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E-book complementar ao webcast“Ameaças do clima para a safra 2017/18”
Produzido sob a orientação de Marco Antonio dos Santos
O que o clima reserva para a safra 2017/18
www.portalsyngenta.com.br
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O QUE O CLIMA RESERVA PARA A SAFRA 2017/18
Na safra 2016/2017, a ausência de El Niño foi benéfica para o Brasil, mas não para os Estados Unidos. Conhecer os fenô-menos climáticos e suas consequências é fundamental para o produtor rural saber se haverá ou não queda de produtividade, se pode ou não perder dinheiro, se deve antecipar ou retardar
O que o clima reserva para a safra 2017/18
O agrometeorologista Marco Antonio dos Santos explica como fenômenos climáticos impactam
de maneiras diferentes a produção agrícola no Brasil e em outros países e o que você precisa
saber para não perder dinheiro
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O QUE O CLIMA RESERVA PARA A SAFRA 2017/18
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o plantio. Vamos continuar olhando para o céu – quem é do cam-po sempre olha para cima –, mas tem de ser para confirmar no dia a dia as informações da agrometeorologia. Ela é a primeira baliza para você antecipar a oferta dos produtos e, portanto, o comportamento dos preços. A partir disso, toda a cadeia do agronegócio toma decisões mais seguras em relação à venda ou compra de uma commodity.
A agrometeorologia estuda a relação do clima com o de-senvolvimento das plantas, explica Marco Antonio dos Santos, um dos principais agrometeorologistas brasileiros e habitua-do a ajudar cooperativas e o produtor rural a se antecipar ao tempo. Santos foi o segundo participante dos webcasts que o Portal Syngenta realiza periodicamente (veja o vídeo).
Sabendo quais fatores climáticos afetam o desenvolvi-mento das lavouras, é possível tomar decisões sobre a me-lhor época para plantar, qual variedade, se haverá incidência maior de pragas e doenças: num ano mais chuvoso, é preciso se preparar para isso. Na soja, o clima mais úmido favorece ferrugem asiática, antracnose e mancha-alvo, por exemplo. Com uma ideia clara de quanto vem de chuva, dá para saber antes quanto vai ser preciso irrigar e em qual volume.
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EL NIÑO E LA NIÑA, OS PRINCIPAIS FENÔMENOS CLIMÁTICOS
El Niño e La Niña,os principaisfenômenos climáticos
Há dois eventos inversos que impactam o regime de chuvas e temperaturas, e consequentemente a produção agrícola,em todo o mundo, dependendo das estações do ano: o El Niño, que é o aquecimento fora do normal das águas do Oceano Pacífico, e a La Niña, quando elas resfriam mais do que o esperado.
Segundo o agrometeorologista, como estes eventos não re-petem um padrão de incidência ao longo dos anos, não é tão simples para o produtor rural antecipar a tomada de decisão com base no clima. “São fenômenos totalmente aleatórios e só é possível fazer alguma projeção com quatro ou cinco meses de antecedência”, diz o consultor.
Além de serem difíceis de prever, estes dois fenômenos de alcance global impactam diferentes países de maneira totalmen-te distinta. É o caso de Brasil e EUA.
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EL NIÑO E LA NIÑA, OS PRINCIPAIS FENÔMENOS CLIMÁTICOS
El Niño
La Niña
Com o El Niño instalado,a circulação de ventos fica enfraquecida ou sofre uma reversão, arrastando as águas quentes para o leste do oceano.
O La Niña, por oposição, é quando a superfície das águas do Pacífico equatorial está mais fria do que o normal.
EL NIÑO E LA NIÑAO El Niño é o aquecimento acima do normal das águas do Oceano Pacífico equatorial, o que desencadeia mudanças nos padrões de vento e pressão atmosférica e, por sua vez, no regime de chuvas e temperatura em escala global. Num ano sem El Niño, as águas quentes se concentram do lado da Indonésia. O ar quente e úmido que sai desta região se eleva gerando muitas nuvens de chuva, se resfria na alta atmosfera e desce seco sobre na costa do Peru (é a Circulação de Walker).
