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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ

CAMPUS DE JACAREZINHO

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE

O CAFÉ NA REGIÃO NORTE PIONEIRA DO PARANÁ

Aparecida Eliete Pinto Aguiar1 Aécio Rodrigues de Melo2

RESUMO

O norte do Paraná, região à qual pertence o município de Barra do Jacaré, possui algumas particularidades, principalmente no que diz respeito à economia do estado. Por muito tempo essa região teve destaque em relação ao restante do território paranaense, isso se deu graças ao movimento de migração ocorrido nas primeiras décadas do século XIX. A cultura do café teve sua importância para o povoamento do norte pioneiro devido às várias fazendas de café que foram surgindo na região, oriundas dos cafeicultores paulistas, tendo em vista que o estado do Paraná oferecia condições favoráveis para a aquisição de terras aos imigrantes. Os alunos, principalmente os das séries finais do ensino fundamental, apresentam certa dificuldade de assimilação quando o assunto é história, desconhecendo até mesmo a realidade que os cerca. Sendo assim, a proposta ao realizar a implementação, a qual resultou o presente artigo se deu em analisar juntamente com os alunos os principais fatores que contribuíram com a ocupação da região Pioneira do Paraná, com ênfase na cultura cafeeira; apontando os movimentos migratórios para o norte pioneiro nas primeiras décadas do século XIX; identificando as principais atividades econômicas desenvolvidas nesta região, além de evidenciar seus primeiros processos de ocupação e povoamento. ABSTRACT

1 Professora de História no Colégio Estadual Maria Francisca de Souza – EFM – Barra do

Jacaré. PDE 2013

2 Professor Mestre em Geografia. Orientador PDE 2013.

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The northern Paraná region to which belongs the municipality of Barra do Jacare has some peculiarities, especially with regard to the state's economy. For a long time this area was highlighted in relation to the rest of the State of Paraná, this occurred due to migration movement that occurred in the early decades of the nineteenth century. Coffee culture has its importance for the settlement of northern pioneer due to several coffee farms that were emerging in the region, coming from São Paulo coffee growers, considering that the state of Paraná offered favorable conditions for the acquisition of land to immigrants. Students, especially those in the upper grades of elementary school, they have some difficulty in assimilating when it comes to history, even ignoring the reality that surrounds them. Therefore, the proposal to carry out the implementation, which resulted in the present article was in examine with students the main factors that contributed to the occupation of Pioneer Paraná, with emphasis on coffee culture; pointing the migration northward pioneer in the early decades of the nineteenth century; identifying the main economic activities in the pioneer Paraná besides highlighting the early processes of land occupation in pioneering northern Paraná.

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1. INTRODUÇÃO

O norte do Paraná, região à qual pertence o município de Barra do

Jacaré, possui algumas particularidades, principalmente no que diz respeito à

economia do estado. Por muito tempo essa região teve destaque em relação

ao restante do território paranaense, isso se deu graças ao movimento de

migração ocorrido nas primeiras décadas do século XIX.

A cultura do café teve sua importância para o povoamento do norte

pioneiro devido às várias fazendas de café que foram surgindo na região,

oriundas dos cafeicultores paulistas e mineiros, tendo em vista que o estado do

Paraná oferecia condições favoráveis para a aquisição de terras aos

imigrantes.

O Paraná chegou a ser considerado o maior produtor de café entre 1940

e 1959, a partir daí, por adequar-se à política cafeeira, houve a queda da

produção do café, com a eliminação de alguns cafezais.

Os fatores que levaram à formação e ocupação do norte do Paraná são

ainda desconhecidos pela maioria de nossos alunos. Sabe-se que através da

história é possível narrar, descrever, vivenciar o tempo e o espaço, valorizar a

cultura local, além de contribuir para a formação de sujeitos, por isso a

necessidade de trabalhar com conteúdos que voltem o olhar para a realidade

do aluno, tendo em vista que estes principalmente os das séries finais do

ensino fundamental, apresentam certa dificuldade de assimilação quando o

assunto é história, desconhecendo até mesmo a realidade que os cerca.

