papers sobre a ilha de mocambique
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7/26/2019 Papers Sobre a Ilha de Mocambique
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Viriato Caetano Dias
Ilha de Moçambique - estudo da Fortaleza de São Sebastião e a
Capela de Nossa Senhora do Baluarte
(séulo !VI a !I!"
#$ora% Fe$ereiro & ')
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Abreviaturas
A.N.T.T. - Arquivo Nacional da Torre do Tombo
B. G.U. E. - Biblioteca Geral da Universidade de Évora
B. P. E. - Biblioteca Pública de Évora
Cap. - Capela
C.C. - Corpo Chronoloico
C.M.C. - Centro !ultim"dia Comunit#rio
Cod. - C$diceDoc. - %ocumento
Fig. - &iura
IGESPA - 'nstituto de Gest(o do Patrim$nio Arquitect$nico e Arqueol$ico
Pe. - Padre
S - )(o
S!c. - )"culo
Segs. - )euintes
St" - )anto
UNESC# - *rani+a,(o das Na,es Unidas para a Cincia/ 0duca,(o e Cultura
$. 1 2er ou ve3a
A%e&os'
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Mapas ( P)a%tas
Fig. *+4 5P6ANTA &*7!A %A &*7TA608A %0 !*9A!B':U0; < Tal como no
Atlas de 2iena/ a representa,(o da ilha de !o,ambique/ atribu=da a >o(o Tei?eira/ data de
@ < Biblioteca do &orte de ). >uli(o da Barra < 56vro de Planta Dorma das Dortale+as
da Endia;/ s"c. F2''.
Fig. *,4 5P6ANTA %U &*7T %0 !*8A!B':U0 T'7É %0 &A7'A;/ '.v Cchle <
bipartida< s"c. F2''' < Arquivo Hist$rico Ultramarino I@J ? @K mmL &aria e )ousa
I@ ML " o conDessado modelo da Planta superior no enquadramento do desenho.
Fig. 4 5CA7TA T*P*G7&'CA %A '6HA %0 !*))A!B':U0 :U0 P*7
*7%0! %* '66!*. 0F!*. )0NH*7 &7ANC')C* %0 !066* %0 CA)T7*
G*207NA%*7 0 CAP'TA! G0N07A6 T'7*U * CAP'TA! %0 'N&ANTA7'AM 0
0NH0NH0'7* G70GO7'* THAU!ATU7G* %0 B7'T*M N* ANN* %0 @JKQR <
Arquivo Hist$rico Ultramarino IS ? S mmL.
Fig. /' 5P6ANTA %* :UA7T06A!0NT* 0 &*7TA608A %A '6HA %0
!*9A!B':U0Q; < Carlos >os" dos 7eis e Gama/ @S < Arquivo Hist$rico
Ultramarino IK ? RL.
Planta %0 de Pedro Barreto de 7esende/ secret#rio do 2ice-7ei 5Cota4 C$d.
CF2 < -@; 1 Biblioteca Pública de Évora I@RKL.
&otos < 'maens
1o2e%age2 3 I)4a de Mo5a2bi6ue'
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Forta)e7a de S8o Sebasti8o Cape)a de Nossa Se%4ora do
Ba)uarte
N(o s(o aparentes em ti as marcas de rande+a/ 0recta e inc$lume ao desaDio #spero do vento e da areia/
Nenhum monumento desDiura %e tudo e de todos oculta/ menos do mar/ breve
*u altera a monotonia sem convulses !ilare alvinitente Dlor da rocha em espuma/
%o teu rosto quase an$nimo )e te Deita/ o sol deslumbra e resvala pelas linhas.
A escasse+ de oivas/ arcobotantes/ Pur=ssimas do teu rosto/ verando a acesa Donte.
7os#ceas/ burilados portais/ cobra-la tu Como naluns raros ob3ectos e?=uos Isonetos
Na ravidade da terra sombras de Cames/ certos pormenores de &=dias/ pe,as
0 do teu silncio. N(o vem sequer. do artesanato e=pcioL s$ na l=mpida maravilha
%a tua vo+ a opress(o que cerra )inela do teu risco se radua e aDerem
As almas de quantos de ti *s nomes de rior e m"todo. Capela e?trema
)e acercam. N(o demonstras/ 0 recolhida/ antes quem nossa incauta.
N(o aDirmas/ n(o impes. Humanidade se desnuda silente/ humilde
0lusiva e discretamente altiva/ 0 comovida/ que orulhoso e implac#vel
Dala por ti apenas o tempo. %eus/ na terra/ recusaria em ti sua moradaM
Poeta ui 9%op:)i ;*<,<=
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esu2o
* presente trabalho constitui um estudo sobre a ilha de !o,ambique4 &ortale+a de )(o
)ebasti(o e a Capela de Nossa )enhora do Baluarte/ no per=odo compreendido entre os
s"culos F2' e F'F/ per=odo esse marcado pela domina,(o colonial portuuesa em
!o,ambique.
A importVncia da ilha de !o,ambique come,ou a revelar-se com o
estabelecimento do Tratado da Endia e com os acontecimentos navais no *riente. 0m
@K -@KK/ quando %. >o(o de Castro@ Doi mandado overnar a Endia/ veriDicou/ perante
o suceder das ocorrncias/ da urncia de se levar a eDeito a DortiDica,(o do porto e da ilha
em eral. &oi assim que/ em @KKS/ sob batuta de !iuel de Arruda/ come,a a constru,(o
da &ortale+a de ). )ebasti(o/ a maior da Drica Austral. 0sta Dortale+a era muito importante para Portual/ porque a ilha de !o,ambique
tinha-se tornado o entreposto da permuta de panos e missanas da Endia por ouro/
escravos/ marDim e pau preto de Drica/ e era da ilha que partiam todas as viaens
comerciais para :uelimane/ )oDala/ 'nhambane e 6ouren,o !arques Iactual !aputoL/
mas tamb"m para os principais mercados europeus/ de 6isboa para G"nova/ 2ene+a e
&landres. Para al"m dos portuueses outros concorrentes europeus apareceram na corrida
pelo controlo das rotas comerciais das especiarias da Endia/ como Doi o caso dos
Dranceses/ inleses e holandeses/ estes inclusive tentaram ocupar a ilha por duas ve+es/
em @J e @S e/ n(o o conseuindo/ devastaram-na pelo Doo.
A Capela de Nossa )enhora do Baluarte Doi constru=da muito antes da &ortale+a
de ). )ebasti(o. %e estilo medieval cl#ssico portuus/ o Manuelino/ com abobada
cru+adas/ " o ediD=cio mais antio preservado em !o,ambique. Aquando da sua Dunda,(o
em @K/ por %. Pedro de Castro/ a capela tinha como principal ob3ectivo deDender o
canal que d# acesso ao porto da ilha/ mas tamb"m servia de local de culto. %epressa/
@ %. >o(o de Castro 1 membro da mais alta nobre+a/ nasceu em @K/ sendo o W Dilho de %.lvaro de Castro e de 6eonor de Noronha. 'nterado desde cedo no ambiente militar e cultural daCorte/ Doi antio disc=pulo de Pedro Nunes/ liando-se tamb"m Dortemente ao inDante %. 6u=s.Parte para a sua primeira viaem Endia em @KRS/ acompanhando o seu cunhado/ o vice-rei %.Garcia de Noronha. 7eressa a Portual em @K/ partindo em @KK para a Endia como o @RWovernador e depois W vice-rei. Novo %icion#rio Compacto da 6=nua Portuuesa/ (dir) Ant$niode !orais e )ilva/ vol. '/ 6isboa/ 0ditorial ConDluncia/ @XX/ p. R.
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tornou-se a 5espinha dorsal; da coloni+a,(o portuuesa/ atrav"s de campanhas < misses
de submiss(o dos povos aut$ctones locais.
A importVncia econ$mica/ associada a quest(o de nature+a/ Dundamentalmente/
eo-estrat"ica - cidade insular - / determinara escolha da ilha de !o,ambique para a
primeira capital dos territ$rios de !o,ambique/ directamente subordinada/ de @KX a
@JK/ 3urisdi,(o do vice-rei da Endia at" @SXS/ quando !ou+inho de Albuquerque
transDeriu a capital para 6ouren,o !arques I!aputoL/ devido s maniDestas insuDicincias
da ilha para continuar a desempenhar eDica+mente o papel de capital.
I%trodu58o
* presente trabalho tem como te2a ilha de !o,ambique/ como ob>ecto o estudo da
&ortale+a de )(o )ebasti(o e a Capela de Nossa )enhora do BaluarteR/ o aspecto sua
importVncia hist$rica durante o processo de ocupa,(o e domina,(o colonial portuuesa
em !o,ambique/ nos prim$rdios dos )"culos F2' a F'F.
A perunta de partida "4 que motivos teria Coroa portuuesa para construir a
&ortale+a de ). )ebasti(o e a Capela de Nossa )enhora do Baluarte na ilha de
!o,ambiqueM Como hip$tese temos4 proteia s naus que se deslocavam ao canal que
Forta)e7a s(o obras de DortiDica,(o permanente 1 torre ou castelo antiamente 1 de menordesenvolvimento que uma pra,a ou cidade DortiDicada/ ocupando menor espa,o e uarnecidae?clusivamente por Dor,as militares. Grande %icion#rio da 6=nua Portuuesa/ (dir) >os" Pedro!achado/ vol. '''/ 6isboa/ AlDa/ ).A/ @XX@/ p. .R Ba)uarte s(o Dormados de muralhas duplas/ atulhadas/ em que assentam as plataDormas daartilharia. No la3eamento primitivo correspondia a cada pe,a uma placa reDor,ada em rampa comdeclive para o e?terior/ para redu+ir o recuo. Aquele que vai ser o elemento central do novo tipo
de DortiDica,(o/ e a única cria,(o arquitect$nica absolutamente nova desde a Antiuidade/ teve princ=pios modestos no Dim da 'dade !"dia. 0mbora a Dorma derive das torres e torrees $ticosadaptados pirobal=stica/ o nome come,a por aplicar-se a estruturas posti,as de madeira e terraencostada ao e?terior dos castelos/ com o Dim de nelas se assentar a artilharia pesada/ que osmuros medievais n(o comportavam4 o “bolwerk” siniDicando 5obra Deito com vias rossas;/tem oriem alem( ou boronhesa Ido neerlands medieval 5bol ; ou do alto 1 alem(o 5bolble;L/donde passou &ran,a IDrancs antio baloart ou balouart L. 7aDael !oreira/ @XS/ p.@. Naus? s.D Ido cat. NauL. Navio antio de vela de um/ dois ou trs mastros/ que enverava panoredondo no mastro rande e no de proa e s ve+es latino no de r"/ quando tenha os trs mastros.
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condu+ ao porto interior da ilha/ arantia a deDesa da ilha/ bem como - para o caso
concreto da capela - teria contribu=do/ substancialmente/ na domina,(o e submiss(o
reliiosa dos povos da ilha/ dado que estes eram/ antes da ocupa,(o colonial portuuesa/
na sua maioria/ de relii(o islVmica. Todavia/ a domina,(o reliiosa s$ Doi poss=vel
enquanto durou a presen,a colonial portuuesa na ilha.
* ob3ectivo eral deste trabalho " analisar as linhas mestres que nortearam a ocupa,(o
portuuesa de !o,ambique/ os espec=Dicos s(o4
- 6ocali+ar e conte?tuali+ar !o,ambique e a ilha do mesmo nome.
- %escrever a importVncia e o impacto s$cio-pol=tico/ econ$mico/ militar e estrutural da
&ortale+a de ). )ebasti(o e a Capela de Nossa )enhora do Baluarte no per=odo
cronol$ico em reDerncia.
N(o e?iste das biblioraDias consultadas uma única obra que abordasse e?clusivamente a&ortale+a de ). )ebasti(o e a Capela de Nossa )enhora do Baluarte. * que e?iste/ por"m/
s(o obras que espelham/ duma maneira eral/ o papel estrat"ico da ilha de !o,ambique
durante o processo de ocupa,(o e domina,(o colonial portuuesa/ s"culos F2' a F'F/
como " o caso de Cid/ &erra+/ !oreira/ 6obato/ 6ima I2er biblioraDia completaL.
Coube-me/ nesta ordem de ideias/ estudar a importVncia hist$rica da &ortale+a de
). )ebasti(o e a Capela de Nossa )enhora do Baluarte/ por entender que estas duas
DortiDica,es Doram/ durante apro?imadamente cinco s"culos/ a chave da ocupa,(o e
domina,(o colonial portuuesa em !o,ambique. 0sta " no Dundo a principal ra+(o que
me levou a estudar o tema/ esperando que o mesmo se3a de utilidade acad"mica para
todos os que quiserem se debru,ar sobre o assunto.
* presente trabalho est# orani+ado da seuinte maneira4
7esumo
Cap=tulo '
Cap=tulo ''
Conclus(o
BiblioraDia/ e
Ane?o
Podia ser de uerra ou marcante. :ualquer navio ou embarca,(o rande a vela. 'bid. Ip.X@L.
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Cap@tu)o I
I.* oca)i7a58o e co%te&tua)i7a58o'
• !o,ambique• 'lha de !o,ambique
A hist$ria da ilha de !o,ambique no s"culos F2' a F'F/ est# associada cheada de
2asco da GamaK a !o,ambique em @XS. 0 como n(o poderia de dei?ar de ser/ n(o
obstante o tema de Dundo deste trabalho cinir-se sobre a ilha de !o,ambique/ mais
concretamente a &ortale+a de ). )ebasti(o e a Capela de Nossa )enhora do Baluarte/
procurarei/ preliminarmente/ situar e conte?tuali+ar !o,ambique dentro do per=odo
cronol$ico em reDerncia e s$ depois/ em paralelo/ me debru,arei sobre a indescrit=vel/
memor#vel e hist$rica bele+a da p"rola do Endico 1 ilha de !o,ambique.
I. Mo5a2bi6ue
K 2asco da Gama ter# nascido em @X/ em )ines/ Dilho de 'sabel )odr" e de 0stv(o da Gama/alcaide-mor de )ines/ antio combatente em !arrocos e Castela/ ao servi,o de %. ADonso 2. Novo %icion#rio Compacto da 6=nua Portuuesa/ (dir) Ant$nio de !orais e )ilva/ vol. '/ 6isboa/0ditorial ConDluncia/ @XX/ p. S. 2e3a-se tamb"m Genevi"re Bouchou/ 5Vasco da Gama;/ @ed/ 6isboa/ editorial Terramar/ @XXS/ preD#cio.
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0ste nome do único estado do *riente aDricano de l=nua oDicial portuuesa Iembora na
lara #rea por que se estende se Dalem mais de de+ l=nuas locaisL era aplic#vel apenas a
uma ilha situada a norte/ latitude de cerca de @KW ) I%. >o(o de Castro/ no seu Roteiro
de 6isboa a Goa/ observou uma ve+ em @ YK e outra ve+ em @YK ) nos dias e K de
Aosto de @KRSL. * primeiro portuus a visitar !o,ambique/ seundo aluns autores/
ter# sido Pro da Covilh( este via3ante/ no desempenho da miss(o de que %. >o(o '' o
encarreara/ passou certamente pelos principais centros comerciais do 'ndost(o IGoa e
Calecute/ por e?emploL/ esteve em *rmu+ e em Ad"m/ mas n(o " seuro/ embora se3a
prov#vel/ que em seuida tivesse percorrido toda a costa oriental aDricana habitualmente
Drequentada por mercadores #rabes at" ao limite sul de )oDala/ passando/ talve+/ por
!oad=scio/ !omba,a e !o,ambique.
Tal e?perincia/ remetida possivelmente para 6isboa em relat$rio ho3e desencaminhado/e?plicaria as escalas de 2asco da Gama/ se bem que elas tamb"m pudessem ter sido
aconselhadas pelos pilotos #rabes Ios 5malemos; dos te?tos portuuesesL com que o
Capit(o-!or da chamada armada de descobrimento da navea,(o de 6isboa at" Endia
esteve/ sem dúvida/ em contacto/ e e?actamente a partir de !o,ambique neste sentido/
n(o se pode esquecer que 2asco da Gama n(o procurou/ como mostra a Relação da sua
viaem/ atribu=da a lvaro 2elho/ Da+er escala em )oDala certamente n(o dei?aria de
tomar esse porto importante do escoamento do ouro e de marDim se dele tivesse
conhecimento.
0ssa primeira armada portuuesa avistou !o,ambique no dia @ de !ar,o de @XS/ mas
s$ ancorou no porto acolhedor que a ilha proporcionava no dia imediato4 loo se deram
conta de que na terra habitavam 5mercadores; e que tratava 5como mouros brancos; as
mercadorias transaccionadas/ na pena e?aerada do autor da Relação/ eram o ouro e a
prata/ o cravo e a pimenta/ o enibre e as p"rolas/ a al3ZDar e os rubis supunha ele que
5todas estas coisas;/ salvo o ouro/ 5vinham aqui de carreto;/ tra+idas pelos mouros/ sendo
as pedras/ o al3ZDar e as especiarias em t(o rande quantidade que 5n(o era necess#rio
resat#-las Iisto "/ compr#-lasL/ mas acompanh#-las aos certos;[
)e o com"rcio em !o,ambique nunca ter# sido de tanto vulto que merecesse tal
admira,(o do narrador/ ele e?istia/ e estava nas m(os de mu,ulmanos 2asco da Gama/
loo que Doi identiDicado como intruso/ passou a ser tratado com inimi+ade/ cheando a
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admitir-se relato da viaem que ter# sido em terra Dirme uma con3untura para matar toda a
tripula,(o das ent(o 3# apenas trs naus da armada.
Com o estabelecimento da carreira da Endia/ a ilha de !o,ambique passou a ter
uma rande importVncia estrat"ica/ n(o s$ por se tornar como um dos luares de
encontro para naus eventualmente tresmalhadas na lona viaem desde 6isboa como
ainda por serem reDor,ados a Dicar a= retidos os navios que se atrasavam e perdiam o
tempo Davor#vel para demandar a Endia Iou se3a/ que perdiam a mon,(oL.
0mbora Dosse reconhecida a insalubridade da ilha/ esta última utili+a,(o que dela
se Da+ia levaria os portuueses a ocuparem-na/ a constru=rem nela uma Dortale+a e um
hospital/ e tamb"m uma Deitoria para estabelecer e Domentar as trocas mercantis. No
decurso do s"culo F2'/ a ilha de !o,ambique era/ por via de rera/ escalada pelas
armadas da Endia/ principalmente na viaem de ida e tamb"m o era pela nau queanualmente vinha de Goa at" )oDala a carrear ouro e marDim/ de que a Coroa procurava
deter o monop$lio/ apesar de nunca ter conseuido erradicar o contrabando/ pois as
sever=ssimas medidas a tal respeito tomadas eram Dacilmente iludidas. Albuquerque
I@XX/ p.JK@L.
* valor desse ponto de apoio aos navios portuueses que sulcavam o *ceano
Endico tornou-se t(o evidente que uma carta Iho3e incompletaL que %. >o(o de Castro
escreveu da= ao rei em Aosto de @KK/ quando se diriia a Goa para assumir o Governo
da Endia Iem que se inclu=a ent(o !o,ambiqueL Castro/ acompanhado dos seus capit(es/
observou ent(o a pequena ilha com toda a minúcia/ e/ concluindo que a Dortale+a velha
estava constru=da no luar 5mais ruim; dela/ aconselhava que se ediDicasse de rai+ uma
nova e mais poderosa/ em local considerado mais conveniente4 assim veio a Da+er-se/ e "
a que ho3e e?iste.
A escala em !o,ambique tornara-se quase obriat$ria para as naus da carreira da Endia
que n(o Di+essem a derrota 5por Dora; da ilha de ). 6ouren,o. No primeiro quarto do
s"culo F2' cheou mesmo a ser pensada/ por um marinheiro que sobre a sua ideia
escreveu em @KK ao reiJ/ como um 5n$; da carreira/ ou se3a/ como local privileiado
para partir a rota da Endia em duas partes4 uma delas/ servida por uma Drota/ estabelecida
a lia,(o entre 6isboa e !o,ambique a seunda/ com outras embarca,es/ liaria este
2er %. >o(o de Castro. Obras completas/ C$d. IA.N.T.T.L 1 C.C./ parte '/ ma,o JX/ doc. @R.J Cartas de ADonso de Albuquerque/ vol. ''/ @X.
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porto ao 'ndost(o. Nesta hip$tese/ !o,ambique Dicava a ser entreposto para a
arma+enaem de mercadorias oriundas da Endia e tamb"m para a repara,(o de navios/
obviando-se aos inconvenientes de lonos meses espera de tempo Davor#vel/ como
sucedia com aluns navios e com as suas tripula,es/ correndo estes s"rios riscos de
epidemias di+imadoras/ como Drequentes ve+es aconteceu.
* mesmo autor enDati+a que uma solu,(o alternativa/ e certamente preDer=vel/ ao
menos do ponto de vista sanit#rio/ Doi apresentada por uns apontamentos que o diplomata
>o(o Pereira %antas mandou ao rei %. >o(o '''S. A ideia que este Didalo prope Doi a ele
substituir o ponto de apoio da ilha de !o,ambique por um outro qualquer/ situado na
Drica do )ul/ onde o rei devia 5mandar; descobrir e buscar luar para Da+er uma
Dortale+a e escala desde o cabo da Boa 0speran,a at" Baia &ormosa/ ou at" Baia da
6aoa/ onde melhor porto e mais sadio/ mais acomodado e mais proveitoso s=tio seachasse.
Pereira %antas alinha muitas ra+es em Davor da sua proposta/ desde o ser atrav"s
dela possivelmente evitado que os navios invernassem em !o,ambique Icom todos os
inconvenientes que da= podiam resultarL at" o aDastar-se a pro3ectada Dortale+a para al"m
do alcance das oDensivas dos turcos e desde a pro?imidades ilha de ). 6ouren,o
incentivar o reconhecimento da sua costa sul Icom poss=veis vantaens econ$micasL at"
circunstVncia de tal Dortale+a n(o pre3udicar )oDala/ por Dicar dela a uma distVncia que
Pereira %antas estima em l"uas.
!as a proposta do marinheiro e a mais Dundamentada suest(o do diplomata n(o
Doram aceites/ e nem sequer sabemos se teriam sido discutidas. !o,ambique continuaria
atrav"s das d"cadas/ at" ao eclipse da carreira da Endia/ a ser porto de escala e apoio dos
navios que a percorriam. Por motivos de 5ordem pol=tica/ econ$mica e social; 1 como
escreveu !aria 0m=lia !adeira )antos -/ mas talve+ tamb"m pelo peso da rotina. I'bid./
p.JKL.
I. I)4a de Mo5a2bi6ue
S !aria 0m=lia !adeira )antos/ * Car#cter 0?perimental da Carreira da Endia. Um Plano de >o(oPereira %antas com &ortiDica,(o da Drica do )ul/ 6isboa/ s<p/ @XX.
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Ao lono do levantamento dos dados biblior#Dicos deparei-me com a preocupante
ine?actid(o das Dontes Dace a locali+a,(o da ilha de !o,ambique. )e por um lado as
Dontes s(o unVnimes em aDirmar que a ilha Dica situada na prov=ncia de Nampula/ em
!o,ambique por outro lado/ os dados que Da+em a e?tens(o e a larura da ilha
continuam inDeli+mente por esclarecer. &ontes mais recentes inclusive que deveriam
tra+er dados precisos e concisos superD=cie/ tendo em conta as múltiplas Derramentas
dispon=veis actualmente/ estas continuam/ inDeli+mente/ amb=uas. Todavia/ com base no
quadro de relatividade do conhecimento/ as Dontes consultadas n(o dei?am por isso de ser
v#lidas/ nem t(o-pouco invalidam o presente trabalho. Ao lono deste trabalho
questionarei alumas delas/ sobretudo aquelas que me parecem ser as mais dúbias.
