pib cadeias do agronegÓcio - centro de estudos … · ram em forte retração no primeiro semestre...

15
PIB Cadeias do AGRONEGÓCIO GDP Supply Chains – Brazilian Agribusiness 1º semestre 2017

Upload: dangthien

Post on 12-Jan-2019

222 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: PIB Cadeias do AGRONEGÓCIO - Centro de Estudos … · ram em forte retração no primeiro semestre 2017 frente ao mesmo período de 2016. ... Figura 2. De modo geral, as baixas nos

PIB Cadeias doAGRONEGÓCIO

GDP Supply Chains – Brazilian Agribusiness

1º semestre2017

Page 2: PIB Cadeias do AGRONEGÓCIO - Centro de Estudos … · ram em forte retração no primeiro semestre 2017 frente ao mesmo período de 2016. ... Figura 2. De modo geral, as baixas nos

Esclarecimento Metodológico

Este relatório considera os dados dis-poníveis até o seu fechamento. Em edições futuras, ao serem agregadas informações mais atualizadas, pode, portanto, haver alteração dos resultados de meses e também de anos passados. Além disso, os valores monetários são continuamente deflacionados, o que im-plica em mudanças de alguns resultados – por meio deste processo é que se obtém o PIB a valores reais, atualizado para o período mais recente.

EQUIPE RESPONSÁVEL: Coordenação Geral: Geraldo Sant’Ana de Camargo Barros, Ph.D, Pesquisador Chefe/Coordenador Científico do Cepea- Esalq/USP.

Pesquisadores do Cepea: Dra. AdrianaFerreira Silva, Dr. Arlei Luiz Fachinello, Ma. Nicole Rennó Castro, Me. Leandro Gilio e Msc. Gustavo Ferrarezi Giachini.

Page 3: PIB Cadeias do AGRONEGÓCIO - Centro de Estudos … · ram em forte retração no primeiro semestre 2017 frente ao mesmo período de 2016. ... Figura 2. De modo geral, as baixas nos

PIB Cadeias do AGRONEGÓCIO | 1º semestre de 2017

CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP

1. CENÁRIO GERAL DO PERÍODO

Ao longo de 2017, a economia brasileira segue com expectativas pouco anima-doras. A projeção de crescimento para

o ano, realizada pelo Fundo Monetário inter-nacional (FMI), foi revisada para cima, mas em apenas 0,1%. Com isso, a previsão é que o Brasil cresça 0,3% em 2017. Em seu rela-tório, o FMI destaca o desempenho fraco da demanda doméstica e o aumento da incerte-za política gerada pelas denúncias de corrup-ção que envolvem o alto escalão do governo brasileiro, que seguirão refletindo também no desempenho da economia no próximo ano. Em paralelo, de acordo com o bo-letim Focus do Banco Central (divulgado em 9 de setembro de 2017), a expecta-tiva de crescimento do PIB Brasileiro em 2017 é de 0,60% - portanto, um pouco mais expressivo que a taxa projetada pelo FMI, mas ainda assim bem aquém do rit-mo esperado para a média mundial (3,5%) e para os países emergentes (4,5%). Em relação aos preços, o Ban-

co Central prevê que a inflação, medida pelo IPCA, ficará em torno de 3,14% no ano, abaixo do centro da meta do governo (4,5%), e a taxa de câmbio, em movimen-to de desvalorização, é projetada em R$ 3,20/US$ para o fim do período. Em para-lelo, o desemprego em alta (taxa em torno 13%) e sem expectativas de redução se-gue pressionando o consumo das famílias. Como destacado em outros rela-tórios, essa conjunção de fatores tem gera-do cautela na realização de investimentos por parte dos agentes econômicos, além de pressão no consumo interno, refletindo, principalmente, sobre as cadeias produti-vas mais dependentes da demanda local. Em relação ao agronegócio, a taxa de crescimento estimada para o PIB no pri-meiro semestre foi negativa, em 0,88%, re-sultado principalmente das quedas avaliadas para os produtos do segmento industrial. Já no segmento primário, as variações positivas refletiram o desempenho do ramo agrícola,

