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1 O PROCESSO DE ESCOLHA DAS DISCIPLINAS OPTATIVAS ESPORTIVAS NA FORMAÇÃO DOS ACADÊMICOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ Leonny Guilherme Botelho do Couto Graduando (CEDF) UEPA [email protected] Thaís do Socorro Silva dos Santos Graduanda (CEDF) - UEPA [email protected] Prof. Ms. Delson Mendes Orientador (CEDF) UEPA [email protected] RESUMO: Nesse artigo propomos analisar o processo de escolha das disciplinas optativas esportivas na formação dos acadêmicos de educação física da Universidade de Estado do Pará (UEPA), buscando a compreensão da motivação de tal processo, para isto o estudo foi organizado a partir do enfoque fenomenológico, com a abordagem quantitativa-qualitativa e metodologia explicativa, utilizando-se de uma fundamentação teórica, através do estudo do projeto político pedagógico da UEPA e demais artigos e livros, além da coleta de dados realizada a partir de um questionário, composto por perguntas abertas e fechadas, e como instrumento de análise e interpretação de dados se utilizou as técnicas de Bardin (1995). Obteve-se como resultado a disciplina Natação, sendo esta a primeira no processo de escolha, destacando-se como a principal entre os acadêmicos, a pesquisa também nos apresentou, que os entrevistados pontuam a natação, assim como as disciplinas esportivas não obrigatórias, segundo as entrevistas, são necessárias serem inclusas como disciplina no eixo curricular obrigatório. A pesquisa nos oportunizou conhecer os nossos acadêmicos e compreender que também o esporte é um espaço de formação que vem contribuir para a docência ampliada e somar com o que o Projeto Político Pedagógico (PPP) da instituição UEPA propõe. PALAVRAS-CHAVE: Disciplinas Optativas; Esportes; Educação Física; Formação de Professores. INTRODUÇÃO Em todas as instituições de ensino, necessita-se de um Projeto Político Pedagógico (PPP), que segundo o Coletivo de Autores (2009), tem como função nortear de que forma se dará o ensino na instituição; é considerado projeto por ser um caminho, político porque busca atender a necessidade de todos os envolvidos no processo, e pedagógico pois sua finalidade é a educação. Dessa forma, tem-se o PPP, da Universidade do Estado do Pará (UEPA), curso de Licenciatura em Educação Física, no qual está consolidado que além da

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O PROCESSO DE ESCOLHA DAS DISCIPLINAS OPTATIVAS ESPORTIVAS NA

FORMAÇÃO DOS ACADÊMICOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA UNIVERSIDADE

DO ESTADO DO PARÁ

Leonny Guilherme Botelho do Couto Graduando (CEDF) – UEPA

[email protected] Thaís do Socorro Silva dos Santos

Graduanda (CEDF) - UEPA [email protected]

Prof. Ms. Delson Mendes Orientador (CEDF) – UEPA

[email protected]

RESUMO:

Nesse artigo propomos analisar o processo de escolha das disciplinas optativas esportivas na formação dos acadêmicos de educação física da Universidade de Estado do Pará (UEPA), buscando a compreensão da motivação de tal processo, para isto o estudo foi organizado a partir do enfoque fenomenológico, com a abordagem quantitativa-qualitativa e metodologia explicativa, utilizando-se de uma fundamentação teórica, através do estudo do projeto político pedagógico da UEPA e demais artigos e livros, além da coleta de dados realizada a partir de um questionário, composto por perguntas abertas e fechadas, e como instrumento de análise e interpretação de dados se utilizou as técnicas de Bardin (1995). Obteve-se como resultado a disciplina Natação, sendo esta a primeira no processo de escolha, destacando-se como a principal entre os acadêmicos, a pesquisa também nos apresentou, que os entrevistados pontuam a natação, assim como as disciplinas esportivas não obrigatórias, segundo as entrevistas, são necessárias serem inclusas como disciplina no eixo curricular obrigatório. A pesquisa nos oportunizou conhecer os nossos acadêmicos e compreender que também o esporte é um espaço de formação que vem contribuir para a docência ampliada e somar com o que o Projeto Político Pedagógico (PPP) da instituição UEPA propõe.

PALAVRAS-CHAVE: Disciplinas Optativas; Esportes; Educação Física; Formação de Professores.

INTRODUÇÃO

Em todas as instituições de ensino, necessita-se de um Projeto Político

Pedagógico (PPP), que segundo o Coletivo de Autores (2009), tem como função

nortear de que forma se dará o ensino na instituição; é considerado projeto por ser

um caminho, político porque busca atender a necessidade de todos os envolvidos no

processo, e pedagógico pois sua finalidade é a educação.

Dessa forma, tem-se o PPP, da Universidade do Estado do Pará (UEPA),

curso de Licenciatura em Educação Física, no qual está consolidado que além da

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estrutura curricular obrigatória do curso, tem-se também uma estrutura curricular de

disciplinas optativas, as quais de acordo com o mesmo (2007), “faz parte do eixo de

conhecimento de formação específica, com caráter de aprofundamento...”.

A partir desta estrutura curricular, o presente artigo tem como temática, o

processo de escolha das disciplinas optativas esportivas na formação dos

acadêmicos de educação física da UEPA. Objetiva-se então, analisar o processo de

escolha destas disciplinas, indagando qual a motivação dos acadêmicos do curso de

Educação Física da UEPA, na escolha das disciplinas optativas esportivas?

