p oq 5aaq2- linguagens fronteiriÇasbibnum.enc.sorbonne.fr/omeka/files/original/8a07ce03029a...p oq...

14
p o q 5a'aQ2- LINGUAGENS FRONTEIRIÇAS DE D PORTUGAL E HESPANHA PELO Dr. J. Leite de Vasconcellos Coijervador da Bibtiotheca National de Lioboa Professor do Curou de Bibliotlioeario-Archivieta (Separata do REVISTA LUSITANA, vol. vu ) Document 111111 Ii I! III 11111111 1111! III! 0000005513260

Upload: others

Post on 19-Jan-2021

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: p oq 5aaQ2- LINGUAGENS FRONTEIRIÇASbibnum.enc.sorbonne.fr/omeka/files/original/8a07ce03029a...p oq 5aaQ2-LINGUAGENS FRONTEIRIÇAS DE D PORTUGAL E HESPANHA PELO Dr. J. Leite de Vasconcellos

p oq 5a'aQ2-

LINGUAGENS FRONTEIRIÇASDE

D

PORTUGAL E HESPANHA

PELO

Dr. J. Leite de Vasconcellos

Coijervador da Bibtiotheca National de LioboaProfessor do Curou de Bibliotlioeario-Archivieta

(Separata do REVISTA LUSITANA, vol. vu)

Document

111111 Ii I! III 11111111 1111! III!0000005513260

Page 2: p oq 5aaQ2- LINGUAGENS FRONTEIRIÇASbibnum.enc.sorbonne.fr/omeka/files/original/8a07ce03029a...p oq 5aaQ2-LINGUAGENS FRONTEIRIÇAS DE D PORTUGAL E HESPANHA PELO Dr. J. Leite de Vasconcellos

LINGUAGENS FRONTEIRIÇASDE PORTUGAL E HESPANHA

Percorrendo-se as fronteiras portuguesas, tanto a. oriental como•a septentrional, descobrem-se do lado de c& certos faliares que par-ticipam dos caracteres hespanhoes MU gallegos, conforme as regiSes,e do lado de l outros fallares que participam dos caracteres portu-gueses, ou pertencem mesmo totalmente 30 dominio linguistico dePortugal.

No concelho de BA]uuxcos, que coustitue o extremo mais orien-tal do Alemtejo, e penetra na Hespanha, ha uma linguagem muitopartictilar, cm que o portuguès e o hespanhol se encontrain nui coino outro, e cujo estudo surnmàrio fiz na minha Esquisse d'une diaiecto-ogie portugaise, Paris 1901, p. 151-153. Ao Norte d'este concelbo,cm OLIVENÇA. jâ em terras de Hespanha, falla-se unia variedade doportuguês-aletntejano, como mostrei na Revista Lusitana. n, 347-349.Em ALAMEtJIIJLA, aldeia hespanhola da provincia de Salamanca, agmas duas legoas do nosso Villar-Formoso (Beira-Baixa), e portanteainda junto da fronteira oriental, consta-nie que se falla português, -polo que os hespanhoes chamam mestizos aos habitantes de ht. AoNorte, na Beira-]3aixa, e no longe de Viflar-.F'ormoso, demora nalinha raiana VAL-DE-IJA-MULA, que nô la do seu nome revela uni ca-racter da grarninatica hespanhola, o que dâ •a entender que ahi se fa!-loti hespanhol cm algum tempo, embora hoje, segundo penso, M sefalle portugnês. Na fronteira oriental da provincia. de Tras-os-Montestemos O SItNDLNÊS, Ô ufltANDÉs e o cuADE1unLIts, idiomas intermediosentre portuguès e asturicù-leonês, sobre os quaes se veja o que escre- -vi nos Estudos de plÉilologia mwandesa, ix, 43-77 e 331-340, e na F9-•quisse d'une dialectologie, p- 198-202.

Passemos agora à fronteira septentrional. Lâ encontramos, noconceiho de Bragança, o iumoitÉs, que està nas mesmas circumstan-cias que os tres idioinas precedentemente mencionados, C 30 quaItauibein me refiro nos citados Estudos e Esquisse. \Tizinho do conceihode Bragança, mas na provincia hespanhola de Çamora, fica o povo deERMISENDE, cujos habitantes fallam mua variedade do portuguès-tras-montano. Ein Lonios, no Su! da 6-alliza, e eiii PJUtADA DO Mowu, no-extremo Norte do Minho, ha tambem linguagens que contéin phono-menos communs ao português, uma, e phenomenos communs ao gal.logo, a outra.

D'estas tres ultimas linguagens inc vôu occupar no rresente tra-baiho. Teinos assim: phenomenos gallegos num faflar português; pile-

Page 3: p oq 5aaQ2- LINGUAGENS FRONTEIRIÇASbibnum.enc.sorbonne.fr/omeka/files/original/8a07ce03029a...p oq 5aaQ2-LINGUAGENS FRONTEIRIÇAS DE D PORTUGAL E HESPANHA PELO Dr. J. Leite de Vasconcellos

4'LINGUAGENS FRONTEIRIÇAS DE PORTUGAL E BESPANHA

nomenos portugueses min fallar gallego; Iinguagem portuguesa cmÇamora. Os assuntos relacionam-se pois entre si, e justificain o tituloque eu don ao trabaiho.

A existencia de tantos fallares fronteiriços tem varias causas:assim. cm Olivença, o portugus provém da epoeha cm que a cidadefoi nossa; o mirandês ha todas as razôes para crêr que se desenvol-veu, mini recanto do antigo reino de Leào, parallelamente aos idio-mas viziuhos. O contacto de Portugal com a Hespanha, que é bas-tante intimo en varias pontos da raia, contribue tambem para queentre os respectivos idiomas se produza uma especie de osmose, que,se se manifesta sobretudo effl rèlaçâo ao vocabulario, se estende porvezes, mais ou menos, a toda a grammatica.

