paul ferrini - mini gospel

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“O livro mais importante que já li. Eu o estudo como uma Bíblia!” Elisabeth Kübler–Ross O Evangelho segundo Jesus Um Novo Testamento para Nosso Tempo .

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Page 1: Paul Ferrini - Mini Gospel

“O livro mais importante que já li. Eu o estudo como uma Bíblia!” Elisabeth Kübler–Ross

O

Evangelhosegundo

JesusUm Novo Testamento para Nosso Tempo

.

If you know me in your heart, you will embody

my teaching with an inner certainty. You will know

that love is the only answer to your problems.

When you give love you cannot help but receive it.

Indeed, the more you give, the more you receive.

There is no deficiency of love in the world.

Love lives in the heart of every human being.

If it is trusted, it has the power to uplift consciousness

and change the conditions under which you live.

Love is ultimate reality. It is both the beginning

and the end, the alpha and the omega. It rests

in itself, emanates from itself and returns to itself.

Whether rising or falling, waxing or waning,

ebbing or flowing, it never loses touch with what it is.

I may not be present now in a body, but I am present

in your love. When you find the love in your heart,

you know that I am with you. It is that simple.

O E

va

ng

el

ho

se

gu

nd

o Je

su

s

Spirituality $25.00

Page 2: Paul Ferrini - Mini Gospel

Copyright 1994, 1996, 1997, 1998 e 2009. Todos os direitos reservados para Paul Ferrini, inclusive o direito de reprodução no todo ou em parte, por qualquer meio ou modo.

Este Mini-Ebook contém cerca de 15% do texto completo do livro “O Evangelho segundo Jesus”, escrito por Paul Ferrini, e oferecido gratuitamente, bastando apenas que você se registre em nosso site.

Caso queira que um amigo receba gratuitamente uma cópia deste Mini-Ebook, clique aqui para o devido registro. Certifique-se de clicar na opção para a versão em português.

Publicado pela Heartways Press, Inc.9 Phillips Street, Greenfield, MA 01301413-774-9474 [email protected] www.paulferrini.com

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O

Evangelhosegundo

JesusUm Novo Testamento para Nosso Tempo

(Versão Mini-Ebook)

Paul Ferrini .

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Palavras e conceitos não podem abrir o seu coração.

Apenas o amor podeabrir o seu coração.

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Introdução“Meu ensinamento é de amor, não de medo.” Jesus

A maior parte dos meus ensinamentos chegou até você intacta. No entanto, há erros e distorções que precisam ser corrigidos. Meu ensinamento é de amor, não de medo. A linguagem do medo não pode ser utilizada em nenhum testamento que venha de mim.

Não se sinta surpreso se alguns—até aqueles tão sábios quanto os meus apóstolo—o levarem a acreditar em um Deus vingativo que o pune por seus pecados. Eu lhe asseguro que eles estão enganados. Nosso Deus não é um Deus rancoroso, mas um Deus compassivo que o ajuda a encontrar o perdão tanto para os seus próprios erros quanto para os dos outros. Por meio do aprendizado da compaixão e da prática do perdão, você atravessa seu medo, corrige seus erros e abre mão dos seus julgamentos. Gradualmente, sua vergonha é lavada em um batismo de aceitação e de amor.

Por favor, apenas faça a sua parte. Peça perdão a todos a quem você tenha de alguma forma prejudicado, seja em pensamento, palavra ou ação, estenda o seu perdão para quantos o peçam e esteja também disposto a perdoar a si mesmo. Deus fará o restante.

Todos vocês vieram aqui para aprender a amar sem

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condições. Quando você se ama incondicionalmente, torna-se fácil amar os outros. Quando você consegue aceitar os outros com todas as suas falhas, torna-se fácil aceitar as suas próprias.

Aqueles que compreendem e interpretam equivocada-mente as minhas palavras tenderiam a me colocar acima de você. Por favor, não faça isso. Todo aquele que me coloca em um pedestal também me coloca na cruz, pois não pode haver uma coisa sem a outra. Portanto, não se refira a mim ou a quem quer que seja como sendo inferior ou superior a você, pois fazer isso é criar o único pecado contra o filho do Homem.

Eu ensino e sempre ensinei a Lei Espiritual da Igualdade. Aceite este ensinamento e tudo aquilo que separa você dos outros se desvanecerá; você descansará no Coração de Deus, onde todos os seres são igualmente amados e abençoados.

Eu não ensino uma coisa para uma pessoa e algo dife-rente para outra. Meu ensinamento é o mesmo para todos. Portanto, pense bem quando alguém lhe pedir para, em meu nome, julgar, acusar, difamar, enganar, prejudicar ou rejeitar qualquer dos seus irmãos. Eu lhe digo que isso é uma blasfêmia, o avesso da verdade, e que só pode levar ao sofrimento.

Eu lhe disse uma vez, e lhe digo novamente, todos são bem-vindos à minha casa: ricos e pobres, negros e brancos, homossexuais e heterossexuais, homens e mulheres, crianças e idosos, altos e baixos, magros e gordos, sadios e doentes, fisicamente capazes e deficientes.

Não tenho um templo para aqueles que vivem em suas mentes e outro para os que vivem em seus corações. Tenho um templo para todos e as portas desse templo estão sempre abertas para qualquer um que queira entrar. Todo aquele que fecha a porta ou bloqueia o caminho de qualquer irmão

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usa meu nome em vão e distorce meu ensinamento.Não dê atenção às palavras de tal pessoa, mas observe suas

ações a fim de verificar se são consistentes com o que diz. Como eu já lhe disse, seja prudente e examine a árvore antes de comer o fruto que pende de seus galhos.

A porta do meu templo e a porta do meu coração estão sempre abertas para você, querido irmão. Na verdade, eu o acolho assim que ouço seus passos se aproximando. Se eu tanto o honro e lhe quero bem, como poderia nosso Deus, que é tão maior do que eu, agir de outro modo? Não, meus amigos, o amor de Deus por você é mais profundo do que qualquer amor que jamais venha a conhecer. Até mesmo o meu amor por você empalidece se comparado com o Dele.

Ambos somos filhos de um Deus que nos ama, disso você pode ter certeza. Tudo o que Deus me deu lhe será dado quando estiver preparado para recebê-lo. Por isso, não importa de que mãos você receba a Dádiva, pois todos aqueles que O servem compartilham o Seu amor por você e lhe estendem a Sua benção, agora e para todo o sempre.

Não se desespere, querido irmão. Abra o seu coração e sinta o meu Amor por você. Segure a minha mão sempre que precisar. Apesar de às vezes parecer que você caminha só, nessa trilha, saiba que estarei ao seu lado toda vez que me chamar.

Que Deus lhe propicie uma jornada rápida e sem obstáculos. Logo você estará em Casa. Até lá, saiba que estarei guardando o seu lugar.

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caPÍtulO i

Meus EnsinamentosPalavras e conceitos não podem abrir o seu coração.

Apenas o amor pode abrir o seu coração.

Passaram-se cerca de 2000 anos desde o meu nascimento. E meus ensinamentos, que já foram como uma impetuosa torrente, agora se reduziram a escassos pingos d’água. Você racionalizou minha figura e me colocou onde achou fosse meu lugar—um lugar talvez enaltecido—mas um lugar distante. Colocou-me acima de si mesmo, de onde não tenho como contestá-lo. Ao fazer de mim uma divindade, filho único de Deus, você se exime de ter que viver de acordo com o meu exemplo. Entretanto, meu exemplo é o cerne do meu ensina-mento. Se você não procura ter-me como modelo, qual é o sentido da sua crença em mim?

Meu ensinamento não é intelectual. É prático. “Ame ao seu próximo” não é um conceito abstrato, mas uma ideia simples e instigante que o convida à prática. Eu não o convidei para uma tarde de discursos e questionamentos, não lhe pedi para professar ou debater as escrituras. Pedi-lhe para fazer o que você acha tão difícil fazer: ir além do seu limitado conceito sobre seu próprio ser. Qualquer uma

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das práticas que lhe ensinei o manterá ocupado pelo resto da sua vida. Embora meus ensinamentos sejam simples de compreender, o desafio está na sua prática.

Se eu morri por seus pecados, então nada mais resta para você fazer. Por que então não ascender ao céu pela força da sua fé em mim?

Eu lhe direi o porquê: porque, apesar da sua crença, você não está feliz, não está em paz. Você me colocou acima de si, de onde não posso tocá-lo.

Tire-me do pedestal, meu irmão, e coloque-me ao seu lado, onde é o meu lugar. Somos absoluta e incondicional-mente iguais. O que eu fiz você também fará, e mais. Você não será salvo pelos meus pensamentos e ações, mas pelos seus próprios. A não ser que você se torne o Cristo, a paz não reinará no mundo. Se você me vir como rei, então você mesmo terá que ser rei.

Não ponha essa distância entre nós, pois não sou diferente de você. Quem quer que você seja—mendigo ou ladrão, homem santo ou rei—isso também sou. Não há pedestal ao qual eu não tenha sido elevado, tampouco sarjeta na qual eu não tenha sido atirado. É tão somente por eu ter provado a essência tanto da alegria quanto da dor que posso adentrar as portas da compaixão.

Nasci de uma mulher simples, em um estábulo. Ela não era mais virgem do que a sua mãe. Você a faz especial pelo mesmo motivo pelo qual o faz a mim—para pôr distância entre nós, e assim poder alegar que o que fiz você não pode fazer.

Se minha vida tem algum significado para você, deveria saber que não reclamo um lugar especial. Nem Maria, nem eu, somos mais espiritualizados do que você. Somos iguais a você em todos os sentidos. Sua dor é nossa dor; sua alegria, nossa alegria. Se isto não fosse verdade, não poderíamos vir para ensinar.

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Não nos mantenha à distância. Acolha-nos como seus semelhantes. Maria poderia ter sido sua mãe. Eu poderia ter sido seu filho.

AÇÕES, NÃO PALAVRAS

A linguagem do amor não é uma linguagem de palavras.

Qualquer um que pratique ser amoroso retorna ao Lar Divino. Não importa que caminho tome ou como o chame.

Nenhum caminho é melhor do que qualquer outro. Você não chegará ao Lar mais rapidamente por acreditar em mim, do que o fará se acreditar em Krishna ou Buda. Os que, homem ou mulher, amarem mais, farão progresso maior. Esta é a simples verdade.

Religiões, seitas, dogmas nada são além de obstáculos na jornada de volta ao Lar. Quem quer que pense possuir a única verdade constrói sua casa sobre areia movediça. Não demorará muito para descobrir que seu orgulho, visão estreita e intolerância em relação aos outros foram a causa do seu fracasso.

Se você é uma pessoa amorosa, o que importa se é judeu, muçulmano ou taoista? O amor se expressa independente-mente daquilo em que você acredite. A linguagem do amor não é uma linguagem de palavras. Umas poucas e simples palavras e um gesto que parte do coração são suficientes para transmitir seu amor e sua aceitação em relação a outrem.

Palavras e conceitos não irão abrir seu coração. Somente o amor pode abrir seu coração. Pratique meu ensinamento de amor e perdão. Pratique dar e receber amor em todos os aspectos de sua vida: em sua família, com seus amigos, em sua comunidade, mesmo com estranhos.

Não permita que as diferenças entre suas crenças, sua

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cultura, ou a cor de sua pele o mantenham à parte dos outros, pois estas coisas são apenas o manto exterior que cobre a verdade de quem você é. Se você quer conhecer a verdade, tem que aprender a olhar além das aparências, a olhar não apenas com os olhos, mas com o seu coração. Ao fazer isso, verá não um adversário, mas um irmão, uma irmã, um amigo.

Ao olhar com o coração, você sente a dor e a confusão do seu amigo. Sente compaixão pela experiência universal do sofrimento que ambos partilham. Dessa compaixão, o amor brota—não o amor que quer corrigir ou mudar os outros—mas o amor que aceita, afirma, se estende, acolhe e confere poder aos outros.

O amor é a única porta para uma vida espiritual. Sem amor, há apenas dogmas e crenças rígidas que inspiram medo. Sem amor, não há compaixão ou caridade. Aqueles que julgam os outros, pregam para eles e procuram salvá-los estão apenas projetando o seu próprio medo e a sua inad-equação. Usam as palavras da religião como um substitutivo para o amor que são incapazes de dar ou receber. Muitos dentre os mais desamparados e carentes de amor vivem na sombra do púlpito e sobem os degraus do julgamento a cada domingo para espalhar a mensagem do seu próprio medo. Não os julgue, pois essa é a sua maneira dolorosa de clamar por amor. Mas não aceite a culpa que eles venham colocar aos seus pés, pois esta não lhe pertence.

Os que vivem uma vida espiritual autêntica—indepen-dentemente da tradição que sigam—centram-se em seu amor por Deus e por seus companheiros de jornada. Quando se encontram, manifestam apenas bons votos e elogios uns aos outros. Para eles, rótulos nada significam. Para aqueles que praticam sua fé, Deus é o único Rei dos Reis, e homens e mulheres, não importa em que acreditem, são absoluta e

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incondicionalmente iguais. Todos são igualmente amados e valorizados por Deus. Não há párias nem pagãos.

Eu já o disse antes, e o direi novamente: dogma religioso, farisaísmo e falso orgulho criam divisão, exclusão e alien-ação. São instrumentos do julgamento, não do amor.

Meus discípulos aprendem a olhar, de coração e mente abertos, para tudo o que ocorre em volta. Eles estão cada vez mais dispostos a abrir mão de suas crenças limitantes e de seus preconceitos. Abstêm-se de condenar a si mesmos ou aos outros pelos erros que cometam, mas procuram aprender a partir desses erros, de modo a não repeti-los.

Meus discípulos tornam-se a cada dia mais respeitosos e íntimos em seus relacionamentos diários com Deus. Eles aprendem a permitir que o Deus interior os guie pelo caminho de suas vidas. O pensar em mim e o estar atento ao meu exemplo os ajudam a assim proceder.

O caminho que eu lhe preparei é um caminho aberto a todos. Qualquer um que queira poderá segui-lo. Não há pré-requisitos necessários, batismos, confissões ou comun-hões. Nada exterior poderá impedi-lo de acolher o meu ensinamento.

Mas isto não significa que você estará pronto para percorrer esse caminho. Se você ainda estiver apegado a dogmas ou credos, não conseguirá dar o primeiro passo. Se estiver convencido de que você ou outrem seja mau ou culpado, não poderá seguir adiante. Se acredita já ter as respostas, poderá começar a caminhar, mas estará em um caminho diferente.

Meu caminho está aberto a todos, porém poucos o seguirão. Poucos estão dispostos a abrir mão do que acreditam saber a fim de aprender o que ainda não sabem. Assim foi quando eu percorri este caminho pela primeira vez, e assim é hoje. Muitos são os chamados, mas poucos respondem ao chamado.

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QUEM SÃO OS MEUS DISCÍPULOS?