)eundo a p#ina \\\.monumentos.pt/ visitada a I<@@<XL a ilha de !o,ambique Dica
situada a ]m/ no litoral 0. da prov=ncia de Nampula/ tem uma e?tens(o de cerca de R]m de comprimento por a K m de larura. * relevo da ilha " relativamente plano/
variando entre as costas altim"tricas de X e @.@ m/ no interior. A ilha est# interada no
distrito com o mesmo nome/ que se divide em duas localidades4 da ilha Iilha de
!o,ambique e ilhas de )(o 6ouren,o/ a )./ de Goa ou )(o >ore/ e a 0. e )ena ou )(o
Tiao/ a )0.L e do 6umbo/ que constitui a maior parte do territ$rio.
Para Cunha I@XRX/ p.@L a ilha/ situada na costa da Drica *riental portuuesa/
atinindo o Paralelo @KW/ Doi descoberta por 2asco da Gama no dia um de !ar,o de @XS/
na sua loriosa viaem para a Endia. Aqui desembarcou o rande Almirante no dia dois e
recebeu a visita do ?eque Cacue3a/ que a overnava em nome do rei de :uiloa/ no dia
trs. É banhado pelo *ceano Endico/ e est# separada do Continente por um canal de cinco
quil$metros de larura/ tendo um man=Dico porto onde se podem abriar poderosas
armadas. A ilha " Dormada por rochas de coral/ e mede cerca de .K metros de
comprimentos na sua maior laruraX.
A primeira Donte " aquela que no meu entender Da+ a locali+a,(o e?acta da ilha/
tanto em termos de comprimento como de larura e n(o s$/ mas tamb"m quanto a divis(o
administrativa. %e Dacto a ilha tm duas distintas localidades/ sendo o 6umbo a parte
mais populosa. :uanto a seunda Donte/ embora tenha Deito uma locali+a,(o lobal da
ilha/ peca por aDirmar dubiamente que 2asco da Gama Doi o descobridor da ilha
X )emelhante locali+a,(o " Deita por )antos/ in “Etiopia Oriental” / @S/ p. JS.
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!o,ambique ora esta inDorma,(o n(o s$ " Dalsa como atropela os Dactos hist$ricos.
Conv"m recordar que quando 2asco da Gama aportou pela primeira ve+ ilha de
!o,ambique/ em @XS/ esta 3# era um luar que reunia variadas camadas culturais4
neros/ #rabes/ turcos/ indianos e/ possivelmente/ chineses/ que ai permutavam
mercadorias ou e?ploravam rique+as dos povos aut$ctones.
Albuquerque I@XX/ p. JKL n(o muito distante da descri,(o de Cunha/ talve+ um
pouco mais e?aerado do ponto de vista das medidas Icomprimento e laruraL/ por"m/
esclarecedor em rela,(o ao povoamento e a importVncia da ilha antes da ocupa,(o
portuuesa/ situa a ilha na Costa *riental de Drica/ a norte de )oDala/ tem /K ]m de
comprimento e @. ]m de larura e est# a uma distVncia do continente de cerca de K ]m.
Por l# passou 2asco da Gama I@XSL/ mas a ilha s$ Doi ocupada pelos portuueses a partir
de **. Como estava/ sensivelmente/ a meio caminho entre o cabo da Boa 0speran,a ea Endia/ passa a ser ponto de passaem e de com"rcio/ como nos reDere Drei >o(o dos
)antos4“!" pau-preto #ue $ai para %ortu&al e 'ndia tambm criaç*es de porcos cabras e
&alinas #ue abastecessem as naus da carreira da 'ndia++” A esta ilha se reDere ainda %. >o(o
de Castro/ di+endo que " um dos melhores portos que tem visto e 5dentro pode aasalhar
R naus@;.
* mesmo autor acrescenta que na "poca da cheada de 2asco da Gama/ a ilha de
!o,ambique constitu=a-se em uma povoa,(o ,waili overnada por um ?eque/
subordinado ao sult(o de 8an+ibar. Constitu=a-se ent(o no maior porto islVmico e no
maior centro de constru,(o naval do leste aDricano/ relacionando-se com o !ar 2ermelho/
a P"rsia/ a Endia e as ilhas do Endico. I'demL.
:uem tamb"m escreveu sobre a ilha de !o,ambique e de Dorma bastante suscita
Doi Ale?andre et %ias I@XXS/ p. KSRL que situam praticamente a ilha na linha de 3un,(o
entre as duas pontas@R/ sensivelmente a meio/ e orientada no sentido nordeste-sudoeste. >#
@ N(o " consensual. &onte h# que deDende que a Di?a,(o come,ou em @K/ e que @KJ Doi o
ano em que %uarte de !elo/ primeiro Deitor/ construiu a primeira Dortale+a/ tamb"m chamada de). Gabriel ou 5Torre 2elha;. 2. 6ima I@XSR/ p. RL. A diDeren,a entre o tempo de Di?a,(o e otempo que se levou para construir a Dortale+a pode estar na oriem da quest(o.@@ 50ti$pia *riental;/ Évora/ @X/ livro ''/ cap. '2/ 0d. !elo de A+evedo/ 6isboa/ @SX/ p. J@.@ %. >o(o de Castro/ 5Obras completas”/ vol. '/ Coimbra/ @XS/ p. @.@R Numa das pontas/ no lado )ul/ encontrava-se a comunidade mu,ulmana de )acul no Norte asduas par$quias portuuesas de Cabaceira e !ossuril. 0ste estreito lan,o de terra/ enericamenteconhecido pelo nome de “erra .irme;/ ia apenas at" aos pVntanos/ a menos de um dia de viaem.Para l# deles/ eram os reulados independentes macuas de Uticulo. A 5terra Dirme nunca Doi uma
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Dora da baia encontra-se uma s"rie de ilhas/ das quais as mais importantes s(o a ilha de
)(o >ore 1 ou de Goa 1 e a de )(o Tiao 1 ou de )ena a primeira est# situada a meia
dú+ia de quil$metros a leste da ponta sul da ilha de !o,ambique/ a outra/ lieiramente
aDastada/ na direc,(o de sudeste. Toda a ba=a " acidentada por numerosos bancos de
cereal. Contudo/ numa direc,(o sueste-noroeste/ entre a ilha e a ponta de )(o >o(o/
encontra-se um pequeno canal Ida ordem dos mL cu3a proDundidade atine os m. A
ilha tem uns escassos R ]m de comprimento por RK m de comprimento de larura m"dia
e K m na m#?ima@.
Tamb"m a 'G0)PA7/ p#ina visitada em IS<@<XL dedicou ao tema a sua
aten,(o. %i+ que a ilha " uma cidade insular situada na prov=ncia de Nampula/ na rei(o
norte de !o,ambique/ que deu o nome ao pa=s do qual Doi a primeira capital. %evido
sua rica hist$ria/ maniDestada por um interessant=ssimo patrim$nio arquitet$nico@K/ a ilhaDoi considerada pela UN0)C*/ em @XX@/ Patrim$nio !undial da Humanidade. * seu
nome/ que muitos nativos di+em ser 5 Muipiti”/ parece ser derivado de !ussa-Ben-Bique/
ou !ussa Bin Bique/ ou ainda !ussa Al !bique/ personaem sobre quem se sabe muito
pouco.
0sta tese " sustentada por Costa I@XR/ s<pL/ naquela que seria o primeiro e/
provavelmente/ o mais ob3ectivo estudo sobre a oriem do termo “Muipiti” e?plica a
quest(o a partir de uma hist$ria4
+ona de estabelecimento ou de coloni+a,(o a s"rio mas/ pequena como era/ oDerecia umainter.ace/ de crucial importVncia com os povos do continente aDricano. I'demL. )obre a ilha de!o,ambique no princ=pio do s"culo F'F/ ve3a-se Bartolomeu dos !#rtires/ 5 Memoria/ronolo&ica da %ro$incia ou /apitania de Mossambi#ue na /osta d01.rica Oriental con.ormeo estado em #ue se aca$a no ano de +233;/ editado por 2ir=nia 7au in 5 1spectos tnico-culturais da ila de Moçambi#ue em +233.;@ A ilha de !o,ambique era/ nesse per=odo/ o único estabelecimento que poderia serreconhecido como cidade. %epois dos ataques holandeses de princ=pios do s"culo F2''/ tinhamsido constru=dos nos estreitos limites da ilha/ preciosos ediD=cios reliiosos e seculares. Ale?andreet %ias/ 5O 4mprio 1.ricano +235-+267;/ @XXS/ p. KS.@K 5Q0m todas as +onas da ilha se encontram elementos arquitect$nicos e ambientais
siniDicativos/ no todo con3unto peculiaridades sinelas ou elementos de rande impacto/resultando um con3unto único pela bele+a de monumentos e con3untos ediDicados/ pela qualidadeambiental que envolve o visitante/ pela Dor,a cultural que os testemunhos do passado transmitemou dei?am adivinhar. As reminiscncias do *riente s(o Dlarantes/ sobretudo atrav"s dasconstru,es da cidade/ que lembra %iu/ e onde tamb"m ocorre lembran,a a imaem da paisaem urbana do )ul de Portual. ADiura-se como imprescind=vel ter presente que a realidadeda ilha se estende ao litoral pr$?imo/ aqui se continuando a descobrir elementos de ume?uberante patrim$nio arquitect$nico e cultural que ure preservar ; 6ima/ 5 4la de Moçambi#ue;/ Porto/ @XSR/ p. R.
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5 Muito antes dos portu&ueses na$e&arem no oceano 'ndico um pescador ind8&ena
camado Muipiti atra8do pela abund9ncia de pei:e #ue a$ia em $olta da ila (o;e
Moçambi#ue) .oi-se l" a instalar e tomar posse dela <Os ind8&enas do continente para a
distin&uir das ilas #ue a rodeiam começaram a desi&n"-la pelo nome do possuidor isto 4la
do Muipiti (em l8n&ua =makua =kisirua ia Muipiti)< >epois para abre$iar o nome cama$am-
le apenas Muipiti< E Muipiti .icou< Mais tarde passou a ila para o &o$erno dum outro
ind8&ena camado M0biki< ,ucedeu-le um .ilo de nome Muça #ue &o$erna$a a ila #uando
Vasco da Gama .undeou em .rente< Estabelecidas as relaç*es com os abitantes os portu&ueses
per&untaram #uem manda$a na ila< Responderam os interro&ados? -Manda o Muça M0biki< Os
portu&ueses da8 em diante #uando se re.eriam a ila di@iam? - 1 ila de Muça M0biki< E
ali&eirando a pro$incial destes dois nomes .oram di@endo Moçambiki at #ue se con$erteu no
$ocabul"rio actual “Moçambi#ue”<
N(o est# documentado em nenhuma Donte biblior#Dica consultada/ mas sabe-se
que a ponte que lia a parte continental I6umboL insular Icidade hist$ricaL da ilha "
relativamente maior que a e?tens(o do seu cumprimento < larura. 0sta constata,(o Doi
revelada pelo Amade 'smael@ a meu pedido.
Numa outra abordaem/ sob ponto de vista populacional da ilha/ 6obato I@XJ/
s<pL di+-nos que haveria/ seundo o Padre !onclaros/ setenta casados Iou Dam=liasL
portuueses/ seiscentos caDres e =ndios e uns setenta moradores mouros que habitavam a
povoa,(o de !uicate@J/ onde tinham mesquita e para onde os >esu=tas ostavam de ir
conversar com os caci@es. Gente estraneira n(o Daltava e era muita/ Dora a das naus/ que
dava s ve+es trabalhos 1 porque armava brias. A Dei,(o de !o,ambique modiDicou-se
sensivelmente com a estadia da e?pedi,(o de &rancisco Barreto destinada ao
!onomotapa/ e/ seundo o mesmo !onclaros/ teria/ cerca de @KJ/ cem moradores
portuueses/ uns du+entos caDres e =ndios/ tendo desaparecido a povoa,(o dos mouros/
que decerto a abandonaram transDerindo-se para a Cabeceira Pequena/ que se tornou seu
centro principal durante s"culos@S.
@ Coordenador do C.!.C. da 'lha de !o,ambique 1 &onte *ral.@J 0sta cidade abriava habitualmente uma consider#vel comunidade de Duncion#rios portuueses/ pessoal militar e reliiosos. Ale?andre et %ias/ 5O 4mprio 1.ricano +235-+267;/@XXS/ p. KS.@S A cidade abriava habitualmente uma consider#vel comunidade de Duncion#rios portuueses/ pessoal militar e reliiosos. Ale?andre et %ias/ 5O 4mprio 1.ricano +235-+267;/ @XXS/ p. KS.
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:uais Doram os Dactores que determinaram a ocupa,(o e constru,(o da &ortale+a
de ). )ebasti(o da ilha de !o,ambiqueM Tudo leva a crer que o dese3o ardente de
Portual pelas pepitas de ouro do 'mp"rio de !onomotapa@X Itamb"m raDado
Me%e2utapa/ Mue%e2utapa/ ou ainda Mo%o2atapa/ que era o t=tulo do seu cheDeL
inDluenciara a Coroa portuuesa a uma s"rie de manobras/ entre as quais/ o Dortalecimento
para a constru,(o de um entreposto comercial apetrechado IbaluarteL para Da+er Dace a
eventuais instabilidades decorrente desse com"rcio/ sem dúvida rent#vel para Portual. 0
em caso de ataque ou de instabilidade vindo dos territ$rios do 'mp"rio de !onomotapa/ o
chamado 5pulm(o da deDensiva portuuesa; passava/ inevitavelmente/ pela ilha de
!o,ambique.
&oi assim que/ seundo o autor em reDerncia/ Portual construiu a &ortale+a de
!o,ambique. Para este autor a ocupa,(o da ilha de !o,ambique Dicou a dever-se a doisDactores Dundamentais4 por um lado/ a ilha servia de ponto de apoio para a carreira da
Endia por outro/ era sentida a necessidade de uma base para a e?plora,(o do ouro do
!onomotapa/ tendo sido 3# constru=da/ para esse Dim/ uma Dortale+a em )oDala.
&oi tamb"m assim que/ em @KJ/ o Deitor %uarte de !elo come,ava a levantar a
&ortale+a de ). Gabriel ou 5Torre 2elha;. Para deDender a parte norte da ilha Doram
colocados canhes/ onde mais tarde Dicou a Capela de Nossa )enhora do Baluarte. Com o
incremento oriental Doi nomeado um capit(o/ que se ocupava/ ao mesmo tempo/ de )oDala
e !o,ambique. 0m @KK/ %. >o(o de Castro prope a constru,(o da &ortale+a de ).
)ebasti(o. 0diDicam-se ire3as/ casas reliiosas e um hospital. Uma orani+a,(o
administrativa de certa importVncia Di?ava-se na ilha/ mas subordinada a Goa.
No s"culo F2''/ " alvo de v#rios ataques holandeses/ na tentativa de a conquistar/
para se apoderarem do com"rcio da Endia. Neste s"culo cheam os >esu=tas/ sendo este o
rande per=odo de constru,(o de ire3as. 0ntretanto/ na parte continental d#-se um rande
@X &oi um imp"rio que Dloresceu entre os s"culos F2 e F2''' na rei(o sul do rio 8ambe+e/entre o planalto do 8imbab\e e o *ceano Endico/ com e?tenses provavelmente at" ao rio6impopo. U0!/ %epartamento de Hist$ria/ @XS. Hist$ria de !o,ambique 2olume @45 %rimeiras ,ociedades ,edent"rias e 4mpacto dos Mercadores”. Cadernos T0!P*. !aputo. Tinha por ob3ectivo servir de base travessia do Endico. %i+-se que essa Dortale+a era lieira/constru=da maneira dos pequenos castelos portuueses/ isto "/ com torre de menaem. A suavolta sure o povoamento. A vila era chamada de ). )ebasti(o. 6ima/ 5 4la de Moçambi#ue;/Porto/ @XSR/ p. R. &oi este o primeiro passo conducente a Di?a,(o portuuesa na ilha.
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incremento de com"rcio de escravos para o Brasil/ sendo a ilha habitada por numerosos
nereiros. :uando o ne$cio do ouro do !onomotapa come,a a perder importVncia/ a
ilha dei?a de ter valor estrat"ico.
Perdendo o seu valor estrat"ico/ em parte instiado pela concorrncia de outras
potncias europeias/ a ilha de !o,ambique dei?ou de ser n(o s$ o 5pulm(o; da Coroa
portuuesa/ como tamb"m dei?ou de estar 5eminada; a Endia. A Holanda/ a &ran,a e a
'nlaterra n(o davam tr"uas a Portual/ nem a &ortale+a de ). )ebasti(o por si Doi capa+
de impedir a quebra do monop$lio portuus nas rotas das especiarias da Endia.
0ste Dacto " sustentado por Noronha/ Is<ano/ p.@L que di+ que “a administração de
Moçambi#ue separou-se de.initi$amente do Estado da 'ndia em +A53< O primeiro &o$ernador #ue
&eriu a colBnia com uma relati$a independCncia .oi o capitão-&eneral Francisco de Melo e
Castro #ue ali se demorou desde a#uele ano at +A52 cinco anos e tal o #ue contrasta$a comas continuas interinidades<”
Brito I@XXJ/ p.RL em concordVncia com Noronha/ conclui que a partir de @KS/ a
ilha passou a ser a capital dos territ$rios de !o,ambique a )oDala/ directamente
subordinada/ de @KX a @JK/ 3urisdi,(o do vice-rei da Endia. 6an,avam-se/ assim/ as
bases que Dariam da ilha um cadinho de povos/ caracter=stica que ainda ho3e se mant"m.
%urante o Dim do s"culo F2' e principio do s"culo F2''/ a importVncia da ilha vai-se
avolumando@/ quer pelo valor estrat"ico quer pelo in=cio do com"rcio de escravos.
Com o decl=nio do poder militar no *riente d#-se a separa,(o 3ur=dica da ilha em
rela,(o Endia I@JKL. 6oo em @J@ a povoa,(o Doi elevada cateoria de vila 1
embora esse privil"io s$ viesse a ser concreti+ado em @JR -/ e a @J de )etembro de
@S@S recebeu o estatuto de cidade/ mantendo-se como capital da col$nia. !as em @SXS
!ou+inho de Albuquerque transDere a capital da 'lha de !o,ambique para 6ouren,o
!arques/ devido s maniDestas insuDicincias da ilha para continuar desempenhar
eDica+mente o papel de capital.
@Al"m dos habitantes permanentes viviam na ilha/ com car#cter transit$rio/ militares ecomerciantes que do reino se diriiam para o *riente Ie vice-versaL. I'demL. A autonomia de !o,ambique Doi decretada/ devido ao Dacto de a col$nia estar em perio deser ocupada por estraneiros e o overno da Endia n(o estar em perio de acudir s prementesnecessidades da sua deDesa militar/ que tinha de ser Deita com dinheiro/ que n(o e?istia no er#riode Goa/ depauperado pelas uerras com o marata e pela perda da prov=ncia do Norte. 2/iualmente/ consulta do Conselho Ultramarino sobre o decreto reDerente separa,(o do overnode !o,ambique do da Endia e com a nomea,(o de &rancisco de !elo de Castro para oovernador e capit(o-eneral de !o,ambique/ 7ios de )ena e )oDala. &erra+/ @XJR/ pp.@-XS.
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I./ - Forta)e7a de S8o Sebasti8o
Antes de me debru,ar sobre o poliss"mico e err#tico processo de constru,(o da &ortale+ade ). )ebasti(o na ilha de !o,ambique - 5útero; da domina,(o colonial portuuesa em
!o,ambique -/ talve+ tent#ssemos compreender/ aqui e ali/ as linhas mestres que
nortearam a aventura portuuesa pelo mundo. N(o obstante procura de especiarias para
sustentar o saturad=ssimo mercado europeu/ como corol#rio da iantesca crise dos
s"culo F'2/ os pa=ses europeus como s(o os casos de Portual/ &ran,a/ Holanda/
'nlaterra/ quer sob batuta da ire3a cat$lica/ principal Donte de Dinanciamento dessas
aventuras/ quer tamb"m por orienta,(o pol=tica destes estados/ instiados principalmente
pelo 7enascimento/ 5rasaram; oceanos/ 5Dundos e mundos;/ pura e simplesmente/ para
acomodar os seus interesses/ econ$micos e sociais/ e a partir da= Da+er Dace crise. Uma
das medidas estrat"icas que a Coroa portuuesa encontrou para apa+iuar eventuais
casos de revolta dos povos aut$ctones Dace a pol=tica de ocupa,(o e domina,(o colonial
tinha/ no meu entender/ duplo eDeito4 por um lado/ visava a cria,(o de Dortes que mais n(o
serviam de suporte militar para a salvauarda dessas pol=ticas/ como visava a intimida,(o
e submiss(o desses povos.
!oreira I@XS/p.XL in !aria 2arela Gomes reDere que a necessidade dos
portuueses constru=rem sistemas artiDiciais de deDesa IDortale+as/ Dortes/ etc.L est#
intrinsecamente liada ao pr$prio instinto de conserva,(o. 0ste abrane n(o apenas as
vidas humanas/ mas tamb"m os bens que a comunidade/ ou cada um dos seus membros
possui/ e dos quais/ por ve+es/ depende a sua sobrevivncia. Contudo/ o comple?o
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Den$meno social que era a uerra/ como realidade cultural e pol=tica/ condu+iu o homem
n(o s$ a verdadeiras crises e calamidades/ como ao desenvolvimento de cada ve+ mais
soDisticados mecanismos de deDesa e ataque/ de t#cticas e de estrat"ias diDerentes/
constituindo eDectivo Dactor de evolu,(o/ onde se maniDestam importantes aspectos das
suas potencialidades criadoras.
A estrat"ia militar de Portual/ no reinado de %. !anuel '/ consistia em4
primeiro/ transDormar o Endico num mar portuus/ criando numa armada poderosa
seundo/ construir pontos de apoio em luares estrat"icos/ que permitissem n(o s$
dominar o mar e impedir as movimenta,es navais e comerciais do *riente para o
*cidente/ mas tamb"m canali+ar o com"rcio no interior das terras para as linhas
comerciais portuuesas/ e ainda transDorm#-los em entrepostos comerciais mar=timas de
rande +onas eor#Dicas/ como !alaca/ por e?emplo.0m seundo luar/ de acordo com o mesmo autor R/ a Dortale+a constitu=a um
núcleo de deDesa e de ataque. 0 curiosamente muito mais de deDesa do que de ataque. *
ataque processava-se no mar em terra deDendia-se as pessoas e os haveres de todos os
que por aquelas parte trabalhavam e comerciali+avam. :uer o Dorte como a Dortale+a/
eram s=mbolos desta deDesa/ transDormando-a numa arte a uerra e luta especial=ssima e
unindo trs Dactores 1 a pr$pria Dortale+a/ o terrorismo e a uerrilha 1 como p$lo de
ac,es iniciadoras/ que muitas ve+es tomavam a Dorma de uerra total/ pois n(o se poder#
esquecer que a luta que se travou entre os portuueses e os rabes/ Persas/ Turcos/
!alaios/ Chineses/ 'ndon"sios/ etc./ se n(o único/ veriDicar que no s"culo F2'/
enquadramento a maioria dos pa=ses n(o ultrapassava as suas Dronteiras/ no m#?imo/ em
um milhar de quil$metros/ Portual radicava-se e lutava contra de+enas de inimios e
de+enas de milhares de quil$metros de distVncia.
