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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE
I
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
MAGALY ADELINA GOUVEIA
ARTIGO- PDE
O TEATRO E OS JOGOS TEATRAIS NO ENSINO /APRENDIZAGEM
DE LÍNGUA ESTRANGEIRA. LÍNGUA INGLESA
MARINGÁ / 2014- 2015
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
O Teatro e os Jogos Teatrais no ensino /aprendizagem de Língua Estrangeira. LÍNGUA INGLESA
Autora:Tereza Tomas Ribeiro Aranha1
Orientadora: Dra. Sandra Maria Coelho Moser2
RESUMO
Este artigo apresenta os resultados obtidos na implementação da produção didático-pedagógica com objetivo de destacar a importância do teatro/ e ou jogos como formador de consciência crítica do aluno da Educação de Jovens e Adultos no ensino de Língua Inglesa.O projeto desenvolvido foi direcionado aos alunos do ensino médio do CEEBJA da cidade de Sarandi como parte integrante das atividades do Programa de Formação Continuada, ofertada aos professores da Rede Pública de Educação, organizadas pela Equipe da Coordenação Estadual do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE – 2014/2015) da Secretaria de Estado da Educação do Paraná em parceria com a Universidade Estadual de Maringá-UEM. O objetivo do trabalho foi aplicar e analisar como os jogos teatrais podem contribuir para o desenvolvimento e expansão de habilidades comunicativas de leitura, oralidade e escrita do aluno em língua inglesa proporcionando o diálogo, a reflexão e a vivência de práticas sociais. As atividades propostas contribuíram para o aprimoramento no processo ensino-aprendizagem, onde possibilitou a interação em um contexto autêntico de comunicação. PALAVRAS-CHAVE: Teatro.Jogos. EJA. Língua inglesa
__________________
1 Graduada em Letras pela Fundação Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Mandaguari
(FAFIMAM), com especialização em: Literatura Brasileira e Língua Portuguesa e em Tutoria em
Educação a Distância. Professora de Língua Inglesa da Rede Pública de Ensino do Estado do
Paraná.
2 Doutora em Letras (UNESP/Assis), Graduada em Letras Português/Inglês pela Universidade
Estadual de Maringá (UEM), Professora de Estágio Supervisionado em Língua Inglesa e Prática de
Formação do Departamento de Letras Modernas (DLM/UEM).
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1-INTRODUÇÃO
Acreditamos que tanto o teatro como os jogos teatrais na educação vem a ser
formador de consciência critica do aluno de Educação de Jovens e Adultos
(doravante EJA). Contribui com a oralidade e a concepção da arte e da educação na
formação do cidadão na Língua Estrangeira Moderna. Os dois itens citados na EJA
tem como um dos objetivos principais a representação teatral quanto representação
de mundo, com o caráter de lazer, de diversão. Entretanto, ele não fica só aí. Toda a
pessoa que resolve escrever uma peça ou fazer um jogo está, obviamente,
interessada em transmitir uma mensagem importante para alguém; denunciar
alguma coisa em nossa sociedade; abrir os olhos das pessoas a fim de conscientizá-
las de que, certos problemas, muitas vezes, estão bem próximos a elas, entretanto,
não os enxergam. Todos esses enigmas poderão ser muito melhor assimilados
pelas pessoas quando visualizados por meio do teatro e ou jogos teatrais.
Os Jogos e o teatro podem se tornar forte instrumento pedagógico na Língua
Estrangeira Moderna (LEM), pois como método costuma ser bastante eficaz para
entender um determinado tema, além de colaborar para fazer o participante refletir
sobre uma questão moral através do impacto emocional que lhe é causado
(AMORIN 2004). Dessa forma, podem-se analisar os aspectos práticos de sua
utilização pelo orientador educacional.
Assim sendo, este artigo teve como objetivo destacar a importância do teatro
e dos jogos como formador de consciência crítica do aluno da Educação de Jovens
e Adultos na LEM ao mesmo tempo em que ele aprende língua inglesa. Destacamos
a importância dos educadores utilizarem a metodologia teatral em sala de aula. O
que percebo como educadora, é que os jovens e adultos se envolvem em cada cena
retratada – no papel de atores, discutem com a plateia temas de interesse comum
apresentado não somente em sala de aula, também, no palco montado na escola.