Circulação de Walker intensificada
Ventos
Água quente
Oceano Pacífico
Equador
Ventos
Circulação de Walker intensificada
Oceano Pacífico
Água friaEquador
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EL NIÑO E LA NIÑA, OS PRINCIPAIS FENÔMENOS CLIMÁTICOS
No Brasil, por exemplo, a chegada do El Niño representa mais chuvas nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Já na re-gião do Mapitoba , formada por parte dos estados do Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia, há baixa incidência de chuvas. Com a La Ninã, acontece o inverso no Brasil: o Sul fica mais seco, en-quanto as chuvas são regulares na faixa central e mais intensas no Norte e Nordeste.
Outra característica do El Niño é que normalmente as chu-vas da primavera começam mais cedo, em agosto, em vez de setembro. Já com a preponderância da La Ninã, as chu-vas demoram mais para chegar, o que pode ocasionar atraso no plantio.
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SAFRA HISTÓRICA E PERSPECTIVAS
Safra históricae perspectivas
Para a safra 2017/2018, tudo indica que o clima será mais uma vez favorável à produção agrícola no Brasil. Neste momen-to, as águas do Pacífico estão um pouco mais quentes do que o normal, mas não o suficiente para a formação do El Niño. Na linguagem meteorológica, isso significa dizer que o cenário é de neutralidade, mas com viés positivo.
Com relação à última safra, 2016/2017, os produtores bra-sileiros não têm do que reclamar, já que as chuvas e as tempe-raturas colaboraram para o bom desenvolvimento das lavouras de grãos.
Para a safra 2017/2018,tudo indica que o clima será mais uma vez favorável à produção agrícola no Brasil.
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SAFRA HISTÓRICA E PERSPECTIVAS
2015/2016
2016/2017PREVISÃO
186,6
234,3milhões detoneladas
+25,6%milhões detoneladas
PREVISÃO PARA SAFRA DE GRÃOS NO BRASILFONTE: CONAB
Região Sul
A previsão para o Sul neste ano é de um inverno um pouco mais úmido, o que é bom. O principal risco para as culturas é a possibilidade de geada. Devido ao cenário de neutralidade, as massas de ar polar entram com certa facilidade no Brasil. No entanto, a tendência é de que não haja períodos prolongados de frio intenso e a temperatura oscilará mais.
Na passagem do final do inverno para a primavera, pode haver uma ou outra semana mais chuvosa, atrapalhando o mo-mento da colheita, especialmente do trigo. No entanto, este ain-da será um ano bastante bom para a cultura, porque não vai chover demasiadamente, como seria se viesse o El Niño, tanto no inverno quanto na primavera.
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SAFRA HISTÓRICA E PERSPECTIVAS
Mas como há uma tendência de que as chuvas continuem relativamente boas ao longo de toda a primavera, o início de plantio tem de acontecer mais cedo. A chuva não vai demorar para chegar e a expectativa é de que não haja longos períodos de seca.
A possibilidade de chuvas entre o final do inverno e o início da primavera pode fazer com que o produtor tenha problemas para iniciar o plantio, mas nada que venha impactar negativamen-te. Neste ano, antecipar o preparo do solo pode ser fundamental para o bom desenvolvimento das lavouras. “Um preparo tardio corre o risco de pegar as chuvas e, aí, atrasa tudo e vira uma bola de neve.”
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SAFRA HISTÓRICA E PERSPECTIVAS
Região Sudeste
No Sudeste, a previsão é de um inverno não tão seco, com eventuais pancadas de chuva principalmente sobre São Paulo e sul de Minas Gerais. As temperaturas devem se manter mais baixas.
Na primavera a chuva vai chegar um pouco mais cedo, no final de agosto ou início de setembro. Para cana e café, isso não é bom porque atrapalha a colheita e a qualidade. Mas para as culturas de verão (milho e soja, entre outras), é positivo por-que a chuva antecipada pode adiantar o plantio.
Com o clima mais neutro, também não se pode descartar o risco de geadas tardias.
