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Centro Universitário Leonardo Da VinciCurso Bacharelado em Serviço Social
PATRÍCIA DE ALMEIDA SANTOS
SES 2011
TRABALHO DE GRADUAÇÃOA VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO NO CONTEXTO FAMILIAR: UM
ESTUDO NO CREAS DE JACOBINA/BA
JACOBINA
2012
CIDADEANO
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PATRÍCIA DE ALMEIDA SANTOS
A VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO NO CONTEXTO FAMILIAR: UM ESTUDO NO
CREAS DE JACOBINA/BA
Trabalho de graduação apresentado à
disciplina de TG – do curso de Serviço
Social – do Centro Universitário Leonardo da
Vinci – UNIASSELVI, como exigência parcial
para a obtenção do título de Bacharel em
Serviço Social.
Tutora/orientadora pedagógica: Adriana
Ribeiro Andrade
JACOBINA
2012
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A VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO NO CONTEXTO FAMILIAR: UM ESTUDO NO
CREAS DE JACOBINA/BA
POR
PATRÍCIA DE ALMEIDA SANTOS
Trabalho de Conclusão de Curso aprovado
do grau de Bacharel em Serviço Social,
sendo – lhe atribuída à nota “_____”
(_____), pela banca examinadora formada
por:
_______________________________________________
Presidente: Profª Adriana Ribeiro Andrade - Orientador
__________________________________________
Membro:
__________________________________________
Membro: Karina Dias Morais
Jacobina
14 de setembro de 2012
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a Eliset, minha mãe, José Sebastião meu pai e,
em especial, a meus avôs, Cristina e Bartolomeu que tanto me ajudaram
na dura caminhada da vida e na vitória desta minha formação.
Ao meu esposo Altamiro, pelo incentivo contínuo, otimismo, amor,
dedicação e compreensão, sempre me apoiando nunca me deixando
desanimar, obrigada por fazer parte dessa minha trajetória e
principalmente de minha vida.
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AGRADECIMETOS
Agradecimentos será, nesse momento, minha pequena contribuição aqueles
que de forma direta ou indireta me ajudaram a construir este trabalho. Digo pelo fato
de que esta monografia é, para mim, mais que um trabalho de conclusão de curso a
que todos os estudantes estão submetidos. É o resultado de uma formação
acadêmica intensa e gratificante.
Agradeço inicialmente ao nosso Deus que nos deu o dom da vida, e me
proporcionou a realização deste trabalho, que foi para mim de grande importância e
realização pessoal e profissional.
Ao meu filho Tácio. Teu nascimento me tornou uma pessoa melhor e
tua presença ilumina meus dias. Contigo aprendo constantemente o verdadeiro
significado do “Cuidar”.
As minhas irmãs que acreditaram em meu potencial, sempre me incentivando
a ir em busca de meus objetivos.
A minha supervisora acadêmica, Adriana, pelo incentivo, profissionalismo,
dedicação e dinamismo dedicados nesta caminhada.
Não poderia deixar de agradecer a minha supervisora de estágio, Josiana, e
por que não dizer amiga. Rígida em alguns momentos, mais, ao mesmo tempo
compreensível, exigindo de mim a dedicação ao estágio e que me fez compreender
o real valor do conhecimento não só para a realização profissional como para a vida.
Também agradeço a Assistente Social Ivana, pelas orientações,
compreensão, otimismo e alegria o qual foi de grande importância para meu
crescimento.
Aos idosos e seus cuidadores que são acompanhados no CREAS, através
deles pude realizar meu projeto de intervenção, o qual me fez crescer pessoalmente
e profissionalmente.
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As colegas do curso Ana Paula, Adriana, Amanda, Aline, Jane, Edna, Liliane
e Daniela pela amizade, colaboração e apoio no desenvolvimento de nossos
estudos, das quais sentirei muitas saudades.
Para terminar meus agradecimentos, não poderia deixar de colocar aqui
minhas primas, amigas de toda uma vida, que mesmo sem saber estavam sempre
me ajudando, as horas jogadas fora conversando bobeiras, sempre me apoiando em
todas as minhas decisões. Obrigada de coração à Disney, Simeia e Simone.
Enfim, agradeço a todos os familiares, amigos e profissionais que de alguma
forma se fizeram presente e contribuíram para a conclusão desta etapa de minha
vida. A todos muito obrigada!
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A TIGELA DE MADEIRA
Um senhor de idade foi morar com seu filho, nora e o netinho de quatro
anos de idade. As mãos do velho eram trêmulas, sua visão embaçada e seus
passos vacilantes. A família comia reunida à mesa. Mas, as mãos trêmulas e a visão
falha do avô o atrapalhavam na hora de comer. Ervilhas rolavam de sua colher e
caíam no chão. Quando pegava o copo, leite era derramado na toalha da mesa.
O filho e a nora irritaram-se com a bagunça. - Precisamos tomar uma
providência com respeito ao papai – disse o filho. - Já tivemos suficiente leite
derramado, barulho de gente comendo com a boca aberta e comida pelo chão.
Então, eles decidiram colocar uma pequena mesa num cantinho da cozinha.
Ali, o avô comia sozinho enquanto o restante da família fazia as refeições à mesa,
com satisfação.
Desde que o velho quebrara um ou dois pratos, sua comida agora era
servida numa tigela de madeira. Quando a família olhava para o avô sentado ali
sozinho, às vezes ele tinha lágrimas em seus olhos. Mesmo assim, as únicas
palavras que lhe diziam eram admoestações ásperas quando ele deixava um talher
ou comida cair ao chão. O menino de 4 anos de idade assistia a tudo em silêncio.
Uma noite, antes do jantar, o pai percebeu que o filho pequeno estava no
chão, manuseando pedaços de madeira. Ele perguntou delicadamente à criança:
- O que você está fazendo? O menino respondeu docemente: - Oh, estou fazendo
uma tigela para você e mamãe comerem, quando eu crescer. O garoto de quatro
anos de idade sorriu e voltou ao trabalho. Aquelas palavras tiveram um impacto
tão grande nos pais que eles ficaram mudos. Então lágrimas começaram a escorrer
de seus olhos. Embora ninguém tivesse falado nada, ambos sabiam o que precisava
ser feito.
Naquela noite o pai tomou o avô pelas mãos e gentilmente conduziu-o à
mesa da família. Dali para frente e até o final de seus dias ele comeu todas as
refeições com a família. E por alguma razão, o marido e a esposa não se
importavam mais quando um garfo caía, leite era derramado ou a toalha da mesa
sujava.
Cláudio Seto
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RESUMO
O presente trabalho de Conclusão de Curso busca apresentar um estudo sobre a
violência contra os idosos. Serão tratados os direitos desse segmento etário
assegurados nas principais leis federais e o crescimento acelerado dessa
população. As políticas e programas voltados à questão do idoso no Brasil, ainda
não são suficientes para amenizar o descaso como eles são tratados. Na sociedade
moderna a questão que envolve o idoso é uma demanda nova para a intervenção do
assistente social. O trabalho apresenta os dados da realidade do município de
Jacobina/ Bahia, presentes nos arquivos do Centro de Referência Especializado da
Assistência Social – CREAS, através de uma coleta de dados, onde foi possível
traçar o perfil dos usuários da instituição, e pode ser analisada a situação dos idosos
no âmbito familiar. Dentre os dados analisados pode – se perceber o crescente
número de denuncias contra esse segmento populacional. Dessa maneira este
trabalho busca contribuir para a reflexão sobre o fenômeno estudado e os desafios
do assistente social na política de Assistência Social.
Palavras chave: Idoso, Violência Familiar, Família, Serviço Social.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Gráfico 1: Porcentagem de idosos na população de 1940 a 2000 e previsão para
2025
Gráfico 2: População residente de 60 anos ou mais de idade
Gráfico 3: Quantidade de cadastros por ano no CREAS
Gráfico 4:Sexo e faixa etária dos idosos acompanhados no CREAS
Gráfico 5: Porcentagem em relação as faixas etárias dos idosos acompanhados no CREAS.
Gráfico 6: total de idosos da sede do município
Gráfico 7: total de idoso da zona rural
Gráfico 8: relação dos agressores dos idosos
Gráfico 9: desligamento de alguns usuários da Instituição
Tabela 1: Crescimento relativo das pessoas de 60 anos ou mais
Tabela 2: Situação de violência familiar denunciadas no CREAS
Quadro 1: Porcentagem da população idosa por regiões do Brasil
Quadro 2: Proporção de idosos de 60 anos ou mais de idade
LISTA DE SIGLAS
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CBISS: Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbio de Serviços Sociais;
CEAS: Conselho Estadual de Assistência Social;
CFB – Constituição Federal Brasileira;
CNAS: Conselho Nacional de Assistência Social;
CNSS: Conselho Nacional de Serviço Social;
CRAS: Centro de Referência da Assistência Social;
CREAS: Centro de Referência Especializado da Assistência Social;
ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente;
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística;
ILPI – Instituto de Longa Permanência para Idosos;
LBA: Legião Brasileira de Assistência;
LOAS – Lei Orgânica da Assistência Social;
MDS – Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome;
MPAS: Ministério da Previdência e Assistência Social;
MS – Ministério da Saúde;
NOB – Norma Operacional Básica;
OMS – Organização Mundial de Saúde;
PNAD – Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílio;
PNAS – Política Nacional da Assistência Social;
SEMAS – Secretaria Municipal de Assistência Social;
SGD – Sistema de Garantia de Direitos;
SUAS – Sistema Único da Assistência Social;
SUMÁRIO
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1. AREA DE CONCENTRAÇÃO....................................................................... 13
1.1. APRESENTAÇÃO DO TEMA...................................................................... 13
1.2. DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA................................................................. 14
1.3. CONTEXTUALIZAÇÃO E JUSTIFICATIVA................................................. 15
1.4. RELEVÂNCIA TEÓRICA.............................................................................. 16
1.5. CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO.................................................. 17
2. OBJETIVOS..................................................................................................... 18
2.1. OBJETIVO GERAL....................................................................................... 18
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS........................................................................ 18
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................... 20
3.1 O ENVELHECIMENTO POPULACIONAL NO BRASIL .............................. 20
3.2 VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO .................................................................. 24
3.3 VIOLÊNCIA FAMILIAR.................................................................................. 27
3.4 PROTEÇÃO SOCIAL AO IDOSO................................................................ 30
3.4.1 PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA.................................................................. 32
3.4.2 PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL.............................................................. 32
3.5 A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL..................................................... 33
3.5.1 O SERVIÇO SOCIAL NA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL............ 35
3.5.2 A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL.................................................. 36
4. METODO......................................................................................................... 37
4.1 QUANTO À NATUREZA, ABORDAGEM E OBJETIVO.............................. 38
4.2 PARTICIPANTES........................................................................................ 39
4.3 INTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS................................................ 39
12
4.4 PROCEDIMENTO COLETA DE DADOS................................................... 39
4.5 PROCEDIMENTOS DE TRATAMENTO E ANÁLISE DE DADOS............ 40
5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS................................... 40
5.1 PERFIL DOS IDOSOS ACOMPANHADOS NO CREAS............................. 40
5.1.1 SEXO E FAIIXA ETÁRIA DOS IDOSOS ACOMPANHADOS NO CREAS... 41
5.2 RELAÇÃO DOS BAIRROS E REGIÕES EM QUE RESIDEM OS IDOSOS
ACOMPANHADOS NO CREAS............................................................................ 43
5.2.1 DESLIGAMENTO DE ALGUNS IDOSOS DA INSTITUIÇÃO...................... 44
5.3 AS SITUAÇÕES DE VIOLÊNCIA FAMILIAR ACOMPANHADAS PELO CREAS
...............................................................................................................................45
5.4 PERFIL DOS AGRESSORES DOS IDOSOS ACOMPANHADOS NO
CREAS ..........................................................................................................................