Os momentos que compõem o corpo deste artigo estão inter-relacionados e
expõem: a origem e história do teatro no Brasil, fazendo uma síntese a respeito do
uso da arte cênica como formador de opinião política e social; o Teatro na educação
fazendo um breve histórico do uso do recurso dramático na educação ao longo do
tempo e na disciplina de língua inglesa; como adaptamos os conteúdos básicos da
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língua inglesa à cenas de teatro e; por fim, demonstra a problemática do trabalhador
brasileiro excluído e a necessidade de fazê-los compreender as questões que
envolvem o exercício da cidadania a partir do teatro como recurso pedagógico.
A utilização do teatro e dos jogos, podem e devem se constituir num
instrumento de transformação da sociedade, independente de onde esta atividade
teatral esteja sendo realizada, ela pode estar ligada no ensino da língua Inglesa.
(BOAL, 2005). Aprender é uma atividade útil e necessária, porém somente a
diversão é absolutamente agradável, e sabemos que o Teatro e o jogos podem
proporcionar isso aos nossos alunos, muito mais fácil estando ligado ao ensino da
LEM. Os dois precisam primeiramente entreter (Bertolt Brecht). Desta forma, o
professor pode unir o ato de aprender e o ato de divertir-se, onde a sala de aula será
um local de aprendizagem prazerosa. Vale ressaltar, que não cabe ao teatro
pedagógico, oferecido na escola, formar ator e atrizes, pois para isso existem as
escolas de teatro e oficinas de teatros.
O Teatro e os jogos teatrais como alternativa de formação de cidadania com
alunos de EJA na LEM, conforme Santos-2005 nasce da necessidade pedagógica
em encontrar uma metodologia de ensino que favorecesse a compreensão do aluno
jovem e adulto em discutir e refletir sobre os assuntos que envolve o currículo de
diversas disciplinas abordando temas variados a exemplo de: cidadania, política,
desemprego, solidariedade, ética e etc. de modo aproximar os conteúdos da
realidade social do aluno.
Desta forma, os educadores devem buscar com tal método a transformação
do aprendizado dentro do educando ajudando-o a fazer parte do universo dramático,
levando-o a compreender o teatro e os jogos como algo que provoque
questionamento e ajude a solucionar dúvidas. Uma vez que a atividade teatral está
inserida no universo escolar e costuma entusiasmar a todos, os professores devem
perceber que tal instrumento deveria ser mais usado em sala. Com isso, alunos e
professores estariam mais próximos no que diz respeito à construção do
conhecimento. Não é necessário, que se busque a perfeição, mas é importante ter a
consciência de que, professor e aluno devem ter como objetivo o que vai ser
mostrado e o elemento norteador deve ser o teatro e também os jogos teatrais.
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Na educação, assim é adequado se discutir por meio do teatro e dos jogos
qualquer tema, pois, não é intenção apenas facilitar o aprendizado das disciplinas,
mas abrir discussão acerca das questões que o ser humano tem consigo. Diante do
exposto, sugerimos que as escolas públicas incorporem a proposta do teatro como
prática pedagógica para o ensino de língua inglesa, contribuindo para o
aperfeiçoamento dos professores no que diz respeito à metodologia de ensino.
Assim, os alunos poderão se sentir mais estimulados e participar com mais
frequência das aulas, além de contribuir para a construção do conhecimento, a partir
do processo didático.
2- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Segundo Courtney (2003), no século XIX, sob influência da visão
pedocêntrica rousseauniana, identifica-se o início de uma determinada tradição
educacional que, já no século XX, desaguaria nas propostas de pensadores tais
como John Dewey e Caldwell Cook ao lidarem com o teatro na educação.
Conforme o autor, essas propostas não estavam centradas no fenômeno
teatral em si, mas no valor da experiência dramática para os processos de
aprendizagem de diversos outros conteúdos pertencentes, por exemplo, à História e
à Literatura.