A rapida indicaçilo que fica feita serâ talvez novidade para mui-tos leitores. Nâo é por dia ser curta, que deixei de passar grandesfadigas para a poder fazer. O que se condensa cru uma pagina custas vezes aiinosde trabaiho: sabem-no todos os que escrevem; nias os

que lêem, nom sempre meditam nisso!Como fui eu o prirneiro que assignalei e estudei esses fallares, e

teuho sida depois quasi o unico u occupar-me d'elles, relevar-se-nie-haque no que vou dizer en seja breve. Sempre absorvido por muitostrabalbos, niïo posso dedicar a cada uni o tempo que dedicaria se meoccupasse de un sô. En Portugal ha porém to pouca gente que seconsagre u investigaçêes scientificas, que, quando alguem se sente conîtuimo para chas, precisa de dirigir a actividade por mais de un cam-pa, no sô para supprir a deficiencia de braços que ahi se nota, comoporque, para a seqiiencia niethodica do sen estudo, se vê obrigado aobtet pelos esforços proprios os resultados que cm puises de majoradeautamento obteria da conjugaç.o dos esforços de outros investi-gadores. Fique ao menas conhecida, con relaçâo ao assunto de que setrata, a boa vontade que houve de esclarecer a nossageographia lin-guistica.

LÏNGUAGEM DU PnADÂ DO MONTE

Parada-do-Monte ê freguesia do conceiho de Melgaço. En 1875tinha 180 fogos, segundo o Portugal antigo e vzoderno de Pinho Leal,vi, 455-456, onde se diz que uma das riquezas dos habitantes d'ellaso os gados.

En Agosto de 1902 estive na villa de Melgaço, e, coino ahi senie proporcionou ensejo de fahlar con varias pessoas de Parada, coihios materiaes que adeante vou estudar.

Page 4: p oq 5aaQ2- LINGUAGENS FRONTEIRIÇASbibnum.enc.sorbonne.fr/omeka/files/original/8a07ce03029a...p oq 5aaQ2-LINGUAGENS FRONTEIRIÇAS DE D PORTUGAL E HESPANHA PELO Dr. J. Leite de Vasconcellos

LINGUAOItNS 1'RONTEIRIQAS DE POEnJOAL E JIESPANHA

A. Phonologia.1. Existem dons especies de e, mn ahertb e eutro fechade. ex.

préqo e tébo steve». O mesmo succede coin relaçâo se o. ex. prôbe oupôbve e pôço. Tanto o é corne o é soam como en portugnês; nâo temo valor do e e o hespanhoes, que ficam respectivarnente entre os nos-.sos é-d e d-ô. Factos dignos de nota siïo: p y' «porco», que tem o oaberto, corne o do feminino 'p6rca); ôUie «Ôlhel (imperativo de oihcn-);bôb?T «bebem»; anél «snob', mas nopi. anéis; dêç «dez». E' frequentedizer-se tambem en muitos pontos de Portugal, por exemple na Beira,pdrco, dbo, ôsso.

2. 0 e é fechado cm -élho<1. -ic'lu-, por eLjo&ho, ordiha; en-eja, ex. igréja. séja: e -cm -enlia. ex. lénlia, que no p(de rirnar conmunténlia. O 'e atono alterna coin -j.

3. 0 e nasal atono é surdo, quer no fim de palavra, quer rie interior. ex. pdd7. diz, ira balh g. meirlir (i.é inantir,) onde sôa como o ede pdcle. mas nasal, O primeiro facto é caracteristico da raia; o se-gundo encontra-se no resto do Minho. Temos pois, -Efl e -xx- la-tinos atonos a darem seinpre cm. Phenomenos senjeihantes acontecem0011) -1/NT e ;0N. que dâo respectivarnente il (-un-. -uin-), ex. Ira-ba1hér, dixérft, forZ muntânha, o que tamberu se observa no restode i\iioho. Lat -ANT atono tornou-se -â: trabdil2à, dndâ, stabâ, cornecm português archaico. Em sylla tonica temos: stâ<stant, câ<eau e-, irmd<germana- e andarâ, j . ê andctrasn(futuro) 1.0 a nasaltonico é aberto, ex. findâ; oc nasal tonico é aberto ou semi-aberto, ex.Q, bint (I. é téni ou tèm. e hintém et' lentèm), bénça ou bànça'. O -cmé fechado. ex. sôm, carbôm. pôm o que estahelece grande differonçacoin o resto do Miplio. onde se diz -u (ditongo); temos pois -oNE>-cm, conservaço da fôrma archaica.

4 0 digrapho -oa sôa -ôa e nâo -oua. corne cm grande parte dopais, ex. béa. Lisbda. Euf tic tanibem ha un digrapho: tic. èomo naJingua litteraria (en alguns pontos do pais diz-se tin). O preterito da3. conj. termina do mesmo modo: mentie, no meniju.

5. 0 ditongo ou sôa Lin, como, coin mais• ou monos intensidade,no resto do Minho 0 no N. de Tras-os-Montes, ex. tru'e ou tr5uxi,flÔU!CO3 7ÔhJC0.

6. 0 s distingue-se de ç, como cm toda a raia do Norte e nabeirâ. ex. çinco-seis, o que, corno é sabide, estâ de accOrde cern n or-thographia antiga. O inesmo succede coin f ou -s- (j. O s intervoca-lico) e z. —Em tres chapeus, o s de Ires distingue-se autos do cli, quesOn expinsivo (quasi ix). - No fim de palavra: tuç duz».

B. Morphologia.7. Na formaçae do plural dos nornes lia alguns factos interessan-

tes que notar. A palan-a dl faz no plural câs (segundo a pron(ineia

5cm ter eleinentos para poder forniular regras, cito estes exemplos eora-çâ de Maria (proclise), amante coraçâo (pnsa); e ,,â sinhor a par de nE sinhor.

