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JESUTAS BRASIL
Em edio 32ANO 4mArO 2017InformatIvo dosJesutas do BrasIl
PAPA PEDE ACOLHImENTODE mIGrANTES
pg. 10
EDUCAO SUPErIOr: TrABALHO Em rEDE
pg. 19
ALIANA DO PAm SJ E UNIVErSIDADES JESUTAS
pg. 21
especial pg. 12
Misso de f e cultura Abertos ao dilogo, os jesutas tm vivenciado a riqueza
dessa experincia evangelizadora
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4 5Em Em
suMrio edio 32 | ANO 4 | mArO 2017
edItorIal F e Cultura, coisas inseparveis
Pe. Alexandre Raimundo de Souza, SJ
CalendrIo lItrgICo
entrevIsta PeregrInos em mIsso Servir a Cristo na Companhia
Pe. Odair Jos Durau, SJ
o mInIstrIo de unIdadena IgreJa santa s Papa crtica demagogia populista e
pede acolhimento de migrantes
O dilogo o antdoto para a violncia, afirma Francisco
Itinerrio de turismo jesutico
esPeCIal F e Cultura, um dilogo essencial
mundo CrIa Despedida do Pe. Adolfo Nicols Justia Social e Ecologia Nomeaes Trabalho em rede na Educao Superior Malsia: Dilogo entre muulmanos e cristos Timor-Leste: favorecendo aos aldees o acesso
gua potvel
amrICa latIna CPal O olhar no horizonte e o corao nos pobres Reunio do OLMA Participao na Assembleia do CIMI Aliana do PAM SJ com as universidades jesutas
dIlogo Cultural e relIgIoso Filme sobre os jesutas no Japo chega ao Brasil Pe. Gasda fala sobre tica nas organizaes
servIo da f Campanha da Fraternidade 2017
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A pintura do padre Geraldo Lacerdine um exemplo da
cultura a servio da f
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4 5Em Em
Promoo da JustIa e eCologIa OLMA apoia manifesto contra medidas migratrias de Trump
eduCao O legado da Campanha Inacianos pelo Haiti Educao jesutica e formao de professores so temas de livros
Juventude e voCaes Programa MAGIS Brasil planeja seu III Frum Nacional Aproximao e escuta dos jovens
JuBIleus / agenda
EmJESUTAS BRASIL
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InformatIvo dosJesutas do BrasIl
ExPEDIENTE
EM COMPANHIA uma publicao mensal
dos Jesutas do Brasil, produzida pelo Ncleo de
Comunicao BRA So Paulo.
coMuNicao [email protected]
www.jesuitasbrasil.com
diretor editorialPe. Anselmo Dias
editora e jorNalista respoNsvelSilvia Lenzi (MTB: 16.021)
redaoJuliana Dias
diagraMao e edio de iMageNsHanderson Silva
rica Silva
aNNciorica Silva
colaBoradores da 32 edioBruno Alface, Jonatan Silva, Pe. Josaf Carlos de
Siqueira, Pe. Jos Luis Fuentes Rodriguez, Leo-
nardo Sancho, Lilian Saback, Luiz Felipe Lacerda,
Pe. Valrio Sartor e Ana Ziccardi (reviso). Um
agradecimento especial a todos que colaboraram
com a matria especial dessa edio.
fotosBanco de imagens / Divulgao
traduo das Notcias MuNdo + cria geralPe. Jos Luis Fuentes Rodriguez
errataNa 31 edio do Em Companhia (Jan./Fev.), na edi-
toria Jubileus, informamos que o padre Plutarco de
Souza Almeida celebrou 25 anos de Companhia, na
verdade o jesuta completou 25 anos de Sacerdcio.
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6 7Em Em
editorial
f e cultura, coisas iNseparveis
pe. alexandre raimundo de souza, SJ* Superior da Plataforma Apostlica Nordeste 2
Hoje, talvez seja mais fcil falar de f do que falar de cultura. Pode parecer estranho, mas a verda-de. Temos tantas afirmaes sobre cultura
que fica difcil dizer algo. Muitos falam
que estamos vivendo a cultura do descar-
tvel. Se for isso, j no temos mais cultu-
ra. Cultura supe memria, raiz, tradio,
herana. Uma pessoa sem memria no
tem narrativa, no tem conexo, pode es-
tar morrendo do ponto de vista existencial
humano. Minha existncia perde a cone-
xo com o passado. Seria nascer num lu-
gar onde no se sabe qual a sua cultura.
E a f? Ter f ter esperana, acreditar
que, no meio de tantas coisas difceis, ain-
da h sinais de vida, de construo. Mas a
f supe memria, supe narrativa um
dia, ouvimos a histria da criao, o ser
humano foi criado. H a histria da sal-
vao e o ser humano foi tocado por ela.
Cresceu um desejo de busca pela vida, um
conhecer-se. Houve encontros marcantes
do ser humano com Deus. Ele fez uma ex-
perincia com o criador. Deu-se conta do
existir humano espiritual. Sentiu-se to-
cado por Deus e narrou. Deu testemunho,
contou histrias do incio da criao. Fez
representaes dessa experincia. Apren-
deu a sepultar seus mortos. Criou ritos
para finalizar sua trajetria. Tornou-se um
*O jesuta formado em Bens Culturais e Histria da Igreja pela Pontifcia Universidade Gregoriana e master em Pinturas pela Accademia
di Belle Arti di Roma, ambas as instituies tm sede em Roma (Itlia).
ser espiritual. Pronunciou-se uma narra-
tiva da experincia de Deus. Desde o in-
cio, fica difcil separar f e cultura. Rituais
surgem dessa experincia com o sagrado.
Assim, a f foi se configurando no existir
humano, na busca do transcendental.
Mas foram muitas geraes at que,
um dia, a cultura brigou com a f. Quan-
do foi que f e cultura se desconectaram?
Sem memria, fica difcil responder essa
pergunta. Pior que as relaes ainda fi-
cam mais complicadas quando entramos
no mundo das realidades das novas tec-
nologias, um mundo carregado de infor-
maes que mudam rapidamente. Nele,
no preciso ser real, posso ser tambm
virtual. Talvez nos conectamos tanto e
perdemos a conexo da memria. Perde-
mos o bom senso das relaes, pensamos
que fazemos cultura, apenas banalizamos
a vida desprovida de qualquer memria
e valor. Outro problema deste tempo da
conectividade o ser intolerante, dizer
coisas to fortes em relao ao modo de
ser do outro. Parece que nos conectamos
para negar, ver para ridicularizar.
Desde o incio da Companhia de Je-
sus, somos provocados pela experincia
da contemplao da encarnao, a narra-
tiva de Deus que decide entrar no mundo
para fazer parte dele. Deus desce e aproxi-
ma-se do ser humano nas diferentes reali-
dades. Tempos de paz, tempos de guerra.
Deus toca o ser humano e o faz levantar
das situaes difceis. Por isso, Santo In-
cio desejou que todo jesuta se esforasse
para entrar numa cultura, falar a lngua
daquele povo, fosse um bom observador.
Fazer-se na cultura do outro e fazer-se
uma experincia de Deus com o povo.
Anchieta entrou no meio da floresta, to-
cou a msica dos ndios, cantou com os
ndios, celebrou do jeito deles. O processo
de evangelizao dos dois lados, daquele
que entra e daquele que encontra. Anchie-
ta tambm viveu um processo de conver-
so da compreenso da cultura dos povos
indgenas. Quanto mais estudou a lngua,
mais pode dizer do jeito deles e pode com-
preender os elementos dessa cultura.
E hoje? A melhor evangelizao aju-
dar nos processos de resgate da memria
de um povo. Abrir-se possibilidade de
estabelecer uma boa relao com o sagra-
do porque o ser humano originalmen-
te um ser espiritual, mesmo quem no
tenha religio. Uma comunidade que
recupera sua memria redescobre suas
razes, torna-se uma comunidade de re-
lao, que comunica ao outro sua cultu-
ra. Ao narrar sua experincia, expressa
sua f e deixa transparecer o que vem
tona sua cultura. No celebrar, a comi-
da, o vestir, o cantar, o danar. So tantas
possibilidades de relao. O ser humano
no pode separar f e cultura. Sem cultu-
ra, fica sem memria. Sem memria, no
possvel ouvir as narrativas do Sagrado,
do Deus que se fez homem e veio morar
no meio de ns. Usemos a era da conec-
tividade a nosso favor, acessemos a me-
mria da experincia do amor de Deus.
Boa leitura!
O ser humanO nO pOde separar f e cultura. sem cultura, fica sem memria. sem memria, nO pOssvel Ouvir as narrativas dO sagradO [...]
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6 7Em Em
So Jos, esposo da Virgem Maria,
patrono da Companhia de Jesus
Anunciao
do Senhor
calendrio litrgicoPrprio da Companhia de Jesus Maro
DIA 19
DIA 25
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8 9Em Em
eNtrevista PErEGrINOS Em mISSO
Pe. Odair Jos Durau, SJ
Ordenado aos 25 anos, o padre Odair Jos Durau j era presbtero quando ingressou
na Companhia de Jesus, em fevereiro de
2013. Com 15 anos, j estudava no seminrio da Arquidiocese de Curitiba (PR), onde
cursou Filosofia e Teologia. O encontro
com a Companhia de Jesus aconteceu de
forma inesperada e mudou os rumos de sua
vida. Hoje, ele est no 2 ano do mestrado em Teologia, na FAJE (Faculdade Jesuta
de Filosofia e Teologia). Em entrevista ao
informativo Em Companhia, o jesuta conta
como deixou-se guiar por Deus em sua
caminhada na vida religiosa.
contato com o padre Nereu Fank. Na poca, ele indicou duas
possibilidades: a primeira seria deixar a diocese naquele ano
e fazer uma experincia na comunidade vocacional e a segun-
da, receber a ordenao presbiteral, exercer o ministrio por
trs anos na diocese e, em seguida, ingressar no Noviciado.
Levando em considerao a situao familiar (reestruturao
afetiva aps a perda do meu pai) e a criao da Diocese de So
Jos dos Pinhais, optei pela segunda possibilidade. A ordena-
o presbiteral foi no dia 7 de fevereiro de 2010 e o ingresso no Noviciado em 2 de fevereiro de 2013.
Em especial, o que o levou a escolher a Companhia de Jesus?
Com a experincia dolorosa da perda do meu pai, comecei a
acolher outras possibilidades que eram reais e boas. Com o co-
rao sensvel e desarmado, fui sendo afetado e deixando-me
afetar por Cristo e pela Companhia. Eis um trecho da carta que
enviei ao ento provincial padre Carlos Palcio, em 2012: Inicial-mente, fui atrado pela histria desses homens disponveis que,
com grandeza e valentia, serviram a Cristo e a Igreja realizando
faanhas incrveis em circunstncias quase impossveis. Por
meio das leituras, eu procurava descobrir o que os movia. Che-
guei concluso de que, atrs de seus xitos, havia uma apai-
xonada dedicao em servir a Deus e em ajudar os demais, uma
paixo que resultava ser a verdadeira fora motriz que movia e
integrava todo seu trabalho, graas aos Exerccios Espirituais.
