o oriente médio

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O Oriente Mdio uma das regies mais fascinantes do planeta

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O ORIENTE MDIO

O Oriente Mdio uma das regies mais fascinantes do planeta. Habitado desde tempos imemoriais, uma rea estratgica do ponto de vista econmico, principalmente por causa do petrleo. tambm um importante cenrio geopoltico e militar, porque serve de passagem entre a Europa e a sia.

Com essas caractersticas, o Oriente Mdio tornou-se um dos centros nevrlgicos da Guerra Fria. A criao do Estado de Israel, em 1948, agitou um passado milenar, que logo seria submetido ao jogo de xadrez das superpotncias.

Em 1979, um fato novo desafiou Washington e Moscou. A revoluo xiita do aiatol Khomeini, no Ir, deu uma demonstrao do poder latente da religio islmica, com milhes e milhes de fiis no mundo todo. Na verdade, a Guerra Fria no Oriente Mdio sempre esteve filtrada pela fora do Isl. o que vamos ver a partir de agora.

Fim da 1 Guerra Mundial: domnio franco-britnico e sionismo

Os pases do Oriente Mdio apresentam uma combinao curiosa: seus povos vivem h milnios na regio, mas seus Estados e fronteiras so muito recentes. Essa talvez seja a causa de muitos de seus problemas.

Oriente MdioAt 1918, a maior parte do Oriente Mdio integrava o Imprio Otomano, derrotado na Primeira Guerra Mundial. Um pouco antes, em 1916, antecipando-se ao declnio dos turcos otomanos, a Frana e a Gr-Bretanha assinaram o acordo Sykes-Picot, tornando o Oriente Mdio uma zona de influncia franco-britnica. Ao mesmo tempo, crescia na Europa a fora do sionismo, um movimento lanado pelo escritor e jornalista hngaro Theodor Hertzl.

Durante o Primeiro Congresso Sionista, em 1896, na Basilia, Sua, Hertzl lanou a campanha pela criao de Israel. A proposta era de retornar Palestina, regio onde havia existido uma nao judaica, o reino de Israel, no incio da era crist. O reino foi destrudo pelos romanos. Os judeus, expulsos da regio, dispersaram-se pelo mundo dando origem a um fenmeno conhecido como a dispora judaica.

Mesmo espalhados pelo mundo, os judeus acalentaram, por muitas geraes, o sonho de voltar chamada "terra prometida". Sonho que ganhou fora com o movimento sionista, a partir do sculo XIX. Os ativistas judeus acreditavam que a reconquista de Jerusalm era um dever sagrado. Adotaram o slogan "uma terra sem povo para um povo sem terra", referindo-se Palestina.A regio, na verdade, era ocupada havia muitos sculos pelos rabes palestinos. Este era s o incio do impasse.Dispora Judaica

No final do sculo XIX , agncias sionistas financiadas por grandes banqueiros, como o baro de Rotschild, criaram colnias agrcolas, estimulando a migrao judaica para a regio da Palestina.

Depois da Primeira Guerra, os assuntos do Oriente Mdio passaram a ser decididos oficialmente em Londres e Paris, sem que fossem levadas em conta a histria, a vontade, as tradies e a cultura dos povos que viviam na regio.

rabes reagem ao colonialismo

Com o fim da Primeira Guerra, as regies da Sria e do Lbano ficaram sob domnio da Frana. As outras reas que estavam controladas pelos otomanos, inclusive a Palestina, passaram para as mos da Gr-Bretanha. O colonialismo da Frana e da Gr-Bretanha provocou fortes reaes entre os rabes. Foi nesse contexto que surgiu no Egito a Irmandade Muulmana, bero do fundamentalismo islmico.

Quando surgiu, em 1929, a Irmandade pregava a expulso dos estrangeiros e a volta aos princpios fundamentais do Coro, o livro sagrado dos muulmanos. Paralelamente assistncia aos mais pobres, a organizao praticava uma guerra de guerrilha contra os ocupantes estrangeiros. O carter militar da Irmandade foi se acentuando progressivamente.

Enquanto isso, nos anos 20 e 30, a Europa enfrentava uma srie de crises nacionais, conflitos de interesses e movimentos revolucionrios que iriam resultar na Segunda Guerra Mundial.