Sendo assim, o presente trabalho vem como um auxilio para os

professores, clareando as ideias acerca de voltar os olhos à realidade do aluno,

e no que se refere ao tema do artigo, procurou-se analisar os principais fatores

que contribuíram com a ocupação da região Pioneira do Paraná, com ênfase

na cultura cafeeira.

A Implementação se deu no Colégio Estadual Maria Francisca de Souza

– EFM e desenvolvido com os alunos do 7º ano do Ensino Fundamental,

período matutino, com pesquisas realizadas pelos alunos, sobre o tema, com

ênfase na cultura cafeeira; pesquisas e leitura de textos sobre a ocupação

pioneira do Paraná; pesquisa sobre os municípios que fazem parte desta

região do Paraná, com destaque para as atividades econômicas; leitura e

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interpretação sobre os principais movimentos migratórios para o norte pioneiro

nas primeiras décadas do século XIX; leitura e interpretação de textos sobre a

cultura cafeeira com análise da música: Meu cafezal em Flor e exposição das

pesquisas realizadas com elaboração de painéis e fala com os demais alunos

do Colégio sobre os resultados obtidos pelas ações.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O norte do Paraná, região à qual pertence o município de Barra do

Jacaré, possui algumas particularidades, principalmente no que diz respeito à

economia do estado. Por muito tempo essa região teve destaque em relação

ao restante do território paranaense, isso se deu graças ao movimento de

migração ocorridos nas primeiras décadas do século XIX.

A cultura do café teve sua importância para o povoamento do norte

pioneiro devido às várias fazendas de café que foram surgindo na região,

oriundas dos cafeicultores que migraram para esta região, tendo em vista que o

estado do Paraná oferecia condições favoráveis para a aquisição das terras.

O Paraná chegou a ser considerado o maior produtor de café entre 1940

e 1959, a partir daí, por adequar-se à política cafeeira, houve a queda da

produção do café, com a eliminação de alguns cafezais.

Os fatores que levaram à formação e ocupação do norte do Paraná são

ainda desconhecidos pela maioria de nossos alunos. Sabe-se que através da

história é possível narrar, descrever, vivenciar o tempo e o espaço, valorizar a

cultura local, além de contribuir para a formação de sujeitos, por isso a

necessidade de trabalhar com conteúdos que voltem o olhar para a realidade

do aluno, buscando a construção coletiva do saber. Uma das culturas locais de

destaque no município de Barra do Jacaré, foi a do café.

Os alunos, principalmente os das séries finais do ensino fundamental,

apresentam certa dificuldade de assimilação quando o assunto é história local

e/ou regional, desconhecendo até mesmo a realidade que os cerca.

Neste sentido, questiona-se: é possível inovar o ensino de história

através de diferentes práticas pedagógicas, que levem o aluno a refletir sobre

suas origens e a realidade que os cerca? Como transmitir aos alunos os

princípios básicos da ocupação do norte do Paraná, os principais fatores

econômicos e a colonização agrícola?

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Para responder a estas questões propomos os seguintes objetivos:

analisar os principais fatores que contribuíram com a ocupação desta região

Pioneira, apontando seus movimentos migratórios nas primeiras décadas do

século XIX; identificar as principais atividades econômicas desenvolvidas na

região; evidenciar os primeiros processos de ocupação de suas terras;

descrever como a cultura do café contribuiu para a ocupação do município de

Barra do Jacaré.

Segundo Wachowicz (1987), o norte do Paraná diferenciou-se do

restante do estado por muito tempo devido à colonização, atividade econômica

e monocultura cafeeira, sendo atração para imigrantes brasileiros

principalmente nas décadas de 1930 a 1950.