A :orta)e7a era? pois? o p)o de irradia58o do Hcastigo do i%i2igo. De)a
partira2 guerri)4eiros? ora por 2ar? ora por terJ? ora e2 patru)4a a%:@bias?
castiga%do 6ue2 2erecia castigos e vo)ta%do de %ovo ao )oca) da partida? a 2es2a
:orta)e7a. Esta tJctica 2i)itar :oi a K%ica e2 toda a 4istria 2i)itar de 6ua)6uer
povo? pois reu%ia %u2a s opera58o 2i)itar todas as tJcticas e todas as di2e%sLes da
guerra. Usa-se o :orte co2o u2 c4a2ari7 para o i%i2igo? passa%do-se da de:esa ao
R !oreira in Brand(o I@XS/ p. @KX-@@L
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ata6ue por terra e por 2ar e? se2pre 6ue poss@ve)? tra%s:or2a%do a bata)4a
terrestre e2 %ava)./
Nesse sentido/ tal como observou Noronha Is<ano/p.L a ocupa,(o da ilha de
!o,ambique e dos territ$rios Dronteiros De+-se depois de/ ou simultaneamente/ serem
erectas as Dortale+as/ Dortes/ Dortins/ redutos seuiu-se-lhes a Dunda,(o dos conventos que/
seundo as ideias da quadra/ de austero e m=stico missionarismo/ interavam a ocupa,(o.
Assim suriram ali os dois conventos da ordem de ). %ominos/ visto o primeiro ter sido
arrasado pelos holandeses num dos cercos o de ). >o(o de %eus o col"io de ). &rancisco
Favier os templos da !iseric$rdia/ da )" !atri+ da capela da )enhora da )aúde/ al"m
das 3# citadas das duas residncias do bispo da CVmara !unicipal do Hospital das
diversas cisternas/ indispens#veis numa terra onde n(o brota #ua de nascente do padr(o de
). &rancisco Favier do cemit"rio e/ no continente Dronteiro/ o Dorte de ). >os" de !ossurila ire3a da )enhora da Concei,(o e pal#cio do overnador e ainda o templo da )enhora dos
7em"dios/ na Cabaceira Grande.
0 Doi assim que na 'dade !"dia/ particularmente nas duas últimas centúrias
muitos eram os portuueses que via3aram por terra e por mar/ que 5Da+iam caminhos de
dias/ de aluns meses e at" de anos/ para se entrearem a actividades diversas/ como
resolu,(o de ne$cios ou apenas para se deleitarem com a observa,(o de novas terras e
entes. )ure assim/ em @KKS/ a constru,(o da &ortale+a de !o,ambique/ como
resultado do avan,o t"cnico no Endico.
0st# riorosamente provado e documentado em I)antos/ @XS/ p.XL que4 5a base
portu&uesa era em primeiro lu&ar um local de irradiação da .< Dunca nos podemos
es#uecer de #ue todo o 4mprio portu&uCs at ao sculo V444 .ora um imprio de
cru@ados em #ue Fs ideolo&ias incluindo a monar#uia na sua m":ima acção de luta e
de descoberta< 1 4&re;a era a pedra #ue simboli@a$a a sublimação desse imprio<35”
Tal como aDirmou 6ima/ %uarte de !elo diriiu a constru,(o em !o,ambique
de uma Dortale+aJ I@KJL/ uma ire3a e um hospital/ dando in=cio ao estabelecimento do
%estaque no te?to do meu.K )ublinhado no te?to meu. 2. 6ima/ 5 4la de Moçambi#ue;/ Porto/ @XSR/ p. R.J )eundo Noronha Is<ano/ p.RL trata-se de uma deDesa inicial que alumas Dontes/ inDeli+mente/conDundem-na com a actual Dortale+a/ esta sim constru=da em @KKS por !iuel de Arruda. Amesma Donte acrescenta que mandou construir essa deDesa inicial o capit(o de )oDala/ 2asco
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dom=nio portuus nestas paraens e possibilitando a penetra,(o para o interior/
conseuida atrav"s da coloni+a,(o e da missiona,(o.
%e acordo com Noronha Is<ano/p.L a &ortale+a de ). )ebasti(o/ a mais
importante de todas as DortiDica,es antias da prov=ncia de !o,ambique/ assenta na
ponta nordeste da ilha do mesmo nome/ outrora capital. 0recta sobre rochas/ de nature+a
coral=Dera/ trabalhadas pelo oceano como o mais Dino e delicado ponto de renda de Dama
pela subtile+a desenvolve-se em cortinas Dlanqueadas por outros tantos baluartes e
abranendo um per=metro de setecentos e oitenta metros.
0scolheu o local para aDirma,(o do poder de Portual/ %. >o(o de Castro/ em
@KK/ quando invernou na ilha/ em viaem para Goa para o desempenho do caro de
vice-rei da Endia. A constru,(o s$ principiou em @KKS/ no overno de )ebasti(o de )# / e
o seu aproveitamento/ na parte e?terior data de @J a @@/ seundo opini(o do tenente-coronel >oaquim >os" 6apa. *s trabalhos de aperDei,oamento e depois de conserva,(o
nunca cessaram.
Ainda sobre a constru,(o da Dortale+a/ Cid I@XX/ p.@@L escreveu o seuinte4 5 1
ortale@a de Moçambi#ue situada numa ila na costa oriental de H.rica na re&ião dos /a.res
em altura de #uin@e &rãos da banda sul est" cita na ponta da dita ila da banda do mar #ue e
a de leste .eita em #uadro não per.eito um pouco mais comprida #ue lar&a .;
6obato I@XJ/ s<pL in Me)o de A7evedo/ aDirma que4
5esta .ortale@a uma das maiores .ortes #ue " na 'ndia? .oi traçada assim ela como a e
>amão por um ar#uitecto de Ira&a >< rei Iartolomeu dos M"rtires da Ordem dos
%re&adores32J o #ual ar#uitecto sendo mancebo se .oi a landres donde tornou &rande o.icial de
Gomes de Abreu/ perdido mais tarde num nauDr#io no canal de !o,ambique. %iriiu as obras eDoi Deitor da Dortale+a %uarte de !elo/ que principiou os trabalhos em X de !ar,o de @KJ e osconcluiu no iual ms de @KS/ antes de morrer em Anoche numa campanha contra os mouros.
S A #rde2 dos Pregadores Ilatim4 Ordo %rKdicatorum/ *. P.L/ tamb"m conhecida por #rde2dos Do2i%ica%os ou #rde2 Do2i%ica%a/ " uma ordem reliiosa cat$lica que tem comoob3ectivo a prea,(o da mensaem de >esus Cristo e a convers(o ao cristianismo. &oi Dundada emToulouse/ &ran,a/ no ano de @@ por )(o %ominos de Gusm(o/ sacerdote castelhano Iactual0spanhaL/ o qual era oriin#rio de Caleruea. *s dominicanos n(o s(o mones/ mas simreliiosos4 reali+am voto de pobre+a/ castidade e obedincia. 2ivem em comunidade/ que sedesinam por conventos e n(o como abadias ou mosteiros. *s seus conventos s(otradicionalmente 3unto das cidades. http4<<pt.\i]ipedia.or<\i]i<*rdem^dos^PreadoresIR<@<@L.
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ar#uitectura e depois diso .oi mandado F 'ndia pela raina >< /atarina #uando &o$erna$a
erste reino para .a@er estas .ortale@asJ o #ue .oi no ano do ,enor de +552 #uando ><
/onstantino .oi por $ice-rei da 'ndia< E tornando este ar#uitecto da 'ndia .oi-se para /astela
onde tomou o "bito da ordem de ,< LerBnimo e .oi mui aceito a El-Rei ilipe 44 e por sua traça
se .i@eram muitas obras no Escurial .X; 7eDerindo-se a !iuel de Arruda.
Tal como na locali+a,(o da ilha de !o,ambique por si/ poliss"mica e err#tica/ a &ortale+a
de ). )ebasti(o n(o Doe rera. As duas randes questes que ure colocar neste estudo
Icap=tuloL tem a ver/ primeiro/ com a problem#tica das Dontes em rela,(o a data da
constru,(o Dortale+a e/ por Dim/ quem teria sido o seu verdadeiro construtorM :uem teria
sido na verdade o construtor da dita Dortale+aM É uma quest(o que as Dontes/ na sua
maioria/ diverem as respostas apresentadas s(o de toda a estirpe[
Comecemos por 6obato I@XJ/ s<pL que aDirma o seuinte4 5não se sabe se .oi ou
não o pro;ecto primiti$o desenado na 'ndia em +5N ou por Mi&uel 1rruda 7 se&undo um
documento #ue e:iste< ,abe-se #ue os planos $ieram de Goa tra@idos pelo /apitão-Mor de
,o.ala ernão de ,ousa de "$ora em +52 mas por .alta dum en&eneiro não se iniciaram as
obras #ue sB ti$eram principio em +552 &o$ernando ,ebastião de ,"< O nome da praça
omena&eia o Rei >< ,ebastião.;
N(o se pode/ todavia/ esquecer/ que Doi o pr$prio %. >o(o de Castro/ na viaem
para a =ndia/ que escolheu s=tio conveniente/ determinou materiais e mestres para a obra/meteu m(os a ela/ todos porDia acarretavam pedras/ e a obra lu+iu tanto/ que na vinda
para a 0uropa Doi saudado pela artilharia que 3# estava colocada em cima da muralhaR@.
)eundo a p#ina \\\.monumentos.pt/ visitada a I<@@<XL levanta uma s"rie
de dados cronol$icos important=ssimos/ com os quais estou inteiramente de acordo/ sob
ponto de vista das datas/ principalmente. 7emota a constru,(o da Dortale+a a partir do ano
de @K<@KK durante o vice-reinado de %. >o(o de Castro/ veriDicou-se da necessidade de
X 50ti$pia *riental;/ Évora/ @X/ livro ''/ cap. '2/ 0d. !elo de A+evedo/ 6isboa/ @SX/ p.S.R )eundo 2iterbo I@XSS/ p. JL/ Migue) de Arruda Doi arquitecto do convento de )anta Ana/obra de pouco valor art=stico/ e cu3a nomea,(o prov"m de ter sido dado abrio na sua ire3a aosossos de Cames. !iuel de Arruda devia ter morrido por @KR/ porquanto neste ano/ a K de*utubro/ era nomeado para o substituir/ por seu Dalecimento/ no caro de mestre das obras daBatalha/ seu sobrinho %ion=sio de Arruda/ nome at" aora completamente in"dito/ e que talve+Dosse o último da era,(o art=stica dos Arrudas.R@ 50ti$pia *riental; de &rei >o(o dos )antos/ Évora/ @X/ 6ivro '''/ Cap. '2/ ed. !elo deA+evedo/ 6isboa/ @XS/ p. S.
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se Da+er uma DortiDica,(o na ilha de !o,ambique @KS 1 !iuel Arruda Doi nomeado
mestre de obras @K@ 1 dado o atraso que se reistava nas obras/ o vice rei %.
Constantino de Braan,a mandava que n(o se ediDicasse casa aluma na ilha antes dos
muros da DortiDica,(o estarem conclu=dos @KSR<@KSX 1 i%sc4otte%? no relato da sua
viaem/ reista que a pra,a estava por construir e que tinha pouca artilharia e redu+ida
uarni,(o4 Dortale+a Doi uarnecida por Nuno 2elho Pereira que mandou Da+er arma+"m e
quart"is.
0m @KXK 1 durante o overno de Nuno da Cunha ter-se-ia reistado um avan,o
nas obras principalmente das muralhasR4 @KXJ 1 constru,(o do Dortim de )anto Ant$nio
@J < @S 1 cerco Dortale+a e cidade pelos holandeses @@R 1 obras estariam perto
de estar conclu=das Dortale+a anterior seria destru=da/ ainda que tenha sido dada
Companhia de >esusRR para ai se estabelecer @@<@@S 1 7ui de !elo )ampaio deuin=cio s obras de constru,(o da cisterna @ 1 cisterna estava conclu=da @RK 1 obras
de altera,(o nos baluartes de )(o Gabriel e no de )ena B#rbara @J 1 s(o enviados
pedreiros e carpinteiros para socorrer a Dortale+a @X 1 DortimR de )(o 6ouren,o Doi
mandado Da+er pelo vice-rei na ilhota do mesmo nome na ponta oposta da Dortale+a @JJ
1 Dortim de )(o 6ouren,o Doi alvo de obras de beneDicncia @J@ 1 Doi eruido o actual
portal da Porta de armas.
0m @J<@JK 1 obras de altera,(o no baluarte de )(o Gabriel @JK < @JKS 1 o
primeiro capit(o-eral mandou construir as baterias rasantes de Nossa )enhora do
Baluarte e de )(o >o(o e a coura,a da Porta de armas @JXR<@JXJ 1 último ataque soDrido
pela DortiDica,(o perpetrado pelos Dranceses @S 1 obras no Dortim de )anto Ant$nio/
R Mura)4a I)"cs - F2''-F2'''L " a parede ou obra de pedra e cal roda da DortiDica,(o parasustentar as terras do reparo e o seu rande peso/ e para o mesmo reparo resistir ao tempo. Amuralha compreende em si escarpa e talude e?terior/ Dundamento/ ou alicerce/ sapata/ ou cepo/
camisa/ cord(o/ para peito de rondas/ caminho de rondas/ contraDortes e contra-minas. 7aDael!oreira 1pud A+evedo &ortes/ @XS/ p. @.RR A companhia de >esus " uma conrea,(o reliiosa que Doi criada por Dor,a de uma bula papalde @K/ a instancia de )anto 'nacio de 6oila/ com o ob3ectivo de proteer a D"/ se dedicar aoensino e apoiar os servi,os de saúde. Novo %icion#rio Compacto da 6=nua Portuuesa/ (dir) Ant$nio de !orais e )ilva/ vol. '/ 6isboa/ 0ditorial ConDluncia/ @XX/ p. J.R Fortim (Sécs – XVII-XVIII), entende-se como forte pequeno; fortaleza oucastelo; obra de forticaço, fortaleza! Grande %icion#rio da 6=nua Portuuesa/ IdirL>os" Pedro !achado/ 2ol '''/ 6isboa/ AlDa/ ).A/ @XX@. pp. S/
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que lhe conDeriram a sua Dorma actual @SR 1 Doram Deitas as ultimas obras arqueol$icas
reali+adas no chamado >ardim do Comandante revelaram os antios tra,ados do baluarte.
2iterbo I@XSS/ p.XXL analisou tamb"m o problema/ dei?ando claro que Doi
!iuel de Arruda quem Dorneceu a aludida planta para a constru,(o da Dortale+a/
adquirida que Dora a e?perincia alcan,ada com Benedetto de 7evena nas DortiDica,es do
Norte de Drica e acrescenta4 “oi elle #ue deu a traça para a .ortale@a de Moçambi#ue cu;a
construção >< Loão 444 recomenda a >< Loão de /astro<” 0sta tese " tamb"m sustentada por
6obato I@XJ/ s<pL que di+ que 5a planta para a construção da ortale@a de Moçambi#ue .oi
.ornecida por Mi&uel de 1rruda se bem #ue não se saiba se esta .oi a adoptada ao começarem
as obras em +5525<”
Nos anos S/ 6ima I@XSR/ p.RJL/ naquela que seria a mais ob3ectiva an#lise do
problema/ e?plicava a quest(o com base numa carta datada de Almeirim a S de !ar,o de@K/ l-se a este prop$sito o seuinte pararaDo4
“ol&ueP de $er o debu:o #ue me enuiastes da .ortale@a de Moçambi#ue e $ina muP
bem declarado como era necess"rio pCra se poder emtemder? e do sPtio ter tão boa deposição
pCra se .orti.icar recebo comtemtamentoJ e por#ue e cousa tão importante deueis lo&uo de
ordenar como se .aça pela maneira do debu:o #ue $os a#uP emuPo #ue caa mamdeP .a@er a
MP&el da 1rruda por ser tão pratico nestas cousas como sabeis? e #uamto mais breuemente esta
obra .or .eita tamto mais meu seruiço ser"J por#ue estamdo asP estaa a muP &rande peri&o ena* se pode descamsar nisoN <”
Pela reDerncia de %. >o(o ''' se v que %. >o(o de Castro conhecia de perto
!iuel de Arruda. 0ste conhecimento Doi sem dúvida travado em Ceuta/ como se prova
do come,o de uma carta do humanista A%dr! de ese%de diriida a @ de !ar,o de
@KJ a %. >o(o de Castro4 “Mi&el da 1rruda stando V< ,< em /epta me deu os primeiros
motiuos de deseiar seruir V< ,< <<A ”
2iterbo I@XSS/ p.XXL aDirma que em @KS Doi nomeado mestre das obras dos
muros e Dortale+as/ tanto do continente IreDerindo-se do Dorte de )einalL como do
ultramar/ em aten,(o sua habilidade e e?perincia/ e pela maneira como se continha no
RK %icion#rio dos Arquitectos/ 0nenheiros e Construtores Portuueses/ 2ol. '/ s<ed./@XSS/ pp.@[email protected] 2ida de %. >o(o de Castro/ por >acinto &reire/ anotada por Dr. &rancisco de ). 6ui+/ p. .RJ Boletim de BiblioraDia Portuuesa/ 2ol. '/ p. @K@ 1 A.N.T.T.
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7eimento/ que ent(o lhe Doi mandado passar. * ordenado/ que principiaria a vencer de
>aneiro de @KX em diante/ era de S_K reais anualmente/ seundo documenta a carta
da chancelaria com este teor4
“>om Loam Q a #uantos esta mina carta $irem .aço saber #ue $endo eu como le
necess"rio os muros e .ortale@a #ue at a&ora são .eitos nos lu&ares de meus reinos e senorios
serem repairados em maneira #ue estem sempre como conuem a meu seruiço e a bem delles E
como pCra as obras #ue se ouuirem de .a@er nos ditos muros e .ortale@a e asP pCra #uaes #uer
outros muros e .ortale@as #ue de nouo cumprir #ue se .ação e necess"rio auer mestre das ditas
obras por con.iar de Mi&uel >arruda caualro .i&al&uo da mina casa #ue polla abelidade e
esperiencia #ue tem das ditas obras me seruir" no dito carre&uo de mestre dellas com todo o
cuidado e deli&encia #ue cumpre me apra@ e eP por bem de le .a@er mercC do dito car&uo de
mestre das ditas obras o #ual car&uo elle seruia na maneira conteuda no Re&imento #ue le
pCra isso mandeP dar e a$er" de ordenado em cada u ano de Laneiro #ue $em de bc Ri: em
diante ()2”
* 2ice-rei do 0stado Portuus da Endia/ %. >o(o de Castro/ em carta ao rei %.
>o(o ''' I@K@-@KKJL/ datada de Aosto de @KK/ ao partir da ilha em direc,(o a Goa/
onde ia assumir as suas Dun,es/ sobre o assunto reDeriu4
`() desta .ortale@a Sde ,ão GabrielT não deue V< 1< de .a@er nenum .umdamento #ue se pode
&uardar como a&uara esta nem pCra a mamdar .orte.icar asP por ser muPto pe#uena como por
estar no ma;s roPm sPtPo de toda a 4la e a despesa #ue se nela .i@er per estes dous respeitos
ser" botada a lom;e por#ue e em sP tam pe#uena #ue com mais $erdade se poder" camar
bastião ou baluarte #ue castelo e .ortale@a<`RX
Parece n(o haver qualquer dúvida que no luar da actual Dortale+a e?istia uma
outra/ que estava mal posicionada estrateicamente para aquilo que eram os anseios
I5vis(o;L de %. >o(o de Castro/ Dacto que/ ali#s/ o motivou a solicitar verbas ao rei/ neste
caso/ %. >o(o '''/ para a constru,(o de uma nova Dortale+a/ a actual por sinal[ 0 para
sustentar esta tese/ 6ima I@XSR/ p.L escreveu o seuinte4 “>< Loão de /astro re&istara no
seu - Roteiro de Uisboa a Goa (+52) a reconstituição da orre Vela em relação F #ual
acando #ue essa primeira obra de de.esa mandada le$antar por 1.onso de 1lbu#uer#ue não
RS A respectiva carta encontra-se reistada na chancelaria de %. >o(o '''/ liv. KK/ Dol. @ 1 B.P.0.RX %. >o(o de Castro/ Obras completas/ C$d. - C.C./ parte '/ @ ./ ma,o JX/ doc. @R.
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Dortale+a Doi 0?ner I@XSK/ p. SL aDirmando o seuinte4 “a decisão de construir a ortale@a
de ,ão ,ebastião .oi dada de +55 e ela .oi iniciada em +552< E acrescenta #ue a mesma se
encontra$a ainda terminada #uando em +N7A .oi atacada pelos olandeses mas .oi conclu8da
lo&o a se&uir em +N37< O edi.8cio necessita de manutenção e a /asa dos O.iciais encontra$a-se
seriamente dani.icada<”
HistorioraDias h# que levantam a hip$tese de ser Fra%cisco Pires o prov#vel construtor
da Dortale+a. As Dontes consultadas s(o perempt$rias num Dacto4 n(o pode &rancisco
Pires ter sido o construtor da aludida Dortale+a/ porquanto Fer%8o de Sousa em carta a
0l-7ei de de Novembro de @KJ/ este que ia incumbido pelo Governador da Endia de
Da+er a dita Dortale+a/ pediu a &ern(o Pires/ mas respondeu-lhe que n(o lho podia ceder/
por mandar a *rmu+.
0sta inDorma,(o " Dundamentada por 2iterbo I@XSSL com o seuinte teor4
5,enor o ano passado #uando $im de Malu#uo recebP ua carta de V< 1< em #ue me
mamda #ue tena muito cuidado e pona muita delP&emcia em se acabar com breuidade a
.ortale@a #ue V< 1< mada .a@er em Momsabi#ue se no trabalo do corpo e do esp8rito esta
acabala eu mais eu mais breumente do #ue V<1< manda ella ser" mui a@ina .eita e V< 1<
seruido de mim nesta obra o tempo e o #ue nella .i@er mostrarão e pra@a a noso senor #ue
neste seruiço #ue me V< 1< tamto ecomenda #ue le .aça me deP:e seruilo como eu sempredesePeP de .a@er em todalas cousas< Xuamdo .oP tempo eu re#ueri ao &o$ernaudor #ue
mamdase rancisco %ire@ o não pedrePro comi&o para lo&uo compesarmola obra elle me
repomdeo #ue o não podia madar este ano por#ue o mamdaua a orumu@.; Ip. RL.
0sta carta " complementada por 6ima I@XSR/ p.RSL com o seuinte teor4
“1s ra@*es por #ue elle as escre$eu V< 1<? madoume #ue compesase a;untar todalas
ace&uas necesarias e por l" não a$er cauou#uePro nenu e pela e.ormormação #ue tem da pedra ser ma de tirar me madou dar desaseis cauo#uePros os #uases eu leuo commin&uo no
nauio em #ue $ou com todalas .eramentas necess"rias pCra lo&uo compensar a .a@er pedra e
call e parese #ue estes cauo#uePros #ue leuo abastarão pCra emtanto #ue rancisco %ire@ não
&rancisco Pires/ Doi o mestre que reconstruiu a &ortale+a de %iu depois do cerco sustentado por %. >o(o de !ascarenhas. 2. 2iterbo/ @XSS/ p. XX.