O nazismo e a crise na Europa estimulam a migrao judaica

Na Alemanha, Hitler capitalizou o descontentamento do seu povo, humilhado pela derrota na Primeira Guerra, e construiu uma monumental mquina blica e militar. O ditador unificou o pas apontando claramente um inimigo, contra o qual todos deveriam se unir. O judeu cosmopolita, segundo ele, era responsvel por tudo de mal que havia no mundo. Hitler iniciou, assim, uma forte perseguio aos judeus a partir dos anos 30.

Uma das conseqncias desse novo perodo da histria foi a intensificao da migrao judaica para todas as partes do planeta, mas principalmente para a Palestina. Em pouco tempo, triplicou o nmero de judeus na regio, de 10 para 30 por cento da populao. A instalao dos novos imigrantes no foi tranqila. Os confrontos com a populao rabe, majoritria, tornaram-se cada vez mais freqentes.

Menahem BeginUm dos ativistas judeus dessa poca, Menahem Begin, seria eleito dcadas depois, nos anos 70, para o cargo de primeiro-ministro de Israel pelo Likud, o partido conservador israelense.

Anos 40: surge o Estado de Israel

Desgastados e impossibilitados de dar uma soluo satisfatria para os conflitos, os britnicos decidiram abandonar a Palestina, passando o problema para a ONU. Em 1948, as Naes Unidas aprovaram a partilha da Palestina entre os Estados rabe e judeu. Havia um clima internacional favorvel criao de Israel, por causa do holocausto praticado pelos nazistas. Mas havia tambm muitos interesses geopolticos em jogo.

Estava comeando o perodo de tenso entre as superpotncias, que iria se estender at o fim dos anos 80. Dessa forma, podemos dizer que os acontecimentos que conduziram criao de Israel e transformaram o Oriente Mdio foram influenciados pela lgica da Guerra Fria.Durante os anos mais sombrios na Europa, h 60 anos, no havia um exrcito para defender o povo judeu. Hitler sabia disso e aproveitou. Surgiu o Estado de Israel, que inseriu o judeu de novo no contexto da sociedade, no contexto do mundo. Os princpios da justia social, dos direitos humanos, os princpios, valores e ideais dos fundadores do Estado de Israel continuam. E so estes os ideais que servem como uma inspirao. Israel, espero, vai voltar a ser uma luz para todos os povos, achando um modus-vivendi pacfico, justo, com os palestinos. Somos todos iguais, somos todos filhos de um nico Deus. Portanto, devemos transcender os acordos de paz e transform-los em relaes de paz." Rabino Henry Sobel presidente do rabinato da Congregao Israelita PaulistaO dirigente sovitico Josef Stalin acreditava que Israel poderia se tornar um pas simptico Unio Sovitica, j que milhares dos imigrantes judeus de nacionalidade russa eram socialistas. Por outro lado, a Frana, a Gr-Bretanha e os Estados Unidos viam em Israel um provvel representante dos interesses ocidentais, numa regio estratgica.

Os palestinos e os Estados rabes no aceitaram a criao do novo pas. Eclodiu assim a primeira guerra rabe-israelense. Israel venceu o conflito em 1949. O Estado rabe-palestino desapareceu, dividido entre Israel, Jordnia, que ficou com a Cisjordnia, e o Egito, que ficou com a Faixa de Gaza.Diviso da Palestina

A crise do Canal de Suez

Sete anos depois, em 1956, o Oriente Mdio seria palco de uma nova guerra. Dessa vez, pela posse do Canal de Suez.

Gamal Abdel Nasser O Egito era governado por Gamal Abdel Nasser, um poltico carismtico e nacionalista. Ele fazia parte de um grupo de militares que derrubou a monarquia egpcia em 1952, instituindo um governo favorvel a unificao de todos os rabes numa nica grande nao. Nasser nacionalizou o Canal, desafiando abertamente britnicos e franceses. Alm disso, proibiu o trfego de navios israelenses, estreitando o fornecimento de petrleo ao Estado judeu.

