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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

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Ficha para identificação da Produção Didático-pedagógica – Turma 2013

Título: Lampião & Lancelote: heróis e heroínas em releituras e reinvenções

Autora: Izabel Cristina Marson

Disciplina/Área:

Letras, Língua Portuguesa

Escola de Implementação do Projeto e sua localização:

Colégio Estadual Cristo Rei-Ensino Normal

Município da escola: Cornélio Procópio

Núcleo Regional de Educação: Cornélio Procópio

Professor Orientador: Dr. Thiago Alves Valente

Instituição de Ensino Superior: Universidade do Norte do Paraná—UENP. Cornélio Procópio

Resumo:

(descrever a justificativa, objetivos e metodologia utilizada. A informação deverá conter no máximo 1300 caracteres, ou 200 palavras, fonte Arial ou Times New Roman, tamanho 12 e espaçamento simples)

O presente trabalho é voltado à formação de leitores por meio do Método Semiológico proposto por Aguiar e Bordini na obra Literatura e formação do leitor: alternativas metodológicas, 1988. Ateremos-nos à temática do herói e da heroína a partir da leitura de Lampião e Lancelote, de Fernando Vilela, 2007. Na obra, a Europa visita o Brasil na pessoa do cavaleiro inglês. O duelo é de palavras, pelo gênero cordel, com desfecho que surpreende pelo desvio da temática da violência presente na guerra que parece ser travada por ambas personagens. O livro é, portanto, releitura de Rei Artur, porém, com ecos da oralidade, onde o popular comparece como patrimônio imaterial associado à leitura do texto escrito pela escolha composicional do cordel. Para Ana Maria Machado (2002, p. 42) “O ciclo de lendas sobre o rei Artur e os cavaleiros da Távola Redonda constitui um imenso manancial de histórias maravilhosas, contando feitos de extraordinária bravura”. Ao personagem brasileiro, Lampião, a contemporaneidade trouxe a desconstrução do caráter rude, que passou a compor-se por feitos heroicos ao modelo de justiça aos

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oprimidos do nordeste. Sendo assim, a ressiginificação se propõe pelo diálogo entre Europa e Brasil, atados por hábitos culturais distintos.

Palavras- chave

( 3 a 5 palavras)

Ensino de leitura. Método semiológico. Heróis e heroínas.

Formato do Material Didático Unidade Didática

Público:

(indicar o grupo para o qual o material didático foi desenvolvido: professores, alunos, comunidade...)

Para alunos (as) da 1ª série do Ensino Médio e para professores (as).

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1. INTRODUÇÃO

Esta Unidade Didática versa sobre o Ensino e aprendizagem de

leitura, e centraliza-se na obra Lampião & Lancelote, de Fernando Vilela,

no sentido de construir com os educandos da 1ª. série do curso de

Formação de Docentes do Colégio Estadual Cristo Rei reflexões críticas

acerca dos heróis e heroínas na contemporaneidade.

Para tanto, optou-se pelo Método Semiológico de Aguiar e

Bordini, 1988, oportunizando o dialogismo entre as aulas e a perspectiva

de conhecimento dos alunos e alunas.

As escolhas das obras literárias partem do corpus principal que

está incluído no PNBE- Programa Nacional da Biblioteca Escolar e se

integra a pesquisas trazidas pelos alunos, no momento da Implantação,

e outras leituras do literário como O Rei Artur e os cavaleiros da Távola

Redonda, adaptação de Ana Maria Machado.

Nossas observações partem do contexto social das escolas como

sendo, ainda, lugar onde livros literários permanecem fechados.

Adaptações e releituras representam possibilidade de entender os heróis

como temática atual, contemporânea. Sobre isso a mídia nos aponta:

seja de maneira direta ou enviesada, a necessidade que as pessoas têm

em torno da construção de um herói ou heroína são exemplos que vão

desde as manifestações de Junho de 2013 no Brasil, até as tentativas

de tornar este ou aquele cidadão um herói nacional, por suas crenças e

defesas.

Lampião e Lancelote é obra que foge ao caráter facilitador

presente em muitas adaptações por tratar-se de releitura que se

apropria com qualidade estética do discurso dialógico com outros textos.

Tal qualidade convida o jovem à leitura descortinando horizontes em

sentido contrário à restrição destes horizontes como acontece em obras

puramente utilitárias.

