origens da agricultura: revolução agrícola neolítica
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Revolução agrícola neolítica: passagem da predação à agricultura [cf. Childe: “a primeira revolução que transformou a economia humana”].“Grupos em diversas partes do mundo fizeram a transição para a agricultura de maneiras diferentes, de acordo com as condições, os recursos e, presumivelmente, as tradições locais” (Leakey, 1981)TRANSCRIPT
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Super Interessante
Edição nº 251
Abril de 2008
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A REVOLUÇÃO AGRÍCOLA
NEOLÍTICA
ORIGENS DA AGRICULTURA
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O neolítico e a aparição do cultivo e da
criação
“Grupos em diversas partes do mundo fizeram a transição para a agricultura
de maneiras diferentes, de acordo com as condições, os recursos e,
presumivelmente, as tradições locais” (Leakey, 1981).
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•12.000 anos AP: “começa a se
desenvolver um novo processo de
fabricação de instrumentos, o polimento
da pedra.” (Mazoyer & Roudart, 2010: 69)
•10.000 anos AP: “a maioria dos povos do
mundo adotou alguma forma de
agricultura e um novo estilo de vida”
(Leakey, 1981: 200)
•10.000 e 5.000 anos AP: Sociedades
neolíticas tinham começado a semear
plantas e manter animais em cativeiro,
com vistas a multiplicá-los e utilizar-se de
seus produtos plantas e animais
especialmente escolhidos e explorados
foram domesticados sociedades de
predadores se transformam em
sociedades de cultivadores. (Mazoyer &
Roudart, 2010: 69)
•Revolução agrícola neolítica: passagem
da predação à agricultura [cf. Childe: “a
primeira revolução que transformou a
economia humana”].
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CENTROS DE ORIGEM DA
AGRICULTURA NEOLÍTICA
AS ORIGENS DA AGRICULTURA
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(Mazoyer & Roudart, 2010:98)
Atual estado da pesquisa 06 centros da revolução agrícola neolítica
04 centros de origem amplamente irradiantes:
Oriente Próximo - 10.000-9.000 anos AP: “Crescente Fértil”
Centro-americano - 9.000-4.000 anos AP: sul do México
Chinês - 8.500 anos AP: norte da China
Neo-guineense - 10.000 anos AP: Nova Guiné
02 centros de origem pouco ou nada irradiantes:
Centro sul-americano - 6.000 anos AP: Andes
peruanos e equatorianos
Norte-americano - 4.000-1.800 anos AP: bacia do
médio Mississipi
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Por muito tempo reduziu-se a
emergência da agricultura
neolítica a um tipo de invenção e
de generalização rápidas de uma
nova técnica produtiva tornada
necessária devido à insuficiência
dos recursos selvagens.
Essa insuficiência era resultante
de um grande ressecamento do
clima — teoria dos oásis — ou
da rarefação da grande caça
superexplorada por uma
população humana já demasiado
numerosa.
(Mazoyer & Roudart, 2010: 101)
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A TEORIA DO OÁSIS (V. Gordon Childe)
Fim da Era Glacial:
o Breve período de seca no Oriente
Médio
o Concentração da população, de
animais e plantas nos vales irrigados
dos rios, como os do Tigre, Eufrates
e Nilo
o “Simbiose” entre os humanos e os
animais
o “À medida que os animais
apropriados pela domesticação
ficavam mais restritos ao oásis pelo
avanço do deserto, os homens
puderam estudar seus hábitos e, em
vez de matá-los rudemente, puderam
amansá-los e torná-los dependentes”
(Childe apud Leakey, 1981, 201-202)
Crítica: Não há nenhuma evidência do
suposto período de seca
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Estudos arqueológicos mais recentes sobre
os diferentes centros de origem da agricultura
neolítica (J. R. Harlan, 1987) mostram não ser
bem isso .
A transformação de uma sociedade que
vivia da predação simples e dispunha de
instrumentos e de organização social para
uma sociedade que vivia principalmente
dos produtos das cultivos e das criações
— e contava com os meios materiais, de
organização social e de conhecimentos
correspondentes — aparece como um
encadeamento complexo de mudanças
materiais, sociais e culturais que se
condicionam umas às outras e que se
organizam por várias centenas de anos.