Como consequência disso, buscou-se compreender a motivação da escolha

dos acadêmicos do curso de Educação Física, da UEPA, quanto as disciplinas

optativas esportivas, para isto, foi entendida a importância das disciplinas optativas,

foi analisada a regulamentação das disciplinas optativas e o PPP da universidade,

buscou-se compreender a necessidade da aprendizagem que estas disciplinas nos

trazem, para formação e atuação do professor de Educação Física.

Tal estudo é proveniente da observação das aulas da disciplina de estágio

obrigatório, a qual cursamos do 5º ao 8° semestre, sendo possível observar a

dificuldade de atuação dos acadêmicos como professores estagiários, no que diz

respeito a metodologia, fundamentação teórica e fundamentos esportivos. A prática

de atividades de cunho esportivo, segundo Greco e Benda (1998), são de extrema

importância na infância e na adolescência, pois possibilitam a integração e a

socialização. Além de incutir valores éticos e morais, juntamente a inicialização

técnica e profissional do esporte.

Este estudo justifica-se também pelo anseio por parte dos acadêmicos, na

participação nas disciplinas optativas de cunho esportivo, as quais por muitas vezes

são ofertadas em horários diferentes dos quais se cursa, sendo necessário estudar

em contra turno, assim são formadas turmas muito lotadas, o que faz com que

alguns alunos fiquem de fora da mesma, e só possam fazer a disciplina quando a

turma for aberta novamente.

Para uma parcela da população, muitas modalidades esportivas passam

despercebidas, principalmente para indivíduos com menor poder aquisitivo ou então

que seguem determinadas regras culturais. Dessa forma, é relevante que o

professor de Educação Física, possua informações e conhecimentos básicos destes

esportes, como forma de aprendizado e conhecimento para seus alunos, no intuito

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de lhes apresentar as mesmas, levando em consideração sempre os valores e

objetivos principais do esporte.

1. O ESPORTE NA FORMAÇÃO DO LICENCIADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA

O processo de formação do licenciado em Educação Física, é bem amplo e

variado, permeando inúmeras áreas do conhecimento, porém a graduação da UEPA

supervaloriza o trato pedagógico, não que seja superior ao trato técnico, mas que

ambos se complementem, pois a educação física escolar possui vários degraus, e

em alguns, os conteúdos a serem trabalhados são: jogos, esportes, ginástica, lutas e

dança.

O esporte, quando praticado generalizadamente, para muitos estudiosos do fenômeno esportivo, entre os quais se inclui o autor deste livro, é uma das manifestações da cultura física, que também compreende a dança e a recreação (atividades de fim de semana no campo, por exemplo) e se fundamenta na Educação Física (TUBINO, 1939).

Dessa forma, o professor necessitará do esporte, ginástica e os demais

conteúdos da Educação Física escolar, para produzir seus planos de ensino e aula,

e consequentemente avançar no processo de ensino aprendizagem, mas como ter a

sapiência nos determinados conteúdos, se muito dos mesmos, são classificados

como disciplinas optativas, havendo a possibilidade de se graduar e não ter contato

com os conteúdos supracitados. Desse modo Luguetti et al (2013) salienta que

“existem outras experiências necessárias para ser professor, entre as quais se

destaca o conhecimento específico das modalidades esportivas”.

A educação física é componente curricular obrigatório no ensino infantil e

fundamental, e para educação básica, os conteúdos curriculares tem como uma das

diretrizes, a promoção do desporto educacional e apoio as práticas desportivas não

formais, com isso se reforça a necessidade das disciplinas optativas esportivas no

processo de formação dos professores de educação física, para que utilizem as

disciplinas como ferramenta de auxílio na construção do saber.

Corroborando a ideia acima, o aluno detém o direito de escolha, ou seja,

seguirá ou não o esporte que lhe é ou foi apresentado, para isso Greco e Benda

(1998) alegam que a criança ou o adulto terão vivências, por meio de brincadeiras e

jogos, incutindo os conceitos gerais dos esportes, assim proporcionando o poder de

decisão, culminando na identificação ou não com a prática esportiva, logo

concluímos que o jogo sempre será uma situação de aprendizagem.

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No ensino fundamental o esporte já é parte integrante das aulas de Educação

Física, e como forma de ocupar o tempo ocioso de crianças, adolescentes e adultos,

algumas escolas utilizam as práticas esportivas no contra turno como instrumento

para o processo de formação dos mesmos, tais práticas têm como objetivo o

processo educacional e também de incutir o esporte como rendimento.

Nota-se que diversos professores, não foram instigados a aprender os

fundamentos e métodos do esporte, e na maioria das vezes em suas aulas,

lecionam somente o que a sua experiência lhes ensinou, ou então, durante o ano

letivo, trabalha somente uma modalidade, normalmente, a que possui maior

afinidade.

[...] ao estudarem o nível de conhecimento acerca dos métodos de ensino para os jogos esportivos coletivos entre professores universitários de cursos de Educação Física, no desenvolvimento de suas disciplinas (handebol, basquetebol, voleibol, futebol, futsal), verificaram que os professores desconheciam os principais métodos de ensino, adotando procedimentos baseados no conhecimento adquirido em suas experiências de vida (Reverdito et al (apud Coutinho e Silva, 2009).

Essa falta de aprofundamento, pode ser por desinteresse nos conhecimentos

esportivos, os quais são elementos da Educação Física, ou existe a possibilidade de

ter como causa, uma formação deficiente, que não proporcionou o conhecimento

necessário para atuação ou interesse na área.

Comparando com o currículo da UEPA, que oferece as disciplinas esportivas,

porém como conteúdo optativo, pode-se afirmar que a formação do professor de

Educação Física, passa a ter lacunas, pois diversos fatores podem influenciar na

não participação dos alunos nestas disciplinas, privando parte do conhecimento

esporte.

