está contemplado no P.P.P.
(Projeto Político Pedagógico) da escola como um evento anual, que se encontrava na VII
edição. Este projeto como incentivo à leitura surgiu da necessidade que a escola sentiu de
promover o envolvimento dos alunos com a leitura, contribuindo para o hábito de ler, sendo
que toda a escola se envolveu no projeto e na preparação das histórias que são apresentadas.
Por isso consideramos que escola e a família precisa,
Preocupar-se com a leitura realizada por crianças, jovens e adultos, é acima
de tudo, ater-se e não negligenciar, princípios e traços dos atributos literários,
estéticos e artísticos, encontrados nas narrativas. Relacionar temas presentes
e objetivos, ajusta e oferta, substancialmente, peculiaridades e elementos
indissociáveis que somente a leitura resguarda. Tais elementos servirão de
alicerces para compreender, interpretar, produzir e recriar, a partir de uma
determinada conjuntura (KRUG, 2005, P.11).
Para a realização desse projeto o professor em sala de aula teve papel fundamental na
realização desta atividade, como mediador do trabalho pedagógico os professores precisaram
trabalhar a oralidade com seus alunos, levando em consideração que a oralidade é fundamental
para o aluno conseguir se expressar de forma clara, respeitando a pontuação e a pronuncia
correta das palavras. Assim como os professores os alunos também precisaram trabalhar a
entonação da voz, para dar vida aos personagens das histórias.
O hábito da leitura precisa ser estimulado principalmente nas crianças pequenas, pois
estas estão em fase de desenvolvimento da sua personalidade e identidade. De acordo com
Cassiano (2009, P.32),
O desafio do prazer de ler iniciado na educação infantil, está em buscar todo
um envolvimento com o mundo da leitura, entre a escola e a família. Assim,
com uma ação conjunta da escola e da família, a leitura pode surgir na vida
das crianças de forma simples e natural. Acreditamos que essa ação coletiva,
compartilhada, possa mudar a realidade brasileira onde há um alto índice de
pessoas que não gostam de ler, tornando o prazer de ler uma realidade, ou
seja, o “gostar de ler” seja um privilégio de todos e que o professor assuma
para si a responsabilidade da construção de bons leitores.
O professor que assume para si, a responsabilidade da formação de bons leitores precisa
trabalhar com a literatura não somente na disciplina de Língua Portuguesa, deve prezar pela
interdisciplinaridade, buscando livros que contemplem outras disciplinas.
O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil –RCNEI, também nos
aponta que,
Ter acesso à boa literatura é dispor de uma informação cultural que alimenta
a imaginação e desperta o prazer pela leitura. A intenção de fazer com que as
crianças, desde cedo, apreciem o momento de sentar para ouvir histórias exige
que o professor, como leitor, preocupe-se em lê-la com interesse, criando um
ambiente agradável e convidativo à escuta atenta, mobilizando a expectativa
das crianças, permitindo que elas olhem o texto e as ilustrações enquanto a
história é lida (BRASIL, 1998, P.143).
A preparação desse evento iniciou-se meses antes da apresentação final, onde foi
apresentado às crianças o projeto e sua organização. Após esse primeiro momento cada aluno
escolheu um livro dentro da faixa etária de cada turma, posteriormente após algumas leituras,
cada aluno apresentou sua história para os colegas de sala aula, para que as professoras regentes
em conjunto com sua turma fizessem a escolha do livro de literatura para ser contado no evento.
A partir daí foi estabelecido parceria com a família e os demais profissionais da escola.
Após a internalização da história pelas crianças e as apresentações na sala de aula, os
alunos escolhidos fizeram apresentações para toda a escola em um ensaio geral, para que
adquirissem confiança para a apresentação, que foi realizada para toda comunidade escolar no
dia do evento, realizado no anfiteatro da UNIOESTE.