O que o levou a entrar na vida religiosa,
j que era diocesano?
Eu nasci em 29 de maro de 1985, em Araucria, e fui criado em Contenda, cidades
da regio metropolitana de Curitiba (PR). No
ano de 2000, ingressei no seminrio da Arqui-diocese de Curitiba, onde realizei trs anos
de seminrio menor, trs anos de Filosofia
e quatro anos de Teologia. Em 2005, ocorreu
um fato marcante em minha vida: a morte do
meu pai. Sendo filho mais velho e sentindo
a responsabilidade de ajudar a me e a irm,
pensei em deixar o seminrio. Sentia-me in-
quieto com essa possibilidade. Desse modo,
pedia luzes a Deus. Com a experincia da
morte do meu pai, comecei a ressignificar as
minhas opes. Justamente, nesse momento,
conheci a Companhia de Jesus.
Como foi esse encontro?
O primeiro contato com a Companhia
de Jesus aconteceu por meio da leitura do
livro O segredo dos jesutas: os Exerccios Es-
pirituais. Em 2006, fiz, pela primeira vez, os Exerccios Espirituais (EE) de oito dias. Du-
rante a experincia, eu manifestei ao padre
Luiz do Canto Neto o desejo de ser um dio-
cesano com espiritualidade inaciana. No
final dos EE, padre Luiz disse que os jesu-
tas do Colgio Medianeira, localizado em
Curitiba (PR), poderiam ajudar-me. Aps a
visita instituio, padre Hilrio me acom-
panhou oferecendo livros. Padre Adilson
Feiler me acompanhou nos EVC (Exerc-
cios na Vida Cotidiana). Em 2007, entrei em
servir a cristo Na coMpaNhia
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8 9Em Em
H uma frase que me marcou: onde quer que na Igreja, mesmo
nos campos mais difceis e da primeira linha, nas encruzilhadas
ideolgicas, nas trincheiras sociais, existiu ou existe conflito
entre as prementes exigncias do ser humano e a mensagem do
Evangelho, a estiveram e esto os jesutas (Paulo VI).
Como foi a convivncia e os momentos formativos, no No-
viciado, com outros novios mais jovens que voc?
Inicialmente, foi difcil. Aos poucos, com a ajuda dos
formadores, fui entendendo e assimilando o que prprio da
Companhia de Jesus. Acredito que os Exerccios Espirituais de
30 dias foram fundamentais para acolher, tomar conscincia e posicionar-me diante da nova mentalidade que eu estava
assumindo. Destaco trs pontos do Noviciado: o primeiro, a
acolhida e a preocupao dos formadores para que eu pudesse
fazer uma boa experincia; o segundo, a convivncia com os
outros novios. De fato, eu era o mais velho, porm, na poca,
meus 27 anos no eram to distantes dos demais. Uma das coisas de que mais gostava era o tempo de partilha da orao;
e o terceiro foram as experincias do Noviciado, as quais me
ajudaram a acolher os elementos essenciais de um jesuta,
como: a disponibilidade, o servio, a abnegao, a profundidade,
o amor. O Noviciado foi um caminho humano e espiritual,
um tempo de olhar a vida com uma nova mentalidade, a qual
foi sendo formada seguindo trs etapas: a ruptura, ou seja, a
ousadia de deixar o conquistado, aquilo e aqueles que ditavam
os rumos do meu corao; o tempo de reordenar, de discernir e
eleger o que mais adequado; e a identificao com Jesus Cristo,
tendo-O como referncia e optando por aquilo que Ele optou.
Como foi o tempo do Juniorado? Quais experincias mais
lhe marcaram?
Fui destinado para o Juniorado, localizado em Belo Horizonte
(MG), com a inteno de retomar algumas disciplinas de Teolo-
gia e continuar assimilando o que especfico da Companhia
de Jesus. Durante esse tempo, o que mais me marcou foi a dis-
ponibilidade dos jesutas. Recordo-me que ficava impressiona-
do com a estrutura fsica e humana que a Companhia oferecia
aos jesutas em formao. O superior, o acompanhante, o espi-
ritual, o tutor de estudos, o provincial, enfim, muitos jesutas
estavam disposio dando um suporte para o crescimento
humano e espiritual. Aos poucos, fui entendendo o que se es-
pera de um jesuta.
Com pouco tempo de Companhia, mas j com experincia
pastoral anterior, como voc v as diferenas e semelhanas
entre os estilos de vida diocesano e religioso?
Percebo muitas diferenas e semelhanas entre os
estilos de vida diocesano e religioso, mas no vou fazer uma
comparao para evitar um juzo de valor afirmando que
um melhor que o outro. So dois estilos
de vida que ajudam a Igreja e as pessoas.
Comento apenas uma parte da Frmula
do Instituto, a qual me ajuda a entender
o estilo da vida do jesuta. Procure ter
diante dos olhos... primeiramente, a Deus
e, depois, a regra deste Instituto, que
um caminho determinado para ir at
Ele. E este fim... procure alcan-lo com
todas as foras, cada um, porm, segundo
a graa que lhe foi concedida pelo
Esprito Santo e a medida peculiar da sua
vocao. Aqui, vejo trs questes que me
encantam como jesuta: a primeira uma
espiritualidade centrada em Jesus Cristo.
T-Lo diante dos olhos; a segunda a
Companhia de Jesus como um caminho.
No vivo, no trabalho, no fao minhas
opes sozinho, mas em e na Companhia;
e a terceira, como a Companhia acredita
na pessoa, no jesuta, ou seja, o jesuta
vai colaborando com a misso de Cristo
conforme a graa que lhe foi concedida,
com o que lhe especfico.
No momento, voc est fazendo mes-
trado em Teologia. O que o motivou a
realizar este estudo? um desejo pesso-
al ou foi uma misso que o provincial
lhe destinou?
No Juniorado, eu fiz algumas
disciplinas da ps-graduao e foquei no
estudo sobre os Exerccios Espirituais.
A motivao do mestrado foi conhecer
melhor a Companhia. Desse modo, optei
por estudar Nadal, o qual no participou
do primeiro grupo de jesutas, mas foi
escolhido por Incio para divulgar as
Constituies e o modo de proceder
dos jesutas. Na dissertao, aprofundo
os Exerccios Espirituais e a expresso
usada por Incio e repetida por Nadal
En el Seor. O provincial dos Jesutas
do Brasil BRA, padre Joo Renato Eidt,
destacou a importncia de continuar na
casa de formao para assimilar o que
prprio da Companhia e aprofundar
os estudos, por meio do mestrado.
Diariamente, eu agradeo por estar na
Companhia de Jesus.
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10 11Em Em
o MiNistrio de uNidade Na igreja SANTA S
papa crtica deMagogia populista e pede acolhiMeNto de MigraNtes
Em audincia concedida aos par-ticipantes do VI Frum Inter-nacional sobre Migrao e Paz, no Vaticano, o Papa Francisco insistiu
no dever sagrado de acolher e prote-
ger os imigrantes, em um discurso no
qual condenou a demagogia populista.
Diante da rejeio, que surge em lti-
ma instncia no egosmo e amplifi-
cada pela demagogia populista, ne-
cessria uma mudana de atitude, para
superar a indiferena e para contraba-
lanar os temores com um generoso
acolhimento para aqueles que batem
nossa porta, afirmou o Papa.
No encontro, realizado no dia 21 de fevereiro, o Pontfice tambm lamentou
a situao dos imigrantes e refugiados e
criticou o fato de que um grupo de in-
divduos controle os recursos de meio
mundo. Em seu discurso, Francisco
ainda ressaltou o nmero de pessoas
que emigram. Trata-se do maior movi-
mento de pessoas e de povos de todos
os tempos, reconheceu.
Nos ltimos meses, os apelos do
Papa por maior acolhida aos imigran-
tes tornaram-se ainda mais frequentes.
Francisco explicou que a integrao
deve ser um processo baseado no reco-
nhecimento mtuo da riqueza cultural
do outro. Uma recepo responsvel e
digna de nossos irmos comea por ofe-
recer uma casa digna e adequada, disse.
Ele ainda reiterou que para aqueles que
fogem da guerra e de perseguies terr-
veis, com frequncia presos em organi-
zaes criminosas, preciso abrir canais
humanitrios acessveis e seguros.
Francisco tambm ouviu o teste-
munho de vrios refugiados, entre
eles o de uma peruana que emigrou
ao Chile, assim como o de um grupo
de irlandeses no Canad. Santidade,
pea que os refugiados no continuem
arriscando suas vidas no deserto e no
mar, suplicou um deles.
Desde o incio de seu pontificado,
Francisco pede o acolhimento e a pro-
teo dos migrantes. O Papa mostra-se
profundamente tocado pelo drama de
milhes de pessoas que deixam suas
casas em busca de sobrevivncia, tanto
que no se descarta a possvel convoca-
o de um snodo ou assembleia de bis-
pos sobre o tema da migrao.
fruM iNterNacioNal soBre Migraes e paz
O VI Frum Internacional sobre Mi-
graes e Paz, com o tema Integrao e
desenvolvimento: da reao ao, foi
realizado entre os dias 21 e 22 de feverei-ro, em Roma (Itlia). O evento organi-
zado pelo Pontifcio Conselho do Desen-
volvimento Humano Integral, pela Rede
Internacional Scalabriniana de Migrao
e pela Fundao Konrad Adenauer.
A finalidade do encontro foi favo-
recer parcerias entre agncias governa-
mentais, organismos internacionais e
organizaes da sociedade civil, na de-
finio de polticas e programas sobre
duas dimenses principais das migra-
es: a integrao dos migrantes e dos
refugiados nos pases de acolhimento
e a promoo de programas de desen-
volvimento nos pases de origem dos
fluxos migratrios.
Participaram do evento inme-
ros brasileiros. Entre eles, o carde-
al Cludio Hummese, a diretora do
Instituto Migraes e Direitos Hu-
manos, Ir. Rosita Milesi, e a supe-
riora das Scalabrinianas, Ir. Neusa
de Ftima Mariano.
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Fonte: News.VA / UOL / Jornal do Brasil
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10 11Em Em
itiNerrio de turisMo jesutico
Em encontro com universitrios, o Papa Francisco recomendou aos estudantes que dialoguem sem computadores e com o corao,
porque o dilogo o antdoto para
a violncia. No dia 17 de fevereiro, o Pontfice visitou a Universidade Roma
Tre, instituio pblica, especializada
em carreiras de Humanas.
Cerca de 40 mil alunos participaram do encontro com o Papa, que insistiu no
valor do dilogo e na importncia de es-
cutar. Quando no h dilogo em casa,
quando, em vez de falar, grita-se ou quan-
do estamos mesa e, em vez de falar, usa-
Foto
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vers
it r
oma
Tre
Fontes: ISTO/O Globo/UOL
Fonte: Portal Brasil
O DILOGO O ANTDOTO PArA A VIOLNCIA, AFIrmA FrANCISCO
mos os telefones celulares, o incio da
guerra, porque no h dilogo, afirmou.