BAIXO DESEMPENHO DA INDÚSTRIA PREDOMINA ENTRE CADEIAS

DO AGRONEGÓCIO

3

Page 4: PIB Cadeias do AGRONEGÓCIO - Centro de Estudos … · ram em forte retração no primeiro semestre 2017 frente ao mesmo período de 2016. ... Figura 2. De modo geral, as baixas nos

PIB Cadeias do AGRONEGÓCIO | 1º semestre de 2017

CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP

o que, por sua vez, decorre exclusivamen-te da maior produção prevista para o ano, uma vez que os preços reais se mantive-ram em forte retração no primeiro semestre 2017 frente ao mesmo período de 2016. Sob a ótica do mercado internacio-nal, o faturamento em dólar das exportações do agronegócio brasileiro iniciou 2017 em alta. Segundo a equipe do Cepea que analisa as vendas externas do setor, em ano de su-persafra nacional, foram os preços em dólar que contribuíram para o resultado positivo do setor, uma vez que o volume agregado caiu quase 6% no primeiro semestre deste ano, mesmo com os embarques recordes da soja em grão. O Real se valorizou frente às moedas dos parceiros comerciais mais impor-tantes do País. Com isso, a atratividade das exportações agrícolas se reduziu no primeiro semestre de 2017, assim como a competiti-vidade dos produtos exportados pelo setor. Esse quadro marcou o contex-to das cadeias analisadas individual-

mente pelo Cepea/Esalq-USP, com o apoio financeiro da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). No primeiro semestre, as cadeias do algodão e da bovinocultura leitei-ra registraram crescimento de 12,77% e 4,36%, respectivamente (Figura 1). Com isso, a renda destas cadeias saltou para R$ 16,1 bilhões e R$ 69,4 bilhões, na mes-ma ordem – em valores de 2017 (Tabela 2). A cadeia da cana-de-açúcar, por sua vez, manteve-se sem grandes variações: taxa de 0,40% e renda de R$ 156 bilhões. Em contrapartida, verificou-se baixa na renda das cadeias de soja e da bovinocul-tura de corte, de -2,22% e -4,50%. Diante da baixa, a renda da cadeia da soja recuou para R$ 103,2 bilhões, e a da bovinocultura de corte, para R$ 194,5 bilhões – Ver Tabela 2. Nas próximas seções, tais re-sultados serão detalhados conforme os segmentos que compõem cada cadeia: insumos, primário, indústria e serviços.

FIGURA 1 - Variação da renda das cadeias selecionadas no primeiro semestre de 2017

Fonte: Cepea-USP e CNA

12,77%

0,40%

-2,22%

-4,50%

4,36%

ALGODÃO

CANA

SOJA

BOV. CORTE

BOV. LEITE

4

Page 5: PIB Cadeias do AGRONEGÓCIO - Centro de Estudos … · ram em forte retração no primeiro semestre 2017 frente ao mesmo período de 2016. ... Figura 2. De modo geral, as baixas nos

PIB Cadeias do AGRONEGÓCIO | 1º semestre de 2017

CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP

2. EVOLUÇÃO DOS SEGMENTOS - PRIMEIRO SEMESTRE DE 2017

2.1 Segmento de Insumos:

O segmento de insumos apresentou crescimento para as cadeias pecuárias e da soja, mas recuou para algodão e cana – Ver Figura 2. De modo geral, as baixas nos pre-ços dos fertilizantes, que vêm apresentando consistente redução em relação ao mesmo período de 2016, pressionaram o segmento nas cadeias agrícolas (algodão e cana-de--açúcar). De acordo com pesquisadores da equipe Custos Agrícolas/Cepea, o menor patamar de preços para os fertilizantes re-flete tanto as menores cotações do insumo no mercado internacional quanto a redução da taxa cambial, que estava em cerca de 3,7 R$/US$ no primeiro semestre de 2016 e, no mesmo período deste ano, ficou em por volta de 3,2 R$/US$. Especificamen-te na cadeia da soja, as variações positivas na quantidade de insumos, em específico para fertilizantes, óleo diesel e sementes, se sobrepuseram às quedas de preços, im-pulsionando o segmento (Figuras 6 a 8). Nas cadeias da pecuária, o desempe-nho positivo do segmento de insumos volta-dos para animais vivos (para abate e produ-ção leiteira) refletiu principalmente o maior