O esporte é um dos fenômenos mais importantes da contemporaneidade, o qual se desenvolveu no bojo das relações humanas. Por conseguinte, estamos falando de um fenômeno permeado de conhecimento, saberes e valores produzidos culturalmente, o qual alcança diversos personagens em diferentes cenários, bem como como múltiplos significados e finalidades [...] (Reverdito et al., 2013).

Quando se trata da estrutura curricular, está consolidado no PPP (2007),

eixos de conhecimento, os quais são caracterizados como sendo de formação

ampliada, específica e de aprofundamento.

Os conhecimentos de formação ampliada foram organizados em áreas do conhecimento, advindos das Ciências Biológicas e da Saúde, das Ciências Humanas, Sociais e da Educação, e por último,

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das Ciências Naturais e Tecnológicas, perfazendo um total de 1.080h/a (PPP, 2007).

Logo após, tem-se os eixos de conhecimento específico, os quais aproximam

o graduando a área de produção de conhecimento. Ainda no eixo especifico, temos

os conhecimentos bases da Educação Física, como: Esportes, Jogos, Lutas, Danças

e Ginásticas. Estes, de acordo com o PPP (2007), são os conhecimentos que

“guarda maior relação com a formação da Educação Física, trazendo a forma

específica quando resgata os indicadores da área [...]”

Finalmente, o eixo considerado específico, no entanto de aprofundamento,

que seriam as disciplinas optativas, tendo em vista que estas são ofertadas a partir

do quinto semestre, e os alunos possuem liberdade de escolha quanto a participar.

No eixo específico citado acima, estão incluídas diversas disciplinas voltadas para o

esporte, todas com carga horária de 80h. Já, como disciplina obrigatória, temos

fundamentos e métodos do esporte, com carga horária de 100h, ofertadas no

terceiro semestre.

Compararemos então, a ementa da disciplina Fundamentos e Métodos do

Esporte (100h), e a ementa das demais disciplinas optativas esportivas, as quais são

de caráter de aprofundamento com 80h. dessa forma tem-se, a ementa de

Fundamentos e Métodos do Esporte:

Evolução histórica e cultural do esporte. As diferentes manifestações do esporte. Relações entre esporte, indústria cultural e mídia. O esporte como possibilidade de desenvolvimento global. Transformação do esporte como ética, estética, arte, política cultural e suas possibilidades para a formação e emancipação humana. Possibilita a práxis pedagógica crítico-reflexiva e investigativa tomando o esporte como referência. Organização de eventos lúdico-esportivos (PPP, 2008).

Em contrapartida, as ementas das disciplinas esportivas possuem

similaridades, quanto ao seu conteúdo, dessa forma utilizaremos como exemplo, a

disciplina Futsal.

Aspectos históricos e evolução do futsal: origem, desenvolvimento, institucionalização, mercantilização e análise das regras. Introdução aos movimentos técnicos do futsal. Fundamentos táticos do futsal: sistemas de defesa e de ataque. Fundamentos e aplicações didático-pedagógicas do futsal: planejamento, metodologias de ensino e avaliação. Estudo da dimensão social do futsal. Reflexão sobre pesquisas e práticas de ensino do futsal (PPP, 2008).

Está claro que uma disciplina com 100h que busca trabalhar todo um eixo de

conhecimento, histórico/social, além de problematizar questões específicas do

esporte, e então desenvolver o básico de habilidades, não possibilita o

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conhecimento necessário, o qual a disciplina específica de um esporte, que também

buscará, de acordo com sua ementa, problematizar social e criticamente, além de

desenvolver as habilidades, durante um semestre letivo, de somente uma

modalidade.

Entende-se, o porquê das mesmas serem de caráter de aprofundamento, no

entanto, se estas disciplinas são opcionais existirá uma parcela da população

acadêmica que ficará a parte desse conhecimento, por várias questões a serem

discutidas, dessa forma, um dos pilares da Educação Física, o Esporte, passará a

ter lacunas nessa formação, possibilitando então a banalização do conteúdo

esportes, por falta de entendimento no assunto.

Dentro do PPP, capítulo IV, intitulado de “A identidade da formação de

professores em Educação Física no cedf/uepa e a sua relação com o mundo do

trabalho.”, tem-se a seção “A nossa opção pelas práticas corporais, esportivas e do

lazer”, aborda-se a questão de “uma nova prática”, com o intuito de superar o

esporte como alienação.

A lógica trabalhada gira em torno do desenvolvimento humano através do esporte, da vivência das várias manifestações esportivas no intuito de serem vivenciadas em diferentes culturas, percebendo os históricos dos esportes para o seu completo entendimento (PPP, 2008).

A iniciação esportiva não legitima a dicotomia entre teoria e prática, Grego e

Benda (1998) salientam a importância de contextualizar o jogo no cenário

sociopolítico e cultural da criança e adolescente, destacando as situações-problema

no esporte, propiciando autonomia e caráter ético, não tratando o indivíduo como

partes, e sim como um todo.

Visando a ideia, de que deve se ter conhecimento, e entendimento das

diversas práticas esportivas, ratifica-se a importância de tais disciplinas, as quais,

algumas vezes passam despercebidas, no eixo de conhecimento de

aprofundamento.

Com o avanço global, as pessoas se deparam com inúmeros confrontos

sociais, econômicos, dentre outros, mas para Greco e Benda (1998) as vivências

esportivas com o seu processo ensino-aprendizagem-treinamento permitem maior

poder de decisão às pessoas, assim, produz-se um aluno pensante, crítico e liberto.