Francisco, elogiado pelo reitor
da universidade pela sua defesa dos
mais pobres, foi bem recebido tanto
pelos alunos como pelos professores.
O Papa disse que na universidade
sempre se deve exercer o trabalho ar-
tesanal do dilogo. Ele ainda apon-
tou que o maior remdio contra a
violncia o corao, que, antes de
discutir, dialoga. O dilogo aproxima
as pessoas e os coraes.
O Papa tambm respondeu s per-
guntas feitas por estudantes sobre algu-
mas questes atuais, como violncia e
imigrao. Ele descreveu uma sociedade
onde os tons esto levantados, onde se
grita na rua ou em casa e no qual h vio-
lncia verbal na hora de se expressar.
Essa violncia cresce e se trans-
forma em violncia mundial, la-
mentou Francisco, que reiterou que
estamos em guerra. Esta uma ter-
ceira guerra mundial por partes, ex-
clamou. Vemos nos jornais como as
pessoas se insultam mutuamente,
disse ele, que usou como exemplo
os debates polticos nas campanhas
eleitorais, onde quem est falando
no pode nem terminar a frase. Nun-
ca a poltica esteve to baixa. Dessa
forma, se perde o sentido da constru-
o social, da convivncia social, por-
que a convivncia social se constri
com o dilogo, ressaltou.
Francisco disse que necessrio
baixar o tom, falar menos e escutar
mais e que h muitos remdios con-
tra a violncia, mas o primeiro que,
antes de discutir, preciso dialogar.
A Opera Romana Pellegrinaggi (ORP), maior operadora de turismo religioso do mundo, ligada diretamente ao Vaticano, in-
cluiu em seu catlogo um roteiro de
turismo jesutico que passa por Bra-
sil, Paraguai e Argentina.
Segundo o material proposto pela
operadora do Vaticano, o itinerrio
comea em Assuno, capital do Pa-
raguai, passando por pontos como a
sede real do governo, museus, igrejas
e demais pontos de trabalho de ar-
teso locais. Chegando Argentina,
por meio da cidade de Posadas, o ro-
teiro inclui visita s runas das mis-
ses mais importantes no pas, como
San Ignacio Mini, fundada pelo padre
jesuta So Roque Gonzlez de Santa
Cruz, no incio do sculo XVII. No Bra-
sil, o itinerrio abrange as Cataratas do
Iguau, em Foz do Iguau (PR).
O Setor de Promoo Comercial
(Secom) da Embaixada do Brasil em
Assuno (Paraguai) informou ainda
que ir apresentar para a Embaixada
do Brasil, no Vaticano, a possibilida-
de de insero da cidade de So Mi-
guel das Misses e de outros destinos,
localizados no Rio Grande do Sul, no
catlogo do roteiro jesutico.
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12 13Em Em
especial
f e cultura,uM dilogo esseNcialEm SUA mISSO EVANGELIzADOrA, A COmPANHIA DE JESUS ABrE-SE A DIFErENTES ExPErINCIAS rELIGIOSAS E CULTUrAIS
Em 1567, So Paulo era ainda uma vila, com 13 anos de existncia, quando foi encenada a primeira pea teatral da cidade. O espetculo Pre-
gao Universal ganhou esse ttulo por
ser falado em trs lnguas tupi, por-
tugus e espanhol. O autor do texto, o
jesuta Jos de Anchieta, foi tambm o
responsvel pela montagem.
A encenao teatral, realizada sob
olhares atentos dos indgenas que ha-
bitavam a ento colnia de Portugal,
no um episdio isolado na histria
da Companhia de Jesus. um dos mui-
tos que ilustram as aes missionrias
da Ordem religiosa e sua maneira de
tornar o Evangelho conhecido.
Aprovada pelo Papa Paulo III, em 1540, em pleno sculo XVI, de forte mpeto
evangelizador na Europa, a Companhia
de Jesus sempre se destacou por estabe-
lecer um dilogo profundo com as mais
diversas culturas com as quais entrou em
contato. Por isso, so muitos os relatos de
jesutas que aprenderam diferentes ln-
guas, elaboraram gramticas e dicionrios
e traduziram a bblia para outros idiomas,
com o intuito de anunciar a boa nova do
Evangelho aos homens e mulheres do
novo mundo e suas culturas.
coNhecer para evaNgelizar
A vocao missionria faz parte da his-
tria da Companhia de Jesus desde seus
primrdios, quando os primeiros jesutas
lanaram-se alm das fronteiras da Europa,
entrando em contato com culturas desco-
nhecidas por eles. A base humanista rece-
bida durante a formao religiosa foi essen-
cial para que percebessem rapidamente a
necessidade de conhecer em profundidade
os povos que habitavam as novas terras,
pois sabiam que s assim teriam sucesso
em sua misso evangelizadora.
O padre Geraldo Lacerdine, diretor de
Humanstica-Formao Humana e Cris-
t e Noturno do Colgio So Lus, em So
Paulo (SP), e artista plstico, lembra que
sempre fez parte da tradio da Compa-
nhia de Jesus a no separao entre f e
cultura. Desde os primeiros jesutas, essa
interseco j existia. Acredito que essa
influncia tem como base os Exerccios
Espirituais, uma experincia profunda
que toca o sujeito nos seus diversos m-
bitos, desde o afetivo, cultural at intelec-
tual, afirma o jesuta. Ele acrescenta que,
ao nascer da experincia dos Exerccios
Espirituais, a Companhia de Jesus come-
a tambm a projetar em seu universo de
misso essa possibilidade. Ou seja, se eu,
como indivduo, fao uma experincia de
f que tem interseco com a cultura, com
o intelecto e com os afetos, como seria a
projeo dessa experincia no campo mis-
sionrio da evangelizao? Ao sentir que
isso funciona em mim, percebo que pode
funcionar para o outro tambm, diz padre
Geraldo Lacerdine.
Professor de Teologia na FAJE (Facul-
dade Jesuta de Filosofia e Teologia), co-
ordenador da ps-graduao, diretor do
Departamento de Teologia e membro da
Comisso Teolgica da CPAL (Confern-
12 Em
anchieta foi exemplo de dilogo intercultural
Foto
: Cro
mol
itogr
afia
da e
dito
ra B
enzi
ger &
Co.
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12 13Em Em
padre Geraldo De Mori, acrescentando
que: Atualmente, busca-se uma pers-
pectiva de um dilogo intercultural e
inter-religioso, no qual no s o Cris-
tianismo apresenta-se como o possui-
dor da verdade, no necessitando de
nenhuma contribuio da cultura que
est sendo evangelizada, mas se enri-
quece com os valores e os aportes dessa
mesma cultura para a f e a vida crist.
cia dos Provinciais Jesutas da Amrica
Latina), padre Geraldo De Mori conta que,
na China, para que o Evangelho fosse
anunciado e vivido segundo os parme-
tros dos valores culturais chineses, os
jesutas buscaram valorizar certos ritos
pertencentes cultura local. Eram ritos
ligados ao culto dos antepassados que os
jesutas julgaram no ser incompatveis
com a f crist. Surgiu, ento, uma forte
polmica e, depois de vrias dcadas, os
ritos foram proibidos., explica o jesuta.
Padre Geraldo De Mori lembra que,
na mesma China, o jesuta Mateo Ric-
ci tornou-se mandarim, aprendendo a
lngua dos sbios chineses, para bus-
car, desse modo, estabelecer um di-
logo com essa cultura milenar, sobre-
tudo por meio do Confucionismo. Algo
parecido, segundo o professor, foi rea-
lizado por Roberto de Nobili, na ndia,
com o Hindusmo. H ainda o trabalho
feito pelos jesutas com os indgenas
da Amrica Latina. Certamente, na-
quela poca, a perspectiva que anima-
va os jesutas era a da converso desses
povos. Mas no deixa de ser interes-
sante perceber o quanto deram valor a
tais culturas, aprendendo a lngua, va-
lorizando certos costumes e ritos, an-
tecipando, sob certo sentido, muito do
que hoje se entende por dilogo entre
f e cultura, ressalta o professor.
relao eNriquecedora
A conexo entre f e cultura sem-
pre esteve presente na misso dos je-
sutas, entretanto ganharia ainda mais
destaque na 34 Congregao Geral, em 1995. Segundo padre Geraldo De Mori, os membros daquela CG as-
sim resumiram as relaes entre f,
cultura, justia e dilogo, no Decre-
to 2 (n. 19, pgs. 65 e 66):
Hoje verificamos com clareza que:
No pode haver servio da f sem
promover a justia,
entrar nas culturas,
abrir-se a outras experincias religiosas.
No pode haver promoo da justia sem
comunicar a f,
transformar as culturas,
colaborar com outras tradies.
No pode haver inculturao sem
comunicar a f aos outros,
dialogar com outras tradies,
comprometer-se com a justia.
No pode haver dilogo religioso sem
partilhar a f com outros,
valorizar as culturas,
interessar-se pela justia.
Como se pode perceber, na prpria
definio do que os jesutas entendem
como sua identidade e misso, est im-
plicada a questo da relao f e cultu-
ra. De vrias formas, hoje, a Companhia
de Jesus dialoga com a cultura, afirma
A Congregao Geral a reunio de delegados jesutas de todo mundo, em
Roma (Itlia). Sua convocao se d em razo da morte ou renncia do Superior
Geral da Ordem, para eleger seu sucessor, ou quando o Geral decide que preci-
so agir sobre assuntos importantes que no pode, ou no quer, decidir sozinho.
13Em
Inculturao a influncia
recproca entre o Cristianismo
e as culturas locais onde a f
crist praticada.
Na china, o jesuta Matteo ricci ( esq.) retratado em gravura de athanasius Kircher
Irmo Jorge Luiz de Paula, membro
da equipe pedaggica do Diocesano
Infantil e da Escola Padre Arrupe, em
Teresina (PI), lembra que, no mundo
em que vivemos, a relao entre f e
cultura deve ser entendida como pri-
mordial. Sem entender as culturas, a
palavra jamais conseguir ter um eco
evangelizador, diz o jesuta.
o que est indicado em mais um
trecho da 34 Congregao Geral (De-
creto 4, n. 27.4, pg. 96): Devemos
recordar que no evangelizamos dire-
tamente as culturas: evangelizamos as
pessoas em suas respectivas culturas.
Quer trabalhemos em nossa prpria
-
14 15Em Em
especial
O MPETO DE LANAR-SE ALM DAS FRONTEIRAS DA EUROPA EST PRESENTE NA HISTRIA DA COMPANHIA DE JESUS, QUE SE TORNOU PRECURSORA DO DILOGO ENTRE F E CULTURA, ENTRE OS SCULOS XVI E XVII.
Dicionrio Tupi-Guarani
Em 1553, quando desembarcou no Brasil com outros seis jesutas, Jos de Anchieta estava com apenas 19 anos. Em menos de um ano, dominava o tupi com perfeio. Esse conhecimento aprofundado o levaria a escrever o primeiro dicionrio da lngua tupi-guarani, com o nome de Arte da Gramtica da Lngua Mais Falada na Costa do Brasil, publicado em 1595.