(Mazoyer & Roudart, 2010: 101)
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Os grandes centros irradiantes
Vejamos, para começar, as circunstâncias nas quais se formaram os grandes
centros irradiantes conhecidos, os centros do oriente-próximo, centro-
americano, chinês e neo-guineense.
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Centro do Oriente Próximo
Rio Eufrates
O Crescente Fértil
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Jericó
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“Há dez mil anos atrás, as pessoas já
estavam engajadas na produção intensiva
de alimentos: a aldeia agrícola era um
modo de vida estabelecido” (Leakey, 1981:
206)
o Condicionantes naturais:
• Climas mais quentes
• Avanço do trigo e da cevada
selvagem
o O experimento de Jack Harlan
• A grande disponibilidade de
grãos e o uso de implementos
primitivos definiria um período de
transição: “As pessoas podiam
coletar os grãos e estocá-los
para usá-los, quando outros
alimentos na área fossem
limitados. Isto implicaria viver em
aldeias permanentes, mas sem a
agricultura como tal”
• Neste sentido, as evidências de
Abu Hureya
Silos domésticos de cerâmica. Aldeia Neolítica, Irã
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Trigo selvagem: eixo de inflorescência quebradiço debulhe
natural vantagem adaptativa espalhamento das sementes
O trigo doméstico difere do selvagem por ter um eixo de
inflorescência mais duro que mantém as espigas unidas à planta,
mesmo quando elas estão maduras
No trigo selvagem, há uma proporção muito pequena de plantas
com espiga mais compacta como resultado de mutação genética,
mas, no processo de coleta, é muito provável que todos os grãos
das espigas compactas fossem coletados. Assim, a proporção de
sementes mutantes seria mais elevada nas espigas ceifadas
“Depois de muitas gerações – mais ou menos mil anos – a
proporção do mutante de espiga compacta teria aumentado o
suficiente para que um cultivador observador o notasse. Ele
poderia, então, tomar medidas positivas para selecionar as
sementes desta variedade mais favorável à disseminação, e o
processo de domesticação ativa teria tido início” (Leakey, 1981)
“A transição da coleta sistemática de trigo selvagem, numa
comunidade sedentária, para o cultivo do trigo seria fácil e natural
se as circunstâncias o exigissem. Essa transição pode ter ocorrido
em muitas comunidades do Crescente Fértil há uns 10 mil anos
atrás, cada comunidade tendo desenvolvido primeiro a capacidade
para armazenar alimentos, o que lhe permitiu fixar-se num local e,
em seguida, a habilidade de cultivar” (Leakey, 1981)
O SÍTIO DE ABU HUREYA (VALE DO EUFRATES, NORTE DA SÍRIA)
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É uma das áreas mais antigas da Terra
onde o homem viveu de forma
sedentária.
O sítio de Dhra" tem entre 11,5 mil e
10,5 mil anos de idade. É um dos mais
antigos locais do planeta onde o homem
viveu em comunidades sedentárias, no
caso entre 40 e 50 pessoas.
O uso intensivo de variedades selvagens
de gramíneas aconteceu um milênio
antes da domesticação de cereais e o
aparecimento e difusão de comunidades
sedentárias.
A tecnologia para o armazenamento e a
conservação de comida incorporada nos
silos foi uma das mais revolucionárias da
Pré-História.
DHRA - AO LADO DO MAR MORTO
(JORDÂNIA)
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Especialização dos utensílios e exploração intensa do meio
O desenvolvimento desse
novo modo de vida
sedentário foi
condicionado por toda
uma série de inovações
que permitiram explorar e
utilizar mais intensamente
os novos recursos,
especialmente os cereais
selvagens.
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Domesticação de plantas e animais
9.500 anos AP: trigo einkorn e trigo amidoreiro
9.000 anos AP: cevada, ervilha, lentinha, grão-de-bico e linho
16.000: cachorro
9.500: cabra
9.200: porco
9.000: ovelha
8.400: bovinos
5.500: asno
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O foco irradiante chinês
Primeiros assentamos de vilas
de cultivadores neolíticos
sedentários da China pertenciam
à civilização de Yang Shao.