.....46
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 47
6.1 CONCLUSÕES ........................................................................................ 47
6.2 RECOMENDAÇÕES ................................................................................ 49
REFERÊNCIA ................................................................................................ 50
APÊNDICES .................................................................................................. 53
1. ÁREA DE CONCENTRAÇÃO
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O Centro de Referência Especializado da Assistência Social – CREAS é uma
unidade pública estatal, que tem como finalidade ofertar orientações e apoio
especializados e continuados a indivíduos e famílias com direitos violados,
direcionando o foco das ações para a família, na perspectiva de potencializar e
fortalecer sua função protetiva.
O CREAS concentra – se nas políticas sociais e cidadania e o principal objetivo
da instituição é prevenir e combater a violação de direitos, ofertando ações
especializadas com equipe multiprofissional de orientação, proteção,
acompanhamento psicossocial e jurídico individualizado a criança e adolescente,
idoso, pessoas com deficiência, mulher, principalmente as vítimas de abuso e
exploração sexual.
Área de concentração: Políticas Sociais e Cidadania
Tema: A violência contra o idoso no contexto familiar: um estudo no contexto do
CREAS de Jacobina/ BA.
1.1. APRESENTAÇÃO DO TEMA
Atualmente, pode – se perceber que envelhecer vem sendo uma
responsabilidade social coletiva. Contudo, a sociedade idosa vem sofrendo, cada
vez mais discriminações, sejam verbais, por conseqüências de agressões físicas,
dentre outros.
Muitas pessoas idosas necessitam de cuidados para continuar a viver, seja
em suas casas ou na comunidade onde estão inseridos. A família mudou muito nas
ultimas décadas, pois em alguns casos ao invés de prestar cuidados aos seus
familiares idosos, estão maltratando – os, agredindo – os de forma que os idosos
fiquem fragilizados. Diante disso foi elaborado o projeto de intervenção.
De acordo com Norbert, (2002, p. 8):
14
A fragilidade dos velhos é muitas vezes suficiente para separar os que envelhecem dos vivos. Sua decadência os isola. Podem tornar – se menos sociáveis e seus sentimentos menos calorosos, sem que se extinga sua necessidade dos outros. Isso é o mais difícil: o isolamento tácito dos velhos, o gradual esfriamento de suas relações com pessoas a quem eram afeiçoados, a separação em relação aos seres humanos em geral, tudo o que lhes dava sentido e segurança.
Diante disso é que foi elaborado o projeto de intervenção que tem como
objetivo, oferecer orientações para o cuidador ter condições de exercer com maior
capacidade os cuidados com o idoso, favorecendo, desta fora, a melhoria de
qualidade de vida das pessoas idosas.
O PROJETO “Cuidando de quem cuida”, é um projeto realizado pela
estagiária Patrícia de Almeida Santos acadêmica do Centro Universitário Leonardo
da Vinci, UNIASSELVI, no Centro de Referência Especializado da Assistência Social
– CREAS e SEMAS (Secretaria Municipal de Assistência Social) e Prefeitura
Municipal de Jacobina – Bahia, tendo como clientela os cuidadores de idosos que
são atendidos na Instituição.
O presente trabalho busca assegurar e proporcionar segurança as pessoas
idosas.
1.2. DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA
Os diversos abusos, as violências, as negligências, as violações dos
direitos, as discriminações e os preconceitos que as pessoas idosas sofrem na vida
cotidiana precisam ser prevenidos e superados. Todas essas formas de violência e
maus tratos representam um grave problema para o bem – estar desse segmento
etário. Os diversos abusos sofridos podem causar sofrimento psicológico, lesões,
doenças, isolamento e podem até mesmo, levar a morte. A pessoa idosa não pode
ser desrespeitada e nem maltratadas. Isso não pode ocorrer no silêncio dos lares e
nem tampouco na vida pública.
O estudo a ser realizado no CREAS, uma instituição que oferece apoio
especializado as pessoas que tem os seus direitos violados. A pesquisa
apresentará um estudo, que busca verificar os idosos acompanhados na instituição
15
através dos cadastros dos mesmos. Possibilitará a instituição identificar a
quantidade de cadastros na instituição, bem como sexo, faixa etária, dentre outros.
É possível superar ou prevenir violências e maus tratos contra a pessoa
idosa?
1.3. CONTEXTUALIZAÇÃO E JUSTIFICATIVA
Estudos e pesquisas sobre violência contra a pessoa idosa no Brasil revelam
que freqüentemente elas são praticadas por pessoas muito próximas da pessoa
idosa, seja em seu domicílio, numa instituição de longa permanência para idosos
(ILPI) ou em outros serviços para as pessoas idosas.( Tomiko Born, 2008, p.19)
Em relação aos familiares que se tornaram cuidadores de pessoas idosas,
verifica – se que muitos assumiram este cargo sem ter recebido formação anterior, e
são obrigados a continuar com esta responsabilidade, durante longo tempo,
acumulando cansaço, sem receber apoio e nem orientação para enfrentar as
mudanças que vão ocorrendo na saúde da pessoa idosa.
Hoje diversas leis que tratam dos direitos dos idosos, podemos considerar
aqui o expoente máximo da Legislação Protetiva, o Estatuto do Idoso – lei nº
10.741/03, no seu art. 1º O Estatuto visa à regular os direitos assegurados às
pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.
O Estatuto veda qualquer tipo de negligência, discriminação, violência,
crueldade ou opressão ao idoso, sendo todo o atentado aos seus direitos, por ação
ou omissão, punindo, bem como é dever de todos prevenir a ameaça ou violação
aos direitos do idoso (art.4º).
O Centro de Referência Especializado da Assistência Social – CREAS,
integrante do SUAS – Sistema Único da Assistência Social, é responsável pela
oferta de atenções especializadas de apoio, orientação e acompanhamento a
indivíduos e famílias com idosos em situação de ameaças ou violação de direitos.
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Dessa forma, o CREAS do município de Jacobina vem apresentando um alto
Índice de denuncias, que se destaca das outras demandas atendidas, dos demais
tipos de violência contra pessoas idosas, que são acolhidas por telefone,
encaminhamentos de outras instituições ou através de atendimento presencial.
1.4. RELEVÂNCIA TEÓRICA
O estágio realizado no Centro de Referência Especializado da Assistência
Social – CREAS foi de grande importância, pois possibilitou vivenciar na prática os
assuntos abordados em sala de aula e que os conhecimentos adquiridos fossem
expostos. Como acadêmica de Serviço Social, pode – se identificar o alto índice de
denuncias contra a pessoa idosa e por isso a escolha do tema “Violência contra o
idoso no contexto familiar, um estudo no contexto do CREAS de Jacobina, que
trará ainda mais conhecimento e experiência, devido o envolvimento da instituição
e a elaboração do trabalho.
Para a instituição o estágio é uma oportunidade de trazer para dentro da
mesma, estudantes com conhecimento considerado, acadêmicos que estão em
busca de experiência e aceitação no mercado de trabalho. Quanto ao tema a ser
trabalhado, pode – se afirmar que será de muita valia para a instituição, pois
atualmente se sabe da grande demanda de violência contra a pessoa desse
segmento etário.
O estágio para a instituição de ensino pode – se comprovar que é uma
maneira de fazer com que os acadêmicos levem seus conhecimentos não só para
a sala de aula, mas que também ponha em prática no dia – a – dia das instituições.
Possibilitando dessa forma, vivenciar as rotinas diárias de uma instituição,
adquirindo informações e trocando experiências na sala de aula das mais diversas
situações vividas.
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1.5. CARACTERIZAÇÃO DA ORGANZAÇÃO
No dia 08 de setembro de 2006, foi inaugurado o Centro de Referência
Especializado da Assistência Social – CREAS Serviço Sentinela, situado na travessa
Banco do Brasil nº 35 Jacobina – Ba na administração do Prefeito Rui Macedo.
Sendo um serviço público de grande relevância para a população jacobinense.
Nesta época tratava – se de um conjunto de procedimentos, técnicos especializados
para atendimento e proteção imediata às crianças e aos adolescentes vítimas de
violência, abuso ou exploração sexual, bem como seus familiares.
A partir de 2008, o CREAS deixou de atender apenas ao programa Sentinela
e passou a atender as outras demandas.
Atualmente o Centro de Referência Especializado da Assistência Social está
localizado na Rua Ezequiel Amâncio de Carvalho 277 Bairro Jacobina I.
O Centro de Referência Especializado da Assistência Social – CREAS está
inserido na proteção social especial de média complexidade e fundamenta seus
direitos e garantias expressos na Constituição Federal do Brasil – CFB, na Lei
Orgânica da Assistência Social – LOAS, Política Nacional de Assistência Social
PNAS, Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social
NOB/SUAS, Estatuto da Criança e do Adolescente ECA, Estatuto do Idoso, Lei
Maria da Penha e no Guia de Orientação nº 01 do Ministério de Desenvolvimento
Social de Combate à Fome MDS e outras legislações complementares.
O Centro de Referência Especializado da Assistência Social – CREAS atua
como órgão coordenador e articulador dos serviços da proteção social especial de
média complexidade que opera a referência e contra referência com a rede de
serviços sócio assistenciais da Proteção Social Básica com as demais políticas
públicas e instituições que compõem o Sistema de Garantia de Direitos SGD.
