operadores argumentativos na produção de textos infantis
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Estudo do uso dos operadores argumentativos pela criança no processo de ensino/aprendizagem de produção de textos.TRANSCRIPT
A FUNÇÃO
DISCURSIVA/TEXTUAL
DOS
OPERADORES
ARGUMENTATIVOS
NO TEXTO INFANTIL
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A ANCORAGEM
TEÓRICA SE RESUME
EM QUATRO PONTOS:
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1º.
A produção de textos orais e escritos é o “ ponto
de partida (e ponto de chegada) de todo o
processo de ensino/aprendizagem da língua
(GERALDI, 2003)”, pois é através do texto que a
língua se revela em sua totalidade, seja como
forma, seja como discurso.
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2º.
Redação são textos para a escola.
Produção de textos são textos
produzidos na escola.
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3º.
À medida que a criança desenvolve
habilidades para fazer uso da língua,
obviamente, também desenvolve
habilidades para argumentar, porque a
argumentatividade está inscrita na
linguagem.
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4º.
Na cabeça da criança há uma
macroestrutura narrativa que se
expressa em itens lexicais com funções
de introduzir, retomar, relacionar
“fatos, personagens e diálogos” em
operações narrativas.
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O uso destes itens ou
operadores argumentativosnão é aleatório, mas
determinado por uma
necessidade da narrativa.
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Os operadores, diz Fávero (2005:39) são
responsáveis pela estruturação dos enunciados
em textos, por meio de encadeamentos, dando-
lhes uma orientação argumentativa.
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Em razão do papel funcional textual-discursivo
que exercem nos segmentos lingüísticos (início
de turno de fala, meio de turno de fala, meios de
parágrafos e início de parágrafos) na literatura
infantil, os operadores argumentativos podem
ser classificados, de acordo com Santos (2003)
em: organização tópica, progressão narrativa, interação e contrajunção.
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A organização tópica compreende as subfunções: ruptura e retomada.
A progresssão narrativa se desdobra em: mudança de condução da narrativa, adição, progressão temporal, causa/efeito, ênfase e conclusão/finalização.
A interação tem as subfunções: interpelação, ênfase exclamativa/interrogativa e contestação.
Finalmente, a contrajunção com as subfunções: quebra de expectativa, retificação e ressalva.
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Os operadores usados pelas
crianças são: ...
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Para a produção do texto infantil
O USO DOS OPERADORES é importante porque funcionam como um “gancho” que mantém a progressão da narrativa ou seja:
Mudança de condição da narrativa
Adição
Progressão temporal
Causa/efeito
Ênfase
Conclusão/finalização
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EXEMPLO
“Era uma vez um cão aí no mesmo
instante um coelho ladrão viu cenouras e foi roubar aí o cão viu e latiu aí o dono
correu, correu e aí o coelho passou a
cerca...”
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SABEMOS QUE
o discurso pedagógico pode condicionar o aluno
a repetir apenas as experiências textuais
padronizadas pela escola.
Assim na produção textual, o professor orienta
a não utilização de aí/ então/ e/ mas como
mecanismos de coesão e progressão textual,
porque são termos inadequados para a escrita.
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Impedida de usar aí/então/e/mas
como mecanismos de coesão e
progressão textual, a criança, segundo
o que ensina Geraldi (2003) produz a
redação escolar. Ela faz textos para a
escola. Não pensa nem cria, reproduz.
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Tal metodologia desarticula a competência
argumentativa das nossas crianças.
Em razão disso a criança fica insegura e tolhida
no processo de construção de texto, incapaz de
argumentar e o professor ensina-lhe a preencher
espaço em branco com frases estereotipadas.
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COMO CONSEQÜÊNCIA
Mais tarde, temos jovens que não
sabem argumentar em virtude desta
pedagogia que conspira contra a
identidade do sujeito, quando impõe a
mera assimilação de técnicas no
ensino/aprendizagem de produção de
textos.
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Verificando a literatura infantil,
podemos ver que é comum iniciar
períodos com e ou aí. Não é literatura
apropriada para crianças? Por que os
autores infantis podem usar e abusar
destes operadores e as crianças não?
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EXEMPLO
Um dia o menino estava distraído, meio longe de casa, e
pisou num galho seco que estalou. Aí o lobinho, que
também estava por ali, distraído, meio longe de casa,
ouviu o estalo, se assustou e bufou. Então os dois se
viraram e se olharam. De repente. Frente a frente. Aícada um ...” (Ana Maria Machado)
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O que propomos para contornar este problema
é uma metodologia voltada para a interação
professor/alunos. Que ambos se reconheçam
sujeitos do processo dialógico
ensino/aprendizagem. Que as respostas sejam
“respostas” e não verdades a serem
memorizadas. Que o texto produzido seja na
escola e não para a escola.
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Nesse sentido, o aluno/locutor escolhe as
estratégias para realizar o que tem a dizer e,
conseqüentemente, as operações de
argumentação que lhe são familiares para
construir o seu texto, como por exemplo o uso
do operador argumentativo aí.
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Propomos ainda que os operadores
argumentativos que fazem parte do
universo de conhecimentos da criança
sejam aceitos pelos professores como
aliados no processo de produção
textual junto à pontuação.
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É como diz Drummond: “lutar com as palavras/
parece sem fruto/ não tem carne e sangue.../
entretanto, luto”. Lutamos por uma metodologia
que permita que nossas crianças possam utilizar
as operações de argumentação que lhes sejam
familiares, para que se sintam seguras no
processo de produção de textos.
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É uma luta aparentemente sem
perspectiva de vitórias, uma luta
em vão, entretanto lutamos.
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REFERÊNCIAS
FÁVERO, Leonor Lopes. Coesão e coerência
textuais. São Paulo: Ática, 2005.
GERALDI, J. Wanderley. Portos de
passagem. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
PÉCORA, A. Problemas de redação. São
Paulo: Martins Fontes, 2002.
SANTOS, Leonor Werneck dos. Articulação
textual na literatura infantil e juvenil. Rio de
Janeiro: Lucerna, 2003.8/8/2009 26marta melo de oliveira
REFERÊNCIAS
Literatura infantil
MACHADO, A. M. Alguns medos e seus
segredos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
Textos produzidos por crianças na internet
JORGE, L. L. / Idade: 4 anos/ Escolaridade:
Alfabetização. Recife, Pe. Disponível em<
http://sitededicas.uol.com.br/contoscri.htm >.
Acessado em 26 de fevereiro de 2006.
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