patamar de preços do sal mineral e dos me-dicamentos frente ao primeiro semestre de 2016. As rações registraram média de preços ligeiramente superior, enquanto em volume a variação foi negativa (Figuras 9 e 10). Segun-do o Sindirações, a demanda enfraquecida pelo insumo refletiu em queda de 1,5% nas vendas totais do setor quando comparadas às do mesmo período do ano passado. Para o próximo semestre, a expectativa do Sindicato é que a recuperação no ritmo dos embarques e a retomada do consumo doméstico se tor-nem mais expressivas, favorecendo a retoma-da da demanda por rações. Especificamente para a bovinocultura de corte, há também a expectativa de valorização da arroba, muito embora a recuperação dependa da retoma-da do consumo e dos desdobramentos do embargo americano, como destaca o Sindi-cato. Para a bovinocultura de leite, a expec-tativa do Sindirações é que o aumento nas importações de lácteos limite as valorizações do leite no segundo semestre e estimule o consumo no final da cadeia, favorecendo, assim, a retomada na produção das rações.

5

Page 6: PIB Cadeias do AGRONEGÓCIO - Centro de Estudos … · ram em forte retração no primeiro semestre 2017 frente ao mesmo período de 2016. ... Figura 2. De modo geral, as baixas nos

PIB Cadeias do AGRONEGÓCIO | 1º semestre de 2017

CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP

FIGURA 2 - Variação (%) semestral do segmento de insumos das cadeias selecionadas – 1º sem. (2017/2016)

Fonte: Cepea-USP e CNA

-2,21%-2,77%

6,37%7,11%

1,97%

ALGODÃO CANA

SOJA

BOV. CORTE

BOV. LEITE

2.2 Segmento Primário:No balanço do primeiro semestre de

2017, o desempenho do segmento primário da cadeia do algodão foi o destaque, com cresci-mento de 22,68%. A renda gerada na produ-ção de cana e leite também registrou variação positiva: 8,40% e 9,28%, respectivamente (Fi-gura 3). Já a produção de soja e animais para abate gerou renda abaixo da registrada no pri-meiro semestre do ano anterior, daí a variação negativa em 6,41% e 10,38%, nesta ordem. Para o algodão, os maiores preços da pluma (na comparação com o primeiro semestre de 2016) e a maior produção estimada nas lavou-ras impulsionaram o faturamento – ver Figura 6. Segundo a equipe Algodão/Cepea, no primeiro semestre de 2017, a sustentação dos preços da pluma esteve relacionada, em especial, ao menor volume colhido na safra 2015/16, ao comprometimento de vendedo-res brasileiros com a entrega de algodão já contratado e ao baixo estoque de passagem da safra 2015/16. Ao final do semestre, a po-sição firme de vendedores resultou em vendas

retraídas e sustentação dos preços. Quanto ao volume, de acordo com a Conab, o bom desempenho da produção é influenciado pelo clima favorável nos principais estados produ-tores, com alta produtividade e boa qualidade. Para a atividade canavieira, o impulso ao faturamento decorreu dos maiores preços re-gistrados no semestre, diante da estimativa de menor produção no ano – Ver Figura 7. Quanto a preços, o patamar positivo refletiu as ainda elevadas cotações do açúcar. Já para a produ-ção, de acordo com o levantamento de safra da Conab, o recuo é justificado pela menor área plantada na região Centro-Sul, com destaque para São Paulo, devido à baixa na renovação dos canaviais, acrescida de problemas climáti-cos no ano passado, como seca e geadas, além da devolução de terras arrendadas por parte de algumas unidades de produção. A Companhia destacou em seus relatórios que a situação no estado paulista é agravada pelo grande núme-ro de empresas em recuperação judicial, afe-tadas pelas oscilações nas cotações do açúcar,

6

Page 7: PIB Cadeias do AGRONEGÓCIO - Centro de Estudos … · ram em forte retração no primeiro semestre 2017 frente ao mesmo período de 2016. ... Figura 2. De modo geral, as baixas nos

PIB Cadeias do AGRONEGÓCIO | 1º semestre de 2017

CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP

FIGURA 3 - Variação (%) semestral do segmento primário das cadeias selecionadas – 1º sem. (2017/2016)