Page 5: p oq 5aaQ2- LINGUAGENS FRONTEIRIÇASbibnum.enc.sorbonne.fr/omeka/files/original/8a07ce03029a...p oq 5aaQ2-LINGUAGENS FRONTEIRIÇAS DE D PORTUGAL E HESPANHA PELO Dr. J. Leite de Vasconcellos

LINGUAGENS FRONTEIHIÇA5 DE POILTUGAL E HESPANHA

de uns) e cents = ca-n-s (ségirndo a pronûncia de outras), e igualmen-te pd faz e pa-n-s, innfl (que é mase. '( germanu-- e ferninino<germana-, cf. § 3) faz irm&s e irtna-n-s; de carbô,n sô ouvi o pi.cabons, j . é carbo.ws. Importa observar que cm gallego a palavra ccitt,que sea cil, faz no plural, s par de cds. tambem ceins (i. catn. $) e ciifls(com n guttural); na Carmin envi frequentemente maris (= ma-n-s),a par de nids, corne pi de mcm (que sôa m4 e pans (= pa-n-s) coiuopi. de pan (que sôa pll). — Eut Parada o plural de carac&l é camacôis, eo de anal. é anéjs (havendo tanibeut anéles. porque coin attêl ceecisteanéli=andl-e no sing.). Ulibes «eurives» tanto é singular cerito plural.

8. Quanto à distincçto de generos, ternes abô no inasculino e ahéno ferninino, - cento cm português. Note estas palavras, poisque éfacil, nas rajas, estabelecer-se confusâo de uma com a outra: cf. § 1.

9. Verbes. — A phenetica imprime ses verbes fôrmas 'especiaes:3." pI. -, .d, -t ( 3), ex. did, cdnW., dixér: 3.' sing. .ê (=-érn)cm t. Os factos mais dignes de nota na conjugaào se es seguintes:os preteritos fortes terjuinain cm o na 33 sing., nas mesinas candi-çôes eut que assim teriflinam em gallego, niirandês e hesparihal ,ex. disso «disse», çjuifo aqnis, fez-o «fczn, têbo ateve», trVuço «trouxe»,stôbo «euteve»; na r pessea do sing. de todos os preteritos ternes-clic (ou -clii) correspondente a lat. -sn, came cm gailego, ex. fochi«foste n, trkic,echi «trouxesteh, trabalhdche « trahalbaste», ernbora conesta fôrnia coexista a férma eut -etc ou -sti, ex. fosti, Ira ba.lhastc (nfôrma cm -clic é sobretudo usada pelas veihos, 1. é, é autiga). Exeni-ple do verbes conjugados:

trahalhei fui trUncetrabaihaclie (e -ste)fochi (e foste)troucechitrabaihôn-foi trôuçorctba1/i dines font os troucemos

trahaih estes fastes-- trouccstcstrabalhâ,i fôri' trouccru

Factos avùlses: sont «sou, sentes, sein «sâo» (cm gallego tainbeuison=sô é sing. O pi.); 23." do sing. e do p]., ex. «as galinhasp û ébo» (o mesmo cm gallego: sing. e p1. pon, que sôa pô); biste-te«veste-te»; eu-ré-niez-te «arranja-te", fizi e fiç «fiz»; caber faz no prete-rite eu cab4 elle caibeit; e imperative. de dis-ev é di. corne em gallego(que nesse idioma coexiste cern dite); impessoalmente-diz-se bai «ha,facto muito frequente no sb nas raies, mas ainda -en certes pontesdo interior do pais; o verbe vii-, i. é, bi,-, peisque y = b, faz no prete-rito binlieche «vieste», b gu «vein' (cm gali. viii eche e veu).

C. Vocabulos e oançôes. -10. Vocabules curiosos: arbre (que coexiste coin ciibre) «ancre',

• (if. Escudos de philologia mirandcsc&,j, 393.

Page 6: p oq 5aaQ2- LINGUAGENS FRONTEIRIÇASbibnum.enc.sorbonne.fr/omeka/files/original/8a07ce03029a...p oq 5aaQ2-LINGUAGENS FRONTEIRIÇAS DE D PORTUGAL E HESPANHA PELO Dr. J. Leite de Vasconcellos

LINGUAGENS ERONTEIRIÇAS DE PORTUGAL E HESPANIXA

auga «agoa», iranjiar «veranearD (P), c/n%bia echuvas (usado tambemem Soajo etc.), i4gre-na «Jagrima», sum»ntcirçt «sementeira».

11. Amostra do cncioneiro:

Sinhora da Peneda 1, 0' luar da .meia-noite,Da Peneda, Penedinha, No sêjas meu enemigo:Obamai-me boss' afilliada,Stu â porta do aujor,Qu'eu bos dbamarci madrinha.Mi posso intrar cuntigO.

Os caracteres &este diaiecto, que Ihe do certa pliysionomia,<-ÂNE C -An', -C< 'Efl, -& < -ONE, -U<VNT, segundo

o que se disse no § 3; s-ç, [z, segundo o § 6; preteritos cm -o na3G sing. e cm -che na 2. sing., segundo o § 9. 0 ftltimo phenorneno,que•é ag ara notado pela primeira vez num fallar de Por-tugal, constitue.o mais importante de todos os caracteres, ficanda-iheimmediato cm importancia o -o dos preteritos. Por estes caracteres &linguagem de Parada occupa logar espedial no quadro da nossa dia-lectologia, pois, embora fallada cm territorio ptuguês, e portuguesano seu conjuncto, apresenta phenomenos caracteristicos do gailego,sendo um exciusivo d'elle, quai é o citado -cite < - STI. nos preteritos 2,

II

LINOEULGEM DE SAN Mi&tini DE Lonios

San Miguel de Lobios é freguesia da provincia de Orense, ecapital de ayuntamiento. Fica num vaile fertil, situada â direita doria Lima. Esta repartida par acte logares; em 1847 tinha 132 fogos,segundo Madoz. Diceio,wrio geograpliico de Espa4a, x, 319.