Através da educação física, mais precisamente das práticas esportivas, é

capaz de se alcançar os objetivos descritos no artigo 32 da Lei de Diretrizes e Bases

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de Educação (LDB), pois nos esportes há presença maciça de valores, respeito,

tolerância e outros componentes da vida social.

III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores; IV – o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que assenta a vida social (Lei de Diretrizes e Bases, 1996).

Temos também o artigo 35, inciso III da LDB abordando a etapa do ensino

médio, na qual os jovens necessitam de atitudes críticas e libertadoras, para

caminhar na sociedade discernindo as condutas certas e erradas. E como a Base

Nacional Comum Curricular insere a educação física no ensino médio, pode-se

utilizar as práticas esportivas contribuindo na formação do cidadão autônomo.

Contudo, a LDB permite que as universidades públicas criem, expandam,

modifiquem e extinguem cursos, com essa perspectiva, saliento a necessidade de

inserção das disciplinas optativas esportivas ao currículo obrigatório de disciplinas,

para que haja um maior equilíbrio didático – pedagógico – técnico, e corrobore na

formação dos professores de educação física, permitindo ampla autonomia e

liberdade de atuação profissional.

Tem-se atualmente, três manifestações do esporte, o esporte-educação, o

esporte participação e o esporte de rendimento, essas três dimensões sociais do

esporte, salientam o mesmo, como sendo de direito a todos os indivíduos da

sociedade. Especificamente o esporte educacional, deve ser considerado uma forma

de processo educativo, o qual formará o indivíduo para a concretização da sua

cidadania, esse processo, de acordo com Tubino (1999) tem caráter formativo, e é

necessário que seja desenvolvido na escola, da infância até a adolescência,

abrangendo a todos, sem exclusão, também é considerado o esporte de maior

conteúdo sócio educativo.

O professor de educação Física em suas aulas, utilizando o conteúdo

esportes, pode propiciar aos seus alunos o conhecimento específico de cada

modalidade, como regras, técnicas e táticas, além de desenvolver a evolução

motora, afetiva e cognitiva, trabalhando concentração, criatividade, paciência e inter-

relações pessoais. Entretanto nunca utilizar a prática esportiva, como critério

excludente de pessoas, mas sim como modo de incluir indivíduos de etnia, raça,

religião, sexo e habilidades diferentes, salientando o fair play, ou seja, jogo limpo.

Como exemplo, tem-se o esporte Voleibol que possui como diferencial, a

possibilidade da interação dos dois sexos, masculino e feminino, pois não há contato

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físico em virtude de existir uma rede separando os dois lados da quadra, propiciando

uma ligação direta com as dimensões sociais das práticas esportivas, como respeito

ao sexo oposto e tolerância as diferenças.

[...] será possível ter o voleibol “da” escola dentro de uma aula de Educação Física como um outro conteúdo que possibilite a interação da Educação Física com outra disciplina; que promova o desenvolvimento de valores éticos e morais do aluno; que estimule o interesse para o bem estar físico, social e mental, possibilitando uma melhor interação social e afetiva no contexto social em que esse aluno vive (CAMPOS, 2006).

A prática de esportes no espaço escolar, traz obrigatoriamente consigo os

princípios pedagógicos educacionais, os quais se apropriam dos esportes,

utilizando-os como instrumento de educação para a vida e desenvolvimento de

qualidades físicas, morais e éticas.

O projeto pedagógico da escola tem como finalidade promover a educação do

aluno e prepara-lo para o mundo, dessa forma, o esporte desenvolve o indivíduo no

âmbito social e motor de forma integrada, haja vista, que as práticas esportivas

permitem adaptações, as quais visam beneficiar os alunos dentro das suas

limitações e capacidades, sem perder a ludicidade, destacando o esforço individual

e as relações sociais.

2. METODOLOGIA

A pesquisa ocorreu na UEPA, no Centro de Ciências Biológicas e da Saúde

(CCBS – Campus III), com os acadêmicos do curso de Licenciatura em Educação

Física, restritamente, os alunos do 5º ao 8º semestre, nos turnos matutino,

vespertino e noturno, tendo em vista que estes possuem a possibilidade de escolha

das disciplinas optativas, sendo utilizado como amostragem 70 (setenta) alunos nos

semestres citados acima, excluindo os acadêmicos oriundos de outras instituições

de ensino superior.

O estudo foi organizado a partir do enfoque fenomenológico (GIL, 1994), com

a abordagem quanti-quali e metodologia explicativa (GIL, 1991), com base em uma

fundamentação teórica além da coleta de dados realizada a partir de um

questionário, composto por perguntas abertas e fechadas. E como instrumento de

análise e interpretação de dados se utilizou as técnicas de Bardin (1994).

Para a realização da pesquisa, os acadêmicos assinaram o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) conforme a resolução 466/12 do

Conselho Nacional de Ética, no qual constou, tema, objetivo, instrumento de

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pesquisa e dados dos pesquisadores, com o propósito de garantir o anonimato dos

mesmos, adotou-se a utilização de símbolos, de modo a identificar os entrevistados,

sendo E1, E2, E3, e assim consecutivamente, até o E70.

3. RESULTADOS/DISCUSSÕES

A coleta de dados ocorreu através da aplicação de um questionário, contendo

5 (cinco) questões, divididas entre abertas e fechadas, possibilitando a percepção e

interpretação (Bardin, 1994) das motivações dos acadêmicos perante a escolha das

disciplinas optativas esportivas. A análise de dados, culminou na elaboração de 2

(dois) gráficos e 1 (uma) tabela, explicitando as perguntas e respostas, em

porcentagens e qualidade, que demonstram o resultado da pesquisa, referente a

esse trabalho

Gráfico 01: Disciplinas Optativas Esportivas mais frequentadas.