Os objetivos do CREAS consistem em:
Prevenir e combater a violação de direitos, ofertando ações
especializadas com equipe multiprofissional de orientação;
Proteção, acompanhamento psicossocial e jurídico individualizado a
idosos, pessoas com deficiência, mulheres, crianças e adolescentes,
especialmente as vítimas de abuso sexual e exploração sexual;
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A instituição tem como finalidade Oferta de orientação e apoio especializados
e continuados a indivíduos e famílias com direitos violados, direcionando o foco das
ações para a família, na perspectiva de potencializar e fortalecer sua função
protetiva.
Sua equipe é composta por uma coordenadora Fânia Mª Amorim 2
assistentes sociais Josiana Marques e Ivana Alves 2 Psicólogas Vandelma Vilas
Boas e Claudia 2 Orientador social Edivaldo e Rejane 1 Secretária Tatiane e 1
motorista Recilvo.
2. OBJETIVOS
A seguir serão apresentados os objetivos geral e específicos da pesquisa.
Que buscam fundamentar o trabalho, propondo os meios que serão utilizados para
que se alcance uma resposta.
2.1 OBJETIVO GERAL
Identificar os tipos de violência que são cometidos contra os idosos dentro de seu
lar, bem como seus agressores.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
a. Realizar visitas domiciliares às residências dos idosos;
b. Analisar os cadastros dos idosos na instituição;
c. Buscar materiais bibliográficos para dar embasamento teórico para o tema em
estudo;
d. Listar o perfil dos idosos;
e. Identificar os agressores dos idosos;
19
f. Aplicar o projeto de intervenção aos cuidadores de idosos acompanhados na
instituição.
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3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
No intuito de buscar embasamento teórico para a pesquisa proposta, e visando
conteúdo para que se possa desenvolver o estudo apresentado, será exposto a seguir
assuntos relacionados ao tema violência contra o idoso.
3.1 O ENVELHECIMENTO POPULACIONAL NO BRASIL
O Brasil apresenta hoje um acelerado crescimento nas proporções de idosos.
Isso ocorre também no mundo inteiro, com pequenas exceções. Estimativas das
Nações Unidas alertam que a população idosa no Brasil estará entre as seis maiores
do mundo em 2025, precedida por China, Índia, Rússia, EUA e Japão (GOLDMAN,
2000).
O fenômeno do envelhecimento no Brasil é impressionante. A esperança de
vida ao nascer mais que dobrou no início (33 anos) ao final do século XX (quase 70
anos). De 1991 a 2000, a população brasileira com mais de 60 anos aumentou duas
vezes e meia a mais (35%) do que a população mais jovem que cresceu 14% (LIMA
– COSTA ET AL, 2002). A síntese dos indicadores sociais do IBGE (2003) assinala
que havia 16.022.231 pessoas com 60 anos ou mais no País em 2002,
representando 9,3% do total dos habitantes.
Estudos apresentados pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística confirmam o fenômeno de envelhecimento populacional em nosso país.
Em 1940 o percentual da população idosa sobre a população era de 4,1%, em 1960
de 4,7%, em 1980 de 6,1% e em 2000 corresponde a 8,6%, mas a estimativa para
2025 é de 15,6%, conforme mostra o gráfico a seguir:
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Gráfico 1 – porcentagem de idosos na população de 1940 a 2000 e previsão para 2025
Fonte: IBGE, 2002.
As populações envelhecem em conseqüência de um processo conhecido
como transição demográfica, no qual há uma mudança de uma situação de
mortalidade e natalidade elevadas, com populações predominantes jovem, para uma
situação com mortalidade e natalidade baixas, com aumento da proporção de
velhos. (COSTA et al, 2001, p. 184 – 200).
A transição demográfica no Brasil, assim como na maioria dos países em
desenvolvimento, vem ocorrendo de maneira um pouco diferente da que aconteceu
nos países desenvolvidos e, sobretudo, muito mais rapidamente.
O crescimento da população de idosos, em números absolutos e relativos, é
um fenômeno mundial e está ocorrendo a um nível sem precedentes. De acordo
com o IBGE (ANDREWS, 2000, p. 247):
Em 1950, eram cerca de 204 milhões de idosos no mundo e, já em 1998, quase cinco décadas depois, este contingente alcançava 579 milhões de pessoas, um crescimento de quase 8 milhões de pessoas idosas por ano. As projeções indicam que, em 2050, a população idosa será de 1 bilhão 900 milhão de pessoas, montante equivalente à população infantil de 0 À 14 anos de idade.
No censo demográfico de 2000, a população de 60 anos ou mais de idade no
Brasil, era de 14.536,029 de pessoas contra 10.722,705 em 1991. O que pode ser
verificado no gráfico a seguir:
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Gráfico 2 - População residente de 60anos ou mais de idade, Brasil – 1991/2000
Fonte: Censo demográfico 1991: resultados do Universo. Rio de Janeiro: IBGE, 2002. Censo
demográfico 2000.
Na população idosa, o segmento que, no período intercensitário, mais
cresceu relativamente foi aquele das pessoas de 75 anos ou mais, 49,3% o que fez
alterar a composição interna do próprio grupo e relevando uma heterogeneidade de
características deste segmento populacional. Como pode ser analisado na tabela
abaixo:
Tabela 1 – crescimento relativo das pessoas de 60 anos ou mais – Brasil – 1991/2000
Grupos de idade Pessoas residentes de 60 anos ou mais de idade Crescimento relativo
(%)1991 2000
Total 10.722,705 14.536,029 35,6%
60 a 64 anos 3.636,858 4.600,929 26,5%
65 a 69 anos 2.776,060 3.581,106 29,0%
70 a 74 anos 1.889,918 2.742,302 45,1%
75 anos ou mais 2.419,869 3.611,692 49,3%
Fonte: Censo demográfico 1991: resultado do universo, Rio de Janeiro: IBGE, 2002. Censo
demográfico 2000.
De acordo com a PNAD (2007), a proporção de pessoas com 60 anos ou
mais apresenta ligeiro aumento de 9,9% em 2005, para 10,2% em 2006. O Rio de
Janeiro é o Estado com maior percentual de pessoas nessa faixa etária (14,1%). O
segundo que se destacou foi o Rio Grande do Sul, com uma proporção de 12,4%.
Santa Catarina apresentou um percentual de 10%. O menor índice foi registrado em
Roraima de 4,3%. Como pode ser visto no quadro a seguir:
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Quadro 1 – Porcentagem da população idosa por regiões do Brasil
Unidades de Federação % pessoas com 60 anos ou mais
Amazonas, Roraima e Amapá 4,3 a 6
Acre, Rondônia, Mato Grosso, Pará e Distrito Federal
6 a 8
Maranhão, Tocantins, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná, Ceará, Pernambuco, Alagoas,
Sergipe, Bahia e Espírito Santo.
8 a 10
Piauí, Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Norte, Paraíba e Santa Catarina
10 a 12
Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul 12 a 14,1
Fonte: IBGE – PNAD (2007)
O ritmo de crescimento da população idosa no Brasil continua sendo
sistemático e consistente. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio –
PNAD 2009, o País contava com uma população de cerca de 21 milhões de pessoas
de 60 anos ou mais de idade. No período de 1999 a 2009, o peso relativo dos idosos
(60 anos ou mais de idade) no conjunto da população passou de 9,1 para 11,3%. O
que pode ser notado no quadro abaixo:
Quadro 2 – Proporção de idosos de 60 anos ou mais de idade. Brasil – 1999/2009.
Ano %
1999 9,1
2001 9,1
2002 9,3
2003 9,6
2004 9,7
2005 9,9
2006 10,2
2007 10,5
2008 11,1
2009 11,3
Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 1999/2009.
24
O IBGE vem alertando por meio dos indicadores sociais e demográficos,
divulgados anualmente, que a estrutura etária do país está mudando e que o grupo
de idosos é, hoje, um contingente populacional expressivo em termos absolutos e de
crescente importância relativa no conjunto da sociedade brasileira, fenômeno que,
sem sombra de dúvidas implicará na necessidade de adequações das políticas
sociais, particularmente daquelas voltadas para atender às crescentes demandas
nas áreas da saúde, previdência e assistência social.
3.2 VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO
A violência é considerada como um fenômeno sócio histórico que se
apresenta de maneiras diferentes, dependendo da sua cultura e local. A palavra
violência tem expressado ao longo da história, diferentes significados, e vem
resistindo à passagem do tempo. Em sentido denotativo, violento era quem agia com
força exagerada. Posteriormente, a palavra apresentou significados cada vez mais
diversos, como violência física, violência verbal e outros.
A violência tem sido, entre outros, um dos problemas mais desafiadores para
a sociedade desde os tempos remotos e, no que se refere ao idoso, pode – se situá
– la nos aspectos sócio culturais implicados nos conflitos interpessoais e
intergeracionais.
De acordo com Minayo (2004, p.6),
A violência é um dos eternos problemas da teoria social e da prática política relacional da humanidade. Tanto no Brasil como no mundo a violência contra os mais velhos se expressa como nas formas que se organizam entre os ricos e os pobres, entre os gêneros, as raças e o grupo de idade nas várias esferas de um poder político, institucional e familiar.
A violência é uma expressão relacional de poder, como forma de exercício de
dominação, de imposição como de reação de quem tem seu poder enfraquecido,
como revide (...) está situada no contexto de negação da vida (Faleiros, 2005, p.6).
Quando se fala em violência contra as pessoas idosas, pensa – se imediatamente
na violência física, mas esta não é a única, pois há inúmeras formas de violência,
25
veladas e mascaradas. A violência também pode manifestar – se como psicológica,
econômica, moral, sexual, pode ser familiar, social, institucional, estrutural e pode
resultar de atos de omissão e negligência. Segundo a Rede Internacional para a
Prevenção de Maus Tratos (INPEA, 2005) define a violência como:
“A violência contra a pessoa idosa se define como qualquer
ato, único ou repetitivo, ou omissão, que ocorra em qualquer
relação supostamente de confiança, que cause dano ou
incômodo à pessoa idosa”.