Os materiaes ut,ilizados no presente estudo foram coihidas pormim cm Orense, cm Setembro dc 1902, ouvindo fallar um rapaz na-tural de Lobios.

A. Phonologia..1. .0 lut. -Afl tornou-se .âu (ditongo), ex. man <manu-, ir-

mati <germa nu-, bran < veranu-, palavras que riinaru coin pau <pal u-. Noutros pontos da Galliza eneontra se nas mesinas condii3es:

1 Santuario célebre no Alto-Minijo (conc&ho dos Ateos).Postoque cm gallego ao pronome purtugnCs tej (dativo) corresponda c/te,

este ultime pronoms nâo existe no fallar de Parada: T âo pouco ahi existe -ss- por-J'- intervocatico, e x por j, que .sâo phenomenos proprios do gallego moderno.

ri

Page 7: p oq 5aaQ2- LINGUAGENS FRONTEIRIÇASbibnum.enc.sorbonne.fr/omeka/files/original/8a07ce03029a...p oq 5aaQ2-LINGUAGENS FRONTEIRIÇAS DE D PORTUGAL E HESPANHA PELO Dr. J. Leite de Vasconcellos

LINGUAGENS FRONTE[I1IQA5 DE PORTUGAL E flESPANHA

-no (dissyl.) e - à (escrito pelas Gallegos -an I), ex. mao e irmao no con-dado de Ortigucira. mà e innâ (cm ambas estas palavras o -â é aber-to) na cidade da Corufia—O lat. -ÂNE tornou-se -à, ex. cà (â aberto),escrito cati cm gallego; no plural porém cds. - Em témpo e jnlnte o e(nasal) é fechado. No fini das palavras - é aberto: b (sôa Mm). sat-têtn(sôa sarlém).

2: 0 lat. -IOLÂ don -êlha cm ôrêlJ?a; o lat. -ESLv don -êja einigrja. Em lôije<longe temos o ditongo ri (coin o fechado), comaem portugus; o, mesmo ditongo se ouve cm lâixe na Oorufia: a exis-tencia d'este ditongo cm gallego é agora assignalada pela primei-ra vez.

3. Existein. no fallar dc Lobios certos sons que ainda tarnbemno foram assignalados cm gallego: O -r sôa -n-. ex. florr, i-aiseiorr(mas no PI - -ores,),---o que observei igualmente noutros pontas daGalliza. Ouve-se o ç portugus de Tras -os-Montes (= ç do Porto) cmcinco. coraç. cntç, paç, luç; corresponde-Ihe como consoante sonora osoin z de Tras-os-Montes (=z do Porto), ex. c,-uzes, azeite, e nào oz hespanhol. 0uv-se of de Trac-os-Montes, do Minho e da Boira cmcoufa, cafa, i-ofa, j. é, entre vogacs 2. a este som corresponde s deTras-os-Montes (pouco mais ou menas o $ casteihano), e scie, sol.Em jardï, Jancit-o, j4. ouve-se j português, embora pronunciado umpouco mais adeante do • que no nosso idioma, mas é j e uâo x, queexiste cm tacs coudiçécs no resto ou na maior parte da 0-afliza.

'4. No fin das palavras, cm syllaba atona, ouvi -ô, coma en go--rai na Galliza, peio monos quando lia certa emphase, ex. corpo (napronuucia port. é co'-pu). Em v,-açô;n o primeiro o (atone) sôa u; ouinzelû o e sûa é. Em il nŒo mivi t gutttiralizado (sôa i19.

B- Morpho1ogia5. Prononies pessoacs: eu, tu (nâo 19, il. éla, nôs (nâo nosoutros,?,

bée (no vosoutrosj iles. (Jomo complemonto dos vcrbos: matei-o (nao-no,), mas matou-na; é possivel poi-én que a regra seja uniforme. Pro-nome dative cM, ex. ilci-che. Pronomc demonstrativo este (assim envi,e nâo iste,). Posscssivos: meu, nosso, o que nada apresenta especial.

6. Plural dos naines: coraçâ— coraçôs, carbû carbôs. tnelô -mclôs; jard—jardis; sat-t—sa,-tés, b—bés; pà—pds, cà—câs; ca-racal —éaracoles; foi-r —foi-es; cru ç— ci-uzes.

7. 0 verbo fuguir «l'agir» conjuga-se assim: fugo, fdgucs, fôguc,(cola g,), fujimos, fujides. fofi (con] j port.), ao passa que no gallegonormal este verbo tem a fOrma fuxir ou ftxir; ha-de admittir-se, se-gundo croie, que no lat. vulg. se disse *f?rgo par fugio. e que a fOr-

' Em gailego existc-m nasses como 0m portognês. Jst.o û ponta assente. OsBallegos, porém, influe,jciados pela orthographia eastelhana. eserevein -an, -en, -in,

0m vez de -2 Tacs palavras ,pto somun pois coussc', cossa, rasni, como nO gallego nor-

mal, inca 80cm eorno no Norte de Portugal e isa Beira.

Page 8: p oq 5aaQ2- LINGUAGENS FRONTEIRIÇASbibnum.enc.sorbonne.fr/omeka/files/original/8a07ce03029a...p oq 5aaQ2-LINGUAGENS FRONTEIRIÇAS DE D PORTUGAL E HESPANHA PELO Dr. J. Leite de Vasconcellos

LINOUAGK&S FRONTEIRIÇÂS DE PORTUGAL E IIESPANUA

ma do pres. indic, no singular e a do infinitive se regularam por ahi.Outro verbo: digo,. dis, di, dezernos, dezedes, dt (no gallego normaldifiérem as duas primeiras pessoas do plural, que silo: dicimos, dici-des). Ao verbo português «fazer» corresponde cm Lobios faguer, quetambem se encontra noutros pontos da Galliza; faguer presuppôe nal. pessoa do indic. fago (que porêm nâo ouvi), que se explica por

s *faco . tendo-se fortnado d'elle o infinitivo, como de fugo se formoufuguir.