Seja como catequista, gramtico, dramaturgo, poeta ou historiador, Anchieta teve atuao marcante na dis-seminao da f crist por meio da utilizao da cultura local. Foi ainda um ferrenho defensor dos ndios contra os
abusos cometidos pelos colonizadores.
Melodias Tupis
Vindo com Tom de Sousa, primeiro governador-geral do Brasil Colnia, Manuel da Nbrega estava entre os primeiros jesutas a desembarcar em ter-ras brasileiras, em 1549. Assim como Anchieta, Nbrega dedicava-se tambm ao teatro e, apesar das crticas de muitos catlicos, adotou melodias tupis para canes com letras crists.
a f roMpeNdo froNteiras
14 Em
-
14 15Em Em
Ateno s tradies
Em 1541, logo aps a aprovao da Companhia de Jesus, Francisco Xavier foi enviado em misso ao Oriente, por Incio de Loyola. O jesuta passou pela ndia, Tibete, China e Japo. Ao visitar este ltimo pas, Xavier notou que a exibio de si-nais de pobreza no era apreciada pelos japoneses. Em respei-to s tradies, apresentou-se em trajes ricos ao ser recebido por poderoso senhor local.
Mestre do Ocidente
Exemplo de evangelizao e de dilogo com as mais dife-rentes culturas e religies, Matteo Ricci exerceu forte ativi-dade missionria na China, durante a dinastia Ming, sendo decisivo para a introduo do Catolicismo no pas. O jesuta foi reconhecido pelos chineses como o mestre do grande Ocidente e um dos mais notveis e brilhantes homens da Histria. Alm do vasto conhecimento em diferentes reas do saber, como Matemtica, Astronomia, Literatura, Arte e Msica, Ricci conquistou admirao ao mostrar interesse e respeito pela cultura chinesa.
15Em
Bodas de Can
No Japo, os jesutas perce-beram a necessidade de adaptar o Evangelho. Na traduo do epi-sdio das Bodas de Can para a verso japonesa, Jesus transfor-ma a gua em saqu, em vez de vinho. A adoo de vestimentas semelhantes a dos monges bu-distas foi outra mudana prati-cada pelos missionrios.
-
16 17Em Em
especial
cultura ou em cultura alheia, como ser-
vidores do Evangelho, no haveremos
de impor nossos esquemas culturais,
mas, antes, testemunhar a criatividade
do Esprito que atua tambm nos de-
mais. Em ltima anlise, so as pessoas
de cada cultura que enrazam a Igreja e
o Evangelho em suas vidas.
Segundo irmo Jorge, quando esta-
mos enraizados na Palavra de Deus, somos
capazes de transformar os ambientes em
que vivemos. Nesse mundo de rupturas
e diversidades, os jesutas so chamados a
atravessar as situaes e provocar mudan-
as. E, para levar a Palavra, precisamos en-
tender os contextos e as transformaes.
Se no fizermos isso, no alcanaremos a
misso, conta o jesuta.
Ao lembrar que as Congregaes Ge-
rais da Companhia de Jesus chamam a
ateno dos jesutas para a necessidade de
serem homens de fronteiras, irmo Jorge
destaca: A unio dos primeiros compa-
nheiros nos remete a um desejo profundo
de evangelizar e entrar no corao das cul-
turas, pois eles foram enviados para trans-
formar. Alm de irem para novas culturas,
eles se inseriram nos contextos. Por isso,
acredito que um dos primeiros passos
para chegar ao corao das pessoas saber
se adaptar aos contextos.
cultura do eNcoNtro
Inmeras vezes, a Palavra de Deus
tornou-se msica, poesia, imagens, peas
teatrais, filmes..., enfatiza padre Jos Pau-
lino Martins, scio do Mestre de Novios,
graduado em Comunicao Social Publi-
cidade e Propaganda e artista plstico. Ele pintura do padre jos paulino Martins
pintura do padre geraldo lacerdine
conta que, ao longo da histria, muitos ar-
tistas apropriaram-se de textos bblicos e
os interpretaram de modo diferente, sem
mudar o contedo, mas apresentando-os
de forma diferente. O resultado prtico
que muitos desses trabalhos artsticos
serviram de catequese para os no alfabe-
tizados, conta o jesuta.
Padre Paulino ressalta que a arte,
como manifestao cultural, espiritual e
religiosa, extremamente democrtica
e universal. Ele destaca que a Palavra de
Cristo nos Evangelhos tambm apresenta
um carter culturalmente democrtico e
com vocao universal desde a sua ori-
gem: Ide por todo o mundo, pregai o evan-
gelho a toda criatura (Mc 16, 15). Por isso, podemos afirmar que o Evangelho pode
ser anunciado, partilhado em diversas
culturas. Mas, para que isso acontea,
deve ser inculturado. Assim sendo, a arte
pode ser grande aliada nessa traduo da
palavra de Cristo, diz o jesuta.
Como artista plstico, padre Pau-
lino tambm usa a arte para dialogar
com outras manifestaes religiosas
e culturais, principalmente com as
de matrizes africanas, por exemplo, o
Candombl. Tem estado presente em
minhas pinturas, de modo sutil em al-
16 Em
-
16 17Em Em
alunos do colgio antnio vieira (Ba) no espetculo sempre vieira - Memria, arte e Movimento, dirigido pelo irmo jorge luiz de paula
Silence, um filme sobre fe cultura
Em entrevista recente, o padre Adolfo Nicols, anterior Superior
Geral da Companhia de Jesus, co-
mentou sobre o filme Silence (Si-
lncio), de Martin Scorcese. Alm
de afirmar que o filme ideal para
quem quer refletir acerca da evan-
gelizao do Japo, ele abordou
ainda os fatores que dificultaram a
evangelizao do pas: No Japo,
cometemos erros, como em todas
as partes. O erro principal no ter
sabido entrar na cultura e na vida de
sua gente. Eu acredito que no h
evangelizao possvel sem alian-
as com o Budismo e o Xintosmo.
Os primeiros cristos estavam fas-
cinados em encontrar as razes do
Cristianismo nos filsofos ou nos
poetas pagos, mas isso foi fraco em
nossa gerao. No nos inculcaram
a urgncia de estudar o Budismo e o
Xintosmo como mereciam. E isso
uma fragilidade muito forte.
O filme conta a viagem de dois
jovens padres jesutas portugueses
(Sebastio Rodrigues e Francisco
Fontes: Revista de Histria da Biblioteca Nacional ed. 81 (junho de 2012) | Site Cano Nova | IHU-Unisinos
17Em
Foto
: Sec
om V
ieira
gumas e, em outras, mais explcito, al-
guns elementos dessa cultura religiosa.
Em minhas pinturas, no incomum a
presena de traos negros em persona-
gens bblicas ou dos santos. Uma Vir-
gem Maria negra com trajes africanos
ou um Jesus com colar de contas do
Candombl, diz o jesuta, acrescentan-
do que a inteno que a arte possa
ser percebida ao menos de duas manei-
ras, segundo a experincia religiosa de
quem a v. Se o observador do quadro
for catlico, que possa enxergar a per-
sonagem como Jesus. Se for do Can-
dombl, possa ver como sendo Oxal.
A paixo pela arte sempre esteve
presente na vida do padre Geraldo La-
cerdine. Meu processo de evoluo ar-
tstica est no meu campo existencial.
A arte vital para mim. E toda a minha
produo artstica, seja na pintura ou
no teatro, tem um vis forte espiritual,
explica o jesuta. A pintura uma jane-
la que me revela uma outra realidade,
como se abrisse um portal. E quando as
pessoas observam meus quadros, per-
cebo que isso acontece com elas tam-
bm, pois consigo transpor a lingua-
gem espiritual em arte.
Graduado em Dana, com especiali-
zao e mestrado focados nessa mesma
rea, irmo Jorge acumula experincia
Editoria Dilogo Cultural e religioso, na pg. 22.
de quase 30 anos nessa arte. A dana se
manifestou em minha vida muito cedo,
antes de entrar na vida religiosa. Quan-
do entrei na Companhia de Jesus, tive
a sorte de ter sido acolhido com esse
trabalho, conta o jesuta. Sempre tive
o entendimento de trazer o meu ser re-
ligioso, a minha experincia de f, para
a arte do gesto. Esse contexto de dilogo
entre f e dana o que me tira da in-
dividualidade e me leva partilha com
o outro. Dessa forma, proporciona o en-
tendimento do sagrado, mostrando que
a f no uma apresentao solo, mas
uma vivncia em conjunto. Ela intensi-
fica a cultura do encontro.
Garupe) ao Japo, para procurar o
mentor deles, o padre Ferreira. Ba-
seada no livro Chinmoku (O Silncio,
1966), do escritor catlico japons Shusaku Endo, a histria se passa
no sculo XVII, poca de intensas
perseguies e torturas sofridas pe-
los cristos no Japo, testemunhada
pelos jesutas.
Saiba Mais
-
18 19Em Em
a coMpaNhia de jesus No MuNdo CrIA GErAL
despedida do pe. adolfo Nicols
JUSTIA SOCIAL E ECOLOGIA
E m 15 de fevereiro, o anterior Superior Geral da Com-panhia de Jesus, padre Adolfo Nicols, despediu-se da Comunidade da Cria Geral, em Roma (Itlia). O jesuta viajou para Manila (Filipinas), onde trabalhar no
Centro de Espiritualidade. Alguns dias antes, na Eucaristia
presidida pelo atual Padre Geral, Arturo Sosa, a comunida-
NoMeaesPe. Juan Antonio Guerrero
Alves (ESP) como Delegado para
as Casas e Obras Interprovinciais de
Roma (Itlia). O jesuta nasceu em 1959, entrou na Companhia de Jesus em 1979 e foi ordenado sacerdote em 1992. Foi Pro-vincial da Provncia de Castela, de 2008 a 2014. Em 2014, foi destinado Regio de Moambique (Provncia de Zimbabwe-
-Moambique), onde esteve trabalhan-
do, at a sua nova nomeao, primeiro,
como administrador adjunto da Regio
e, mais recentemente, como diretor de
projetos e diretor do Colgio Santo In-
cio de Loyola. O padre Guerrero Alves su-
cede no cargo o padre Arturo Sosa (VEN)
como delegado.
Padre Geral nomeou: Pe. Agbonkhianmeghe Orobator
(AOR), Presidente da Conferncia dos
Provinciais de frica y Madagascar (JE-
SAM). Nascido em 1967, Orobator en-trou na Companhia em 1986 e foi orde-nado sacerdote em 1998. Foi Provincial da frica Oriental (AOR), de 2009 a 2014. Atualmente, reitor do Hekima Colle-
ge University, Faculdade de Teologia
da Companhia em Nairbi (Qunia).
Ele sucede o padre Michael Lewis (SAF)
como presidente da Conferncia.