A partir da literatura internacional se sabe que a violência contra a população
idosa é também problema universal. Estudos de diferentes culturas e de cunho
comparativo entre os países têm demonstrado que pessoas de todos os status sócio
econômicos, etnias e religiões são vulneráveis aos maus tratos que ocorrem de
várias formas: física, sexual, emocional e financeira. Freqüentemente, uma pessoa
de idade sofre, ao mesmo tempo, vários tipos de maus tratos, mostram Wolf (1994);
Chavez (2002) e Menezes (1999) Bernal e Gutierrez (2004). Todos os
pesquisadores que têm analisado arquivos de Emergência Hospitalares e de
Institutos Médico Legais comprovam, historicamente, a existência de ações violentas
contra idosos, como bases de lesões e traumas físicos, mentais e emocionais
(Chavez, 2002; Pavlik etal, 2001; Menezes, 1999; Ministério da Saúde, 2001) dentre
outros.
A violência contra o idoso pode ser considerada uma afronta à dignidade
humana, estando relacionada com a visão negativa da velhice. Portanto, a violência
traz subjacente uma visão depreciativa do idoso, fruto do desrespeito, do
preconceito e crueldade, que precisa ser superada. Também é importante
desconstruir conceitos negativos em relação à velhice e ao processo de
envelhecimento, criando uma imagem positiva do idoso. Conforme Zimerman (2000,
p.19):
Uma pessoa não passa a ter determinada personalidade por que envelheceu, ela simplesmente ou acentua características que já possuía antes. Um velho chato ou deprimido é um jovem chato e deprimido que envelheceu, assim como um velho alegre e otimista é um jovem alegre e otimista que se encontra em outra etapa da vida.
26
A violência contra os idosos extrapola, há tempos, os limites da convivência
social, eis que já faz parte de seu dia – a – dia, pois, onde quer que o idoso esteja,
na maioria das vezes, sofre algum tipo de mau trato, por mais simples que seja,
revelando, desta feita, conflitos de relações interpessoais que afetam a convivência
pacífica, a solidariedade humana e, conseqüentemente, a qualidade de vida das
pessoas.
Segundo Minayo (2005, p.14) as violências contra idosos se manifestam de forma: (a) estrutural, aquela que ocorre pela desigualdade social e é naturalizada nas manifestações de pobreza, de miséria e de discriminação; (b) interpessoal, nas formas de comunicação e de interação cotidiana e (c) institucional, na aplicação ou omissão na gestão das políticas sociais pelo Estado e pelas instituições de assistência, maneira privilegiada de reprodução das relações assimétricas de poder, de domínio, de menosprezo e de discriminação.
A violência, pois, expressa uma relação de poder e de força. A força do poder
implica assegurar o lugar de mais forte, com a submissão do outro por meio de
estratégias, mecanismos, dispositivos, arranjos que leve o outro a se curvar e
mesmo a consentir ao dominante, com contragosto mais ou menos expresso ou
escondido. (Faleiros, 2007, p. 108).
Internacionalmente se estabeleceram algumas categorias e tipologias para
designar as várias formas de violências mais praticadas contra a população idosa
que de acordo com Minayo (2005, p. 15), são elas:
Abuso físico – São expressões que se referem ao uso da força física para compelir
os idosos a fazerem o que não desejam, para feri – los, provocar – lhes dor,
incapacidade ou morte.
Abuso Psicológico – Correspondem a agressões verbais ou gestuais com o
objetivo de aterrorizar os idosos, humilhá – los, restringir sua liberdade ou isolá – los
do convívio social.
Abuso sexual – São termos que se referem ao ato ou jogo sexual de caráter homo
ou hetero – relacional, utilizando pessoas idosas. Esses abusos visam a obter
excitação, relação sexual, ou práticas eróticas por meio de aliciamento, violência
física ou ameaças.
27
Abandono – É uma forma de violência que se manifesta pela ausência ou deserção
dos responsáveis governamentais, institucionais ou familiares de prestarem socorro
a uma pessoa idosa que necessite de proteção.
Negligência – Refere – se à recusa ou á omissão de cuidados devidos e
necessários aos idosos, por parte dos responsáveis familiares ou institucionais. A
negligência é uma das formas de violência contra os idosos mais presentes no país.
Ela se manifesta, freqüentemente, associada a outros abusos que geram lesões e
traumas físicos, emocionais e sociais, em particular, para as que se encontram em
situação de múltipla dependência ou incapacidade.
Abuso financeiro – Consiste na exploração imprópria ou ilegal dos idosos ou ao
uso não consentido por eles de seus recursos financeiros e patrimoniais. Esse tipo
de violência ocorre, sobretudo, no âmbito familiar.
Auto – negligência – Diz respeito à conduta da pessoa idosa que ameaça sua
própria saúde ou segurança, pela recusa de prover cuidados necessários a si
mesmos.
3.3 VIOLÊNCIA FAMILIAR
Para a pessoa idosa, a família é importante, e manter os laços afetivos tem
um grande significado. Mais que o apoio material ela espera da família,
compreensão, paciência, interesse em escutá – La, respeito as suas idéias, crenças
e opiniões, não se sentindo menosprezado ou qualificada de obsoleta ou “velha”.
A família é à base da sociedade, e seu dever, compartilhado com a sociedade
e o Estado, é amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na
comunidade, defendendo sua dignidade e bem – estar e garantindo – lhes o direito à
vida, conhecer suas fragilidades, suas transformações, modificando sua visão e
atitude sobre a velhice, e colaborar para que mantenha sua posição junto ao grupo
familiar e a sociedade (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1998).
A violência familiar contra o idoso é um problema nacional e internacional.
Pesquisas feitas em várias partes do mundo revelam que cerca de 2/3 dos
28
agressores são filhos, e cônjuges (REAY e BROWNE, 2001; WILLIAMSON e
SCHAFFER, 2001). São particularmente relevantes os abusos e negligências que se
perpetuam por choque de gerações, por problemas de espaço físico e por
dificuldades financeiras que costumam se somar a um imaginário social que
considera a velhice como “decadência” e os idosos como “passado” e “descartáveis”
(MINAYO e COIMBRA JR. 2002;DEBERT, 1999). Todos os estudos existentes
ressaltam a relevância de tocar nesse tema, pelo fato de que os cuidados com a
pessoa idosa continuam a ser na maioria das sociedades, responsabilidade das
famílias. No Brasil, mais de 95% das pessoas acima de 60 anos estão morando com
seus parentes ou vivem em suas próprias casas.
A violência familiar é enfatizada nos estudos internacionais como a mais
freqüente forma de abuso contra os idosos. Chavez (2002) e Kleinschmidt (1997)
mostram que 90% dos casos de violência e de negligência contra as pessoas acima
de 60 anos ocorre nos lares. Para o Brasil essa afirmação seria prematura, pois as
pesquisas não permitem explicitar a proporção em que incidem os abusos dos
parentes próximos, os que ocorrem fora dos lares e dentro das instituições na
configuração desse fenômeno.
Ainda que não haja pesquisas sobre a magnitude nacional do problema e
nem das diferenciações das formas de sua manifestação, estudos focalizados
comprovam a gravidade da violência familiar contra idosos no país. É possível dizer
que as agressões e negligências estão presentes e configuram um sério problema
social. Numa consolidação de dados da Delegacia de Proteção ao Idoso em São
Paulo, o Instituto Brasileiro de Ciências Criminais, tendo como base 1.500
notificações feitas no período de 1991 a 1998, comprovou que 40% das queixas dos
velhos são contra filhos, netos ou cônjuges e outros 7% se referem a outros
parentes. Cerca de 13% das denuncias são de agressões físicas e mais de 60% por
abusos econômicos dos familiares ou pela recusa a dar – lhes proteção, como já
mencionado. (INSTITUTO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS CRIMINAIS, 2004).
Os agressores de idosos são na maioria filhos e filhas, de acordo com
Faleiros (2007, p.109),
Nas ocorrências pesquisadas, 54,7% dos agressores da violência intrafamiliar são filhos e filhas. As mulheres são, em maior proporção, as vítimas dessa violência, configurando em
29
média 61% das constatações de ocorrências. Os homens se destacam como maioria das vítimas em apenas sete capitais, sendo cinco da Região Norte e duas da Região Centro – Oeste (Campo Grande e Goiânia).
Apesar de escassos estudos nacionais (MENEZES, 1999; BRASIL, 2001),
assim como os internacionais (ANETZBERGER et al, (199); ORTMANN ET AL ,
(2001); WOLF, (1995) evidenciam que existe um perfil do abusador familiar: por
ordem de freqüência costumam ser, em primeiro lugar, os filhos, homens mais que
as filhas; em segundo lugar, noras e genros e, em terceiro, o cônjuge. SANMARTIN
et al (2001), numa amostra de 307 idosos espanhóis maltratados e acima de 70
anos, encontram o seguinte perfil de agressores: 57% eram filhos e filhas; 23% eram
genros e noras; 8% um dos cônjuges. ANETZBERGER et al (1994) também
evidenciaram como principais agressor filhos homens em 78,3% dos casos, num
estudo qualitativo realizado com abusadores e não abusadores, nos Estados
Unidos.
A caracterização do agressor foi mais aprofundada por alguns investigadores
brasileiros e estrangeiros que se perguntaram pelas situações de risco que os
idosos vivenciam nos lares. Os pesquisadores (MENEZES, 1999; ORTMAN et al
2001; WOLF, 1995; SANMARTIN et al 2001; COSTA E CHAVEA, 2002; REAY e
BROWNW, 2001, WILLIAMSON e SEHAFFER, 2001, LACHS et al, 1998;
ANETZBERGER et al 1994; encontraram os seguintes sinais de vulnerabilidade e
risco:
O agressor vive na mesma casa que a vítima; O fato de filhos serem dependentes financeiramente de seus pais de idade avançada; Os idosos dependerem da família de seus filhos para sua manutenção e sobrevivência; O abuso de álcool e drogas pelos filhos, por outros adultos da casa ou pelo próprio idoso; Os vínculos afetivos entre os familiares serem frouxos e pouco comunicativos; O isolamento social dos familiares ou da pessoa de idade avançada; O idos ter sido ou ser uma pessoa agressiva nas relações com seus familiares; Haver história de violência na família; Os cuidadores terem sido vítimas de violência doméstica, padecerem de depressão ou de qualquer tipo de sofrimento mental ou psiquiátrico.
A violência contra os idosos deve ser analisada no contexto das grandes
mudanças familiares. Os idosos são vítimas dos mais diversos tipos de violência,
que vão desde insultos e agressões físicas perpetradas pelos próprios familiares,
maus tratos sofridos em transportes públicos e instituições públicas privadas, até a
30
própria violência decorrente de políticas ou de normas socioculturais que legitimem o
uso da violência.