8. Nos.adverbios notei ni como férma tonica, isto ê, cm pausa,e n, corne fôrma atona, 1. ê, cm prôclise.

A linguagem de Lobios, apesar de fallada cm territorio gallego,e de ser gallega pelo sou conjunto, tein aiguns caracteres importan-tes, guaes silo f, z, ç e j, que pertenceni no portugnês, e actualmentesô a elle, - pelo que deve occupar logar especial no quadro da dialectologia gallecù-portuguesa.

III

LINGIJAGEM D ERM1SENDt

A aldeia de Ermiende (ou E?-) esende; taiubem se escreve Her-,nisende.) fica na provincia de Qaniora, partido juridico de Puebla deSanabria. - na fronteira portuguesa. En 1847 tiuha 559 aImas 2, Em1S84 estive là. e. como falici con diversas pe.soas, colhi os elemen-tos que servem de base n este artigo. Jà nos meus Ifs &udos dc philo-lobia. ,ni-randesa, n. 56-57, indiquci alguns caracteres da linguagemde Ermisende; aqai, poréin, publico todos os materiaes que actual-mente possuo a respeito d'efla.

A. Textos populares.Os textos que s sefle-m silo contes populares. Transcrevo-os

phoueticamente, nos limites da orthographia portuguea:

I. Era fla pôrca, ê tiuha sete ou ôito bâcoros, ê staba noê d'um rnoinlxo, ê despous foi um lobo pôr ah ê dixo4e que l'iba

a couler 05 .bàcoros. -- Fous agora nu' m'es comas, sim os bautizar.Despous dixo-le que se l'oas' él é fôndo da calhêiha, que là

l'os tria botando pela calhêllia a baixo. I adespous botou-l'a-i-auga

I Cf. Estudos de philol. mi,'andpsa, ,, 37G.2 Madoz, Dico. Geogr. de E.'poFsa, xx, 503.

Page 9: p oq 5aaQ2- LINGUAGENS FRONTEIRIÇASbibnum.enc.sorbonne.fr/omeka/files/original/8a07ce03029a...p oq 5aaQ2-LINGUAGENS FRONTEIRIÇAS DE D PORTUGAL E HESPANHA PELO Dr. J. Leite de Vasconcellos

10LINGUAGItNS FRONTEIRIÇAS DZ PORTUGAL E IISPANIIA

é moinho, j atrougo o lobo 6 redér, astâque c pôfo tônto, ê mon-fres jft nôm scapoif a pôrca c'os bâcoros. Despous quedou o lôbodezêndo que seu pai nunca fôra bautizador de Mcoros.

10 Despous foi mais a baixo i ancontrou c'iia-i-egua, ê dixo-leq'ib' hcomê-la, j cia dixo-le que nu' na comêsse, que staba des-ferrada, que le botésse fla ferradura autos di a corner. T. afoi abotà' la ferradura i adou-P uni couce nos dentes, ê botou-o depatas 6 aire. Despous quedou o. lôbo dezeudo que sen pai que

15 nunca fôra ferrador, mentre jâ nom scapou-se a-i-egna.Foi mais a baixo, I êneontron dons carileiros, e dixo-le qu'os

ib'k corner, ê dixérom le que tinhâ pirineiro que partir aquélprado donde stabà paceudo. Adixérom-le que se pufesse él noinédio, ê despous fôrom. mn d'fla punta, j outro da outra, j adé-

20 rum-l'ûa rubada, î arreientéruin-no iobo, î adespous os carnei-ros scaperum î ô lôbo quedou dezendo que l'era hé feito aquêlo,que scu pai nunca fôra partidor de prados.

II. Er' ûa rapofa, fezo-se morta rnitn carninlio. Passou potah um sardinheiro c'ùa carga de sardirihas, j achou-a, j atirou-a

25 é riba da carga, I cIa despous corneu-i'as sardinhas, 1 âs quenom pôdo corner tirou-i'as ô châo, I ôdespous achou & rapofamênos; j adespous foi â mirer (= a amirar? cfr. adeante, § 5) acarga, I achou as sardiuhas menas, i adespou' la rapofa êncontrouo labo, j adixo-l'o lôbo:

30- Ai! coftadie! Mi farta bêt ùstêde que corneu?- Ai! o dern'o iébe. coinpadre! Parece tonto! Bi birum sar--

dinheiro c'ûa carga de sardinbàs; despous fi-z-nie mort no cami-nho. tirou-in' entr' as canastras, i êu corni-i' as sardin)ias, i agorabél como bênho farta. I adespous dixo-l'o lobo:

35—I eu... corna ici-de fazer eu para rue fartar en tamé?I adixo-l'a rapofa:

• - Bâia por fôra do caniinho, I apûnha-se de diante d'éI, iafa-ga-se môrto, q'indale ïiuedérum sardinhas no fonda da canastra.

Despous foi o arriciro e sfolou-i'a harriga ô loba, j atîrou-o40 riba' da carga, i ô loba foi-le comendo. as sardinhas, mâs coma

tinha a barriga rcsgada. todas 1' ibâ caiendo ô dhâo, I à rpofaiba de trâs cornendo-l'as outra bez. Despous bôibeu-s'a pôr dediante do lôbo, j adixo-le:

- Ai! compadre, Dixe-le q' hibia de bit farto, i ùstêde nom45 bé farta; soi que nom fez ô que leu mandei.

[ êl dixo-le:- Eu, ma' sim fiz, mâs foi o arrieiro, arrasgou-m'a barriga,

I conform' iba.comendo as sardinhas, ibji-me caiendo po'lo buta-co. I agora, corna bamos a fazer p'ra curâ' l'a barriga?