“Na década de 1950”, Peter Slade reivindicaria maior independência para a disciplina “jogo dramático infantil”, mas não chegaria a romper com a visão instrumental das concepções anteriores, trabalhando com objetivos bastante amplos, como a liberação da emoção e da autodisciplina interna pessoal de cada um. Os valores teatrais permaneceriam secundários “(COURTNEY 2003 p.98)”.
O autor teve grande influência nesta nova etapa para o ensino de
teatro e/ou jogos teatrais, ele inovou ao romper com a prática de ensino de arte na
escola, onde era valorizada apenas a reprodução de modelos, o domínio técnico e,
no caso do teatro, a apresentação de peças. Ele deixou presente a partir dai a
criatividade, espontaneidade e livre expressão começaram a predominar, perdendo,
a partir de então, o sentido inicial e tornando-se problemáticos pela ambiguidade e
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não correspondência a novas exigências criadas com o aprofundamento dos
estudos sobre ensino de artes, especialmente a necessidade de desenvolver a
crítica sobre a arte. Onde podemos passar isso também para nosso ensino de
Língua Inglesa.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1971 (5.692/71) incluiu
a Educação Artística no currículo escolar. Essa nomenclatura trouxe consigo outro
problema, o da poli-valência, complicador para o adequado aprofundamento de cada
linguagem artística. Além disso, sem formação específica (não havia, na época,
cursos de licenciatura em Educação Artística), professores de áreas afins
improvisavam alternativas em sala de aula, pela necessidade que surgia em se
desenvolver a crítica sobre a arte. Apenas em 1973 o governo federal criou os
primeiros cursos universitários aptos a oferecer a formação necessária.
De acordo com o autor, (JAPIASSU, 2001), na década de 1980 os
professores de arte desenvolveram pesquisas, trazendo mais importância à
discussão acerca da educação escolar. A visão contextualista ou instrumental diferia
da visão essencialista ou estética. Essa última opunha-se a dois aspectos do ensino
da arte vigentes até então: a livre expressão e a poli-Valência. A abordagem
essencialista valorizava na arte sua capacidade de, no curso do processo
educacional, promover experiência estética em diversos níveis (apreciação artística,
conhecimento de história da arte e desenvolvimento de pensamento crítico acerca
da arte). A arte passava a ser considerada forma de conhecimento (SANTANA,
2000; BARBOSA, 1985; JAPIASSU, 2001).
A partir dessa abordagem, novos objetivos do ensino da arte foram
formulados. No final da década de 1980, Ana Mae Barbosa (2005), influenciada pela
novidade metodológica norte-americana da Disciplined-Based-Art-Education
(DBAE), definiu, no âmbito das artes visuais, a metodologia triangular. Esta
metodologia destaca a história da arte, leitura da obra de arte e fazer artístico para o
conhecimento da arte pelo aluno que não se forma artista, mas qualifica-se tanto
para a fruição como público quanto, por que não dizer, para um posterior
aprofundamento no domínio da criação artística. Onde os alunos estarão cada vez
mais em busca deste novo conhecimento.
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O teatro/e ou jogos teatrais podem ser uma chamada para a superação dos
desafios enfrentados pela educação: os conhecimentos fragmentados, a
complexidade, a contextualização do objeto, etc., como escreve MORIN (2004). É
necessário romper com a concepção de o teatro ser visto na escola como um
simples entretenimento ou instrumento pedagógico. É uma responsabilidade de
mundo que os alunos estarão adquirindo junto com o conhecimento. Além disso, é
necessário trazer para a realidade escolar a percepção da importância de estudar
alguns teóricos, ou seja, aqueles que conhecem os princípios de uma arte.
Perante minha experiência como educadora na EJA, observo, ante da
realidade social das pessoas que tentam voltar a estudar, principalmente os mais
velhos, que muitos já se encontram desestimulados pela ‘ausência de tempo’ e
‘sobrecarga da jornada de trabalho’, que construiu a problematizarão desta pesquisa
no ensino de Língua Inglesa..