De acordo com o gráfico 01, notou-se que os entrevistados, escolhidos na

metodologia, frequentam ou frequentaram uma diversidade de 11 (onze) disciplinas

optativas esportivas, destacando-se a disciplina de Natação, a qual foi a de maior

escolha pelos mesmos, sendo selecionada 38 (trinta e oito) vezes. Outras disciplinas

optativas também obtiveram resultados significativos no processo de escolha, como

voleibol com 31 (trinta e uma), basquetebol com 26 (vinte e seis) e atletismo com 18

(dezoito) seleções, entretanto 5 (cinco) entrevistados não participaram de nenhuma

disciplina optativa esportivas.

05

10152025303540

Disciplinas Optativas Esportivas

Disciplinas Optativas de Iniciação Esportiva

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Gráfico 02: Ordem de Preferência das Disciplinas Optativas Esportivas

Interpretando o gráfico 02, percebeu-se que os acadêmicos de Licenciatura

em Educação Física da UEPa, em critério de preferência, foram bem restritos as

disciplinas optativas esportivas mais difundidas no meio midiático, não

necessariamente presentes no ambiente educacional público, tendo entre as

escolhidas, futsal, atletismo, natação, futebol, handebol, basquetebol, voleibol e tênis

de quadra. Dessa forma, a disciplina Natação ganhou destaque como a de maior

preferência para 1ª opção de disciplina optativa a participar pelos entrevistados,

alcançando 12 (doze) escolhas, a disciplina Basquetebol sagrou-se a mais preferida

como 2ª opção de disciplina optativa com 13 (treze) indicações e como 3º opção a

disciplina optativa mais preferida foi voleibol, com 9 (nove) indicações.

Sendo assim, os dados se apresentam dessa forma, ressaltando a Natação,

tanto no gráfico 01 e gráfico 02, pois há uma crescente e maior visibilidade da

prática aquática no desenvolvimento geral dos alunos, de modo inserido no âmbito

educacional, conforme BORGES (2014) constata que “[...] as escolas têm cada vez

mais buscado oferecer a natação como conteúdo educacional, seja nas aulas de

Educação Física ou como prática complementar através de aulas extracurriculares”.

Contudo, além do ensino técnico e prático, a natação tem o poder de transformar

vidas, pois traz consigo valores sociais e outros.

Portanto, é possível compreender que as adaptações ao meio aquático trazem uma riqueza de benefícios, fazendo com que o homem consiga evoluir e melhorar diversos aspectos corporais, cognitivos e de socialização, tornando a água um meio muito importante para o ser humano desde o início da sua vida (PINTO, 2016).

0 2 4 6 8 10 12 14

Natação - 1° Preferência

Basquetebol - 2° Preferência

Voleibol - 3° Preferência

Disciplinas Optativas Esportivas - Ordem de Preferência

Disciplinas Optativas de Iniciação Esportiva - Ordem de Preferência

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Corroborando o pensamento acima, BORGES (2014) salienta que a prática

da natação vai além do saber fazer, do saber executar, mas que sirva como

ferramenta social e educacional de desenvolvimento, tornando-se uma questão de

sobrevivência. A atividade aquática nesse aspecto, detém uma flexibilidade

considerável, capaz de permear várias finalidades, mostrando o caráter

diferenciador da natação, inserindo diferentes faixas etárias, biótipos físicos e

deficiências.

Perante esse cenário, faz-se necessário que o professor de educação física

seja e esteja capacitado para executar a prática da natação, logo o seu processo

formativo, deve propiciar contato com a mesma, pois como BORGES (2014) alega

que “os profissionais devem ter a formação em Educação Física e de preferência

formação específica em natação, visto que é uma atividade bastante específica”. O

curso de Licenciatura em Educação Física da UEPA, de modo indireto oferece a

participação e formação na disciplina optativa de Natação, porém como o próprio

nome já diz, é por opção, motivação e/ou afinidade a participação na mesma.

Tabela 01: Relação perguntas e respostas.

Perguntas Respostas

Qual(is) motivo(s) de ter participado das disciplinas optativas de iniciação esportiva?

55,71% dos alunos alegaram que escolheram as disciplinas optativas de iniciação esportiva, em busca de conhecimento, qualificação profissional e vivências; 32,85% apontaram como motivação o interesse pessoal e/ou afinidade com os esportes; 4,28% salientaram como motivo de escolha o cumprimento da carga horária e a quantidade mínima de disciplinas optativas; 10% escolheram as disciplinas optativas de iniciação esportiva pela relevância na formação do Professor de Educação Física; 18,57% afirmaram que participaram em detrimento da escolha da turma e/ou obrigatoriedade; 1,42% não participaram de disciplinas optativas de iniciação esportiva;

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A partir da análise das respostas (tabela 01) acerca das motivações do

processo de escolha das disciplinas optativas esportivas, verificou-se que 55,71%

foram motivados pela busca de conhecimento, qualificações profissionais e

vivências, 32,85% apontaram como motivação interesse pessoal e/ou afinidade com

o esporte e 10% dos entrevistados afirmaram que o principal motivo de escolha das

disciplinas optativas esportivas é a relevância na formação do profissional de

Educação Física.