3.4. PROTEÇÃO SOCIAL AO IDOSO
A atual legislação brasileira garante que o envelhecimento é um direito
personalíssimo. Como pessoa humana e sujeito de direitos civis, aos idosos são
assegurados respeito, liberdade e dignidade. A política pública de atenção ao idoso
se relaciona com o desenvolvimento socioeconômico e cultural. Existem hoje, no
país, dispositivos legais para o enfrentamento da violência contra o idoso, sendo
elas: a Constituição Federal de 88, o Estatuto do Idoso e a Política Nacional do
Idoso.
A Constituição Federal impede qualquer forma de discriminação por idade e
atribui à família; a sociedade e ao Estado o dever de amparar o idoso, assegurar sua
participação na comunidade, defender sua dignidade e bem – estar e garantir seu
direito à vida. Ela faz prevalecer a responsabilidade da família, dispondo que é dever
dos filhos o sustento e o cuidado dos pais. (esse dever de filiação é afirmado tanto
na política quanto no estatuto, exigindo que os filhos maiores e capazes assumam a
responsabilidade da prestação de alimentos aos pais que, na velhice, por carência
ou enfermidade, ficaram sem condições de prover o próprio sustento).
O Estatuto do Idoso aprovado pelo Senado Federal em 2003, visa a regular
os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta)
anos. O Estatuto em seu art. 3 preconiza:
É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do poder
público assegurar ao idoso, absoluta prioridade a efetivação do direito
a vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao
lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade ao respeito e
a convivência familiar e comunitária.
O Estatuto veda qualquer tipo de negligência, discriminação, violência,
crueldade ou opressão ao idoso, sendo todo o atentado aos seus direitos, por ação
ou omissão, punido, bem como é dever de todos prevenir a ameaça ou violação aos
direitos do idoso. (art. 4).
31
O Estatuto do Idoso, além de reafirmar direitos básicos de cidadania, trabalha
com a noção de discriminação positiva: propõe atendimento preferencial, imediato e
individualizado para o idoso em órgãos públicos e privado. Preferência na
formulação e na execução de políticas sociais públicas específicas; destinação
privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas à proteção; criação de
formas alternativas de participação, ocupação e convívio com as demais gerações,
priorização do atendimento na família em detrimento do atendimento asilar, salvo
situações de exceção. Reconhecendo o despreparo geral da sociedade no trato da
velhice, propõe a realização de programas de capacitação de recursos humanos e a
ampla divulgação de informações sobre aspectos de envelhecimento. Nos termos da
política, essas ações se traduzem na promoção de simpósios, seminários,
encontros, estudos, levantamentos, pesquisas e publicações sobre a situação social
do idoso, que visam à capacitação de recursos humanos para o atendimento.
A política Nacional do Idoso aprovada pela lei n. 8.842 de 4 de janeiro de
1994, tem por objetivo assegurar os direitos sociais do idoso, criando condições para
promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade. Sendo
regida pelos seguintes princípios:
a) A família, a sociedade e o Estado têm o dever de assegurar ao idos todos os direitos da cidadania, garantindo sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade, bem – estar e o direito a vida; b) O processo de envelhecimento diz respeito à sociedade em geral, devendo ser objeto de conhecimento e informação para todos; c) O idoso não deve sofrer discriminação de qualquer natureza; d) O idoso deve ser o principal agente e o destinatário das transformações a serem efetivadas através desta política; e) As diferenças econômicas, sociais, regionais e, particularmente, as contradições entre o meio rural e o urbano do Brasil deverão ser observadas pelos poderes públicos e pela sociedade em geral, na aplicação desta lei.
São centenas de direitos legalizados na Constituição Federal e no Estatuto do
Idoso, e o descumprimento destas é crime, mas infelizmente o que falta é o respeito
pelas pessoas desse segmento etário.
32
3.4.1 PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA
A Proteção Social Básica tem como objetivo prevenir situações de risco por
meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições, e o fortalecimento de
vínculos familiares e comunitários e é destinado à população que vive em situação
de vulnerabilidade social decorrente da pobreza, privação (ausência de renda,
precário ou nulo acesso aos serviços públicos, dentre outros) e, ou, fragilizados de
vínculos afetivos relacionais e de potenciamento social (discriminações etárias,
étnicas, de gênero ou por deficiências, dentre outras).
Os serviços de Proteção Social Básica serão executados de forma direta nos
Centros de Referência da Assistência – CRAS e em outras unidades básicas e
públicas de Assistência Social, bem como de forma indireta nas entidades e
organizações de assistência social da área de abrangência dos CRAS. (PNAS, 2004
p. 29).
O Centro de Referência da Assistência Social – CRAS é uma unidade pública
estatal de base territorial. É ela quem organiza e coordena a rede de serviços sócio
– assistenciais locais da política de Assistência Social.
3.4.2 PROTEÇÃO SOCIAL ESPECIAL
A Proteção Social Especial é uma modalidade de atendimento assistencial
destinada as famílias e indivíduos que se encontram em situação de risco pessoal e
social, por ocorrência de abandono, maus tratos físicos e/ou psíquicos, abuso
sexual, uso de substâncias psicoativas, cumprimento de medidas socioeducativas,
situação de rua, situação de trabalho infantil, entre outros.
A Proteção Social Especial prevê dois níveis de complexidade, a Proteção
Social Especial de média complexidade e Proteção Social Especial de alta
complexidade.
De acordo com a (PNAS, 2004, p.32) define que:
33
A Proteção de Média complexidade é acompanhado pelo Centro de Referência Especializado da Assistência Social – CREAS , que visa a orientação e o convívio sócio familiar e comunitário. Diferindo – se da proteção básica por se tratar de um atendimento dirigido às situações de violação de direitos. Os serviços de Proteção Social Especial de alta complexidade são aqueles que garantes proteção integral a famílias e indivíduos que se encontram sem referência e, ou, em situação de ameaça, necessitando ser retirado de seu núcleo familiar, e, ou, comunitário.
Os serviços de Proteção Especial têm estrita interface com o sistema de
garantia de direito exigindo, muitas vezes, uma gestão mais complexa e
compartilhada com o poder Judiciário, Ministério Público e outros órgãos e ações do
Executivo.
Quem executa os serviços de Proteção Social Especial de média
complexidade é o Centro de Referência Especializado da Assistência Social –
CREAS, seus direitos estão fundamentados e garantidos na Constituição Federal do
Brasil – CFB, na Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS, Política Nacional da
Assistência Social – PNAS, Norma Operacional Básica do Sistema Único de
Assistência Social – NOB/SUAS, Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA,
Estatuto do Idoso, Lei Maria da Penha e no Guia de Orientação n. 01 do Ministério
de Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS e outras legislações
complementares.
3.5 A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
A assistência social foi inserida na Constituição de 1988 nos artigos 203 e 204
(BRASIL, 2004). Ela é uma política destinada a atender as necessidades sociais
básicas dos indivíduos, vidando a proteção à família, à maternidade, à infância, à
adolescência, à velhice e à pessoa com deficiência. A assistência de destina aos
indivíduos que não tem condições de prover o próprio sustento de forma permanente
ou provisória, independente de contribuição.
A principal característica da Assistência Social é a gratuidade e suas ações
serão realizadas com os recursos dos orçamentos dos entes federativos (União,
34
Estados, Distrito Federal e Municipais), observando – se as seguintes diretrizes:
Descentralização político – administrativa das ações; participação da população.
Na Assistência Social, o controle social tem seu espaço garantido de acordo
com o inciso segundo art. 5 da LOAS (BRASIL, 2010): “II – participação da
população, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas e
no controle social das ações em todos os níveis”.
Conforme consta no art. 16 da LOAS (BRASIL, 2010):
A LOAS determina que as instâncias deliberativas e participativas de caráter permanente e composição paritária entre governo e sociedade civil são: O Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS); os Conselhos Estaduais de Assistência Social (CEAS); O Conselho de Assistência Social do Distrito Federal e os Conselhos Municipais de Assistência Social (CMAS).
A Política Nacional de Assistência Social (BRASIL, 2004), aprovada em 2004
pelo Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), representa o cumprimento
das deliberações da IV Conferência Nacional de Assistência Social, realizada em
2003. Visa incorporar as demandas da sociedade brasileira no que tange à
responsabilidade governamental; a política define o novo modelo de gestão e
apresenta as diretrizes para efetivação da Assistência Social como direito de
cidadania e responsabilidade do Estado.
Em consonância com o disposto na LOAS, em seu capítulo II, seção I, artigo
4º (BRASIL, 2010), a política nacional da Assistência Social rege – se pelos
seguintes princípios democráticos:
a) Supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre as exigências de rentabilidade econômica; b) universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o destinatário da ação assistencial alcançável pelas demais políticas públicas; c) respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao seu direito a benefícios e serviços de qualidade, bem como à convivência familiar e comunitária, vedando – se qualquer comprovação vexatória de necessidades; d) Igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem discriminação de qualquer natureza, garantindo – se equivalência às populações urbanas e rurais; e) Divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e projetos assistenciais, bem como dos recursos oferecidos pelo poder público e dos critérios para sua concessão.
A NOB/SUAS orienta e disciplina a operacionalização da gestão da Política
de Assistência Social, conforme o que preceitua a Constituição Federal e as
legislações complementares. É a norma que orienta a divisão de competências e
35
responsabilidades das esferas de governo; os níveis de gestão de cada uma dessas
esferas; as instâncias que compõem o processo de gestão e controle dessa política
e como elas se relacionam; a nova relação com as entidades e organizações
governamentais e não governamentais; os principais instrumentos de gestão a
serem utilizados; a forma da estão financeira, que considera os mecanismos de
transferência, os critérios de partilha e de transferência de recursos. (BRASIL, 2005).
A NOB/SUAS ancora – se em um pacto entre os entes federativos, e que
assegura a unidade de concepção e de âmbito da política de assistência social em
todo o território nacional, assegurando, principalmente, a primazia da regulação da
regulação estatal sobre essa atividade pública.
3.5.1 O SERVIÇO SOCIAL NA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
Em 1938 inicia – se, na esfera estatal, um tímido movimento para regular a
assistência social, com a instalação do Conselho Nacional de Serviço Social
(CNSS). Posteriormente, o Estado se organiza na área por meio da primeira
instituição de Assistência Social, a Legião Brasileira de Assistência (LBA), criada no
ano de 1942. Contudo, somente no Governo militar de Ernesto Geisel é que foi
criado, em 1º de maio de 1974, o Ministério da Previdência e Assistência Social –
MPAS -, que mantinha, na sua estrutura, uma Secretaria de Assistência Social, que
se tornou órgão – chave na política social de combate à pobreza.