Segundo informa JAPIASSU (2001):
“[...] as justificativas para o ensino do teatro e das artes na educação escolar, passaram a destacar a contribuição singular das linguagens artísticas para o desenvolvimento cultural e o crescimento pessoal do ser humano [...]”. E enfatiza, “[...] a finalidade do jogo teatral na educação escolar é o crescimento pessoal e o desenvolvimento cultural dos jogadores por meio do domínio da comunicação e o uso interativo da linguagem” (JAPIASSU, 2001, p. 20 e 23).
Assim o campo empírico da pesquisa esteve na perspectiva da evasão
escolar, e ao campo teórico que procurou compreender as dificuldades que
contribuíram para a evasão escolar. O porquê do sujeito ter deixado de lado os
estudos. No teatro/e ou jogos podemos ver o aluno de EJA transformar a
consciência ingênua em consciência critica a partir da encenação de comédias
representativas do mundo em que vivemos com foco na direção da conquista de
cidadania.
A escola de EJA deve estar preparada para receber os alunos que trazem
consigo uma história de vida permeada de dificuldades e assim, procurar atrativos
que facilite o aprendizado e os mantenha nela de modo a concluir o tempo
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necessário para a certificação básica, principalmente no ensino da Língua
Estrangeira/ Língua Inglesa. Para que isso ocorra é necessário que os conteúdos
estejam o mais aproximado possível da realidade dos mesmos, de modo a favorecer
a assimilação de contentos necessários para igual competição por oportunidades de
trabalho.
Estando conscientes destas necessidades, os professores da EJA precisam
estar ajustados com este expressivo retorno da massa trabalhadora aos bancos
escolares e, provocar diálogos focando temas como: o desemprego, a política, a
violência entre outros assuntos do cotidiano, como ponto de partida para o repasse
dos conteúdos programáticos equiparados a realidade existencial com as questões
cientificas e filosóficas conforme diz GADOTTI (2005, p. 15) na citação de Paulo
Freire:
Não é possível a educadoras e educadores pensar apenas nos procedimentos didáticos e os conteúdos a serem ensinados a grupos populares. Os próprios conteúdos a serem ensinados não podem ser totalmente estranhos àquela cotidianidade.
A partir desta exposição vislumbra-se um momento fértil para a utilização da
metodologia teatral na EJA como forma de despertar a curiosidade necessária para
temas complexos de modo a transformar consciências ingênuas em critica no ensino
da Língua Inglesa.. PAULO FREIRE (1996, p. 31) auxilia nessa compreensão
quando destaca:
A curiosidade ingênua que, ‘desarmada’, está associada ao saber do senso comum é a mesma curiosidade que critizando-se, aproximando-se de forma cada vez mais metodicamente rigorosa do objeto cognoscível, se torna curiosidade epistemológica.
Assim busquei por elementos que possibilitem a compreensão do fenômeno
evasão escolar dos alunos da EJA. Percebi que o fato de reprovar por várias vezes
desestimula os alunos a continuar com seus estudos. O que pensam os jovens e
adultos sobre o ato de aprender a ler e a escrever? Assim delimitei a pesquisa, com
indagação do cotidiano das pessoas, sujeitos/alunos desafiados a retomarem os
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estudos diante da problemática - defasagem serie/idade. Problematizar a partir
destes elementos empíricos encontrados na realidade social dos alunos projeta a
investigação cientifica para um recorte teórico/metodológico. Desta forma a
problematização foi fundamentada em FREIRE (1992), BAQUERO ANGELO (2004),
MARIA CLARA DI PIERRO (2001) entre outros.
Fazer teatro na escola não é simplesmente encenar uma passagem da história ou levar para o palco os personagens e a trama do livro lido pela turma no encerramento do semestre, trabalhar com a arte da representação exige conhecimento técnico. Por isso, para desenvolver um trabalho que introduza crianças e jovens nessa linguagem, os professores das diversas disciplinas devem se associar ao de Artes. Aprendendo com a experiência de todos, colocando a classe em contato com diversos livros de autores com estilos variados e observando o tipo de texto (tragédia, comédia, situações do cotidiano, mistério etc.) que mais chama a atenção do grupo (DI PIERRO 2001 p.122).
