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Peryn Crussyn - Paranoia

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Entertainment & Humor


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Peryn Crussyn - Paranoia

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“Dedicamos esta obra a todos os integrantes do grupo de amigos que realmente foram a razão para que este trabalho pudesse ser projetado e produzido”.

Anilo Matheus Anunciato Oliveira

Diego da Silva Mello

João Vitor Goes

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I

O começo

Hospital Bom samaritano, Los Angeles, ano de 1450.

Meu nome é John Pierre Junior, nasci em Londres no ano de 1364, morei com

meus pais até meus 26 anos de idade, ano em que um acontecimento mudou

totalmente minha vida. Agora aos 96 anos de idade vejo que minha vida não foi

o que se pode dizer “um mar de rosas”. Você deve estar se perguntando o que

há de interessante na história de um homem velho e sem forças nem mesmo

para lembrar de seu passado.

Mas irei lhes contar o porquê minha vida foi tão sofrida, cheia de perdas e de

medo.

1380/10 Los Angeles

Eu estava no último ano da faculdade, e as expectativas do que fazer depois

da formatura cresciam exuberantemente. E um de meus melhores amigos,

Matheus, havia guardado uma grande surpresa. Matheus não costumava ser

muito emotivo, era em geral um rapaz de boa índole, mas que não costumava

se expressar com as palavras.

Hotel HOUSE WINS, 6 horas da manhã:

O relógio acabou de despertar, e eu rapidamente me levantei, afinal era o

grande dia, minha formatura. Mesmo assim não fugi de minha rotina, que não

era muito diferente da dos outros jovens, a única diferença, é que eu já tinha

histórico profissional, mesmo antes de sair da faculdade. Fui logo vestindo a

camisa, que estava em cima da cabeceira da cama camisa e o terno que

ganhei de meu pai, quando fomos ao casamento de minha irmã, a Mellyssa.

Meu pai John Pierre, morreu no ano seguinte, foi mesmo uma grande perca,

ele era o tipo de pai que apoiava o filho mesmo que estivesse fazendo a maior

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burrada de sua vida. Agora eu estava morando em um apartamento no andar

de cima da casa de minha mãe. Depois de me vestir, desci as longas escadas

do hotel HOUSE WINS. Era um caminho longo e o meu tempo era curto, então

decidi correr.

Minha família em geral não era muito grande, da parte do meu pai eram o tio

Jhony, Joe, Júlio, Jeferson e o Tio Ted. Da parte da minha mãe, eram a tia

Megan, Morgan, Marge e a tia Betânia, que eu chamava de tia Bet. Eram todos

sem dúvida, bem humorados, viviam discutindo, mas sempre reconciliando.

Cheguei a universidade, e entrei pelas portas com expressão cansada e rosto

pálido. Era esperado que eu estivesse mais empolgado para a minha

formatura, mas não foi assim, a verdade é que a todo instante, o que estava

em minha mente era que não veria alguns amigos por meses e outros por

anos, isso se nunca mais.

O sinal bateu, e voltei minha atenção para os acontecimentos atuais. Matheus

entrava pelas portas da faculdade correndo, algo que não era comum. Matheus

era de origem humilde, mas sem dúvidas uma mente brilhante, poderia ser um

novo Einstein, mais encontrou na Psicologia a sua motivação.

Ele sabia que eu o esperava, e já fazia algum tempo, já me conhecia tempo o

bastante para perceber minha inquietação.

- Onde você estava? Perguntei direcionando-o a uma escadaria longa e lotada.

- O ônibus atrasou e.... O interrompi, pois estava ansioso e eufórico. - Você

tem ideia do que está acontecendo? Hoje é o grande dia! Adivinha quem está

aqui? Perguntei. Matheus olhou em frente, era Mayra, era sem dúvidas uma

bela jovem, pela qual Matheus havia se apaixonado no primeiro ano da

faculdade, quando Mayra ingressou com uma bolça de estudos para Educação

Física. E isso não é tudo, eles até haviam se relacionado no segundo ano, mas

até o presente momento, não se sabia o real motivo de romper a relação.

-Olha, não tem mais nada entre agente John, ela nem deve e lembrar de mim?

Disse Matheus olhando para o lado percebi que estiva chateado com alguma

coisa. Era difícil ver Matheus demonstrar algum sentimento, mas neste

momento vi claramente que algo havia acontecido. Desejei ajuda-lo

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perguntando sobre o assunto, mas não demorou muito para que ouvisse a voz

de Mayra com uma alegria visivelmente maior do que a de Matheus:

- Matheus? E você mesmo? Disse ela como se não soubesse a resposta.

Me retirei, pois me sentia um intruso na conversa dos dois que a tanto tempo

não se viam.

- Olá, Mayra, como vai você? Perguntou Matheus, que por alguma razão, não

parecia preocupado com uma resposta.

- Bem e você? Disse Mayra, mexendo em seus cabelos negros e brilhosos,

buscando prolongar a conversa.

- Bem... Salvo pelo professor de álgebra, que estava ofegante com a

organização, e os últimos ajustes para a formatura. Matheus foi logo se

despedindo enquanto seguia em passos rápidos.

- Tenho que ir! Tchau.

Observei ao entrar no salão de festas da Faculdade, que haviam não só alunos

e professores, mas também, empresas com seus grandes slides de

propaganda, algo que alguns respeitosamente se dirigiam como revolucionário.

- Isto é uma pegadinha? Perguntou Matheus enquanto andava pelo corredor de

formandos, com os olhos saltados para fora da fossa ocular.

- Sorria Matheus, eles são patrocinadores, e esta pode ser uma grande

oportunidade para todos nós. Aconselhei-o colocando minhas mãos em seus

ombros e sorrindo com um esforço cansativo para as câmeras e fleches.

Quando olhei para o palco, onde iriamos ficar, notei a presença de João, que

normalmente se atrasava em seus compromissos, mas seu novo

relacionamento estava mudando este tão inesperado acontecimento. Ele

acenou para que nos aproximássemos dele, ele havia guardado nossos

lugares.

- Vocês demoraram, achei que haviam se esquecido que dia é hoje. Disse João

se sentando e nos indicando nossos lugares.

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-Não tinha como nos esquecer Joao, foi muito tempo, e muito esforço para

chegar aqui. Disse a ele sorrindo e olhando para Matheus que acenava com a

cabeça para cima e para baixo, em sinal de concordância.

Não demorou muito e o diretor começou a se pronunciar, e realizar o protocolo

padrão.