Motivação, segundo Ferreira (2001), é o motivo ou causa, para se fazer algo,

dessa forma, quando se buscou entender, quais motivos de ter participado das

disciplinas optativas esportivas, percebeu-se que o ponto principal para que estas

disciplinas que não são obrigatórias, sejam ofertadas, vem do desejo dos

acadêmicos em participar das mesmas. Levando em consideração os dados

apresentados na tabela 01, a grande motivação para que estes alunos tenham

Qual(ais) a(s) contribuição(ões) que essas

disciplinas optativas de iniciação esportiva

lhe trouxeram?

47,14% dos alunos apontaram que, as disciplinas optativas de iniciação esportiva, contribuíram em seu conteúdo, principalmente teórico e prático; 17,14% afirmaram que as disciplinas optativas de iniciação esportiva, apenas aprofundaram o conhecimento acerca das modalidades; 37,14% apontaram a didática como sendo a principal contribuição; 8,57% explicitaram a busca da técnica como contribuição; 11,42% afirmaram que uma das contribuições, foi o contato com uma modalidade que não conheciam ou vivenciaram; 4,28% afirmaram que não houve contribuição;

Na sua opinião, estas disciplinas de

iniciação esportiva devem se manter na

grade curricular optativa ou ser incluídas na

grade curricular obrigatória? Por quê?

67,15% dos alunos desejam a inclusão das disciplinas optativas de iniciação esportiva na grade curricular obrigatória do curso; 20% dos alunos afirmaram não haver necessidade de incluir as disciplinas optativas de iniciação esportiva na grade curricular obrigatória; 12,85% dos alunos apontaram a necessidade de se incluir uma parcela das disciplinas optativas de iniciação esportiva na grade curricular obrigatória do curso.

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participado destas disciplinas, foi a busca de conhecimento, qualificação profissional

e vivência nas modalidades esportivas.

As disciplinas esportivas são importantes, pois como a educação física é considerada um campo bastante amplo é necessário atribuir-se dos conhecimentos da área. Portanto, quanto maior o conhecimento das práticas corporais melhor será a atuação, e um profissional qualificado (E1 – 09/03/2018).

Tendo em vista que a maioria, entende como necessidade, apropriar-se

desses conhecimentos para ser um melhor profissional. Citar-se-á 2 (duas)

respostas, afim de que seja enfatizado essa importância, haja vista que a busca pela

excelência profissional é objetivo de todo acadêmico.

Procurar ter uma formação melhor para o trabalho nas escolas, gostaria que os esportes fossem obrigatórios como não são tentarei fazer o maior número de optativas para ter um maior conhecimento (E2 – 07/03/2018).

Ter uma maior vivência nesses esportes para ser qualificado quando assumir a posição de professor (E3 – 07/03/2018).

Encontrou-se também um ponto importante durante a análise dos dados,

aqueles alunos que participam apenas das modalidades que possuem afinidade,

desse modo, compreende-se que por serem disciplinas opcionais, este aluno fará

somente as que lhe interessar, deixando de lado os demais conteúdos esportivos da

educação física.

Corroborando com esta problemática acadêmica, tem-se uma parcela da

população, a qual afirmou que sua participação nas disciplinas, ocorreu em

detrimento da obrigatoriedade, da escolha da turma ou nunca participaram de nem

uma disciplina, em contraponto, reafirmando a motivação da maioria dos

acadêmicos, explicitar-se-á a respostas de 3 (três) entrevistados:

Para obter conhecimento tanto na parte teórica, quanto na parte prática, para assim poder repassar esse conhecimento da melhor forma possível para os meus futuros alunos (E4 – 09/03/2018).

Participei dessas disciplinas devido achar de fundamental importância a vivência e o contato com estas modalidades, visto que não estão na grade curricular regular de ensino (E5 – 09/03/2018).

Acredito que não serei uma boa profissional de educação física se não souber o mínimo da iniciação esportiva (E6 – 09/03/2018).

Quando perguntado aos entrevistados, de que forma as disciplinas optativas

esportivas lhes contribuíram, 47,14% apontaram que tais disciplinas, contribuíram

em seu conteúdo, principalmente teórico e prático e 11,42% afirmaram que uma das

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contribuições, foi o contato com uma modalidade que não conheciam ou

vivenciaram.

Considerou-se ao analisar as contribuições ditas pelos entrevistados, dois

aspectos importantes, o primeiro diz respeito a formação profissional, tendo em vista

que muitos buscam aprender didaticamente, teoria e prática, para o ensino nas

escolas. Como reforçado pelos entrevistados E7, E8, E9 e E10:

Agregaram mais conhecimentos sobre esportes, ajudar a minha formação como futuro profissional de educação física e como fazer a iniciação a um esporte (E7 – 09/03/18).

Entendimento quanto as regras e fundamentos de cada esporte, servindo como base para possíveis ensinamentos na iniciação (E8 – 09/03/2018).

Adquirir capacitação para ministrar aulas no futuro, de concisa base teórica e prática (E9 – 09/03/2018).

Trouxeram novos conhecimentos práticos em relação às regras e fundamentos, além de dar a possibilidade de obter conhecimentos teóricos e didáticos de ensinamento dessas disciplinas (E10 – 26/02/2018).

Dessa forma, foi apontado na entrevista a carência dessa formação

profissional, quando se tem no currículo somente a disciplina Fundamentos e

Métodos do Esporte, explicitado nas respostas dos entrevistados abaixo:

Um estudo e discussão mais aprofundado referente a tais esportes, haja vista que a disciplina fundamentos e métodos do esporte, faz apenas uma rápida “revisão” como se todos já soubessem (E11 –

26/02/2018).

Ajudou bastante no conhecimento, pois a disciplina foi pouco aprofundada na disciplina fundamentos e métodos do esporte (E12 – 09/03/2018).