Em uma encenação/e ou jogo, podem ser transmitidos conhecimentos
culturais, históricos, científicos ou morais, por exemplo, mas eles não devem ser
vistos como objetivo, e sim como consequência. O ideal é que os alunos se
envolvam com a trama e os personagens e sintam prazer em representar e
participar.
Conforme BARBOSA (1985) é bom deixar os alunos ousarem. Estimular a
participação de todos os estudantes, sem exigir profissionalismo. Pois esse não é a
nossa meta. Há os que falam baixo ou os que ficam de costas para a plateia. Mas
todos podem aprender. O problema da pesquisa se fundamenta a partir do marco
teórico das pesquisas qualitativas sobre formação e auto-formação de homens e
mulheres para atuarem por uma sociedade mais justa e humana.
Tomando como base de reflexão as narrativas dos sujeitos envolvidos em
sala de aula, organizaram-se as seguintes questões: Quais são as especificidades
do ator que realiza sua apresentação? A relação ator-diretor apresenta
diferenciações segundo o espaço cênico para o qual o trabalho foi projetado? Qual o
processo de trabalho, utilizado pelo ator do teatro, com relação à construção da
personagem? Quais os desafios que esta modalidade de espetáculo propõe ao ator?
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Quais as diferenciações fundamentais que se estabelecem na relação ator-público?
Quais as expectativas com essa modalidade?
Com o intuito de esclarecer os questionamentos, buscou-se destacar a
importância do teatro/e ou jogos como formador de consciência crítica do aluno da
Educação de Jovens e Adultos no ensino de Língua Inglesa , na formação do
trabalhador voltado para o atual mercado de trabalho, a percepção de que a vivência
simbólica é tão real para o ser humano quanto às experiências concretas do dia-a-
dia, na Educação de Jovens e Adultos dentro da LEM.
Sabe-se que quando uma aula é cansativa o aluno se sente desmotivado
para estarem ali, muitos já chegam cansados e sem vontade de estar em sala. Eles
precisam ter algo que segure a suas atenções, que sintam a vontade de estar ali e
participar das aulas. .Reconhecer o tamanho da tarefa que é educar é o primeiro
passo na formação de nossos alunos. No caso da EJA, tal reconhecimento é
primordial, pois é a partir da perspectiva de mundo e educação que o professor
passará a eles que os incentivará cada dia mais. E isso tudo o Teatro/e ou jogos
pode ajudar.
O teatro e os jogos teatrais promovem reflexões sobre o cotidiano do aluno,
das organizações sociais, dos meios de sobrevivência, das concepções e valores de
nossa sociedade, das relações de poder e do seu papel na sociedade, promove a
emancipação humana, sobretudo na LEM . Com o teatro e os jogos a aula de Inglês
pode ser uma aula bem descontraída e divertida, mas ao mesmo tempo ensina
muita coisa. Assim com aulas mais estimulantes estaremos trazendo de volta o
nosso aluno as salas de aulas.
3) IMPLEMENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
O gênero Teatro e/ou Jogos teatrais foram escolhidos para atividade de
implementação observando como os alunos do CEEBJA, ensino fundamental,
noturno vem se comportando nas aulas, as dificuldades encontradas em prender a
atenção deles que vem para a escola depois de um dia estressante de trabalho,
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cansados e as dificuldades que eles encontram em se concentrar no conteúdo, pois
os alunos acham a disciplina cansativa e sem valor para a vida deles.
Ao longo dos dois anos de participação no Programa de Desenvolvimento
Educacional – PDE da Secretaria de Estado da Educação – SEED/PR, foram
realizados seminários, cursos de inserção acadêmica, abrangendo todas as áreas
do conhecimento, e cursos específicos de Língua Estrangeira moderna, neste caso,
a Língua Inglesa, formação tecnológica presencial e a distância, ofertada pela IES e
pela coordenação do PDE e encontros de orientação, com a finalidade de fornecer
subsídios teóricos e metodológicos para a formação do professor PDE, o que
contribuiu para a valorização dos professores e proporcionou momentos de debates
para a construção coletiva do saber fazendo a articulação entre a Educação Básica
e o Ensino Superior.