- Este é um Grande dia. O dia em que vocês se tornam profissionais

respeitáveis e que no futuro possivelmente estarão no governo de nosso pais.

Disse o Diretor, que não parecia muito feliz ao realizar mais uma vez o

protocolo.

A noite prosseguiu totalmente comum, a não ser pelo fato de que Matheus nos

chamou para um rodizio de pizza na New York Pizza. Eram cerca de 11:35

horas quando nós saímos da pizzaria, e todos nos ajuntamos para a última foto

da turma.

Estávamos todos reunidos. Rodrigo, Douglas, Matheus, João, Mayra, Vitor,

Katherine, Ana Julia, Jessica e eu.

- Vai galera! Todo mundo pronto? Última foto juntos. Disse Matheus tendo

várias crises de risos, e prosseguiu:

- Xis... Gritou eufórico e evidentemente escondendo algo. E continuou:

-Olha galera, sinto muito mais esta não será nossa última foto juntos - Todos

olhavam entusiasmados, esperando uma grande surpresa - Vamos pra uma

casa na colina de PERYN CRUSSYN, meus pais conseguiram esta casa para

passarmos uma semana, todo mundo de acordo? Perguntou Matheus ansioso

por um sim do grupo.

Era estranho, mas ao ouvir Matheus dizer que esta seria nossa última foto

juntos, algo em mim causou uma sensação ruim, mas não acredito em

premonições. Fomos todos para nossas casas nesta noite, afinal, no dia

seguinte estaríamos em uma grande festa.

Page 7: Peryn crussyn  paranoia

II

A casa dos Crussyn

Eram 2 horas da madrugada e eu ainda não havia dormido, nem se quer

fechado os olhos. Estava arrumando minhas coisas, e enquanto isso, comia

alguns biscoitos de chocolate, mas as 3 horas não aguentei, senti minhas

pernas tremulas, e acabei por cair sobre meus joelhos, e dormir ali mesmo.

10 horas da manhã:

O Celular não parava de tocar, e já estava cheia minha caixa de mensagens

com várias ligações perdidas:

- Alo? Disse com muito sono, enquanto coçava os olhos procurando enxergar

algo.

- Cadê você cara? Gritou Douglas com um tom que agrediu meus tímpanos.

Enquanto eu procurava o despertador, Douglas continuava:

- Estamos te esperando fazem duas horas, onde você esta? Por que está

demorando tanto? Resolveu ficar mais enrolado que mulher? Gritava Douglas

que aparentava ser o autor das ligações registradas. Tentei acalma-lo:

- Calma cara, acabei de acordar... fui interrompido por Matheus que tomava o

celular de Douglas para fazer sua parte de RESPONSAVEL:

- Eu acordei 5 Horas da manhã, abasteci a VAN, me arrumei, arrumei minhas

coisas, liguei pra galera, e deixei você por último, porque pensei que era o

mais responsável. Descarregou Matheus, suas opiniões e regras, expondo

suas diferenças comparado a mim.

-Olha eu vou desligar e já chego ai beleza? Nem mesmo esperei que me

respondesse e desliguei o celular, estava com enxaqueca e não era causada

por ninguém mais, ninguém menos que Matheus.

Corri com meus afazeres, e me dirigi finalmente ao local cominado. Ao chegar

ao local, observei de longe que estavam todos realmente prontos, então me

desculpei, afinal, não sabia que era tão importante para eles a festa:

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- Me desculpem gente, não foi minha intenção fazê-los passar por esta

situação. Disse com a cabeça baixa e ofegante pelo trajeto percorrido.

- Entra logo, e vamos lá! Todos gritaram, ansiosos pela tal casa.

Percorremos o caminho com calma, e sem muitos imprevistos, a não ser Vitor,

que em meio quilometro teve náusea, e colocou todo o café da manhã para

nossa vista. A Sorte, é que as garotas estavam lá atrás, e não foram atingidas

pelo jato liberado por Vitor com muita pressão. Dó mesmo senti de Douglas

que acabou atingido pelo jato, e teve de aguentar o mal cheiro a viajem toda.

Chegamos a colina as 14:45 horas, um tanto fora do previsto. Perdidos,

paramos para pedir informação a um senhor estranho, ele era velho, e tinha

uma cicatriz intrigante, parecia ter sido causada por uma faca, que fora

passada com ideia de tortura, mas não era só isso, tinha uma tatuagem

apagada, parecia muito antiga, empunhava em mãos uma escopeta, mesmo

assim Matheus desceu da VAN, e se aproximou do velho homem, que o

encarou levantando-se, parecia manco e sua voz era um tanto roca.

- O que as crianças fazem por aqui? Não sabem que lugar é este? Perguntou o

velho ranzinza.

- Não queremos incomodar senhor, apenas queremos informações. O senhor

sabe onde fica a colina PERYN CRUSSYN? Me disseram que é por aqui. Disse

Matheus tentando ser o mais breve possível, era desagradável estar perto de

um desconhecido, que empunhava uma escopeta.

O Velho deixou escapar um sorriso de canto e perguntou ironicamente:

-Vocês tem certeza que é pra este inferno que vocês desejam ir? Perguntou o

homem cuspindo no chão.

- Senhor, por favor, nós só queremos a informação. Disse Matheus tentando

não se irritar com o velho Senhor.

Foi quando João abriu o vidro da VAN:

- Vamos velhote, diga-nos logo se este é o caminho!! Disse João

agressivamente que já estava irritado com a situação.

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O Velho cuspiu novamente no chão:

- 32 quilômetros, é só seguir reto. Disse o velho, e sussurrou:

- E o diabo que os carregue.

Seguimos tensos a partir daquele momento, não é um bom início para uma

festa, encontrar com um homem armado.

Finalmente chegamos a colina PERYN CRUSSYN, era um local notável, e bem

na entrada havia uma placa, que dizia:

“Bem Vindo a residência dos Crussyn”, algo que nos deu um alivio apesar de

ser apenas uma placa.

De longe observamos a casa, era grande, tinha piscina, e uma coisa era certa,

seria uma festa inesquecível.

Era de tarde e todos estavam exaustos com a viajem, mas isso não foi motivo

para se abalarem:

- Enfim chegamos galera, e esta casa... hum, melhor do que esperava. Disse

eu enquanto olhava para todos os lados, observando cada centímetro da casa.

Todos estavam surpresos com a casa, era sem dúvidas uma bela casa, parecia

ter sido construída no fim do século 15, e por ingleses de muito bom gosto, a

casa era toda moldurada a gesso, e as paredes de madeira antigas, deram um

aspecto de classe insubstituíveis.