A expectativa desde a escolha do livro, preparação, ensaios, e apresentação gerou nas
crianças uma motivação, pois a literatura, aliada a fantasia e a magia de uma história, encanta
e desperta a imaginação da criança, o que acaba favorecendo o desenvolvimento de uma mente
criativa e a inserção ao mundo imaginário das histórias. Bettelheim (2007, p. 20), enfatiza que,
Enquanto diverte a criança, o conto de fadas a esclarece sobre si própria e
favorece o desenvolvimento de sua personalidade. Oferece significado em
tantos níveis diferentes e enriquece existência da criança de tantos modos que
nenhum livro pode fazer justiça à multidão e diversidade de contribuições que
esses contos dão à vida da criança.
Quando possibilitamos que a criança tenha contato com textos recheados de
encantamento e magia, estamos possibilitando a formação da criança, reconhecendo a
importância da literatura infantil para o desenvolvimento infantil e social. Abramovich (1993,
P. 17), acrescenta que é necessário
Ler histórias para crianças, sempre, sempre.... É poder sorrir, rir, gargalhar
com as situações vividas pelas personagens, com a ideia do conto ou com o
jeito de escrever dum autor e, então, poder ser um pouco cúmplice desse
momento de humor, de brincadeira, de divertimento.... É também suscitar o
imaginário, é ter a curiosidade respondida em relação a tantas perguntas, é
encontrar outras ideias para solucionar questões.
Nesse sentido a criatividade do professor é de extrema importância no processo
alfabetização, pois suscitar a imaginação da criança requer envolvimento do professor e da
família, pois o contato com boas leituras, requer que o professor tenha conhecimento desse
universo que é a literatura.
Rego (1995, p.10) enaltece que “é através da literatura que se manifesta todo o
potencial criativo de que pode ser portador o falante de uma língua. Sendo assim, o professor
ao trazer a literatura com recurso metodológico, estará prezando e construindo um espaço de
aprendizagem e criação”. A Autora nos traz a informação do quão importante é para as crianças
o contato com a literatura considerando que,
As crianças que nascem em ambientes letrados cedo desenvolvem um
interesse lúdico em relação as atividades de leitura e escrita que os adultos
praticam ao seu redor. Esse interesse será variável em função da qualidade,
da frequência e do valor que possam ter essas atividades para os adultos que
convivem mais diretamente com as crianças (REGO,1995 p.51).
A criança que é apresentada a literatura, tem condições favoráveis para desenvolver
facilmente à habilidade de leitura e escrita, assim como a capacidade de criação e de interação
com o meio social em que convive. O professor como mediador do processo de ensino
aprendizagem deve propiciar,
O estímulo à leitura pode começar pelos livros contendo textos curtos cujas
histórias já são conhecidas pelas crianças. Contextualizando as leituras
iniciais, estamos oferecendo a criança suporte para que ela consiga descobrir
novas correspondências som-grafia. Ao dominarem os mecanismos da leitura
as próprias crianças buscarão a leitura de novos livros (REGO,1995 p. 69).
O “VII Contador de História” realizou se no dia vinte e quatro de junho de 2016 no
anfiteatro da UNIOESTE, com início às 19:00 horas. A abertura foi feita com a fala do diretor,
que agradeceu a toda a comunidade escolar, relembrando a importância do evento e da
participação da comunidade nas atividades desenvolvidas pela escola. O incentivo à leitura, e
o compromisso com a educação deve ser priorizado desde os primeiros anos de vida, sendo
assim consideramos que,
As instituições de Educação Infantil devem oferecer para as crianças um
ambiente alfabetizador que possa favorecer no seu desenvolvimento afetivo,
cognitivo, proporcionando contato com a leitura e a cultura escrita, realizando
experiências dinâmicas com as crianças como: exposições de livros na sala
de aula, visita à biblioteca, desenhos sobre os livros, proporcionando novas
habilidades, além do prazer que encontram no conteúdo do livro. Muito
importante que no momento da leitura a criança perceba os elementos pré-
textuais: autor do livro, o gênero, os elementos da capa, contracapa, editora,
título da história e outros aspectos que devem ser considerados para levar o
aluno a inferir sentido no que vai ser lido (AMORIM; FARAGO, 2015,
p.148).
