paisagismo funcional no ambiente escolar … · proporcionam ao ambiente a renovação da...
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PAISAGISMO FUNCIONAL NO AMBIENTE ESCOLAR
PAISAJISMO FUNCIONAL EM EL ENTORNO ESCOLAR
FUNCTIONAL LANDSCAPING IN THE SCHOOL ENVIRONMENT
Apresentação: Pôster
Maycon Danilo Sousa Alves; Milena Samara da Luz; Raiane de Carvalho Barros;Kataryna Pinheiro Zang; Paulo Henrique Dalto
Introdução
As paisagens não tem apenas uma função de contemplação visual, elas refletem o
conjunto das sensações humanas, a interação da paisagem com o ser humano se dá, além do
meio visual, pelo auditivo, olfativo, táctil e gustativo (DE ALENCAR e CARDOSO,
2015), tornando assim os jardins um conjunto de manifestações de emoções e culturas,
determinando uma relação de interação comportamental entre o homem e a natureza, além de
estar relacionado a sociedade a qual ele está inserido e dos processos de idealização da
natureza (ALVEZ e PAIVA, 2010).
Com a crescente urbanização, o paisagismo tem se destacado como indicador de
qualidade de vida, participando das discussões sobre sustentabilidade e, adequando-se a um
novo paradigma do paisagismo contemporâneo, ser mais interativo e dinâmico com as
pessoas, já que estas áreas propiciam vários benefícios, entre eles, melhoria da qualidade do
ar, possibilitam a infiltração da água das chuvas e promovem a diminuição de temperatura no
local (DE ALENCAR e CARDOSO, 2015).
O cultivo de plantas de interesse alimentício no paisagismo, denominado
paisagismo funcional, além de propiciar alimentos, temperos e plantas medicinais
suplementares ao consumo familiar, traz vários benefícios para a saúde (DE ALENCAR e
CARDOSO, 2015), seja no consumo de alimentos saudáveis ou na execução de atividades de
jardinagens que são consideradas por muitos como terapêuticas e de bem-estar. Segundo
Marçallo et al. (2007), a hortiterapia é uma técnica da qual as pessoas alcançam bem-estar
físico e mental por meio do cultivo de plantas e do contato com a natureza.
Assim este projeto pretende estabelecer jardins no ambiente escolar do IFPI Campus
Uruçuí onde serão cultivadas espécies alimentícias, medicinais, frutíferas, temperos e
espécies ornamentais, a fim de melhorar o espaço de convivência dos alunos, bem como
fornecer um complemento alimentar para a comunidade escolar em especial para os alunos
alojados.
Fundamentação Teórica
A manipulação consciente da paisagem é feita desde que a humanidade passou a ser
sedentária e a cultivar seu próprio alimento (DE ALENCAR e CARDOSO, 2015). De acordo
com Sabbagh (2011), as áreas verdes ou os espaços verdes tornaram-se essenciais, pois
proporcionam ao ambiente a renovação da oxigenação do ar, hidratando a atmosfera por meio
dos processos da fotossíntese e da transpiração, podendo ser considerado ainda, um fator para
a diminuição do stress da população urbana e, melhoria da qualidade de vida local.
Pode-se caracterizar como paisagismo funcional qualquer jardim ou projeto
paisagístico que viabilize o cultivo em consórcio, de espécies ornamentais com espécies de
importância ecológica (capazes de abrigar a fauna silvestre e de favorecer a sua reprodução),
espécies de uso alimentício, espécies medicinais e aromáticas, todas cultivadas de forma
integrada, como parte do jardim, formando o conjunto da paisagem ou complementando sua
arquitetura (DE ALENCAR e CARDOSO, 2015).
Embora esse conceito pareça atual, sabe-se que desde os suntuosos jardins egípcios, o
cultivo de plantas úteis para a alimentação ou outro que não somente a ornamentação,
naquela época já eram utilizadas espécies de plantas frutíferas, medicinais e hortaliças (DE
ALENCAR e CARDOSO, 2015). Segundo Gengo e Henkes (2012) os jardins verticais,
telhados verdes, calçadas ecológicas, e qualquer outro tipo de paisagismo, podem ser usados
não apenas para ornamentação dos espaços, mas também para cumprir uma função
ambiental, a de melhorar o meio ambiente, podendo contribuir para a diminuição da
temperatura, drenagem das águas da pluviais, elevação da umidade do ar, diminuição da
erosão, além de possibilitar a manutenção da vida para diversos seres vivos como bactérias,
insetos, aves e até mamíferos.
O âmbito escolar é o lugar onde boa parte da população se insere em alguma etapa da
vida e, sendo este um lugar para aprender, se relacionar, discutir, criar, comparar, rever,
construir, perguntar e ampliar ideias (FAGUNDES et al., 2015). Um estudo de caso realizado
na cidade de Jundiaí, SP, verificou que as hortas escolares da rede municipal de ensino
colaboram para que as crianças adquirissem hábitos alimentares mais saudáveis a partir do
produto gerado pelos próprios alunos, oriundo do trabalho de aprendizagem em hortas na
própria escola (ALVEZ e PAIVA, 2010).
Portanto, é importante desenvolver projetos para criar um ambiente adequado e
aconchegante, sendo dever da comunidade escolar preparar cidadãos para uma vida social
humanizada e harmonizada com o meio ambiente. (FAGUNDES et al., 2015.
Para que todos esses objetivos sejam alcançados com sucesso há necessidade que este
lugar, de tantas perspectivas, seja um ambiente agradável. Nada mais justificável à busca de
um espaço de lazer que traga inspiração e conforto (LEÃO, 2005).