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$aP com os mais pedrePros e cau#uePros por #ue em Maçabi#ue (sic) na " nenum destes
o.icios+< ambm me mada o &ouernador #ue $a de camino pela costa de Melide ate
moçabi#ue $emdo se aco o.iciaes e cousas de #ue me posa a;udar pCra se a obra .a@er com
muita breuidade? crea V< 1< #ue alem dos desePos #ue eu teno de o seruir #ue a$ereP por
&ramde o.emça $ir nin&um acabar o #ue eu compesar pelo #ue V< 1< pode crer #ue por mimnem por meu trabalo senão dei:ara a .ortale@a de .a@er com muita deli&encia3<;
:uem tamb"m questiona o construtor/ quando e como Doi eruida a &ortale+a de
). )ebasti(o " 6ima I@XSR/ p. @L. %i+ a Donte que v#rias datas indicam hip$teses de
in=cio das obras I@K-K @KJ 1 @KSL. * que nos atesta uma l#pide encontrada na
Dortale+a/ por"m/ " que ela se ter# acabado de construir em @KSR4 5 Duno Velo %ereira #ue
.oi o primeiro capitão #ue po$oou esta .ortale@a mandou .a@er estes arma@ns e aposentos no
primeiro ano #ue tomou posse dela em +52< oi empreiteiro desta obra Hl$aro ernandes a#ui
morador<;
* que atesta esta aDirma,(o " o C$d. de Bocarro e 7esendeR/ e?trai-se que/ data
da sua elabora,(o I@RKL/ a Dortale+a se encontrava em Duncionamento pleno/ apresentado
um aspecto construtivo e Dormal sensivelmente coincidente com o !onumento ho3e
e?istente4 “tem esta .ortale@a #uatro baluartes nos #uatro cantos .eitos em .i&ura e .orma de
trian&ulo sB o de ,< Gabriel em espi&ão como da planta se $C nomeados cada um com os nomes
#ue neles estão escritos e posto #ue cada baluarte .ica de.endendo o lanço de muro #ue corre
at ao outro como costume contudo não se pode de.ender um baluarte ao outro como se
costuma na per.eita .orma de .orti.icação<” I'bid./ p.@L.
N(o h# dúvida que a Dortale+a Duncionava em pleno em @RK/ e Doi decisiva na
tentativa de invas(o holandesa em @J e @S. 2oltando a problem#tica do construtor
inicial da Dortale+a/ 6obato I@XJ/ s<pL aDirma que o autor do pro3ecto Doi !iuel de
Arruda. * mesmo autor acrescenta que !iuel de Arruda - que em @KS Doi nomeado
mestre das obras da DortiDica,(o do 7eino/ 6uares de Al"m I!arrocosL e Endia -/ Doi
quem pro3ectou a Dortale+a/ em @K/ sobre um plano de %. >o(o de Castro para a deDesa
da ilha/ em que se preconi+ava o entupimento do canal entre a Ponta da 'lha e o )ancul/
obra que na mesma carta o 7ei mandou e?ecutar.
@ )ublinhado meu. B.P.0 1 C. C./ parte '/ @./ ma,o JX/ doc. @R.R C$d. dispon=vel na B. P. 0. Carlos da )ilva 6opes/ em !iuel de Arruda e a &ortale+a de ). )ebasti(o de !o,ambique/6isboa/ @XRS 1 A.N.T.T.
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6obato in Gaspar Correia aDirma que %. >o(o '' n(o se limitou a enviar o pro3ecto e as
ordens/ pois De+ seuir para o e?ecutar/ pela Armada daquele ano/ de 6ouren,o Pires de
T#vora/ “um rancisco %ires &rande mestre de obras”/ isto "/ arquitecto e enenheiro/ para
no caso de invernar em !o,ambique com sua ente ai Di+esse uma Dortale+a que tra+ia 3#
pintada e ordenada por 0l-7ei/ em que havia de dei?ar ente e artilharia quanta
cumprisse/ em que havia de estar sempre o capit(o de )oDala para que estivesse o porto
seuro de nele estarem rumes/ que ai podiam vir quando a= estivessem as naus do 7eino
e que n(o invernando todavia a= dei?asse o mestre e tudo o necess#rio/ e que o capit(o de
)oDala viesse a= Da+er a Dortale+a.
!as a Armada n(o invernou em !o,ambique/ e Doi por Dora de !ada#scar ter
Endia/ donde o arquitecto prestou imediatamente o urente e man=Dico servi,o de
reconstruir a &ortale+a de %iu que Dicara em ru=nas depois de auentar um poderosocerco. * que Dica esclarecido " que a enveradura dada &ortale+a de !o,ambique
obedecida a necessidade de deDender de uma surpresa turca as naus cheadas da
!etr$pole e espera de mon,(o para a Endia. 0ra preciso n(o perder a posse do porto/
nem correr esse risco.
!ais recentemente/ 6ima I@XSRL abordou tamb"m a quest(o/ aDirmando o seuinte4
“%assandose estas cousas o Gou$ernador estaua com muPto cuidado do principal #ue
era o .a@imento da .ortale@a< ,obre o #ue ou$e conselo com os .idal&os e com todos os o..iciaes
do mester #ue allP auPa #ue mandara l" ir #uantos auia em Goa? onde tambem estaua um
rancisco %ires &rande mestre dobras #ue .ora ;" com Uourenço %ires de auora #ue ElReP o
mandara com elle pCra se caso .osse #ue enuermase em Moçambi#ue com sua &ente aP .i@esse
uma .ortale@a #ue auia de dei:ar &ente e artelaria #uanta comprisse em #ue estiuesse o
porto se&uro aP estiuessem as nãos do RePno J e #ue nom enuermando todauia aP deitasse o
mestre e todo o necess"rio e #ue o capitão de Ya.ala $iesse aP .a@er .ortale@a 5(<<<)”(p<6)<
A interpreta,(o que se pode Da+er das cartas acima/ " de que &rancisco Pires n(o Doi
quem construiu a &ortale+a de ). )ebasti(o/ apesar de ter havido uma pretens(o sua e da
reale+a nesse sentido. *s v#rios mestres que intervieram no acabamento da Dortale+a
est(o devidamente identiDicados neste trabalho. * mesmo autor aDirma com base em
K Gaspar Correia/ 5 Uendas da 'ndia”/ tomo '2/ s<ano/ p. KS@ e ses.
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Dactos por si descritos/ que provam que &rancisco Pires n(o est# liado constru,(o da
&ortale+a de ). )ebasti(o/ a saber4
@. &rancisco Pires/ embora n(o se lhe reconhe,a interven,(o na Deitura da &ortale+a
de !o,ambique I). )ebasti(oL/ ter# levado consio para a Endia/ 6ouren,o Pires
de T#vora/ com a e?pressa miss(o de levantar a ediDica,(o/ 5 in$ernasse; aquele
Ino decorrer da viaemL na ilha de !o,ambique/ ou n(o
. * pro3ecto da &ortale+a de !o,ambique estava reali+ado/ seundo planta 53#
pintada e ordenada por 0l-7ei;
R. %as lia,es de apre,o de %. >o(o de Castro por &rancisco Pires n(o restam
duvidas/ inDerindo-se que ter# o 2ice-7ei da Endia sido o medianeiro na entrea dorisco da constru,(o e?ecutada por !iuel de Arruda e mandado Da+er por %. >o(o
''' (“se .aça pela maneira do debu:o #ue $os a#ui en$io #ue c" mandei .a@er a Mi&uel
de 1rruda por ser pr"tico nestas coisas como sabeis.;L
< * Capit(o-!or de )oDala I&ern(o de )ousa de T#voraL De+ o transporte dos
planos/ de Goa para !o,ambique/ em @KS/ e tentar# cumprir a ordem real de que
5$iesse a8 .a@er .ortale@a;/ deparando-se-lhe diDiculdades t"cnicas. N(o se sabe/
contudo/ se no número de 5 pedreiros ou cabou#ueiros; que levou da Endia/ seuiu
o reDerenciado 6ouren,o Pires de T#vora/ parecendo todavia certo/ seundo a
carta de @KJ/ que &ern(o de )ousa se ter# equipado capa+mente no *riente e na
costa de !elinde/ de 5 .erramentas necess"rias” () “o.iciais e cousas de #ue me
possa a;udar para a obra se .a@er com muita bre$idade” () “bastando en#uanto
rancisco %ires não $ai com os mais pedreiros e cabou#ueiros por#ue em Moçambi#ue
não " nenum destes o.8cios”<
N(o se pode/ todavia/ esquecer que Doi o pr$prio %. >o(o de Castro/ na viaem para a
Endia/ que 5escolheu sitio conveniente/ determino materiais e mestres para a obra/ meteu
m(os a ela/ todos porDia acarretavam pedras/ e a obra lu+iu tanto/ que na vinda para a
0uropa Doi saudado pela artilharia que 3# estava colocada em cima da muralha;. I'dem/
p. L.
50thi$pia *riental; de &rei >o(o dos )antos/ Évora/ @X/ livro ''' / Cap. '2./ ed. !elo deA+evedo/ 6isboa/ @SX/ p. S.
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0/ em paralelo com 6ima/ 2iterbo I@XSS/ p. XXL remete-nos para a seuinte an#lise4
“E #uis >eos #ue tendo isto se nom .e@ por#ue Uourenço %ires nom acando tempo
correo per .ora da ila de ,ão Uourenço #ue ce&ando a /ocPum #ue partio a buscar oGou$ernador nom .oP es#uecido de embarcar este mestre consi&o com #ue o Gou$ernador
muPto .ol&ou por#ue era omem de muPto saber onde no /onselo com ele e todos .oP
assentado #ue per o tempo ser pou#uo e o trabalo seria &rande se a .ortale@a se ou$esse d
0alimpar da terra e entulos #ue tina por menos trabalo e mais a$iamento a .ortale@a se
.i@esse toda .undada per .ora de toda a outra $ela por#ue assP .ica$a maior e a obra se .aria
ais a@ina e com menos trabalo<”
0screveu 6obato I@XJ/ s<pL acrescentando que este arquitecto - Fra%cisco Pires -
retornando da Endia/ Doi-se para Castela/ onde tomou o h#bito da *rdem de ). >er$nimo eDoi mui aceito a 06-7ei &ilipe '' e por sua tra,a se Di+eram muitas obras no 0scurial J.
!as em @K@ a Dortale+a estava consideravelmente atrasada e o 2ice-7ei Conde de
7edondo/ %. &rancisco Coutinho/ ao escalar !o,ambique a caminho da Endia/ teve que
tomar providncias/ aDirmando que4
“/omo ce&ou de ,o.ala %antaleão de ," disse-le al&umas cousas #ue a$ia de .a@er
e outras #ue não a$ia de .a@erJ nestas entrou a .ortale@a por#ue não ou$e por ser$iço de
Vossa 1lte@a .a@er-se da#uela maneira< Dão di&o acrescentando nem diminuindo na traça senão
no modo< Mandei somente #ue a;untasse muita pedra e cal e at se não acabar a .ortale@a
nin&um .i@esse casa de perda e cal por#ue com este acan#ue a$ia al&uma .alta nas obras de
Vossa 1lte@a e como ti$esse as ace&as ;untas #ue mo .i@esse saber pera então mandar
entender na obra com mais bre$idade e menos custo? por#ue &raça di@er-se a .ortale@a #ue .e@
>< >io&o (de ,ousa) e depois dele &astou trCs anos de Iastião de ," e trCs de %anteleão de ,"2
e da#ui a seis não pode ser acabada na ordem #ue le$aJ por#ue são perto de $inte braças #ue se
punam em cator@e não são .eitas mais de seis< /ada braça destas custa a Vossa 1lte@a dous mil
e #uatrocentos ris< U" le mando a traça do .eito e por .a@er 6<;
J Carlos da )ilva 6opes/ em !iuel de Arruda e a &ortale+a de ). )ebasti(o de !o,ambique/6isboa/ s<p/ @XRS/ deDende que o autor do pro3ecto Doi !iuel de Arruda.S N(o se achou durante a investia,(o o siniDicado do termo 5 %antaleão de ,";. Cheou-se a pensar que Dosse o nome dado a uma embarca,(o/ uma moda que era Drequente na "poca.X %uas cartas *Diciais de 2ice 7eis da Endia escritas em @K@ e @K/ por >os" ic]/ ). >. inIrevistaL )tudia/ n R/ 6isboa/ @XKX/ p. K.
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)eundo a mesma Donte/ em @K as obras da Dortale+a continuavam atrasadas havia oito
anos Ia ser assi2? a data da co%stru58o da Forta)e7a de S. Sebasti8o ! de *+ e %8o
*,? co2o advoga a 2aioria das :o%tesL/ e o 2ice-7ei %. Ant(o de Noronha/ ao passar
por !o,ambique/ a caminho de Goa/ tomou tamb"m as suas providncias/ de que
escreveu ao 7ei4
“dei:ei dada a obra da .ortale@a de Moçambi#ue de empreitada a dous omens os
mais abastados da terra por preço a braça de seis cru@ados e um #uartoJ teno custado a #ue
at a&ora .eita per conta da ortale@a e o.iciais de Vossa 1lte@a a mais de de@ e pola ordem e
$a&ar #ue le$a$a não se acabara em $inte anosJ pola #ue eu le dei:ei espero #ue se acabe em
#uatro por#ue le mando a&ora de c" ropas e dar l" tudo o mais necess"rio pera a obra ir
sempre correndo e se não dei:ar nunca de trabalar nela< 1inda passariam $inte anos at ser
&uarnecida mesmo por acabar<” <
&oi %. >o(o de Castro quem escolheu o local para a Dortale+a/ em @KK/ mas a
constru,(o/ por diDiculdades v#rias/ s$ principiou em @KKS. 0m rela,(o a provenincia do
material de constru,(o da Dortale+a l-se o seuinte4
5não tem o mais pe#ueno .undamento a a.irmação de #ue .osse a .ortale@a constru8da
com pedra da MetrBpole< %oderiam ter $indo armaç*es de portas e ;anelas em pedras
apareladas como sucedeu para ,o.ala< E se $ieram como me parece .oi certamente da 'ndia
para a anti&a porta de armas por ser de m" #ualidade a pedra tirada do coral da ila< Mas isso
não autori@a a.irmar-se #ue a .ortale@a .oi .eita com pedra des$anece completamente as dZ$idase " te:tos cate&Bricos #uanto ao arran#ue de perda local para se .a@er a obra<”I'demL.
)eria/ pois/ interessante saber donde veio o material para a constru,(o da
&ortale+a de ). )ebasti(o. )e " verdade que da metr$pole n(o veio as pedras e outros
materiais convencionais ad3acentes abundantes em !o,ambique/ " quase certo que da
metr$pole teria vindo homens Iincluindo militaresL e material de uerra. %a Endia/ muito
provavelmente aluns ob3ectos de madeira e Derro/ uma ve+ que em !o,ambique IilhaL
n(o havia especialista nessa #reaK. )(o hip$teses[ “Em matria de 1nti&uidade istBrica
disse &ern(o 6opes precisão a$er não pode<;
A Dortale+a Doi uarnecida em @KSR por Nu%o $e)4o Pereira/ que mandou Da+er
os arma+"ns e quart"is que serviram nos cercos dos holandeses em @J e @S. ui de
Me)o de Sa2paio ;*+*/-*+*,= come,ou a cisterna rande que se concluiu em @/ e
K )obre este assunto v. tamb"m 4 B. P. 0 - C.C. parte ' @./ ma,o JX/ doc. @R.
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Doi depois renovada nos s"culos seuintes. As obras na Dortale+a Doram por assim di+er
permanentes/ como ali#s era de uso para constante adapta,(o s necessidades de servi,o/
mas delas s$ e?iste uma inscri,(o/ de novo arma+"m constru=do em @.
0m @J@ Doi Deito o actual portal da porta de armas que/ todavia/ loo ap$s os
cercos holandeses/ Dora transDerida da muralha que d# para o Campo de ). Gabriel para a
que deita para a praia que servia o ancoradouro das naus/ Dicando pois proteida pelo
saliente do baluarte de ). Gabriel. É o que parece poder dedu+ir-se de antias plantas.
%esta Dorma/ as obras de @J@ na porta de armas ser(o apenas um arran3o est"tico.
I'demL.
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I./.*- Caracter@stica e i2port%cia
A &ortale+a de ). )ebasti(o " uma impressionante obra pela sua imposi,(o arquitect$nica/
pelo porte altivo e pela admir#vel adapta,(o ao terreno/ al"m da sua apreci#vel dimens(o.0la constitui/ sem dúvida/ o mais representativo monumento da ilha e qui,# do 0stado de
!o,ambique/ colocando-se pelas suas caracter=sticas/ a par das randes obras de
arquitect$nicas militar e a sua "poca. 0?ner I@XSK/ p. SL.
semelhan,a da pra,a-Dorte de !a+a(o/ a &ortale+a de ). )ebasti(o apresenta
planta no Dormato rectanular com a e?tens(o de cento e de+ metros pelos lados maiores/
com quatro baluarte nos v"rtices/ trs de Dormato trianular e um em Dorma de espi(o/
sob a invoca,(o de )(o >o(o/ de Nossa )enhora/ de )(o Gabriel e de )anta B#rbara.
%eles/ a tra,a do de )(o Gabriel/ o de maiores dimenses/ com vinte e quatro
canhoneiras/ Doi consideravelmente alterada/ tendo sido demolidos dois dos espies que
davam Dortale+a o aspecto de um pol=ono estrelado/ que se observa em ravuras
Neerlandesas do in=cio do s"culo F2''/ nomeadamente em @RK.
6obato I@XJ/ s<pL enDati+a que4 “a .ortale@a .oi poderoso baluarte lus8ada nesta
H.rica toda e da#ui sustentou todos os postos a$ançados da /osta e do “Mato” para #ue a
$asta pro$8ncia pudesse um dia $ir a ser totalmente %ortu&al< 1 .ortale@a possui alon&amento
dependCncia ane:os casernas pris*es para uma &uarnição de mil omens e respecti$ao.icialidadeJ depBsito de de&redados #ue ali este$e durante sculos arma@ns paiBis e trCs
cisternas para "&ua da cu$a captada em lar&a super.8cie e com um $olume de li#uido para o
abastecimento de dois anos5+.;
Cid I@XX/ p.@@L naquela que considero ser uma descri,(o eral da Dortale+a/
descreve da seuinte Dorma4
5#ue a porta ordin"ria da .ortale@a esta no mePo do lanço do muro #ue esta entre o
baluarte ,am Loão eo ,am Gabriel e en sima da porta saPe um rebelim #ue a de.ende< E a.ora
esta tem outra porta .alça #ue $ai a Dossa ,enora do Ialuarte #ue camão o posti&o< %ellabamda de .ora da .ortale@a no lanço de muro #ue corre do baluarte ,am Gabriel at o de ,ancto
K@ 2. Carta do capit(o da &ortale+a de !o,ambique/ >úlio !oni+ da )ilva/ para vice-rei da Endia/>o(o da )ilva Telo de !eneses/ conde de Aveiras/ dando conta de a Dortale+a estar bem provida deartilharia e ente/ com do+e pe,as de bron+e e duas de Derro que se tirar(o do ale(o. &erra+/@XJR/ p.@@.
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1ntBnio tem ua ca$a de mar a mar com lu&ar de sua entrada cuberta a #ual nem esta ainda
.undeada como cobem nem aberta nas pontas por onde le a-de en.rentar o mar por#ue nesta
não trabalão mais #ue os moços dos ca@ados não a #uem se atre$a a abrir a porta por onde
entrar o mar por não saberem em #ue modo se-a-de .a@er nem tambm a obra $ai por diante
con.orme a import9ncia della por#ue se tem esta da co$a pella mais necess"ria #ue se conecede pre:ente para a .orti.icação desta [email protected];
Com esta descri,(o conclui-se que a &ortale+a de ). )ebasti(o Doi/ sem dúvida/ ao
lono do processo de domina,(o colonial portuuesa/ um elemento determinante de
conquista/ mas tamb"m de deDesa. N(o "/ pois/ de se admirar que o com"rcio mar=timo
com a Endia estivesse durante muitas d"cadas nas m(os dos portuueses/ apesar de mais
tarde/ como iremos ver/ este com"rcio haveria de soDrer aluma instabilidade proDunda
devido tentativa de invas(o da Dortale+a pelos holandeses/ principalmente.
semelhan,a de 6obato? Noronha Is<ano/ p.JL tamb"m dedicou o tema a sua
aten,(o. ADirma que a Dortale+a intera uma pra,a de uerra com duas baterias rasantes.
%entro da parada e?istia a ire3a de ). )ebasti(o/ devorada por um incndio KR. As paredes
aproveitaram-se para outras arruma,es. Em bai:o numa das baterias F .lor da "&ua
al$e;a a /apela de Dossa ,enora do Ialuarte anterior F militari@ação do recinto<
A mesma Donte acrescenta que a Dortale+a viiava/ proteia e deDen dia entrada do
porto da ilha de !o,ambiqueK.
As DortiDica,es ampliavam-se mais com o Dorte de ). 6ouren,o/ na e?tremidade
oposta da ilha/ a sudeste/ erecto num pequeno ilhote. %i+ a Donte que4 5 as primeiras obras
.i@eram-se na administração de >< Este$am Los da /osta em +N65< /ontinuaram-nas al&uns dos
seus sucessores Uui@ Melo de ,ampaio de +N6N a +N62 e Uui@ de Irito reire de +A7N a +A7A .
Iatia a na$e&ação do canal ali ca$ado entre a ila e as terras de ,ancul e cru@a$a os .o&os com
os da ortale@a de ,< ,ebastião opondo-se a #ual#uer tentati$a de desembar#ue na costa leste
da ila< O .orte a#uartela$a cem omens dispuna de um paiol e ampla cisterna para coler as
"&uas plu$iais. Dão apresenta$a l"pide nem inscrição apenas se $ia o escudo do tempo por
cima da porta principal< udo isto ia resistindo o mais &alardamente poss8$el F destruição
ocasionada pelas intempries Znico inimi&o de " sculos<”
K 2. 6ima “4la de Moçambi#ue” Porto/ @XSR/ p. @.KR )obre o incndio na Dortale+a e para saber mais/ v. 6obato/ @XJ/ s<p.K )ublinhado meu.
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*s quatro baluartes da &ortale+a de ). )ebasti(o4 ). >o(o/ Nossa )enhora/ )anto Ant$nio
e ). Gabriel/ e as suas duas baterias rasantesKK/ constru=das posteriormente/ 5uma delas em
redor da pe#uena capela #ue durante s culos desempenou .unç*es de catedral &o@aram de re -
lati$a tran#uilidade desde +N72 ou +N76 at +NN6 ano em #ue o imane de Mascate atacou a
.ortale@a com poderosa es#uadra.K; * ataque n(o teve consequncias de maior/ pois a Drota
#rabe teve de retirar com avarias importantes.
Governava ent(o a capitania 'n#cio )armento de Carvalho e comandava a pra,a/
na qualidade de Deitor/ Gaspar de )ousa de 6acerda. %esde ent(o estiveram testa dos
destinos da capitania de !o,ambique/ entre outros4 7ui de !elo )ampaio/ %ioo de
)ousa !eneses/ %. Nuno lvaro Pereira/ de @J a @R@ e Ant$nio de !elo e Castro.