De acordo com (MESTRINER, 2001 apud NOZABIELLI et al., 2010):
Na esfera do Serviço Social brasileiro, o Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbio de Serviços Sociais (CBISS) realizou um seminário em Petrópolis (de 18 a 22 de maio de 1974), reunindo especialistas para discutir e subsidiar a iniciativa governamental”.
Nesse período, o Serviço Social brasileiro negava a assistência, propondo um
modelo voltado à promoção, que era conceituada como um conjunto de ações
visando a desencadear um processo de desenvolvimento humano e social, no qual
se cria, para as faixas carentes da população, oportunidade de satisfação de suas
necessidades econômicas, sociais e culturais e de participação consciente e
responsável (CBCISS n. 90, 1974, p.5 apud OLIVEIRA, 1996, p.119).
36
Com a abertura política no país se sedimenta e a convocação da Assembleia
Nacional Constituinte se tornando realidade, o coletivo da profissão, bem como
profissionais e segmentos envolvidos com instituições de assistência social, como,
por exemplo, as Associações Estaduais e Nacional dos servidores da LBA –
ASSELBAS E ANASSELBAS – se articularam, realizando debates, elaborando
documentos, posicionamentos e proposições para incluir a Assistência Social na
Constituição Federal como Política Social Pública, direito do cidadão e dever do
Estado.
De acordo com SCHONS (1999);
Há três motivos interligados que confluíram para o debate sobre a assistência no seio do Serviço Social: O Movimento de reconceituação, que trouxe um rebatimento para o interior da profissão, exigindo, por parte dos profissionais, práticas inovadoras num contexto de transição democrática dos anos 80; O segundo motivo seria o momento vivenciado pela profissão no período de transição democrática; e o terceiro estaria vinculado às adversas condições de vida da população brasileira, que exigiam respostas mais ágeis e efetivas da profissão.
Nos últimos anos, um aprofundamento no processo de construção da
assistência social para consolidá – La como uma política gerida pelo Estado. Desde
2005, o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) vem sendo implementado e
busca unificar a gestão, o financiamento e ações da assistência.
3.5.2 A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL
A área do idoso é uma demanda que está crescendo cada vez mais, e os
Assistentes Sociais deve achar soluções, abrir campos e discussões sobre as novas
demandas, preparando – se para cuidar da questão do idoso sem infantiliza – lo.
Um apanhado geral, colocando atribuições do profissional do Serviço Social
de acordo com o CRESS (Conselho Regional do Serviço Social), destaca funções
que adaptadas à intervenção junto aos programas de proteção ao idoso resultarias:
37
a) Trabalho social junto à indivíduos e grupos de pessoas com mais de 60 anos,
que estejam alojadas em asilos, para análise e enfrentamento das questões
sociais;
b) Orientações dos indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais levando
a identificar recursos e fazer uso dos mesmos no atendimento e defesa de
seus direitos;
c) Planejamento, execução e avaliação de pesquisas que possam contribuir
para a análise da realidade dos usuários, dos serviços voltados para a
promoção e conquista dos direitos de cidadania;
d) Ações de investigação social, onde o profissional identifica e conhece a
realidade onde vai atuar, adapta o instrumental à sua investigação, propõe
ações e desenvolve pesquisas em conjunto com outras áreas, entre outros.
Desta forma o Assistente Social trabalha sempre com a visão voltada para o
ser social, independentemente da área de atuação. Pelo fato de ser um
profissional social e ouvidor, o Assistente Social deve ter conhecimentos
pluralistas das suas atividades junto à pessoa a ser assistida para melhor
atender a situação ou o seu problema.
O Assistente Social é responsável por fazer uma análise da realidade social e
institucional, e intervir para melhorar as condições de vida do usuário. O seu
trabalho tem como principal objetivo responder as demandas dos usuários dos
serviços prestados, garantindo o acesso aos direitos assegurados na
Constituição Federal de 1988 e na legislação complementar.
4. MÉTODO
Este capitulo tem por finalidade apresentar a metodologia utilizada nesta
pesquisa, bem como os procedimentos metodológicos, que nortearam a análise dos
dados, e as técnicas adotadas descritas a seguir:
38
4.1 QUANTO À NATUREZA, ABORDAGEM E OBJETIVO
A pesquisa científica é compreendida enquanto exploração, inquisição e
procedimento sistemático e intensivo, almejando descobrir, explicar e compreender
os fenômenos presentes em um determinado contexto.
Segundo Barros e Lehfeld (2003, p.46),
É possível definir a pesquisa também enquanto “uma maneira
de se estudar um determinado objeto, sendo ela sistemática e
realizada visando à incorporação dos resultados alcançados
aos níveis de conhecimento obtidos. Considera – se que nada
se faz sem o auxílio da pesquisa”.
Dentro da pesquisa científica, encontra – se a pesquisa quantitativa e
qualitativa, que de acordo com Oliveira (1997) aponta que:
O método quantitativo é empregado no desenvolvimento de
pesquisas descritivas de âmbito social, econômico, de
comunicação, mercadológicas e de administração, e
representa uma forma de garantir a precisão dos resultados,
evitando distorções.
A pesquisa também se apresenta como uma pesquisa qualitativa, conforme
Minayo, (1993, p.15).
“Por meio da abordagem qualitativa é possível efetivar uma
aproximação com a complexidade da vida humana. Para isso,
são abordados o conjunto de expressões humanas
constantes nas estruturas, nos processos, nos sujeitos, nos
significados e nas representações”.
Diante disto Minayo (1993) considera que:
“Os métodos qualitativos e quantitativos não são excludentes
entre si. Pelo contrário, é possível dizer que os métodos
qualitativos contribuem significativamente enquanto
aprimoramento do trabalho de pesquisa, viabilizando
diferentes e mais aprimorados compreensões do fenômeno
estudado. Os dois métodos se complementam e podem
contribuir profundamente em um mesmo estudo.
Tendo como característica do projeto, ser um estudo descritivo, segundo
Amaral (2008):
39
A pesquisa descritiva é abrangente, permitindo uma análise
aprofundada do problema de pesquisa em relação aos
aspectos sociais, econômicos, políticos, percepções de
diferentes grupos, comunidades, entre outros aspectos. Tem
por objetivo “observar, registrar, analisar, classificar e
interpretar os fatos, ou fenômenos (variáveis), sem que o
pesquisador interfira neles, ou os manipule”.
Por meio das pesquisas descritivas é viabilizada a construção de perfis,
cenários, dentre outros. É possível que a ênfase metodológica seja mais quantitativa
do que qualitativa. Ela almeja encontrar percentuais, médias, indicadores, curvas de
modalidade, dentre outros.
4.2 PARTICIPANTES
A pesquisa foi realizada com os idosos que são acompanhados no Centro de
Referência Especializado da Assistência Social – CREAS do município de Jacobina
Bahia, desde o ano de 2008 até o mês de março do ano em curso.
Em relação à quantidade de participantes pesquisados, existem na Instituição
cento e nove (109) cadastros de idosos.
4.3 INTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS
Os dados apresentados foram coletados através do levantamento documental
dos cadastros dos idosos que são acompanhados na Instituição.
4.4 PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS
Com o apoio dos instrumentos de pesquisa acima mencionados, a coleta de
dados aconteceu de forma prática. Inicialmente foi feito um levantamento de todas
as pastas dos usuários com faixa etária de 50 anos acima, no intuito de averiguar o
perfil de cada um, pasta por pasta, colhendo todas as informações precisas e ainda
em relação à coleta de dados, aconteceu uma observação sistemática.
40
4.5 PROCEDIMENTOS DE TRATAMENTO E ANÁLISE DE DADOS
Após o processo de coleta de dados dentro da instituição em estudo, fez se
necessário que as informações adquiridas no processo passassem por uma análise
e fosse ajustada cada uma com o modelo que mais se adequou, no intuito de trazer
resultados seguros e precisos para todos os envolvidos na pesquisa.
Em relação aos modelos de pesquisa nesse trabalho, utilizou – se os
programas do world e principalmente o Excel e seus suplementos como: gráficos,
planilhas, tabelas, dentre outros.
5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
Neste item apresentam – se os resultados da pesquisa realizada com os
idosos do CREAS de Jacobina/BA, objetivando verificar as situações de violência
que os idosos são submetidos, bem como quem são os agressores, e na intenção
de certificar que os agressores convivem diariamente com os idosos.
5.1 PERFIL DOS IDOSOS ACOMPANHADOS PELO CREAS
O CREAS antigo programa Sentinela atendia apenas crianças e adolescentes
que tinham seus direitos violados, mas foi a partir do ano de 2008 que começou a
atender as outras demandas como: idoso, mulheres e pessoas com deficiência. O
primeiro gráfico mostra a quantidade de cadastros que teve na instituição desde
2008 até abril de 2012.
Em 2008 teve dezesseis cadastros (16) na instituição; em 2009 houve 34
cadastros (34); em 2010 teve o cadastro de 30 idosos (30); já em 2011 houve o
cadastro de dezenove (19) idosos; e até abril de 2012 cadastrou dez (10) idosos.
Pode – se notar que o ano que houve mais cadastros de idosos na instituição foi no
ano de 2009; mais que o ano atual tem um alto índice de cadastros, pois os dados
foram coletados só até abril do corrente ano. Conforme mostra o gráfico a seguir:
41
Gráfico 1: Quantidade de cadastros por ano no CREAS
Fonte: CREAS 2012
5.1.1 SEXO E FAIXA ETÁRIA DOS IDOSOS ACOMPANHADOS NO CREAS.
Em relação ao sexo e faixa etária dos idosos acompanhados no CREAS, do
total de acompanhamentos, a maioria foram mulheres: sessenta e seis (66) idosas;
já os idosos do sexo masculino totalizaram quarenta e três (43). Em relação à faixa
etária, do sexo masculino, cinco (08) acompanhamentos se referem à faixa etária de
50 a 64 anos, dez (10) acompanhados na faixa de 65 a 69; oito (05) acompanhados
na faixa de 70 a 74; vinte e um (21) acompanhados na faixa de 75 anos a mais; a
idade não consta em três (03) acompanhamentos.
Em relação ao sexo feminino, foram quatro (04) acompanhamentos na faixa
de 50 a 64 anos; cinco (05) acompanhados na faixa de 65 a 69; nove (09)
acompanhamentos na faixa de 70 a 74; quarenta e três (43) na faixa de 75 anos a
mais; a idade não consta em um (01) acompanhamento.