Por ensinar o amor, eles estão repletos de paz.

Um ensinamento vive apenas na medida em que as pessoas o compreendam e o vivam. É como uma composição musical que só ganha vida quando alguém a executa.

Meus discípulos praticam o amor e o perdão todos os dias. Não são perfeitos em sua prática, mas são sinceros. Cometem erros, vem a reconhecê-los e se empenham em aprender com eles.

Meus discípulos são sábios, mas não alardeiam sua sabedoria. Não procuram atrair a atenção para si mesmos; ao contrário, dedicam-se a fortalecer os outros em seus pensamentos, palavras e ações.

Meus discípulos não colocam obstáculos no caminho daqueles que procuram entrar no caminho da verdade. Eles mantêm a porta aberta a todos os que estejam prontos para passar por ela. Vivem o amor que pregam, dando forma ao ensinamento.

Meus discípulos sabem que eu não vim para morrer por seus pecados. Sabem que vim para chamá-los de volta à sua inocência e para encontrar essa inocência nos demais. Meus discípulos veem a luz em cada alma. Não se focalizam na escuridão, pois sabem que a escuridão, na verdade, não é real. Focalizam-se na bondade interior de todos os seres, pois o mal nada mais é do que a ausência de algo que nunca pode ser totalmente excluído.

Meus discípulos não se detêm no que está faltando ou precisa ser corrigido. Concentram-se no que está sempre presente e nunca pode ser excluído, no que é certo e no que é bom. Eles não procuram fraquezas e, portanto, inspiram força; não procuram feridas e, portanto, ajudam as pessoas a encontrar sua gratidão.

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Meus discípulos sabem que todo ato de crueldade que uma pessoa venha infligir a outra se deve a uma falta apar-ente de amor na vida dessa pessoa. Quem ataca a outrem o faz por não saber que é amado.

Meus discípulos ensinam o amor, amando e aceitando os outros como eles são. Em todas as suas ações, ensinam aos demais serem eles merecedores de amor. Por ensinar o amor, estão repletos de paz. E quanto mais paz sentem, mais amorosos podem ser.

Meus discípulos sabem que as pessoas frequentemente esquecem a verdade sobre si mesmas. Elas se perdem em seus papéis e suas responsabilidades. Não dão a devida importância umas às outras e se esquecem de abrir os seus corações. Eles não as recriminam por tal esquecimento. Apenas lhes lembram, gentil e repetidamente, serem elas capazes de dar e receber amor.

Meus discípulos reforçam o bom e o verdadeiro, deixando a ilusão e a falsidade dissolverem-se por si mesmas. Não repreendem as pessoas por cometer erros, pois isso apenas reforçaria o seu sentimento de culpa. Em vez disso, as elogiam por sua disposição de aprender e crescer a partir dos erros que cometem.

UM ENSINAMENTO DE IGUALDADE

Eu o desafio a aceitar como criança de Deus a cada pessoa que venha a encontrar.

O meu ensinamento é de igualdade absoluta e incondi-cional. Eu o convoco a se tornar a personificação do amor, do não-julgamento e da compaixão. Eu o desafio a aceitar cada pessoa que venha a encontrar como uma criança de Deus, não menos perfeita do que você ou eu o somos.

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Desafio-o a dar aos outros o amor e a liberdade que Deus lhe deu.

Se você quer se tornar um veículo para o amor, precisa praticar tanto o dar quanto o receber, guiar e ser guiado, falar e ouvir, agir e abster-se de ação. Ao aceitar as polari-dades inerentes à sua experiência, integrando-as e dando-se conta de sua própria totalidade, o amor fluirá naturalmente de você e para você.

Você é uma criança de Deus, assim como eu. Sendo um homem, deve espelhar-se no pai e acolher as qualidades da mãe. Sendo uma mulher, deve espelhar-se na mãe e acolher as qualidades do pai. Assim como Deus não é nem masculino, nem feminino, mas ambos, você também é uma síntese de qualidades masculinas e femininas dentro de um veículo particular dotado de corpo e mente.

No meu ensinamento, as mulheres estão em uma posição de igualdade. Aqueles que negam às mulheres o seu lugar de direito no meu templo, distorcem e desfiguram o meu ensin-amento. Todos—homossexuais, negros, asiáticos, hispânicos, fundamentalistas, budistas, judeus e outros grupos—têm um lugar na comunidade da fé. Todos são bem-vindos; ninguém pode ser excluído. E todos os que participam da comunidade devem ter a oportunidade de servir em posições de liderança.

Meu ensinamento nunca foi hierárquico ou restrito a alguns apenas. Tampouco pode ser usado para justificar qualquer forma de discriminação, desigualdade ou injustiça. Aqueles dentre vocês que procuram usar meu ensinamento desse modo estão distorcendo-o e utilizando-o incorreta-mente. O local de culto tem sido transformado em uma prisão de medo e culpa. É tempo de se arrependerem de seus atos e palavras cruéis. É tempo de transformarem seu relacionamento com aqueles a quem tenham prejudicado ou julgado de modo desleal.

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Seus erros não o condenam, a não ser que você insista em apegar-se a eles. Solte-os. Você tem a capacidade de crescer e de mudar. Você pode ser mais sábio do que já o foi. Pode deixar de ser um porta-voz do medo e se tornar um arauto do perdão e do amor.

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caPÍtulO ii

A Questão CentralVocê utiliza todos em sua experiência como um espelho

para lhe mostrar o que acredita sobre si mesmo.

Como todos os seus irmãos e irmãs, você sofre de um senso básico de inadequação e de desmerecimento. Percebe que cometeu erros terríveis que mais cedo ou mais tarde o alcan-çarão. Supõe que será punido pelos seus pecados e aguarda o inevitável.

Essas questões não resolvidas referentes ao seu próprio valor são as condições da sua encarnação. Em outras palavras, você está aqui para resolver essas questões. Você escolheu seus pais para exacerbar a sua vergonha, de modo a poder tornar-se consciente dela. Portanto, culpá-los pelos seus problemas não o ajudará a remover as condições que você impôs ao amor.

Procurar alguém especial para prover o amor que seus pais não puderam lhe oferecer tampouco ajudará. Não se surpreenda se o parceiro que escolher for a personificação perfeita de um de seus pais, aquele em relação ao qual você mais necessita curar-se. Sua vida está estruturada de tal modo que você irá deparar-se com as suas feridas interiores.

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Pais, cônjuges e filhos estão aqui para ajudá-lo a olhar para a sua necessidade de cura e você desempenha a mesma função na vida deles.

A busca por amor incondicional em um mundo que impõe condições inevitavelmente está predestinada ao fracasso. Uma vez que todos os seus irmãos estão agindo a partir de padrões baseados na vergonha, eles não podem oferecer-lhe o amor que você sabe merecer e tampouco você pode oferecê-lo a eles. O melhor que cada um pode fazer é conscientizar-se da necessidade do amor e começar a assumir a responsabilidade de dá-lo a si mesmo.

Se não assumir a responsabilidade de levar amor para as suas próprias feridas, você não escapará do círculo vicioso da culpa e da vergonha. Seus sentimentos de raiva, dor e traição, aparentemente justificados, apenas alimentam o fogo do conflito interpessoal e continuam a reforçar a sua crença inconsciente de que você não merece ser amado.

Você precisa aprender a ver a extensão do seu ódio por si mesmo. Enquanto não se olhar no espelho e vir as suas próprias crenças lá refletidas, você estará usando cada irmão, na sua experiência, como um espelho a lhe mostrar o que você acredita sobre si mesmo. Conquanto essa prática possa, ao final, levar à conscientização desse padrão, ela não é o caminho mais curto ou mais fácil de volta ao Lar, já que sempre há a tendência de achar que aquilo que você vê seja a lição de outrem.

Se quiser sair da psicologia viciosa do mundo, você terá que parar com esse jogo de projeção. Isso, de fato, é irônico mas, no mesmo momento em que você proclama a sua inocência às custas do seu irmão, também reforça a sua inconsciente vergonha e inferioridade.

Não há nenhuma maneira de evitar o círculo da culpa a não ser parando de culpar. Porém, esteja preparado. Se

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sair do ciclo do sofrimento, você poderá descobrir que não é muito popular. Aqueles que não aderem ao jogo universal da projeção são os primeiros a ser atacados. Se você aprendeu alguma coisa a partir da minha vida, deveria ter aprendido isso.

A FUTILIDADE DA PUNIÇÃO

Você não pode amar de uma maneira não amorosa. Você não pode estar certo e atacar o que está errado.

Na sociedade humana existe o certo e o errado. Aqueles que fazem a coisa certa são recompensados e os que fazem a coisa errada são punidos. Isso sempre foi assim.

Meus ensinamentos atentam contra essa suposição básica. No nível mais superficial, desafiam a ideia de que os erros deveriam ser punidos. Diante do apelo para a retribuição, eu me levantei e continuarei a me levantar em prol do perdão.

Em um nível mais profundo, meus ensinamentos desafiam a própria ideia de que alguém deveria ser conde-nado em razão do seu comportamento. Se alguém age de maneira errada, é porque alimenta pensamentos falsos. Se ele puder perceber a falácia no seu modo de pensar então poderá mudar o seu comportamento. E é do interesse da sociedade ajudá-lo a fazer isso. Mas se a punição for aplicada, suas ideias falsas serão reforçadas e a elas será adicionada a culpa.

Você ouviu a expressão “dois errados não fazem um certo”. Essa é a essência do meu ensinamento. Tudo o que é errado deve ser corrigido da maneira adequada. Caso contrário, a correção torna-se ataque.

Procurar derrotar ou rebater uma ideia falsa só vem a reforçá-la. Essa é a via da violência. Meu caminho, ao

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contrário, é o da não-violência. Ele aponta para a resposta na maneira de abordar o problema. Ele leva amor—e não ataque—àqueles que sentem dor. Os seus meios são consis-tentes com os seus fins.

Fazer o errado é ensinar a culpa e perpetuar a crença de que a dor e o sofrimento são necessários. Fazer o certo é ensinar o amor e demonstrar o seu poder de superar todo sofrimento. Dito simplesmente, você nunca está certo ao fazer o errado ou errado ao fazer o certo. Para estar certo, faça o certo.

Você não pode amar de uma maneira não amorosa. Não pode estar certo e atacar o que esteja errado. Erros devem ser desfeitos. E uma vez que na raiz de todo erro está o medo, somente o desfazimento do medo trará a correção.

O amor é a única solução que desfaz o medo. Se você não acredita nisso, tente. Ame a qualquer pessoa ou situação que evoque medo em você e ele desaparecerá. Isto é verdadeiro, nem tanto por ser o amor o antídoto do medo, mas porque o medo é a “ausência do amor”. Portanto, ele não pode existir se o amor estiver presente.

AMOR SEM CONDIÇÕES

Aquele que ama sem condições não impõe limites à sua liberdade ou à de outrem.

Você aprendeu amor condicional com aqueles cujo amor por você estava comprometido pelos seus próprios senti-mentos de culpa e medo. Eles têm sido seus modelos de comportamento. Você não tem que se envergonhar disso, precisa apenas estar consciente deste fato.

Desde a sua infância, você foi condicionado a se valo-rizar somente quando as pessoas reagiam positivamente

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em relação a você. Aprendeu que o seu próprio valor era estabelecido a partir do exterior. Esse erro fundamental perpetuou-se ao longo da sua vida.

A experiência dos seus pais não foi diferente da sua e a dos seus filhos poderá ser semelhante. Todos vocês precisam curar-se das mesmas feridas. Todas as transgressões e abusos devem ser trazidos à mente consciente e as emoções a elas associadas devem ser liberadas. Esta é a maneira pela qual todos os seres feridos avançam da experiência do amor condicional para a experiência do amor sem condições.

No processo da cura, você aprende a dar a si mesmo o amor incondicional que nunca recebeu dos seus pais biológicos. Neste processo, cria uma nova relação parental, não com outras figuras de autoridade, mas com a Fonte do Amor dentro de si.

Ao aprender a dar amor à criança ferida no seu interior, inicia-se o processo de reverter a sua crença de que o seu próprio valor tem que se basear em como os outros reagem em relação a você. Aos poucos você aprende a valorizar-se assim como é, aqui e agora, sem condições. Ninguém mais pode fazer isso por você. As pessoas podem assisti-lo e encorajá-lo, mas ninguém pode ensiná-lo a amar a si mesmo. Essa é a tarefa de cada um.

Cada alma ingressa na experiência física com a intenção de enfrentar essas questões de autovalorização. Porém, logo no início da sua jornada, certas condições são postas no que concerne à sua habilidade natural de amar e incluir outros na sua experiência.

É essencial reverter tais condições. Se a alma deixa o mundo físico acreditando ser a vitima da sua experiência aqui, será trazida de volta para desaprender essa crença. Entretanto, se a alma desperta para a verdade de que o seu

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valor não depende de nada nem de ninguém fora da sua mente ou experiência, ela se ancorará na Fonte do Amor e despertará do sonho do abuso.

Despertar do abuso significa rejeitar a falsa crença de que você não pode ser amado assim como é e aprender a levar amor àquelas partes de si que não se sentem amadas ou valorizadas. Ao fazer isso, você atrai para a sua vida aqueles que são capazes de amá-lo sem condições.

Sua tentativa de encontrar amor fora de si mesmo sempre falha porque você não pode receber de outrem algo que não tenha dado a si próprio. Ao negar-se a dar amor a si mesmo, você atrai para a sua vida pessoas que fazem o mesmo.

A experiência do amor incondicional começa no seu coração e não no de outrem. Não condicione a sua habili-dade de amar a si mesmo à habilidade de outrem amá-lo. Não coloque a sua fé nas condições que cercam o amor ou na forma em que este se apresenta, pois estas são imperma-nentes e sujeitas às vicissitudes do dia a dia.

O amor verdadeiro não muda. Existe independentemente da forma pela qual se expressa. A Fonte desse Amor eterno, onipresente e sem forma está no seu interior. Eis onde a sua fé deve ser colocada, pois este Amor é tão real quanto qualquer outra coisa que você possa vir a conhecer. Uma vez que isto esteja firmemente estabelecido no seu coração, você jamais terá que buscar por felicidade fora de si mesmo.

As pessoas entrarão e sairão da sua vida. Algumas o tratarão bem; outras o tratarão de modo rude ou cruel. Você aceitará o amor que lhe é oferecido e perceberá a falta de amor pelo que ela é: um apelo por ajuda por parte de alguém que está sofrendo. Você encorajará outros a encon-trar a Fonte do Amor em si mesmos, assim como você o fez, com a plena consciência de que não pode resolver os

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pequenos problemas deles. A tragédia de suas vidas somente pode ser abordada pela disposição de olhar para o interior de seus próprios corações e mentes.