Fonte: Cepea-USP e CNA

22,68%

8,40%

-6,41%-10,38%

9,28%

ALGODÃO

CANA

SOJA

BOV. CORTE

BOV. LEITE

pela baixa competitividade dos preços inter-nos do etanol, além dos períodos climáticos adversos observados nas safras passadas. Na atividade leiteira, preços e volu-me registraram alta na comparação entre os semestres (Figura 10), daí o crescimento da renda com a produção de leite cru. Em relação a preços, o cenário foi de aceleração desde o início do ano. Em fevereiro e março, o clima adverso, com excesso de chuvas em algumas bacias produtoras, e os menores investimen-tos na atividade (como reforma e manutenção das pastagens, compra de animais e medica-mentos) refletiram em redução da disponibili-dade do produto e, com isso, em alta nos pre-ços do leite cru. Em abril, devido ao avanço da entressafra e à consequente queda na produ-ção no campo, se verificou menor captação de leite, o que elevou o preço recebido por produ-tores pelo terceiro mês consecutivo. Em maio e junho, o avanço do período de entressafra aumentou a competitividade entre indústrias pelo leite, elevando ainda mais as cotações ao produtor. Por outro lado, a valorização do produto no campo foi limitada pela fraca de-

manda na ponta final da cadeia. De acordo com a equipe de Leite do Cepea, a reduzida demanda por lácteos, atrelada ao menor po-der de compra dos brasileiros, têm pressio-nado as cotações ao longo de toda a cadeia. Sobre a renda com a cultura da soja, pesou o recuo nos preços do grão, quando comparado ao primeiro semestre de 2016, uma vez que, em volume, o cenário foi de alta (Figura 8). De acordo com a Conab, a maior produção na safra atual decorre não apenas do aumento na área plantada em algumas re-giões (como o Centro-Oeste), mas também das condições climáticas favoráveis à cultura nos diversos estágios de desenvolvimento das la-vouras e dos investimentos por parte dos pro-dutores na cultura. Estes fatores combinados convergiram para o aumento na produtividade em relação à observada na última safra. Com isso, houve crescimento relevante da produção em todas as regiões. Com relação a preços, a equipe Soja/Cepea destaca que fatores como a elevada quantidade de estoques da oleagi-nosa, alta produção brasileira, finalização da safra na Argentina e a melhora das condições

7

Page 8: PIB Cadeias do AGRONEGÓCIO - Centro de Estudos … · ram em forte retração no primeiro semestre 2017 frente ao mesmo período de 2016. ... Figura 2. De modo geral, as baixas nos

PIB Cadeias do AGRONEGÓCIO | 1º semestre de 2017

CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP

2.3 Segmento Industrial:Como observado no segmento pri-

mário, o segmento industrial da cadeia do algodão registrou a alta mais expressiva dentre as cadeias analisadas no primei-ro semestre deste ano: 15,44%. O abate e o processamento de bovinos (segmento industrial da cadeia da bovinocultura de corte) também registraram variação positi-va, mas de apenas 0,85%. Nas demais ca-deias, o segmento industrial registrou baixa: 3,93% para a da cana, 8,02% para a da soja e de 1,17% para a de leite (Figura 4). No caso da indústria de proces-samento do algodão, a variação positiva decorreu de maiores preços e volumes (Fi-gura 6). Conforme destacou a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), as indústrias do setor têxtil mostra-ram sinais de resistência à crise da econo-mia brasileira e contam com expectativas de aumento de produção para 2017, após sucessivos anos de queda em volume. Fren-te a isso, a atividade segue realizando in-vestimentos na área produtiva, o que se reflete na demanda por fibras de algodão. Na indústria do abate de bovinos, os menores preços e volumes pressiona-

ram os resultados da renda. Em contrapar-tida, os preços em baixa do animal vivo levaram a menores custos; com isso, a ati-vidade registrou variação positiva, ainda que modesta (Figura 9). Segundo pesqui-sadores da equipe Boi/Cepea, ao longo do primeiro semestre deste ano, os frigoríficos mantiveram demandas modestas, fato rela-cionado ao fraco desempenho das vendas no mercado atacadista de carne. De acor-do com a equipe, cerca de 80% da carne produzida no País é destinada ao mercado interno, então, a fraca demanda doméstica pela carne bovina seguiu como grande de-safio à cadeia no primeiro semestre do ano. Na indústria sucroalcooleira, a ren-da foi pressionada pela baixa nas cotações e nos volumes para os etanóis, uma vez que, para o açúcar, o cenário foi de alta em preços e produção (Figura 7). No caso da produção dos etanóis, de acordo com a Conab, o de-créscimo atrela-se ao aumento observado no consumo da gasolina em 2016 e aos preços favoráveis do açúcar (que incentivaram a pro-dução desse produto frente ao etanol). Para as cotações, o cenário foi de consecutivas quedas mensais, tanto para o anidro quanto