Em resposta, Israel, Frana e Gr-Bretanha organizaram uma ao militar conjunta contra Nasser. O chefe de Estado egpcio teria sido derrotado no fosse a interveno americana e sovitica no conflito. Os soviticos queriam evitar que o Egito fosse novamente controlado pelos europeus aliados dos Estados Unidos. E Washington no estava disposto a brigar com Moscou pelo Canal de Suez. A sada foi um acordo: franceses e britnicos teriam de aceitar a nacionalizao do Suez. E os egpcios, em compensao, teriam de garantir a todos o direito de utilizar o Canal.

A Guerra do Suez um exemplo de que no eram os interesses nacionais que determinavam o curso dos acontecimentos, e sim a lgica da Guerra Fria. No caso do Egito, prevaleceu o jogo de equilbrio entre Washington e Moscou.A dispora palestina e a Al-Fatah

No entanto, havia um fenmeno poltico e cultural acontecendo no mundo, sem o controle das superpotncias: a dispora palestina, iniciada em 1949. Dezenas de milhares de palestinos se dispersaram pelo Oriente Mdio e pelo mundo, vivendo muitas vezes em condies subumanas em campos de refugiados. Os palestinos transformaram-se num povo errante, exatamente como havia acontecido dois mil anos antes com os judeus.

Foi nesse contexto que surgiu a Al-Fatah, em 1959. Com ela, o Oriente Mdio mergulhou de vez no pesadelo do terrorismo. Fatah, em rabe, significa "reconquista". O grupo tinha como objetivo a destruio de Israel e a criao de um Estado palestino soberano e independente. Era um entre vrios grupos radicais surgidos na regio.

Yasser Arafat ( esquerda)Entre os fundadores da Al-Fatah estava Yasser Arafat, um jovem engenheiro palestino admirador da poltica nacionalista de Nasser. Mais tarde ele viria a se tornar o principal lder dos palestinos, frente da Organizao Para a Libertao da Palestina, a OLP. Logo que surgiu, a Al-Fatah passou a praticar uma srie de aes guerrilheiras contra alvos militares israelenses e de atentados terroristas contra alvos civis.

Um barril de plvora

Por um lado, a criao de Israel teve efeitos dramticos sobre a populao palestina. Por outro lado, serviu de instrumento poltico das ditaduras militares, como na Sria, Lbia e Iraque, e dos regimes com caractersticas feudais, como a Arbia Saudita e o Kuwait. Nesses pases, os governos autoritrios conquistavam o apoio da populao fazendo propaganda ideolgica contra o Estado de Israel. Era uma forma de desviar a ateno de problemas mais urgentes, como a misria e a falta de democracia.

Essa propaganda reforava a idia lanada por Gamal Abdel Nasser, de que a populao rabe s construiria uma grande nao atravs da destruio de Israel. Esse sentimento coletivo, estimulado pelos governantes, transformou o Oriente Mdio num grande barril de plvora.

Anos 60: surge a OLP

Em maio de 64, durante o 1 Congresso Nacional Palestino, realizado em Jerusalm, surgiu a Organizao Para a Libertao da Palestina, OLP. O objetivo era centralizar a liderana de vrios grupos clandestinos.Rei Hussein na criao da OLP

"Os palestinos eram derrotados porque lhes faltava organizao, lhes faltava apoio, seja europeu, seja oriental. Foram sempre apoiados por rabes mais desorganizados do que eles. As Naes Unidas faziam resolues que no eram cumpridas por Israel, um pas que sempre teve apoio dos Estados Unidos e da Inglaterra e at, naquele tempo, da Frana e da Unio Sovitica. Os palestinos batiam em todas as portas para ter uma ajuda, para poder ficar na Palestina, ou para poder criar seu lar prprio, como Israel. Infelizmente foi negada ajuda de todos os lados. A situao chegou ao cmulo de, em 1952, as Naes Unidas riscarem a questo palestina de suas resolues. Ali os palestinos viram que no tinham outra condio a no ser organizar-se bem para ter um lugar no cho. E assim foi criada a OLP, que comeou a lutar militarmente contra Israel."Hasan El-Emleh presidente da Federao rabe-Palestina do Brasil

A Guerra dos Seis Dias

O cenrio geopoltico do Oriente Mdio seria novamente modificado em junho de 67, de forma dramtica, com a Guerra dos Seis Dias. Os israelenses, com o auxlio logstico dos Estados Unidos, atacaram de surpresa o Egito, a Sria e a Jordnia, que preparavam uma ofensiva conjunta contra Israel. Em algumas horas, praticamente toda a aviao dos pases rabes foi destruda ainda no solo, antes mesmo de ser utilizada. Com total domnio areo, em seis dias as foras armadas de Israel saram amplamente vitoriosas.