Aquele que ama sem condições não põe limites à sua liberdade nem à de quem quer que seja. Não procura reter o amor, pois retê-lo é perdê-lo. O amor é uma dádiva que precisa ser constantemente oferecida, na medida em que cada situação a requer. E o doador sempre sabe quando e para quem a dádiva deve ser dada.

Não há nada complicado em relação ao ato de amor. Torna-se complicado apenas quando alguém o retém, mas então deixa de ser amor o que se oferece.

Aquele que ama incondicionalmente não ama com quais-quer amarras nem mede seu amor. Não procura por alguém especial para amar. Ama a todos os que estão diante de si. Ninguém é mais nem menos merecedor do seu amor do que qualquer outro. Este é o tipo de amor que eu lhe ofereço e que peço que estenda aos demais.

O amor não faz reféns, nem negociações. Não é compro-metido pelo medo. De fato, onde o amor se faz presente, o medo, com todas as suas miríades de condições, não pode existir.

ABRINDO A PORTA

Eu sou a porta do amor sem condições. Ao atravessá-la, você também se tornará a porta.

Para focar a atenção em qualquer pessoa ou situação, você não pode ter uma escala própria de interesses. Se tem expectativas em relação a si mesmo, a outrem ou à situação em geral, você não pode estar plenamente atento àquele momento.

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Sua habilidade para estar atento depende de ter uma mente aberta, uma mente que seja livre de julgamentos e livre de expectativas; depende de ter um coração aberto, um coração repleto de compaixão por si mesmo e pelos outros. Isso significa que você vê e trata os outros como iguais a si próprio e compreende que o seu bem-estar e o deles são um e o mesmo.

Uma mente e um coração abertos abrem a porta para o amor. Mas esta é uma porta que se abre e se fecha. Quando se fecha, é preciso ser paciente e estar pronto a perdoar, ou a porta não se abrirá novamente.

É preciso não só sentir a presença do amor, mas também a sua ausência. Ao sentir a sua ausência, aprende-se a ouvir e a abrandar o coração. Ao se sentir separado dos outros, aprende-se a olhar para os julgamentos sutis que estão sendo feitos. A transformação do julgamento em aceitação, da separação em empatia, é a essência da cura.

Ser um curador significa aceitar a sua capacidade natural de ser livre de conflitos, livre de culpa, livre de julgamentos ou acusações. Se aceitar esta capacidade dentro de si mesmo, você produzirá milagres em sua vida, assim como eu o fiz.

A cura não é apenas possível, ela é necessária. Cada um de vocês é um curador dos danos e das injustiças que em si percebe, e uma testemunha do poder do milagre. A cura é o seu único propósito aqui. Quanto antes você se der conta disso, tanto melhor.

Lembre-se, por favor, de que toda prática espiritual autêntica começa com o cultivar o amor por si mesmo e o trabalhar a autoaceitação. Não tente amar outras pessoas antes de aprender a se amar. Você não conseguirá.

Seja paciente e compassivo consigo mesmo. Dê pequenos passos. Comece curando os seus próprios pensamentos e sentimentos. Toda vez que você curar um pensamento

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julgador ou um sentimento de separação, isso será perce-bido por todas as mentes e corações do universo. Sua cura não pertence apenas a você, mas a todos os seres.

Ao você acessar a paz, a paz do mundo torna-se iman-ente. Se há uma responsabilidade sua para com os outros, é somente esta: que você traga paz ao seu coração e à sua mente.

Um coração e uma mente abertos são a porta que se abre à presença do amor. Mesmo quando a porta está fechada, o amor o convida a abri-la. Mesmo quando você julga e se sente separado de outrem, ele o chama desde o seu interior.

Eu lhe disse que, não importa quantas vezes você se tenha recusado a entrar no santuário, basta você bater e a porta se abrirá. Eu lhe disse “peça, e lhe será dado”, mas você se recusa a acreditar em mim. Você acha que alguém está contando os seus pecados, os seus momentos de indecisão ou de obstinação, mas isso não é verdade. Você é o único que está contando.

Eu lhe digo, irmão, “pare de contar, pare de criar desculpas, pare de fingir que a porta está trancada. Eu estou aqui na entrada. Segure a minha mão; nós abriremos a porta e entraremos juntos”.

Eu sou a porta do amor sem condições. Ao atravessá-la, você também se tornará a porta.

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caPÍtulO iii

IntegridadeO oleiro não se define pelo barro,

e sim pelo que ele escolhe fazer com o barro.

Integridade é definida como a “qualidade ou estado de ser completo ou indiviso”. Enquanto vocês aspiram por integ-ridade, muitos dentre vocês não se sentem nem completos, nem indivisos. Sentem-se desencorajados quando olham para dentro de si, e a sua procura pela felicidade através dos outros exacerba as suas mais profundas feridas.

Não há soluções mágicas para esta situação. É a matéria-prima da vida que lhe foi dada para moldar e transformar em uma obra de arte.

O barro é moldado pela sua vontade de permanecer no seu processo. Na sua luta e na sua entrega, o barro toma forma. A obra de arte é oferecida, desfeita e novamente oferecida. Em determinado ponto, você sabe que o trabalho está terminado e que você não tem mais como aperfeiçoá-lo. Então o deixa de lado e prossegue em sua jornada e, antes que você se dê conta, mais barro é colocado em suas mãos. Ele tem uma consistência diferente, um potencial diferente e traz novos desafios.

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Integridade é um dom universal. Todos o possuem. É inerente ao próprio barro. O que quer que você se dedique a construir em sua vida manter-se-á de pé. Estará lá, para você refletir a respeito e para que os outros o vejam.

Você pode escolher deixar sua obra em pé ou despedaçá-la. A escolha é sua. Outros talvez a olhem assombrados e a censurem. É escolha deles. Nada disso significa coisa alguma.

Não há “certo” ou “errado” nesse processo. Você não pode dizer que o que uma pessoa constrói em sua vida é menos valioso do que o que outra pessoa constrói. Na verdade, só pode dizer que prefere o que uma pessoa construiu ao que a outra construiu.

Integridade não é algo que você precisa adquirir. Está na essência de quem você é. Não há ninguém aqui que não tenha integridade, assim como não há ninguém aqui que não mereça amor.

É claro que há muitas pessoas que não acreditam possuir integridade. Elas têm o lamentável hábito de tentar encon-trar a sua totalidade por meio do ato de exigir dos outros tempo, atenção ou bens. Essas pessoas não são más, estão apenas confusas. Elas não sabem que suas vidas são uma obra de arte; não sabem que são mestres da escultura e acreditam ter uma péssima mão.

Um dia elas dar-se-ão conta de possuir uma mão perfeita. Daí começarão a trabalhar consciente e energicamente. Até lá, desempenharão o papel de vítimas. Atuarão como se estivessem em pedaços, doentes e fragmentadas.

Uma pessoa confinada a uma cadeira de rodas talvez não se sinta inteira, mas não tem menos integridade do que qualquer outra. Não lhe foi dado um barro inferior. Não há acidentes nesta vida. Ninguém recebeu o barro destinado a outrem.

Não se trata de um problema existencial. A integridade está

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presente em cada um. O problema é você acreditar que não é inteiro; acreditar que precisa ser consertado ou que pode consertar outrem. Sente um falso senso de responsabilidade em relação aos outros e não assume a devida responsabilidade para consigo mesmo. Você é impelido pelo desejo, pela ganância, pela culpa e pelo medo. Ataca, se defende e então tenta reparar os danos. Obviamente, isso não funciona.

Na verdade, nada está quebrado e nada precisa ser consertado. Se você pudesse ancorar-se nessa consciência, todas as suas feridas se curariam por si mesmas. Milagres aconteceriam, pois a estrutura do ego que bloqueia o fluxo espontâneo da energia criativa se dissolveria.

Esse drama humano parece dizer respeito ao abuso mas, na verdade, trata-se de aprender a assumir responsabilidade. Todo sofrimento é uma construção temporária criada para o seu aprendizado. E todas as ferramentas de que precisa para pôr fim ao seu sofrimento encontram-se em suas mãos.

Quando vocês não estão se culpando uns aos outros por seus problemas, estão culpando Deus. Vocês acham que a sua infelicidade é culpa Dele. Vocês não gostam de ser postos à prova. Tampouco Jó o quis. Não é divertido ter as suas crenças mágicas destruídas.

Você precisa encarar o fato de que nenhuma mágica abrirá a porta da sua prisão. Não é assim que funciona. A liberdade é muito mais simples e disponível.

“Bem”, você pensa, “se ao menos eu tivesse um helicóptero ou um 747, poderia sair deste buraco!” Você não percebe quão absurdo isso soa.

Esqueça o 747, irmão, use apenas a escada.“Essa coisa velha e reles? Isso jamais poderia me tirar

daqui!”Você conhece o diálogo. Nós já tivemos essa conversa.Outros continuam a apontar para a escada, mas você

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insiste em olhar em outra direção. Você tem certo apego ao seu papel de vítima.

O problema é que a vítima nunca aceitará a escada. Nunca admitirá que dispõe das ferramentas necessárias para liberar-se do sofrimento. Pois tão logo admita possuir essas ferramentas, deixará de ser vítima. Ninguém mais sentirá pena dela. O jogo de agir como um criador incapacitado chegará ao fim.

Portanto, se quer descobrir a sua integridade, você precisa parar de se fingir de vítima. Precisa parar de fingir que não lhe foram dadas as ferramentas corretas. Precisa pegar o barro e trabalhá-lo.

Qualquer um que assim aja cessará de reclamar e prosse-guirá com a sua vida. Aprenderá a tomar conta de si e a dar espaço aos outros para tomarem conta de si mesmos. De fato, ele libera todo o senso de obrigação para com os outros e dos outros para com ele, de tal modo a estar livre para seguir os impulsos da sua mente e do seu coração. Para ele, não há pretextos e, portanto, não há necessidade de procrastinar. Nada o separa da sua alegria.

A sua vida é a obra de arte da qual se ocupa, assim como a abelha se ocupa em polinizar as flores. Se você fala com ele sobre sacrifício, ele ri e diz: “Trabalho que não traz alegria não realiza nada de valor no mundo”. E, é claro, ele estará certo.

Um artista não trabalha para outro a menos que esteja aprendendo algo de valor para o seu ofício. Quando deixa de aprender, ele busca outro mestre, ou começa a trabalhar por conta própria. Ninguém pode apartá-lo do seu ofício. Ninguém pode afastá-lo da sua própria vida, pois sua vida e seu trabalho são um.

Em um mundo onde todos são gênios, não há patrões, nem empregados. Há apenas mestres e alunos voluntari-amente associados.

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Se você não gosta de onde está, deve deixar esse local ou você não estará respeitando a si mesmo. Não se force a permanecer em um ambiente em que você se esquece de que é o criador da sua vida.

Eu lhe disse uma vez: “deixe as suas redes”. Não lute para ser merecedor quando já o é. Deixe aquele trabalho ou rela-cionamento no qual você não pode ser você mesmo. Deixe de lado a sua barganha neurótica por amor e aceitação. Avance através dos seus medos. Você nunca encontrará as suas asas enquanto não aprender a usar os seus braços e pernas. Não peça a Deus para fazer por você o que precisa aprender a fazer por si mesmo.

Para honrar a si mesmo, você não precisa encontrar erro em quem quer que seja. Faça apenas o que é bom para você e expresse a sua gratidão aos outros. Ao longo da sua caminhada, não se afaste dos outros de forma abrupta ou com raiva. Despeça-se e abençoe aquele com o qual você compartilhou a vida, bem como o lugar em que viveu. Ao abençoar o passado, torna-se livre para deixá-lo.

Você não pode “deixar as redes” e levar os peixes consigo. Em pouco tempo, os peixes apodrecerão e deixarão um horrível mau cheiro. Por milhas ao redor, as pessoas pres-sentirão a sua chegada: “o pescador vem vindo”. Seu passado caminha à sua frente, e esse não é o caminho para a liberdade.

Seja forte em suas convicções sobre a sua própria vida, mas seja gentil com os outros. Não julgue as necessidades deles apenas por não poder satisfazê-las. Seja honesto sobre o que você pode ou não fazer e deseje-lhes o bem. Lembre-se, aquele a quem rejeita o perseguirá. Somente a aceitação trará realização.

Você saberá no seu coração e na sua mente quando estiver pronto para deixar os emaranhados que criou na sua vida e

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seguir o caminho simples do amor e do perdão. Não haverá luta, nem questionamento.

Em sua clareza e generosidade, outros se descontrairão e o liberarão. E você os guardará em seu coração aonde quer que vá.

As únicas prisões do mundo são aquelas que você mesmo constrói. E somente aquele que ignora a sua própria geniali-dade poderia manter alguém refém contra a sua vontade. Lembre-se, caro irmão: para cada prisão que você cria em sua mente, há uma chave que destranca a porta. Se não consegue desfazer a prisão, ao menos reivindique a chave da porta.

Você não é vítima do mundo, mas aquele que tem a chave para a liberdade. Em seus olhos está a centelha da luz divina que conduz todos os seres para fora da escuridão do medo e da desconfiança. E em seu coração se encontra o amor que dá nascimento a todas as miríades de seres no universo. Sua essência é intacta, inteira, dinâmica e criativa. Ela tão somente espera por sua confiança.

CRIATIVIDADE E TRANSFORMAÇÃO

Quando uma pessoa parte para a individuação, ela dá a todos permissão para fazer o mesmo.

Seu comprometimento em expressar o seu dom transfor-mará a sua vida. Todas as estruturas que limitam a sua vida começam a ruir tão logo você se compromete interiormente consigo mesmo. Tentar mudar essas estruturas a partir do exterior é fútil, pois não é assim que a mudança ocorre.

A mudança ocorre de dentro para fora. Quando você abraça o seu dom e avança através do seu medo de expressá-lo, estruturas velhas e antiquadas restam enfraquecidas. Sem

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receber nova energia de você, essas estruturas se dissolvem. Ao se dissolverem, abrem um espaço maior no interior da sua consciência para o dom ser reconhecido e afirmado e assim ser estimulada a sua expressão.

A sua situação no trabalho, a sua vida familiar, os seus padrões de sono e de alimentação, tudo começa a mudar quando você assume a tarefa de respeitar a si mesmo e de avançar em direção à sua alegria. Sem luta, você se libera de papéis e relacionamentos que não mais servem ao seu contínuo crescimento. Isso ocorre espontaneamente, não envolvendo qualquer obrigação ou transgressão.

Quando confrontados com o seu firme comprometi-mento consigo mesmo, os outros ou se juntam a você ou se afastam prontamente do seu caminho. Os espaços cinzentos criados por sua ambivalência—seu desejo de ter algo e, ao mesmo tempo, de abrir mão disso—se definem para “sim” ou “não”. A clareza emerge quando as nuvens do apego e da dúvida em relação a si mesmo são dissipadas pelo seu ser comprometido e radiante.

Quando uma pessoa parte para a individuação, ela dá permissão a todos para fazer o mesmo. Estruturas familiares disfuncionais se desfazem e novas estruturas que respeitam os indivíduos envolvidos são colocadas em seu lugar.