climáticas na América do Norte pressionaram as cotações, mesmo diante de uma demanda externa firme (principalmente chinesa). Esse cenário refletiu em aumento de 14% no vo-lume de soja em grão exportado no semestre. Na bovinocultura de corte, a princi-pal pressão sobre o faturamento decorreu da baixa de preços, embora o volume de animais prontos para o abate também tenha registra-do queda na comparação entre os semestres (Figura 9). As cotações da arroba registraram queda durante todo o primeiro semestre de 2017. De forma geral, este cenário refletiu a maior oferta em paralelo à menor demanda

dos frigoríficos por novos lotes – posição re-forçada pela operação Carne Fraca. Segundo a equipe Boi/Cepea, a retomada da produção, após a seca observada em 2013/2014, e a diminuição no abate de matrizes elevaram a disponibilidade de animais. Pela ótica da de-manda, tanto o consumo interno quanto as exportações mantiveram-se em baixa. Segun-do a equipe, no final do semestre, o mercado ainda seguiu enfraquecido com os resultados da operação Carne Fraca e a maior oferta do produto no mercado, devido a maiores investi-mentos realizados por pecuaristas em períodos anteriores (ganhos de produtividade no setor).

8

Page 9: PIB Cadeias do AGRONEGÓCIO - Centro de Estudos … · ram em forte retração no primeiro semestre 2017 frente ao mesmo período de 2016. ... Figura 2. De modo geral, as baixas nos

PIB Cadeias do AGRONEGÓCIO | 1º semestre de 2017

CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP

FIGURA 4 - Variação (%) semestral do segmento industrial das cadeias selecionadas – 1º sem.

(2017/2016)Fonte: Cepea-USP e CNA

15,44%

-3,93%

- 8,02%

0,85%

-1,17%

ALGODÃO

CANA

SOJA

BOV. CORTE

BOV. LEITE

para o hidratado. Segundo a equipe Etanol/Cepea, a demanda enfraquecida pressionou as cotações ao longo do semestre, o que foi agravado no final do período pela maior ofer-ta, frente à necessidade das usinas de “fazer caixa”. Para a indústria açucareira, a expecta-tiva de ligeira alta na produção em relação ao ano passado se deve à atratividade do produto em relação aos etanóis. Em preços, a tendên-cia de baixa que marcou o semestre refletiu a maior oferta frente à recuperação da produ-ção em importantes países produtores, como China, Índia e Tailândia, o que seguiu pres-sionando as cotações mundiais no período. A queda na renda com os derivados da soja (óleo e farelo) relacionou-se aos me-nores patamares de preços registrados no primeiro semestre de 2017, uma vez que, em volume, as variações foram positivas (Figura 8). Assim como verificado para a soja em grão, segundo pesquisadores da equipe Grãos/Ce-pea, os preços dos derivados têm sido pressio-nados pelo aumento no volume de produção no Brasil e nos Estados Unidos. Em relação ao farelo, a equipe de Custos/Cepea destaca a

cautela na compra do derivado no final do se-mestre, quando compradores estiveram cau-telosos nas aquisições, devido às expectativas de estoques de passagem elevados no País, fundamentados na safra recorde de soja. Além disso, houve maior demanda por óleo de soja em junho, aumentando a produção de farelo, visto que, para cada tonelada do grão proces-sado, 78% produz farelo e apenas 19%, óleo de soja. Sob a ótica do mercado internacional, as vendas externas do óleo cresceram 8% no semestre, mas, para o farelo, recuaram 10%. Segundo a equipe de Grãos, o desempenho das exportações brasileiras de farelo foi pre-judicado pelo aumento na oferta da Argen-tina, maior exportador mundial de produto. A renda com a produção de derivados do leite também registrou queda no primei-ro semestre: -1,17%. Este resultado esteve ligado ao desempenho pouco expressivo e até negativo dos principais produtos lácteos (Figura 10). De modo geral, foram verifica-dos preços mais elevados apenas para o leite pasteurizado e em pó e para a manteiga. Por outro lado, valores mais baixos foram registra-