O norte pioneiro do Paraná é formado pela região entre os rios

Paranapanema, Itararé e Tibagi e a partir da ocupação dessa região deu-se a

colonização do norte do Paraná. (GARBOZZA, 2008).

Os primeiros colonizadores foram imigrantes paulistas e mineiros, vindos

para a região na década de 1840 e deram origem aos municípios de São José

da Boa Vista, Colônia Mineira (Siqueira Campos), Ribeirão Claro, Jaboticabal

(Carlópolis), Água da Prata (Jacarezinho) e Água do Lambari (Cambará).

Garbozza (2008) destaca que devido aos imigrantes paulistas e mineiros “as

sociedades formadas na região seguiram os padrões das sociedades paulistas

e mineiras, com a presença do latifúndio, trabalho escravo e patriarcalismo”.

(Garbozza, 2008, p. 14)

Conforme palavras de Wachowicz (1987) os fazendeiros paulistas e

mineiros fizeram a região norte do Paraná ficar conhecida à medida que

difundiam a qualidade de suas terras. Para Carvalho e Fresca (2007) o norte

do Paraná foi um presente aos imigrantes, tendo em vista que o estado

oferecia condições favoráveis à compra de terras e esses colonos imigrantes

tinham interesse em comprar alguns alqueires de terra e se estabelecerem na

região como pequenos proprietários, a partir daí começava a crescer os

habitantes do norte do Paraná, com esses imigrantes vislumbrados pela

imagem de prosperidade e riqueza que eram observadas na propaganda

veiculada por vários estados do país. (FOGARI, 2007)

A vinda dos imigrantes paulistas se deu devido à crise cafeeira paulista,

que tiveram ainda um empobrecimento do solo nas zonas produtoras. Os

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imigrantes que se fixaram na região norte do Paraná construíram a estrutura

sócio-econômica da região baseada na agricultura tendo como carro chefe as

lavouras de café. (SERRA, 1992)

Segundo Luz (1980, p. 194), observa-se que:

As condições excepcionais do norte do Paraná e a conjuntura econômica nacional e estatal favorável à lavoura cafeeira contribuíram para o sucesso da empresa que, ao mesmo tempo em que auferia lucros com a venda de terras incentivava o povoamento e a consolidação de uma infra-estrutura regional. O impulso verificado na ocupação das terras pela agricultura e em especial pela lavoura cafeeira, e no povoamento da região, foi devido em grande parte à iniciativa privada, representada de um lado pela empresa colonizadora e de outro pelos responsáveis pela exploração agrícola que, estimulados pela oportunidade de cultivarem suas próprias terras e obterem lucros, iriam ter uma participação ponderável na obra de ocupação de uma das mais prósperas regiões do Estado e do país.

O sucesso da lavoura do café na região do norte pioneiro se deu quando

nas cidades de Ribeirão Claro e Jacarezinho começaram a surgir várias

fazendas de café, e segundo Wachowicz (1987) a fixação de Antônio Barbosa

Ferraz Jr. Na região causou maior repercussão. Esse senhor vindo do estado

de São Paulo adquiriu algumas terras próximo a Jacarezinho, que mais tarde

se tornou o município de Cambará, e plantou em suas terras café, a princípio

para experiência a qual deu certo e a partir daí Antonio Barbosa Ferraz Jr. com

seus filhos fundaram a sociedade Agrícola Barbosa.

O Norte Pioneiro do Paraná superou o plantio de café do estado de São

Paulo por volta de 1924, chegando a produzir 46 vezes mais, com destaque

para as fazendas produtoras da Companhia Agrícola Barbosa e Antonio Alves

de Lima (Ribeirão Claro). A grande maioria da produção cafeeira do estado

vinha de pequenos e médios produtores. (WACHOWICZ 1987)

A cultura do café no Paraná, na segunda metade do século XIX,

contribuiu com a ocupação e aumento da povoação da região norte do estado

à medida que as matas da região eram derrubadas dando origem aos cafezais.