Isso é o que o comprometimento consigo mesmo produz. Ele destrói o desleixo, a codependência, as barganhas neuróticas por amor, o tédio, a apatia e o comportamento crítico. Libera cada indivíduo para ser ele mesmo e alinhar-se com os outros de uma forma mais honesta e autêntica.

A fidelidade a si mesmo e a vontade de viver o seu sonho fazem ruir toda a construção de medo que cerca cada pessoa. É simples assim. E tudo isso ocorre tão gentilmente quanto o primeiro “sim” dito no silêncio do coração.

Ninguém pode ser abandonado por seu “sim” a si mesmo.

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Se você pensa diversamente, criará uma prisão de medo e culpa à sua volta. Seu “sim” para o seu ser essencial e para o seu propósito de vida é também um “sim” para os outros que lhe querem bem. Você não pode amar outrem aban-donando a si mesmo.

Barganhas neuróticas por amor, em que os limites de cada um são constantemente comprometidos, não podem se sustentar ante a luz da autoafirmação. Ao se liberar, você convoca outros à sua respectiva liberdade. Se respondem ou não ao chamado, é escolha deles.

O chamado para a autorrealização não é um chamado para abandonar os demais, para separar ou esquivar-se da responsabilidade. O chamado para honrar a si mesmo é também um chamado para honrar os outros. Somente é possível dele desfrutar quando o coração se mantém aberto.

Às vezes—para ser honesto e autêntico—você terá que agir de uma maneira que outros não conseguirão entender ou apoiar. Isso talvez seja difícil para você, mas é impre-scindível que você aprenda a se manter firme no seu comprometimento com o que é melhor para você. Por favor, não capitule diante daqueles que o fariam sentir-se culpado por seguir o seu coração. Todavia, mantenha-se aberto para eles. Ame-os, abençoe-os, fale com eles e eles virão a compreender e a respeitar a sua decisão.

Seu comprometimento com os outros deve ser uma extensão do seu comprometimento consigo mesmo, não uma contradição em relação a ele. Como poderia escolher entre o seu próprio bem e o de outrem? Não é possível. Ninguém lhe pede para fazer tal escolha.

Há uma escolha que respeita tanto você quanto os outros. Encontre essa escolha, tome essa decisão. Não abandone a si mesmo; não abandone os outros.

Deixe que se vá a velha forma da sua vida e permita o

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emergir, em seu próprio ritmo, da nova forma. Adentre de boa vontade o espaço aberto do “não saber”. Cada vez que você liberar o passado, você deverá entrar neste espaço. Não tenha medo, não se sinta constrangido. Não há mal algum em não saber, em deixar as coisas seguirem o seu curso.

Apenas esteja presente e diga a verdade. Seja paciente, pois o crescimento é um processo. Seja gentil consigo e com os demais.

O MITO DA PROSPERIDADE MATERIAL

Você não pode medir riquezas espirituais com uma régua.

O mundo não apoia a sua jornada rumo à autenticidade. O mundo somente apoia o que compreende. E, neste momento, tudo o que ele compreende são obrigações e sacrifícios. Isso mudará com o tempo, mas não espere que aconteça logo. Não espere apoio ou aprovação do mundo ao se debruçar sobre a sua tarefa de vida.

Aqueles que compreendem os meus ensinamentos e tentam vivê-los são frequentemente tratados com desdém pelo mundo. Se isso acontecer, tolere pacientemente. Esteja comprometido com a sua jornada e a sua paciência e determinação serão recompensadas. Quando os outros virem que você tem o bem maior deles na intenção do seu coração, eles abrandarão a sua postura. Entretanto, se você buscar aprovação ou reconhecimento, provavelmente ficará desapontado.

Não dê atenção à religião da abundância. Ela não é mais verdadeira ou útil do que a religião do sacrifício. Deus não necessariamente recompensa o trabalho espiritual com o sucesso material. Todas as recompensas são espirituais: feli-cidade, alegria, compaixão, paz, sensibilidade—estas são as

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recompensas de uma vida vivida com integridade.Se o sucesso material não ocorrer, não importa. Se isso

parecer importante e o ressentimento se desenvolver, então será preciso extirpar mais expectativas do ego. Você precisa aprender, de uma vez por todas, a parar de medir riquezas espirituais com uma régua.

Se o sucesso material ocorrer, geralmente será um teste para ver se você é capaz de transcender a ganância e seus próprios interesses. A riqueza material, tal como todas as outras dádivas, é dada para que possa ser compartilhada. Se você está retendo a sua riqueza, não colherá a recompensa da verdadeira prosperidade, que é a felicidade e a paz.

Não cometa o erro de achar que a sua tarefa de vida deve lhe proporcionar um cheque de alto valor ou sucesso como o mundo o vê. Por outro lado, não cometa o erro de achar que deve ser pobre para servir a Deus. Uma pessoa rica pode servir a Deus tão bem quanto uma de condição humilde, contanto que esteja disposta a compartilhar suas riquezas. O que importa é se suas mãos estão ou não estendidas para o seu irmão.

CRIATIVIDADE E ABUNDÂNCIA

A energia dentro de você nunca é a mesma. Você nunca está limitado ao passado.

Toda energia é potencialmente criativa. Esse potencial criativo encontra limitações quando a energia se expressa através da forma. É da natureza da forma limitar e restringir. Ao limitar o potencial criativo da energia, a forma a canaliza e a direciona de modo específico.

A forma enfatiza alguns aspectos e desprivilegia outros. Ela prioriza, constrói uma figura. Sem forma, não haveria

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obras de arte. A manifestação é fruto de energia empregada em determinado objetivo ou direção. É o movimento do ilimitado para o limitado, do abstrato para o concreto, do invisível para o visível.

Toda criatividade é um diálogo entre energia e forma. Portanto, não faz sentido falar de energia sem também falar de forma.

Você é uma forma animada, um corpo com energia. A consciência do seu corpo e da sua mente é um recipiente temporário para a energia universal da criação. Essa energia se expressa através de você de uma maneira única, através dos seus cromossomos e genes, assim como da estrutura da sua personalidade.

Ao expandir a sua consciência com amor, você se torna mais aberto para dar e receber a energia universal da criação. Inversamente, ao se contrair com medo, você se torna menos apto a dar ou receber essa energia criativa dinâmica.

A energia da criação quer abrir e expandir o seu ser, mas a estrutura da sua mente e do seu corpo resiste a essa expansão. A estrutura pertence ao passado, enquanto a energia somente existe no momento presente. É como a água que flui diante de você, enquanto você a observa da margem do rio. Nunca é a mesma água que você vê. Da mesma maneira, a energia dentro de você nunca é a mesma energia de cinco minutos atrás. É sempre energia nova.

Isso é realmente promissor, pois significa que você nunca está limitado ao passado. Toda correção de consciência que você faz no momento presente tem um efeito imediato sobre a qualidade da energia que está apta a circular através de você. Enquanto o seu corpo físico se torna mais saudável e a estrutura da sua personalidade mais flexível e integrada, você se torna cada vez mais capaz de dar e receber energia física, emocional, mental e espiritual.

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Você é um diálogo contínuo entre energia e forma. Quando sente medo, você se contrai em todos os níveis do seu ser. A energia fica presa no seu corpo e na sua mente e você sente tensão ou dor físicas, desequilíbrio emocional e ansiedade mental. Esses sintomas, se desconsiderados, podem levar a males maiores: doenças físicas, ruptura de um relacionamento, problemas profissionais ou financeiros.

Por outro lado, quando sente amor, a energia flui sem esforço através de você. Você se sente fisicamente confor-tável, emocionalmente aberto e mentalmente presente e alerta. Vivencia gratidão pela sua vida e abertura para novas possibilidades.

Uma atitude de medo diante da vida leva a um compor-tamento defensivo e controlador que o afasta do amor e da abundância. Uma atitude amorosa leva a um compor-tamento confiante que respeita os outros e os inspira a apoiá-lo.

O amor abre o veículo do corpo e da mente ao seu potencial energético máximo, permitindo aos demais sentir a energia da aceitação, da gratidão e da bondade fluindo diretamente para eles. Isto abre os seus corações e mentes para os seus próprios potenciais e capacita-os a compartilhar os seus dons criativos. Eis como a abundância é gerada no mundo.

OS BLOQUEIOS DO EGO À ABUNDÂNCIA

Ações egoístas não são apoiadas pelo universo.

A energia da criação flui de você para os outros e deles para você. Embora essa energia lhe dê suporte em aspectos essen-ciais, a sua posse não ocorrerá. Ninguém tem uma conexão especial com a energia. Tão logo alguém reivindique a sua

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propriedade, a sua conexão com a energia é abalada. Quando o seu relacionamento com o outro é de confiança

e respeito mútuos, cria-se uma conexão energética que é sustentada pela energia do amor do universo.

O seu alinhamento com a energia da criação requer a renúncia da escala de interesses do seu ego. Esta escala opera a partir da crença de que você pode manipular as pessoas e os eventos para obter o resultado que deseja. Por ser egoísta e míope, não considera o bem dos outros e, portanto, não considera o seu próprio bem, embora você possa pensar que o faz.

Quando você trapaceia e retira de alguém o que ele merece, perde não apenas o que acreditou que ganharia, mas o que teria ganho se tivesse agido de um modo menos egoísta. Toda tentativa de ganho de forma egoísta leva, ao final, à perda e à derrota, porque ações egoístas não são apoiadas pelo universo.

Aqueles que levam vantagem sobre os outros podem possuir grande determinação ou habilidade, mas isso não compensa a perda da sua conexão com a energia da criação. Outros igualmente determinados irão se unir e, apoiados por forças invisíveis, ao final os derrotarão, pois Davi sempre derrota Golias. E não por ser maior ou mais forte, mas porque a sua intenção é clara e ele tem amor em seu coração.

Embora o medo às vezes pareça arregimentar mais forças para o seu lado do que o amor, ele jamais manterá essas forças unidas. Forças que provêm do medo sempre se repelem e separam. Quando as expectativas egoístas de um grupo não são mais satisfeitas, ele deserta ou muda de lado.

Eu disse que “aqueles que vivem pela espada perecerão pela espada”. Aqueles que tentam levar vantagem sobre os outros cairão vítimas de suas próprias ações equivocadas. Essa é a natureza da jornada cármica. Cada vez que tenta ferir alguém,

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você realmente fere apenas a si mesmo. Pois tudo o que pensar e fizer em relação a outrem, ao final retornará para si. Apenas aquele que verdadeiramente perdoa e se abstém da vingança rompe o viciado ciclo egoico da violência.

Se quiser abrir a sua vida à abundância, você deve desistir da ideia de que pode ganhar através da perda de outrem. Esse é o pensamento de medo gerado pela mente do ego, que deve ser reconhecido e recusado a fim de que novos padrões venham a ser postos em movimento na sua vida.

Felizmente, outro caminho tem início quando você reconhece que seu bem e o de seu irmão são um e o mesmo. Ao aceitar a sua igualdade com os outros, você se reconecta à energia da criação, e essa energia o apoia de tal modo que você não trabalha em vão. Os resultados vêm espontanea-mente e no tempo devido.

Embora possa ser dono da sua área de trabalho, você nunca tem a propriedade exclusiva do trabalho como um todo, pois o trabalho da criação é essencialmente colabora-tivo. Ele não pode ser feito sem a contribuição de muitos. A sua peça precisa encaixar-se com outras, caso contrário a integridade do todo estará comprometida.

As exigências desse caminho são tão grandes quanto aquelas postas pelo caminho de manipulação e luta do ego. Mas as recompensas do caminho do Espírito são largamente maiores, pois aqueles que seguem esse caminho encontram a verdadeira felicidade. Por servirem os outros, o amor os serve. Por darem sem pensar em retribuição, o universo lhes traz dádivas inesperadas. Por viverem com alegria no presente, o futuro se desdobra graciosamente diante deles. Ao se depararem com desafios, eles os enfrentam. Ao surgirem decepções, olham no seu interior e abrem mão das barreiras emocionais que os impedem de vivenciar a presença do amor em suas vidas.

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A DINÂMICA DO AMOR

A dinâmica do amor baseia-se na entrega. A dinâmica do medo baseia-se no controle.

Paz e felicidade não virão ao mundo enquanto não vierem aos corações e mentes de todas as pessoas que nele vivem.

Pessoas cujas mentes e corações estão abertos natural-mente vivenciam e estendem amor, gratidão e abundância. Estando abertas, o que necessitam vem a elas. Sendo bondosas e compassivas, dão aquilo de que não necessitam para aqueles que necessitam. Essa é a lei do amor, baseada na confiança e na fé.

Pessoas que se alinham com a lei do amor não procuram guardar ou proteger o que possuem, pois sabem que tudo o que têm lhes é dado apenas temporariamente. Permanecerá com eles enquanto for necessário e se irá quando não mais for necessário.

A dinâmica do amor baseia-se na entrega. A dinâmica do medo baseia-se no controle. A dinâmica do amor ancora-se na compreensão de que há o suficiente para todos. A dinâmica do medo ancora-se na crença de que não há o suficiente para se compartilhar.

Ao contrário da opinião popular, abundância não significa ter muito dinheiro ou posses materiais. Abundância significa ter o que se necessita, utilizá-lo com sabedoria e dar aos outros o que não se necessita. Sua vida tem equilíbrio, estabilidade e integridade. Você não tem de menos, nem demais.

Por outro lado, escassez não significa que você não tenha dinheiro ou posses materiais suficientes. Significa que você não valoriza o que tem, não o utiliza com sabedoria ou não o compartilha com os outros. Escassez pode significar que você tem de menos, mas também pode significar que tem

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demais. Sua vida está desequilibrada. Você quer o que não tem e tem o que não quer.

Eu lhe asseguro que você não aumentará a sua felici-dade ao aumentar os seus bens materiais. A sua felicidade aumenta somente ao aumentar a sua energia, a sua autoex-pressão e o seu amor. Se isso também aumentar o volume da sua carteira, então, tudo bem. Você terá mais para desfrutar e compartilhar com os outros.

O objetivo, na vida, não deve ser o de acumular recursos de que você não necessite e que não possa utilizar. Deve ser o de receber o que necessita, usufruí-lo e compartilhá-lo com alegria com os demais.

A pessoa que goza de abundância não tem nem mais nem menos do que ela possa utilizar com responsabilidade e de forma produtiva. Ela não vive obcecada em proteger o que tem ou em obter o que não tem. Está contente com o que tem e aberta para dar e receber todos os recursos que Deus trouxer à sua vida.

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caPÍtulO iV

Retidão ReligiosaSeu dever não é o de condenar,

mas o de compreender e abençoar.

Somente aqueles que estão cheios de orgulho acreditam ter a compreensão exclusiva da verdade e o direito de julgar ou de ensinar aos outros. A religião cristã—aquela que se diz inspirada em mim—encontra-se eivada de inúmeros casos de orgulho espiritual.