Como resultado da Guerra dos Seis Dias, Israel anexou a pennsula do Sinai e a Faixa de Gaza - que pertenciam ao Egito -, a Cisjordnia - inclusive a parte oriental de Jerusalm, que, desde 1948, estava de posse da Jordnia - e as Colinas do Gol, que eram parte integrante da Sria. Com esse desfecho militar, o clima de tenso aumentou em toda a regio. A Al-Fatah e outros grupos radicais intensificaram os ataques contra alvos israelenses.

O crescimento da OLP de Arafat

Em 1969, o lder da Fatah, Yasser Arafat, assumiu a direo da OLP. A organizao crescia como uma frente de grupos extremistas dedicados destruio de Israel.

A ascenso de Arafat ao comando da OLP e a radicalizao das posies palestinas tiveram uma sria conseqncia. Alguns governos rabes, quando perderam o controle sobre a OLP, passaram a pressionar a organizao. A OLP crescia muito, a ponto de tornar-se um Estado dentro de outro Estado. Isso preocupava os governos, que perdiam parte do controle sobre os acontecimentos dentro de suas prprias fronteiras.

Em 1970, essas divergncias terminariam em tragdia: o rei Hussein, da Jordnia, ordenou um massacre contra bases da OLP, uma operao que passou histria como Setembro Negro. Numa operao de guerra, tropas do rei Hussein atacaram as bases da OLP na Jordnia.

Palestinos fogem do LbanoMilhares de palestinos foram mortos em combates com as foras jordanianas. As lideranas da OLP e os combatentes palestinos transferiram-se para o Lbano. Mais tarde, em 82, expulsa novamente, dessa vez por uma ofensiva militar de Israel, a OLP foi obrigada a instalar sua sede por muitos anos em Tunis, capital da Tunsia.

A Guerra do Yom Kippur

Em 1970, morreu no Egito o presidente Nasser. Seu sucessor, Anuar Sadat, imprimiria uma poltica mais pragmtica. Sua preocupao inicial foi recuperar os territrios perdidos para Israel durante a Guerra dos Seis Dias. Com esse objetivo, o Egito e a Sria arquitetaram uma nova ofensiva militar contra Israel.

O ataque foi em 6 de outubro de 1973, quando os judeus comemoravam o Yom Kippur, ou Dia do Perdo. A Guerra do Yom Kippur comeou com uma ampla vantagem para os rabes. A Sria conseguiu recuperar as Colinas do Gol, ao passo que o Egito tomou de volta um trecho da pennsula do Sinai. Os israelenses reverteram a situao com a ajuda dos Estados Unidos. Depois de duas semanas, o exrcito de Israel j havia retomado as colinas do Gol e do Sinai, com exceo de uma estreita faixa junto margem oriental do canal de Suez.

O fim da guerra do Yom Kippur trouxe importantes modificaes no tabuleiro geopoltico do Oriente Mdio. O Egito esfriou suas relaes com a Unio Sovitica e partiu para uma aproximao com os norte-americanos. A Sria, ao contrrio, aprofundou os laos com Moscou. Desde 1971 o pas era governado pelo jovem oficial Hafez al-Assad, um nacionalista de "linha dura" que misturava elementos do socialismo e da ortodoxia islmica.

Anos 70: a crise do petrleo

Alm da Guerra do Yom Kippur, outro fato importante marcaria o Oriente Mdio em 1973: a crise do petrleo. At o comeo de 73, os pases exportadores de petrleo vendiam o barril do produto por 14 dlares. Com o clima poltico criado pela derrota na Guerra do Yom Kippur, os pases rabes chegaram a cobrar TRINTA E QUATRO dlares pelo barril.

Esse aumento provocou uma comoo mundial, especialmente no Terceiro Mundo, na Europa e no Japo. Os Estados Unidos saram-se bem na crise: auto-suficientes em petrleo, conseguiram atrair os petrodlares rabes, investidos no mercado norte-americano. Alm disso, as multinacionais do petrleo, como a gigante Esso, continuaram levando seus lucros para os Estados Unidos. No plano poltico, o choque do petrleo mostrou como o mundo era dependente dos pases rabes exportadores de petrleo.