Ficou acordado com os professores e alunos, que os acadêmicos bolsistas realizariam a
abertura do evento com uma apresentação, na qual os aademicos em comum acordo decidiram
por trabalhar o cordel, assim no dia do evento os bolsistas PIBID – Pedagogia abriram o evento
recitando um cordel intitulado “A Bruxinha que era boa” de Maria Clara Machado / versão em
cordel: Sírlia Souza de Lima, e também realizaram uma exposição de cordéis no hall de entrada
do evento. O cordel, também conhecido no Brasil como folheto, é um gênero literário popular
escrito frequentemente na forma rima. Este Gênero literário foi trabalhado em sala de aula com
os alunos de toda escola, onde cada professor adequou o conteúdo a sua turma. As atividades
que foram produzidas com os alunos em sala de aula, também foram expostas no evento em
forma de um varal.
O evento proporcionou aos acadêmicos do projeto uma experiência excelente, pois no
processo de organização e realização dessa atividade, foi possível vivenciar a riqueza e as
contribuições da literatura na prática escolar. A escola em que esse grupo de bolsistas estão
inseridos e que foi realizado o projeto ”contador de Histórias”, tanto a equipe pedagógica
quanto os professores demonstram compromisso com a formação leitora, dessa forma
proporcionam aos alunos a visão de que nos livros existe uma fonte de aquisição de novos
saberes. De acordo com os RCNEI volume 1, (Brasil, 1998, p. 53),
É importante que o professor saiba, ao ler uma história para as crianças, que
está trabalhando não só a leitura, mas também, a fala, a escuta, e a escrita; ou,
quando organiza uma atividade de percurso, que está trabalhando tanto a
percepção do espaço, como o equilíbrio e a coordenação da criança. Esses
conhecimentos ajudam o professor a dirigir sua ação de forma mais
consciente, ampliando as suas possibilidades de trabalho.
Quando a mediação da leitura é feita na escola e em casa pelos familiares, aumenta- se
as chances das crianças se tornar leitor, pois o habito de leitura pode ser influenciado pela
qualidade e o acesso que essa criança tem com a literatura. É fato que
ainda temos crianças ainda não tem acesso a livros em suas casas, assim entendemos que,
A mediação da leitura ocorre, sem sombra de dúvidas, na escola e pelo
professor, que por sua vez, tem a incumbência de formar-se professor leitor e
posteriormente, profissional leitor. Para tanto, caberá a ele desenvolver-se
enquanto pessoa e profissional, de direitos e deveres, usufruindo da prática da
leitura, a fim de contribuir com o exercício de uma cidadania crítica e justa.
Ao buscar novas práticas leitoras, o professor obterá oportunidades, sempre
renovadas, melhorando, significativamente, estruturas textuais
disponibilizadas em seu dia a dia, além de refinar seu conhecimento literário
(KRUG, 2005, P.2).
O autor ainda afirma que quando o professor faz escolha de bons livros, em especial os
literários, estará favorecendo a capacidade de criação, a sensibilidade, a individualidade
cultural, e as demais práticas fundamentais do ato de ler. Neste sentido Cassiano (2009, p.27)
alega que alguns professores não incentivam os alunos a ler, e por não saber trabalhar com
literatura tornam o momento da leitura um pesadelo para qualquer criança. A autora ainda
expressa que,
Possivelmente as consequências futuras para essas crianças, são a falta de
entusiasmo com a leitura, dificuldades no aprendizado, dispersões em sala de
aula, tornando-se crianças com dificuldades na interpretação e compreensão
do que estão lendo. Essas consequências podem iniciar na educação infantil
e permanecer nos anos iniciais do Ensino Fundamental (CASSIANO, 2009,
p.27).