Metodologia
O projeto será realizado no município de Uruçuí - PI, nos arredores das salas de aula e
alojamentos masculino e feminino do Instituto Federal do Piauí, Campus Uruçuí situado nas
coordenadas 7°16'32.7"S 44°30'21.2"O, a 378 metros de altitude. O clima é tropical
possuindo verão com mais pluviosidade que o inverno, sendo classificado como Aw segundo
Köppen e Geiger, possui temperatura média de 27.2 °C e uma pluviosidade média anual de
1069 mm (CLIMATE-DATA, 2017) com evapotranspiração variando de 1400 a 1600 mm
anuais (NEVES et al., 2015).
Primeiramente será escolhida a área piloto, onde serão implantados os primeiros
jardins funcionais, nessa área, o primeiro passo será o preparo do solo e a limpeza da área,
retirando o mato, pedaços de madeira, pedras, resto de material de construção ou qualquer
outro material que possa atrapalhar a implantação do jardim. Logo depois, ocorrerá o
revolvimento do solo e adição de esterco proveniente da suinocultura devidamente curtido
adicionado de calcário.
A largura e o comprimento de cada canteiro dependerão da sua localização e formato.
Caso haja necessidade, serão deixados corredores para circulação entre um canteiro e outro,
esses corredores devem possuir no mínimo 1,00m de largura. As bordas dos canteiros serão
feitas com garrafas pets, separador de canteiros ou pedras, dependendo da disponibilidade
desses materiais.
Serão utilizadas sementes adquiridas em casas agropecuárias da cidade ou através de
doação de professores, alunos ou seus familiares.
As mudas serão produzidas pelo sistema de semeadura direta ou pelo sistema de
semeadura indireto, conhecido como transplante. O Transplante deve ser realizado quando as
mudas apresentarem boa conformação de folhas e raízes, a fim de diminuir a mortalidade.
Tanto no sistema de semeadura direta quanto no transplante, as sementes serão regadas todos
os dias.
O controle de ervas daninhas será manual, este controle é essencial para o bom
desenvolvimento de qualquer espécie agrícola, pois estas ervas daninhas competem com a
cultura por espaço físico, umidade e nutrientes, além de serem hospedeiras de pragas e
doenças que podem diminuir a produtividade das culturas. Assim se faz necessário seu
controle durante todo o ciclo das culturas.
Resultados e Discussões
Criação de espaços de descontração e lazer para os alunos e produção de hortaliças,
temperos e frutas para complementação da alimentação dos alunos moradores do campus
Uruçuí.
Desenvolver atividades relacionadas ao meio ambiente, alimentação saudável e o
cultivo e manejo de hortaliças, que sejam realizadas em conjunto os alunos, professores e
funcionários de modo interdisciplinar e transdisciplinar.
Desenvolver hábitos alimentares mais saudáveis, melhorando a qualidade de vida
principalmente dos alunos internos.
Possibilitar aos alunos envolvidos no projeto vivências práticas, aplicando os
conhecimentos adquiridos de modo interdisciplinar nas disciplinas irrigação e
drenagem, olericultura, educação ambiental, extensão rural, dentre outras.
Espera-se que o trabalho possa se tornar um projeto piloto, que através de parcerias
institucionais entre as esferas municipal e estadual, possa ser implantado nas demais unidades
escolares, creches ou qualquer outro órgão público, contribuindo com meio ambiente e
nutrição da população local.
Figura 1 – local escolhido para o plantio.
Fonte: Própria (2017)
Figura 2 – foto tirada um ano após a implantação do projeto.
Fonte: Própria (2018)
Conclusões
Foram notados várias mudanças tanto nos alunos envolvidos no projeto como nos
servidores que participaram, até mesmo os funcionários terceirizados apoiaram a proposta e
levaram algumas mudas de ervas utilizadas para produção de chás para suas casas a
fim de ter uma vida mais saudável, mostrando a importância de ensinar não só ao alunos
mas também as pessoas sobre a facilidade de se plantar em algum local da residência, escola
ou trabalho, uma erva para produção de chá, um tempero para utilização nas refeições, ou até
mesmo algumas hortaliças.
Referências
ALVES, S.F.N.S.C.; PAIVA, P.D.O. Os Sentidos: jardins e paisagens. Ornamental
Horticulture, v. 16, n. 1, 2010.
BOCCALETTO, E. M. A.; MENDES, R. T.; VILARTA, R. Estratégias de promoção da saúde
do escolar: atividade física e alimentação saudável. Campinas: IPES Editorial, 2010.
CLIMATE-DATA. Disponível em <https://pt.climate-data.org/location/42385/>. Acesso em
04 de agosto de 2017
DE ALENCAR, L. D.; CARDOSO, J. C. Paisagismo funcional–O uso de projetos que
integram mais que ornamentação. Revista Ciência, Tecnologia & Ambiente, v. 1, n. 1, p.
1-7, 2015.
GENGO, R. C.; HENKES, J. A. A utilização do paisagismo como ferramenta na preservação
e melhoria ambiental em área urbana. Revista Gestão & Sustentabilidade Ambiental, v. 1,
n. 2, p. 55-81, 2012.
LEÃO, J. A. C. Considerações sobre o projeto escola aberta: perspectivas para uma agenda de
lazer. RECIFE, 2005.
SABBAGH, R. Arborização urbana no Bairro Mario Dedini em Piracicaba. Soc. Bras. de
Arborização Urbana REVSBAU, Piracicaba – SP, v.6, n.4, p. 90-106, 2011.
TAVARES, A. M. B. N. et al. Educação Ambiental e horta escolar: novas perspectivas de
melhorias no ensino de ciências e biologia. In: Encontro Nacional de Ensino de Ciências da
Saúde e do Ambiente, 3º ed., 2012, Niterói. Anais... Niterói: UFF, p1-11, 2012.