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SAFRA HISTÓRICA E PERSPECTIVAS
O clima vai ser extremamente seco no inverno na região Centro-Oeste, como acontece normalmente. “É comum não chover em Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul”. Eis o cenário climático esperado: sem chuvas, temperaturas den-tro da média e umidade relativa baixa. Isso é bom para colhei-ta do algodão e do milho safrinha. Há uma possibilidade de que as chuvas cheguem mais cedo, como no Sudeste. Por isso é importante lembrar que o plantio deve ser antecipado nes-te ano, como no ano passado. “Quanto mais cedo se planta, melhor vai ser”, diz o consultor.
Região Centro-Oeste
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SAFRA HISTÓRICA E PERSPECTIVAS
Mapitoba
Mais ou menos como no Centro-Oeste, o clima na região do Mapitoba vai ser seco no inverno, mas com temperaturas mais altas por conta da região e chuva chegando mais cedo, o que favorece as culturas de milho, algodão e soja.
Devido à neutralidade com viés positivo de formação do El Niño, a tendência é que o regime de chuvas durante a prima-vera de 2017 seja muito semelhante ao de 2016.
As chuvas voltam dentro do período normal, mas com uma certa irregularidade, sem impedir que o plantio da nova safra de milho, soja e algodão aconteça nas janelas de tempo ideais. Mas atenção: o agricultor tem de levar em conta que algu-mas microrregiões eventualmente terão problemas para iniciar o plantio. Isso não será a regra, no entanto, mas a exceção.
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NOS EUA, É TUDO DIFERENTE
Nos EUA,tudo é diferente
O clima neutro, sem prevalência do El Niño, faz com que as chuvas fiquem muito irregulares nos EUA. O verão americano está sendo seco e o inverno será úmido. Isso faz com que haja uma pressão muito grande sobre o maior produtor agrícola do mundo. “A safra na América do Sul já aconteceu e agora os olhos estão voltados para os EUA. Se o clima não está bom como nas últimas safras, o mercado quer saber se vai faltar ou não merca-doria”, diz Marco Antonio dos Santos.
MILHOEUA362,1
milhões detoneladas
115,9milhões detoneladas
234,3milhões detoneladas
SAFRA 2017/2018
SAFRA 2016/2017
SOJAEUA
TOTALBRA
GIGANTISMOAGRÍCOLAA produção estimada de milho nos EUA, com uma única safra por ano, é 54% maior do que toda a safra de grãos do Brasil.
FONTE: USDA e CONAB
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NOS EUA, É TUDO DIFERENTE
Apesar das chuvas irregulares, o clima nos Estados Unidos neste ano é relativamente bom, mas não é o ideal. Isso pode impactar, ainda que de maneira não muito significativa, as plan-tações de milho e soja.
Outro ponto de atenção são as lavouras de trigo no noro-este americano. O clima muito seco quebrou o trigo de prima-vera e toda vez que isso acontece os compradores optam por milho para o mercado de ração. Isso faz com que os preços do milho e da soja subam e o do trigo, caia.
Para a safra 2017/18, espera-se um clima relativamente bom. Não se pode descartar a ocorrência de perdas de produtividade pontuais e até regionalizadas. Mas como houve um aumento de área plantada na soja, mesmo com alguma perda, a produ-ção final deverá ser maior do que a registrada na safra passada.
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SAFRA HISTÓRICA E PERSPECTIVAS
Café
Na América do Sul, o café está tendo um ano relativamente bom. Não chove em excesso nem falta chuva. Na Ásia, a previ-são é de clima seco e pode faltar chuva, com tempo ruim para a commodity no Vietnã (e para a cana-de-açúcar na Índia).
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NOS EUA, É TUDO DIFERENTE
Quem éMarcoAntonio dos Santos
Marco Antonio dos Santos é engenheiro agrônomo, com mestrado e doutorado em Agrometeorologia, e estudos voltados para os impactos do clima na produção agrícola e na modela-gem agrícola.
Sócio-fundador da empresa de consultoria agrometeoroló-gica Rural Clima, onde presta serviços de previsão climática a di-versas empresas do agronegócio e grupos de produtores rurais.
Consultor e comentarista do Canal Terra Viva, apresenta pa-lestras anuais a produtores rurais em todo o território brasileiro e participa de reuniões técnicas em empresas do setor para avaliar os impactos do clima na produção agrícola nacional e internacional.
Produção e tecnologia