Mais do que nunca, Estados Unidos e Unio Sovitica passaram a jogar o jogo da estabilidade regional.

A detnte chega ao Oriente Mdio

Desde 1972, as superpotncias viviam um perodo de distenso poltica, a detnte. O presidente norte-americano Richard Nixon e o dirigente sovitico Leonid Brejnev haviam assinado um acordo de limitao de armas e estavam procurando o dilogo. Nesse clima cordial, no interessava criar zonas de conflitos numa regio explosiva como o Oriente Mdio.

Um dos resultados dessa distenso foi a aproximao entre Israel e Egito, a partir de 77. Nos dois anos seguintes, foram assinados os acordos de Camp David, que previam a devoluo do Sinai ao Egito. As negociaes valeram a Anuar Sadat e Menahem Begin o Nobel da Paz de 1978. O chefe de Estado egpcio no chegou a ver o principal resultado dos seus esforos, que foi a devoluo do Sinai, em 1982. Em outubro de 81, Sadat foi morto por extremistas muulmanos durante uma parada militar no Cairo.Assinatura do Acordo de Camp David

A revoluo islmica no Ir: fora da lgica da Guerra Fria

A aproximao entre Israel e Egito parecia abrir as portas para um perodo de maior estabilidade no Oriente Mdio. Apesar disso, o mundo teve pouco tempo para comemorar. Em janeiro de 79, os islmicos xiitas do Ir derrubaram o governo do x Reza Pahlevi, aliado dos Estados Unidos, e proclamaram a Revoluo Islmica.

Liderados pelo aiatol Khomeini, os xiitas diziam que tanto a Unio Sovitica quanto os Estados Unidos eram regidos pelo Grande Sat. Acreditavam na Jihad, uma guerra santa para converter o mundo f islmica. Khomeini instaurou no Oriente Mdio um sistema poltico-religioso que no seguia a lgica da Guerra Fria.

Para Washington e Moscou, era importante impedir a expanso da revoluo islmica. Os Estados Unidos temiam que a difuso do radicalismo iraniano incentivasse um sentimento antiamericano no mundo muulmano. A Unio Sovitica, por sua vez, acreditava que o crescimento da religio poderia encorajar o separatismo nas repblicas soviticas, como o Cazaquisto e o Turcomenisto, com populao de maioria muulmana.

Ir x Iraque

Combatentes iranianosDiante disso, as superpotncias acompanharam com especial interesse a guerra entre o Ir e o Iraque. Os dois pases vinham tendo problemas desde 1975, quando o Ir passou a ter controle de territrios que at ento pertenciam ao Iraque. Com a ascenso do aiatol Khomeini, as divergncias aumentaram. O Ir passou a estimular os xiitas iraquianos rebelio contra o governo de Bagd. E o Iraque, por seu lado, reacendeu o desejo de ter de volta os antigos territrios.

Oficialmente, o pretexto para a guerra foi o controle sobre as guas do Chatt-el-Arab, canal de acesso do petrleo iraquiano ao Golfo Prsico. O conflito foi deflagrado em setembro de 1980 e s terminaria em julho de 88, sem vencedores. A guerra, uma das mais cruis e sangrentas das ltimas dcadas, deixou mais de um milho de mortos. Regies inteiras dos dois pases foram devastadas. Nos anos 80, os Estados Unidos mantinham o apoio incondicional a Israel e a amizade de governos rabes conservadores, como a monarquia da Arbia Saudita. A Unio Sovitica, por outro lado, mantinha vnculos com governos nacionalistas, como a Sria, e dava um apoio discreto OLP.