50I dixo-Fa rapofa:- Pois té que s'ir a meter -ah a baixo àquel poço c'ô corpo

debaïxo da-i-auga, j à cabeça féra.

Page 10: p oq 5aaQ2- LINGUAGENS FRONTEIRIÇASbibnum.enc.sorbonne.fr/omeka/files/original/8a07ce03029a...p oq 5aaQ2-LINGUAGENS FRONTEIRIÇAS DE D PORTUGAL E HESPANHA PELO Dr. J. Leite de Vasconcellos

LINGOAGENS FR(Û4TEIRIÇAS 0E PORTUGAL E HESPAxIIA 11

I afoi 1-â Pela manb a rapof-a, i adixo-le:- Ai! coinpadre! Ét que tal bai esse balor? El bai sâo, ou

55 que tal bai êsso?—Eu agora jA bon indo boni, mas é qu' os carajubélos sf6-

gA- me.- Logo. que 1' bernas fazer, couipadre?I adixo-l'o labo:

GO —Mir'comadrel h-âia ô lugar,-I atraga as p-aneas j ôs inartelos

P'i-a quebrar os carambelos!

B. Phonologia. -1. 0 o é aberto em inért.o. 38 1; mas ordinariamente existe nas

mesnias condiçses que cm portaaûês: lôbo etc. Go atono media! sôau, coino cm portugués: corner e botar pronunciam se cumer e buter;do niesrno modo o atono flua). Note-se todavia que =.o que, àstede= hesp. us-tcd. O e atono antes de vogal sôa ï, iuesnio na conjuncçâode, ex. di ci corne;, I 3; se a eonjuneçiio e se tores ï antes de vogal,coma na nossa lingoa con-ente. pronuncia-se £ antes de consoante(50m que cita tem ainda hQje cm gallego e que certamente teve enportugués antigo), ex. ï airçugo, 7, ê dxo, ii. Os dissyllahos e1hoe -enho soani respectivamente 61ko e -énho, ex. calhêihc e bênho.

. O )at. -AXE tornou se -E, ex. cE e pi1. O lat. .pjç'j tornou-se -â,cx. ïbE. O lut. -Afl tornou-se -âo cm rn&o. O lat. -ENR tornou-se -éemb, tarnê (que se pronuncia con é nasal, e no con ditongo. corno cmportugués corrente); igualmente se diz hê «rein» de venit (' reflet),

«cnn de in. O lut. -Ex-r tornou-se -cm (i. ée surdo nasal): ex. fas-sam. O ht. -ANT tornou-Se -uni, que alterna con a forma mn pouconiais arcliaica . ôi;; ou 6m. corno se ré en an-ebenténe.ni, addrum, a parde dixérom, fôrom, caiérorn, onde -ont sôa 6;u ou -in;. No melo daspalavras ha -cm- (-on-) e nâo -un- (un:-), ex. conqjadre, conforme, lui-

. cialinente ternos unis vez LH?contrcn-, coin an-, como ciii iiiirandês;mas varias vezes énconh-dr.

3. Pelo que toca As consoantes, temos 1 gutturalizado, ex. aquel;b por u. o que é corrente ûo Norte de Tuas-os-Montes; eh, coino noportugués popular. Existem ç-z do Porto e s-f de Tras-os-Montes, apar dos sons hespanhoes z (ce, ci): é assiin que ouvi, por cx-, bautita-dor, fîz, fazer, bêz, couce, facendo, cabeza, pozo ( poço) COIn a sibi-lante hespaubola. e ao iiiesrno tempo dezendo etc., coin z do Porto;entre vogaes é f, ex. rapojh, pouf agora (= pous agora), mas tainbemse diz rapossa, con ss=s hespanliol. -

4. En baixo existe o ditongo português di O ditongo ou é pro-yard que se pronuucie inc. mas nada posso dizer ao certo.

5. No prilicipia de palavras teinos s impuro, ex .star,scapar,sfolar. En ev' ûa, 1, mii-' comad;-e,temos syncope syntactica do a.

Os nuineros ,-efercrn-se ,s hiihas dos textes.

Page 11: p oq 5aaQ2- LINGUAGENS FRONTEIRIÇASbibnum.enc.sorbonne.fr/omeka/files/original/8a07ce03029a...p oq 5aaQ2-LINGUAGENS FRONTEIRIÇAS DE D PORTUGAL E HESPANHA PELO Dr. J. Leite de Vasconcellos

12LINGUAGaNS FRONTETEIÇAS DE PORTUGAL E HESPANHA

Ha notavel prothese dc a nos verbos: at;ougo, atraqa, q oi, adou,adixérom. adérum. afaga .se. an-asgai-. O hiato annulla-se com -i-, comono Norto e centro de Portugal: a-i equa. Em e,cr.rambélo = caramelo«gela» temos epenthese de -h- (L calamellus). férma .semi-litteraria,como oui certos dialectos nas palavras primbo, cimba, etc., pot primo,cima. Em tamg por tamh houve assimila$o do b A nasal precedente,o que succede tambein em Portugal.

O. Morpho1ogi.6. Nas flex6es dos nmnes sô posso notar que o plural de pé é

péis, como cm berciano. onde alterna com pés: vid. Eusaio poetico cmdiaiecia brrciano de Oubi y Solei-, Leôn i861. p- 377; peis tambemexiste cm Castromil de-Castella, povo cm que se falla gallego

7. J?ronomes. artigos e intiueraes. - Citarci: todo «tudo», ésso,agnela «aquilloD, aquél. di. le «Hie» e «lhesi' , hotoie-o, achou-a, arreben-ténus-no, sen. O art. definido sOa ô antes de consoante. pot vexes(vid. § 1); mas cm gci-al onvi n, corna cm portugiiês, polo menos an-tes de vogal, ex. o an'ieiro = u anicint; 6 = ao ; polo (sôa pub,);boki' la ferradura, o despou' la rapo/a, 13, coin assimilaflo; e' ô corjw= coin o corpo. O artigo indefinido é ilo, e tanibein ana, coin n gut-tural. Nos numeraes sé inerece a pen,a citar 611o, coin 6f. Coma cm ge-rai no Norte e centra rie Portufll (no Su] dix-se ôito; o ordinal pir-meio é eniprogado adç'erhialinente (vid. o Glossario).