Ler nos permite compreender e interpretar as mais diversas tipologias textuais,
o que no emancipa intelectualmente, contribuindo para a constituição de cidadãos autônomos,
pois a linguagem escrita, seja ela verbal ou não - verbal, permeia as relações na sociedade,
exigindo de nos leitura e interpretação. Por isso,
A leitura constitui também uma prática social, pela qual o sujeito, ao praticar
o ato de ler, mergulha no processo de produção de sentidos, e esta tornar-se-
á algo inscrito na dimensão simbólica das atividades humanas. Sendo assim,
falar em atividades humanas, aqui, é tratar de uma linguagem, do recurso pelo
qual o homem adentra o universo da cultura, configurando-se com um ser
culto, racional e pensante (KRUG, 2005, P.3).
É um desafio para a escola fazer com seus alunos se interessem pela leitura. Para que
as crianças desde cedo se constituirem bons leitores, é preciso atermos para a extrema
importância que a literatura tem na vida de cada sujeito,
Em razão disso, a leitura iniciada desde a Educação infantil deve ser
considerada para enriquecer o potencial linguístico, promovendo
oportunidade mais eficaz de educação, desenvolvendo a linguagem e o
desempenho intelectual das pessoas, aumentando a transmissão de
conhecimento, auxiliando na formulação de perguntas e respostas
correspondentes (AMORIM; FARAGO, 2015, p.135).
O uso da tecnologia, e das novas formas de comunicação, na atual conjuntura de
sociedade, escola e a família, precisamos ter clareza que as relações sociais acontecem por
meio da linguagem oral ou visual, da leitura e escrita, fazendo se necessária uma formação que
contemple as necessidades para a vida em sociedade. Para Krug 2005, o professor como
mediador da transformação de hábitos, deve explicitar a seus alunos que a leitura possibilita o
desenvolvimento do amplo raciocínio, tornando-os indivíduos cultos, justos, solidários, sábios
e criativos.
Nesse sentido é necessário considerar que,
Ter acesso à boa literatura é dispor de uma informação cultural que alimenta
a imaginação e desperta o prazer pela leitura. A intenção de fazer com que as
crianças, desde cedo, apreciem o momento de sentar para ouvir histórias exige
que o professor, como leitor, preocupe-se em lê-la com interesse, criando um
ambiente agradável e convidativo à escuta atenta, mobilizando a expectativa
das crianças, permitindo que elas olhem o texto e as ilustrações enquanto a
história é lida (BRASIL, 1998, P.143).
É de extrema importância que os professores e os pais incentivem a criança a ler desde
os primeiros anos, pois é nesse período que o processo de construção da personalidade das
crianças ocorre. O professor tem um grande papel na formação de leitores, pois em sua prática
diária, deve prezar pelo aprendizado, trabalhando de forma que desperte em seus alunos o
interesse pela leitura no seu cotidiano, levando em conta que a literatura é a base para todo o
aprendizado, seja na leitura e interpretação de textos na disciplina de língua portuguesa, ou seja
na leitura e interpretação de dados matemáticos.
O currículo que norteia o trabalho pedagógico da rede municipal de ensino Cascavel/Pr,
orienta o professor no sentido de que,
Por meio de atividades de leitura, o aluno evolui da compreensão imediata à
interpretação das ideias do texto, adquirindo fluência. Gradativamente, a
aquisição de conceitos de espaço, tempo e causa, bem como o
desenvolvimento das habilidades de classificar, ordenar e enumerar dados
permitem que o aluno exija leituras mais complexas desenvolvendo a leitura
crítica (CASCAVEL,2008, p.331).