Diferentemente do pensamento que norteia a estética da

recepção, que requer o cânone como ponto de chegada ao literário, aqui

perpassaremos a ideologia presente nas obras que compõem o corpus.

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Partiremos, portanto, do pensamento da escola sobre as

adaptações e releituras para elencar indicativos de leitura resultantes do

trabalho com o livro Lampião e Lancelote (2006), de Fernando Vilela.

Pretende-se analisar o livro à luz da intertextualidade presente na

obra bem como analisaremos o gênero escolhido, o cordel.

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Apresentar e encaminhar a prática da leitura do literário por meio

do Método Semiológico propiciando a formação crítica das alunas e

alunos, a partir da obra Lampião e Lancelote (2006), de Fernando Vilela.

2.2 Objetivos Específicos

- Ler e apresentar a adaptação O Rei Artur e os cavaleiros da Távola

Redonda, de Ana Maria Machado, 1997;

- Ler e apresentar a releitura Lampião e Lancelote;

- Compreender a recepção de leitura da obra como releitura de

personagens históricos, bem como a compreensão de suas ilustrações;

- Compreender o texto literário como apropriação de diferentes

realidades de diferentes contextos e intenções;

- Debater com os educandos a ressignificação das personagens

históricas e lendárias na obra lida como figuras veiculadas por uma

tradição cultural.

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3. ETAPAS

As estratégias de ação serão baseadas nas seis etapas do

Método Semiológico, organizadas em 26 aulas geminadas, com dois

encontros semanais.

Coleta de textos culturais diversificados

1ª. Encontro

Quem são os heróis que vocês

conhecem? Onde os conheceram? Na escola? Em conversas som

a família? Com os colegas?

Caro professor, ao iniciar esta primeira aula,

dialogue com os alunos acerca do que compreendem

como sendo um herói ou heroína. Apresentamos

alguns questionamentos:

Professor, anote no quadro de giz o resultado do diálogo

com a turma. Assim todos poderão formar uma ideia

inicial sobre o conceito que a turma apresenta sobre o

tema.

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Alunos, é sempre importante anotar no caderno as primeiras

opiniões, conceitos e descobertas sobre o tema estudado.

Portanto, façam estas anotações

iniciais.

tragam o material para sala de aula na forma impressa,

seja imagem, SEJA texto.

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2º. Encontro

Alunos, hora de expor o Painel em sala de aula.

Alunos, formamos um Painel com quais figuras histórias? Temos uma maioria de brasileiros ou de estrangeiros? São em sua maioria homens ou mulheres? Brancos ou negros? LIgados a questões de paz ou guerra?

(O texto deverá estar em folha à parte e ser entregue ao professor)

Professor, organize com os alunos Painel

com o material pesquisado e impresso, use

para isso papel crafft.

Neste momento, com o Painel organizado e exposto

em sala, dialogue com os alunos sobre o resultado.

Compare oralmente o que pensavam sobre a temática e

como a veem agora com o apoio do Painel. Chame

atenção para:

Produção de Texto

Redija texto escrito sobre suas

impressões iniciais da temática

do herói

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3º. Encontro

Turma, hora da leitura. Vamos iniciar as primeiras páginas de Rei Artur e os Cavaleiros da Távola Redonda.

Professor, neste encontro

você começará a leitura da

adaptação de Ana Maria

Machado da obra Rei

Arthur e os Cavaleiros da

Távola Redonda.

Apresente o livro: capa,

contra-capa, orelhas,

referência, ilustrações, tipo

de letra...

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4º. Encontro

Alunos, prosseguindo com nossas aventuras...

Professor, um lembrete: ao final da aula orientar a leitura extra-

classe como continuidade da leitura de sala até o término do livro.

Professor, o quarto encontro é reservado à

continuidade da leitura. Retome inicialmente a

leitura da aula anterior. E faça pausas para que os

alunos possam tirar dúvidas, acrescer comentários e

descobertas.

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Aquisição das regras do jogo semiótico

5º. Encontro

Alunos, no fragmento do filme Lancelote, poderemos observar os elementos já encontrados no livro de Ana Maria Machado e compará-los. Castelos, cavaleiros, elmos e armaduras presentes em diferentes forma e arte: uma narrativa escrita e uma produção do cinema.

Professor, é interessante recuperar com

os alunos as ideias do livro e da

pesquisa. Em seguida, assistir ao

fragmento do filme Lancelote.