Pe. Franck Janinv (BML), presi-
dente da Conferncia de Provinciais
da Europa (CEP). Nascido em 1958, Ja-nin entrou na Companhia em 1984 e foi ordenado sacerdote em 1990. At sua
nomeao foi Provincial da Provncia
da Blgica Meridional e Luxemburgo,
cargo para o qual foi nomeado em 2011. sucessor do padre John Dardis (HIB)
como presidente da Conferncia.
Pe. Xavier Jeyaraj (CCU), secre-
trio para a Justia Social e a Ecolo-
gia, sucede no cargo o padre Javier
lvarez de los Mozos (ESP). A nome-
ao ser efetivada antes do dia 15 de junho deste ano. Nascido em 1962, Xavier Jeyaraj entrou na Companhia
em 1982 e foi ordenado sacerdote em 1993. Tem uma longa experincia no trabalho social e foi auxiliar do secre-
trio para a Justia Social e a Ecologia,
em Roma (Itlia).
de agradeceu ao padre Nicols pelo servio prestado como
Superior Geral entre 2008 e 2016. O padre Sosa agradeceu seu antecessor, em nome de toda a Companhia de Jesus,
desejando-lhe a bno do Senhor em sua nova misso.
Aps a celebrao, a comunidade jesuta reuniu-se com o
Papa Francisco para um delicioso almoo.
O Secretariado para a Justia Social e a Ecologia acaba de publicar o ltimo nmero de Promotio Iustitiae. Esta edio aborda o trabalho dos jesutas que exercem sua misso nos crceres em todo o mundo. A verso digital pode
ser acessada pelo site www.sjweb.info/sjs/PJ/.
-
18 19Em Em
tiMor-leste: favoreceNdo aos aldees o acesso gua potvel
Fonte: Boletim da Cria dos Jesutas (N 2 e 3, fevereiro 2017)
mALSIA: DILOGO ENTrE mUULmANOS E CrISTOS
Dois anos aps a constituio do Servio Social Jesuta (JSS), em Timor-Leste, o servio comprometeu-se com vrios projetos
para promoo do desenvolvimento
comunitrio e para capacitar os po-
bres a serem autossuficientes. gua e
sistema sanitrio so uma das quatro
prioridades. O projeto pretende dar s
comunidades acesso agua potvel. O
Dez jesutas das Conferncias da sia Pacfico (JCAP) e da sia do Sul (JCSA) vo colaborar em um projeto de investigao que busca des-
cobrir caminhos para promover melhor
entendimento e dilogo entre muulma-
nos e cristos, na sia. O projeto surgiu
no ltimo encontro de jesutas entre mu-
ulmanos na sia (JAMIA), que aconteceu
em Kuala Lumpur, capital da Malsia, de
26 a 30 de dezembro de 2016. A deciso do projeto uma resposta
comunicao do padre George Pattery,
presidente da Conferncia de Provinciais
da sia do Sul (JCSA) sobre a 36 Congre-gao Geral, na qual recordou aos jesutas
que todos participam na misso de Deus,
a Missio Dei, em nossa prpria misso. A
pesquisa acontecer em duas fases. Em
2017, sero colhidos relatos das diversas comunidades. O ano de 2018 ser dedica-do ao estudo e reflexo desses depoimen-
tos. Os resultados sero apresentados na
prxima reunio da JAMIA, que aconte-
cer em Bangladesh, em 2018. A previso que os resultados da investigao se-
jam publicados em 2019, durante o en-contro da Asian Journey.
JSS cavou poos em cinco aldeias nos
arredores de Dili, zona que sofre com a
escassez de gua durante a estao de
seca, que vai de abril a novembro.
Atualmente, o JSS ajuda 235 famlias em Hera, 7km a leste de Dili e Kasait, a
13km a oeste. O projeto de gua pot-vel comeou quando encontramos, na
rea, muitas crianas em idade escolar
empurrando carrinhos cheios de garra-
fas por um longo caminho da volta para
casa, comentou o padre Erik John Ge-
rilla, diretor executivo do JSS de Timor-
-Leste. Com a interveno do JSS, o povo
dessas aldeias pode concentrar-se no
trabalho em seus terrenos, sem se pre-
ocupar com o acesso gua, e as crian-
as no precisam caminhar horas para
consegui-la; em troca, podem desfrutar
de tempo livre para recreao.
No dia 18 de fevereiro, o Supe-rior Geral da Companhia de Jesus, padre Arturo Sosa, ani-mou os jesutas que prestam servios
na Educao Superior a construrem re-
des para tornarem-se mais efetivos em
seus ministrios. A fala do Padre Geral
aconteceu na Faculdade de Teologia de
TrABALHO Em rEDE NA EDUCAO SUPErIOr
Vidyjyoti, em Nova Dlhi (ndia). Na
ocasio, ele assinalou que a 36 Con-gregao Geral fez um forte convite aos
jesutas para que colaborem, por meio
de redes, com o modo de proceder para
sermos efetivos em nossa misso hoje.
Pe. Sosa destacou que os jesutas
so responsveis por mais de 200 fa-
culdades de Filosofia e Teologia, bem
como instituies de educao supe-
rior em todo o mundo. Levando a srio
o convite da Congregao Geral, quero
insistir que os senhores e todas as ins-
tituies de educao superior da sia
meridional construam um trabalho em
rede que seja eficiente. Ser esse o me-
lhor caminho para aprimorar a colabo-
rao entre as instituies jesutas.
-
20 21Em Em
a coMpaNhia de jesus Na aMrica latiNa CPAL
o olhar No horizoNtee o corao Nos poBres
pe. jorge cela, sjPresidente da CPAL
A Companhia de Jesus renova sua liderana. Temos um novo Superior Geral, o venezuelano padre Arturo Sosa; um novo Presidente
da CPAL (Conferncia dos Provinciais
Jesutas da Amrica Latina), o colom-
biano padre Roberto Jaramillo; e trs
novos Provinciais: Gustavo Caldern,
no Equador; Rafael Garrido, na Vene-
zuela; e Ireneo Valdez, no Paraguai.
Essas mudanas no se vive como
uma experincia traumtica de corte e
instabilidade, mas como uma riqueza
que fortalece o processo de nossa hist-
ria. Falam-nos de um estilo de liderana
menos personalizado, mais coletivo, de
corpo, em que o lder no a pedra an-
gular sobre a qual se sustenta o edifcio,
mas a argamassa que o mantm unido.
Falam-nos tambm da relao en-
tre carisma e instituio, sobre a qual
muito temos dito na Igreja. Sabemos
que as instituies tendem a congelar-
-se, a centrar-se sobre si mesmas e no
sobre o servio que lhes d a razo de
ser, a converter-se em elefantes brancos
que crescem sem saber para qu. E sa-
bemos tambm que o carisma pode ser
voltil se no estiver ancorado institu-
cionalmente, crescer como a espuma e
desvanecer; que, com frequncia, os l-
deres carismticos so maus governan-
essas mudanas nO se vive cOmO uma experincia traumtica de cOrte e instabilidade, mas cOmO uma riqueza que fOrtalece O prOcessO de nOssa histria.
tes, que produzem centralizao e dbil
institucionalidade, substituda por bu-
rocracias inflexveis e irracionais.
Sabemos que carisma e instituio,
se bem combinados, so tecidos do
mesmo pano. As mudanas renovam-
-nos, mas a existncia de estruturas
garantem estabilidade inovao. Por
isso, a necessidade de redes que as fle-
xibilizem, mas organizadas ao redor de
planos estratgicos e prioridades claras.
Sabemos que a autoridade tem o pe-
rigo de converter-se em autoritarismo
se no tem fortes estruturas de partici-
pao e colaborao, mas a participao
corre o risco de terminar em caos se
no existirem valores acordados e um
plano comum, compartilhado e decidi-
damente assumido por todos.
O medo sempre mau conselhei-
ro, incluindo o medo da novidade, de
mudar de rumo. O mesmo aplica-se
desconfiana nos companheiros de ca-
minho. Mas a mudana necessita norte
e a confiana, razes de histria e de es-
piritualidade compartilhada.
Por isso, ao mudar de liderana,
renovamos nosso Projeto Apostlico
Comum e reunimos os representan-
tes de redes e setores com os novos
e velhos lderes, para impulsionar e
orientar nossa colaborao na mis-
so. Entre os dias 20 e 24 de maro,
estaremos reunidos em Lima (Peru),
representantes do sujeito apostlico
inaciano da Amrica Latina, com o
Padre Geral, Arturo Sosa, assistentes,
o presidente da CPAL e os provinciais.
Peamos para que, nessa reunio,
a que temos chamado de imPACtan-
do, tenhamos o olhar posto no hori-
zonte e o corao nos pobres.
-
20 21Em Em
reuNio do olMa
PArTICIPAO NA ASSEmBLEIA DO CImI
O padre Alfredo Ferro, coordena-dor do Projeto Pan-amaznico da CPAL, segue com o processo de articulao da iniciativa com a AUSJAL
(Associao das Universidades confiadas
Companhia de Jesus na Amrica Lati-
na). Recentemente, padre Alfredo visitou
Entre os dias 6 e 12 de fevereiro, o padre Valrio Sartor partici-pou do Encontro das equipes e da Assembleia do CIMI Norte I (Con-
selho Indigenista Missionrio), que
aconteceu no Lago Caracaran, na Ra-
posa Serra do Sol (RR). Participaram
do encontro o secretrio nacional
do CIMI, Cleber Busatto, professores
universitrios e diversas lideranas
indgenas que contriburam na dis-
cusso sobre a problemtica atual da
poltica brasileira.
Uma parte do encontro foi dedi-
cada socializao das equipes, bem
como divulgao do Projeto Pan-
-amaznico da CPAL PAM SJ. Houve
ainda um momento para o planeja-
mento dos trabalhos do CIMI em 2017.
Nos dias dedicados Assembleia,
analisou-se a conjuntura, cuja tem-
tica principal foi a Amaznia no atual
contexto poltico nacional e interna-
cional.Tambm foram abordados os
temas da Campanha da Fraternidade
2017, que trata dos Biomas brasilei-ros e defesa da vida e da questo dos
povos indgenas da Amaznia diante
das mudanas climticas.
o padre Marcelo Fernandes de Aquino,
reitor da Unisinos, alm de realizar di-
versas reunies com os diretores da Uni-
versidade Javeriana, a fim de definir me-
lhor as atribuies de cada um dos atores
implicados nessa proposta ao servio da
Amaznia. Tambm est sendo elaborada
uma proposta de iniciativa comum a ser
desenvolvida com as universidades dos
pases amaznicos para ser apresentada
na Assembleia dos Reitores da AUSJAL,
que ser realizada na Unicap (Universi-
dade Catlica de Pernambuco), localizada
em Recife (PE), em maio.