9

Page 10: PIB Cadeias do AGRONEGÓCIO - Centro de Estudos … · ram em forte retração no primeiro semestre 2017 frente ao mesmo período de 2016. ... Figura 2. De modo geral, as baixas nos

PIB Cadeias do AGRONEGÓCIO | 1º semestre de 2017

CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP

2.4 Segmento de Serviços:O segmento de serviços, que refle-

te o desempenho do comércio, transporte e demais serviços de distribuição relacio-nados às cadeias acompanhadas, registrou queda apenas na cadeia de bovinocultura de corte (0,92%). Deste modo, verificou-se crescimento do segmento nas demais ca-deias: algodão (4,37%), cana (0,39%), soja (3,57%) e leite (+0,46%) – Ver Figura 5. As cadeias do algodão e da soja foram

marcadas por maiores volumes de produção, seja no segmento primário ou industrial, o que impulsionou o segmento de serviços. Por outro lado, o cenário de retração de produção nas ca-deias da cana e da bovinocultura de corte pres-sionou os resultados do segmento de serviços. Na cadeia leiteira, a variação pouco expressiva nos volumes produzidos de leite cru e dos lác-teos refletiu o resultado pouco signifcativo do segmento de serviços voltados para esta cadeia.

dos para queijos e leite UHT. Pesquisadores da equipe Leite/Cepea destacam que indús-tria de laticínios foi marcada por movimento de baixa de preços neste primeiro semestre do ano. Essa redução se explica pela dificul-dade da indústria e do atacado em manter o ritmo de vendas de lácteos, devido ao menor poder de compra do consumidor. Esse cenário

foi agravado nos momentos em que se tentou repassar para os produtos finais o aumento dos preços da matéria-prima no campo, o que gerou aumento de estoques para alguns de-rivados (como queijo muçarela), resultando em quedas ainda mais acentuadas de preços.

FIGURA 5 - Variação (%) semestral do segmento de serviços das cadeias selecionadas – 1º sem.

(2017/2016)Fonte: Cepea-USP e CNA

4,37%

0,39%

3,57%

-0,92%

0,46%

ALGODÃO

CANA

SOJA

BOV. CORTE

BOV. LEITE

10

Page 11: PIB Cadeias do AGRONEGÓCIO - Centro de Estudos … · ram em forte retração no primeiro semestre 2017 frente ao mesmo período de 2016. ... Figura 2. De modo geral, as baixas nos

PIB Cadeias do AGRONEGÓCIO | 1º semestre de 2017

CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP

3. 3. DESEMPENHO DOS PREÇOS E DOS VOLUMES DAS CADEIAS – PRIMEIRO SEMESTRE 2017 (%)

FIGURA 6 - Cadeia do Algodão (%)Fonte: Cepea-USP e CNA

INSUMOSPreços Quantidade Valor

Fertilizantes -6,76 -4,10 -10,58Óleo Diesel -0,95 8,92 7,88Defensivos 1,53 -3,10 -1,62

PRIMÁRIOPreços Quantidade Valor

Pluma 2,16 8,92 11,28Caroço -6,78 8,92 1,54

INDÚSTRIAPreços Quantidade Valor

Fibras Naturais 4,08 4,45 8,71Óleo de Algodão -6,78 -2,38 -9,00

FIGURA 7 - Cadeia da Cana-de-açúcar (%)Fonte: Cepea-USP e CNA

INSUMOSPreços Quantidade Valor

Fertilizantes -6,57 1,99 -4,71Óleo Diesel -0,95 -0,83 -1,77Defensivos 1,53 -3,10 -1,62

PRIMÁRIOPreços Quantidade Valor

Cana-de-açúcar 6,54 -0,83 5,66

INDÚSTRIAPreço Quantidade Valor

Açúcar 3,15 0,90 4,08Anidro -4,14 0,10 -4,04

Hidratado -4,96 -5,24 -9,93

11

Page 12: PIB Cadeias do AGRONEGÓCIO - Centro de Estudos … · ram em forte retração no primeiro semestre 2017 frente ao mesmo período de 2016. ... Figura 2. De modo geral, as baixas nos