A proporção de acompanhamentos na faixa etária 75 anos ou mais referente
ao sexo feminino é de quarenta e três (43), já a do sexo masculino é de vinte e um
(21). Percebe – se, portanto, que a população acompanhada do sexo feminino
atinge uma proporção maior em relação ao sexo masculino, porém, em ambos os
sexos o maior número de acompanhamentos está concentrado nos idosos acima de
75 anos, conforme mostra o gráfico a seguir.
42
Gráfico 2:Sexo e faixa etária dos idosos acompanhados no CREAS
Fonte: CREAS 2012
Além disso, constatou – se que cento e nove (109) pessoas acima de 50 anos
foram acompanhadas. Ficaram distribuídos entre as seguintes faixas etárias: foram
doze (12) acompanhamentos de idosos de 50 a 64 anos; quinze (15) idosos na faixa
de 65 a 69; quatorze (14) idosos de 70 a 74 e sessenta e quatro (64) idoso na faixa
etária de 75 anos ou mais; em quatro (04) situações as idades dos idosos não
constam. Essa situação pode ser verificada através do gráfico abaixo.
Gráfico 3: Porcentagem em relação as faixas etárias dos idosos acompanhados no CREAS.
Fonte: CREAS 2012
43
5.2 RELAÇÃO DOS BAIRROS E REGIÕES EM QUE RESIDEM OS IDOSOS
ACOMPANHADOS NO CREAS
Outro dado relevante em relação aos idosos acompanhados no CREAS é em
relação aos bairros e regiões em que residem. Utilizou – se a mesma classificação
do CREAS, a saber: Sede: Centro, Serrinha, Caixa d’água, Leader, Felix Tomaz,
Vila feliz, Bananeira, Abrigo, Missão, Grotinha, Matriz, Tamarindo, Catuaba,
Jacobina II, III e IV, Caeira, Estação, Av. Paulo Souto e Mundo novo; Zona rural:
Itaitu, Paraíso, Junco, Santa Cruz do Matão, Caatinga do Moura, Lages do Batata,
Faz. Malhadinha, Tombador, Pau ferro, Lagoa do Peixe, Barrocão Novo, Corte
Grande, Serrolândia, Zé Gonçalo, Faz. Angico, Faz. Esconço, Faz. Velame e Faz.
Popigibão. Duas dessas localidades não fazem parte do município de Jacobina, mas
os idosos fazem acompanhamento na instituição que são elas: Caldeirão grande e
Serrolândia.
Em relação às regiões do total de cento e nove (109) idosos acompanhados,
constata – se que sessenta e seis (66) idosos são da sede e na Zona rural quarenta
e três (43) idosos, conforme ilustra os gráficos abaixo.
Gráfico 4: total de idosos da sede do município
Fonte: CREAS 2012
44
Gráfico 5: total de idoso da zona rural
Fonte: CREAS 2012
5.2.1 DESLIGAMENTO DE ALGUNS IDOSOS DA INSTITUIÇÃO
Constatou – se também os idosos que se desligaram da Instituição, do total
de cento e nove (109) idosos acompanhados quatorze (14) idosos se desligaram da
Instituição por falecimento, oito (08) idosos mudaram – se para outras cidades para
morar com outros familiares e quatorze (14) superaram a situação de violência a que
eram submetidos por parte de seus familiares. Conforme mostra o gráfico a seguir.
Gráfico 8: desligamento de alguns usuários da Instituição
Fonte: CREAS 2012
45
5.3 AS SITUAÇÕES DE VIOLÊNCIA FAMILIAR ACOMPANHADAS PELO CREAS
Em relação às situações e as diferentes demandas verificou – se que este
serviço foi procurado para a realização de denúncias de violência familiar (agressão
física, abuso financeiro, violência sexual, negligência, agressão psicológica,
abandono), conforme a ficha de controle da equipe técnica. Para efeitos deste
trabalho serão contabilizados e analisados somente as situações que se referem à
violência familiar. Do total cento e nove (109) acompanhamentos, as solicitações de
violência familiar totalizaram cento e trinta e quatro (134) situações. Nota – se que
ocorreram mais solicitações do que o total de idosos acompanhados no período;
isso quer dizer que há ocorrências de mais de uma situação de violência para cada
idoso acompanhado. A maioria destas situações acompanhadas refere – se a
mulheres, totalizando oitenta e um (81); já as situações que se referem aos idosos
do sexo masculino totalizaram cinqüenta e três (53) solicitações. De acordo com
Faleiros (2007), nas relações de violência contra a pessoa idosa, a maior vitimização
é de mulheres, principalmente por conta do machismo, que se estrutura por meio de
uma dinâmica de dominação de gênero e expressa às relações de poder, tanto no
imaginário como nas práticas sociais, de forma complexa, presentes nas empresas,
na família, no Estado e na sociedade, conforme ilustra a tabela abaixo.
Tabela 1: Situação de violência familiar denunciadas no CREAS
Tipo Feminino Masculino Total % 50-64
65-74
75 ou mais
Idade não consta
Agressão física 09 07 16 12% 03 06 06 01Abuso financeiro
19 08 27 20% 02 04 20 01
Violência sexual
03 - 03 2% 01 01 01 -
Agressão psicológica
16 06 22 16% 04 05 13 -
Negligência 19 14 33 25% 01 08 22 02Abandono 03 06 09 7% 01 06 02 -Maus tratos 12 12 24 18% 02 06 16 -Total 81 53 134 100% 14 36 80 04Fonte: CREAS 2012
46
5.4 PERFIL DOS AGRESSORES DOS IDOSOS ACOMPANHADOS NO CREAS
Em relação aos agressores dos idosos acompanhados na instituição percebe
– se que o índice maior é de filhos, que dos cento e nove (109) idosos
acompanhados cinqüenta e um (51) dos idosos são violentados por seus próprios
filhos, quatro (04) são agredidos pelos netos; um (01) agressor é o padrasto; dois
(02) são agredidos por seus irmãos; dezenove (19) são familiares próximos ao
idoso; dois (02) são violentados por sobrinhos; um (01) o agressor é a sogra;
esposos totalizam um total de dez (10) que agridem suas idosas; cinco (05) são
esposas; um (01) cadastro a agressora é a nora e em 11 (onze) cadastros os
agressores são outros. Isso pode ser verificado no gráfico a baixo:
Gráfico 6: relação dos agressores dos idosos
Fonte: CREAS 2012
No âmbito das iniciativas que visam implementar a política nacional do idoso
em Jacobina, o Centro de Referência Especializado da Assistência Social – CREAS
ao se voltar para a defesa dos direitos do idoso que já possui estes violados, tem se
deparado com o crescente número de denúncias de violência contra este segmento
populacional, principalmente a negligência e a agressão Física no espaço familiar.
Na família, as mulheres são as que sofrem mais com a violência intrafamiliar. Assim,
na sistematização dos dados do cadastro e prontuário dos idosos no CREAS, que
foram objeto de estudo desse trabalho, pode- se constatar que é grande a proporção
47
de idosos que residem com familiares. Segundo Minayo (2005), Faleiros (2007),
Fonseca e Gonçalves (2003), é no interior dos lares que as mulheres são mais
vitimizadas. A grande maioria dos agressores são as pessoas que convivem com o
idoso e vivem com ele na sua própria residência. Além disso, observou-se que a
violência, especialmente a negligência, pode ser analisada a luz da sobrecarga que
a família enfrenta nas suas tarefas, quando tem um idoso em casa. Assim, pode-se
dizer que a violência intrafamiliar ocorre motivada também por questões sociais,
econômicas e políticas, uma vez que não existem programas, projetos e benefícios
que auxiliem efetivamente a família no cuidado dos idosos.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo desenvolvido no Centro de Referência Especializado da Assistência
Social – CREAS, tratou – se de uma análise dos dados da instituição na demanda
de idoso, devido ao elevado índice de denuncias que são atendidas na instituição.
No decorrer da investigação, percebe – se que na maioria das denuncias e na
realização das visitas constatavam que eram verdadeiras e que na maioria das dos
casos os agressores eram familiares próximos aos idosos, pessoas que possuem
vínculos afetivos com as vítimas.
6.1 CONCLUSÃO
A população idosa está crescendo em um ritmo muito acelerado, com isso,
surgem consequências de ordem social, econômica, política, cultural, previdenciária
e outras.
O idoso enfrenta muitos problemas em seu cotidiano, podendo – se ressaltar
a discriminação, o preconceito, a desvalorização, a depressão, o abandono familiar,
o difícil acesso às políticas sociais e/ou precariedade destas, as más condições de
vida face a pobreza que acompanha as pessoas em todos os ciclos da vida.
48
A violência familiar atinge todas as faixas etárias, especificamente como foi
observado neste trabalho o idoso, a maioria da população não compreende a velhice
como uma etapa da vida importante tão quanto as outras.
A violência familiar expressa dinâmicas de poder/afeto, nas quais estão
presentes relações de subordinação – dominação. Nessas relações homem/mulher,
pais/filhos, diferentes gerações, entre outras – as pessoas estão em posições
opostas, desempenhando papéis rígidos e criando uma dinâmica própria, diferente
em cada grupo familiar.
Ao mesmo tempo em que o Brasil vive uma transição demográfica e
epidemiológica, o Brasil está numa transição jurídica para o reconhecimento, no
contexto democrático, dos direitos da pessoa idosa enquanto sujeito de direitos à
cobertura das necessidades, à dignidade, à velhice, à proteção e ao protagonismo.
Desta forma o Serviço Social vem conquistando novos espaços, tanto no
campo teórico quanto na sua prática, destacando – se como produtor de
conhecimentos científicos, referentes aos diversos contextos nos quais os
Assistentes Sociais se inserem, além do investimento na formação de profissionais
instrumentalizados técnica, intelectual, cultural e criticamente, otimizando, assim,
sua intervenção, na condição de agente ativo no processo de análise, reformulação
e transformação da realidade que se apresenta no cenário nacional, de crise,
inclusive na prestação de serviços essenciais à população, como saúde, educação,
assistência social, previdência, educação, etc.
A violência contra a pessoa idosa é um problema que precisa ser superado
com o apoio de toda a sociedade. Todos devem criar uma cultura em que
envelhecer seja aceito como parte natural do ciclo de vida, as atitudes
antienvelhecimento sejam desencorajadas, as pessoas idosas tenham o direito de
viver com dignidade, livres de abuso e exploração e seja dada a elas a oportunidade
de participar plenamente da vida social.