NO padre Valrio Sartor par-ticipou da II reunio do Conselho de Coordenao do OLMA (Observatrio Nacional de
Justia Socioambiental Luciano Men-
des de Almeida), que aconteceu nos
dias 16 e 17 de fevereiro, em Braslia (DF). Esse Conselho formado por
um representante das obras sociais
da Provncia dos Jesutas do Brasil
BRA e do Projeto Pan-amaznico da
CPAL PAM SJ, com a misso de arti-
cular os trabalhos socioambientais da
Companhia de Jesus no Brasil. Segun-
do o padre Valrio, foi um momento
de socializar os trabalhos das obras e
de ver os desafios e perspectivas do
OLMA para 2017. Diante dessa reali-dade, tendo presente as possibilida-
des de cooperao entre todos, para
uma melhor integrao como corpo
apostlico da Companhia de Jesus,
tambm houve um momento para
tomar conhecimento dos projetos de
leis do Senado e do Congresso Federal
que ameaam a justia socioambien-
tal no territrio brasileiro, afirmou.
aliaNa do paM sj coM as uNiversidades jesutas
Fonte: Pan-Amaznia SJ Carta Mensal (n 34 Janeiro/Fevereiro 2017)
Acesse o link (http://bit.ly/2mKw9MD) do Portal Jesutas Brasil e leia a ntegra desta edio.
-
22 23Em Em
coMpaNhia de jesus DILOGO CULTUrAL E rELIGIOSO
filMe soBre os jesutas No japo chega ao Brasil
Em maro, est prevista a estreia do filme Silence, do diretor nor-te-americano Martin Scorsese. O aguardado longa-metragem retrata
a perseguio vivida pelos cristos no
Japo do sculo XVII e a busca de dois
jovens jesutas pelo seu mentor espiri-
tual, que teria renunciado sua f de-
pois de ter sido torturado.
O filme, baseado no livro homni-
mo do japons Shusaku Endo, publicado
em 1966, protagonizado por Andrew Garfield, no papel do padre Sebastio
Rodrigues, Adam Driver, como padre
Francisco Garupe, e Liam Neeson, que
interpreta o padre Ferreira (mentor dos
jesutas). A histria se passa no contexto
de um Japo fechado a qualquer influ-
ncia. Um perodo que foi de meados do
sculo XVI a metade do sculo XIX. Trs
sculos em que as relaes comerciais
com o exterior foram mnimas e a per-
seguio contra os cristos era absoluta.
os Mrtires japoNeses
No final de 2016, prximo a pr-estreia de Silence para os jesutas
de Roma (Itlia), foi descoberto, no
Arquivo Audiovisual da Congregao
Salesiana, um filme com uma trama
similar ao longa-metragem de
Scorsese. Com o ttulo Os 26 mrtires do Japo, o filme mudo foi dirigido
por Tomiyaso Ikeda, em 1931. Ambientada em 1597, a trama conta o final da experincia da primeira
evangelizao no Japo, iniciada por
So Francisco Xavier, em 1549. Acesse http://bit.ly/2lZ6u1Z e saiba mais sobre o achado.
curiosidades As filmagens, que duraram cinco meses, foram realizadas em Taiwan.
Em 1989, aps ler o livro de Shusaku em um trem a caminho de Kyoto (Japo), Scorsese teve a ideia de produzir o filme.
Para que ficassem parecidos com os jesutas que passaram meses
viajando de barco, antes do desembarque no Japo, Scorsese
ordenou que os atores fizessem uma dieta rigorosa. Eles chegaram
a perder at 20 quilos.
Kuangchi. Ele participou muito ativa-
mente nas filmagens, mesmo apare-
cendo em algumas cenas.
James Martin, norte-americano, es-
critor de profisso e editor da revista Ame-
rica, a publicao de maior impacto dos
jesutas. Martin foi assessor de Scorsese
durante toda a filmagem e ajudou a defi-
nir a histria em termos concretos.
O ator Andrew Garfield, por exem-
plo, pediu ao padre jesuta James Mar-
tin que o guiasse por meio dos Exerc-
cios Espirituais, enquanto se preparava
para o papel. Para ele, a experincia foi
muito profunda e significativa. Em en-
trevista ao estudante jesuta Brendan
Busse, correspondente da revista Ame-
rica, Garfield contou que houve tantas
coisas nos Exerccios que me mudaram
e me transformaram, que me mostra-
ram quem eu era (...) e onde creio que
Deus quer que eu esteja. O ator ressalta
que a experincia o ajudou como pes-
soa e profissional. A profundidade [...]
dos Exerccios foi suficiente. E, depois,
fazer o filme pareceu muito, muito,
muito mais profundo do que qualquer
experincia artstica que j tive.
Os jesutas so os protagonistas da
trama. Por isso, para preparar melhor os
atores para interpretar os personagens,
Scorsese pediu ajuda a alguns membros
da Companhia de Jesus. Foram eles:
Alberto Nez, espanhol e pro-
fessor de Teologia da Universidade Fu-
jen- Belarmino, de Taipei. Seu trabalho
oficial nas filmagens foi o de consultor
tcnico no set. Sua ocupao principal
era estar com os atores, prepar-los para
entender os modos de proceder jesuti-
cos, alm de supervisionar as cenas que
mostravam os jesutas e os fiis em ati-
tudes explicitamente religiosas.
Jerry Martinson, norte-america-
no muito conhecido em Taiwan por
se envolver nas produes de conte-
do para televiso a partir dos Estdios
Kuangchi, de Taipei, uma iniciativa
da Companhia de Jesus.
Emilio Zanetti, de origem ita-
liana, tambm trabalha nos Estdios
liam Neeson interpreta o padre cristvo ferreira em Silence
-
22 23Em Em
PE. GASDA FALA SOBrE TICA NAS OrGANIzAES
O padre lio Estanislau Gasda autor de vrios livros. Em sua mais recente obra, Economia e bem comum. O cristianismo e uma ti-
ca da empresa no capitalismo, lanada
pela editora Paulus, o jesuta aborda a
questo tica inerente atividade em-
presarial e reflete sobre seu significado
luz do Cristianismo. Em entrevista ao
informativo Em Companhia, ele conta que o interesse pelo tema surgiu logo
no incio das pesquisas acadmicas
sobre mundo do trabalho, Capitalismo
e Doutrina Social da Igreja. Outra mo-
tivao para escrever o livro brotou do
preocupante desgaste sofrido pelas em-
presas nos ltimos anos: consecutivos
Gaudium et Spes (GS) a nica
constituio pastoral e a 4
das constituies do Conclio
Vaticano, que trata das relaes
entre a Igreja Catlica e o mundo
contemporneo.
escndalos corporativos, explorao
brutal de mo de obra, fraudes em li-
citaes, desastres ambientais como
o da Mariana (MG), sonegao fiscal,
corrupo de polticos e magistrados
da alta corte, entre outros, ressalta Pe.
Gasda. O foco do livro a empresa,
uma das instituies mais importan-
tes do sculo XXI, ao lado do mercado,
do Estado e da sociedade civil. O pon-
to de partida a pessoa humana, pois,
como ensina a Gaudium et Spes, nas
empresas econmicas, so pessoas
as que se associam, isto , homens
livres e autnomos, criados ima-
gem de Deus (GS, n. 68). Qualquer
tica comea com o reconhecimento
da dignidade humana.
Pe. Gasda comenta que a tica
uma cincia que estuda os valores,
os princpios e a normatividade mo-
ral. um saber prtico que pergun-
ta pelo comportamento humano.
Portanto, a tica da empresa muito
concreta, no um idealismo inal-
canvel. Em que consiste um bom
comportamento empresarial? Que
valores transmite e que princpios
defende? Que tipo de relaes so
promovidas no interior de uma em-
presa, destaca o jesuta.
No atual contexto competitivo
das organizaes, Pe. Gasda lembra
Leia a ntegra da entrevista do
padre lio Estanislau Gasda no
Portal Jesutas Brasil: http://bit.
ly/2lZ1Np0
Foto
: Leo
nard
o Sa
ncho
/FAJ
E
O padre lio Estanislau Gasda professor-pesquisador da rea
de tica Teolgica e Prxis Crist na FAJE (Faculdade Jesuta de Filosofia
e Teologia), investigador da equipe de Pensamento Social da Igreja da
ODUCAL (Organizao das Universidades Catlicas da Amrica Latina,
do CELAM-Conselho Episcopal Latino-americano), membro do Grupo de
Trabajo Teologa, tica e Poltica (CLACSO - Conselho Latino-americano de
Cincias Sociais) e do comit central da Rede Mundial de tica Teolgica.
Alm de membro do Frum Permanente de Interlocuo sobre Justia
Socioambiental da BRA (Provncia dos Jesutas do Brasil).
que os valores e princpios morais so
to importantes quanto os benefcios
econmicos. O mundo dos valores
revela o carter de um profissional. A
tica introduz a noo de mnimos ti-
cos, aqueles que devem estar contem-
plados pelos contratos e estatutos pre-
vistos na legislao. Ningum deveria
situar-se por debaixo desses mnimos.
Se algum deseja alcanar graus acima
das exigncias mnimas, prope-se
uma tica de mximos, ou seja, com os
valores que realmente orientam seu
carter. A tica de mximos o parme-
tro para quem deseja exercer um papel
importante para uma mudana cultu-
ral que ajude a corrigir os mecanismos
geradores de injustia social. Um es-
tilo de vida que no nasce a partir de
uma obrigao legal, mas de convic-
es interiores. Esse seria o horizonte
tico ideal. Uma utopia? Talvez, afir-
ma o professor da FAJE.
-
24 25Em Em
coMpaNhia de jesus SErVIO DA F
caMpaNha da fraterNidade 2017
Com o tema Fraternidade: bio-mas brasileiros e defesa da vida e o lema Cultivar e guardar a criao, a Campanha da Fraternidade
2017 teve incio no ltimo dia 1 de maro, em todo o Brasil. A iniciativa
busca alertar as pessoas para o cuida-
do com a criao, de modo especial
dos biomas brasileiros.
Em seu artigo Biomas e defesa da vida,
o padre Josaf Carlos de Siqueira, reitor
da PUC-Rio (Pontifcia Universidade
Catlica do Rio de Janeiro) e doutor em
Cincias Biolgicas (Biologia Vegetal)
pela Unicamp (Universidade Estadual
de Campinas), afirma que a Campanha
nos mostra a importncia de termos
uma viso integradora entre as dimen-
ses sociais e ambientais dos biomas
brasileiros, onde a defesa da vida deve
ser a referncia tica e evanglica que
nos move e inspira. Segundo o jesuta,
essa viso sistmica, presente na En-
cclica Laudato Si do Papa Francisco,
fundamental para abordar os diferentes
biomas do pas.
Com o objetivo de ajudar s fam-
lias, comunidades e pessoas de boa
vontade a vivenciarem a iniciativa, o
texto-base da Campanha da Fraternida-
de aponta uma srie de atividades que
ajudaro a colocar em prtica as pro-
postas incentivadas pela Campanha.
Alm disso, o documento tambm pro-
pe aes de carter geral, que indicam
a necessidade da converso pessoal e
social, dos cristos e no cristos, para
cultivar e cuidar da criao.