Devido à qualidade do solo, os municípios de Tomazina, Jacarezinho, Santo

Antonio da Platina e Joaquim Távora tiveram um crescimento elevado da

população, também observadas em Cambará, Bandeirantes, Cornélio

Procópio, Sertanópolis e Londrina. (CARVALHO, FRESCA, 2007)

À medida que a cultura do café foi perdendo espaço devido às fortes

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geadas que queimavam os cafezais os proprietários tiveram que diversificar o

plantio.

Moro (1991, p. 74) destaca que:

Historicamente o café, como cultura comercial, até cerca de 1970, ocupou papel preponderante na agricultura do Paraná. Em 1960 ocupava 44,32% da área cultivada do Estado, em 1970, 25,27%, momento em que no norte do estado, a cultura associada da soja e do trigo passa a ampliar sua área de cultivo à custa de áreas antes ocupadas por lavouras de café e em segundo plano, em menor escala, de áreas ocupadas por outras atividades produtivas...

O autor ainda acredita que a diversificação de culturas contribui com a

modernização agrícola, abrindo espaço para outras culturas segundo interesse

do capital e do Estado. (MORO, 1991, apud, FOGARI, 2007)

Para Fogari (2007) apesar de desenvolver-se economicamente, a cultura

cafeeira trouxe conseqüências de impacto ambiental com o desmatamento

realizado para dar origem aos cafezais.

2.1 DESENVOLVIMENTO

O trabalho de Implementação iniciou-se com a apresentação da

proposta de intervenção para professores, equipe pedagógica, direção e

funcionários do Colégio Estadual Maria Francisca de Souza – EFM, na semana

de Capacitação e Planejamento, no início do ano letivo, apontando quais

objetivos levaram à realização da Implementação e a metodologia a ser

trabalhada.

Como primeira atividade aplicada junto aos alunos, foi reproduzido um

documentário sobre o Ciclo do Café I e o Ciclo do Café II (disponível em:

http//www.youtube.com/watch?v=z8q8si7Pgzchttp://www.youtube.com/watch?v

=DaNtoyFzJvM.)

Através deste vídeo os alunos puderam refletir sobre a cafeicultura e

seus relacionamentos com a ocupação do norte do Paraná, tema central da

implementação deste projeto.

Após assistirem ao vídeo, o tema foi discutido em uma mesa redonda

onde cada um teve a oportunidade de relatar o que entendeu trocando ideias

entre o grupo, e respondendo questões sobre as principais

diferenças/semelhanças entre o Ciclo I e II do Café. Em seguida fizeram uma

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resenha concluindo as ideias passadas no vídeo.

Foi possível perceber com esta atividade que o assunto foi novidade

para a maioria dos alunos, em seus relatos ressaltaram que a região do norte

pioneiro teve grande contribuição para o desenvolvimento econômico através

do café, e que o Paraná no ano de 1971 era o responsável por 30% da

produção do país.

Os alunos apresentaram um pouco de dificuldade em dar início às

discussões, por isso percebe-se a necessidade de trabalhar mais vezes este

tipo de atividade, pois as ideias se complementam e fica mais fácil o

entendimento do conteúdo abordado.

Outra atividade realizada foi a visita a fazenda de café, na cidade de

Cambará. Através da visita os alunos viram na prática como é uma fazenda de

café com seus terreirões para secagem do café. Foram anotando tudo que

acharam interessante. Depois redigiram um texto, comparando a realidade da

fazenda visitada com o vídeo sobre os Ciclos do Café assistido anteriormente,

sobre a cultura cafeeira.

Para completar a ação em grupos os alunos reproduziram através de

maquete, uma fazenda de café.

Percebe-se pela riqueza de detalhes, que os documentários e a

experiência real contribuíram para que o trabalho ficasse bem feito, atendendo

as expectativas e os objetivos propostos para a ação.