O segundo aspecto, diz respeito a uma parte dos acadêmicos, não possuírem

vivências nas disciplinas esportivas. Sendo então a principal contribuição, o primeiro

contato com tais disciplinas.

Todas me trouxeram experiências de fundamentos de forma mais aprofundada além de uma prática diferenciada que ainda não tinha vivido (E13 – 26/02/2018).

A melhor vivência como professor, já que estas modalidades tinha vivenciado apenas como aluno, além de ter um maior conhecimento em cada área (E14 – 09/03/2018).

Algumas foram importantes pois foi a primeira vez que tive contato, as outras foi importantes para o conhecimento de novas modalidades (E15 – 26/02/2018).

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Diante o questionamento acerca da permanência das disciplinas esportivas

na grade curricular de disciplinas optativas ou da inclusão das mesmas na grade

curricular obrigatória, verificou-se que 67,15% dos entrevistados desejam a inclusão

das disciplinas optativas esportivas na grade curricular obrigatória do curso, 20%

dos alunos afirmaram não haver necessidade de incluir as disciplinas optativas

esportivas na grade curricular obrigatória e 12,85% apontaram a necessidade de se

incluir uma parcela das disciplinas optativas esportivas na grade curricular

obrigatória do curso.

Nesse sentido, os alunos buscaram justificativas, as quais os respaldavam

acerca da inclusão ou não das disciplinas optativas esportivas, na grade curricular

obrigatória. Parte dos entrevistados, afirmaram a necessidade de inclusão com base

nas suas necessidades para formação e atuação.

Deve ser incluída na grade curricular obrigatória, pois como o curso é mais direcionado a licenciados, onde este atuarão nas escolas, o PCN diz que esporte é conteúdo obrigatório do ensino escolar, então teremos de trabalhar ele em nossa profissão (E16 – 09/03/2018).

Na grade curricular obrigatória, pois elas são muito importante no curriculum do profissional de educação física independente da área de atuação, já que esses conhecimentos do esporte vão ser de muita importância na formação dos alunos (E17 – 09/03/2018).

Devem ser incluídas na grade curricular obrigatória, pois sendo um curso de educação física, mesmo licenciatura, acho escaço os conteúdos de esporte (E18 – 27/02/2018).

Devem ser obrigatórias. Cada esporte possui um vasto conteúdo, sendo então impossível ter os conhecimentos em apenas um semestre (E19 – 26/02/2018).

Outra parte dos entrevistados, afirmaram a necessidade das disciplinas

optativas esportivas serem incluídas na grade obrigatória, pois existe uma

dificuldade dos alunos participarem das disciplinas ofertadas em contra turno.

Deve ser incluída na grade curricular obrigatória, porque a maioria dessas disciplinas estão disponíveis em contra turno, sendo que a maioria dos alunos tem outras ocupações nesses horários. Outro motivo é que o profissional de educação física precisa ter base da iniciação esportiva (E20 – 09/03/2018).

Obrigatória. Pois, são de suma importância para a formação. Os horários das disciplinas também poderiam ser mais acessíveis, visto que, muitas vezes as aulas acabam tarde da noite (E21 – 09/03/2018).

Como justificativa para a inclusão destas disciplinas, também foi citada a

disciplina fundamentos e métodos do esporte, a qual como já afirmado pelos autores

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deste artigo, e ratificado pelos entrevistados E22, E23 e E24, possui pouca carga

horária para ensinar teoria e prática de forma consciente.

Elas devem ser incluídas na grade curricular, porque infelizmente o tempo e o conteúdo destas práticas são dadas de forma corrida e não contemplando o necessário para elas. Com os esportes na grade curricular haveria mais eficiente o ensino dos esportes para o professor de ed. física (E22 – 09/03/2018).

Devem ser inseridas na grade obrigatória, pois a disciplina esporte não dá conta de agregar todos os conhecimentos (E23 – 26/02/2018).

Incluídas na grade curricular obrigatória porque a disciplina esportes ensina superficialmente sobre as diversas modalidades pelo pouco tempo de ensino em apenas 1 semestre, o que julgo fraco (E24 – 07/03/2018).

Ainda defendendo a inclusão das disciplinas supracitadas, o entrevistado

E26, apontou o fato da disciplina Pesquisa e Prática Pedagógica, utilizar uma carga

horária extensa durante os 8 (oito) semestres do curso. Por fim o entrevistado E26,

enfatiza o fato de que por serem disciplinas optativas, alguns alunos podem não

participar das mesmas.

Devem ser incluídas, pois existem algumas disciplinas na grade curricular que estão sendo mais utilizadas que as matérias esportivas, tal qual PPP que não deveria ser tão utilizada durante os semestres (E25 – 26/02/2018).

Devem ser incluídas na grade curricular obrigatória, uma vez que muitos alunos não buscam fazer essas optativas e elas são essenciais, ainda mais que iremos ensinar ao menos o básico para nossos futuros alunos (E26 – 26/02/2018).

Outra parcela dos entrevistados, de fato uma minoria, afirmaram que as

disciplinas optativas esportivas, não devem ser incluídas na grade curricular

obrigatória, justificando este posicionamento, com a afirmação de que a disciplina

fundamentos e métodos do esporte deve abarcar toda a iniciação esportiva.

Acho que permanecer optativas, pois se fosse colocada como obrigatórias, iam ocupar mais tempo de curso. Na minha opinião, a disciplina esporte deveria falar mais sobre essas outras modalidades e sair só do vôlei, basquete, handebol e futsal (E27 – 07/03/2018).

Acredito que devem se manter na grade curricular optativa, visto que trata-se de “aprofundamentos” da disciplina fundamentos e métodos do esporte (E28 – 26/02/2018).