S. Ferbos - Como pretoritos rcgiilares e sens derivalos temos:béndi, bêndiste, benden, bendi mas, hendistèis. bendêruin ; corri. corriste,con-eu, co--imos, corristèis, co,-rêruni ; qr&edon; ouclérum, a?-?-ebentàrum,scapériun; botésse; toguùsse. toquésscis, toquéssain. Estas férmas so eh-racteristicas do N. de Tras-os-Moutes: cf. a nimba Esquisse d'une dia-lectoloqie portugaise, Paris 190!, p- 132-137.— Vcrbos irregulares:

a) Gaier 'caliir» : dàio, céis, eéi ,- coi, eoiiste, coMte, coiiinos, cous-tes, caidro»n. CÙ hesp. e gal!. coer. O infinitivo caiei assenta na 1,apess do preh. indic.

b) Dur: dci, déste. don 'adou,), dénias, désteis, dd,-ieni adé'-nm). Afôrma don é corrcnte cm Tras-os-Montes.

e) Dezci-: dito (àdixo,), dixé,-oni (adixérom,), dezendo.é) Estar, j. é star: stoba, stdbâis. stdba.e) Fozer: forci, farcis, fora: fît (1 pess.), fezo (3! pess. do pret.);

ofaqa-se (3.' pesi do conj.: cf. § 5)f) Haver, i. é lut ber: hemo.s, liaija (coin j port.).g) ir: bon-, beits. Mi. homos, idèii, bdi tVào; iba «la».h) Poder: pôdo (3P pcss. sing. do pret.) (pûde».i) Pôr: pônho, pus. pôiii, pûmes, pôndùis, pài: pofo «p55»; apo-

nha-se. prof. da conj. -(cf. § 5). 0f. gal!. pôs. pain; bore. pou (3.' sing.)e pois (s.' p].).

j) Se,': sôm, és, é, sOmas, sûndôis, sOin; êràis, é;û; fui, Rste, fat,

VÎd. Estndos de piniologia ,ni,-ondeso. n, 57-53.

Page 12: p oq 5aaQ2- LINGUAGENS FRONTEIRIÇASbibnum.enc.sorbonne.fr/omeka/files/original/8a07ce03029a...p oq 5aaQ2-LINGUAGENS FRONTEIRIÇAS DE D PORTUGAL E HESPANHA PELO Dr. J. Leite de Vasconcellos

LINGUAGENS FR0NTEIRIQAS DE PORTU(4AL E HESPANHA13

fumos, 1steis, )'orum e fôrom; .serei, ser6., ,se;d, serémos, sercis, serâ;fossnn.CI sondes ciii Castrornil-de Castella.

k) Ter: ténho, téis, tî, témos, téndeis, téi.;n; tinha. Cf. berc. tais(2." sing.), tein (3." pI.).

1) Trazer: trago. trdis. trdi. traiénios, tràcis, tn'i;n ; atrougo (3.'pess. do pret.). Cf. gail. tras, frai, traemos, trdn.

In) Vér, j. é ber: bai « y o. Cf. liesp. ant, vei, berelano vei.n) J/ir, j. ê bi,: bêizho, béis, b, bémos, bindàis, béini; bdia «vA».

Cf. gail. Des, sen.9. l'articulas.a) Como adverbios e loeuçôes adverbiaes: pirmeiro «prirneira-

mente', jc. tôdôdia, despous, adespous, 5despous (= ao despous), inentre e menfres jd nom, eutre tanto», donde «onde ' . acé, dit, l, b, tam,9i0m (afltCS de nasal : nu', ex. nu' na, 12, nu' m'os comas 4), mi, mci(cm proelise, ex. vii farta, 3'O); masim, 47, que signiflca «sim» ontcontraposiçao a nom phrase cm que entre nom, o que correspondequanto ao sentido ao francês si ern casos semeihantes.

b) Conio conjuncç3es: inés aillas»; asW que «até que». 8. (cf SacoArec, Orant. goUega, p. 128); 5W4 «sem». A respeito de é, i, vid. § 1.

D. Syntaxe.1.0. Citarci vari'os factos:a) O verbo encontrar pôde construir-se coin a preÏ;osiço coin,

11. coma em port. ant. (por ex. «hUa vez htiu afuo encontrou con»hfln porco ' , num ms. port. do sec. xv) e cm hesp. ant. (por ex.num romance do seculo x]:v: «Pot Guadalguibir atriba - e! buen reydon Juan camina—enconbara con un moro - que Albenamar se de-cia», cm WoIf & Hofmann, Prirnavera, n.° 78, u. 2). 0 verbo iv cons-truc-se coin a preposiçAo o, 11, 51, o que ê frequente cm Tras-osNontes. O termo do movimento com (a)tirar exprime-se com , 25, 40.

b) O verbo haver construe-se sein dc. 58 (cf. berciano ha se;).c) FusŒo da preposiço a empliatica: i 6 labo (sujeito), 40, i à ra-

posa (sujeito), 42; cm casa oblique do corpo de baixo da-i-nuga î àcabeça flira, 52, as pancas î és ,nartelos, 61; igualmente: eu î a tu,tu î a nôs, que ouvi avulsainente; mas tambem eu î ela.

d) Accusativo pleonastico: j ds que nom podo corner, tirou-l'as 6clido, 26; sujeito pleonastico: cl que tal bai esse bab y, 54, e cf. 35;dativo pleonastico: sfoioul'a barriga 6 lobo, 39; conj. que pleonastica,15. Diz-se como en hespanhol tem queI7, 51, pot «tem det.

e) Avulsamente ouvi ond'ô labo = ond'ao lobo, expressAo que tam-bern se usa no Minho e en gallego.

f) Achar menas pot 'dat por falta de», 27, que se encontra ignal-mente en Tras-os-Montes (vid. G. Vianna in 13cv. Lnsit., i, 203) '; cf.