Nova quadra de repouso. )urem depois os nomes de Ant$nio de !elo e Castro e >o(o
&ernandes de Almeida. I'demL.Ainda em torno de baluartes Iestas 5muralhas de Derro;L/ 6ima I@XSR/p.@L
dedicou ao tema toda a sua aten,(o. &e+/ na minha opini(o/ uma descri,(o cabal dos
baluartes e?istentes no interior da Dortale+a. Creio que vale a pena debitar uma parte
dessa descri,(o/ o que muito a3udar# a compreender a sua composi,(o e utilidade. %i+ a
Donte que os la,os do muro que correm de baluarte a baluarte/ os mais compridos que s(o
do baluarte ). >o(o at" Nossa )enhora do Baluarte e do de ). Gabriel at" de )tW Ant$nio/
s(o de K bra,as/ aDora os mesmos baluartes que cada um por si " uma pra,a assim na
dita Dorma de triVnulo/ onde poder(o caber mais de @ homens descobertos por cima e
em parte s$ se tem coberta aluma artilharia mas n(o toda IQL/ os outros dois la,os de
KK &oi ele Io capit(o-eneral Pedro de )aldanha de AlbuquerqueL quem acrescentou as duas baterias rasantes de Nossa )enhora e ). >o(o principal Dortale+a da prov=ncia/ bem como a obrae?terior que corre da coura,a da porta principal at" ao baluarte de ). Gabriel/ e um paiol para p$l-vora. Na ocasi(o da sua posse/ DortiDica,es permanentes/ mais ou menos s$lidas/ deDendiam os povoados de )ena/ Tete/ !anica/ )oDala/ 'nhambane/ e 'lha de !o,ambique/ como Dica dito. A ele
se deve/ em rande parte/ o incremento dado # ocupa,(o e coloni+a,(o da prov=ncia. 0m @JKRespalhou arquitectos militares em proDus(o para todo o laro Vmbito da sua erncia. 'ncumbiu-osda miss(o de pZr em estado de servi,o activo quantos Dortes disso careciam e levantar as deDesasnecess#rias. Noronha Is<ano/ p<XL. 0sta inDorma,(o " contrariada por 6obato I@XJ/ s<pL que cita onome de !elo e Castro/ @ capit(o-eral I@JK-@JKSL como tendo sido ele a ordenar coloca,(odas baterias rasantes de N. ). Baluarte e ). >o(o e a coura,a da porta de armas.K Para al"m dos holandeses/ Dranceses/ os 5vi+inhos; de !ascate tamb"m quiseram ocupar aDortale+a/ Dacto que/ seundo o sublinhado no te?to/ desnorteou as Dun,es iniciais do Baluarte de Nossa )enhora.
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muro do baluarte de ). >o(o at" o de ). Gabriel e do Baluarte de Nossa )enhora at" o de
)tW Ant$nio/ tm de comprimento RR bra,as aDora os ditos baluartes.
Assim Dica dentro da Dortale+a uma pra,a conDorme esta capacidade/ estes muros
ter(o altura trs bra,as em altura e todos acham ser muito pouca para semelhante pra,a/ e
todos os quatro lan,os s(o terraplanados dentro que Dicam em mais de duas bra,as de
larura e o de ). Gabriel dobrado de laro.
'mpressionante pela sua composi,(o arquitect$nica/ pelo porte altivo e pela
admir#vel adapta,(o ao terreno/ al"m da sua apreci#vel dimens(o/ a &ortale+a de ).
)ebasti(o Doi/ sem dúvida/ o mais representativo monumento da ilha e qui,# do 0stado de
!o,ambique/ colocando-se/ pelas suas caracter=sticas/ a par das randes obras de
arquitectura militar da sua "poca.
*s princ=pios arquitect$nicos que s(o inerentes obra militar Diliam a Dortale+a noconte?to do 7enascimento/ tanto quanto a esta "poca se associam todos os novos Dactores
civili+acionais do humanismo 3# aDirmado historicamente nos s"culos F2' e F2'' KJ.
Carlos de A+evedo em 5A Arte de Goa? Da28o e Diu;/ aDirma que 5a adop,(o das novas
concep,es renascentistas quanto arquitectura militar se deve rande inDluencia que
ent(o e?erceram em toda a 0uropa os arquitectos e a tratadistas italianos IsicL/ e n(o
devemos esquecer que muitos vieram para Portual/ onde e?erceram caros de
responsabilidade/ indo mesmo para o Ultramar. 6ima I@bid./ p. RKL.
0m concordVncia com 6ima/ est# Cid I@XX/ p. @@L que aDirma o seuinte4 “tem
esta .ortale@a coatro baluarte nos #uatro cantos .eitos em .i&ura e .orma de trian&ulo nomeados
cada um com os seus nomes #ue nelles estão escritos< E posto #ue cada baluarte .ica
de.endendo o laço de muro #ue coree at o outro como e costume contundo não se pode
de.ender um baluarte ao outro como se costuma na per.eita .orma e .orti.icação.;
H# que observar o Dacto desta Dortale+a ter sido constru=da com rande subtile+a/
ou se3a/ no esplendor do con3unto das randes obras de arquitectura portuuesa/ obra esta
=mpar em todo o 5*riente portuus;. %a visita eDectuada Dortale+a/ em >unho de X/ pude observar que de Dacto nos quatro cantos da Dortale+a h# um baluarte em posi,(o de
Doo/ claro/ ho3e rel=quias do passado. Tal estrat"ia de constru,(o visava/ entre outros
ob3ectivos/ deDender o canal que d# acesso ao porto e a ilha em eral.
KJ %estaque no te?to meu.
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Para Noronha Is<ano/ p.JL as suas muralhas assentam na rocha/ deDrontando-se com o mar
pelas Daces Norte/ 6este e *este. Apenas a Dace )ul/ voltada para o lado de terra/ permite
um assalto. 0m seu aue/ a Dortale+a disponibili+ava quart"is para tropas/ capela/ hospital
e arma+"ns. As habita,es dos oDiciais eram assobradadas/ sendo o ch(o dos quart"is e
dos arma+"ns coberto de colmo. No seu interior destaca-se a cisterna/ com capacidade
para cerca de duas mil pipas de #ua. Aberta na d"cada de @KS/ Doi restaurada em @K
pelo capit(o )ebasti(o de !acedo e/ posteriormente/ em outras "pocas.
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*./. Descri58o' Cister%a e orga%i7a58o 2i)itar
Nem sempre uma uerra pode ser anha por quem tiver mais armas Ise3a ela de que
especiDicidade e quantidade DorL nem por quem tiver mais homens. No caso que se seue/como iremos ver/ por incr=vel que pare,a/ nem as armas nem os homens podiam ter sido
t(o determinantes como Doi a #uaKS. %evido a Draca precipita,(o Imeses e s ve+es anos
passavam/ sem que a chuva ca=sse sobre os solos secos da ilhaL/ associado a Draca
salubridade/ o que levou o overno colonial portuus/ vencido pela Dor,a da nature+a/ a
construir cisternas para Da+er Dace ao cr$nico problema da Dalta de #ua. Para o per=odo
cronol$ico em reDerencia/ a nature+a pode ter sido o rande vencedor naquela que seria
a maior tra"dia para os anais da hist$ria dos dois pa=ses/ Portual e !o,ambique e n(o
s$/ massacre seria ho3e lembrado e chorado/ quando os holandeses virara-me vencidos
por Dalta da #ua nas suas naus para sustentar o cerco que mantiveram durante dias sobre
KS )obre o assunto/ l-se4 “toda esta ila e muPto secaJ não te a&oa doce pCra beber nem lena pera #ueimar< 1 a&oa le $C por mar de ua .onte #ue esta .ora da barra dai a trCs le&oas emua baia camada itan&one muP nomeada Q conecida de todos os marinePros da carreirada 'ndia pela bondade de suas a&oas Q por#ue nella .a@em a&oada todas as nãos de %ortu&alQ da 'ndia<” )antos/ @S/ p. JX.
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a ilha. A #ua Doi um/ de tantos Dactores/ que teria abortado o avan,o mort=Dero dos
holandeses numa das v#rias tentativas de invas(o ilha/ em @J.
Nos dois lados que Dormam um dos Vnulos est(o os quart"is/ que d(o alo3amento
a dois mil homens/ 3unto deles as casas de arrecada,(o/ armamento/ apetrechos/ muni,es
e mais trem de uerra/ no Vnulo Dronteiro Dicam de um lado os arma+"ns de viveres/ casa
dos conselhos de uerra/ e pris(o/ e do outro o quartel do comandante/ e casa em que
moram os oDiciais da uarni,(o. Al"m da cisterna do centro/ tem outras duas um pouco
mais elevadas/ s(o quase de iual tamanho/ e bem constru=das/ comunicam-se entre si/ e
cada uma tem um cano de boas cantarias/ e todos vm despe3ar em um eral/ que tr#s a
#ua Dora das muralhas/ repartindo-se em trs bocas/ de onde " condu+ida por
manueiras
KX
beira mar/ Da+endo auda as lanches com as proas em terra/ e semdesalo3arem o vasilhame.
Ao lado/ ocupado pela antia 're3a de ). )ebasti(o Ia que se encostava a da
!iseric$rdiaL cont"m ainda/ espera/ o arco de conduta de #ua para a 5Cister%a
Pe6ue%a;/ esotando das a,oteias das constru,es que ado,am parte interior da
muralha. N(o se pode dei?ar de mencionar a e?istncia de outras duas cisternas/ al"m da
que se situa na parada4 uma conhecida por 5Cister%a Gra%de;/ constitui um dos
atractivos que neste momento a Dortale+a oDerece.
A Cisterna Grande Doi iniciada em @K/ e teve obras nos anos de @X/ @X e
@JJ/ comportando uma capacidade de @X.KR pipas. 0sta obra Doi concebida e acabada
no ano de @SS/ terminando desta arte a Dadia que dantes havia de virem as vasilhas/
rolando Dor,a de bra,os desde a praia at" boca de bra,os das cisternas/ voltando
depois a ela ainda com maior trabalho. 0sta obra Doi sobremaneira lucrosa &a+enda
Pública/ assim pela auada dos navios da Coroa/ como porque ali acertam de a Da+er os
KX 0ntende-se 5manueira; como 5Canos de pedra;. C$d. Bocarro IB.P.0.L/ menciona a e?istncia de reservat$rios/ quando e?pressamente assinalaque 5tem a .ortale@a dos muros adentro duas cisternas de "&ua a &rande cada palmo tem +37 pipas e não ce&a a ter mais #ue +N at +A palmos a pe#uena cada palmo tem 27 pipas e ter" amesma altura<”
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navios de uerra das na,es aliadas/ ao mesmo tempo que n(o se traqueia o interior da
Dortale+a/ que conv"m estar sempre recatados@. I6ima/ @XSR/ p. RL.
)obre a importVncia da cisterna e a orani+a,(o militar da &ortale+a de ). )ebasti(o/ C'%
I@XX/ p. @L escreveu o seuinte4
5 Lunto da porta ordin"ria da .ortale@a pe&ado com o muro estão as casas dos capitães
de sobrado com &a@alos bastantes< E assP a muitas outras ca@as pello mePo da .ortale@a em
#ue os soldados $i$em porem de pala #ue con$em muito não o serem pello risco #ue corre a
.ortale@a assP em #ual#uer de@astre como serco< O pre@idio de soldados #ue ,ua Ma&estade
manda assistam sempre nesta .ortale@a e de tre@entos onde entrão um capitão de in.antaria
um al.eres e um a;udante #ue os adestrão e &o$ernão e ;untamente os condestables< %orem
raro ou nunca esta este numero de soldados assP por#ue se tirão delles pCra a &uerras #ue
ordinariamente a nos rios e pCra as embarcaç*es dos capitães como por#ue a terra muP
doentia #ue os conçome e .as estarem os mais muito doentes< E as $e@es a mus poucos #ue
possão tomar armas #ue pCra tão importante praça e not"$el risco o #ue se pode e$itar com se
mandarem todos os annos tra@er os doentes #ue não saracem no ospitital le$ando outros em
seu lu&ar com #ue não a$era receo em #uererem ir pella liberdade de tornarem a $ir e assP não
a nesta .ortale@a mais #ue um condestable #ue le mandou o /onde de Uinares Vi@o-ReP e
sinco artileiros sem peçoa mais #ue saiba carre&ar ua pessa;.
* trecho mostra claramente qu(o Draca eram as condi,es de salubridade da ilha.
%e um total de R soldados alocados pela Coroa portuuesa para deDender a &ortale+a de
). )ebasti(o Irecorde-se que a Dortale+a tinha a capacidade para mais de mil homensL/
apenas @ " que arantia a uarni,(o da ilha/ devido a dois Dactores4 por um lado/ a
enDermidade dos soldados resultante da Draca salubridade do territ$rio Ia mal#riaL por
@ !em$ria 0stat=stica sobre os %om=nios Portuueses na Drica *riental/ por )ebasti(o FavierBotelho/ Par do 7eino/ 6isboa/ @SRK/ p. RR. )obre as doen,as da ilha/ )antos/ @S/ p. SX/ relata o seuinte4 IQoutro enero dedoen,as h# somente em !o,ambique/ que vem a muitas pessoas/ sem saber de que procede/ a qual he/ privada da vista de noite/ n(o somente a portuueses/ mas tamb"m aCaDres/ sem lhe causar dor/ ne pena alua/ mais que a de n(o podere ver de noite4 estaceueira lhe come,a ds que se pe o sol/ at" que torna a nascer/ no qual tepo nenhua acousa vem/ ainda que Da,a muito rande mar/ t(o ceos Dic(o/ como se o Dosse de suanascen,a.
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outro/ para anhar as uerras que se impunham nos rios < ribeirinhas com os povos
aut$ctones/ com os #rabes ou com os inimios europeus pelo controlo de aluns postos
comerciais/ era imperioso a presen,a de mais homens. A Dortale+a tinha a obria,(o de
deDender os interesses dos portuueses na rei(o. Como tamb"m eram precisos soldados
para acompanhar os capit(es nas suas oDensivas.
A mesma Donte acrescenta4
5estão dentro na .ortale@a dous alma@ens um de muniç*es outro de mantimentos #ue
ordinariamente estão pro$idos con.orme o @elo dos Vi@os-RePs e do /apitão da .ortale@a por#ue
como as duas cou@as #ue se metem nelles le ao-de ser mandadas e procuradas de .ora da terra
ora tem muito ora pouca dellas< %or#ue no tocante a moniç*es como esta praça e tão pretendida dos inimi&os da Europa sempre no pre@ente &o$erno esta pro$ida dellas
bastantemente assP pCra #ual#uer serco como pCra pro$er a todas as &uerras #ue tra@emos nos
de /uama e .ortes e po$oaç*es nossas #ue da#ui se pro$em< em a .ortale@a dos muros adentro
duas cisternas de a&uoas? &rande cada palmo tem cento e $inte pipas a pe#uena cada palmo
oitenta pipas e ter" a mesma alturaN<;
%e acordo com 6obato I@XJ/ s<pL h#/ nas vastas constru,es interiores arrumadas s
muralhas/ pedras que est(o ali desde o s"culo F2'/ casas/ quart"is e serventias queabriaram o punhado de soldados/ moradores e mulheres que no s"culo seuinte
recha,aram os holandeses com os seus bra,os/ as suas vi=lias/ as lutas/ ente que De+ o
milare de vencer para que possamos ho3e menospre+ar o seu sacriD=cio/ e as rel=quias
que dessa luta suicida de iantes nos dei?aram.
)eundo nos conta &rei >o(o dos )antos4
“na ponta desta ila F entrada da barra est" a .ortale@a na #ual sempre reside o
capitão com soldados portu&ueses de &uarnição #ue toda a noite e dia $i&iam aos #uartosJ de
dia postos F porta da .ortale@a com suas armas e de noite por cima dos panos do muro e dos
baluartesJ dos #uais tem #uatro .ort8ssimos dois para a banda do mar e dois para a ila donde
R 2. Ale?andre 6obato/ 5 1 !istBria da 4la de Moçambi#ue”/ ns K</ '' s"rie/ @XK/ s<p.
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tambm se descobre o mar de uma parte e da outra e neles estão muitas peças de artilaria
&rossa e .amosa em #ue entram esperas camelos e colubrinas< >entro da .ortale@a est" uma
cisterna #ue le$a duas mil pipas de "&ua #ue se toma da #ue co$e nos telados e ane:os por
canos #ue a ela $ão ter< 1#ui dentro estão os arma@ns assim da pBl$ora e coisas necess"rias
para de.ensas da .ortale@a como de mantimentos de arro@ e milo de #ue sempre est" bem pro$ida< Do meio desta .ortale@a est" mais uma i&re;a no$a ainda por acabar #ue "-de ser$ir
de , e ;unto dela outra da MisericBrdia.; I'demL.
As Dontes d(o revelo a e?istncia de cisternas na ilha de !o,ambique por estas
terem sido/ dentro do per=odo cronol$ico em estudo/ uma esp"cie de 5boti3a de
o?i"nio; para a administra,(o colonial portuuesa. A #ua passou tamb"m a ser
comerciali+a para as naus estraneiras e<ou aliadas que escalavam ilha/ como nos
adiantou 6obato I@XJ/ s<pL. H# e?istncia de poucos soldados na ilha 1 cu3a capacidade
" cerca de dois mil homens -/ e?plica-se pela sua condi,(o eo-estrat"ica/ isto "/ uma
ve+ conquistada a ilha em @KJ/ os portuueses constru=ram mecanismos soDisticados de
deDesa IbaluartesL que lhes permitiu/ al"m de mais/ controlar a circula,(o das naus
inimias e de todo o territ$rio da ilha/ mas tamb"m submiss(o levada a cabo por
mission#rios das companhias reliiosas/ Doram sem dúvida/ uma mais-valia para a Coroa
portuuesa. É claro que a soDistica,(o do armamento/ desproporcional comparativamente
com a dos seus advers#rios/ Doi de resto um outro Dactor de relevo que teve eDeitos
neativos para os povos aut$ctones. 'sto at" certo ponto/ porque mais tarde/ como iremosver/ Portual viu-se na continncia de aumentar o seu dispositivo militar e 5b"lico; para
Da+er Dace as v#rias tentativas de invas(o holandesa e Drancesa.
0ntretanto/ Cid I@XXL naquela que considero a mais proDunda an#lise sobre a
orani+a,(o militar portuuesa/ aDirma o seuinte4 5os soldados se pa&a cada mes a cada
um #uatro cru@ados de mantimentos (cada cru@ado ua pataca de #uatrocentos rese cada trCs
me@es de@ de #uartel e o mes #ue le pa&ão #uartel le não pa&ão mantimentos< 1o /apitão de
in.antaria al.eres e a;udante les pa&ão isto dobrado< O /apitão da .ortale@a de Moçambi#ue
tem de ordenado coatrocentos e de@oito mil res cada anno e ao /astelão seiscentos mil e pello
estan#ue do /apitão de Moçambi#ue e ,o.ala de ,ua Ma&estade todos os annos trinta mil
cru@ados de ouro #ue importão em dineiro da 8ndia /orrenta mil era.ins< 1 artilaria #ue tem
esta .ortale@a de Moçambi#ue são trinta e duas peças entre a #ual a al&uas #uatro ou sinco de
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.erro de pouco porte #ue não ser$em mais #ue pCra os re$e@es dos baluartes pCra de.ender os
panos do muro as mais são de do@e ate trinta libras de calibre<” Ip.@RL.
A remunera,(o dos soldados portuueses e a e?istncia de camelos como meio de
transporte leva-nos a duas ila,es4 por um lado/ a Dorma como a Dortale+a estava
estruturada militarmente - para o per=odo cronol$ico em estudo -/ h# que reconhecer/
sem dúvida/ a e?celente orani+a,(o militar colonial portuuesa por outro/ o uso de
camelos como meio de transporte reDlecte o desenvolvimento urban=stico da ilha de
!o,ambique. * camelo siniDicava uma mais-valia para a administra,(o colonial
portuuesa/ pois " mais resistente do que o boi/ o burro/ o cavalo ou a mula/ e " um
animal propenso ao clima seco Ibai?a precipita,(oL da ilha/ 3# reDerido ao lono deste
trabalho.
)obre a precipita,(o/ 6ima I@XSR/ p. RL? única Donte consultada que apresentadados concretos sobre o clima da ilha Iaten,(o que os dados s(o de @XSL aDirma4 5 O
clima bastante ameno sendo a temperatura mdia anual de 3N +[< Os $entos dominam de DE
de Outubro a e$ereiro e do #uadrante ,ul de Março a ,etembro< 1 umidade re&ista o seu
m":imo no mCs de >e@embro a 1bril os de maior precipitação ($alor m":imo +27 + mm em
Março) e os restantes de .raca precipitação;.
Ainda sobre a estrutura militar da Dortale+a/ a mesma Donte acrescenta que tra,a oriinal
da Dortale+a soDreu alumas altera,es/ tendo possivelmente a primeira tido luar entre@S e @RK/ respeitante aos baluartes de ). Gabriel e de )anta Barbara I)t Ant$nioL/ a
qual se encontra 3# na descri,(o do C$d. I@RKL K. *utra altera,(o posterior/ incidindo
especialmente no baluarte de ). Gabriel/ ocorreu em @J-@JK/ mas as transDorma,es
operadas n(o desvirtuaram os princ=pios da ediDica,(o inicial. A Dorma que ho3e subsiste
revela-se de rande pure+a/ inscrevendo-se a DortiDica,(o num quadril#tero irreular
proteido por um baluarte em cada canto. *s baluartes/ de 5orelhes;/ s(o muito
caracter=sticos/ sendo o de ). Gabriel o mais interessante da &ortale+a/ inconDund=vel pelo
seu desenho rioroso.
5Q%esde o s"culo F2' que os moradores portuueses da ilha tinham ali instalado planta,ese quintas aDastadas da pesada e suDocante humidade da ilha. Ale?andre et %ias/ 5O 4mprio 1.ricano +235-+267”/ @XXS/ p. KS.K %. >o(o de Castro/ Obras completas/ C$dice - Corpo Chronol$ico/ parte '/ ma,o JX/ doc.@R.
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A meio da costa sueste da ilha/ o capit8o-ge%era) Pedro de Sa)da%4a de
A)bu6uer6ue mandou construir de @JKS a @JR uma bateria/ que contrariava a invas(o da
praia por aquele lado. * gover%ador Oo8o da Costa de Brito e Sa%c4es/ como se l
numa inscri,(o por cima da porta 5reconstruiu a bateria edi.icou um pe#ueno #uartel e
eri&iu uma #u"si microscBpica capela no recinto da .orti.icação em +237 ;" dedicada a
,anto 1ntBnio< Em +263 o &o$ernador capitão de .ra&ata Ra.ael Lacinto Uopes de
1ndrade mandou consertar o .orte bastante arruinado o #uartel e a capela e entre&ou
esta " prela@ia a.im de se tornar a sede da anti&a .re&uesia de ,< ,ebastião primiti$a
parB#uia da cidade<; Noronha Is<ano/ p.@L.
A e?istncia de ire3as no interior da Dortale+a e da ilha em eral mostra qu(o
importante era o papel da relii(o na submiss(o dos povos aut$ctones. %esconhece-se no
entanto a e?istncia de conDlitos reliiosos entre os portuueses e os povos aut$ctonese<ou arabi+ados/ visto que antes da cheada de 2asco da Gama ilha/ em @XS/ a relii(o
dominante era o islamismo. A submiss(o reliiosa Doi um/ no meio de v#rios Dactores/ que
a Coroa portuuesa encontrou para lorar as suas Da,anhas. *s #rabes Icomo se sabeL
perderam o 5dom=nio; da ilha/ loo ap$s a Di?a,(o colonial portuuesa em @KJ.