- Essa casa é incrível, tem piscina, churrasqueira, hidromassagem...

interrompido por Matheus, Rodrigo começou a subir a escada instigante.

- E ainda tem uma Cachoeira, segundo o dono da casa. Se gabou Matheus ao

ver a expressão de surpresa.

Katherine, Ana Julia, Mayra e Jessica, estavam lá em cima, foram logo vestir

seus biquínis, afinal o sol era de 35°C, e o dia estava lindo, a piscina dava de

frente para o sol e o rio, uma paisagem sem dúvida, magnifica.

- João... vem aqui! Disse Vitor como se tivesse encontrado algo fora do

comum.

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Joao correu para a sala de jogos, onde Vitor estava esperando.

- O que é? Disse João com tom de indiferença.

- Olha isso cara! É o S-U-P-E-R M-A-R-I-O do Nintendo. Esse é o momento

mais incrível da minha vida miserável e fútil. Disse Vitor, enquanto isso, João

olhava para ele, se perguntando do por que dar ouvidos a Vitor? Afinal, era o

Vitor...

As meninas se trocavam, e eu estava no quarto ao lado, podia ouvir claramente

as risadas e comentários uma das outras, era algo que eu não acostumava

ouvir, mas ri desta situação.

Então ouvi o barulho de seus passos no corredor, eu estava vestindo o calçam

neste momento, e Juliana me chamou por de traz da porta:

- John, nós estamos indo para a piscina, você vem? Perguntou Katherine que

esperou minha resposta em silencio.

- Está bem, já desço, encontro vocês na piscina. Respondi sem muitas

delongas.

Terminei de me trocar e quando olhei para o relógio empoeirado no quarto,

eram 16:13 horas.

Senti algo estranho ao descer as escadas, parecia um calafrio, um sentimento

de desespero tomou meu interior, eu procurava uma razão para aquilo, mas

procurei esquecer, era uma festa, e eu queria muito me divertir.

A porta da cozinha dava para a piscina, e enquanto caminhava, mais uma vez,

mas agora era diferente, foi mais forte do que a primeira vez. Minhas pernas

estremeceram, e tenho certeza de que ouvi uma voz sussurrando. Era a voz de

uma mulher, mas não consegui entender o que dizia.

Me segurei na mesa de madeira, estava zonzo, e sem saber o que estava

acontecendo, ignorei a sensação sobrenatural.

Comecei a imaginar se o que estava acontecendo era fruto de minha

imaginação, algo que me fugiu a atenção quando ouvi a voz de Ana Julia.

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- Você está bem? Perguntou Ana Julia que havia percebido minha expressão.

- Estou... respondi querendo tranquiliza-la, mas a verdade é que tentava me

acalmar.

- Então vamos lá! Disse ela empolgada.

- Lá aonde? Disse eu sem ter a mínima noção do que estava se passando.

Lembro me que perdi a sensibilidade das pernas e tudo começou a girar e

escurecer. O mais próximo de real que ouvi foi a voz de Ana Julia que

procurava me reanimar.

III

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Um pesadelo real

Acordei no quarto, Katherine estava à beira da cama, ela lia seu livro, “o morro

dos ventos uivantes”. Sempre admirei Katherine por sua paixão por livros, mas

nunca tive a chance de dizer:

- É um bom livro. Disse eu com uma voz roca e enrolada.

- O que? A sim, é mesmo. O que está sentindo? Algum incomodo, dor? Disse

Katherine, que com seu jeito meigo e sincero só realizava sua profissão sem

nem mesmo perceber.

Olhei para ela com a visão ainda turva, mas jamais conseguiria confundir

aqueles lindos olhos castanhos, que brilhavam enquanto me olhavam.

- Na medida do possível, sim! Disse eu enquanto passava a mão em minha

nuca.

- Ana Julia! Gritou Katherine, que parecia preocupada, mas eu não entendia a

razão. Tentei me levantar, mas frustrado, não movi nem sequer meu dedinho

do pé.

- não grita não... sussurrei com grande dor em na parte superior do cérebro.

Ela me olhou com olhar desesperado. Então senti algo escorrendo nos olhos, é

como se eu estivesse chorando, esfreguei meu olhos procurando entender o

que estava acontecendo, mas em segundos minha visão se avermelhou, e tudo

começou a escurecer, gritei por ajuda, eu gritava:

- Katherine, o que está acontecendo? Me ajude! Eu gritava, enquanto se

tornava mais difícil enxergar através da vermelhidão.

Acabou, agora eu só ouvia Katherine, ela estava ao meu lado, chamava por

Ana Julia, tive certeza de que ouvi passos rápidos nas escadas, pude ouvir

cada um dos que estavam na casa perguntando o que estava acontecendo.

Alguns diziam:

- Meu Deus, o que houve?

E outros:

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- Que coisa horrível, o que aconteceu?

A última coisa que me lembro de ouvir, foi Ana Julia, que agora segurava meu

pulso, e dizia com toda clareza do mundo:

- Está tudo bem, apenas peguem algumas toalhas, algodoes, agua e álcool!

Vai ficar tudo bem John, se acalme, e me... Eu apaguei depois disso, era como

se tudo o que havia no mundo tivesse se calado.

Então, no meio da densa escuridão, eu vi uma porta, era cinza, bem clara, e

pelo que calculei, estava a 3 metros dela. Olhava para traz, e só via trevas,

olhava para o lado, e só via trevas. Decidi que o mais sensato era seguir por

aquela porta estranha e cinzenta.

Entrei de vagar, queria saber o que acontecia. Pude ouvir o som do meu

coração a bater, e num piscar de olhos, olhei para traz e a porta não estava

mais lá.

Comecei a imaginar o “por que desta sala?” “Espere”, pensei. Algo estranho

estava acontecendo, a sala é a mesma da casa dos CRUSSYN.

Comecei a ficar ofegante, e senti minhas mãos esfriarem, elas suavam frio,

algo que pra mim, não era normal. Sou formado em Educação física e

Bioquímica, fiz grandes pesquisas, e tive participação laboratorial em

pesquisas cientificas da faculdade, mas nunca apresentei nenhum tipo de

sensação como essa.

Olhei em redor, e quando me cansei de olhar, perambulei pela casa. Passei

pelo quarto, sala de jogos, cozinha e um quarto que não havia percebido na

casa, estava no lugar da geladeira. Foi quando ouvi um choro, era de uma

mulher, ela estava de bruços, com o rosto sobre os braços, tentei chamá-la,

mas ela parecia não me ouvir.