Produção de texto

Redija um texto descritivo sobre o

livro e o filme comparando as duas

leituras

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Reconhecimento do uso intencional das linguagens

6º. Encontro

Três de Maio de 1808 em Madri. Francisco Goya. Museu do Prado, Madri. 1814. Óleo sobre tela. 104 cm x 136 cm.

O Grito do Ipiranga. Pedro Américo. 1888. Museu o Ipiranga, São Paulo, Brasil. Óleo sobre tela.

Alunos, estas são duas formas de retratar a ação do exército e seu poder junto ao povo: Em Goya observamos figuras do povo perdendo a vida pela força desta instituição militar; já No quadro de Pedro Américo, o

Professor, é neste momento do Método Semiológico

que você trará as suas contribuições de pesquisa:

propomos algumas imagens, mas você poderá

acrescentar outras e contextualizá-las às aulas.

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exército centraliza a tela mostrando sua importância perante a nação. Neste ano de 2013, em junho, observamos a aparição de jovens mascarados nas ruas. Intitulam-se black Blocs. O que sabemos sobre eles?

Black Blocs. Disponível em: http://www.adital.com.br/?n=cmlu. Acesso em: 29 de nov. de 2013.

aLunos: existem heróis negros, pobres, excluídos? por exemplo, Eles ganham ou ganharam nomes de ruas, rodovias, pontes, museus, teatros, escolas ...?

Lembrete, professor:

Reserve um tempo para que os alunos possam observar as imagens-

propicie que interpretem, ideologicamente, o material apresentado

pelo professor, afinal este material se difere da perspectiva deles.

Então é algo novo, ou apresentado em um contexto que não estão

habituados a encontrar.

Professor, apresente as duas imagens para que a turma as compare:

no quadro de Goya, o operariado é atingido pelos militares a serviço

de Napoleão. Na foto da Revista Época o “povo” está nas ruas

na figura dos mascarados dos Black Blocs. Nos dois casos quem é

a representação do poder, quem é vítima da violência?

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Análise das intenções conformadoras ou emancipatórias dos

textos

7º. Encontro

Alunos, lendo em sala de aula...cangaço e cavaleiros ingleses...em Lampião e Lancelote, de Fernando Vilela. É a literatura de cordel, um presente da cultura portuguesa para o povo brasileiro da região nordeste.

,

Professor, neste encontro inicie a

leitura de Lampião e Lancelote com a

turma. O livro deve ser apresentado no

que se refere a sua diagramação,

ilustração e composição do texto.

Apresente a capa, contra-capa, as

ilustrações que são do próprio autor

Fernando Vilela. Chame a atenção

dos alunos para o gênero cordel na

composição do texto. E faça-os notar

as cores que indicam a aparição de

cada um dos protagonistas. Este livro

você poderá usar apenas um exemplar

em sala para a leitura com a turma.

O formato permite que colocados em

círculo os alunos acompanhem a

leitura da obra.

Pesquisa

Extra-classe: Quem foi Lampião? Alguns dizem que foi herói, outros

que foi violento cangaceiro. Pesquise em busca de informações sobre

esta figura brasileira. Atente para pesquisadores que digam

justamente sobre estes conceitos tão contrários sobre este herói.

Afinal, ele defendeu os pobres ou matava por prazer?

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Algumas fontes para pesquisa: http://cariricangaco.blogspot.com.br/2009/12/o-memorial-da-resistencia-de-mossoro.html https://revistahistoriauft.files.wordpress.com/2012/04/cangaccca7o-e-memocc81ria-coletiva-no-nordeste-brasileiro.pdf www.museudapessoa.br

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8º. Encontro

Alunos, carteiras em círculo, apresentaremos o que aprendemos em nossa pesquisa sobre Lampião.

Professor, enquanto os alunos se apresentam

faça perguntas à turma. Desta forma sempre

haverá em sala alunos que tenham pesquisado

aquela informação que você está solicitando.

Com isso todos aprendem. Os alunos tendem a

se lembrar detalhadamente do que ouvem de

colegas no momento das apresentações. Não

esqueça o Método Semiológico é dialógico.

Novamente você estará valorizando a fala dos

alunos e suas descobertas de pesquisa.