No romance popular de Valdevinos, que corre elu l3ragança, dis-se:No o achastes vôs menasA' cela nem aojantar?

Page 13: p oq 5aaQ2- LINGUAGENS FRONTEIRIÇASbibnum.enc.sorbonne.fr/omeka/files/original/8a07ce03029a...p oq 5aaQ2-LINGUAGENS FRONTEIRIÇAS DE D PORTUGAL E HESPANHA PELO Dr. J. Leite de Vasconcellos

14LINGUÀGENS FRONTEIIIIÇAS DE PORTUGAL E IUtSPANIIA

tambem D. Carolina Micha%1is, in Bey. Lusit., n, 79, que cita exemplosantigos, tante portugueses, coino hespanhoes. Iloje diz-se achar de me-nas, como mostrei ibidem., n, 80, nota.

g) Notavel é a expressAo menties (mentie) jâ nom scapon, 7, e, comdesloca:nento do pronorne i-efiexo, ,néntres jd nom scapou-se, 15, onde,nentres jd non significa «entre tanto, como cm berciano montras e'non (cm Cabi y Saler, Ensaio, p. 376) .

E. Vocabulario.Os vocabulos que vale a pena citar sic os seguintes 2:

aca, eâ.adespous = despons,. (3aire, ar, 14. Cf. hespanhol.ancontrar, eucontrar: § 2.aquel, aquelle 17.aquèlo, aquillo, 21.arrasgar, rasgar: § 5. Vid. res-

ga r.asta que, até que: . 9.auga, agoa, 6.bautizador, batizador, 9.bautizar, batizar. Cf. port. ar-

chaico.b, beni: § 2.borber, volver. Alterna coin bol-

ber.CL cio: § 2.caier, caliir: § 8-a.calhêlha, viella, 5, 6. Do hesp.

calte, coni o suif'. demie. -élba.carambélo, gélo: § 5.chacha, « muchacha - Hespanhol.chacho, «niucbacho». Hespanhol.desifous, depois, 2, 5.dezer, dizer, 14.donde, onde, 18. Cf. hespa-

nhol.é, e, 1, 2.el, elle, 19.ensefiar, ensinar. Hespanhol.ésso, isso, 55.•fondo, fundo, 5 38. Coino cm

gallego. Do lat. ftmn dus, cujon era brove: cf. fr. fond, pros'.fonds, heap. fondo.

juez (com j e z hesp.), juiz. 11es-panhol.

ma'sim, ami (cern emphase): § 9.médjo, nieio. Hesp.nienos na phrase ac/tar menas

§ 10.neutre, neutres: snentres jd

nom «outre tante)): §9-a e 10-g.Cf. hesp. mientre e arc. mien-iras; port. ant. in entres (e men-tes,), prov. montre etc.

mi, miii: § 9.mirar, cHier, 27. Cf. hesp.nom, nie. Cf. port. arch. e gal!;ô, o.Ôdcspois, depois.ôstede, usted (hcsp): § I.p, pie: § 2.pacer, pascer..pancas, alavanca, 61.perd onar, perdoar. Hespanhol.

Tambem em berc: perdonar.pirmeiro, primeirarnente, 17.punta, p'onta, 19. Corne en! gali.

e en hespauhol.quedar, ficar, 21 ete;Cf. hespa-

nhol.resgar, rasgar, 41. Do ht.

re-secare. Fôrma corrente na

I Quanto no modo enujo se forruaram estas Ioeuçôes, efr. n portoguesa vainnâo quondo, que, apesar da negaço que nella entra, tersi scutido nffir,nativo.

Os numeros que 'iâo tein izidicaçâo de § sào os das flubas dos textos.

Page 14: p oq 5aaQ2- LINGUAGENS FRONTEIRIÇASbibnum.enc.sorbonne.fr/omeka/files/original/8a07ce03029a...p oq 5aaQ2-LINGUAGENS FRONTEIRIÇAS DE D PORTUGAL E HESPANHA PELO Dr. J. Leite de Vasconcellos

LINGUAGENS FRONTEIRIÇAS DE PORTUGAL E JIESPANUA15

Extremadura portuguesa. - Nostextos alterna coin an'asgar (47),segundo o § 5.

rubada, turra, 20. De de-rrubar.siin, sem: Cf. Est, de pliilol. mir.,

i. 447.

tain€, tambern: § 2 e 5. Cf. bere.Lamén.

tirar, atirar, 26, 33. Alterna comatirar (24, 39). 0f. liesp. tirar.

O estudo precedente inostra que a liugoagem de Hermisende éfundarnentairnente portuguesa; sé apresenta varios phenornenos quetambem se eneontrâm nos fallares trasmontanos do Nortè, como p2,b, fôrom 2), esso, aquelo ( 7), preteritos en -é, e -érum ( 8), e,corno em berciauo, peis ( 6),poin ( 7-i), teis ( 7-k), teim (ib). Poisque Herinisende fica na Hespanha, o idioma hespanhol faz-se sentirna fana de lâ, e isso tanto na phonetica ( 3), corno no lexico (dia-chu, chacho, ensciuzr, jit&s, medio, àstede = V&, perdonar). Este con-junto de phenornenos dâ â lingoagem de Hermisende caracter espe-cial.

J. Lnin DE VAsco>WELL05.