Para a realização desse trabalho, foi apresentado o Projeto e a Produção
Didático-Pedagógica à direção do Colégio e na semana pedagógica aos professores
para que fosse verificada a pertinência do projeto no contexto escolar, no sentido de
contribuir para a melhoria da qualidade de ensino e aprendizagem em Língua
Inglesa. Os professores fizeram questionamentos em relação ao tema proposto,
bem como, a relevância da proposta para a realidade onde a comunidade escolar
está inserida. Os docentes e equipe diretiva deram o parecer favorável ao projeto
dando contribuições e sugestões relevantes.
Apresenta-se, neste artigo, o relato dos resultados de um trabalho de
intervenção pedagógica nas práticas de ensino de Jogos teatrais no ensino de
língua inglesa, ensino médio do CEEBJA no município de Sarandi, no Paraná. Foi
feita a leitura do projeto pelo diretor e equipe pedagógica, e apresentamos o projeto
durante a semana pedagógica, para os demais professores.
Durante o desenvolvimento do projeto percebemos que os alunos se
envolveram em cada cena retratada – no papel de atores, discutiram com plateia
temas de interesse comum apresentado. Foi criado um espaço capaz de
desenvolver habilidades que proporcionaram aos alunos uma maior concentração e
criatividade. Os Jogo e atividades diversas nas aulas de inglês, motivaram os alunos
e contribuiram para que eles interagissem uns com os outros. A recepção e resposta
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dos alunos à prática apresentada foram extremamente positivas. O plano elaborado
foi executado satisfatoriamente. As dificuldades encontradas foram em delimitar
precisamente o tempo previsto para cada atividade, devido à heterogeneidade do
conhecimento prévio de idioma dos alunos. Durante as aulas não foram necessárias
alterações no planejamento, e com esta metodologia de ensino observamos que os
alunos estavam mais participativos no processo de construção de seu
conhecimento.
Ao iniciar a aula numa conversa informal sobre como seriam os
encaminhamentos da aula e posteriormente com o processo de reflexão sobre
atitudes dos alunos no seu cotidiano, criou- se um ambiente tranquilo onde os
alunos sentiram-se à vontade para questionar e expor seus conhecimentos sobre o
conteúdo estudado. A prática social inicial adequada levou os alunos à motivação
para a busca de novos conhecimentos. Nesse contexto, os alunos foram se
envolvendo nas discussões sobre os principais problemas propostos pelos jogos
teatrais desenvolvidos e sua prática social e pelos conteúdos específicos da
disciplina.
Por se tratar de uma aula de língua estrangeira - Inglês, os alunos foram se
habituando a um vocabulário temático, os quais foram internalizando e depois
expressando oralmente algumas palavras, e ou expressões de maneira natural
demonstrando aquisição de vocabulário bem como de estruturas lexicais. Quanto ao
fato dos alunos terem que trabalhar o conteúdo em diversas dimensões
(psicológicas, geográficas, etc.), exigiu dos mesmos, maior reflexão e
contextualização do conteúdo a ser estudado, o que facilitou a aprendizagem. Ao
final observamos que os alunos mostraram que aprenderam o conteúdo através das
perguntas e respostas orais, em língua materna e na construção de um vocabulário
progressivo em inglês, no qual os alunos utilizaram nas atividades desenvolvidas .
Por fim, diante dos resultados apresentados percebe-se a compreensão do
tema estudado pelos alunos e que levou-os a refletirem à respeito de suas atitudes e
eles também aprovaram essa metodologia de ensino, pois concordam que a
aquisição do conhecimento foi facilitada pela interação entre os participantes, pela
pesquisa e pelo estudo de uma temática real.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho apresentado neste artigo revela os resultados obtidos no
desenvolvimento do conjunto de atividades planejadas anteriormente e também de
ações que foram propostas pelos próprios alunos no decorrer da implementação
pedagógica. Nesse sentido, o professor deve estar atento aos anseios dos alunos e
aberto para fazer adequações diferentes daquelas almejadas.