- Ei, está tudo bem? Por que está chorando? Perguntei procurando acalmá-la e

obter respostas. Mas ela continuou a chorar, e enquanto a observava ouvi um

barulho, parecia a de uma porta sendo derrubada, eu olhei em direção da

porta, assustado me levantei e olhei para o homem que portava em suas mãos

um machado, estava coberto de sangue, me coloquei a frente da mulher. Por

alguma razão, eu sabia que ele estava atrás dela, então eu gritei:

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- Saia daqui seu monstro maldito, você não fara mal a moça! Gritei com todas

as minhas forças.

Ele atravessou por mim, me senti inútil, senti como se não tivesse razão para

viver, e minha única reação, foi me virar, e observar enquanto ele a atacava

com o machado, golpeando-a várias vezes. Ela gritava, e mesmo depois de

golpeada 6 vezes, ainda gritava. Mas o pior, o que me frustrava mais, é que ela

me olhava, e parecia que agora podia me ver. Estava acabado, o homem se

virava agora para mim, eu não suportava mais aquela sensação, me ajoelhei

perante ele, que olhava para o chão, e ria. Implorei pela morte, então ele puxou

fundo o ar, levantou o machado, por um momento pensei que me tiraria a vida,

mas ele se ajoelhou. Agora o homem sorridente, aquele monstro, que ria

incessantemente, chorava. Ele soluçava, parecia que estava sendo destruído

por dentro, ele se virou, e se deitou ao lado da mulher. Eu observei-o por um

bom tempo, ele parecia esperar por algo ou alguém.

Alguns minutos de silencio, e então ouvi:

- Olha o que você fez, é sua culpa, você causou isso, você matou-a. Era a

mesma voz que ouvi na cozinha, a mesma que sussurrou, a que me causou

espanto. Era um homem, não consegui observar seu rosto, mas algo me

chamou a atenção, havia uma criança no quarto, ela estava debaixo da cama,

e mesmo com aquela cena horrível, ela sussurrou para mim:

- Vá embora. Agora eu era levado por um fluxo temporal, e todas as luzes

haviam se apagado. No meio do escuridão, meu único desejo é que não

estivesse sozinho, o que parecia uma certeza para mim.

Em algum momento, me vi correndo por um longo corredor. “Afinal, eu havia

morrido?” Pensei enquanto continuava meu caminho. Me lembro de sentir-me

sufocado, e como o despertar da morte, me levantei de minha cama, e em

desespero clamei em alta voz:

-Socorro!

Iv

De volta para o terror

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“Milagre?” Não sei, sabia apenas que agora podia ver. Katherine estava aos

pés da cama, e Matheus na cama ao lado. Ele acordou com meu grito e

assustado exclamou:

- Que diabos está acontecendo aqui? Se levantou de súbito, ofegante e

desesperado.

- Me desculpe. Disse eu que me segurava para não dar gargalhadas, e acabar

acordando Katherine.

Me levantei devagar, coloquei Katherine sobre a cama, que de tão exausta

nem percebeu o que fiz. Matheus e eu, descemos as escadas e nos

direcionamos a cozinha, eu estava absurdamente esfomeado. Então o

indaguei:

- A quanto tempo estou enfermo naquela cama? Disse enquanto enxia minha

boca com bolachas e leite.

Matheus me olhou com olhar estranho, parecia não entender a pergunta.

- Como assim? Chegamos hoje! Disse ele com tom de estranhamento. E eu

que acabara de acordar de um pesadelo, engoli tudo em minha boca, a seco.

- Mas... disse eu, porem me calei, e disse:

- Já é tarde, vou me deitar. Sussurrei.

Porém, por alguma razão me lembrei do quarto em meu sonho, o qual se

localizava por e traz da geladeira. Decidi dar uma olhada. Andei lentamente

pela cozinha, que agora parecia uma grande sala, com grandes obstáculos,

senti minhas mãos transpirarem, minha respiração ficou ofegante, parecia que

eu encontraria um grande monstro. E quando puxei a geladeira, um vento frio e

aterrorizante me fez arrepiar desde meus pés, até meu último fio de cabelo.

Tenho praticamente certeza de ouvi alguém chamar eu nome. Continuei a

puxar a geladeira, e me decepcionei ao ver que lá havia apenas uma parede.

Sei que se houvesse um quarto ali, poderia ser confirmado que meu sonho,

não se tratara de um sonho, mas de uma visão, e confesso que esperava que

isso acontecesse.

Page 16: Peryn crussyn  paranoia

Matheus estava me observando enquanto empurrava a geladeira no lugar,

então perguntou:

- O que foi John? Perguntou.

Olhei para ele, e dando um suspiro.

- Não é nada. Só estou muito cansado. Disse eu enquanto ia para as escadas.

Me deitei ao lado de Katherine, ela acordou, abriu os olhos e perguntou:

- Está tudo bem? Eu apenas a olhei, e em um suspiro a respondi.

- Esta sim. Volte a dormir, amanhã será um dia e tanto.

Ela acenou com a cabeça, e sorriu. Então fechei seus olhos com minha mão, e

ela adormeceu.

Alguns minutos depois e Luzes como as de holofotes pareciam clarear minha

cabeça como se eu estivesse em uma cena de crime, senti que lutava para

acordar, e então eu ouvi:

- Foi sua culpa!!! Uma voz gritou.

Acordei desesperado, a procura de alguém que poderia ter feito a brincadeira.

Mas minha busca foi em vão, não havia ninguém no quarto além de mim, e me

senti aliviado por isso. Decidi ir a procura dos outros pela casa, tudo estava

muito silencioso. O que é impossível se Douglas e Vitor estavam na mesma

casa.

Depois de abrir a porta, a única coisa que fiz, foi me abaixar, foi o que deu

tempo de fazer. Douglas e Vitor me esperava do lado de fora com baldes de

água gelada.

Os dois atingiram um ao outro, estavam ensopados e minha única reação foi rir

daquela situação constrangedora, para eles neste caso. Desci as escadas com

cuidado, pois agora estavam inundadas com a brincadeira.

- Puxem essa agua daqui engraçadinhos. Disse eu zombando deles. Encontrei

Katherine na sala, ela estava conversando com Jessica.

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- Você acha melhor agente comprar mais de 20 quilos, ou só 10 quilos é o

suficiente? Disse Jessica que estava de costas para mim, e planejando

compras para a festa.