É inevitável, a meu ver, que alguém sempre esteja em busca de um palanque para se exibir. E que outros que se encontrem inseguros em sua fé venham lhe dar ouvidos e chamá-lo de Messias. Ao proclamar os seus ensinamentos, negligenciarão a sabedoria que reside em seus corações. Mas tais ídolos inevitavelmente cairão e, ao cair, o medo dos seguidores virá à tona para ser curado.

Sua tarefa não é a de condenar, mas a de compreender e abençoar, a de ver o medo nos olhos das pessoas e lembrá-las de que são amadas. Por que você bateria, queimaria ou excomungaria aqueles que mais precisam do seu amor? Por favor, não utilize meus ensinamentos como um porrete para bater nas pessoas.

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Eu lhe dei apenas duas regras: amar a Deus e amar uns aos outros. Estas são as duas únicas regras de que você precisa. Não me peça mais do que isso, não me peça para tomar partido nas batalhas dos seus dramas. Sou a favor da vida ou a favor da escolha? Como poderia eu ser um, sem também ser o outro? É impossível.

Quando a verdade vier até você, não mais verá neces-sidade de atacar o seu irmão. Ainda que você pense estar certo e ele errado, não o atacará com “a verdade”, mas lhe oferecerá a sua compreensão e o seu apoio. Pois a partir do amor e da gentileza que compartilhar, você se aproximará mais da verdade.

Eu lhe ofereço a chave para a porta interior. Por favor, utilize-a e não se preocupe com os pensamentos e as ações dos outros. Trabalhe em si próprio. Quando houver estabe-lecido a verdade no seu coração, então poderá compartilhar essa verdade com outrem.

Não seja porta-voz de palavras e crenças que você não tenha totalmente incorporado ao seu ritmo de vida. Todos os que estendem os meus ensinamentos o fazem a partir do mesmo nível de conscientização que possuo. Se assim não fosse, o ensinamento que estendem não poderia ser meu.

A AUTORIDADE ÚNICA

Não aceite nenhum outro ensinamento além daquele que provém do seu coração.

Este é o ensinamento único de Deus.

Não espere que o seu relacionamento com Deus se pareça com o de mais ninguém ou você sabotará o relaciona-mento. A presença de Deus em sua vida é totalmente única. Não procure medir a sua espiritualidade compa-

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rando o que lhe acontece com o que acontece aos outros. Cultive diretamente o seu relacionamento com Deus.

Entre no silêncio do seu coração. Fale com Deus, ore e peça orientação. Abra o diálogo e ouça as respostas de Deus, dentro de si e nos sinais que Ele lhe envia em sua vida.

Conheça a Deus em sua própria experiência. Não aceite substitutos. E saiba, com absoluta certeza, que nenhuma mensagem de medo provém de Deus, nem de mim.

Não procure um mestre e nem seja um deles. Em lugar disso, seja um irmão. Nada prescreva aos outros e não permita que os outros lhe prescrevam coisa alguma, mas ouça a voz de Deus e deixe-se guiar por ela.

Não comungue de espaços presididos por tolos e nos quais o rebanho encontra-se mental e espiritualmente ador-mecido. Aqueles que desejam que alguém lhes diga o que fazer logo descobrirão que ninguém tem as respostas para eles. Não dê o seu poder a impostores. Aceite somente os ensinamentos de Deus em sua vida e entre em comunhão no silêncio, onde você O encontra.

Basta você, meu amigo, você é suficiente. Todas as joias da sabedoria podem ser encontradas dentro da sua mente. Todas as joias do espírito podem ser descobertas no seu coração.

Reúnam-se com outros em mútua apreciação e gratidão a Deus, mas não sigam instruções uns dos outros. Em vez disso, respeitem a experiência alheia. Ela é sagrada e se situa além de comentários ou avaliações.

Celebrem suas experiências comuns, meditem e orem juntos, partam juntos o pão. Deem, recebam e sirvam juntos. Mas não aceitem nenhuma outra autoridade em suas vidas além da de Deus.

Cada um de vocês é guiado de maneira única e tem dádivas únicas a oferecer. Celebre essa orientação e essas

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dádivas, mas não tente orientar outrem e tampouco aceite ser orientado, se alguém se oferecer para tanto. Essa é uma dádiva falsa, pois o que funciona para um não necessaria-mente funcionará para outro.

O único conselho que você pode dar a quem busca é: procure a verdade dentro do seu coração, pois somente lá poderá encontrá-la.

Compartilhe sua experiência—sua história poderá inspirar outras pessoas—mas os limites desta oferta são claros. Essa é a sua experiência, não uma receita para os outros. Qualquer que seja a verdade que outra pessoa nela veja, será a verdade que ela está destinada a receber.

Em última análise, somente você é responsável pelas crenças que aceita. Alguém pode lhe contar mentiras terríveis, mas nunca será responsabilidade dele o fato de você acreditar nelas. Portanto, não perca o seu tempo culpando o guru, o culto ou a igreja. Em vez disso, agradeça-os. Se não tivesse percebido a fraqueza e a hipocrisia deles, continuaria a idolatrá-los e a lhes entregar o seu poder. Agora você pode reivindicar o seu poder e reassumir o seu caminho para a paz.

Todos, em algum momento, entregam o seu poder, tão somente para aprender a resgatá-lo. Essa é uma lição importante e profunda no caminho espiritual. Se aprendeu essa lição, sinta-se agradecido. Significa que você está mais próximo da sua própria verdade e, portanto, mais próximo de Deus, a verdade universal.

Você chega à unicidade não através do conformismo, mas da autenticidade. Quando tem a coragem de ser você mesmo, encontra a mais alta verdade que você é capaz de receber.

Uma pessoa autêntica não capitula perante os outros ou lhes usurpa o poder. Afirma a liberdade de ser ele mesmo e oferece a mesma liberdade aos outros. Não deseja estar em

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uma prisão, ainda que as barras sejam de ouro, tampouco deseja manter ninguém em cativeiro, pois sabe que tem que abrigar e alimentar aqueles que mantém como reféns.

A liberdade resulta de você rejeitar todas as formas de autoridade exterior e se recusar a ser uma autoridade para quem quer que seja. Portanto, seja um irmão ou irmã, um amigo ou amiga, mas não aceite outro mestre além Daquele que vive no seu coração.

PERMISSÃO PARA TRAIR

Todas as formas de manipulação estão enraizadas no medo e na insegurança.

Podem prometer amor, mas não podem entregá-lo.

Ao entregar o seu poder a alguém, você está se colocando em posição de ser explorado ou traído. Isso é especialmente verdadeiro em relação a qualquer um que você aceite como um salvador.

Você pode dizer: “mas eu não sabia que ele iria se aproveitar de mim”. Eu lhe digo: “Fique atento, assuma responsabili-dade pela sua vida, compreenda que você assinou o contrato. Pare de tentar culpar os outros pelas suas próprias escolhas”.

Você deu a permissão, entregou o seu poder. Talvez não soubesse quão ruim isso se tornaria. O abuso se consumou, como geralmente ocorre, disfarçado em doces promessas. Ofereceu-se amizade, ou segurança financeira, ou redenção espiritual, ou sexo, ou amor. Diga-me o que mais. Não importa qual tenha sido a isca—você a engoliu e se fisgou. Seja mais sábio da próxima vez, veja a oferta pelo que ela verdadeiramente é. Você entregou o seu poder a fim de ganhar aceitação e amor, mas o amor nunca advém de alguma forma de manipulação. Todas as formas de manipulação estão

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enraizadas no medo e na insegurança. Elas podem prometer amor, mas não podem entregá-lo.

Não acredite naqueles que dizem que sacrificariam o seu próprio bem pelo seu. Mesmo que fosse verdade, eles estariam cometendo um pecado contra si mesmos e nada de bom adviria disso.

Reivindique a sua liberdade para criar a sua vida e ofereça a mesma liberdade aos demais. Aqueles que tentam manipular ou negociar em nome do amor irão passar as suas vidas em um labirinto emocional, com poucas esperanças de dele emergir. Amor condicional é uma prisão eterna. A única maneira de escapar é dizer a verdade para si mesmo e para os outros. Só então você poderá andar livremente.

Não faça nem aceite empréstimos. Não tome emprestada a aprovação dos outros, nem a ofereça quando outros a pedirem para você. Não negocie aprovação nem empréstimos. Dê o que pode dar, de todo coração, e deixe o restante como está.

Muitos de vocês ficam presos na jornada horizontal. Tentei avisá-los de que, não importa quão longe vocês possam ir na exploração do outro, acabarão retornando para si mesmos. A Terra é redonda. Após percorrer a circunferência do planeta, você retorna ao mesmo lugar.

Quanto mais você acreditar que precisa dos outros para ser feliz, mais infeliz se sentirá. Assim que entregar o seu poder, você será atacado ou traído. Porém, isso nada mais é do que um espelho, mostrando-lhe a natureza perversa do “eu” aban-donado e apartado.

Há apenas uma pessoa aqui que precisa dar e receber amor e essa pessoa é você. Dê amor a si mesmo e inclua os outros nesse amor. Se eles não desejarem ser incluídos, deixe-os ir. Não será nenhuma perda. Você não precisa de mais um desvio, de mais uma jornada inútil.

Seja firme em seu amor a si mesmo. Faça disso, indiscu-

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tivelmente, o seu maior compromisso. O seu compromisso consigo mesmo atrairá outros que também são felizes por serem eles mesmos. Eles nada lhe pedirão e tampouco tentarão controlar a sua vida.

Quando alguém lhe fizer uma oferta que não consiga recusar, pois bem, é imprescindível que você aprenda a recusá-la. Não traia a si mesmo, independentemente do preço.

Aquele que procura tentá-lo sempre vem até você ofer-ecendo coisas extraordinárias. Não seja ingênuo. Ele parece ter poderes sobrenaturais, mas estes não são reais. Ele é apenas um irmão que se extraviou do rumo, procurando envolvê-lo no seu drama de autoabuso.

Não aceite a sua oferta. Ouça o que Deus está lhe dizendo agora e a cada momento: “Suas necessidades estão comple-tamente atendidas. Você está inteiro, nada lhe falta. Relaxe e respire. Isto também passará”.

Porém, mesmo diante da sua recusa, aquele que o coloca em tentação não desiste. Ele se utilizará da sua insegurança e consciência de vítima: “Não”—ele lhe dirá—“você não está bem, está só e precisa de companhia. Você precisa de um emprego melhor, de um relacionamento melhor, de mais dinheiro, mais sexo, mais notoriedade—e tudo isso eu lhe darei”.

Certamente você já ouviu essa conversa! Sempre aparece um cavaleiro em sua brilhante armadura ou uma donzela em perigo quando sua autoestima está em baixa. Para onde te levaram no passado? Quantos cavaleiros ou donzelas partiram velozmente em suas montarias deixando atrás de si uma trilha de sangue e lágrimas?

Mas este parece melhor do que o último. Parece mais sincero, mais sensível, mais centrado, mais... você preenche o restante. Este é o seu drama, não o meu.

Se você olhar com suficiente profundidade, verá que toda

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argumentação tem as mesmas características, todo convite à autotraição tem as mesmas doces promessas e a mesma natureza de cortar o coração.

Aqueles que procuram a salvação no outro perdem o contato consigo mesmos. Partem na sua jornada horizontal como Dom Quixote, e sempre encontram donzelas a resgatar e moinhos de vento com que lutar. Faz parte da jornada. Mas, no final, retornam ao lar cansados, feridos e sem fé. A jornada horizontal derrota a todos os que por ela enveredam. Não há salvação a ser encontrada no mundo.

Você só pode encontrar a paz se permanecer no Lar. Permaneça consigo mesmo. Traga amor para as partes de si que ainda não se sentem amadas. Crie raízes na benção eterna da abundância e da Graça de Deus.

Aqui não há amarras nem barganhas neuróticas por amor e por aprovação. Há inteireza autêntica, alegria de estar presente tanto a sós quanto juntos. Liberdade e amor estão entrelaçados, pois sem um, não haverá o outro.

DANÇANDO EM SUA PRÓPRIA VERDADE

Não se perca no mundo antes de saber quem você é, caso contrário as suas chances de despertar não serão altas.

A maioria das pessoas sente medo de estar só. Elas se sentem solitárias e procuram por companhia, mas companhia verdadeira não é possível, pois elas ainda não descobriram quem são.

O “eu” é uma selva. Se permanecer ignorado, cidades poderão ser construídas em cima dele. Explore-o corajosa-mente e a intimidade se tornará possível.

A verdadeira igualdade requer individuação. Até conhecer os contornos do seu próprio coração, você não poderá saber

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os de outrem. Se deixar o Lar antes de estar preparado, você O procurará e não O encontrará. Você encontrará mãe em lugar de esposa, pai em lugar de marido.

Ao encontrar o seu Lar, você O leva consigo aonde quer que vá. Ache o seu Lar primeiro, e somente então procure por companhia.

Descubra quem você é, não de acordo com a definição de outra pessoa, mas de acordo com a sua própria. Deixe todos os aspectos de si mesmo se tornarem presentes. Explore as dunas que se avolumam à beira-mar. Sinta a água salgada e ande pela praia durante a maré baixa. Veja todas as formas de vida, todas as possibilidades reveladas quando a maré se encontra recolhida.

Conheça a si mesmo. Não se perca no mundo antes de saber quem você é, caso contrário, as suas chances de despertar não serão altas. O mundo lhe dará de bom grado um papel e uma responsabilidade. E outras pessoas lhe atribuirão de bom grado um papel no teatro de suas vidas.

Encaremos os fatos—alguns papéis são sedutores, pois prometem muito. É difícil dizer não. Mas essa é a maneira pela qual você se trai, a maneira pela qual a selva é pavimen-tada com asfalto, sufocando a relva e as árvores, e invadindo os céus. Chame esse processo de domesticação, tecnologia ou progresso, mas não se trata disso.

Procurar viver com alguém antes de ter aprendido a viver consigo mesmo é zombar do seu relacionamento. Não funcionará. Primeiro ache o Lar dentro do seu coração.

Somente quem conhece e aceita a si mesmo poderá encontrar no outro alguém igual a si—de outro modo acreditará se expor. Nunca é culpa do outro quando um relacionamento não funciona. O fim de todos os relacio-namentos pode ser atribuído a uma única causa: falta de fidelidade a si mesmo.

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Se você não foi fiel a si mesmo ao entrar no relaciona-mento, como poderia ser fiel a si mesmo durante o relacio-namento? Veja, não pode ser culpa da outra pessoa—você se uniu ao outro porque estava solitário e cansado de procurar, e foram dormir juntos.

Logo você descobriu que dormir juntos não era tudo o que vocês imaginaram que seria. Você acordou e se perguntou: “Porque troquei um sonho por outro? O sonho original era solitário, mas era também mais simples”.