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Interação dos sujeitos com os textos

9º. Encontro

Alunos, como vocês observaram o nome de lampião inspira vários sentimentos. O senso comum o tem como bandido e pesquisas em artigos científicos o apontam como uma espécie de justiceiro que defendia os pobres de sua região. Isto nos faz questionar a palavra Verdade. O que ela significa para uns pode ser totalmente o oposto do que pensam outros. E o que vocês pensam sobre a palavra verdade? O poeta Affonso Romano de sant´anna refletiu sobre isso no poema A implosão da Mentira ou o epitáfio do Riocentro. Vamos à leitura...

10º. Encontro

Mentiram-me, Mentiram-me ontem E hoje mentem novamente Mentem De corpo e alma, completamente E mentem de maneira tão pungente Que acho que mentem sinceramente Mentem, sobretudo, impunemente Não mentem tristes, alegremente Mentem. Mentem tão nacionalmente Que acham que mentindo história afora Vão enganar a morte eternamente.

In: SANT´ANNA, Affonso Romano. A poesia possível. Rio de Janeiro: Rocco, 1984.

Professor, analise o poema com os alunos. Chame atenção

para o tema, a mentira, como instrumento de manipulação da

massa. Em seguida insira os elementos do projeto: os heróis e

heroínas; o poder; a violência... e passe para a leitura dos

textos jornalísticos a seguir.

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BBC Brasil

Black Blocs cativam e assustam manifestantes mundo afora

Carolina Montenegro

De Genebra, para a BBC Brasil

Jovens mascarados e vestidos de preto andam em grupo no meio de

protestos. Portam bandeiras negras ou símbolos anarquistas, quebram

vidraças, entram em confronto com a polícia e embora não possuam

líderança clara, têm nome definido: Black Blocs. Essa poderia ser uma

cena vista no Brasil, no Egito, na Turquia, na Gréci, nos Estados Unidos

ou em qualquer outro lugar do mundo. Para Francis Dupuis-Déri,

professor de ciência política da UQAM (Université du Québec à Montréal)

e autor do livro Les Black Blocs, a internet e a crescente insatisfação com

os governos e a economia impulsionam o movimento. "Os Black Blocs são

fáceis de identificar, eles usam roupas específicas. É algo simples de ser

reproduzido. Alguém pode vê-los na TV e imitá-los. Acredito que a

internet também tenha um papel crucial", disse. De acordo com Dupuis-

Déri, que pesquisa os grupos há dez anos, a internet se tornou o seu

principal canal de comunicação porque permite que os grupos interajam

rapidamente e organizem protestos. "Os Black Blocs não são uma

organização permanente. Pelo caráter anarquista desses grupos, eles não

têm um líder ou um representante para falar com o governo, por exemplo.

Antes e depois de uma manifestação, eles não existem", explicou. No

Brasil, como em outras partes, os Black Blocs usam o Facebook para

postar vídeos, fotos e organizar atos. Foi por meio do perfil Black Bloc

Egypt que jovens egípcios convocaram ataques ao palácio presencial e o

fechamento de pontes no Cairo. Identificando-se apenas como Morro, um

dos administradores da página egípcia contou à BBC Brasil que o grupo já

se reunia há dois anos para protestar. "Primeiro, pensamos em formar um

movimento hooligan, mas depois vimos vídeos e Black Blocs na Grécia e

nos inspiramos", disse. As táticas violentas dos Black Blocs no Egito foram

duramente reprimidas pelas forças de segurança. Ao menos três membros

do grupo foram mortos e dezenas estão presos. Atualmente, o grupo tem

presença tímida nas manifestações. Assim como no Brasil, onde Black

Blocs têm depredado agências bancárias e concessionárias de carro, no

Egito o grupo provocou a desconfiança do público e de outros

manifestantes.

Disponível em: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/09/130822_black_block_protestos_mm.shtml. Acesso em 03 de dez. de 2013.