- Acho que... Katherine olhou de maneira estranha para mim, e de repente se

levantou

- Depois a gente conversa. Disse Katherine enquanto saia da sala sem

explicação óbvia.

Ela parecia chateada com alguma coisa, e aparentemente, era comigo. Então a

segui, e disso ela sabia, pois se virou rapidamente e se expressou:

- Qual é o seu problema? Você acha engraçado brincar desta forma com as

pessoas?

- Não sei do que você está falando, na verdade, não sei de nada do que você

fala, você não fala comigo!

Katherine estava realmente revoltada com alguma coisa, parecia ser

evidentemente, que eu o havia feito

- Você não é o mesmo! Quer saber, acho que nem te conhecia. Gritou como se

eu necessitasse despertar de um grande pesadelo.

Na realidade, depois dos sonhos que tive, nem tenho noção do que é um

pesadelo. Me virei de costas, coçando os olhos e a cabeça com muita força,

não conseguia entender o que estava acontecendo.

- Olha, acho que você deveria pensar melhor no que está falando, porque eu

não faço a mínima ideia. Frisei, enquanto ia para a piscina. Ela tentou dizer

algo, mas quando começou a falar, já estava longe o bastante para não a ouvir.

Não gosto de pensar que Katherine está chateada comigo, mas não fazia a

mínima ideia do que ela estava falando, e eu não seria culpado por algo que

não fiz.

v

Uma grande ideia

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O dia continuou extremamente tenso, mas isso não foi razão para que não nos

divertíssemos, Douglas e João conversavam no sofá da sala neste momento.

- Eu estava pensando em fazer uma surpresa para a galera, o que você acha?

Disse Douglas olhando fixamente para João. Interrompi a conversa com minha

opinião.

- É uma ótima ideia Douglas! Esta casa está precisando de um animo. Disse

olhando para Katherine que agora estava encostada na mesa conversando

com Jessica. Percebi que ela ouvia nossa conversa, pois olhou para mim de

imediato. Podia ver em seus olhos um grande desprezo.

Desde de aquela nossa discussão, Katherine relutava não falar comigo, mas eu

não entendia o porquê. A única coisa que eu queria neste momento, era

entender o que estava acontecendo.

Rodrigo estava na piscina, e entrando pela cozinha chamou Matheus e as

meninas.

- Olha galera, não sei o que vocês estão planejando, mas devemos ter um dia

de diversão completa! Disse animando a todos da casa.

Matheus se manifestou de imediato:

- Eu topo!! Disse sorrindo e causando entusiasmo nos demais.

Mayra se aproximou por de traz dele e o abraçou dizendo:

- Se você está dentro, eu também estou nessa! Sorriu Mayra olhando para nós

e em seguida para Matheus, que agora a olhava não mais de maneira

apreensiva, mas afetiva.

- Tudo bem galera, todos estamos aqui fazendo planos, mas aonde está o

Vitor? Comentei enquanto todos olhavam fixamente para o aparentemente

novo casal da casa.

- É mesmo, onde está o Vitor? Disse Ana Julia, olhando em todas as direções

procurando por ele.

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- Ele me disse que iria ao mercado, iria comprar uma surpresa para todos.

Justificou João.

Todos ficarão impressionados, pois em momento algum haviam percebido seu

desaparecimento.

Me levantei para buscar uma bebida, e mais uma vez senti aquela sensação.

Era o maldito sentimento de medo, misturado com angustia e cede de

vingança. Cambaleei e me segurei no sofá, fiquei ali por algum tempo e por fim

segui para a cozinha.

Apesar do dia tenso, aquele sentimento me angustiava muito, mas não quis me

manifestar sobre a sensação, afinal ninguém havia sentido nada.

Parecia que tudo estava normal, mas quando olhei para a geladeira, lá estava

a cozinha de meu sonho, tenho certeza de que a vi.

A criança ainda estava debaixo da cama, naquele momento parecia tudo bem,

ela estava segura, porem, por um instante a criança apontou algo atrás de

mim.

Era o homem estranho que eu havia visto na noite anterior, mas agora pude

ver seu sorriso aterrorizador. Ele tinha dentes afiados como os de um lobo,

mas suas gengivas não eram comuns, elas eram vermelhas como sangue,

pude ver também suas roupas. Eram roupas antigas, como as de uma guerra,

estavam imundas e rasgada, haviam marcas de tiro e facadas. Desta vez ele

se aproximou de mim, e me olhou nos olhos, eu olhei para trás, a criança

estava com os olhos cheios de lagrimas, e portava uma faca em suas mãos.

Olhei para o estranho, e ele continuava a me encarar. Ele sorriu e disse

sussurrando, com sua voz roca, uma voz que por algum motivo eu reconheci.

- O que você vai fazer? Eles estão mortos, e é tudo culpa sua... Ele sorriu

novamente, e desta vez foi tão real, que pude sentir sua respiração.

Ele deu um passo ao lado e foi em direção a criança, não queria ver o que iria

acontecer, eu estava com medo.

Até que por um instante ouvi a voz de Katherine que agora colocava suas

mãos sobre meus ombros, e dizia:

Page 20: Peryn crussyn  paranoia

- Está tudo bem? Perguntou preocupada em observar a maneira estranha

como olhava para a geladeira, ela percebeu em minha respiração pausada que

algo estava acontecendo.

- Esta... está tudo bem sim. Disse pausada mente, enquanto a imagem do

homem se desfazia como cinzas ao vento.

Era muito fácil perceber quando eu não estava bem, pois minha reação era

partir a um período de reflexão e solidão.

- Tem certeza? Você quer conversar? Perguntou outra vez Katherine que me

seguia com os olhos enquanto eu ia a geladeira procurar uma bebida.

- Sim. Vai ficar tudo bem, assim que eu beber. Respondi pausadamente.

Olhando para a geladeira. Não encontrei nada agradável, então me virei e fui

em direção da sala, perguntando-a:

- Você vem? Perguntei enquanto olhava para a mesa de centro da sala onde

todos estavam as gargalhadas. João e Jessica, estavam sentados no sofá

próximos a lareira, no outro lado, Douglas e Rodrigo e no sofá de fronte para a

lareira, estavam Matheus e Mayra. Ana Julia estava no telefone, na sala de

jogos, pela conversa, estava falando com seu namorado russo.