Este documento orienta que “O professor deve assegurar aos alunos leituras que
representem a realidade de forma mais abrangente e profunda para que ampliem seu universo
cultural. Assim, a leitura do texto literário torna-se dinâmica, desafiante e prazerosa”. Para os
acadêmicos que participaram da organização do projeto como mediadores no incentivo à
literatura, foi uma grande experiência, que agregou experiências para a prática escolar como
futuros docentes. Pois essa prática docente, nos proporciona vivenciar o quão árduo é o trabalho
do professor que almeja uma educação de qualidade, prezando por um ensino em que seus
alunos consigam relacionar os conteúdos apreendidos em sala de aula e o seu dia a dia, pois o
ensino vive em constante processo de transformação ao passo que,
Os tempos mudaram os valores também, não é tarefa fácil atuar como
professor nos dias de hoje, é uma profissão de extrema importância para a
sociedade, responsável pela construção de conhecimentos e formação de
cidadãos críticos, requer qualificações pedagógicas e acadêmicas além de
uma formação humana para atender as necessidades do mundo atual. Ensinar
vai muito além da transmissão de conteúdo, um dos papeis do professor é
articular os conteúdos de maneira que o aluno construa seu conhecimento.
Entretanto em meio a várias inovações tecnológicas, multimídias e acesso a
informação tal profissão não tem sido reconhecida em seu verdadeiro valor
(ROMAGNOLLI; SOUZA; MARQUES, 2014, p.03).
Dessa forma o Pibid surge como incentivo aos futuros docentes, como um meio de
quebrar a dicotomia entre a teoria e a prática, sobretudo a experiência com o projeto contador
de histórias, propiciou a todos os envolvidos, escola e família, um a experiência única de
encantamento pela apresentação das crianças, que mostraram compromisso e satisfação em ler.
Os pais em sua maioria, demonstraram compromisso com a educação e a formação de novos
leitores, pois o resultado obtido nas apresentações demonstrou que os alunos mergulharam nas
histórias, incorporando personagens, estimulando a imaginação e criatividade, além de prender
a atenção do público presente.
De acordo com o texto “As práticas de leitura na educação infantil” de Amorim e Farago
(2015), as autoras expõem que “ Em uma sociedade onde as trocas sociais acontecem por meio
da leitura, da escrita, da linguagem oral ou visual, faz necessária uma formação que dê conta
da inserção plena do indivíduo na cultura letrada”. Nesse sentido elas registram que a escola
enfrenta como um desafio conseguir que seus alunos se tornem bons leitores, e que para que
isso aconteça é preciso que todos os responsáveis pelo ensino escolar estejam convencidos que
a leitura é de extrema importância para a vida do indivíduo. Portanto,
Entendemos que leitura deve ter como intuito principal o prazer de ler, mas
também acreditamos que é uma oportunidade para essas crianças construírem
sua identidade social e cultural e valorizar sua cidadania enxergando com
criticidade sua realidade social. E os professores por sua vez, devem fazer do
simples ato de ler para a criança uma iniciativa de promover em nossa
sociedade atual, a construção de leitores que valorizem o hábito de ler. Essas
ações iniciadas desde a educação infantil, podem despertar desde cedo o
interesse da criança para a forma como irá agir e estar no mundo,
compreendendo e interpretando a si próprio e a sua realidade (CASSIANO,
2009, p. 21).
Ao dar a liberdade ao aluno escolher uma história, e usar sua imaginação para poder
apresentar a contação da história, permitiu que as crianças com o apoio de seus familiares
realizassem ensaios em casa, o que trouxe segurança nas apresentações, sendo que foi visível
a segurança com que as crianças se apresentaram, cada uma a sua maneira, trazendo as
apresentações traços de sua personalidade e da sua forma de se expressar. Além disso,
Ao aproximar o leitor do universo literário que supera os limites de sua vida
cotidiana, a obra literária desafia seu pensamento, provoca emoções e
sentimentos novos, conduz à compreensão da realidade social. Dessa forma,
o leitor é posto diante dos grandes conflitos da humanidade, não diretamente,
mas de maneira indireta, por meio dos conflitos artisticamente retratados na
obra literária, numa unidade dialética entre conteúdo e forma. A obra de arte
não soluciona os conflitos da humanidade nem os cria, ela os traduz de
maneira artisticamente condensada. A superação desses conflitos cabe à
prática social em sua totalidade (CASCAVEL,2008, p.331).