A visita gerou muita expectativa pois, apesar dos alunos comentarem

sobre plantações de café que veem pela região, jamais tinham visto uma

fazenda de café, exatamente igual às apresentadas durante o documentário. A

visita serviu para que fizessem uma pesquisa das demais fazendas de café

existente na região e constataram, através de pesquisa via internet, (disponível

em: http://coffeetraveler.net/nos-campos-de-cafe-do-parana-norte-pioneiro-1/)

que, hoje existem duas áreas importantes na produção de café do Paraná,

sendo elas: o Norte do Paraná, que tem como cidades polo Apucarana e

Maringá, e o Norte Pioneiro, um quadrilátero formado pelas cidades de

Jacarezinho, Tomazina, Ibaiti e Cornélio Procópio, ambas sofrendo influência

de Londrina. Em cidade de Jacarezinho existe a Fazenda Califórnia, com a

quase cem anos de existência, hoje nas mãos da família Rodrigues, de

Ourinhos, SP. As instalações da fazenda tem equipamentos que podem ser

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considerados avançados ainda hoje, com muitos projetos elaborados por

técnicos ligados à Universidade da Califórnia, USA. Daí a razão do nome

adotado pela fazenda.

Nas figuras que se seguem (1, 2, 3 e 4) destaca-se a maquete

confeccionada pelos alunos da 7ª série:

Figura 1: Maquete realizada pelos alunos do 7º A (Turma da Implementação do projeto)

Figura 2: Maquete realizada pelos alunos do 7º A (Turma da Implementação do projeto)

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Figura 3: Maquete realizada pelos alunos do 7º A (Turma da Implementação do projeto)

Figura 4: Maquete realizada pelos alunos do 7º A (Turma da Implementação do projeto)

Na terceira atividade os alunos fizeram uma pesquisa sobre a ocupação

pioneira do Paraná, bem como dos municípios que fazem parte dessa região,

observando as atividades econômicas do município e fazendo uma relação

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com a cafeicultura.

Neste ponto aos alunos responderam questões relacionadas a cultura do

café no município de Barra do Jacaré, e pesquisas para ver se ainda

plantações de café na região.

Em relação ao município, ainda existem nas áreas rurais algumas

plantações de café. No passado a plantação de café fez parte da agricultura,

inclusive alguns sítios ainda contam com terreirões onde eram colocados os

grãos para secarem.

Entre os municípios de Barra do Jacaré e de Santo Antonio da Platina,

ainda hoje é possível observar muitas plantações de café.

Os alunos também pesquisaram sobre a linha férrea que corta a área

rural do município, com estação na cidade de Andirá, que no passado serviu

para escoamento das mercadorias, sobretudo do café.

A Região Norte Pioneira do Paraná é composta por 46 municípios, que

está dividida em cinco microrregiões que são: Assaí, Cornélio Procópio, Ibaiti,

Jacarezinho e Wenceslau Braz.

A cidade de Barra do Jacaré surgiu do desmembramento do município

de Jacarezinho no ano de 1964.

Pesquisou-se também sobre a produção de café na atualidade e o papel

que representa atualmente para a economia da região e do estado do Paraná.

A figura 5, a seguir, traz uma relação das principais regiões produtoras

de café no Paraná. Os dados são de 2011, de acordo com a análise dos

indicadores do agronegócio, e mostra os municípios que ainda possuem

plantações de café.

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Figura 5: Mapa do estado do Paraná com plantações de café. Fonte: COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO - CONAB. Acompanhamento da safra brasileira café, safra 2011, terceira estimativa, setembro/2011. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br. Acesso em nov/2014.

Após as pesquisas, os alunos em grupo, confeccionaram um mapa do

Paraná, destacando os municípios da região Norte Pioneira, com dados

descrevendo qual município cultivava café e os locais onde ainda existem

plantações de café.