Cumprimentei a todos e peguei uma das garrafas e dois copos, apesar de toda

aquela tensão, eu precisava conversar, mas eu sabia que não seria fácil, por

isso peguei a garrafa mais atraente, era do ano de 1789, um whisky escocês,

fabricado na região de Lawlands, ao meu ver era exatamente o que eu

precisava.

Peguei Katherine pela mão e a levei para varanda, onde não havia ninguém, e poderíamos conversar sem interrupções.

Nos sentamos e ela logo me perguntou:

- O que está acontecendo com você?

Eu a olhei nos olhos, e respirando fundo, coloquei os copos sobre a mesa, e

servi uma dose, e bebi. Ela me olhou e perguntou novamente:

- O que está acontecendo com você?

Depois de beber a segunda dose, olhei para ela e respirei o mais fundo.

Page 21: Peryn crussyn  paranoia

- Você sabe o que é interessante nesta festa? Disse enquanto olhava para ela

de baixo para cima, servindo me mais uma dose.

Ela me olhou nos olhos, e disse:

- Não sei. Esperava que você me dissesse. Disse coçando a cabeça, e

apanhando seu copo.

Eu continuei olhando para ela, estava tomando coragem, mesmo estando

alcoolizado, ainda era difícil para mim me expressar.

- Estou com problemas, e ninguém percebe. Disse eu enquanto passava o

dedo indicador sobre a borda do copo. Meus olhos começaram a lacrimejar, e

antes que qualquer lagrima rolasse, bebi mais uma dose. Parecia que o whisky

não queimava mais, e meu coração batia mais rápido que as cilindradas de um

conversível.

Me sentei ao lado de Katherine, e voltei a falar:

- Você sabe o que está acontecendo? Você tem ideia do que está

acontecendo? Disse pausadamente, olhando para ela.

Ela estava com o copo em suas mãos, e realmente estava muito frio, então

peguei minha jaqueta, e a dei para que ela se esquentasse. Ela agradeceu e

disse:

- Você é fechado e não deixa que as pessoas se aproximem realmente de

você! Disse ela, com aquele jeito meigo e carinhoso, olhando para mim, e

sorrindo ao terminar a frase.

Me aproximei a um espaço de centímetros de seu rosto, e com todo cuidado,

passei minha mão em seu cabelo longo e escuro dizendo:

- Me diga o que aconteceu. O porquê me tratou daquela maneira de manhã.

Disse a com máxima concentração.

Um vento frio como a morte congelou meus membros inferiores, e me fez parar

de falar.

- Eu não quero falar sobre isso John, agora eu sei que não foi você, não

consegue ao menos sorrir.

Page 22: Peryn crussyn  paranoia

Eu entendi sua expressão, mas não me ofendi, apenas abaixei minha cabeça.

- Esta tarde, acho que é melhor eu subir. Disse eu pegando mais uma dose de

whisky.

Realmente estava muito tarde, mas por não estar acostumada a vida alcoólica,

me respondeu.

- Não me deixa sozinha, pelo menos fique mais um pouco. Disse ela com voz

cansada e manhosa.

Peguei uma manta para ela, e me sentei ao seu lado, ouvindo suas frases, e

cantorias.

No dia seguinte, eu estava deitado na cama ao lado a de Katherine, não me

lembrava de como havia ido me deitar. Me levantei devagar e sai do quarto.

Quando cheguei a sala, todos estavam dormindo, cada um em uma canto da

sala. Zombei de Rodrigo e Douglas, que por dormirem no sofá, estavam todo

tortos e com seus rostos marcados.

VI

Page 23: Peryn crussyn  paranoia

A HISTÓRIA DE MEU SONHO

Enquanto andava pela sala cuidadosamente, ouvi um barulho na cozinha, e

como estavam todos dormindo, presumi que era um invasor. Corri para a

cozinha, e com um taco de beisebol, e acertei o invasor. Por asar era Vitor, que

realmente havia trazido uma surpresa para os garotos, eram três belas jovens,

uma delas me atingiu com pratos, o que me deixou com o pé atrás com ela o

dia todo.

- Que isso rapaz pra que agredir? Disse Vitor com a mão na cabeça. O ajudei a

levantar, mas com o barulho dos pratos todos acordaram assustados, e vieram

investigar o que estava acontecendo.

- Me desculpe galera, eu pensei que fosse um ladrão mas no fim era o Vitor.

Disse eu um pouco envergonhado com a situação.

Passos rápidos na escada, e Katherine estava na porta da cozinha, dizendo:

- Bom dia galerinha!! Disse Katherine enquanto ia na direção da geladeira –

Quem foi que quebrou a pia do banheiro? Perguntou enquanto preparava o

Café.

Todos estavam olhando para mim com uma expressão de “foi você né!”

- O que foi? Não fui eu não. Respondi aos olhares impiedosos.

Douglas e Rodrigo vieram após Katherine, e logo se empolgaram com a

presença inesperada das meninas.

- Quem é vivo sempre aparece, não é mesmo? Disse Douglas

- E aparece bem acompanhado! Comentou Rodrigo, que olhou dos pés à

cabeça as garotas.

Vitor balançou a cabeça zombando dos dois, e dizendo:

- Estas aqui são Fernanda, Graziele e minha namorada Denise.

Todos agora olhavam para a tal Denise e começavam a imaginar, aonde ela

havia o conhecido.

Page 24: Peryn crussyn  paranoia

- Muito prazer garotas, mas eu vou indo. Disse eu me retirando rapidamente.

Era um belo dia, e eu queria muito sair por ai.

- Prazer em conhecer vocês! Ai John... Me espera. Disse Katherine enquanto

me seguia para fora da casa.

Cruzamos com Jessica e João na porta da cozinha, eles haviam acabado de

acordar.

- Bom dia casal. Disse eu para João e Jessica. Que me olharam e já rebateram

a provocação

- Bom dia casal 20! Disseram os dois.

Katherine riu, e correu para a porta.

Chegamos a varanda, onde começamos a conversar.

- Você tá mesmo achando que vai conseguir me vencer em uma corrida? Disse

ela amarrando os tênis.

- E você acha que vai me vencer? Indaguei-a enquanto alongava as pernas e

braços.

- Sim. Disse ela olhando em meus olhos convicta de sua vitória – E que vença

o Melhor. Disse ela me empurrando e correndo.

- Ei, isso não vale. Corri atrás dela segurando-a pelos braços e passando a sua

frente sorrindo.