Você simplesmente tomou um desvio, fez uma manobra para adiar a solução do problema. Em vez de dormir sozinho, passou a dormir com outro. Mas o seu desafio real não era dormir e sim despertar.

A não ser que você se comprometa com o seu próprio despertar, outros não poderão lhe oferecer nada além de desvios ou percursos que o fazem andar em círculos. O tempo passa, mas nada muda. A dor não vai embora. A velha insatisfação ainda está presente.

Os lençóis foram trocados, mas a cama ainda se verga sob o seu peso. O problema não é meramente estético. O problema está nas próprias fundações e é isso que deve ser focado; são elas que precisam ser escoradas.

Você é quem optou pelo desvio. Não culpe o parceiro que o acompanha, pois esta foi a sua escolha. Mas não se torture com isso; apenas faça uma escolha diferente.

Ao assumir plenamente as rédeas da sua vida, você será atraído para aqueles que fazem o mesmo. Então, não terá que abrir mão da sua vida por outrem. Este é o começo de uma dança mais bela e mais desafiadora. Mas essa dança não poderá ocorrer, a não ser que você já esteja dançando na sua própria verdade.

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caPÍtulO V

A Jornada do DespertarSentir a sua dor lhe permite ser honesto e autêntico.

Ela o conecta com uma comunidade de cura.

Não se pode encontrar intimidade genuína com os outros sem um aprofundamento em sua própria experiência e sem comunicá-lo honestamente aos demais. Relações baseadas em autonegação recíproca são prisões emocionais. Uma vez que duas pessoas que usam máscaras não podem fácil ou hones-tamente se comunicar, parceiros neste tipo de relacionamento não dispõem das ferramentas necessárias para abrir a porta da prisão.

Se então acontecer alguma crise—a morte de um ser amado, uma doença grave ou a perda de um emprego—logo a redoma da negação se rompe. A porta da prisão abre-se subitamente e os que lá se encontram são arremes-sados ao ar livre, em estado de choque. Ali se sentem pior do que na prisão, pois agora estão em contato com a sua dor.

Eventos que despertam transformam a dor crônica em aguda. Dói mais. As pessoas ficam mais doentes. Elas não atuam tão bem no mundo como antes. Precisam criar um tempo e um espaço para estar com a sua dor.

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Começar a sentir a sua dor é o primeiro grande ato de autoliberação. É o fim da sabotagem e do conluio inconsci-entes e o nascer da conscientização.

Quando você sente a sua dor, começa a avançar através dela. Isso é uma passagem, um meio de mudar a sua vida. Não significa bloquear-se. Não se trata de se apaixonar por sua dor, de represá-la ou de construir uma identidade nova em volta dela. Não é algo estacionário, mas algo em movimento.

Sentir a sua dor o capacita a ser honesto e autêntico. Ela o conecta com uma comunidade de cura. Você encontra outros seres humanos cujas redomas de negação também estão se rompendo e vocês começam a se curar juntos.

Uma comunidade de cura é bem diferente de um hospital, aonde as pessoas vão para ser “consertadas” ou para morrer, isoladas e sós. Em uma comunidade de cura, as pessoas se conectam com os seus sentimentos e descobrem maior intimidade com os outros. Vivem e morrem de forma autêntica, no perdão, na aceitação e na paz.

ABUSO TERAPÊUTICO

A compulsão para curar é tão perversa quanto a compulsão para ferir.

De fato, são as faces opostas da mesma moeda.

Quando a circunstância de ser vítima de trauma de infância ou de abuso sexual passa a ser “moda”, isto faz os terapeutas colocarem palavras nas bocas de seus clientes de maneira inconsequente. Memórias de eventos que nunca chegaram a ocorrer são reverenciadas no altar. Pequenos incidentes de insensibilidade ou descuido são exagerados e descritos em uma linguagem de medo e culpa. Todos imaginam que o

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pior deva ter acontecido. Isso é histeria, não cura. É, em si, uma nova forma de abuso.

Em vez de inquirir sobre o que ocorreu e permitir que a criança interior se expresse, um rótulo profissional é colo-cado na ferida. Mais uma vez a voz da vítima é silenciada e lhe é dada uma opinião alheia sobre o que lhe teria ocorrido. A fim de obter aprovação, a criança ferida conta a história que a figura de autoridade—agora o seu terapeuta—pede-lhe para contar. Ao ceder diante da autoridade, o terapeuta lhe diz estar ela se recuperando.

O terapeuta projeta em seu cliente as suas próprias feridas não curadas. A sua subjetividade é tomada como objetivi-dade pelos demais. Famílias se separam, mais crianças são punidas. A cadeia de abuso se expande.

O curador não curado não perde tempo em fazer do seu paciente uma vítima, nem em culpar outros por isso. No processo, o paciente é despido de toda dignidade e autocon-fiança. Torna-se dependente de uma dieta regular de drogas prescritas e de figuras de autoridade da área médica.

Se você não quer converter em escárnio o seu processo de cura, deve evitar os extremos da negação e da fabricação da dor. A dor deve ser encarada, não imaginada. Se existe, se expressará autenticamente. Ela falará com a sua própria voz. Sua tarefa é a de convidar essa voz a falar, não a de lhe dar as palavras que deve dizer.

O apego à dor é debilitante. O enaltecimento, a exac-erbação ou a fabricação da dor é um processo insano que resulta em maior fragmentação da consciência e em dese-quilíbrio da psique.

Você não deve negar o que ocorreu, nem fabricá-lo. Deve reconhecer o que ocorreu—por mais desagradável ou doloroso que seja—com o auxílio de um terapeuta, se o necessitar. É assim que começa a mudança da inverdade

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para a verdade, de segredos para revelações, do desconforto oculto para a percepção consciente da dor.

A dor é o portal pelo qual você passa ao estar preparado. Até então, você é o porteiro, a sentinela que vigia e decide quem deve barrar e a quem permite entrar.

É admissível não se sentir preparado e excluir pessoas ou situações que pareçam inseguras. Você é o responsável pelo seu próprio processo de cura. Você decide quão rápido quer ir. Não deixe ninguém mais lhe ditar o ritmo do seu processo de cura. Se estiver sob os cuidados de um terapeuta ou curador, informe-o sempre que se sentir de qualquer forma pressionado ou inseguro.

Respeitar o seu próprio processo é essencial para viver de maneira autêntica. Os outros sempre terão ideias, sugestões ou planos para você. Agradeça-os pelo interesse, mas deixe claro que você, não eles, está tomando as decisões na sua vida.

UMA COMUNIDADE LIVRE E AMOROSA

O amor verdadeiro não procura amarrar, controlar ou escravizar, e sim liberar, conferir poder e libertar os outros

a fim de encontrarem as suas próprias verdades.

O grande desafio, hoje posto diante de você, é o de apren-derem a se unir entre si para criar uma comunidade de cura baseada não em dogma ou autoridade externa, e sim em igualdade mútua e em profundo respeito pela experiência de cada um.

Como a maioria das formas de amor tende a ser condi-cional, o amor costuma ser oferecido apenas quando se percebe existirem muitos aspectos em comum com o outro. Amar alguém que discorda de você é algo raro. Não é comum sentir-se emocionalmente conectado a alguém que

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tem um conjunto de experiências muito diferentes das suas.O verdadeiro amor é incondicional. Requer que você veja

além das aparências, veja os outros a partir da convicção interior de que todas as pessoas carregam a centelha divina dentro de si.

O amor verdadeiro não procura amarrar, controlar ou escravizar, e sim liberar, conferir poder e libertar os outros a fim de encontrarem as suas próprias verdades. Qual a igreja ou templo que adota este princípio? Qual a estrutura religiosa que confere aos seus membros a liberdade de autor-realização em nome do amor? Que igreja estende o amor e a inclusão a todos? Que sociedade alcança aqueles que vivem à sua margem e os convida a retornar ao seu seio? Que comunidade se dedica a ver além dos seus medos e a aprender a amar os seus inimigos?

Quando pedi por uma igreja, não foi isso que pedi? Não foi uma comunidade que reconhecesse a presença de Cristo em todos os seres humanos, uma comunidade da qual ninguém fosse banido ou expulso? O que é salvação—eu lhe pergunto—se você não a oferecer a todos, independente-mente de sua aparência ou de suas crenças?

O amor lhe pede para oferecer e receber liberdade; pede-lhe para encorajar e transmitir o poder aos outros.

Nunca haverá quaisquer garantias no ato de amar. Se você procura concordância ou resposta favorável, não lhe será possível amar livremente. E se o amor não for livre, não é amor—é barganha, negociação, comércio.

Talvez você comece a perceber o que uma igreja como aquela pela qual clamei faria para o mundo em que você vive. Ela não apontaria ninguém como errado, mas encora-jaria cada um a encontrar o que seja certo para si. Confiaria e apoiaria o amor e a luz que residem em cada ser humano. Não incentivaria um mundo dividido entre ricos e pobres,

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os que têm e os que não têm, mas criaria um mundo em que cada pessoa tivesse o suficiente e não tivesse medo de compartilhar o que possui.

A igreja e a sociedade fundadas em meu nome viveriam pelos princípios que sempre ensinei, estendendo amor e apoio livremente a todos; não definiriam ninguém como errado; não condenariam nenhum homem ou mulher, tampouco excluiriam qualquer ser humano da comunidade da fé. Elas não seriam defensivas, gananciosas ou orgul-hosas, mas liberais, generosas e humildes.

Essas qualidades se encontram dentro de cada um de vocês. É preciso tão somente cultivá-las. Não há um único dentre vocês que seja incapaz de amar incondicionalmente. Todavia, você precisa ser encorajado para tanto. A minha igreja é uma igreja de encorajamento. Ela o chama a reconhecer a mais elevada verdade sobre si mesmo e sobre o seu irmão.

VIVENDO A VIDA ESPIRITUAL

A pessoa cuja espiritualidade está desperta sabe que o amor é a resposta para todo problema percebido

Espiritualidade e religião não são necessariamente a mesma coisa. Religião é a forma exterior; espiritualidade é o conteúdo interior. Religião é a casca, espiritualidade é a semente. Religião é um conjunto de crenças; espiritualidade é um continuum de experiências.

Você pode ser espiritualizado sem frequentar nenhuma igreja ou templo. Pode descobrir sua espiritualidade no compartilhamento íntimo com os demais, em comunhão com a natureza ou no serviço ao próximo. Experiência espiritual é simplesmente aquilo que relaxa a mente e eleva o coração. Meditar, caminhar pela mata ou à beira-mar,

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segurar um bebê ou olhar nos olhos de um amante—estas são todas experiências espirituais. Quando há amor e aceit-ação em seu coração, sua natureza espiritual se manifesta e você pode reconhecê-la nas outras pessoas.

Ser espiritualizado é ver a si mesmo e aos outros sem julgamento, ver não só com os olhos, mas com o coração. Ser espiritualizado é aceitar e apreciar “o que é” ao invés de encontrar falhas nisso e buscar outra coisa.

A pessoa espiritualizada vê beleza em tudo, até no sofri-mento. Onde quer que corações sejam tocados pela pungência da vida, ali há beleza. Sempre que as pessoas aprendem as suas lições de vida e deixam o passado para trás, a beleza se faz presente. Há beleza na chuva e nas nuvens e há beleza no sol. Há beleza no estar só e na intimidade, no riso e nas lágrimas. Aonde quer que você vá, a beleza o espera.

Uma pessoa espiritualizada não focaliza no que aparenta ser feio, cruel ou manipulador. Ela vê todos esses compor-tamentos como provenientes de uma falta de amor. Oferece amor sempre que for pedido, mesmo se requerido de uma forma amedrontadora ou agressiva. A pessoa espiritualizada olha para o seu próprio sofrimento e para o dos demais como uma desconexão temporária da experiência do amor.

A pessoa espiritualmente desperta sabe que o amor é a solução para todo problema percebido. Se a vida não se desdobra da maneira como desejaria, é porque você se desconectou do amor e da aceitação. Para se reconectar, precisa apenas abrir mão das suas expectativas e aceitar com gratidão o que vier para a sua vida.

Espiritualidade é a conscientização de que a vida está bem da maneira como é. Não precisa ser mudada ou consertada—apenas precisa ser aceita. A pessoa espiritualizada é pacífica, otimista, prestativa, encorajadora. Não lamenta o passado nem procura felicidade no futuro. Não tenta consertar

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outras pessoas, nem pede para ser consertada. Ela vive no momento presente, repleta de gratidão e de aceitação.

Todos os seres humanos são espiritualizados, mas nem todos dedicam tempo para explorar a sua espiritualidade. Muitos se perdem no drama de suas vidas. Passam a maior parte do tempo lidando com questões de sobrevivência. Não se dão tempo para contemplar o pôr do sol ou sentir o perfume das rosas. Estão deixando de apreciar muita alegria e beleza. Se apenas parassem, inspirassem profundamente e olhassem em volta por um momento, perceberiam o que estão perdendo.

Viver uma vida espiritualizada requer alguma disciplina. Você precisa cuidar de si mesmo e dizer “não” àqueles que o arrastariam em seus dramas de sofrimento e vitimação. Aprende a abençoá-los e a dar-lhes o espaço de que neces-sitam para ter a experiência que desejam. Você vê a futili-dade de tentar resgatá-los dos seus dramas e sabe que a sua habilidade de ajudar qualquer um depende da preservação da sua saúde e do seu equilíbrio.

Quando descansa em seu “eu”, você percebe não haver problemas a serem resolvidos. A vida simplesmente precisa ser aceita de uma maneira sincera. Mediante essa aceitação, a paz e a felicidade são estabelecidas e tudo o que parecia ser obstáculo para o amor é finalmente eliminado.

QUEM PRECISA DE RELIGIÃO?

Uma árvore estéril não produzirá frutos. A religião que não ajudar os seus seguidores

a se conectar com o amor não prosperará.

A verdade é que ninguém precisa de religião. Você não precisa se agarrar à casca. Mas precisa rompê-la e plantar a semente.

Seja qual for a sua religião, ela possui dogmas e inter-

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pretações que disfarçam a verdade. Todas as religiões são pesadamente sobrecarregadas por preconceitos e por ideias estreitas de seguidores que nunca se abriram para a verdade e para a beleza em suas vidas. O que você tem é um registro dos seus medos, não um convite ao amor.

Mas se você cavar fundo o suficiente no jardim da sua fé irá encontrar as vozes da verdade e da beleza que o ajudarão a abrir o seu coração à presença do amor. E é ali que deve focalizar-se. É ali que plantará a semente da fé na qual enraizará a sua vida.

Muitas árvores lindas florescem na primavera. Cada uma tem a sua própria beleza. Vistas juntas, compõem um jardim extraordinário. Assim também ocorre em relação às abordagens que se referem ao divino. Cada abordagem possui a sua própria beleza e integridade, conectando-se com algumas pessoas e não com outras. Esta é a maneira como deveria ser. Uma árvore não é melhor do que outra. Uma religião não é melhor do que outra.