PIB Cadeias do AGRONEGÓCIO | 1º semestre de 2017

CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP

FIGURA 8 - Cadeia da Soja (%)Fonte: Cepea-USP e CNA

INSUMOSPreços Quantidade Valor

Fertilizantes -7,2 5,8 -1,8Óleo Diesel -1,0 9,3 8,3Defensivos 1,5 -3,1 -1,6Sementes 7,2 9,3 17,2

PRIMÁRIOPreços Quantidade Valor

Soja em Grãos -9,56 9,33 -1,12

INDÚSTRIAPreços Quantidade Valor

Óleo -6,78 1,98 -4,94Farelo -11,84 2,08 -10,01

FIGURA 9 - Cadeia da bovinocultura de corte (%)Fonte: Cepea-USP e CNA

INSUMOSPreços Quantidade Valor

Óleo Diesel -0,95 -1,13 -2,08Sal Mineral 10,02 -0,55 9,42

Ração 1,20 -4,08 -2,93Medicamentos 23,89 -0,55 23,21

PRIMÁRIOPreços Quantidade Valor

Boi Gordo -6,32 -1,13 -7,39

INDÚSTRIAPreços Quantidade Valor

Carcaça casada -1,70 -1,13 -2,81

12

Page 13: PIB Cadeias do AGRONEGÓCIO - Centro de Estudos … · ram em forte retração no primeiro semestre 2017 frente ao mesmo período de 2016. ... Figura 2. De modo geral, as baixas nos

PIB Cadeias do AGRONEGÓCIO | 1º semestre de 2017

CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP

FIGURA 10 - Cadeia da bovinocultura de leite (%)Fonte: Cepea-USP e CNA

INSUMOSPreços Quantidade Valor

Óleo Diesel -0,95 1,84 0,87Sal Mineral 10,02 1,84 12,04

Ração 1,20 1,84 -0,33Medicamentos 1,37 1,84 3,23

PRIMÁRIOPreço Quantidade Valor

Leite Cru 5,17 1,84 7,10

INDÚSTRIAPreços Quantidade Valor

Leite Pasteurizado 4,71 -0,24 4,46Leite UHT -3,83 -1,71 -5,48

Queijo Prato -0,89 -25,22 -25,89Queijo Muçarela -1,32 25,08 23,42

Pó integral 2,34 1,05 3,41Manteiga 12,90 2,99 16,27

Tabela 2 - PIB do agronegócio das cadeias selecionadas – de 2001 a 2017 (R$ milhões de 2017)

CADEIA DO ALGODÃO Insumos Básico Indústria Serviços Total

2001 418 3.169 27.957 6.916 38.4602002 379 3.197 29.782 7.226 40.5852003 548 4.114 33.169 7.990 45.8212004 770 5.831 36.596 8.271 51.4682005 602 3.109 33.134 8.545 45.3912006 571 2.559 27.999 8.199 39.3282007 642 4.136 22.612 8.401 35.7912008 623 4.298 15.085 7.976 27.9822009 553 2.269 11.898 7.267 21.9882010 623 3.834 14.576 7.482 26.5162011 853 9.614 11.265 7.039 28.7712012 732 4.926 5.356 6.973 17.9862013 834 2.364 8.757 6.721 18.6762014 833 3.621 6.633 6.644 17.7302015 777 3.345 4.805 6.117 15.0432016 753 2.872 5.533 5.178 14.3352017 604 4.604 5.761 5.129 16.098

13

Page 14: PIB Cadeias do AGRONEGÓCIO - Centro de Estudos … · ram em forte retração no primeiro semestre 2017 frente ao mesmo período de 2016. ... Figura 2. De modo geral, as baixas nos