*./. - # cu)to
># aqui Dalamos da importVncia da relii(o Icat$licaL no processo de domina,(o dos
povos da ilha. 0 mais adiante/ quando estivermos a Dalar da Capela de Nossa )enhora do
Baluarte/ Dalaremos ainda com pormenor como " que esse processo ocorreu e a sua
vitalidade. Nem sempre o 5poder da ire3a; acompanhou os passos do 5poder do 0stado;/
porquanto !arques de Pombal numa das suas reDormas decidiu e?pulsar os 3esu=tas de
Portual/ medida que abraneu todas as col$nias portuuesas. Nessa altura/ a relii(o 3#
implantada e aparentemente enDraquecida/ mas nunca abandonada/ teve de se adaptar as
circunstVncias. * culto 3amais Doi inorado ou abandonado.
Bethencourt/ &rancisco/ 5 1 e:pulsão dos ;udeus;/ in O tempo de Vasco da Gama/dir. de %ioo7amada Curto/ 6isboa/ CNP%P 1 Comissariado para o Pavilh(o dePortual 1 0?pofXS 1/ @XXS/ pp. J@-S.
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6obato I@XJ/ s<pL e?plica que por mais ru=nas que houvesse em redor a capelinha
de )anto Ant$nio mantinha-se arrida e Dlorida. No interior s$ se venerava uma imaem4
a de )anto Ant$nio. *s cat$licos europeus n(o eram em rande número e tamb"m n(o
eram demasiado devotos. * culto apost$lico romano e?ercia-se quase e?clusivamente para
ediDica,(o dos reliiosos portuueses naturais da =ndia. Nessa quadra/ e n(o deve ter
variado muito/ o templo protestante enchia-se de pros"litos/ a mesquita dos maometanos
reo+i3ava de crentes/ e 5baneanes;/ 5bate#s;/ 5co3#s;/ 5budistas;/ conDucionistas/ todas
as inúmeras seitas da sia/ desde o 0uDrates at" ao rio Amur/ contavam ali adeptos que
praticavam os seus ritos com a maior tolerVncia e liberdade.
No ano novo de cada uma dessas classes/ Deste3ado com o maior lu+imento
poss=vel/ no momento das suas Destas mais solenes/ nos actos de importVncia da sua vida
social/ quando aluma Dunda dor os oprimia/ %a co%>u%tura a%gustiosa de perigar ae&ist%cia de a)gu2 e%te 6uerido? e2 6ua)6uer das 2K)tip)as co%se6u%cias e2 6ue a
:raca criatura 4u2a%a? por 2ais ate@s2o 6ue apregoe? %ecessita a2parar-se 3 :or5a
superior de u2a e%tidade supre2a? todos esses adoradores de HBuda? de HMe%eio?
de HCo%:Kcio? de H$ic4%u? de HSivJ? de HGa%es? de HMa:o2a? todos e)es se
dirigia2 e se e%co2e%dava2 36ue)a e&@gua i2age2 de Sa%to A%t%io +/ quase oculta
nos escombros do derru=do baluarte/ pobre/ sem o deslumbramento do túmulo de ).
&rancisco Favier/ em Goa.
Tanto 6obato como Noronha Is<ano/ p.@L aDirmam que na copiosa romaem o
observador/ ainda o de esp=rito mais leve/ sentia-se avassalado/ ao contemplar as
enuDle?es/ o prosternar/ a evoca,(o/ o orar de tantos pa(os/ de reliies t(o diversas/ de
credos t(o anta$nicos e/ acima de tudo/ a sinceridade/ a un,(o/ o Dervor/ a conDian,a/ a
esperan,a/ o ineD#vel consolo que se reDlectia e irradiava dessas Disionomias de
5mon$is;/ de 5p#rias;/ de 5chatrias;/ de 5budas;/ de 5brahmanes;/ de 5t#rtaros;/ de
5malaios;/ de 5de+enas; de 5castas; e de 5ra,as;/ t(o radicalmente diverentes nas suas
oriens/ aspira,es/ direitos e modos de e?istir.
0 insensivelmente/ por mais Dr=volo e irreverente que Dosse o nosso pensar/
J %estaque meu/ para atestar duas an#lises do trecho4 a primeira " que as rela,es entre a ire3acat$lica e as seitas reliiosas descritas/ eram cordiais. Ainda que as pessoas n(o acreditassemverdadeiramente em %eus/ viam nos s=mbolos da ire3a cat$lica/ uma esp"cie de amuleto e desalva,(o/ por isso e?altavam e evocavam os s=mbolos reliiosos pertencentes ire3a cat$licaenquanto relii(o dominante.
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lembramo-nos de quanto Doi s$lida e eDica+ a obra dos nossos antios mission#rios/ que
assim atrav"s dos s"culos/ das pai?es/ das revoltas/ dos mart=rios/ da proD=cua e
inDati#vel catequese alheia reali+aram t(o perdur#vel conquista. Na denomina,(o dos
ediD=cios militares/ civis ou reli iosos/ houve sempre o predom=nio dos nomes de %eus/
da 2irem/ dos )antos/ depois os dos soberanos ou pes soas da Dam=lia real e s$/ a seuir/
com certa raridade/ o de overnadores.
Q assi2 6ue u%s cro%istas prete%de2 6ue a Forta)e7a de S. Sebasti8o
recebesse essa desig%a58o do rei D. Sebasti8o? e2bora cria%5a ao te2po da sua
edi:ica58o e :osse rege%te a av? rai%4a D. Catari%aR e outros 6ue o baptis2o
proviesse do %o2e do gover%ador da capita%ia? Sebasti8o de SJ? i%iciador da
co%stru58o? e2 *,? o 6ue ! pouco provJve). N8o ! i%oportu%o ace%tuar 2ais u2a
ve7 6ue? ai%da e2 *++? o co%ti%e%te e&pedia para a)i u2 e%ge%4eiro? aco2pa%4adode art@:ices e )eva%do co%sigo :arta cpia de 2ateriais e e%tre os 6uais ia a)ve%aria
apare)4ada? para ter2i%ar as obras da :orta)e7a? pois receava-se 6ue os i%g)eses a
atacasse2. I'demL.
I. As i%vasLes e a prob)e2Jtica das :o%tes
A Dortale+a Doi a primeira ve+ atacada em @J/ a seunda em @S/ pelos holandeses/ e
esteve para s-lo de novo por uma Dorte esquadra alcan,asse o porto. &oi tamb"m ob3ecto
de uma tentativa dos #rabes de !oscate em @X/ e de nova tentativa/ tamb"m #rabe/ em
@J/ ap$s a perda de !omba,a. * último lieiro ataque que soDreu Doi dos Dranceses/
durante as Guerras da evo)u58o ;*<-*<=/ per=odo em que a prov=ncia se viu aDlita
para se deDender por Dalta de recursos/ tendo-se inventado at" ranada de m(o com
inv$lucros de cocos carreados de metralha. %e todos os cercos e ataques se deDendeu
sempre a Dortale+a. Por"m/ os de @J e @S Doram anustiososS.
*s relatos revelam que os portuueses tentaram incendiar a povoa,(o IsicL assim
que se recolheram Dortale+a/ mas uma chuvada Dorte apaou o Doo que 3# lavrava nos
telhados que eram todos de macuti 1 pormenor curioso sobre a nature+a das constru,es
S 7elato de Ant$nio %ur(o/ soldado antio da Endia/ que neles combateu/ o seu Damoso livroCercos de !o,ambique deDendidos por %om 0stv(o de Ata=de/ Capit(o General e Governador/!adrid/ @RR.
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urbanas/ que eram portanto pobres e Dr#eis/ e?cepto as ire3as e Dortale+as Icasas com
coberturas de palhaL. * convento de ). %ominos devia Dicar a meio caminho entre o
actual e a Dortale+a/ e era Dronteiro. Nele se instalou o quartel-eneral holands. A sua
constru,(o havia sido proibida v#rias ve+es de prosseuir por ser padrasto Dortale+a e
Dacilitar o ataque/ como aconteceu. 0ntre ele e a Dortale+a Dicava a ermida de ). Gabriel/
cheada bastante ao baluarte deste nome/ e que era s$lida constru,(o de paredes rossas.
I6obato/ @XJ/ s<pL.
A mesma Donte acrescenta que os 4o)a%deses c4egara2 a Mo5a2bi6ue e2 ,
de Ou)4o? e? co2pree%de%do 6ue a :orta)e7a %8o estava re%dida? e%trara2 ape%as
co2 6uatro %avios? debai&o de :ogo da :orta)e7a e dese2barcara2 6ui%4e%tos
4o2e%s? ta2b!2 %a 2es2a praia do Ce)eiro 6ue est8o se c4a2aria Mogi%cate. A
ar2ada de *+ de2ora-se u2 dia %o porto a%tes do dese2bar6ue? 2as a de *+,actuou i2ediata2e%te. *s moradores perderam loo todas as Da+endas que entretanto
tinham cheado do 7eino e da Endia/ e uma preciosa cara de vinhos e licores de seu
ne$cio do mato/ realos que os holandeses Doram bebendo medida que avan,avam
pela povoa,(o deserta.
Aluns portuueses que atravessaram depois pelo meio deles n(o Doram
reconhecidos estavam os holandeses todos bbados. *s seus pr$prios comandos tiveram
que mandar rebentar marreta as pipas de vinho e barris de auardente que ainda
sobraram da bebedeira eral/ e o comando portuus hesitou/ n(o quis correr o risco de
aceitar a suest(o para nessa noite a uarni,(o dar um assalto eral ao campo holands e
acabar com o cerco que ia come,ar.
0ste cerco/ di+ a Donte/ correu-nos pior. Primeiro/ um rapa+ holands que tinha
Dicado de @J/ como reDuiado/ e se tornara colaborador diliente do A)caide-Mor da
Pra5a/ Duiu imediatamente para os holandeses com todas as inDorma,es era aDinal um
espi(o. 0m seundo luar/ houve loo no primeiro dia um princ=pio de incndio na casa
da p$lvora/ e em que morreram de+anove homens. Podia ter ido tudo pelo ar e perder-se a
Dortale+a por Dalta de muni,es.
&oi o pr$prio %. 0stv(o de Ata=de quem com mais aluns homens entrou
arro3adamente na casa da p$lvora/ apaou todo o Doo/ e salvou nesse dia !o,ambique e
os s"culos de hist$ria que se viveram at" ho3e. A artilharia/ que Doi montada pelos
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holandeses nas ru=nas de ). %ominos/ era muito mais poderosa. A muralha cheou a
receber tre+entos tiros por dia e arruinou-se em rande parte entre )anta B#rbara e ).
Gabriel/ - e ainda h# vest=ios da reconstru,(o deDiciente 1 abrindo uma ampla entrada
cu3o assalto/ por"m/ os holandeses n(o tentaram/ tal como descreveu A%t%io Dur8o4
5/omo não pele;a$am senão com artilaria não ousaram subir pela #uebrada do muro
$endo ele os seus $alorosos de.ensores preparados ou a de.ende-los ou a morrer ali;
*s holandeses rasaram-lhe na capela-mor uma canhoeira e nela montaram rossa
pe,a de bron+e/ a melhor que tinham/ que Dicou assim proteida em reduto blindado. H#
um desenho da "poca que indica/ no seundo cerco/ um desembarque em lanchas na praia
de )anto Ant$nio. %ur(o aDirma que o desembarque em lanche tamb"m se De+ no
!oincate.
As duas armadas Dor,aram a entrar debai?o de Doo/ mas o desembarque n(o podia/ evidentemente/ Da+er-se na praia do porto 3unto Dortale+a. Como consta que
atravessaram a povoa,(o em som de uerra/ Doi o desembarque na altura da praia do
Celeiro/ ponto que ali#s Doi mais tarde deDendido com o chamado Dorte demolido/
desmantelado e vendida a pedra no Dim do s"culo F2'''. I'bidemL.
Uma tese deDendida por Noronha Is<ano/ p.JL contas-nos a hist$ria de outra maneira.
ADirma que4 5a praça de .acto so.reu $"rios ata#ues e cercos< 1ssediaram-na os olandeses por
duas $e@es em +N7A e +N72< icaram memor"$eis os dois assdios< >e.endeu >< Este$am de
1ta8de com cento e cin#uenta omensN6< \m estran&eiro creio #ue .rancCs rancisco %Prard
tra@ido por /una Ri$ara dei:ou-nos testemuno compro$ati$o do #ue .oram esses cercos.;
*s holandeses em uerra com Portual/ e sabendo quando a ilha de !o,ambique
5nos convinha;/ tentaram apoderar-se dela. Tamb"m outras na,es tinham a mesma
pretens(o. 2arias e?pedi,es Doram cru+adas nesse sentido. 0 em obedincia a um plano
preconcebido/ os holandeses enviaram ali uma primeira esquadra em @J/ composta por
oito randes naus. A Dortale+a resistiu ao bombardeamento e a uarni,(o repetiu todas as
X 2er Carta Ic$pia daL %ioo )imes !adeira/ Governador interino de !o,ambique/ para o 7eidando conta da necessidade de verba para sustenta,(o da centena de soldados que conseuiu 3untar e Consulta do Conselho Ultramarino sobre mem$ria do ministro conselheiro/ >ore deAlbuquerque/ reDerente necessidade de enviar soldados nos dois navios que est(o apresentados para ir de socorro a !o,ambique/ para poder Da+er Drente a qualquer incurs(o do inimio/ visto a&ortale+a de !o,ambique ter capacidade para tre+entos soldados e/ presentemente/ n(o ter maisque cinquenta/ e que destes se descontem aluns para socorrer e prover a &ortale+a de )oDala.&erra+/ @XJR/ p. @J e @J. 2er/ iualmente/ Bethencourt et Chaudhuri/ Hist$ria da 0?pans(oPortuuesa/ 2ol. ''/ Navarra/@XXS/ p. JR.
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investidas/ com perdas de considera,(o para os assaltantes. %esesperados estes com a
resistncia/ e por se terem assenhoreado da ilha e da cidade/ aberta/ queimaram-na e
saquearam em duas maniDesta,es de repres#liasJ .
%a seunda ve+/ escreve Prard que em @X/ mas parece que Doi em @S/ a
Drota de investimentos subia a tre+e alterosas naus. N(o as baDe3ou a sorte com resultados
mais Davor#veis. Nesse tempo a &ortale+a de ). )ebasti(o n(o dispunha dos meios que
contou depois. )$ mais tarde o seu poder militar aumentou/ como o das suas con"nere
da Endia quando o overno de 6isboa se certiDicou da cobi,a que os holandeses/ Dranceses
e inleses assaltouJ@. Nesse último ass"dio o inimio perdeu uma pe,a de rosso calibre e
um dos seus navios nauDraou quando vele3ava a sair do porto. Aconteceu-lhes ainda
outro percal,o. %urante o cerco trs dos seus/ soldados ou marinheiros/ Duiram-lhes para
terra/ descontentes/ e apresentaram-se ao overnador da Dortale+a. *s sitiantes irritaram-se ao m#?imo com esta Dua. )em essa deser,(o talve+ a Dortale+a tivesse sucumbido.
Por6u
*s cercados passavam as maiores priva,es e discutia-se 3# no seu intimo o anustioso
assunto da captura. *s trs trVnsDuas trou?eram-lhes um vislumbre de esperan,a.
'nDormaram-nas que os holandeses se encontravam na carncia absoluta de muni,es/
tanto de uerra como de boca/ e por isso na precis(o inadi#vel de levantarem o cerco. Ao
passo que Da+iam estas declara,es/ de todo o ponto verdadeiras/ aDirmaram hip$crita e
Dalsamente que o motivo principal da sua deser,(o se baseava no dese3o de terem
acolhida no r"mio cat$lico/ e ainda que os tinham obriado a embarcar/ num acto de
tirVnica Dor,a. Tudo aquilo era Dantasia de trs aventureiros/ da pior esp"cie.
Conta a mesma Donte que os 5nossos; receberam-nos com aparente arado.
0nanadosM Talve+ n(o. *s 3esu=tas apreoaram aos quatro ventos a convers(o/ o que
J H# aqui uma clara contradi,(o com 6obato I3# citado e sublinhadoL que di+ que o aludido DooDoi posto pelos portuueses/ e n(o pelos holandeses como sustenta Noronha neste pararaDo. Atese de Noronha me parece/ contrariamente a de 6obato/ a mais sensata.J@ 0sta tese " tamb"m conDirmada por Bethencourt et Chaudhuri/ @XXS/ p. S/ que advoa quedesde o in=cio do seu com"rcio com as Endias que os holandeses e inleses preDeriram asiniciativas privadas aos planos estatais de orani+a,(o do com"rcio e de instala,(o de colonatosno *ceano Endico.
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lhes convinha para Dins pol=ticos e reliiosos. *s trs meliantes imainavam melhorar de
situa,(o e dar luar =ndole ananciosa. N(o queriam trabalhar e os holandeses
constraniam-nos a um labor e?tenuante. *s do assedio calcularam que esses seus
indese3#veis/ compatriotas ou n(o/ denunciariam quanto ocorria no seu arraial e que as
deDicincias seriam arma muitos umes para os portuueses. 7esolveram vinar-se antes
de retirarem da ilha/ o que se tornava urente. )obreviera a mon,(o e/ com ela/ a
apro?ima,(o da Dor,a portuuesa da Endia/ e isto seria o aniquilamento da esquadra
holandesa.
0sta na sua rota/ para a Drica *riental/ apresara/ pr$?imo da ilha de
!o,ambique/ uma embarca,(o portuuesa/ como depois tomou outra Dundeada em Drente
da Dortale+a. A ambas saquearam e/ por inúteis/ incendiaram. Aprisionaram/ " claro/ as
suas tripula,es e passaeiros/ entre os quais havia oDiciais dos barcos/ pilotos/ mestres/neociantes/ aluns ricos e/ a maior parte/ casados. “Os sitiantes com o intuito de receber os
trCs desertores en$iaram um parlament"rio ao &o$erno da praça >< Este$am de 1ta8de bra$o e
&alardo .idal&o< O.ereciam-les trocar todos os portu&ueses seis #ue tinam em seu puder
pelos trCs .u&iti$os”< * overnador respondeu mais ou menos nestes termos4
- 5Os re&imentos e usos da &uerra pro8bem entre&ar omens nas condiç*es da#ueles<
1presentaram-se para adoptar a mina reli&ião e ser$ir o meu rei< Dão me .icaria bem reinstitu8-
los ao $osso braço #ue os mataria< ,i&ni.ica$a o mesmo #ue ser eu o al&o@ dela< ,acri.icareis
desse modo os nossos; 1 arumentou o comiss#rio.
- 5Os meus compatriotas em consi&nada são prisioneiros de &uerra e portanto compreendidos
na lei #ue permite res&at"-los pela .orma a;ustada< ,erão mortos F $ossa $ista insistiu o
mensa&eiro;. - 7etorquiu o overnador/ para depois rematar o seuinte4
- ,e os matardes a san&ue .rio não ser" por isso acção di&na de leais ca$aleiros< \m dia inteiro
andou o parlament"rio olandCs para c" e para l" com estes recados< ,em #ue se ce&asse aacordo.; Ao cabo de certo tempo 1 inDinda tortura moral 1 os holandeses e?citados/
dominados pela c$lera Drio dos homens do norte/ Du+ilaram a tiro de arcabu+ os seis
inDeli+es portuueses/ n(o sem que da Dortale+a ca=ssem sobre eles densa saraivada de
balas de artilharia e metralhas dos bacamartes e espinardes.
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Neste mesmo dia principiaram os trabalhos de levantamento do cerco. Pouco
depois o inimio tomava o rumo de sonda. %ecorridos sete ou oito dias avistaram de terra
a espada portuuesa da Endia. Por diDeren,a de uma semana/ dei?aram os desditosos
prisioneiros massacrados de serem condinamente vinados. *s trs desertores
holandeses Doram levados nessa mesma mon,(o para Goa. I'bid/ p.XL.
:uem tamb"m escreveu sobre o ataque holands &ortale+a de ). )ebasti(o Doi
Bethencourt et Chaudhuri I@XXS/p.JRL arumentando que em @S os holandeses
assaltaram e incendiaram a ilha. Teriam queimado as casas 1 que seriam umas -/ pelo
que aos holandeses restou o recurso a constru=rem palhotas de palmaJ.
2oltemos aos ataques.
:uando Doi dos cercos/ a Dortale+a tinha o Deitio de uma estrela. 0st# e?presso em %ur(oque o baluarte de ). Gabriel/ o mais e?posto/ tinha dois espies. Todavia/ quando o
primeiro cerco come,ou/ a artilharia estava mal montada/ muitos rodados das pe,as
estavam podres/ os baluartes incompletos/ Daltavam Icomo ainda DaltamL parapeitos para a
protec,(o dos deDensores/ que se cobriram com sacos de terra. Numa noite as mulheres
dos moradores Di+eram dois mil sacos/ eu as Dilhas/ os Dilhos e os velhos encheram e
carrearam para os adarves/ e com que os combatentes 1 quin+e apenas em cada baluarte[
1 Dormaram os parapeitos. Noronha Is<ano/ [email protected] muralhas/ paredes duplas/ estavam mal cheias e mal calcadas/ e por la3ear/ e
havia buracos periosos para a artilharia/ porque as pe,as quando disparavam saltavam
em ve+ de desli+ar com o recuo/ permitindo-se portanto os cavalos e as rodas. Por"m/
tudo se remediou e improvisou/ e a artilharia acabou por ser eDica+. &altava tamb"m a
p$lvora/ mas era abundante o armamento individual/ porque todos os moradores estavam
em suas casas bem providos/ e levaram-no todo para a Dortale+a. Uma das tareDas
importantes cometida s mulheres e n(o-combatentes Doi atulhar de terra e pedras os trs
va+ios da porta de armas/ que est(o aora postos a descoberto. Pode ser que as Dendas que
se notam ho3e nas paredes interiores transversais destes v(os datem dos impactos da
artilharia holandesa em @J e @S.
J I!ocquet/ @XX/ p4 KXL.
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Acto cora3oso Doi tamb"m sa=rem uma noite pelo postio da praia de+ homens que
levantaram a ponte levadi,a que havia sobre a cava/ a encostaram escondida no rev"s do
baluarte ). Gabriel/ e entupiram a porta de armas por Dora com pedra e terra que ali
estava. Havia v=veres para sete meses/ especialmente #ua e milho/ e um bom sortido de
Da+endas da Endia que os portuueses cercados utili+aram quando neociaram com os
caDresJR das Cabaceiras o Dornecimento di#rio Dortale+a de Drescos que vinham pela mar"
va+ia em pequenas almadias que as lanchas holandesas de maior calado n(o podiam
atinir/ mas viam passar.
6obato I@XJ/s<pL aDirma que sobre o Dorte de ). %ominos Doram constru=das trs
trincheiras proteidas/ e em +iue+aues/ at" ermida de ). Gabriel/ e daqui outras trs
at" 7amada/ perto da porta de armas. *s holandeses proteiam-se muito bem com
cobertos/ pali,adas/ mantas de madeira e cestes/ e mascaravam as posi,es da artilhariacom que tentaram abrir brechas na muralha/ o que s$ conseuiram com artilharia mais
pesada no seundo cerco.