Cada religião traz consigo um clima de medo e de rigidez que é capaz de destruir a árvore antes que as suas sementes possam ser espalhadas pelo vento. Isso é verdadeiro em qualquer tradição.

Se você pertence a uma tradição, precisa encontrar a semente, separá-la da casca, e tratar de plantá-la no curso da sua vida. Precisa encontrar o cerne do ensinamento que o conecta ao amor e passá-lo adiante, a seus filhos. Esta é a única maneira pela qual uma tradição se mantém saudável. A forma deveria mudar para melhor se sintonizar com os novos tempos e lugares, mas a essência do ensinamento precisa ser continuamente redescoberta e ressuscitada.

Uma árvore estéril não produzirá frutos. A religião que não ajudar os seus seguidores a se conectar com o amor não prosperará.

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MINISTÉRIO DO AMOR

Não imponha as suas opiniões e crenças aos demais.

Ao buscar impor as suas crenças e opiniões aos outros, você está desrespeitando o direito deles de decidir sobre o que funciona para eles. Isso é manipulação e não ministério.

Você confere um grande valor a palavras e conceitos, porém eu lhe digo que não é através deles que a experiência de conversão ocorre. A conversão ocorre originariamente no coração, e não tanto na mente.

As pessoas não se convertem a algum conceito de Deus, mas a uma experiência de amor. Quem não acredita em algo além do seu pequeno ego, de repente se abre à presença amorosa. Esta é a experiência que muda vidas.

As pessoas não se convertem ao adotar um conjunto de crenças e ao repeti-las para os demais. Conversão não ocorre através de proselitismo. Não acontece ao pregar ideias estreitas e intolerantes que fazem de você alguém “certo”, considerando os demais “errados”.

As pessoas se convertem pelo poder do amor, o que ocorre quando você as ama e as aceita incondicionalmente. Você não precisa mudar as suas crenças ou costumes ou consertar as suas vidas. Precisa apenas demonstrar o poder do amor, através da maneira como fala e age em relação a elas. Isto é o que atrai a atenção delas.

Ninguém pode resistir a uma pessoa que irradia amor. Todos vêm a se sentar aos seus pés. Você pode imaginar tal coisa? Essas pessoas não foram ao menos convidadas, muito menos doutrinadas, mas elas vêm mesmo assim. Vêm porque o amor as chama e elas respondem.

Você não precisa sair por aí espalhando agressivamente a minha mensagem. Não precisa incuti-la nas mentes das pessoas e arrastá-las para a sua igreja ou sinagoga. Apenas

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amem-se uns aos outros e as pessoas virão. Virão e ficarão repletas de amor e retornarão aos seus lares com as suas taças transbordando. Esta é a maneira pela qual meus ensina-mentos se disseminam.

Você não tem que ser perfeito para ser um porta-voz dos meus ensinamentos, mas precisa ser humilde. Tem que ir ao encontro das pessoas onde elas estão. Pretensão não funcionará. Se mentir para si mesmo, mentirá para elas e, se mentir para elas, ao final, será descoberto. Portanto, poupe o seu precioso tempo e diga a verdade desde o começo.

Ninguém é perfeito. Eu não sou mais perfeito do que você e você não é mais perfeito do que o menor dos seus irmãos. Todos cometem erros e todos têm muito a aprender sobre dar e receber amor.

Você não chega ao céu fingindo estar lá quando não está, tampouco consegue lá chegar fingindo ter alguma deficiência irreal. O céu está aberto a todos os que estão dispostos a aprender sobre o amor.

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caPÍtulO Vi

A Porta AbertaA porta mais importante é aquela que dá acesso ao seu

coração.

A Graça se manifesta mediante o seu alinhamento com o Espírito. Quando você dialoga constantemente com todas as partes do seu ser, aprende a se respeitar mais plenamente. Você não se compromete com atividades em relação às quais se sente ambivalente ou apreensivo.

Por esperar por integração e clareza interior, as suas ações exteriores criam harmonia, ao invés de conflito. Você não transmite mensagens confusas, não faz promessas que seja incapaz de cumprir. Sua vida se simplifica e desacelera. Você se sente menos ansioso e estressado. Faz menos, mas o que faz é mais efetivo do que o que fazia antes, quando se sentia pressionado para tomar decisões antes de estar pronto para assumi-las.

A Graça acontece quando você convive com as coisas como elas são. A luta ocorre ao afastar o que é ou tentar substituí-lo por alguma outra coisa. A Graça se manifesta quando você o aceita. A luta tem lugar ao rejeitar o que é

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ou tentar consertá-lo. A Graça é natural, a luta é artificial. A Graça não exige esforço, a luta é árdua.

Ao obstruir o caminho, você sofre, pois sabe não estar no seu lugar certo. Precisa, então, reconhecer o seu erro e sair do caminho. Ao fazê-lo, remove o bloqueio do ego na sua consciência, restabelecendo o fluxo da Graça na sua vida.

Se tentar transpor portas fechadas, você se machucará desnecessariamente. Portanto, mesmo que não saiba porque a porta está fechada, ao menos respeite o fato de se encon-trar fechada. E não lute com a maçaneta. Se a porta estivesse aberta, você o saberia. Querer que esteja aberta não a faz abrir-se.

Muitas dores na vida resultam das pessoas tentarem passar por portas fechadas ou tentarem colocar pinos quadrados em orifícios redondos. Você tenta reter alguém que está pronto para partir ou tenta forçar alguém a fazer algo antes que esteja pronto para isso. Em vez de aceitar o que é, e trabalhar com isso, interfere ou tenta manipular a situação para atender às suas necessidades imaginárias.

Obviamente, isto não funciona. Quando você interfere no que é, cria conflito para si mesmo e para os demais. Você transgride e obstrui o caminho.

Ficar obcecado em relação aos seus erros e sentir-se mal com isso em nada ajuda. A culpa não o ajuda a agir mais responsavelmente perante os outros.

Quando algo não funciona, uma correção deve ser feita. Ajustes são parte natural de uma vida harmoniosa.

A Graça se manifesta quando as correções são constantes, quando você não apenas fala sobre perdão, mas o vive a cada momento. Portanto, não importa quantas vezes você se desvie do caminho ou meta os pés pelas mãos.

Você não conseguirá passar pela porta se estiver carre-

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gando o seu passado. Não se sinta culpado. Em lugar disso, assuma a responsabilidade e corrija seus erros, de modo a não carregar consigo um excesso de bagagem.

Por outro lado, se não há nada que possa fazer para melhorar a situação, simplesmente aceite-a como ela é. Às vezes, não há nada a ser feito. Não é culpa de ninguém. Muitas vezes a vida não é ideal, apresenta-se despedaçada e inacabada. Os fragmentos acabam prevalecendo. Se você é capaz de aceitá-la tal como é, uma mudança pode acontecer, uma porta pode abrir-se.

A porta mais importante é a que dá acesso ao seu coração. Está aberta ou fechada? Se está aberta, então o universo inteiro está com você. Se está fechada, você está só, mantendo o mundo à distância.

Um coração que resiste logo se cansa. A vida pesa sobre ele. Mas um coração que se abre está repleto de energia. Ele dança e canta.

Quando a porta do seu coração está aberta, todas as portas importantes do mundo se abrem. Você vai aonde precisa ir. Nada interfere no seu propósito ou no seu destino. Tudo o que faz flui naturalmente, no seu devido tempo, sem resistência ou luta. O inesperado acontece sem dificuldades. Milagres tornam-se eventos cotidianos.

DESCARTANDO AS SUAS HISTÓRIAS

Quando procura consertar-se, você reforça a crença de que algo em você está quebrado.

Suas histórias do passado reforçam os seus medos e justi-ficam os seus rituais de autoproteção. Ao se conectar com o que quer, você também se conecta com todas as razões por que não pode obtê-lo. “Eu quero deixar meu emprego, mas

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não posso... eu quero me comprometer com esse relaciona-mento, mas não posso... eu quero, mas não posso...” É um eterno “beco sem saída”.

Você quer trazer energia nova para a sua vida mas, ao mesmo tempo, apega-se aos seus velhos hábitos. Quer mudança, mas tem medo dela. De certa forma, prefere a sua dor como ela é, porque a conhece. Você acredita que, se fizer uma mudança em sua vida, as coisas poderiam piorar. Prefere uma dor conhecida a uma dor desconhecida, um sofrimento familiar a um sofrimento não familiar.

Seu ego está profundamente comprometido com o status quo da sua vida. Eis porque os planos heroicos do adulto espiritualizado para a transformação de sua vida são inevitavelmente sabotados pelos medos da criança ferida que não acredita possa ser amada e, portanto, não consegue visualizar uma vida sem dor. Para a criança interior ferida, qualquer promessa de liberação da dor é um truque que o induz a abandonar as suas defesas, tornando-o vulnerável ao ataque.

Desse modo, seus medos o mantém fechado à possibili-dade de mudanças significativas em sua vida. O que você diz querer não é o que realmente quer. O adulto espiritualizado e a criança ferida estão em conflito e, quando isso ocorre, a criança ferida geralmente vence. Infelizmente, isso não faz feliz nem o adulto, nem a criança. Leva apenas ao prolonga-mento do seu sofrimento internalizado, já conhecido.

Dentro deste ambiente dúplice da psique em guerra consigo mesma, surge uma variedade de “consertadores” profissionais: psiquiatras, conselheiros, pregadores, gurus de autoajuda. Cada um afirma ter a resposta, mas cada solução oferecida apenas compõe o problema. Ao achar que algo está errado com você, sua vergonha e desmerecimento são reforçados. Ao tentar consertar a si mesmo, reforça a sua

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crença de que algo em você está quebrado.Esses profissionais acreditam nas suas histórias de que

você está quebrado e tentam curá-lo. Se a sua história não for suficientemente densa, ajudam-no a torná-la mais dramática. Tudo se refere a um grande drama, tudo gira em torno de pecado e salvação. Nunca lhes ocorre, nem a você, que talvez nada esteja quebrado, que talvez não haja nada em você que precise ser consertado. Nunca ocorre a nenhum de vocês que o único aspecto disfuncional da sua situação seja a sua crença de que algo está quebrado, sua crença de que nunca conseguirá o que quer.

Os problemas externos que você percebe são projeções do conflito interno: “eu quero mas não posso ter”. Se você se permitisse ter o que quer ou se parasse de querê-lo por saber que não o pode ter, esse conflito acabaria. Obter o que quer ou aceitar que não pode tê-lo poria fim ao conflito. E também à sua história.

Se você tem o que quer ou se está em paz com o fato de não tê-lo, você não tem nenhuma história. Não há o drama da procura. Para manter em andamento esse drama, você não pode encontrar aquilo que procura. Ao encontrar amor, felicidade, alegria... a história termina. “E eles viveram felizes para sempre...” História encerrada, drama superado.

A verdade é que você não está preparado para abrir mão do seu drama. A sua história tornou-se parte da sua identi-dade. Sua dor é parte da sua personalidade. Você não sabe quem seria sem ela. Deixar o seu drama ir-se significa deixar o passado dissolver-se, aqui e agora.

Se você puder fazer isso, já não importa o que ocorreu no passado. Ele não tem poder, não existe mais. Você está escrevendo em uma lousa em branco. Isso significa que você é totalmente responsável pelas suas escolhas. Não há mais desculpas.

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Quando você deixa de interpretar a sua vida com base no que aconteceu ontem ou no ano passado, os acontecimentos em sua vida se tornam neutros. Eles são o que são. Não há nenhuma carga em relação a eles.

A liberdade de estar totalmente presente e responsável, neste momento, é maravilhosa. Mas bem poucos a desejam. A maioria usa o seu passado como uma corda em volta do pescoço. Insistem em carregar a sua cruz e em usar a sua coroa de espinhos.

Você permanece no drama porque o ama. Continua a arrastar consigo o seu passado porque está apegado a ele. Assim sendo, você tem que curar todas as feridas que acredita ter. Não importa que essas feridas não sejam, em última análise, reais. São suficientemente reais para você.

E assim o drama continua. Você não tem como dizer a alguém que esteja na prisão recebendo três refeições diárias que a liberdade é a sua própria segurança. Ele quer as três refeições por dia, o mais não importa. Aí então falará sobre liberdade.

Quando você está apegado ao que já possui, como pode trazer para si algo novo? Para trazer algo novo, fresco, imprevisível, precisa renunciar a algo velho, ultrapassado e habitual.

Se você quer que o criativo se manifeste em você, tem que renunciar a tudo o que não seja criativo. Só então, no espaço criado por essa renúncia, a criatividade irá jorrar. Se a taça está cheia de chá velho e frio, você não poderá nela servir chá novo e quente. Primeiro terá que esvaziar a taça, e só então poderá enchê-la.

Se quer abrir mão do seu drama, primeiro descubra qual é o seu investimento nele. Qual é o seu ganho por não encontrar, não curar, não viver feliz para sempre?

E então seja honesto. Se não quiser encarar a sua dor, diga

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a verdade: “eu ainda não me sinto preparado para encarar a minha dor”. Não diga: “eu desejaria por fim à minha dor, mas não posso”. Isso é mentira. Você poderia, sim, mas escolhe não fazê-lo. Talvez você goste da atenção que recebe sendo uma vítima.

A maioria das pessoas que alega estar no caminho espiritual está apenas andando em círculos. Estão sempre inventando desculpas.

Quando você aprender a assumir a sua responsabili-dade, não haverá desculpas. Você não protelará, nem fará promessas vazias. Esperará até estar pronto e então agirá clara e decisivamente. Quando estiver pronto, não haverá necessidade de hesitar, pois as ações fluirão da sua pron-tidão. E ações falam mais alto do que palavras.

CRIANDO O CÉU NA TERRA

Se você pode criar o inferno, não pode também criar o céu?

O verdadeiro preço da liberdade não é o sofrimento, mas a responsabilidade. Em vez de tentar fazer outrem responsável pelos seus erros, você os reconhece e aprende com eles. Você muda a sua maneira de pensar e agir. Começa a pôr ordem na bagunça que fez.

Ao se tornar responsável pelas suas criações, elas pros-peram. Contudo, você tem que viver com os seus erros até corrigi-los.

Este planeta é um laboratório de aprendizado que o ajuda a desenvolver a autoconfiança e a sensibilidade em relação aos outros. Você precisa disso para criar felicidade verda-deira em sua vida. Cada pensamento que tiver, cada emoção que acolher, cada ação que praticar, tudo terá o seu peso. Portanto, considere-os bem. Não avance cegamente, levado

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pela sua dúvida, sua raiva e seu medo. Você não consegue mais criar a partir desse lugar.

Em sua procura por felicidade fora de si mesmo, você fez vários inimigos. Porém o seu ódio por eles não é nada comparado ao seu ódio por si mesmo. Para cada problema ou trauma com que se deparou no mundo, você vivenciou uma ferida interior.