PIB Cadeias do AGRONEGÓCIO | 1º semestre de 2017

CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP

CADEIA DA CANA-DE-AÇÚCAR Insumos Básico Indústria Serviços Total

2001 1.130 17.364 42.714 11.652 72.8602002 1.217 14.106 42.123 13.936 71.3822003 1.308 14.611 47.524 16.424 79.8672004 1.430 11.558 33.711 17.014 63.7132005 1.416 13.133 42.004 17.524 74.0782006 1.498 24.037 65.584 20.542 111.6612007 1.726 20.691 34.993 22.277 79.6872008 1.972 17.159 38.763 25.543 83.4372009 1.817 24.756 60.954 26.743 114.2702010 1.791 32.417 78.674 29.998 142.8802011 2.099 40.241 69.932 26.633 138.9062012 2.383 39.502 60.163 28.593 130.6412013 2.561 36.313 52.053 31.346 122.2722014 2.267 35.279 51.896 29.669 119.1102015 2.408 35.742 56.810 30.835 125.7942016 2.365 45.259 84.252 32.305 164.1812017 2.250 46.782 74.852 32.143 156.026

CADEIA DA SOJA Insumos Básico Indústria Serviços Total

2001 2.930 23.059 6.848 15.538 48.3762002 3.525 34.375 13.789 18.317 70.0062003 5.169 39.690 13.906 21.135 79.9002004 6.171 29.518 11.676 20.972 68.3372005 4.830 18.892 1.156 22.431 47.3092006 4.081 19.970 -58 22.677 46.6702007 4.197 27.522 4.649 24.154 60.5222008 5.863 32.220 11.544 24.393 74.0192009 6.099 29.383 8.741 23.395 67.6182010 5.243 30.689 4.101 26.602 66.6362011 5.863 36.741 3.439 27.624 73.6672012 6.885 45.219 11.373 25.894 89.3702013 8.607 50.475 5.817 27.620 92.5192014 9.311 46.908 6.342 29.240 91.8002015 10.075 52.290 6.455 32.402 101.2232016 10.384 53.930 8.092 31.012 103.4192017 11.448 50.580 8.164 33.080 103.272

14

Page 15: PIB Cadeias do AGRONEGÓCIO - Centro de Estudos … · ram em forte retração no primeiro semestre 2017 frente ao mesmo período de 2016. ... Figura 2. De modo geral, as baixas nos

PIB Cadeias do AGRONEGÓCIO | 1º semestre de 2017

CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA - ESALQ/USP

CADEIA DA BOVINOCULTURA DE CORTE Insumos Básico Indústria Serviços Total

2001 4.498 53.192 21.627 27.579 106.8972002 4.685 63.075 19.421 29.770 116.9512003 4.653 65.583 18.071 30.963 119.2702004 4.837 68.516 20.231 35.598 129.1822005 4.576 47.687 21.354 35.470 109.0872006 4.383 41.991 20.295 36.976 103.6452007 3.947 39.977 23.586 38.066 105.5762008 4.719 69.814 33.595 41.563 149.6912009 4.627 64.780 33.574 40.852 143.8332010 4.695 77.053 39.163 44.314 165.2252011 4.648 77.427 40.481 43.857 166.4132012 4.358 60.660 41.294 44.091 150.4042013 4.713 75.240 44.921 49.729 174.6032014 4.795 89.916 55.051 52.534 202.2962015 4.743 98.356 60.676 51.730 215.5052016 4.892 90.400 55.558 49.578 200.4292017 5.323 82.351 56.948 49.924 194.545

CADEIA DA BOVINOCULTURA DE LEITE Insumos Básico Indústria Serviços Total

2001 1.918 10.190 9.534 14.178 35.8202002 2.054 9.851 7.520 14.867 34.2922003 2.074 11.464 6.992 16.046 36.5762004 2.210 11.772 7.887 16.591 38.4592005 2.285 13.732 9.706 20.466 46.1892006 2.286 12.107 8.961 21.730 45.0842007 2.447 18.904 17.319 23.492 62.1622008 2.787 18.682 13.917 26.388 61.7742009 2.582 17.999 1.631 22.916 45.1282010 2.589 18.798 7.824 25.986 55.1972011 2.756 19.733 8.894 28.257 59.6392012 2.745 20.279 4.404 27.991 55.4182013 2.859 25.047 11.180 30.492 69.5782014 3.126 28.647 3.207 30.693 65.6722015 3.095 23.671 1.197 29.967 57.9292016 3.068 29.225 2.515 28.813 63.6212017 3.166 32.459 4.459 29.391 69.410

Fonte: Cepea-USP e CNA

15