A Donte acrescenta4 “nossos” não dei:a$am apro:imar nin&um e por meio de paus
salientes com .o&os de alcatrão ilumina$am de noite as muralas< %enosamente conse&uiram os
olandeses .a@er ce&ar F murala mantas de madeira &rossa cobertas de terra molada para
se prote&erem e conse&uirem picar e minar a murala< oi um momento cr8tico mas os
portu&ueses numa manã prepararam uma contra-mina e conse&uiram numa sortida peri&osa
e con.usa numa noite desbaratar os olandeses e se&uidamente destruir e incendiar as mantas<
1s sortidas .a@iam-se pelo camado posti&o da praia #ue de$eria .icar por certo onde o;e a
porta de armas< = este o Znico lado em #ue a .ortale@a ser$ida por uma praia.;
%e reDerir que4 o au:8lio das /abaceiras .oi importante tal$e@ decisi$o< >e$e-se ao
pre;u8@o #ue esta$am a so.rer a paralisação do comrcio< %or isso a troco de missan&as e
tecidos os ne&ros e mouros dei:aram de .ornecer .rescos aos olandeses repeliram-nos F mão
armada e passaram a .a@er diariamente a $ia&em da .ortale@a tra@endo .rescos e le$ando
JR 5CaDre;4 rei(o de CaDres na Costa da Drica *riental. &i. !ultid(o de CaDres terra onde n(oh# sen(o ente bo,al/ estúpida/ inorante. Novo %icion#rio Compacto da 6=nua Portuuesa (dir)Ant$nio de !orais e )ilva/ 6isboa/ 0ditorial ConDluncia/ @XX/ p. RR. 5Qa no,(o dos CaDres hea mais barba/ que h# no mundo/ porque nem ador(o a %eos/ nem tem =dolos a que adorem/ nemimaens/ nem templos/ nem vis(o de sacriD=cios/ nem menos tem ministros dedicados ao cultodivino/ cousa que toda a na,(o te/ pelo instinto natural/ que os moue relii(o/ culto sarado/ principalmente tendo noticias da outra vida/ como estes CaDres tem/ assim diDDicilmenteconvertem/ nem aceitam a lei de christo que muitas ve+es ensinamos preamos. )antos I@S/ p. @L.
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e$acuados pessoas não combatentes< 1tribui-se a isto e ao insucesso militar o le$antamento do
cerco ao .im de dois mesesA< *s holandeses propuseram o resate da povoa,(o/ o que n(o
Doi aceite/ e ent(o incendiaram-na toda/ destru=ram os palmares/ cortaram as #rvores. &oi
em J de !aio de @S. Na manh( seuinte os holandeses reembarcam/ mas s$ dei?aram
o porto/ debai?o de Doo/ em @.
*s pre3u=+os Doram considerados totais. As mais quei?osas Doram naturalmente as
mulheres 5#ue $iram #ueimadas e destru8das as casas em #ue nasceram as .ortale@as de
#ue $i$iam e tinam &ran;eado para dotes de suas .ilas< oram toda$ia os moradores
cobrindo lo&o al&umas paredes #ue escaparam com madeiras e outros materiais da
erra irme #ue les .e@ boa $i@inança tanto na pa@ como na &uerra<;
*s holandeses haviam/ por"m/ ido apenas buscar mantimentos s ilhas do Endico e
voltaram. 0ntretanto chearam as naus do 7eino que socorreram !o,ambique/ arrasaramo Convento de ). %ominos e a 0rmida de ). Gabriel/ taparam as cicatri+es da uerra no
campo Dronteiro pra,a. Presentes as naus portuuesas/ os holandeses 3# n(o entraram/ e
partiram para a Endia. A conquista de !o,ambique Da+ia parte de um plano.
No ano seuinte viria outra armada para uarnecer convenientemente a Dortale+a
conquistada. 0 veio. Era2 * %aus co2 *,/ 4o2e%s? ca%4Les? .,. ducados
gastos. A espionaem portuuesa que tinha sabido na Holanda dos preparativos de @J/
e disso avisara por terra o 2ice-7ei da Endia/ quer por sua ve+ aviou !o,ambique soube
tamb"m dos preparativos da armada de @S/ e deu iual aviso Endia. Por isso a 5nossa
Drota; que vinha da Endia n(o Doi Da+er auada ilha de )anta Helena/ e n(o Doi apanhada.
%i+ a mesma Donte que “$aleu-nos” a pouca combatibilidade olandesa o #ue lo&o
constou por al&umas deserç*es dos seus #ue ali"s les deram a@o a al&umas barbaridades
como .oi a de arcabu@arem prisioneiros portu&ueses #ue tinam tomado nas naus apresadas
por#ue >< Este$am se recusou a entre&ar os olandeses .ora&idos #ue di@iam tC-lo .eito por
serem catBlicosA5.;
0ntretanto apareceu o ale(o portuus Iom Lesus vindo do 7eino/ cento esessenta pessoas a bordo/ uarnecido por aleos/ que n(o combateram e se renderam. *s
holandeses tentaram troc#-los pelos seus desertores/ sob a amea,a de os matarem. %.
0stv(o de Ata=de voltou a n(o transiir/ com rande escVndalo da uarni,(o sitiada. *
J %estaque meuJK )obre a hist$ria da recusa na entrea dos trs Doraidos holandeses v. Noronha/ s<ano/ pp.J-X.
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almirante holands resolveu/ por"m/ poupar-lhes as vidas e levantar o cerco. 0stava-se a
@X de Aosto de @S. Nesse dia ardeu novamente a povoa,(o/ isto "/ 5tudo o #ue a ila
escapou no incCndio passado não aparecendo em toda ela mais #ue pB e cin@a ;. Pela
calada da noite reembarcaram os holandeses que adiante dei?aram os prisioneiros na ilha
de ). >oreJ. 5/om a partida dos inimi&os $oltaram os cansados moradores a reedi.icar
a po$oação pobre e mal a&asalados;.
Uma terceira e última hist$ria da invas(o holandesa "-nos contada por )antos I@SL e "/
no meu Dranco entender/ aquela que est# mais pr$?ima da verdade Ise bem que em
passado hist$rico t(o distante/ n(o h# verdades absolutasL.
%i+ a Donte o seuinte4 5 Aos 29 de Março do anno do Senhor de 1607 chegarão ao porto de
Moçambi!e oito na!s de "olandeses77 (estando nella por capitão >om EstC$ão de 1ta8de
.idal&o muP nobre) com cu;a $ista os moradores da ila se acabarão de recoler na .ortale@a por#ue ;" se começauão a recoler por terem aui@o da 'ndia da ida destas naos? Q por essa
cau@a tinão ;" metido nela a principal .a@enda dinePro peças Q mouel de suas ca@as os
!olandes ao ce&arem F porta da ila lançarão bandeira de &uerra ;untamente lançarão
muPtas lances ao mar #ue tra@ião dentro nas nãos<”(p< 66)<
N(o se compreende como " que a Endia sabendo do plano holands para invadir
Dortale+a n(o tomou/ ela mesma/ ou o Governo Central/ em 6isboa/ medidas adequadas/ e
permitir que a Drota holandesa invadisse aquele espa,o portuus/ que " a ilha de !o,ambique.
A mesma Donte acrescenta o seuinte 4
5 Do dia se&uinte #ue .oP sabbado tanto #ue a mar começou a encer se leuou a nao
capitaina Q as mais apo@ ella Q todas in.iadas ua detr"s da outra .orao entrando polla barra
da ila de Moçambi#ue com tanta ousadia como se não ouuesse alli .ortale@a sendo ella ua
das mais .ortes da 'ndia Q ;u&ando ella nestes tempo com muPta Q &rossa artelaria #ue tem
de #ue os inimi&os receberão muPto danno< >omin&o se&uinte pella mana deitarão em terra
#uinentos mol#ueteiros Q .orão senores della por causa por causa da &ente da .ortale@a ser então pouca em comparacao dos inimi&os #ue não era bastante pCra le de.ender #ue não
J partida percebe-se que os holandeses/ encontrando diDiculdades por via das armas/ pretendiam anhar a uerra com base no eDeito psicol$ico sobre o advers#rio/ mas tamb"m pelocansa,o/ atendendo o lono per=odo que os cercos duravam. A popula,(o da ilha/ tal como se lem destaque/ tamb"m colaborou para que a invas(o holandesa Dosse um Dracasso.JJ %estaque meu.
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desembarcasse por#ue nesse tempo não auia na .ortale@a mais #ue +5 omes etre $elos Q
moços ;
Parece haver unanimidade entre as Dontes num ponto4 a uarni,(o da Dortale+a
estava muito lone do número real para o qual ela podia alberar Icerca de mil a mil e
picos homensL. As ra+es 3# aqui as enumerei. Precisava-se de homens IsoldadosL/ para
Da+er Dace as constantes instabilidades e contendas com os povos vi+inhos/ para quem a
presen,a portuuesa na rei(o era um alvo a abater. Aluns povos aut$ctones/ sob
inDluncia #rabe/ impuseram durante d"cadas resistncia coloni+a,(o. !as tamb"m/ a
enDermidade que apreoava os povos da ilha/ incluindo/ claro/ os portuueses/ obriava a
que os soldados portuueses reressassem rapidamente a Portual enDermos.
!ais a hist$ria continua. *cupada Dortale+a os holandeses Di+eram do Convento
de ). %ominos seu 5quartel eneral;. A estrat"ia portuuesa consistia no seuinte4“$endo #ue le .icaua dalli a bateria lon&e começarão a .a@er $alles Q trinceiras do con$ento
at a ermida de ,< Gabriel Q dai outras at ;unto F .ortale@a? onde armarão trCs balluartes co
.acças Q pipas ceos de terra tão .ortes como de pedra Q calJ Q nellas pu@eram noue peças d
0artelaria com tanta pressa #ue cada dia le tirauão de oitenta #ue as para cimaJ entre as
#uais um /anão muP &rande Q dous arrataes com o #ual .i@erao muPto danno na .ortale@a<
Destes cobates .oram continuando por espaço de dous meses #ue a tiuerão do cerco< E a de.esa
dos portu&ueses .oi de .a@er &randes lumin"rias de alcatrão ardendo em caldePras postas em
asteas compridas sobre o muro de modo #ue alluminauão o campo circustante F .ortale@a? por onde os olandeses não on@auão ce&ar perto della por não sere $isto dos nossos #ue $i&iauao
por cima dos muros Q mortos a espin&ardas< >e manePra #ue os +5 omes #ue auia dentro da
.ortele@a sempre leuarao a melor dos inimi&os #ue era dous mil omes pouco mais ou menos
Q sempre le .i@erao suas macinas Q $ierao a tellos em tão pouca conta #ue sairão ua noPte
de .ort@le@a $inte omes Q derao sobre rellas Q matarão muPtos sem al&um dos nossos
peri&ar? Q pollo discurso do tempo #ue durou este cerco .orão mortos dos inimi&os tre@entos Q
dos nossos somente dous portu&uesesA2 <; I'bid./ p.@L.
A pretens(o dos holandeses IinvasoresL era/ acima de tudo/ ocupar a &ortale+a de). )ebasti(o. Uma ve+ ocupada a Dortale+a/ os holandeses teriam/ diamos/ o controle de
toda a ilha e/ qui,#/ a 5Carreira da EndiaJX;. 0m termos pr#ticos/ os holandeses tomariam
JS )obre a vit$ria dos soldados portuueses e para saber mais/ vide 5 Mapa de artelaria; emane?o.JX A 5carreira;/ a lia,(o anual mar=tima entre 6isboa e Goa/ e vice-versa/ que se iniciou looap$s os 5descobrimentos; do caminho mar=timo para a Endia/ por 2asco da Gama/ em @XJ 1
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de assalto todo o monop$lio portuus nas rotas de especiarias indianas. * que seria/
obviamente/ um atentado econ$mico de propor,es muito dr#sticas para Portual.
)antos I@SL di+ que4
“$endo os inimi&os o pouco .ruPto #ue tinão .eito em tão continua &uerra Q a muPta
&ente #ue os da .ortale@a le tinão morto? Q tambm por se temerem #ue poderiao ir nossas
nãos deste RePno a#uelle porto (como tem de custume) sem poderem .u&ir tornarão a embarcar
toda a sua artilaria Q #uerendo se partir .i@erao ua carta ao capitão da .ortale@a em #ue le
diao se #ueria res&atar as i&re;as ca@as Q plamares da ila Q #uintas da terra #ue .ossem
dous omes da .ortale@a tratar disso por terra Q abra@ar com .o&o<” 1 isto .oP respondido #ue
nenum concerto ne res&ate #ueria co elles mais #ue &uerra< O #ue $isto pellos olandeses
como desa.io e puseram lo&o .o&o a toda a cidade co tão &rande incCndio de alcatrão #ue não
.icu ca.a nem i&ra;a em p< 1llm disso cortaram todos palmare #ue auia na ila #ue erao
muPtos 27< E leuarao u &aleoto do capitãoda .ortale@a #ue tina $indo do /abo das correntes<
>e manePra #ue todos .oP &eral a perda estimada em mais de cem mil cru@ados< Ip. @L.
0 a mesma Donte conclui o seuinte4
5 >a#ui se .orao os !olandeses Fs ilas do /omoro #ue estao setenta le&oas desta de Moçambi#ue buscar mantimentos cmo depois se soube< Os !olandeses $oltaram a ila de
Moçambi#ue a cinco de 1&osto e lancarao ancora no .or&idouro #ue est" da ila de ,< Lor&e
pCra dentro em cu;a ce&ada se tornou a recoler a &ente da ila de Moçambi#ue dentro na
.ortale@a? Q >< !ieronimo com a sua se .oP pCra as nãos Q assim us como os outros se .i@erao
em orde de pelle;ar com os !olandeses se #uisessem entrar no canal de Moçambi#ueJ o #ue
elles não ou@arao .a@er ante se dei:arão estar no mesmo posto Q dai .i@erao al&umas sa8das
@XX/ veio a ser desinada por 5carreira da Endia;. Geralmente/ o nW de navios da viaem de ida
era em cada ano superior ao daquele que Da+iam o retorno/ e compreende-se porqu4 alumas dasembarca,es que se diriiam Endia iam destinadas a misses de Discali+a,(o ou de uerra adesempenhar no *riente/ e/ por via de rera/ s$ retornavam ao porto de 6isboa os navios com acara de especiarias. Novo %icion#rio Compacto da 6=nua Portuuesa/ (dir) Ant$nio de !oraise )ilva/ vol. '/ 6isboa/ 0ditorial ConDluncia/ @XX/ p. .S Tamb"m )antos enDati+a que Doram os holandeses a incendiarem a ilha/ e n(o os portuuesescomo atesta o coment#rio de 6obato I3# descrito acimaL. Tamb"m/ neste trecho/ Dicamos a saberque os palmares que a ilha Ivide planta W de Pedro Barreto de 7esendeL Doi consumido por esseincendio. :uem ho3e visitar a ilha/ poder# constar este e outros Dactos aqui descritos.
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em suas lances Q de ua se encontrauao com os nossos bateis Q pelle;arao Fs moi#uetadas
at .u&irem pCra as suas nãos< Outra $e@ sairão Q desebarcando na terra .irme tomarão um
Mouro da ila Q souberao delle como >om !ieronimo tina douis mil omes de pelle;o pella
#ual ra@ão lo&o se resol$erão em ir pCra a 'ndia como .i@erao Q sairão do porto de
Moçambi#ue aos 3N de 1&osto< Ip. @@L.
Portanto/ como se pode observar/ a vers(o de )antos " totalmente diDerente a de 6obato e
de Noronha/ embora comunuem todos num aspecto Dulcral4 a vitoria portuuesa Doi
anha com poucos e valentes soldados/ contra um verdadeiro e?"rcito holands. %e todas
as tentativas de ocupa,(o holandesa &ortale+a de ). )ebasti(o/ Portual levou sempre
vantaem no campo militar. 0nquanto que 6obato e Noronha Dalam de um trVnsDua/ de
bebedeiras das tropas holandesas/ do resate e dos incndio Ium primeiro incndio posto
sobre a povoa,(o e outro na dita Dortale+aL )antos pormenori+a a uerra/ a artilharia/ as
perdas humanas e materiais/ a t#ctica e t"cnica usada pelas duas Dor,as/ do avan,o e recuo
das duas tropas/ da lo=stica/ dos números/ enDim/ Da+ uma narra,(o mais coesa/
ob3ectiva/ relativamente independente e menos sensacionalista/ mas sobretudo " o Dactor
da data,(o que vai merecer no autor uma aten,(o especial. 0nDim/ s(o no Dundo/ trs
hist$rias diDerentes/ cada uma com a sua importVncia e conte?to/ mas absolutamente
indispens#veis no processo de ensino e aprendi+aem.
&inalmente/ 6obato I@XJ/ s<pL aDirma que a última descri,(o da Dortale+a como
estabelecimento militar Ia penúltima Dora em @S@/ quando os Dranceses pensaram tomar
!o,ambiqueL/ por sinal do ano e?acto em que pela última ve+ esteve em p" de uerra
com viias dobradas e as muni,es boca das pe,as/ a todo o momento espera que os
rabes de !ascate viessem tentar conquistar a pra,a/ di+ o seuinte4
“Guarda boca deste canal uma ortale@a de boa cantaria .eita F anti&a na ponta do
nordeste da 4la de.endendo e prote&endo as duas barras &rande e pe#uena cobrindo e
dominando toda a /idade< = edi.icada em pedra $i$a com muralas dobradas da .eição de um
#uadrado re&ular com #uatro baluartes olando dois para o mar sendo $i&ia e de.esa dos
inimi&os por a#uela parte e os outros dominando a terra at o cabo da 4laJ os do mar um
deles camado de Dossa ,enora tem cada um deles uma bateria #ue ;o&a ao lume de "&ua e
#uase se não perde tiro por#ue os na$ios a$endo de entrar por uma &ar&anta #ue ali .a@ o mar
entre elas e o banco da /abeceira ou ão-de passar cosidos com as muralas dando costado Fs
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balas ou nau.ra&ar no barco< oda esta .ortale@a est" pro$ida de muita e mui boa artilaria e
&uarnição de soldados competentes2+<” (idem)<
A leitura do trecho permite concluir que os Dranceses tamb"m estavam dispostos a
atacar e conquistar a ilha/ mas o poderio militar da &ortale+a de ). )ebasti(o/ duma ou
doutra maneira/ teria desencora3ado a materiali+a,(o deste plano.
Cap@tu)o II
II.* - Cape)a de Nossa Se%4ora do Ba)uarte
A Capela de Nossa )enhora do Baluarte Doi constru=do loo a seuir ao baluarte de ).
Gabriel ou 5orre Vela;/ como aluns estudiosos lhe chamam/ e at" percebe-se perDeitamente porqu. Porque uma ve+ constru=do o baluarte de ). Gabriel I@KJL/ com
intuito de deDesa/ o passo a seuir seria/ na minha opini(o/ a constru,(o de um centro
reliioso para Dins de culto/ mobili+a,(o e submiss(o/ se necess#rio Dosse/ dos povos
aut$ctones da ilha.
&oi o que se sucedeu com a constru,(o da Cap. de Nossa )enhora do Baluarte em
@K/ sob prete?to de deDesa entrada de nau inimia ao canal da ilha. Nas linhas que se
seuem/ Dalarei da constru,(o e da importVncia da Cap. de Nossa )enhora do Baluarte ao
lono do per=odo cronol$ico em reDerncia/ mais tarde viria a ser reneada ao seundo
plano pelas autoridades coloniais portuuesas/ n(o s$ em consequncia da e?puls(o dos
3esu=tas/ mas tamb"m porque a &ortale+a de ). )ebasti(o 5roubo-lhe; espa,o.
S@ Capit(o-General Favier Botelho I@SK-@SXL.
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A Dunda,(o da Cap. de Nossa )enhora do Baluarte data de @K " tida como o
único e?emplar de arquitectura manuelina e?istente no 0stado de !o,ambique. &oi
constru=da num espor(o da ilha/ e s$ tem acesso pelo interior da &ortale+a de ).
)ebasti(o. )eria/ ali#s/ 3# essa/ a disposi,(o da capelaS. A mesma Donte aDirma que 5a
capela edi.icada sobre o baluarte mais anti&o na ponte e:terior da ortale@a de ,< ,ebastião .oi
constru8da em +533< Em estilo medie$al cl"ssico portu&uCs o Manuelino2 com abobada
cru@adas pro$a$elmente o edi.8cio mais anti&o preser$ado em Moçambi#ue;. 0 acrescenta4
5 1 capela - Manuelina $ale como um s8mbolo e .oi durante sculos a roma&em de todos #ue
ce&a$am desde os &rumetes e os soldados aos /apitães-Generais e Vice Reis< em a /apela
pe#uenas dimens*es paredes de &rande espessura cobertura abobadada rematando um dos
.ecos com a cru@ de /risto ladeada de #uatro es.eras.;
6obato I@XJ/ s<pL concorda com 6ima e enDati+a que a Cap. de Nossa )enhora do
Baluarte " o mais poderoso monumento de toda a prov=ncia por ser o mais antio/ e al"m
disso o único e?emplar de arquitectura manuelina abobadada que nela e?iste. %ata de
@K e Doi constru=do num espor(o da ilha que Dicou depois inacess=vel pela constru,(o
da Dortale+a. )$ por dentro desta se atine a capela.
* construtor Doi %. Pedro de Castro/ e pode-se ler o seuinte4 5outros #ue ali
in$erna$am .a@endo uma casa de Dossa ,enora #ue se cama do Ialuarte. Ela de pe#uena dimens*es paredes &rossas uma pe#uenina sacristia de abBbada rom9nica um
S 2. 6ima I@XSRL in &rei >o(o dos )antos/ @XSR/ p. [email protected] Arte arquitect$nica/ interada na Dase Dinal do G$tico/ onde se denotam caracter=sticas liadas e?pans(o mar=tima portuuesa. A desina,(o ̀ arquitectura manuelina` Doi criada por &rancisco2arnhaen/ ao descortinar uma unidade Dormal nas obras reali+adas ao tempo de %. !anuel '/conotadas com o per=odo de e?pans(o mar=tima e imbu=das de e?traordin#rio e?otismo.&acilmente se criou o mito da inDluncia oriental/ embora a partir da publica,(o do opúsculo de>oaquim de 2asconcelos I@SSKL ] %a Architectura !anuelina` tenha surido uma corrente quenea qualquer triunDo de oriinalidade ao estilo/ uma ve+ que se inseria numa cadeia internacional
de Den$menos idnticos4 hispano-Dlameno $tico Dinal Drancs e alem(o/ etc. * !anuelino n(o passava ent(o da Dase Dinal do estilo G$tico interado nas correntes europeias. A arquitecturamanuelina " Druto de um s"rie de variantes4 por um lado/ a continuidade da arte quatrocentistainserida nas correntes internacionais do G$tico por outro/ a introdu,(o de modos europeusdistintos IinDluncia inlesa incorpora,(o do ornato mud"3ar tipoloias mediterrVnicas e do Norte da 0uropa pitoresco espanholL. A envolver o con3unto de modo alo impositivo/ autili+a,(o da her#ldica manuelina/ omnipresente a n=vel decorativo. 0mbora n(o se possa Dalar propriamente de um estilo/ estamos perante uma liberdade criativa sinular que caracteri+ou ae?press(o portuuesa do $tico tardio.; http4<<\\\.inDopedia.pt<manuelino IR<<@L.