Como exemplo dessas aes, es-
to o aprofundamento de estudos,
debates, seminrios e celebraes
nas escolas pblicas e privadas sobre
a temtica abordada pela iniciativa.
O fortalecimento das redes e articu-
laes, em todos os nveis, tambm
proposto com o objetivo de suscitar
uma nova conscincia e novas prti-
cas na defesa dos ambientes essen-
ciais vida. Alm disso, o subsdio
Leia mais!
O artigo Biomas e defesa da vida
pode ser acessado na ntegra pelo
Portal Jesutas Brasil, no link:
http://bit.ly/2lAfP0H
[] nOssOs biOmas sO cOmO dOns que recebemOs dO deus criadOr, um espaO sagradO Onde vrias fOrmas de vida se interagem, marcandO sOcialmente a identidade das culturas nas regies amaznicas, dO sudeste, dO centrO-Oeste, dO nOrdeste e dO sul dO brasil.
chama ateno ainda para a necessi-
dade de a populao defender o des-
matamento zero para todos os biomas
e sua composio florestal.
Padre Josaf explica que os biomas
brasileiros (Amaznia, Mata Atlntica,
Cerrado, Caatinga, Pantanal e Campos
Sulinos) carregam histrias ambientais
e culturais de nossa civilizao. [...] al-
gumas pouco conhecidas, outras resga-
tadas e divulgadas, e outras que devem
servir de inspirao para o mundo ur-
bano em que vivemos, pois expressam
valores ticos e cristos que so funda-
mentais para a defesa da vida, afirma
em seu artigo.
No campo poltico, o texto-base da
Campanha da Fraternidade incentiva a
criao de um Projeto de Lei que impe-
a o uso de agrotxicos. O livro tambm
indica que combater a corrupo um
modo especial para se evitar processos
licitatrios fraudulentos, especialmen-
te, em relao s enchentes e secas que
se tornam mecanismos de explorao e
desvio de recursos pblicos.
A CNBB (Conferncia Nacional
dos Bispos do Brasil), responsvel
pela realizao da Campanha da Fra-
ternidade, destacou ser importante
que cada comunidade, a partir do bio-
ma em que se vive e em relao com
os povos originrios desses biomas,
faa o discernimento de quais aes
so possveis e, entre elas, quais so
as mais importantes e de impacto
mais positivo e duradouro.
Fonte: CNBB
pe. josaf carlos de siqueira
-
24 25Em Em
OLmA APOIA mANIFESTO CONTrA mEDIDAS mIGrATrIAS DE TrUmP
O Observatrio Nacional de Justia Socioambiental Luciano Mendes de Almeida (OLMA), organismo de articulao das aes
sociais da Provncia dos Jesutas do
Brasil (BRA), manifestou concordncia
e apoio Provncia Centro-Americana
da Companhia de Jesus, Comisso
Provincial do Apostolado Social e
Rede Jesuta com Migrantes da Amrica
Central, que produziram o manifesto
tempo de construir pontes, no muros!
O documento expressa a preocupao
e rejeio das instituies s
medidas migratrias anunciadas
pelo presidente dos Estados Unidos,
Donald Trump.
Segundo Luiz Felipe Lacerda, se-
cretrio executivo do OLMA, todos
somos chamados a lutar pelo respeito
dignidade humana. A humanidade
vive, no presente, tempos tenebrosos
em que, tanto em nvel local, regional
e nacional como em nvel internacio-
nal, os Direitos Humanos, principal-
mente das populaes socioecono-
micamente mais vulnerveis, correm
mltiplos e srios perigos, aponta.
Ele ressalta que com o apoio ao cha-
mado da Provncia Centro-Americana,
a Provncia BRA e o OLMA afirmam o
compromisso com os povos indge-
nas, os afrodescendentes, os migran-
tes, os refugiados e tantos outros que
lutam cotidianamente por sua sobre-
vivncia frente a Estados Nacionais
que mesclam discursos liberais com
polticas exgenas, discriminatrias,
xenofbicas e fascistas.
O OLMA convida todos os jesutas e
colaboradores da Companhia de Jesus
no Brasil e os integrantes da Rede Na-
coMpaNhia de jesus PrOmOO DA JUSTIA E ECOLOGIA
cOm O apOiO aO chamadO da prOvncia centrO-americana, a prOvncia bra e O Olma afirmam O cOmprOmissO cOm Os pOvOs indgenas, Os afrOdescendentes, Os migrantes, Os refugiadOs e tantOs OutrOs que lutam cOtidianamente pOr sua sObrevivncia [...]
cional de Promoo da Justia Socio-
ambiental, a unirem-se aos irmos da
Amrica Central, do Canad e dos Es-
tados Unidos, divulgando, debatendo e
tomando posio dentro do manifesto.
O modo de proceder da Companhia
de Jesus oferece-nos uma chave mui-
to rica para orientar a conduta a ser
adotada: ter presena apostlica de
refugiados cruzam a fronteira da grcia com a Macednia
Foto
: r
ober
t A
tana
sovi
ski/
AFP
Acesse http://bit.ly/2lmijlO e leia a ntegra do manifesto
escuta, acolhida e empatia; desenvol-
ver profundidade no conhecimento do
que sucede; cooperar com os outros e
a participar em redes; usar criativida-
de em nossas aes adaptando-nos
aos novos tempos, meios e linguagens
para, assim, promover incidncia s-
cio-poltica-cultural e empoderamen-
to popular, finaliza Lacerda.
luiz felipe lacerda, secretrio executivo do olMa
-
26 27Em Em
coMpaNhia de jesus EDUCAO
o legado da caMpaNha iNaciaNos pelo haiti
Aps cinco anos de intensa mobi-lizao e engajamento, a Campa-nha Inaciano pelo Haiti chegou ao fim em dezembro de 2016. Criada pela FLACSI (Federao Latino-americana de
Colgios da Companhia de Jesus), em
2011, a iniciativa promoveu um impor-tante trabalho de reestruturao das es-
colas de F e Alegria no pas, garantindo
que elas tivessem condies mnimas
para poder funcionar, aps o terremoto
que atingiu a nao em 2010. Realizada em duas etapas (2011-2013 e
2015-2016), a Campanha contou com a par-ticipao dos colgios jesutas da Amrica
Latina e provou que, literalmente, a unio
faz a fora. O envolvimento dos colgios
foi incrvel. Considerando que a primei-
ra iniciativa conjunta entre as instituies
educativas da Companhia de Jesus no
continente, a Campanha Inacianos pelo
Haiti conseguiu que o compromisso e o
trabalho se mantivessem durante um lon-
go perodo de tempo, envolvendo a maior
quantidade dos colgios da FLACSI, com-
partilha Jimena Castro, coordenadora da
Campanha Inacianos pelo Haiti.
Na primeira fase, o foco da Campanha
era contribuir com o fortalecimento insti-
tucional da rede de escolas de F e Alegria,
no Haiti. Esse trabalho aconteceu por meio
de um projeto desenvolvido com uma
equipe de profissionais, conjuntamente
com o pessoal de F e Alegria, que atuava
no escritrio nacional, localizado na ca-
pital do pas, Porto Prncipe. Alm dessa
equipe, a participao de diretores e pro-
fessores das escolas espalhadas pelo pas
foi fundamental, pois eles recolheram,
com riqueza de detalhes, informaes so-
bre o estado de cada uma das instituies,
aps o terremoto, identificando, assim, as
principais e mais urgentes necessidades.
Segundo Castro, esse foi o incio
de um trabalho muito importante, que
deu origem a uma ferramenta chamada
folha de rota. Esse documento de pla-
nificao foi indicando a cada uma das
escolas, segundo a situao, o caminho
para canalizar da melhor forma os re-
cursos (econmicos, humanos, etc.) e,
pouco a pouco, cada uma das escolas,
e todas juntas, foram consolidando-se
como centros educativos para oferecer
uma educao de qualidade, explica.
Dessa forma, nessa fase, F e Alegria
conseguiu que todas as escolas da rede
tivessem ao menos uma infraestrutura
bsica para poder acolher as crianas.
A segunda fase complementou ainda
mais o processo da primeira, pois o foco
era identificar e retribuir o trabalho dos
professores e o fortalecimento de sua for-
mao docente. Essa etapa convidou to-
dos os inacianos a apoiar os 140 haitianos
O envOlvimentO dOs cOlgiOs fOi incrvel. cOnsiderandO que a primeira iniciativa cOnjunta entre as instituies educativas da cOmpanhia de jesus [...] jimena castro, coordenadora da campanha
-
26 27Em Em
responsveis pela educao de mais de 4 mil crianas no pas, conta a coordenado-
ra da Campanha Inacianos pelo Haiti.
Nesse contexto, o papel dos colgios
jesutas foi essencial no envolvimento das
comunidades educativas. Conscientes da
importncia e da urgncia da mobilizao,
a equipe diretiva e todo o pessoal dos co-
lgios permitiram que os estudantes co-
nhecessem a realidade educativa do Haiti
no s nas salas de aula, mas tambm nos
corredores do colgio. At as ruas prxi-
mas das instituies foram cenrio de ati-
vidades da campanha. Com certeza, hoje,
h muitos Inacianos pelo Haiti espalhados
por todo o continente!, ressalta Castro.
No Brasil, todos os colgios da Rede
Jesuta de Educao RJE participaram da
Campanha Inacianos pelo Haiti. Esse en-
gajamento reflete a concepo e os esfor-
os do trabalho em rede que os brasileiros
tm. Os colgios levaram a campanha s
festas juninas, s salas de aula, s missas.
As instituies promoveram caminhadas
e tambm pedaladas pelo Haiti, relembra
Castro. Os alunos prepararam lanches
para arrecadar doaes e desenvolveram
conferncias, bazares, tardes recreativas,
gincanas, ou seja, utilizaram todos os es-
paos possveis, dentro e fora do colgio,
para apoiar a campanha, conta.
Ela destaca tambm a iniciativa de
intercmbio de professoras haitianas no
Brasil. Essa experincia foi maravilhosa!
Durante trs meses, duas educadoras de
F e Alegria estiveram compartilhando
suas experincias em educao infantil (e
experincias de vida tambm) com outros
professores das unidades da RJE, localiza-
das em Teresina (PI), diz Castro. O proces-
Os alunos dos colgios jesutas foram os principais respons-veis por dar vida Campanha Inacianos pelo Haiti. As crianas e jo-
vens abraaram a iniciativa e, alm de
participar das atividades e aes, tam-
bm envolveram amigos e familiares.
Assim, inspirada nessa atuao, em
2016, nasceu a proposta dos Embaixa-dores de Transformao. A inteno
era destacar precisamente isso: o papel
vital dos estudantes na Campanha Ina-
cianos pelo Haiti, explica Jimena Cas-
tro, coordenadora da iniciativa.