A leitura deve ser constantemente trabalhada em sala de aula, por meio das atividades
pedagógicas que privilegiem livros de literatura infantil, pois por meio do faz de conta, da
imaginação e da criatividade das crianças é possível despertar o prazer pela literatura, não só
nas crianças, mas também aqueles que fazem parte do seu convívio social. Segundo Currículo
do municipal de Cascavel (2008, p. 332),
Considerando o processo inicial de alfabetização, o professor deve assegurar
ao aluno a leitura de textos imagéticos (ilustrações sem legenda), porém,
também ocorrerão momentos em que o professor fará a leitura convencional
enfatizando a fluência, o ritmo e a entonação ao ler os textos, recursos
fundamentais para a compreensão do que fora escrito. O aluno acompanhará
o professor na leitura (pseudoleitura), que pode ser apontando um gênero
discursivo, frases, baterias de palavras ou as letras do alfabeto.
É no convívio com a literatura que as crianças conseguem construir as primeiras noções
da escrita, só depois reconhecem as letras, e assim desenvolver a leitura e a escrita. De acordo
com os Rcneis (1998), volume 3, “A oralidade, a leitura e a escrita devem ser trabalhadas de
forma integrada e complementar, potencializando-se os diferentes aspectos que cada uma
dessas linguagens solicita das crianças. ” Este documento afirma que,
O ato de leitura é um ato cultural e social. Quando o professor faz uma seleção
prévia da história que irá contar para as crianças, independentemente da idade
delas, dando atenção para a inteligibilidade e riqueza do texto, para a nitidez
e beleza das ilustrações, ele permite às crianças construírem um sentimento
de curiosidade pelo livro (ou revista, gibi etc.) e pela escrita. A importância
dos livros e demais portadores de textos é incorporada pelas crianças,
também, quando o professor organiza o ambiente de tal forma que haja um
local especial para livros, gibis, revistas etc. que seja aconchegante e no qual
as crianças possam manipulá-los e “lê-los” seja em momentos organizados ou
espontaneamente. Deixar as crianças levarem um livro para casa, para ser lido
junto com seus familiares, é um fato que deve ser considerado. As crianças,
desde muito pequenas, podem construir uma relação prazerosa com a leitura.
Compartilhar essas descobertas com seus familiares é um fator positivo nas
aprendizagens das crianças, dando um sentido mais amplo para a leitura (
BRASIL, 1998, P.135).
Após a conclusão do projeto, nós, acadêmicos bolsistas se reunimos junto com a
coordenadora de área e realizamos uma avaliação do projeto, desde a apresentação do projeto
as crianças, até o resultado final que foi a apresentação ao público. O objetivo de elencamos os
pontos positivos dessa experiência, foi visando agregar experiências as edições posteriores do
evento.
Considerações finais
Ao final dessa experiência, foi possível visualizar o quanto as crianças se encantaram
pela leitura, já que todos já ficam na expectativa da próxima edição do projeto. Quando
estimulamos e conscientizamos os alunos do quanto a leitura é importante, nos apropriamos do
habito de ler, e a escola propicia condições adequadas para a construção do conhecimento
significativo, por meio de livros de literatura.
Todo o trabalho realizado para que o projeto contador de história obtivesse êxito, foi
possível pois no processo ensino-aprendizagem houve o envolvimento da família e escola, em
um processo que ocorreu de forma participativa contribuindo de forma eficaz na aprendizagem
do aluno. Duas situações contribuem de forma significativa para que a criança desperte o gosto
pela leitura: primeiro, a criança deve ler por prazer e não por obrigação, e segundo cabe aos
pais e a escola motivar e desenvolver hábito da leitura.
Referências
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