49
6.2 RECOMENDAÇÕES
Após conclusões obtidas no estudo, aconselha – se que o trabalho que os
profissionais da instituição têm com os idosos acompanhados continue, pois a
demanda cresce a cada dia.
No entanto recomenda – se que se busque suporte para que se possa criar
um espaço único para atender a demanda de idoso, pois devido o alto índice os
profissionais não consegue atender a todos em tempo ágil.
50
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Universitário Leonardo da Vinci – Indaial, Grupo UNIASSELVI, 2010.x; 358.p.il.
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Brasília. Editora do Ministério da Saúde, 2006, 70 p. (Série E. Legislação de Saúde).
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Violência
Intrafamiliar: orientações para prática em serviço/ Secretaria de Políticas de Saúde.
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BRASIL, Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome. Secretaria
Nacional de Assistência Social. Financiamento da Assistência Social no Brasil.
Brasília, 2007. (Caderno SUAS, n.2).
BRASIL, Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome. Secretaria
Nacional de Assistência Social. Norma Operacional Básica. Brasília 2005
(NOB/SUAS);
Cuidar Melhor e Evitar a Violência – Manual do Cuidador da Pessoa Idosa/ Tomiko
Born (Organizadora) – Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos
Subsecretaria de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, 2008. 330p; 30cm.
Envelhecimento e Subjetividade: desafios para uma cultura de compromisso social/
Conselho Federal de Psicologia, Brasília, DF, 2008. 196p.
FALEIROS, Vicente de Paula, Denise Orbage de Brito. Representação da Violência
Intrafamiliar por idosas e idosos.
________. Cidadania e Direitos da Pessoa Idosa.
________. Envelhecimento no Brasil: Desafios e Compromissos. 2008.
FONSECA, M. M, GONÇALVES, H.S. violência contra o idoso: Suportes legais para
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Disponível em: http://www.direitoshumanos.gov.br/observatorioidoso. Acesso em 08 de
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51
GOLDMAN, S. Velhice e direitos sociais. In Goldman, S. ET all. (orgs). Envelhecer
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Impacto da violência na saúde dos brasileiros/ Ministério da Saúde, Secretaria de
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MINAYO, Maria Cecília. Violência contra Idosos: O avesso do Respeito à
Experiência e à Sabedoria. Texto: Maria Cecília de Souza Minayo – Brasília:
Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2ª edição, 2005.
______ Violência contra os idosos: Relevância para um velho problema. Caderno de
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_____ A violência Social sob a Perspectiva da Saúde Pública. Rio de Janeiro,
10(Supplement 1): 07 – 18, 1994.
Políticas Sociais, Saúde, Previdência e Assistência Social/ Luiza Maria Lorenzini
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RUARO. Gisele de Cássia Galvão. Caderno de estudos: Estratégias. Técnicas e
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Violência Doméstica contra a pessoa idosa: Orientações gerais. Coordenação de
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52
ZALUNCA. Andrea. Estratégias, técnicas e instrumentos da ação profissional II:
caderno de estudos. Andreia Zalunca e Juliana Maria Lazzarini. Indaial: Editora
Grupo UNIASSELVI, 2010. 205p.: il.
53
Apêndices
Cartilha Do Idoso
Elaboração: Patrícia de Almeida Santos
Estagiária Serviço Social
Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI
54
Índice
Apresentação ..................................... 3
Legislação que regulamenta a saúde do idoso...... 4
Auto estima .......................... 5
Comentário que favoreçam dependência ou independência ...........5
Crédito consignado.............................. 6
Curador do incapaz.............................. 7
Quadro de crime e punição para atos contra os idosos.... 8
Apresentação
55
A Cartilha do idoso, é um documento elaborado pela estagiária de Serviço Social do CREAS de Jacobina Bahia, Patrícia de Almeida Santos sob a supervisão da Assistente Social Josiana Marques Oliveira Araújo. Constitui – se em guia prático para uso do público a que se destina.
A cartilha visa informar sobre os cuidados com o idoso e seus direitos individuais e sociais.
Busca ainda indicar sobre benefícios sociais, como usar e para que finalidade, alerta sobre os riscos do crédito consignado, bem como os crimes e punições contra as pessoas que maltratam os idosos.
LEGISLAÇÃO QUE REGULAMENTAM A SAUDE DO IDOSO
56
O envelhecimento ativo e saudável consiste na busca pela qualidade de vida por meio da alimentação adequada e balanceada, prática regular de exercícios físicos, convivência social estimulante, busca de atividades prazerosas e/ou que atenuem o estresse, redução dos danos decorrentes do consumo de álcool e tabaco e diminuição significativa da auto-medicação. Um idoso saudável tem sua autonomia preservada, tanto a independência física, como a psíquica.
Auto estima
57
A auto estima é a confiança que temos em nós mesmos e que faz com que possamos sentir úteis e temos valor para nós e para os outros. As enfermidades e o envelhecimento podem fazer com que a auto estima diminua. Além disso, as pessoas idosas que necessitam de cuidados podem ver diminuídas suas possibilidades de se decidir e de organizar sua vida por si mesma, o que afeta seus sentimentos de valor pessoal.
Comentário que favorecem dependência ou independência
Favorecem a dependência
Favorecem a independência
Atividade
Fique na cama.
Não tem mesmo nada para fazer.
Que tal se você se levanta e vamos passear um pouco.
Alimentação
Eu lhe dou a comida.
Já estamos atrasados.
Hoje, vamos comer mais cedo, para podermos chegar na hora.
Higiene e Banho
Me dá a toalha.
Eu a enxugo.
Eu lhe dou a toalha, para que vá se enxugando de cima para baixo.
E eu vou enxugando as pernas.
Vestir - se
Deixe que eu a vista.
É mais rápido
Vamos escolher a roupa que vai pôr e você vai se vestindo.
Se precisar de ajuda, você me chama.
Crédito consignado
58
O que é crédito consignado?
É aquele “empréstimo” realizado pelo idoso com uma instituição financeira (normalmente um banco), mediante pagamento do valor emprestado em prestações mensais, que serão descontadas diretamente da aposentadoria ou pensão do idoso.
O idoso também deve evitar a realização de empréstimos para outras pessoas, como filhos, netos ou qualquer parente que o convença da necessidade do empréstimo, fazendo com que ele acabe
por realizá – lo em seu nome e comprometa seus rendimentos. Nesse caso, o dinheiro vai para a pessoa que o convenceu a fazer este empréstimo, mas quem paga por ele é o idoso.
Se uma situação assim ocorrer, o idoso deve procurar o Ministério Público (Promotor de Justiça) de sua cidade e relatar a ocorrência para que as
providências possam ser tomadas para a solução do problema.
Curador
Quem pode ser o curador do incapaz?
Em primeiro lugar, o cônjuge não separado de fato ou judicialmente, depois o pai ou a mãe, e na falta destes, o filho ou neto que tiver mais afinidade com o interditando.
Não existindo nenhuma destas pessoas, o juiz nomeará um curador de sua confiança, recaindo, preferencialmente, sobre um dos parentes colaterais mais próximos dos interditando. Em alguns casos, o juiz poderá nomear uma pessoa estranha à família.
O curador pode se afastar de suas funções?
Sim, caso não cuide adequadamente do idoso ou desvie os bens do incapaz, poderá ser proposta contra esse curador uma ação destinada a afastá – lo da função.
Caso haja suspeita de que o curador esteja fazendo mau uso dos bens ou benefício do idoso, como proceder?
O parente ou conhecido deve procurar orientação na Defensoria Pública ou o Promotor de Justiça de sua cidade ou o CREAS.
Quadro de crimes e punição
59
Mensagem de um idoso
“Agora é tempo de
sentir-se juntando as
bordas do barco, num
circulo completo e
pleno. Abrir as compotas do
coração, arrefecer o
freio da razão, não temer a
imaginação, ultrapassar o
arco-íris da iniciação,
deixar de contabilizar a
emoção. Estender os
braços sem medo, revelar
pequenos segredos,
manter o peito aberto,
brincar com meus defeitos,
pedaços de meu mundo
secreto. Abdicar de
qualquer direito pra
driblar o preconceito.
Jogar para o alto as
inseguranças, desvencilhar-
se do peso das obrigações,
escrever novas e leves
canções. Vestir asas
nos pés alquebrados,
saber das palavras o
significado. Ter várias e
infinitas moradas pra
chegar sem hora marcada.
Ser capaz de compreender
omitindo julgamentos.
Abrir da porta o cadeado,
pois nada nos será tomado.
Amar, amar, de todos os
modos, até mesmo do
modo errado. Você me olha
e se pergunta onde está a
O que é crime? O que é punição?
Abandonar o idoso em hospitais e casa de saúde.
Detenção de 6 meses a 3 anos e multa
Maus tratos, expondo a perigo a integridade e a saúde do
idoso.
Detenção de 2 meses a 1 ano e multa.
Maus tratos que resultem em lesão corporal grave.
Reclusão de 1 a 4 anos.
Expor o idoso a situação que resultem em morte.
Reclusão de 4 a 12 anos.
Apropriar – se ou desviar bens, proventos, pensão ou
qualquer outro rendimento do idoso.
Reclusão de 1 a 4 anos e multa.
Reter o cartão magnético de conta relativa a benefícios,
proventos ou pensão do idoso.
Detenção de 6 meses a 2 anos.
Coagir o idoso a doar, realizar testamento, contratar ou ainda
emitir procuração.
Reclusão de 2 a 5 anos.
Deixar de cumprir, retardar ou frustrar a execução de ordem judicial quando o idoso for
parte do processo.
Detenção de 6 meses a 1 ano e multa.
60
lógica que conduz à vida, se agora
sente as regras as amarras,
sabendo que eu levei uma vida a
desafiá-las pra perceber, depois de
tudo, Que podemos ignorá-las.
Mas, se puder ler os meus olhos,
verá neles um manso espelho d’água onde todas as lágrimas se transformaram porque, embora eu não o
soubesse, todas elas eram abençoadas.”
61
E-mail: [email protected]
Travessa: Ezequiel Amâncio de Carvalho, nº. 277, Jacobina I.
Telefones: (74) 3621-3068 Fax: (74) 621-3233
0800 284 3068
Ministério Público
(74)3621 - 4442
Polícia Militar
(74) 3621 – 6117
Delegacia de Polícia
(74) 3621 – 1277
Guarda Municipal
153