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O Black Bloc está na rua

Nem grupo nem movimento, essa tática de guerrilha urbana

anticapitalista pegou carona nos protestos atuais. Como esse

fenômeno pode impactar o Brasil

por Piero Locatelli, Willian Vieira — publicado 21/08/2013 15:21

Com um martelo em punho, uma jovem de rosto coberto vestida de preto

tenta destruir um Chevrolet Camaro (de 200 mil reais) em uma

concessionária na Avenida Rebouças, São Paulo. Outros trajados da mesma

forma, paus e pedras nas mãos, estilhaçam a parede de vidro de uma

agência bancária. Uma faixa pede a saída do governador Geraldo Alckmin –

o A do nome traz o símbolo de anarquia. Até chegarem as bombas de efeito

moral e gás lacrimogêneo da tropa de choque da PM. Sem movimento

social ou partido à frente, o protesto reuniu cerca de 200 jovens, deixou lojas

pichadas e 20 detidos na terça 30 de julho. Mas as cenas parecem repetidas,

a ecoar os eventos que há meses têm chacoalhado o País. Desde o princípio

das manifestações de rua no dia 6 de junho de 2013 em São Paulo contra o

aumento nas passagens de ônibus, muito ficou por ser entendido. Seria a

carestia a motivação dos protestos que cruzaram a barreira de 1 milhão de

pessoas em todo o Brasil ou o esgotamento do sistema político? E os

manifestantes, eram jovens anarquistas sem partido ou seriam necessários

novos conceitos para dar conta de tantas vozes? De todas as perguntas, a

que mais intrigou o País segue sem resposta clara: em meio ao mar de

cabeças e punhos em riste, quem eram e o que queriam aqueles jovens de

preto dispostos a destruir bancos e lojas e enfrentar a polícia com as

próprias mãos? Black Bloc foi o termo surgido de forma confusa na

imprensa nacional. Seriam jovens anarquistas anticapitalistas e

antiglobalização, cujo lema passa por destruir a propriedade de grandes

corporações e enfrentar a polícia. Nas capas de jornais e na boca dos âncoras

televisivos, eram “a minoria baderneira” em meio a “protestos que

começaram pacíficos e ordeiros”. Uma abordagem simplista diante de um

fenômeno complexo. Além da ameaça à propriedade e às regras do

cotidiano (como atrapalhar o trânsito e a visita oficial do papa), as atuações

explicitaram a emergência de uma faceta dos movimentos sociais, de cunho

anarquista e autonomista, que vão do Movimento Passe Livre (MPL) e

outros coletivos até a face extrema dos encapuzados. Corretos ou não, a

tática Black Bloc forçou a discussão sobre o uso da desobediência civil e da

ação direta, do questionamento da mobilização pelo próprio sistema

representativo. Ignorá-los não resolve a questão: o que faz um jovem se

juntar a desconhecidos para atacar o patrimônio de empresas privadas sob

risco de apanhar da polícia? “O que nos motiva é a insatisfação com o

sistema político e econômico”, diz Roberto (nome fictício), 26 anos e três

Black Blocs na bagagem. Ele não se identifica por razões óbvias: o que faz é

ilegal.

Disponível em: http://www.cartacapital.com.br/revista/760/o-black-bloc-esta-na-rua-7083.html. Acesso em: 03 de dez. de 2013.

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1. Alunos, o que vocês observaram nas leituras das matérias jornalísticas lidas, elas apresentam a mesma opinião sobre os Black Blocs? 2. Qual delas diz a Verdade sobre o grupo? E, voltando a pensar a partir de nossa leitura de Lampião & Lancelote: 1. como são os nossos heróis protagonistas? Em que se

diferem um do outro? 2. Ainda hoje temos necessidade de heróis? 3. Como são os heróis contemporâneos? Os Black Blocs são

heróis? 4. O baile do cavaleiro inglês com sua amada Guinevere e

Lampião com sua Maria Bonita surpreende? 5. Notem que o herói europeu é branco, o nosso lampião é

mulato, notem também que nas pesquisas observamos que maria bonita estava sempre junto com seu lampião. já no enredo de Lancelote, Guinevere está um pouco distante do cotidiano do herói fazendo algumas aparições apenas. Guinevere se assemelha ao nosso conceito e princesa. Maria bonita está no campo do real, é no sertão que ela vive, ama e luta.

Professor, ao retomar Lampião & Lancelote, use imagens

escaneadas e preparadas para a tvpendrive. Isso ajudará a

turma a relembrar a história e acompanhar sua explicação,

além de inaugurarem novas descobertas acerca da obra.