A quarta atividade realizada se deu através da música “Meu cafezal em

flor” (Luiz Carlos Paraná). Primeiro os alunos ouviram a música. De posse da

letra passaram para sua interpretação. Vemos aqui a importância de se

trabalhar a leitura, não apenas na disciplina de Língua Portuguesa, mas todas

as disciplinas do currículo tem sua importância, pois para realizar a atividade

proposta os alunos tiveram que interpretar o objetivo do autor ao compor a

canção.

As questões para interpretação foram:

1. O autor relaciona a produção do café com aspectos do amor. Sendo assim,

de acordo com a letra:

a: Em que momento ele se expressa mostrando sentimentos relativos ao

amor?

b: Cite a passagem em que o autor revela uma parte do processo da produção

do café.

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Os alunos perceberam que o autor fez uma relação do cafezal com o

amor. Associa o amor à florada do café, e o fim do amor ao nascimento do fruto

que derruba as flores.

Para finalizar a atividade os alunos fizeram uma releitura da música,

escrevendo-a a sua maneira.

As produções ficaram bem interessante, nota-se aí a importância de

trabalhar com várias atividades diferenciadas sobre um mesmo assunto.

Quanto mais o aluno pesquisa e toma conhecimento do tema, mais ele

aprende.

A quinta atividade trabalhada contou com 3 textos relacionados à cultura

do café no norte do Paraná. Antes da década de 20, a erva-mate era

considerada a principal riqueza do estado, no final da década de 1920, o café

passou a ser considerado a maior riqueza do Paraná e sua história está dividida em

três grandes períodos: O café no Norte Velho (1903 a 1939); O café no Norte Novo

(1930 a 1944) e O café no Norte Novíssimo (1945 a 1975.

Os textos serviram para fixar ainda mais o conteúdo além de apresentar

particularidades sobre a cultura cafeeira.

Para resolver as questões os alunos formaram grupos para a troca de ideias.

O primeiro texto deixa claro a presença do caboclo, necessário para fazer as

derrubadas das árvores, pois existia muita mata no local, ficou claro também a

importância da cultura do café para o povoamento do Paraná e que no final da

década de 20 o café se tornou uma das principais riquezas do Paraná.

Vejamos o relato de um aluno sobre esta questão:

O que contribuiu para que o café se destacasse vindo a se tornar uma das principais riquezas do Paraná foi a proximidade da estrada de ferro a presença de paulistas lutando pela maior produtividade da terra, e o fato de o solo e o clima das terras paranaenses serem próprias para a produção de café, além da mão-de-obra mais barata. (aluno 1)

Outras questões trabalhadas com os textos foram:

1. O que significou a geada negra de 1975 para os cafeicultores do

Norte do Paraná? Como ficou a economia após este episódio?

2. Qual atividade agrícola contribuiu para a expansão e povoamento

do Norte do Paraná?

3. Relembrando os estudos feitos sobre o Café no Norte do Paraná,

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que fatores levaram ao desaparecimento da cultura do café?

4. Faça uma pesquisa sobre a origem do café, sua chegada ao

Brasil e ao Paraná.

Um dos temas vistos nos textos foi sobre a Geada Negra de 1975,

sendo assim para encerrar as ações, os alunos fizeram a leitura de um texto

sobre a Erradicação da cultura cafeeira, com a geada, encerrando com um

vídeo sobre o assunto abordado.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Participar do PDE realizando a Implementação com os alunos do 7º A do

Colégio Estadual Maria Francisca de Souza – EFM, contribuiu não apenas para

o crescimento pessoal mas também para o enriquecimento dos conteúdos dos

alunos.

Sabe-se que os conteúdos a serem trabalhados nas disciplinas devem

ser transmitidos de forma contextualizada, fazendo com que estes contribuam

para a formação social e pessoal de cada um dos alunos.