Localizados sobre altos terraços
de solos siltosos (loess).
Assentamentos mais antigos
remontam há 8.500 anos.
Long Shan: emergiu no sétimo
milênio antes da nossa era, com
predominância do cultivo do
arroz.
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O foco irradiante centro-americano
“Mas a agricultura em seu sentido pleno só emergiu, há
cerca de 5 mil anos, e não foi unicamente a agricultura
em si, mas um verdadeiro compromisso com a
agricultura do milho” (Leakey, 1981: 212)
O Vale Tehuacán
“A domesticação de plantas no Novo
Mundo é um fenômeno muito antigo. Por
exemplo, cultivavam o cabaceiro no
mínimo há dez mil anos.” (Leakey, 1981:
212)
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A evolução do tamanho de sabugo de milho em Tehuacan, desde o menor sabugo
(esquerda), que data de cerca de 3.500 a.C. até o sabugo na extrema direita, uma
variedade moderna do tempo de Cristo.
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10.000 anos AP: cultivo do cabaceiro
o “As pessoas devem ter plantado sementes de cabaceiro em partes
estratégicas de seus territórios de caça e coleta”
o “As pessoas teriam reconhecido a similaridade entre as sementes do
cabaceiro e as plantas relacionadas como a abóbora”
“Compromisso” com a cultura do milho - Evidências de Tehuacán:
o 8.000 anos AP: a carne representava 50% da dieta dos tehuacanos
o Com o fim da Era Glacial, a diminuição de oferta de caça teria
determinado o aumento da coleta e o desenvolvimento do
armazenamento de grãos
o 5.000 anos AP: “a agricultura estava firmemente estabelecida”
• Milho, feijões, abóbora, chili
O foco irradiante centro-americano
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O foco irradiante neo-guineense
• Cultivo de taro e de outras plantas originárias do sudoeste asiático e
da Oceania parece ter começado nas montanhas da Papua-Nova
Guiné há aproximadamente 10.000 anos.
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Centros de pouca ou nula irradiação
• O centro irradiante sul-americano
• O centro irradiante norte-americano
• Um incerto centro irradiante tailandês
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O centro irradiante sul-americano
• A domesticação de certas plantas, feijões de Lima, batata, oca (um
pequeno tubérculo), quinoa (uma espécie da família das
chenopodiáceas), tremoço, assim como a da cobaia, do porco-da-
Índia, da lhama e da alpaca, no norte dos Andes, data, de 6.000
anos.
Cordilheira dos Andes
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![Page 53: Origens da agricultura: Revolução Agrícola Neolítica](https://reader035.vdocuments.site/reader035/viewer/2022081717/55611ac7d8b42a7c268b5afe/html5/thumbnails/53.jpg)
O centro irradiante norte-americano
• Entre 4.000 e 3.000 anos antes do presente, o sabugueiro dos
pântanos, a abóbora, o girassol e a anserina foram domesticados
entre os Apalaches e a grande pradaria continental na América do
Norte.
Mississip
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![Page 55: Origens da agricultura: Revolução Agrícola Neolítica](https://reader035.vdocuments.site/reader035/viewer/2022081717/55611ac7d8b42a7c268b5afe/html5/thumbnails/55.jpg)
Um incerto centro irradiante tailandês
• Os primeiros traços indiscutíveis de agricultura (arroz, suínos,
bovinos e aves) nessa região datam de menos de 5.000 anos antes
da presente Era.
Rio Khwae Noi
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ÁREAS DE EXTENSÃO
AS ORIGENS DA AGRICULTURA
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(Mazoyer & Roudart, 2010:99)
A partir dos centros de origem, a agricultura se estendeu para a maior parte das regiões
do mundo. Nas áreas de extensão, novas espécies de plantas e de animais foram
domesticadas, e certas zonas que forneceram um grande número dessas novas
espécies domésticas constituem, a partir dos centros de origem, verdadeiras áreas
secundárias de domesticação.
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DOMESTICAÇÃO E
DOMESTICABILIDADE
AS ORIGENS DA AGRICULTURA
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Referências bibliográficas:
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As origens da agricultura