Corremos por aproximadamente 38 quilômetros, por uma estada de terra que

rodeava a casa. Eu já estava cansado, mas Katherine era uma competidora e

tanto, me oferecendo-me uma última corrida. Nos preparamos e finalmente

disparei, corri tão rápido que perdi Katherine de vista. Cansado parei perto de

um rio, respirei profundamente e olhei em meu derredor. Tudo estava girando,

e minha visão tornou a ficar turva. Vi porem, do outro lado do rio, um homem,

ele estava me olhando, e por um instante juro, era o velho ranzinza. “Mas o

que estaria fazendo ali?” Pensei.

Pouco tempo depois Katherine chegou, me virei para vela, e quando voltei

minha visão para o Velho, ele não estava lá.

Page 25: Peryn crussyn  paranoia

Voltamos para a casa, e todos estavam na sala. Nos sentamos com eles,

estavam contando suas histórias assustadoras. Era muito sem sentido, então

decidi só observa-los e ouvi-los falar.

- Havia uma família, que morava longe da cidade, eles eram muito discretos e

não gostavam de aparecer a eventos. Eles tinham um filho, de

aproximadamente 8 anos, era uma criança sadia e feliz, o que sem sombra de

dúvidas fazia esta família muito feliz. Certo dia, esta criança estava no

bosque...

- e apareceu o lobo mal. Brincou Rodrigo rindo e contagiando os outros.

- tudo bem, volte a contar... Disse Douglas.

- Um dia está criança estava no bosque, e um homem parou para conversar

com esta criança, pedindo que fosse a seu pai, porque precisava de

hospedagem. A criança foi até seu pai, e disse exatamente o que o homem lhe

havia dito. O pai desta criança, como era um homem de bem, decidiu hospeda-

lo....

- Vai demorar muito? Disse Rodrigo.

- Cale a boca. Disse Douglas.

- Depois de algum tempo, esse homem começou a trazer problemas a esta

casa. O pai do menino que era bom, agora bebia, e espancava a esposa, o

filho que era saudável, agora vivia doente a esposa que se cuidava, começava

a deixar de lado até mesmo seus afazeres domésticos. Um certo dia, o Pai do

menino bebeu acima da conta, e o homem que estava hospedado na casa

deles o disse que sua esposa o havia traído. Este homem, conta a história,

voltou para sua casa furioso, e sua esposa percebendo seu estado, disse a

seu filho que se escondesse debaixo de sua cama...

Quando ouvi esta parte da história, meus membros inferiores começaram a

estremecer e minhas mãos a suarem frio, meus olhos se fecharam, e meus

ouvidos se atentaram a história.

- a criança fez como sua mãe lhe havia ordenado, e se escondeu. Nesta noite,

o Pai do menino havia perdido sua chave, e sem resposta da esposa, acreditou

Page 26: Peryn crussyn  paranoia

no que o estranho havia dito. Dizem, que o pai do menino bateu por várias e

várias vezes na porta, mas o que nenhum deles sabiam era que o homem o

qual eles hospedaram havia roubado as chaves e trancado a porta. O Pai do

menino, bateu tantas vezes na porta que a derrubou, ao observar sua mulher

que descia as escadas desesperada, pegou um machado que estava perto da

porta (porque este era lenhador). Atingiu-a inúmeras vezes, e quando acabou

de matá-la, se tocou do que havia feito. O Homem o qual havia hospedado

chegou depois, e disse-lhe várias vezes: Olha o que você fez, é sua culpa,

você causou isso, você matou-a.

Lembrei-me do sonho e agora estava horrorizado, não se tratava apenas de

um sonho, mas agora poderia ser realidade. Aquela cena aterrorizante poderia

mesmo ter acontecido. Katherine que estava sentada ao meu lado percebeu

minha situação de pânico.

- Ei, o que foi? Perguntou ela.

Olhei para ela, e disse:

- Não foi nada. Então ela pegou em minha mão e colocou sua cabeça em meu

peito.

Continuamos ouvindo.

- Uns dizem que a criança não foi encontrada, outros dizem que o homem

hospedado criou a criança, e ensinou-o a matar. Mas até hoje não se sabe

qual a versão verdadeira.

Olhei para Katherine, que prestava atenção na história fascinada, então sorri,

pois enquanto eu estava a me descabelar com meus sonhos, ela estava

interessada a saber o fim da história.

- E depois? O que aconteceu? Perguntou Mayra que estava ao seu lado.

Matheus olhando para ela diz:

- E eu que sei mulher! Disse ele dando boas gargalhadas, e abraçando-a.

Como estava tenso, fui para fora, precisava respirar um pouco.

Katherine me seguiu.

Page 27: Peryn crussyn  paranoia

Estava um dia estranho, pois mesmo sendo de tarde, estava tudo escuro. Me

aproximei do corrimão, e olhei para o céu. E antes mesmo que Katherine me

perguntasse qualquer coisa eu a disse:

- Sabe ontem não te contei nada, mas eu estou com medo. Esta história, essa

que o Matheus acaba de contar? Disse com calma, tentando contar o que

estava se passando.

- O que tem? É só uma história! Disse ela zombando de mim.

Eu a interrompi antes que começasse a dizer mais alguma coisa.

- O problema é que ando tendo sonhos, e esta criança, ela está no sonho, essa

família, eu vejo ela morrendo, na minha frente. Falei enquanto coçava meu

rosto incessantemente.

Katherine percebeu que não era uma brincadeira, percebeu que eu estava

realmente assustado.

- Olha, está tudo bem! Eu vou te ajudar. Disse ela tentando me acalmar.

Mas eu não me acalmava, porque o pior ainda não havia dito. A Casa a qual a

história se refere, é a casa dos CRUSSYN.

A essa altura, pirar era pouco, então eu a abracei.

- Eu só queria ir embora! Disse a ela com meu rosto em seu ombro.

Ela me olhou, e pude perceber que havia algo errado

Vi

A revelação

Page 28: Peryn crussyn  paranoia

- John, acho que tenho uma coisa pra te contar. Disse ela com suspense que

me levava a inúmeros pensamentos

- Fala! Disse enquanto levantava a cabeça e olhava nos olhos dela.

Ela olhou para baixo, respirou fundo, e me disse:

- Eu vou embora. Disse ela com os olhos lacrimejando. Eu olhava para ela e

me levantando disse.

- Como assim? Vai embora? Pra onde? Por que? Perguntei.

Era a pior sensação que já havia sentido. Olhei outra vez para ela, e me

levantando, agi como sempre, golpeei a parede com socos e ponta pés.

- Volta aqui John! Gritou Katherine.