Contrapondo-se aos demais entrevistados, foi citado por parte dos

acadêmicos, que algumas disciplinas devem sim se manter na grade curricular de

disciplinas optativas, no entanto algumas, a formação de professores de educação

física, necessita que sejam obrigatórias.

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Acredito que pelo menos as disciplinas que envolvem os esportes de quadra como voleibol, futsal, basquete e handebol deveriam ser inclusas, devido ao contexto escolar, levando em consideração que a maioria das escolas possuem quadras poliesportivas (E29 – 09/03/2018).

Acredito que ao menos a metade destas disciplinas deveriam está presente na grade curricular, por se tratar de disciplinas necessária para a vivência de professor (E30 – 27/02/2018).

Não todas, mas acredito que algumas como: futsal, vôlei, basquete e handebol, sim, porque na maioria das escolas os materiais que temos para trabalhar são mais específicos para essas disciplinas, já os outros, é difícil ter espaço para trabalhar (E31- 27/02/2018).

Pelo exposto acima, o processo de escolha das disciplinas optativas

esportivas resultou em análises quantitativas (gráficos), as quais mostraram a

disciplina mais frequentada e mais preferida pelos acadêmicos, e em análises

qualitativas (tabela), que nos apresentou respostas pessoais e significativas acerca

do estudo proposto. Dessa forma a disciplina Natação ganhou destaque, quanto

frequentada e preferida, dentre todas as outras disciplinas esportivas.

Além disso a tabela 01, colaborou significativamente na compreensão da

motivação dos acadêmicos, diante a escolha das disciplinas optativas de iniciação

esportiva, pois de forma explicita a maioria dos alunos escolhem ou escolheram tais

disciplinas, buscando agregar conhecimento, qualificação profissional e vivências,

concomitantemente, essas disciplinas optativas esportivas trouxeram para a

formação dos professores de educação física maior conhecimento teórico e prático a

respeito das mesmas, fato comprovado na tabela supracitada.

Como item final da análise de dados, os resultados mostraram a vontade e a

opinião dos acadêmicos de educação física em incluírem as disciplinas optativas

esportivas na estrutura curricular obrigatória, totalizando 80% dos entrevistados, de

tal forma que a motivação dos alunos em escolherem as disciplinas optativas, está

fundada em melhor formação e futura atuação profissional do licenciado, ou seja, em

ambientes escolares.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O processo de formação de professores vem sendo discutido há tempos, e

segundo GATTI (2010) afirma que, há décadas já havia se colocado em questão, os

problemas atribuídos a esse processo. Tendo em vista que, o professor deve

oferecer melhores formações aos seus alunos, quando se entende que a instituição

escola e o professor, devem ensinar educando, pois novamente, de acordo com

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GATTI (2010) que aborda diretamente a formação dos professores, “[...] sem

conhecimentos básicos para interpretação do mundo não há verdadeira condição de

formação de valores e de exercício da cidadania”.

O PPP da instituição UEPA traz o conceito de docência ampliada, afirmando

que diferente das outras áreas, a educação física, não se distingue em Bacharel

(pesquisador) e Licenciado (professor), apontando o seguinte enxerto do PPP

(2007), “tendo em suas identidades epistemológicas, definidas pela docência, que se

expressa no trabalho pedagógico, a base de sua identidade, independente do

campo de intervenção”.

Com o pensamento nesta docência ampliada, concluímos a partir desse

estudo, que a formação do professor de educação física da UEPA é carente, pois o

campo didático pedagógico abrange o aspecto técnico esportivo, haja vista que,

como já citado, o esporte assume um papel importante na sociedade, assegurando a

cidadania.

A formação do professor de educação física, prevista pelo PPP, afirma ser

uma formação integral, para isso todos os seus licenciados, devem se formar com a

vivência e conhecimentos, que o capacite para a sua atuação profissional,

salientando novamente as respostas dos entrevistados, os quais afirmam que estas

disciplinas são de grande valia para a formação, entretanto o fato das disciplinas

esportivas, serem de aprofundamento e optativas, não garante a participação ou

aprendizado das mesmas.

Por fim, a análise dos processos formativos e para que servirá essa formação

é vasto, sendo este artigo somente um aspecto da formação dos professores

licenciados da UEPA, podendo ser utilizado para um futuro estudo com o contexto

mais amplo e profundo, permitindo o alcance de outros desdobramentos e

resultados capazes de corroborar com tal processo de formação.

THE CHOICE OF OPTIONAL DISCIPLINES OF SPORTS INITIATION IN THE

TRAINING OF ACADEMICS OF PHYSICAL EDUCATION OF THE UNIVERSITY

OF THE STATE OF PARÁ

ABSTRACT:

In this article we propose to analyze the process of choosing the elective disciplines of sports initiation in the training of academics of physical education of the State University of Pará (UEPA), seeking the understanding of the motivation of such process, for this the study was organized from the focus with a quantitative-qualitative approach and explanatory methodology, using a theoretical basis, through the study of UEPA's political pedagogical

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project and other articles and books, as well as data collection based on a questionnaire composed of questions open and closed, and as an instrument of analysis and interpretation of data was used Bardin techniques. As a result, the Swimming discipline was highlighted in this process of choice, consecrated as the most preferred and as the main motivation of the academics, the search for knowledge and the intention of inclusion in the compulsory curricular of the elective subjects. It is concluded that, according to what has been presented to us, the academics are anxious for a formation process capable of providing conditions for a better professional performance.

KEY WORDS: Elective Disciplines; Sports; Physical Education; Teacher training.

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