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11º. Encontro

Finalizando nosso trabalho vamos produzir uma resenha crítica sobre o seguinte tema: “coragem e verdade: uma sociedade em busca de heróis e heroínas”. Para tanto apresentamos um texto sobre o Movimento Cinturão Verde, que foi criado no Quênia pela ecologista Wangari Maathai. Quênia: Um futuro eco-sustentável

Os parques Uhuru e Central explodem nas ruas de cimento de Nairóbi, quebrando o ritmo do cenário urbano e criando uma faixa verde que abre caminho entre os arranha-céus da capital. São mais de 100 hectares de área arborizada aberta ao público em uma região acessível a todos os moradores. Também não faltam árvores nos bairros que rodeiam o centro e nem nos que beiram os confins da cidade. Estar em Nairóbi é ter a sorte de acessar os desfrutes que um centro urbano oferece e ao mesmo tempo poder continuar em contato constante com a natureza. O mesmo se aplica a muitas outras cidades do Quênia. Mas alcançar esse nível de arborização não foi fácil. Tudo foi fruto da luta de uma mulher que vai ficar para sempre na história do país: Wangari Maathai. Vencedora do Nobel da Paz em 2004 e consagrada como a primeira mulher africana a receber o prêmio, Maathai foi responsável pelo plantio de mais de 51 milhões de árvores no Quênia. A frente de seu tempo, ela desenvolveu modelos de projetos que hoje são considerados exemplares no mundo do desenvolvimento sustentável. É difícil achar conterrâneos que não tenham se inspirado no seu trabalho, que através da preservação ambiental também abraçava as causas sociais e políticas do país. Maathai faleceu em 2011, mas deixou como toda uma escola de pensamento traduzida na inovadora organização fundada por ela, o Movimento do Cinturão Verde (MCV). A MCV, atuando de leste ao oeste do país, trabalha com o empoderamento de 400 comunidades quenianas. Objetivam que as pessoas envolvidas conheçam as questões ambientais, as mudanças climáticas e seus impactos, como estão sendo afetadas e o que podem fazer sobre isso. No nível de implementação: a organização promove o cultivo orgânico, a plantação de árvores indígenas e de plantas frutíferas nas áreas das comunidades e ao redor dos rios para assegurar a diversidade natural. Entre muitos outros projetos internos, um de destaque são as associações de florestas comunitárias, em que grupos locais

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trabalham com as autoridades no gerenciamento das florestas, decidindo conjuntamente as ações futuras sobre o meio ambiente. Além do Cinturão Verde, Wangari desenvolveu inúmeros projetos e produziu uma rica bibliografia em sustentabilidade e governança. Entre os exemplos de inovação, ela criou um instituto que garante que os alunos universitários com estudos relacionados à preservação possam ter a certeza de trabalhar na área, não desperdiçando conhecimento e pondo em prática o que aprenderam. “Ela não só cunhou um veículo para dirigir sonhos, como também foi a responsável por criar no Quênia o link entre o meio ambiente e a paz. Podemos dar a ela o crédito pela consciência ambiental do país”, ilustra o diretor. Disponível em: http://www.afreaka.com.br/wangari-maathai-e-o-movimento-do-cinturao-verde. Acesso em 03 de dez. de 2013.

Referências

AGUIAR, Vera Teixeira de; BORDINI, Maria da Glória. Literatura a

formação do leitor: alternativas metodológicas. Porto Alegre: Mercado

Aberto, 1988.

BAKHTIN, Mikail. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins

Fontes, 1992.

CHARTIER, Roger. A aventura do livro: do leitor ao navegador:

conversas com Jean Lebrun. Trad. Reginaldo Carmello Corrêa de

Moraes. São Paulo: Imprensa Oficial do estado de São Paulo: Editora

UNESP, 1998.

EAGLETON, Terry. Marxismo e crítica literária. Trad. Matheus Corrêa.

São Paulo: Editora Unesp, 2011.

ECO, Humberto. Sobre algumas funções da literatura. In: Ensaios

sobre literatura. Rio de Janeiro: Record, 2003.

GALVÃO RIBEIRO, Eliane Aparecida; BULHÕES, Ricardo Magalhães;

VALENTE, Thiago Alves. Machado de Assis em conto, reconto e

ponto, mas não final. Campo Grande, MS: Ed.UFMS, 2011.

GERALDI, João Wanderlei. O texto na sala de aula. Campinas:

Mercado Aberto, 1996.

MACHADO, Ana Maria. Como e por que ler os clássicos universais

desse cedo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002.

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MALORY, Thomas. O Rei Artur e os cavaleiros da Távola Redonda.

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