Ao longo do ano, foram escolhidos
60 Embaixadores, de 26 colgios, espa-lhados por 11 pases da Amrica Latina. Esses jovens representaram seus cole-
gas perante todo o continente e tam-
os eMBaixadoresde traNsforMao
bm para as comunidades de F e Alegria
Haiti. Entre as responsabilidades como
embaixador estavam: sensibilizar e pro-
mover atividades no seu colgio, sendo
ponte ou mensageiro entre suas comuni-
dades educativas e os professores e crian-
as do Haiti; transmitir mensagens de
apoio e receber mensagens de gratido,
sendo a voz de seus companheiros ao
compartilhar com outros Embaixadores
esses relatos. Toda essa comunicao foi
realizada por meio de encontros virtuais.
Para Castro, o papel dos Embaixado-
res de Transformao resultado de trs
palavras: transformao, unio e integra-
o. No mbito pessoal, a TRANSFOR-
MAO; para a comunidade educativa
do colgio, UNIO; e no caminho de
nos conhecermos cada vez mais, como
um grande corpo continental sensvel
e comprometido, INTEGRAO. A
experincia dos encontros virtuais aju-
dou os alunos no compartilhamento
de suas experincias e no exerccio de
pensar aes conjuntas, explica ela.
Uma dessas aes conjuntas foi o
Manifesto de Transformao, documen-
to que traz o testemunho de cada um
sobre o significado mais profundo que
a campanha deixou neles. O Manifesto
o legado que eles deixam para todas as
comunidades educativas do continente,
para perpetuar a transcendncia desta
misso, para ter presente esse enorme
potencial de mobilizao, desse sentido
de corresponsabilidade, pois, como eles
tambm falaram, unidos em ao so-
mos mais!, conclui Castro.
Acesse http://bit.ly/2lzVcDM e
leia a ntegra do manifesto.
[...] levaremOs esta incrvel experincia para O restO de nOssas vidas.trecho do Manifesto de transformao
so de imerso foi muito rico e possibilitou
a troca de modos de aprendizagens e ferra-
mentas entre as haitianas e os brasileiros.
Para a coordenadora da Campanha
Inacianos pelo Haiti, h muito o que
se comemorar. Os avanos no forta-
lecimento da rede de F e Alegria Hai-
ti e a contribuio na formao dos
professores so muito perceptveis,
afirma. Alm desses importantes pas-
sos, Castro ressalta um legado ainda
maior e que ficar para sempre. Hoje,
diretores, professores e as crianas
das escolas do Haiti sabem que po-
dem contar com o apoio de todo um
continente. Isso gera um sentimen-
to profundo que fortalece e d ainda
mais coragem para que eles possam
continuar trabalhando pela educao
do seu pas, conclui.
Saiba Mais
-
28 29Em Em
coMpaNhia de jesus EDUCAO
Em 9 fevereiro, o diretor acad-mico do Colgio Medianeira, Fernando Guidini, lanou dois livros sobre a educao jesutica e a for-
mao de professores, publicados pela
editora Appris. O evento contou com a
participao de educadores, professo-
res e da direo da instituio jesuta.
No livro Educao jesutica e teoria
da complexidade: relaes e prticas na
formao de professores, Guidini detalha
o passado e o presente da tradio edu-
cativa jesutica, desde o sculo XVI at
os dias atuais, discorre sobre o pensar
complexo, avana sobre as metodolo-
gias de pesquisa e apresenta as prticas
possveis na escola.
A obra resultado de seis anos
de pesquisas acadmicas de Guidini.
Com a pedagogia jesutica e a teoria da
complexidade, eu fiz uma relao com
aquilo que so os processos formativos
docentes, pensando a formao dos
professores nas licenciaturas, explica
Os livros podem ser adquiridos di-
retamente pelo site da editora Ap-
pris www.editoraappris.com.br
educao jesutica e forMao de professores so teMas de livros
o autor. Por meio do vis da pedagogia
jesutica, eu trabalho o componente do
homem moderno e de uma proposta
pedaggica que responde aos desa-
fios da contemporaneidade. Pelo vis
da dimenso do pensar complexo, eu
trabalho a raiz epistemolgica, ou seja,
uma raiz de pensamento, que possibi-
lita abordar ou responder os desafios
de hoje, de um projeto educativo que
deve passar pela humanizao, pela
inter-relao entre os saberes e que,
portanto, precisa dialogar com o con-
texto, afirma.
Segundo Guidini, a pedagogia ina-
ciana o pano de fundo da obra, que vai
dando forma aos momentos, tempos,
espaos, experincias dos professores
e referencial histrico. Alm disso, ela
traz a imagem do estudante, a concep-
o de homem, a relao com o ser pro-
fessor e, principalmente, os sentidos da
educao. Isso gera um determinado
perfil de professor e, por sua vez, um
determinado perfil de pessoa que ns
queremos formar, ressalta.
O livro _ indicado para professores,
coordenaes pedaggicas, lideranas
inacianas e profissionais que trabalham
na universidade com formao de pro-
fessores _ inspirado na prpria trajet-
ria do professor. Como profissional de
educao, eu acredito no compromisso
com a formao das novas e presentes
geraes docentes e de professores do
nosso pas. A obra inspirada em toda
a minha trajetria formativa como pes-
quisador da educao e como algum
que, a partir da prtica, procura sempre
sistematizar os seus projetos pedaggi-
cos, as suas pesquisas, acreditando no
potencial, acreditando naquilo que o
cho da escola, diz Guidini, que trabalha
no Colgio Medianeira desde 2003.
O outro livro de Guidini, Referen-
ciais epistemolgicos: a formao pedag-
gica dos professores da educao bsica,
aborda os referenciais de conhecimen-
to necessrios, hoje, para a formao
de professores da educao bsica. A
publicao traz um estudo sobre os pro-
jetos pedaggicos e as prticas desen-
volvidas pelos professores da educao
bsica. A partir desse movimento, utili-
zando o referencial da teoria como ex-
presso da prtica, eu vou fazendo um
diagnstico dos saberes e dos conhe-
cimentos que esses professores, que
esto desenvolvendo o seu trabalho pe-
daggico em sala de aula, possuem, ou
devem possuir, para o melhor exerccio
da sua funo, conta.
O objetivo que esses profissionais
desenvolvam da melhor forma o seu
trabalho. A partir do olhar do profes-
sor, eu sistematizo esses referenciais
ao longo da obra e, por sua vez, esses
mesmos referenciais retornam uni-
versidade, academia, como elementos
de formao para os novos professores,
para aqueles que esto nas licenciatu-
ras. O ponto de partida a escola, pois
nela que a gente tem o professor, na
escola que a gente tem os grandes de-
safios. Ento, sistematizar isso tudo e
enviar para academia, possibilita que
ela consiga promover uma formao de
professores atualizada diante de conhe-
cimento, de saberes e de aprendizagens
que sejam pertinentes e que atendam
aos desafios que ns temos hoje na es-
cola e que no so poucos, finaliza.
obras de fernando guidini foram lanadas em fevereiro
Foto
: Pau
linha
Koz
low
ski/C
olg
io m
edia
neira
-
28 29Em Em
PrOGrAmA mAGIS BrASIL PLANEJA SEU III FrUm NACIONAL
Entre os dias 14 e 15 de fevereiro, colaboradores e jesutas partici-param da reunio de planejamen-to do III Frum MAGIS Brasil, no Centro
MAGIS Burnier, localizado em Braslia
(DF). O encontro reuniu representantes
dos Centros, Casas e Espaos que com-
pem a rede do Programa MAGIS.
coMpaNhia de jesus JUVENTUDE E VOCAES
O III Frum, que ser realizado
de 29 de abril a 1 de maio de 2017, no prprio Centro MAGIS Burnier e
no Centro Cultural de Braslia (CCB),
pretende contar com a participao
de jovens envolvidos com o MAGIS de
todo o pas. As inscries sero rea-
lizadas localmente e exclusivamente
iNtegraNdo aes
No dia 8 de fevereiro, represen-
tantes da equipe de trabalho na-
cional do Programa MAGIS Brasil
reuniram-se com integrantes da
coordenao do Colgio So Fran-
cisco Xavier, localizado em So
Paulo (SP). Durante o encontro, dis-
cutiu-se a possibilidade de integrar
aes entre o Programa e o Colgio.
O intuito aproximar os alunos da
instituio das atividades oferecidas
pelo Centro MAGIS Anchietanum e,
tambm, compartilhar experincias
pedaggicas do ambiente escolar que
podero agregar metodologia de tra-
balho do Programa MAGIS.
por meio das obras que fazem parte
do Programa.
A ltima edio do Frum MAGIS Bra-
sil aconteceu em abril de 2016, no Centro Cultural Joo XXIII, Rio de Janeiro (RJ).
Com cerca de 100 participantes, o evento contou com uma programao de ativida-
des de carter formativo e celebrativo.
O padre Jonas Caprini, coordenador
nacional do Programa MAGIS Brasil, este-
ve presente na reunio e avaliou positiva-
mente o encontro das equipes de trabalho
das duas obras jesutas. Recebemos com
bastante entusiasmo o convite feito pelo
Colgio e agradecemos a oportunidade
de poder dialogar e apresentar o trabalho
desenvolvido pelo MAGIS, ressaltou.
-
30 31Em Em
coMpaNhia de jesus JUVENTUDE E VOCAES
aproxiMao e escuta dos joveNs
Em um processo de aproxima-o e escuta dos jovens, o Cen-tro MAGIS Amaznia realizou um encontro com os crismandos da
Parquia So Jos Operrio, em Ana-
nindeua (PA), no dia 12 de fevereiro. Como momento fecundo de apren-
dizado e partilha, o encontro permitiu
aos jovens interiorizarem-se e refleti-
rem sobre o sentido profundo da vo-
cao humana, do compromisso e das
implicaes de uma vida crist autn-
tica frente realidade.
-
30 31Em Em
ageNda
Centro magis Inaciano da Juventude CIJlocal | Fortaleza (CE) site | www.casainacianadajuventude.com
Vila Ftimalocal | Florianpolis (SC)orientador | Pe. Otmar Jacob Schwengber, SJ, e maria Nogueirasite | www.vilafatima.com.br
Casa de retiros Vila Kostka Itaici tema | Da Cruz a ressurreiolocal | Indaiatuba (SP)orientador | Pe. Adilson Silva, SJsite | www.itaici.org.br
Casa mAGIS manresa local | Cascavel (Pr)site | casamanresa.wixsite.com/site
Centro Loyola de F e Cultura PUC-riolocal | rio de Janeiro (rJ)professor | renato Vargessite | www.centroloyola.puc-rio.br
aBrIl
Centro de Eventos Cristo reilocal | So Leopoldo (rS)orientador | Pe. Dionsio Seibel, SJsite | www.cecrei.org.br
Casa de retiros Padre Anchieta CArPAlocal | rio de Janeiro (rJ)orientador | Pe. Javier Enciso, SJ site | www.casaderetiros.org.br
1 A 8
9 A 15
retIro de aComPanhamento dIrIo
retIro de semana santa
2
12A 15
12 A 16
14
29
ConvIvIum
retIro de PsCoa
retIro temtICo
PeregrInao
Curso a BIotICa e as ameaas vIda humana
juBileus60 ANOS DE COmPANH