Glasnost e Oriente Mdio

A situao comeou a mudar a partir de 1985, quando Mikhail Gorbatchev assumiu o poder na Unio Sovitica. A abertura poltica, conhecida como glasnost, passou a influenciar os governos do Oriente Mdio. Novos ventos, mais favorveis ao dilogo, comearam a soprar na regio. Um dos reflexos dos novos tempos foi o anncio feito por Yasser Arafat em 1988. Pela primeira vez, um dirigente da OLP se disps a negociar a paz com Israel, em troca da devoluo dos territrios palestinos ocupados. Ao mesmo tempo, o Estado judeu sofria um grande desgaste internacional, provocado pela Intifada. A Intifada, que em rabe significa "revolta das pedras", foi um movimento espontneo de protesto surgido em dezembro de 87 nos territrios palestinos de Gaza e Cisjordnia. Depois do atropelamento de quatro civis palestinos por um caminho do exrcito de Israel, um grupo de crianas e jovens, munidos de paus e pedras, atacaram soldados israelenses. Os militares responderam com brutalidade. Nos meses seguintes, ainda em represlia, muitas casas de familiares das crianas foram derrubadas. O episdio chamou a ateno da opinio pblica. Desabrigados palestinos

Com a Intifada, o mundo tomou conhecimento das condies de misria em que os palestinos viviam. Essa conjuntura poltica e as presses internacionais pela paz deram mais fora proposta de Arafat, de pacificao da regio em troca dos territrios ocupados.

"Trs fatores so fundamentais para explicar os acordos de paz realizados no Oriente Mdio. O primeiro um fator de carter internacional. O fim da Guerra Fria permitiu que as tenses internacionais fossem reduzidas. O segundo fator de ordem regional. Desde o incio dos anos 80, Israel havia considerado Saddam Hussein e o Iraque os seus principais inimigos. Com o fim da Guerra do Golfo, em 1991, a fora de Saddam e do Iraque foi reduzida. Assim, o principal inimigo de Israel estaria neutralizado. O terceiro ponto de carter local. Em 1992, o Partido Trabalhista israelense - mais ligado possibilidade de um relacionamento melhor com os palestinos - chegou ao poder, destronando o Partido Likud, que era contra um contato mais intenso com os palestinos. Portanto, esses trs aspectos - internacional, regional e local - foram fundamentais para que a paz no Oriente Mdio pudesse ser alcanada. No entanto, quando, em 1996, Benjamin Netanyahu, representante do Partido Conservador (Likud), chegou ao poder, as condies para a paz ficaram relativamente congeladas."Nlson Bacic Olicgegrafo

A Guerra do Golfo

A busca da paz no Oriente Mdio ainda enfrentaria um novo obstculo, com a invaso do Kuwait pelo Iraque, em agosto de 1990. Muito bem servido de armas fornecidas pelas superpotncias na dcada de 80, principalmente da Unio Sovitica, Saddam Hussein sentiu-se forte para tentar anexar o pas vizinho. Era o incio da Guerra do Golfo. Os Estados Unidos deslocaram para a regio 500 mil soldados e lideraram uma fora multinacional de 29 pases contra Hussein, para for-lo a sair do Kuwait. Os ataques contra Bagd, a capital do Iraque, foram iniciados em janeiro de 91. Yitzhak RabinEncerrada a guerra, em fevereiro, os Estados Unidos fizeram presso para que Israel iniciasse o dilogo com a OLP. Finalmente, em setembro de 1993, o premi israelense Yitzhak Rabin e Yasser Arafat assinaram a paz, em Washington.A Guerra do Golfo havia sido a primeira grande ao militar internacional empreendida de acordo com as novas regras do jogo geopoltico.

O que importava no era mais o equilbrio de poder entre Washington e Moscou, e sim os interesses das potncias ocidentais.Da mesma forma, a atuao da Casa Branca nas negociaes de paz foi a primeira grande iniciativa diplomtica americana depois do fim da Guerra Fria.

Intransigncia, obstculo paz

O acordo de paz foi um passo muito importante para a pacificao da regio, mas no foi definitivo. O fanatismo religioso, o dio acumulado durante milhares de anos e os preconceitos de parte a parte permanecem um obstculo paz. O assassinato do premi Yitzhak Rabin por um extremista judeu, em novembro de 95, o recrudescimento das aes terroristas de grupos radicais palestinos e a violncia das foras de Israel contra alvos civis so exemplos de que muito h por se fazer pela paz no Oriente Mdio.

O fim da Guerra Fria permitiu o desenvolvimento do dilogo, mas a situao permanece explosiva na regio. O que mostra que o Oriente Mdio continua a ser um enigma para o mundo, e um grande desafio para a busca da paz no sculo XXI.Fonte: alo escola tv cultura