Andando em direção ao carro gritei:

- Me deixa!! Tudo tinha mudado, eu pensei que podia contar com Katherine,

mas no final, não podia.

Peguei o carro e sai por ai, sem saber pra onde ia. A única coisa que pensava,

era em “por que ela não me contou?”

Dirigir em alta velocidade não é uma boa opção quando se está chateado.

Você sempre acaba encontrando o lugar errado, no meu caso, um bar.

Entrei e observei que estava praticamente vazio, tinha um nome esquisito,

RUSSYN Bar, mas isto não me incomodava, o que eu precisava era de tempo

para pensar. Sentei e pedi uma dose de whisky, eles tinham algo chamado

GARAPA DEL DIABLO, e como precisava refletir, pedi este mesmo. Estava

sentado ao lado de um senhor de chapéu, ele era meio estranho, não se

comunicava nem mesmo com o dono do estabelecimento, mas bebia como um

Ford Schelb 2.5, ou simplesmente como um homem cheio de vontade de fazer

burrada. Não sorria, não chorava, apenas bebia, uma após a outra.

Quando finalmente decidiu ir embora, entregou o dinheiro e se foi, e como fui

embora depois dele, vi perfeitamente, que sumiu em meio a nevoa.

Page 29: Peryn crussyn  paranoia

Mas não era hora de me preocupar com esse mistério, tinha que voltar para

casa, e o caminho era longo, ainda mais no estado em que eu estava.

Com muita dificuldade, consegui chegar a casa.

Entrei com muito cuidado pela porta da sala, observei que todos estavam

dormindo.

Me deitei na sala, mas não tenho certeza se no sofá, meus olhos estão quase

se fechando.

Naquela noite, um grande barulho me fez despertar mas como estava muito

atordoado, fiquei apenas deitado observando. Em algum momento, ouvi passos

pela casa, era a cozinha. Me levantei devagar, quase a cair, me apoiando no

sofá e nas paredes.

Enquanto andava pela sala, para chegar até a cozinha, vi pelo chão marcas de

sapatos, estava chovendo e isso explica a lama.

Quando me apoiei na parede da cozinha, vi o homem que me aterrorizava a

dias, ele estava em frente a geladeira, olhando fixamente, ele passava as mãos

na geladeira, em sinal de que não entendia a presença desta.

Voltei-me para a sala, e a beira da escada vi a mulher do sonho, ela me olhava

desesperada. Eu me distanciei da cozinha, e fui até a mulher. Ela me olhou no

fundo dos olhos, e disse:

- Ele está aqui! Sussurrou baixinho.

Eu continuei a olhando, e questionei.

- Quem está aqui?

A mulher apontou por de traz de mim, o homem estava na porta da cozinha, ele

a observava com expressão de ódio. Quando olhei para a mulher, ela não

estava ali.

Então olhei para o homem, e mas ele não estava lá, agora eu não entendo o

que aconteceu, tenho certeza de que ele esteve aqui.

Subi até o quarto de Katherine, ela estava dormindo. Pelo menos foi o que eu

pensei, pois quando ia fechando a porta, me chamou.

Page 30: Peryn crussyn  paranoia

- John, é você?

Entrei devagar, pois Ana Julia estava no mesmo quarto.

- Diga Katherine. Sussurrei

Ela me pediu que me sentasse ao seu lado, mas eu não entendi o porquê.

- John, lembra o dia em que chegamos a casa? Disse Katherine me olhando

nos olhos com expressão de pânico. Eu podia ver claramente em seus olhos

que estava com medo, e que escondia algo de mim

- É claro que sim, foi um dia bem agitado, e você sabe bem o porquê! Enquanto

terminava de falar, um clarão nos deixou mais tensos naquele instante.

- Bem... na mesma noite em que chegamos, eu acordei com o choro de uma

criança. Me levantei e assustada chamei por Ana Julia, mas ela não estava no

quarto... a interrompi dizendo.

- Foi um sonho, e nada mais, volte a dormir. Me levantei da cama, mas antes

que desce um passo se quer, Katherine me puxou pelas mãos, e disse.

- não foi um sonho!! Gritou em sinal de tensão. Nunca havia visto Katherine

naquele estado, foi uma surpresa. Me sentei e continuei ouvindo sua história.

- Eu vi um homem de capa preta na porta do quarto, pensei eu fosse um de

vocês tentando pregar uma peça em mim, e por isso acendi a lâmpada, ao me

virar, ele não estava mais lá.

- Tudo bem Katherine, o que você quer me dizer com isso, que tem um

monstro no seu armário? Perguntei ironizando, mas a verdade, é que eu sabia

que isso poderia de fato ter acontecido. Katherine continuou.

- Na noite em que conversamos na varanda? Disse Katherine olhando

fixamente para mim.

- Sim, é claro que sim. Respondi enquanto procurava entender o que ela

estava tentando dizer.

- Tenho certeza de que não voltei para a cama andando. E não foi você quem

me levou, pois você esteve ao meu lado a noite toda.

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Naquele instante, a única coisa que pensava, era e tentar fingir que nada

estava acontecendo. Mas eu por outro lado, tinha a certeza de que ela sabia o

que estava acontecendo ali. Como ela sabia eu não sei, mas esse era só mais

um mistério que eu teria de solucionar.

- Tudo bem, mas e se foi um dos rapazes que te levou pra dentro? Criei uma

suposição para o ocorrido, algo que explicasse a situação.

- Impossível, eu falei com todo mundo, e me deram a garantia de que nós

fomos os últimos a ir deitar.

Katherine alimentava mais e mais o meu fascínio e ao mesmo tempo, meu

medo do que estava acontecendo.

- Acho melhor eu ir me deitar. Foi uma noite longa e cheia de indagações.

Sussurrei aos ouvidos de Katherine que já estava com olheiras por

preocupação.

Antes de sair pela porta, Katherine sussurrou, de modo que apenas eu ouvisse.

- Tem algo errado aqui John, e você sabe disso!

Eu apenas me virei e fui para meu quarto. Matheus estava dormindo, como

sempre com livros de Psicologia sobre seu rosto.

Me deitei e pude logo sentir que a escuridão do quarto me invadia após

apagar-se a luz do abajur.

Meus pensamentos se escureceram, e eu pude sentir o frio da morte, ele me

consumiu, mas não por completo. Oque mantinha minha Fé, era acreditar que

aquilo não era uma paranoia, mas que algo estranha estava acontecendo, e

algo pior estava para acontecer.