O teatro e os jogos teatrais na LEM proporcionou um ambiente rico para o
desenvolvimento emocional e intelectual dos alunos. Além de serem abrangentes,
abordou conceitos para a elevação da autoestima, ajuda mútua, cooperação e
também uma ação inclusiva. Sua prática pedagógica interagiu alunos ditos normais
com os portadores de necessidades especiais também. Que é o que mais esta
sendo pedido em todas as escolas, ou seja, a inclusão.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais a atividade teatral na escola
contribuiu no processo educativo para a necessidade de organização do exercício
cênico de forma que essa energia latente pode ser encaminhada para o
comprometimento da interação com o outro. Foi de grande importância os debates
sobre a questão das expressões artísticas dentro da LEM na escola, onde
desenvolvemos de maneira significativa para o aluno. Mostrou a necessidade da
valorização cultural, que é a essência do ser humano e do porque termos o teatro/e
ou jogos na escola.
Repensar as práticas escolares no âmbito da Educação de Jovens e Adultos
na LEM tem sido o grande desafio das políticas públicas atuais. É necessário,
portanto uma reflexão aprofundada sobre que tipo de educando a instituição escolar
pretende formar e qual a relação que pode ser estabelecida entre a escola e os bens
culturais existentes na sociedade. Considerando o Teatro e os jogos como um bem
cultural relevante na edificação de uma sociedade e as práticas artísticas como
elementos que contribuem para a formação do letramento dos alunos,
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principalmente quando aplicadas na Língua Inglesa, pode-se pensar em
mecanismos de inclusão e de legitimização dessa área do conhecimento no
segmento da EJA. Partindo assim, dos ensinamentos Freiriano, cujo legado
pedagógico compreende que o letramento se estende a todas as áreas do
conhecimento.
A linguagem teatral se apresentou para o aluno que frequenta o turno noturno
da EJA como um elemento de fácil entendimento, pois a descontração serviu de
base para a construção de novas competências que foram facilmente desenvolvidas
pela arte e que são requisitos para atividades do currículo escolar como aquelas
relacionadas à leitura, à escrita e a oralidade, sabendo também que é uma forma de
trazer nossos alunos evadidos. Eles não se dão conta que, através das atividades
teatrais realizadas em sala de aula, elementos da narrativa, assim como do exercício
do diálogo, estão diretamente ligados ao desenvolvimento da sua oralidade e, por
conseguinte, contribuirão efetivamente para a aquisição do letramento, praticados
também na nossa LEM.
Ao final deste estudo concluiu-se que a atividade teatral na Língua
Estrangeira- Língua Inglesa na escola contribuiu para o crescimento integrado do
aluno sob vários aspectos, no plano individual, no plano do coletivo. A experiência
com teatro e jogos teatrais na escola cumpriu não só essa função integradora, mas
também permitiu que os alunos se apropriassem crítica e construtivamente dos
conteúdos sociais e culturais. Em resumo, o teatro e os jogos contribuíram para o
desenvolvimento da expressão e comunicação, para a produção coletiva o
conhecimento cultural e a apreciação estética, nas aulas de Língua Inglesa além da
aprendizagem da língua inglesa de uma maneira mais descontraída.
Conclui-se desta forma, através dos resultados obtidos, que o projeto
contemplou a interação, a participação e o interesse que tanto buscava para os
alunos do CEEBJA na aprendizagem de língua inglesa, contribuindo para sua
formação, superando suas expectativas diante de tudo que acontece e acreditando
que podemos mudar qualquer situação através de ações simples, tendo a cada novo
dia a graça de receber “O presente” da vida.
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Finalmente, o estudo para a elaboração e aplicação do projeto oportunizou
um crescimento teórico e científico que aprimorou minha prática docente. Que os
resultados obtidos e relatados neste artigo colaborem com outros professores e
contribua para o aperfeiçoamento do ensino e aprendizagem da Língua Inglesa.
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JAPIASSU, Ricardo Ottoni Vaz. Metodologia do ensino de teatro. Campinas, SP:
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