Uma das dificuldades que vinha observando ao longo de minha

experiência como docente, é assimilar os conteúdos, desconhecendo até

mesmo a realidade que os cerca. Por isso senti a necessidade de trabalhar um

conteúdo voltado a essa realidade, fazendo um estudo sobre a cultura cafeeira

na região do Norte Pioneiro do Paraná.

Experiência valiosa, quando no decorrer das ações, pude observar o

aprendizado adquirido dia-a-dia, atividade por atividade. Com isso, vem a

realidade de que nossos alunos precisam de diferentes atividades sobre o

mesmo conteúdo para a concretização da aprendizagem.

Trabalhar com a cultura cafeeira serviu para que os alunos observassem

mais de perto sua realidade, o quanto esta cultura contribui para a povoação da

nossa região.

A troca de experiência entre os alunos, após assistirem aos vídeos, após

visitarem a fazenda de café, o entrosamento na confecção da maquete, e a

vontade de expor sobre o assunto, o interesse em querer aprender sempre

mais, principalmente sobre questões voltadas ao município, deixou uma

sensação de trabalho cumprido.

Claro que alguns tropeços surgiram pelo caminho, mas insignificantes

tamanho o entusiasmo com que os alunos foram realizando as atividades uma

a uma.

Que este artigo, resultada da Implementação, sirva de apoio e exemplo

para que outros professores, não só da área de História, possam fazer um

trabalho diferenciado com seus alunos, e assim, sanar todas as dificuldades de

aprendizagem que possam apresentar, pois para que o aluno aprenda é

preciso investir em vários recursos e estratégias. Pois como nos diz Paulo

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Freire, ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para

a sua própria produção ou a sua construção.

A figura 6 destaca o momento da apresentação do projeto da professora

PDE para a comunidade escolar.

Figura 6: apresentação do projeto do professor PDE no Colégio.

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REFERÊNCIAS

CARDOSO, Cássia Regina Soares. O processo de ocupação do noroeste paranaense nas décadas de 1950 e 1960. SEED/PR – PDE. Portal dia-a-dia educação, 2007. Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao .pr.gov.br/portals/pde/arquivos/954-4.pdf?PHPSESSID=2009050410452273>. CARVALHO, Marcia Siqueira de. FRESCA, Tânia Maria. (org) Geografia e Norte do Paraná: um resgate histórico. Londrina: Edições Humanidades, 2007. FOGARI, Edna Regina Gomes. Norte do Paraná: um estudo dos movimentos de ocupação histórica. Produção Didático-Pedagógica. UEM, Maringá, PDE, 2007. GARBOZZA, Gustavo Davi. Colonização do Paraná. Produção Didático-Pedagógica, PDE. Curitiba, 2008. LUZ, France. O fenômeno Urbano numa região pioneira: Maringá. Dissertação de Mestrado. Universidade de São Paulo. 1980. MORO, Dalton Áureo. Substituição de Culturas, modernização Agrícola e Organização do Espaço Rural, no Norte do Paraná. Tese de Doutorado, UNESP, Rio Claro, 1991. MOTA, Lúcio Tadeu. A Guerra de Conquista nos Territórios dos índios Kaingang do Tibagi: Nota de pesquisa; Revista História Regional. Vol. 2. – nº. 1. 1997. NOELLI, Francisco S.; MOTA, Lúcio T. A pré-história da Região onde se encontra Maringá, Paraná. In: Maringá e o Norte do Paraná. Estudos de história regional. DIAS, Reginaldo B.; GONÇALVES, José Henrique Rollo (org). Maringá: EDUEM, 1999.p. 6 e 7. SERRA, Elpídio. Os primeiros processos de ocupação da terra e a organização pioneira do espaço agrário no Paraná. Boletim de Geografia. UEM. Ano 10, 1992. WACHOWICZ, Ruy Christovam. Norte Velho, Norte Pioneiro. Departamento de História da UFPR. Curitiba: Editora Gráfica Vicentina Ltda, 1987.