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pesado alpendre tão &rande como toda a capela e possi$elmente al&o posterior por ser
a capela demasiado pe#uena e para se conse&uir espaço para no$as sepulturas.;
Contrariamente a &ortale+a de ). )ebasti(o/ n(o restam dúvidas que Doi %. Pedro
de Castro quem construiu a Cap. de Nossa )enhora do Baluarte/ em @K. *s Dins para as
quais Doi constru=do tamb"m encontra unanimidade entre as Dontes/ por um lado/ h# os
que remetem para a deDesa do canal que d# acesso ao porto/ ou se3a/ a barra antes que se
Di+esse Dortale+a por outro lado/ a sua constru,(o tinha a ver com Dins reliiosos de que
6obato I@XJ/ s<pL Da+ quest(o de real,ar o seuinte4 “.ora da ortale@a de Moçambi#ue na
ponta da 4la est" uma ermida da in$ocação de Dossa ,enora do Ialuarte o #ual nome le
puseram respeito de ser a mesma i&re;a anti&amente um baluarte onde esta$a a artilaria para
de.ender a barra antes #ue se .i@esse a .ortale@aJ a #ual i&re;a de muita roma&em não
somente dos moradores da terra mas tambm dos mareantes #ue na$e&am por estas costas
assim de %ortu&al como da 8ndia2<”
&inalmente/ a p#ina monumentos.pt I<@<@L concorda com 6obato quando
di+ que a ermida " de estilo manuelino/ com uma ab$bada imperDeita de dois Dechos/
creditada possivelmente ine?perincia dos construtores. Na sua constru,(o Doram
empreadas cantaria e elementos decorativos tra+idos do 7eino/ certamente destinados
Endia. &oi eruida sobre uma estrutura 3# e?istente no local/ uma bateria de artilharia/ o
que conDeriu caracter=sticas pouco comuns ao ediD=cio. 7ecebeu posteriormente/ acredita-
se que durante o s"culo F2''/ um alpendre como o das ire3as portuuesas da Endia.
Actualmente encontra-se dentro do per=metro da &ortale+a de )(o )ebasti(o.
S !em$ria estat=stica sobre os %om=nios Portuueses na Drica *riental/ por )ebasti(o FavierBotelho. Cita,(o de &rei >o(o dos )antos.
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II. - Descri58o
A Capela de Nossa )enhora do Baluarte tem na parte da Drente uma porta e duas 3anelas
com os precisos ornatos e emblemas manuelinos/ que pela pedra Doram lavrados no
7eino. A pia baptismal " Dora/ sob o alpendre. Tem um único altar e alumas curiosas
Drestas bai?as/ como seteiras/ h# uns vinte anos respostas a descoberto. * Dundo s(o trs
Daces de um oct$ono. * tecto " de abobada de dois Dechos com oito nervuras que
assentam em m=sulasSK nas paredes e rematam nos Dechos/ um deles uma Cru+ de Cristo
SK Uma 2@su)a " um ornato que ressai de uma superD=cie/ eralmente vertical/ e que serve parasustentar um arco de ab$bada/ uma corni3a/ Diura/ busto/ vaso. !uito usado em estruturas de
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ladeada de quatro esDeras e envolvidas em anel de cordame/ o outro/ mais simples/ apenas
um anel encordoado.
A abobada " irreular/ e rudimentar. Pela pequene+ do tempo poderia a ab$bada
ter um Decho único e o tecto uma conDiura,(o mais reular. A e?plica,(o que
tecnicamente possa ter o enima da abobada determinar# se as nervuras Doram lavradas
no local por carpinteiros que Di+essem parte do rupo de mareantes construtores/ ou
vierem 3# lavradas da !etr$poles/ em Dramentos destinados eventual constru,(o de
capelas/ e em virtude de n(o corresponder a constru,(o a qualquer pro3ecto tiveram de ser
estruturadas com dois Dechos no assentamento.
Nas paredes est(o duas sepulturas/ uma de cada lado do altar/ ambas do s"culo
F2'. No ch(o est(o mais alumas inscri,es do mesmo s"culo e outra do s"culo F2'''.
No adro h# sepulturas dos s"culos F2''/ F2''' e F'F. É tudo ente not#vel/ como
)enhoras/ um Bispo/ um 2ice-7ei/ Capit(es e Governadores/ e Governadores-Gerais mais
modernos. 0?cepto as das paredes/ e as do s"culo F'F/ nenhuma das outras inscri,es
est# nos locais primitivos e alumas vieram de outros templos. Na sacristia minúscula
est(o provisoriamente avulsas alumas la3es encontradas em obras diversas/ pela cidade.
Possui ainda a cimalha de Dolhas estili+adas com um alistamento de bolas/ o arco/ os
canhes e carneiros dos alero+es/ as escadas/ as abobadas. 6obato I@XJ/ s<pL.
A descri,(o de Cid I@XX/ p. @@L " perDeita e n(o dei?a marem para dúvida que
estamos perante uma obra-prima de requinte. %escreve da seuinte maneira o baluarte4
“Os lanços de muro #ue corem de baluarte a baluarte os mais compridos #ue são do
baluarte ,am Loão at Dossa ,enora do Ialuarte e do de Gabriel at o de ,ancto 1ntBnio são
de sincroenta braços a.ora os mesmos baluartes #ue cada um por ssP e ua praça assP na
dita .orma de trian&ulo onde poderão caber mais de cem omens descubertos por sima em parte so se tem cuberta al&ua artelaria mas não toda com #ue apodrecem os repairos das
artilaria #ue nelles esta< Os outros dous lanços de muro do baluarte ,am Loão at o de ,ão
Gabriel e do baluarte da Dossa ,enora at o de ,ancto 1ntBnio tem de cumprimento trinta e
trCs braços a.ora os ditos baluartes< O interior da .ortale@a i&ualmente bem distribu8do .a@ na
bet(o/ na constru,(o civil.
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entrada um recinto ou praça de .i&ura #uadrada com uma &rande cisterna ao centro e a um lado
a$ia a i&re;a de ,< ,ebastião " pouco demolida #ue parB#uia de todos os militares e #ue
con$m reedi.icar em outro sitio #ue " a8 mui asado para este e.eito .icando a praça mais
.ormosa e desembaraçada2N <;
* e?tenso baluarte raso de Nossa )enhora montava ultimamente @ pe,as/ e
apenas K em @JKS. * municionamento era Deito pelo paiol do baluarte a cavaleiro/ que
e?plodiu em @XR/ Dicando completamente destru=do. A capela/ por"m/ nada soDreu. As
paredes do baluarte Doram depois simplesmente levantadas/ n(o se tendo completado o
interior nem Deito a cobertura para nele instalar de novo a casa da p$lvora/ Dicando
sempre va+io. &oram tapadas a pedra e cimento alumas cavernas proDundas abertas pelo
mar no coral que Dorma todo este espor(o da ilha/ de modo a preservar a capela. 6obato
I@XJ/ s<pL
II. I2port%cia re)igiosa
*s trabalhos/ perios e anustias das desconDort#veis e muitas ve+es tormentosas viaens
da "poca/ levaram os via3antes cheados a !o,ambique a ir Capela do Baluarte e
aradecer o salvamento 2irem. *rani+avam-se procisses de louvor/ cumpriam-se
promessas Deitas com a morte diante dos olhos.
S Cita,(o e?tra=da do 5%icion#rio dos Arquitectos/ 0nenheiros e Construtores Portuueses;/vol. '/ s<ed./@XSS/ p. @K-@KJ de )ousa 2iterbo.
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* Padre Go%5a)o da Si)veira/ escreveu/ por e?emplo/ vindo de Goa a caminho de
'nhambane o seuinte4
5 Estamos em Moçambi#ue me ocupei em al&umas con.iss*es de omens &rossos #ue
morriam deles da arribada deles de c"< De&oceei por nossa empresa uma procissão com as
rel8#uias das On@e Mil Vir&ens #ue a#ui dei e umas $esporas calmas .rios e sedes nas serras
$ales e barrancos e .inalmente por tudo a#uilo #ue se pode ima&inar contr"rio medono
pesado triste peri&osos &rande mau desditoso ima&em da morte cruel onde tantos omens
mancebos ri;os e robustos acabaram seus dias dei:ando os ossos insepultos pelos campos e as
carnes sepultadas em alim"rias e a$es pere&rinas e com suas mortes a tantos pais e irmãos a
tantos parentes a tantas muleres e .ilos cobertos de luto neste reino .;
0 h# um outro documento hist$rico da mesma oriem que di+ o seuinte4
5/e&"mos primeiro #ue todas as naus< ,ur&imos uma l&ua de Moçambi#ue por ser
assim necess"rio e a#ui dormimos esta noite< 1o dia se&uinte pola manã me pediram todos os
da nau .osse a terra no es#ui.e da nau e #ue pCra isso nos dariam &ente e marineiros #ue nos
le$assem se&uramente pCra #ue em começando a nau a dar F $ela começasse a di@er missa em
Dossa ,enora do Ialuarte por ela a #ual esta$a de.ronte da nau< /riou-se uma tradição e os
#ue ce&a$am com boa ou m" $ia&em iam todos em roma&em com os da terra render &raças na
pe#uena capela< 4am da praia todos ;untos lo&o dali com a mais &ente da nau e da terra em
procissão a Dossa ,enora do Ialuarte a dar-le &raças da ce&ada ale&ando-se todos com
inos e cantos de lou$or di$ino.SJ ;
0stamos perante dois trechos do mesmo documento. * primeiro " o relato do padre
Gon,alo da )ilveira que durante o seu sacerd$cio aDirma ter ouvido conDisses de homens
rossos Ida ilhaL enDermos de cu3a doen,a os condi+ia morte. %i+ ter visto uma situa,(o
avessa ao bem-estar social/ ou se3a/ medonha/ em que os corpos dos homens mortos
3a+iam sobre os campos para a 5delicia; dos abutres. 2endo isso/ neociou a prociss(o de
rel=quias das *n+e !il 2irens/ provavelmente para quem quisesse e pudesse Ios
escravos n(o tinham qualquer direitoL encontrasse nelas a salva,(o. 0ra tamb"m/ no
Dundo/ a salva,(o do tecido social. * seundo trecho retrata louvores que os homens
SJ 4n >oseph ich/ vol. ''/ 7oma/ @XK/ p. @ 1 A.N.T.T.
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Da+iam/ depois ou quando quisessem via3ar/ correndo bem ou mal a viaem/ o ritual
reliioso Doi sempre uma tradi,(o constante a ter em conta. 0 Cap. de Nossa )enhora do
Baluarte Doi durante laros anos/ tal como se l/ palco de muitos desses louvores e ra,as
de %eus.
0 a perunta que se coloca "4 teriam os escravos acesso Cap. de Nossa )enhora
do BaluarteM A resposta 3# Doi dada acima 1 N(o[ N(o h# nenhum reisto documental de
que os escravos teriam acesso ao culto na capela. Por"m/ a 5instru,(o; reliiosa aos
povos da ilha era Deita em misses apropriadas para o eDeito. * 5estatuto de escravo; n(o
outorava quem a tivesse IneroL a nenhum direito iual ou superior a dos brancos/ como
" $bvio/ muito menos para a ocupa,(o de caros reliiosos[
Tamb"m n(o est# documentado em nenhuma Donte consultada/ mas " prov#vel
que com a evolu,(o do tempo/ as outras inDra-estruturas reliiosas/ nomeadamente as
Capelas de ). Paulo/ )tW Ant$nio e ). &rancisco as 're3as da )aúde/ !iseric$rdiaSS e de
). )ebasti(o e o Convento de ). %ominos/ poder(o ter recebido neros no seu interior
para ora,(oSX. É uma hip$tese[ 0sta hip$tese " baseada num relato de Ant$nio Boccaro/
com o seuinte teor4
5 1lm destas 4&re;as " na dita po$oação outra camada a MisericBrdia #ue os casados sustentam com um capelão e toda a mais ."brica onde e:ercitam as obras de misericBrdia com
muita caridadeJ nestas casa se a;untam os moradores e casados desta po$oação para tratarem
al&um particular do bem comum por#ue como não tCm casa de Vereação (por#ue em tão
pe#ueno po$o parece-les não necess"rio) na dita casa se a;untam ou pCra a$isarem ao Viso-
Rei se a matria o pede e ali se .a@em os almotacs67<”
SS É o único templo que crist(o em que se praticava diariamente o culto. 'dem.SX >escrição dos Estabelecimentos Reli&iosos da /idade de Moçambi#ue e:traida d0ummanuscrito do Iispo de ,< om e %relado de Moçambi#ue >< r< Iartolomeu dos M"rtires em+233 com notas do 1utor do 1lmanack in 1lmanack /i$il Ecclesi"stico !istBrico- 1dministrati$o da %ro$8ncia de Moçambi#ue para o anno de +256por L< V< Gama Moçambi#ue 4mprensa Dacional +256/ p. @X e ses.X 2ias de )ucess(o e Carta do 2ice-7ei !iseric$rdia de !o,ambique/ de @/ in Boletim da&ilmoteca Ultramarina Portuuesa/ nW / 6isboa/ @XK/ pas. SK-S.
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A Donte n(o especiDica/ por"m/ se esses moradores e casados da povoa,(o s(o
ind=enas ou simplesmente pessoas da mesma cor Ibranca ou neraL ou ainda/ se havia
uma misciena,(o de pessoas de ra,as e cores diDerentes[ 0st# documentado a e?istncia
dum alpendre/ desde @K pelo menos/ na seuinte passaem duma carta do Pe. %.
Gon,alo da )ilveira/ escrita de !o,ambique em @ de &evereiro de @K ?
“<<<me desembar#uei num pan&aio com dois cristão de %antalião de ," e me .ui a Dossa
,enora do Ialuarte< E por#ue por certa ocasião se nos molaram as botas e ao omem #ue ia
comi&o descalç"mos e est"$amos .ora depois de .a@er oração a Dossa ,enora no alpendre
tomando .Wle&o descalços e os ps tais #ue;andos< Disto ce&a rancisco Iarreto #ue me $ina
$er 6+<<<”<
Num outro documento/ ainda em torno da importVncia reliiosa da capela/( 6obato/ @XJ/ s<pL in avier Bote)4o escreveu o seuinte4
#... " no baluarte camado de Dossa ,enora uma Ermida com uma de$ota ima&em
cu;o culto mantido pela piedade de uma con.raria de #ue costumam ser ;u8@es os o.iciais
superiores da &uarnição e de #ue todos os outros são irmãos . 1 esta Ermida se encaminam os
/apitães-Generais lo&o #ue na , Matri@ acaba a /9mara de les dar posse do Go$erno e ali
recebem o bastão de General #ue est" depositado nas mãos da ,enora donde o trans.ere o
Iispo >iocesano ou #uem .a@ as suas $e@es para as do General repondo-o outra $e@ no mesmo
santo depBsito< Este acto con.ira a posse do General no Go$erno da ortale@a pela #ual
prestara ;uramento de preito e omena&em nas mãos d El-Rei<<<”
%i+ o te?to acima que a capela era um luar sarado em que conDeria posse aos
membros do Governo Iadministra,(o localL. 'sto atesta que o poder pol=tico estava
intrinsecamente liado relii(o. )en(o ve3amos um outro te?to do mesmo autor com o
seuinte teor4 5 >isse #ue a pe#uena capela da Dossa ,enora do Ialuarte desempenou
papel de consideração durante sculos< %ro$am-no as lousas #ue ali cobrem os restos
mortais de pessoas ilustres< Era ali #ue os capitães-mores e &o$ernadores iam
completar o in$estimento do seu alto car&o< >epois da cerimonia no pal"cio de ,< %aulo
e na ane:a capela diri&ia-se a numerosa e lu@ida comiti$a para a .ortale@a e entra$am
os #ue l" cabiam.;
X@ >oseph ichi Ivol. '2/ 7oma/ @XK/ p. KRR
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Completamente esquecida/ Doi outrora a Capela de Nossa )enhora do Baluarte o
melhor que h# em toda a Drica portuuesa4 “Visit"mos primeiro a Dossa ,enora do
Ialuarte a #ual se $Cs de mui lon&eJ a melor casa e i&re;a na terra tem 63”< e o mais
importante e visitado templo da ilha/ romaem obriat$ria de todos que cheavam ou
passavam/ os que tinham acabado o pesadelo da viaem para come,ar ali o das Debres/ e
os que iam continu#-la pelos escolhos do Endico merc de %eus.
As lonas procisses lentas e cantadas/ cruciDi?os/ imaens e pendes ao alto/ o
sol de chapa/ as litanias no ar ao som de sacabu?os/ trombetas e charamelas/ estendiam-se
da praia capela uiadas pelos sacerdotes que levavam consio aos sermos os Didalos
vistosos de seda e veludos/ os mareantes arridos/ e os p#lidos burueses da terra/
enriquecidos no trato/ consoante os Datos das vistas nos dias solenes.
Perderam-se cento e cinquenta vidas ao despeda,ar-se a nau nauDraada no Cabo/e salvarem-se em 6ouren,o !arques/ trocados por contas ao caDres/ pelo capit(o de um
navio que ali Dora ao resate anual do marDim/ vinte portuueses e trs escravos somente/
de tre+entas e vinte e duas almas que partimos donde a nau deu costa. A mesma Donte
acrescenta que4 “odos .icaram pelo camino e nos lu&ares em #ue esti$emos deles
mortos de di$ersas mortes e desastres e deles cansados deles no po$oado e delas no
deserto se&undo Dosso ,enor era ser$ido6;.
*s sobreviventes chearam a !o,ambique a de Abril de @KKK/ quase um ano
depois do nauDr#io. Por isso/ 5tantos #ue desembarcamos .omos assim ;untos .a@er oração F
i&re;a de ,anto Esp8rito onde a nosso ro&o $eio ter o $i&"rio com os sacerdotes e &ente toda da
.ortale@a e dali .omos com solene procissão e romaria a Dossa ,enora do Ialuarte< E
dormindo ali a#uela noite mandamos ao outro cantar a missa #ue t8namos prometida .a@endo
;untamente celebrar outros santos sacri.8cios em lou$or e &raças de Dosso ,enor<;
A venera,(o de Nossa )enhora do Baluarte pelos mareantes e passaeiros da Endia
deve-se ao Dacto de ser a capela o único templo da invoca,(o de Nossa )enhora que podia
X Carta do Pe. Gaspar %ias/ ). >./ de Goa/ R de )etembro de @KJ/ in >ocumenta 4ndica Vol<V44 p"&< 32A .
XR 4n !istBria r"&ico Mar8tima compilada por Iernardo Gomes de Irito Do$a
Edição de >amião %eres Vol< 4 p"&< +72 %orto +6N .
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visitar-se durante a viaem na única escala que a naus Da+iam normalmente de 6isboa
Endia. As vidas no mar corriam tanto risco que o culto mariano era Dervoroso X. I6obato/
@XJ/ s<pL.
Co%c)us8o
A elabora,(o deste trabalho permitiu-me aproDundar os conhecimentos at" ent(o
microsc$pica sobre a Hist$ria de !o,ambique4 da ilha de !o,ambique/ mais
concretamente a &ortale+a de )(o )ebasti(o e a Capela de Nossa )enhora do Baluarte.
X )ublinhado meu.
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Um tema vasto/ perple?o sob ponto de vista das Dontes/ interessante pela con3untura e
antiuidade hist$rica.
A primeira conclus(o que se pode tirar deste trabalho/ antes de tudo/ antes mesmo de se
Da+er uma 5autopsia; eral das Dontes/ " que tanto Portual como !o,ambique Ient(o
col$nia portuuesaL Di+eram a hist$ria do !undo durante cerca de K s"culos/ uma
hist$ria/ dita em bom da verdade/ teve como rebento o chamado 5 processo dos
descobrimentos;. 0 " por isso irrevers=vel Dalar da hist$ria do !undo/ sem Dalar da
hist$ria destes dois pa=ses/ que mais n(o tem/ em minha Dranca opini(o/ uma hist$ria
comum.
A crise europeia do s"culo F'2/ instiada por v#rios Dactores/ entre eles destaco a redu,(oda #rea da parcela de terra cultivada por cada Dam=lia camponesa/ o abandono das terras
lim=troDes conquistadas com novos desbravamentos/ sucess(o de intemp"ries e/
consequentemente/ a bai?a produ,(o/ as Domes/ as uerras/ o aumento das tributa,es/ a
crise monet#ria/ a Dalta de m(o-de-obra provocada pela quebra demor#Dica e/ Dinalmente/
a peste nera/ aceleraram o surimento de novas ideias IsociedadeL baseada no
7enascimento e dos 5tempos modernos;/ durante o qual/ e para colmatar as imposi,es
da crise/ os europeus reali+aram intensas e?plora,es oceVnicas do lobo terrestre em
busca de novas rotas de com"rcio/ para Da+er Dace aos pre3u=+os da crise.
&oi assim que Portual estabeleceu rela,es com Drica e sia/ em busca de uma rota
alternativa para o *riente/ movidos pelo com"rcio de ouro/ prata e especiarias. 0stas
e?plora,es no AtlVntico e =ndico Doram seuidas pelos pa=ses do norte da 0uropa/
&ran,a/ 'nlaterra e Holanda/ que e?ploraram as rotas comerciais portuuesas. &oi
tamb"m assim/ na esteira da viaem e?plorat$ria de 2asco da Gama Endia/ em @XS/
que os portuueses atra=dos Dundamentalmente pelo ouro do reino de !onomotapa/
iniciaram o lono processo de ocupa,(o e domina,(o colonial portuuesa em
!o,ambique/ tendo como ponto de partida a ilha de !o,ambique/ devido a sua
locali+a,(o eo-estrat"ica. &oi Dundamentalmente o ouro que atraiu os portuueses a
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!o,ambique/ pois com ele poderiam comprar as especiarias asi#ticas Icanela/ cravo/
tecidos da Endia/ etc.L/ t(o apreciados na 0uropa.
No s"culo F2' os portuueses estabelecem-se nesta rei(o Iilha de !o,ambiqueL/ que
Doi sempre considerada estrat"ica na rota do caminho mar=timo para a Endia/ e por ter
sido um porto seuro navea,(o que se reali+ou no =ndico/ mas tamb"m se deve a
atrac,(o de diDerentes mercadores que ali se Di?aram/ visando o com"rcio do ouro/ do
marDim/ das especiarias e/ muito provavelmente/ de escravos/ ob3ectos de cobi,a e ponto
estrat"ico/ ela Doi por v#rias ve+es sitiada/ invadida/ pilhada e arrasada.
Basta lembrar que por l# passaram os #rabes/ os chineses/ os turcos/ os indianos e outras
nacionalidades. A reac,(o dos #rabes/ indianos e das tribos locais Dace intromiss(o pelos portuueses nos seus ne$cios/ no =ndico/ tornam cada ve+ mais imperiosa a DortiDica,(o.
Come,a ent(o/ em @KKS/ a constru,(o da &ortale+a de )(o )ebasti(o. A conclus(o que
cheo " de que esta Dortale+a/ constru=da por !iuel de Arruda/ n(o s$ deDenderia a ilha
dos invasores/ mas sobretudo os interesses dos portuueses na rota das especiarias
indianas.
7apidamente/ o overno colonial portuus percebeu que a conquista dos povos
aut$ctones passava por via da relii(o. * monote=smo de alumas tribos/ a Drailidade
econ$mica e militar desse povos/ permitiu a uma r#pida instala,(o e implementa,(o da
relii(o cat$lica. Tal s$ Doi poss=vel com a3uda dos 3esu=tas/ 5encapu,ados; de ideias
reliiosas D#cil Doi penetrar e convencer o tecido social ind=ena. )ure assim/ a
constru,(o da Capela de Nossa )enhora do Baluarte/ constru=da por %. Pedro de Castro/
um autntico baluarte reliioso. %a= a necessidade premente dos portuueses estripar os
cultos e costumes #rabes.
Por Dim/ conclui-se que a ilha de !o,ambique teve durante o per=odo cronol$ico em
estudo quatros randes utilidades4 militar/ ber,o da relii(o cat$lica em !o,ambique/
comercial e residencial. 'lha de !o,ambique4 "/ Doi e ser# para sempre um dos ber,os da
hist$ria mundial dos s"culos F2' a F'F.
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