Você pensou que o seu irmão havia cravado os pregos em suas mãos e pés. Mas agora sabe que foi você mesmo quem o fez. Tudo aquilo que você já fez a qualquer outra pessoa, fez a si mesmo. Você é a vítima de suas próprias ações.

Não é fácil virar a sua vida pelo avesso. Não é fácil apre-nder a assumir total responsabilidade por suas experiências. Não é fácil abrir mão do jogo de vergonha e culpa. Porém, se quer transformar a sua vida, é isso o que lhe é pedido.

Você tem que olhar para o inferno que criou na sua própria consciência e assumir responsabilidade por isso. Precisa compreender, de uma vez por todas, que é você quem caminha para a cruz, quem é crucificado e quem executa a crucificação. Não há mais ninguém ali, além de você.

Mas se você pode fazer tanto mal a si mesmo, se pode torturar-se e espezinhar-se tão impiedosamente, se pode ser aquele que vivencia o próprio inferno, não pode ser também aquele que traz o amor e a compaixão? Não pode ser também o mensageiro da paz, o Cristo, aquele que vem com os braços abertos?

Se você pode criar o inferno, não pode também criar o céu? Será que a sua criatividade é essencialmente distorcida, preconceituosa e mal orientada? Será que você é aquele que foi condenado a sofrer por toda a eternidade pelos seus erros ou é o anjo caído que uma vez se sentou ao lado de Deus, aquele que sofre por orgulho e que precisa tão somente se entregar para ter de volta o seu lugar no céu?

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Você tem escolha? Você pode criar com Deus, ao invés de se contrapor a ele?

Ao parar de se crucificar, a sua ressurreição lhe é oferecida. Ao aprender a trazer amor e aceitação para a sua psique ferida, o Cristo interno sairá da cruz e caminhará livre de vergonha e culpa. Ao ser capaz de fazer isso para si próprio, torna-se capaz de estender a mesma mão de amor ao seu irmão.

Ao aprender a assumir total responsabilidade, não restará mais ninguém para culpar. Não mais haverá nenhum inimigo a ser encontrado fora de si mesmo e o inimigo interior poderá ser perdoado. Este é o caminho de volta ao Jardim do Éden, o caminho do perdão, aquele que uma vez eu lhe ofereci e que novamente lhe ofereço agora.

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Pondo fim à quedado estado de Graça

O desejo de controle e de poder o retira do Jardim.

O desejo de controle e de poder o retira do Jardim e inviabiliza o seu relacionamento com a divina Presença.

Quando os seres humanos deixaram o Jardim, tiveram que encarar a tarefa de prover o seu sustento. Tornaram-se responsáveis por suas próprias vidas. O preço do livre-arbítrio foi, de fato, alto. Mas a liberdade era o que eles queriam. Queriam se tornar criadores conscientes, queriam despertar e tomar as suas próprias decisões.

Não sabiam que tomar decisões resultaria em cometer muitos erros. Não se deram conta de que julgariam impie-dosamente a si e aos outros por esses erros. Não sabiam que a autocrucificação se tornaria um modo de vida.

Do Jardim da Graça ao jardim de Gethsemani, da bem-aventurança inconsciente à vergonha consciente, eles prosseguiram até a queda se completar. E ali ficaram pros-trados, tremendo no frio, sem fé em si mesmos, incapazes até mesmo de se voltarem para Deus.

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Aos poucos, e dolorosamente, aprenderam a ter fé em si mesmos. Cortaram árvores, lavraram o solo, plantaram sementes e colheram. Labutaram da madrugada até o anoitecer. Construíram estradas e ferrovias, grandes cidades e complexos industriais. Estenderam a sua civilização das pradarias e dos sopés das montanhas até a beira-mar. Sobreviveram a secas e pestilências, inundações, incêndios e furacões. Triunfaram sobre a terra. Subjugaram os animais do campo e os pássaros. Aos seus olhos, ganharam o domínio que uma vez lhes fora prometido.

Mas, ao longo do percurso, praticaram alguns grandes erros. Tornaram-se impacientes, irresponsáveis e ganan-ciosos. Poluíram rios e córregos, queimaram as suas próprias cidades. Suas cadeias ficaram superlotadas – assassinos, estu-pradores e pedófilos vagueavam pelas ruas. A terra vergou-se sob o ataque de estradas sem fim, aterros sanitários e construções. Plutônio foi enterrado nas entranhas da terra. Derramamentos de óleo contaminaram as prístinas águas costeiras e pássaros jaziam sem vida nas praias. Até o céu foi dilacerado, deixando grandes buracos na camada de ozônio.

Eles começaram a compreender que a sua versão da criação não era tão boa quanto a de Deus. Profetas começaram a soar o alarme de sombrias previsões. Mudanças na Terra estariam em curso. Deus estava zangado com eles e eles teriam que pagar por seus pecados. O dia do julgamento parecia estar chegando com o novo milênio que se aproximava.

Talvez esse cenário lhe pareça familiar. Talvez você perceba a dimensão de medo individual e coletivo que aflora à medida que as criações humanas crescem de maneira incontrolável. Talvez compreenda quanto as pessoas se sentem sós, desconectadas de si e de Deus, incapazes de encarar seus erros ou corrigi-los.

Quando vocês escolheram ter livre-arbítrio, também

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escolheram ser responsáveis por suas criações. Talvez não tenham compreendido plenamente as implicações disso. Mas agora compreendem. Agora sabem que chegou o momento de se importar e de cooperar. Agora sabem que é hora de pôr ordem na bagunça que fizeram, de compensar aqueles a quem tenham machucado e de reconstituir o meio-ambiente que violaram.

Seus erros não o condenam, a não ser que você se recuse a corrigi-los. A escolha é sua. A escolha sempre foi sua.

A FÉ DE DEUS EM VOCÊ

Para conhecer a criação foi preciso sê-la.

Ao comer do fruto da Árvore do Conhecimento, você enveredou pelo caminho do erro e da correção que lhe propiciaria o verdadeiro conhecimento do seu ser e do outro.

Foi uma escolha feita com grande coragem. Você renun-ciou ao conforto da verdade absoluta para o desconforto do conhecimento relativo.

Você procedeu com grande fé. Mas Deus teve fé maior ainda. Ele o liberou para a sua busca de conhecimento, totalmente ciente de que você caminharia pela terra da escuridão, deparando-se com dragões e demônios. Ele sabia que você se enredaria no processo da vergonha e da culpa, punindo a si e aos demais. Sabia que você chegaria à beira da autodestruição, mas ainda assim o deixou partir. Ele teve uma fé tão grande em você que foi capaz de observar seu sofrimento e, de fato, até de senti-lo, sem intervir na sua escolha.

Talvez Ele soubesse algo que você também sabia quando deixou o Jardim, mas agora tem dificuldade de lembrar. Ele

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sabia que a Sua centelha, a Sua semente, o Seu amor e a Sua verdade estariam vivendo em você. Sabia que assim que você aprendesse a se voltar para esse amor, começaria a encontrar o seu caminho para o Lar. E assim o pacto entre Ele e você seria renovado. Você encontraria luz na escuridão. Não só a luz de Deus, mas também a sua própria. Essa luz e esse amor foram a sua herança.

Ele sabia que não importa para quão longe você se desviasse do Jardim, nunca poderia abandoná-Lo comple-tamente. No nível mais profundo do seu ser, você havia conhecido o amor e a aceitação incondicionais. Você esqueceu essa experiência, entretanto, no final, ao cambalear em sua dor mais profunda, você se lembraria—se lembraria do amor de Deus, por ser a essência de quem você é.

Ao deixar o Jardim, você iniciou uma busca por conhe-cimento fora de si mesmo. Procurou a verdade nas ideias e filosofias de outras pessoas. Leu livros, viajou a lugares distantes, buscou experiências esotéricas e inusitadas. Tudo isso o distanciou da sua conexão interior com Deus. Tentou encontrar fora de si mesmo o que já possuía dentro de si. De fato, quanto mais você procurava a verdade fora, mais se esquecia da sua conexão interior com a verdade. O seu relac-ionamento com Deus, que uma vez fora intrínseco, tornou-se extrínseco. Você criou ídolos e os venerou. Quanto mais procurava fora do seu ser, mais vazio se sentia por dentro. E quanto mais vazio se sentia, mais a sua busca era estimulada.

Para alguns, Deus tornou-se uma gorda conta bancária, uma casa requintada ou um carro sofisticado. Para outros, uma educação dispendiosa ou uma carreira bem sucedida. Outros ainda encontraram ídolos em uma bíblia, um ensina-mento ou um conjunto de crenças, um pregador ou um guru. E uns poucos converteram em ídolos uma garrafa, drogas recreativas, sexo casual ou uma declaração de amor vazia.

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Todas essas coisas pareciam oferecer-lhe satisfação, mas nenhuma delas fornecia o amor ou conforto que haviam prometido. Ao contrário, elas o deixavam sentindo-se vazio e querendo mais.

Você tornou-se superestimulado por fora e perdeu a sua capacidade de sentir e se conectar interiormente. Seu relacionamento com o amor inverteu-se. Tornou-se carente, dependente, só. Esqueceu-se de como oferecer amor, sendo somente capaz de pedir por ele.

Você queria relacionamento desesperadamente, mas não sabia lidar com as suas exigências. Tornou-se excessivamente egoísta e defensivo. Colocou-se em um “beco sem saída”—o que você mais queria era o que não podia ter ou ao menos era isto o que você acreditava.

A procura por Deus fora de seu ser levou-o a uma muralha intransponível. Era alta e larga demais para ser escalada ou contornada. Você estava em um impasse.

A jornada exterior havia chegado ao final. Nada mais lhe restava a fazer a não ser voltar-se para a direção de onde viera.

Para poder retornar de modo autêntico, você teve que reconhecer a enorme futilidade da procura por amor fora de si mesmo. Aquele momento de reconhecimento seria o começo de seu caminho espiritual—seria o fim da queda do estado de Graça e o início do seu retorno ao Jardim.

REDENÇÃO

Eu lhe disse: “bata e a porta se abrirá”. Mas não estou certo de que você acreditou em mim.

Quando você está com medo e sufocado pela vida, pensa ser uma vitima da dor em um mundo sem sentido. Você não sabe que a sua dor lhe pertence e que é responsabilidade sua

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transformá-la. Não sabe que está aqui na Terra para apre-nder lições especificas sobre como amar a si e aos outros.

Entretanto, mais cedo ou mais tarde, você irá dar-se conta de que a vida não segue de acordo com as suas expectativas ou demandas. E compreenderá que a sua frustração contin-uará até você mudar a sua atitude perante a vida.

Tentar mudar os eventos e as circunstâncias exteriores da sua vida sem orientar suas crenças e atitudes interiores é uma estratégia ineficaz. Se quer mudar as circunstâncias exteriores da sua vida, você precisa começar a olhar para o conteúdo da sua própria consciência. Que significado você está dando à situação que se apresenta? Você está sofrendo devido ao que ocorreu ou devido à sua interpretação do que ocorreu?

O caminho espiritual começa com um autoexame cuidadoso, não com palavras e ações mecânicas que visem a aumentar a sua habilidade de obter o que quer. A busca por abundância exterior não pode ser bem sucedida quando você se sente internamente falido, ainda que resulte em aumento da sua conta bancária ou de seus bens.

Riqueza interior traduz-se em provisão adequada: nem muito, nem pouco. Você tem exatamente o que necessita, quando o necessita. Ao aceitar a vida como esta lhe é ofer-ecida, você evita lutas desnecessárias. Compreende que a maneira como vê algo influencia a maneira como o vivencia, bem como aquilo que irá atrair no futuro. Se você parar de resistir à vida, ela se tornará mais fácil. Eventos que o favorecem começam a ocorrer naturalmente. Você não tem que tentar fazer com que ocorram.

A lei da Graça opera de dentro para fora. À medida que ocorrem mudanças na maneira como considera a sua experiência, a sua experiência começa a mudar.

Você não rejeita ou encontra defeitos na sua experiência

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só porque ela se mostra de modo diferente do que esperava. Em vez disso, respira fundo, abre mão das suas expectativas e tenta acolher o que está ocorrendo. Você sabe que a sua tarefa é abraçar tudo o que lhe acontecer. E quanto mais difícil for acolher algo, mais profunda será a lição.

Você aprende a se entregar à vida e a confiar nela tal como ela se desdobra. Essa entrega é necessária não apenas uma ou duas vezes, mas continuamente, a cada dia, a cada hora, a cada momento. Ao se alinharem o exterior e o interior, a Graça se manifesta.

Graça é poesia em movimento. É a dança volúvel, encar-nando a forma por um instante e logo a abandonando. Ela se corporifica, muda de forma, desaparece e reaparece. Ela é espontânea, jocosa, sempre nova. Para vê-la ou apreciá-la, você precisa estar presente no momento.

Certa vez eu lhe disse: “bata e a porta se abrirá”. Mas não estou certo de que você acreditou em mim.

Quando estiver pronto, você atravessará o limiar da entrada e nós moraremos juntos. Até então, saiba que o Amigo está com você. Ele o conduzirá às margens das águas serenas, o guiará e o confortará. Por Seu intermédio compreenderá que o bem e a misericórdia o envolvem e o seguem por todos os dias da sua vida.

Pois você, meu amigo, é aquele que traz o amor, que traz a luz que ilumina a escuridão.

Por ter aprendido a se amar, pode receber o meu amor e levá-lo consigo. Portanto, aonde quer que vá, eu irei com você. Por seu intermédio, meu ensinamento é oferecido ao mundo de forma autêntica, tal como o dei a você.

Que Deus lhe propicie uma jornada rápida e sem resistên-cias, meu irmão. Uma vez que chegue à Casa do Amor, você jamais a deixará. Quando outros estiverem prontos para se unir a você, você simplesmente abrirá a porta.

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Paul Ferrini é autor de um considerável número de livros que nos ajudam a curar o corpo emocional e a abraçar uma espiritualidade embasada nos desafios reais da vida diária. O trabalho de Paul é centrado no coração e é vivencial, capacitando-nos a avançar através do nosso medo e da nossa vergonha e a compartilhar com os outros quem ver-dadeiramente somos. Paul Ferrini fundou e tem editado o “Miracles Magazine”, uma publicação que se destina a contar Histórias de Milagres, oferecendo esperança e inspiração a todos. As conferências, retiros e o Processo de Grupo de Afinidade de Paul têm ajudado milhares de pes-soas a aprofundar a sua prática de perdão e a abrir seus corações à Divina Presença, em si mesmas e em outras. Para maiores informações sobre seminários, retiros ou o Processo de Grupo de Afinidade desenvolvido por Paul, entre em contato com a Heartways Press, 9 Phillips Street, Greenfield, MA 01301 ou ligue para 00 1 (413) 774-9474. Acesse: http://www.paulferrini.comemail: [email protected]