o Ódio, o mal radical e a mídia: o azul, o vermelho e a...
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PPGCOM ESPM // SÃO PAULO // COMUNICON 2016 (13 a 15 de outubro de 2016)
O Ódio, o Mal Radical e a Mídia: O Azul, o Vermelho e a
Intolerância Constante nas Redes Sociais.
Patricio Dugnani1
Universidade Presbiteriana Mackenzie
Resumo Resumo: Esse artigo pretende analisar as expressões desse ódio infundado e crescente, através do uso dos meios digitais, principalmente na internet pelas redes sociais. Para esse estudo focaremos nos fenômenos que tem gerado um atrito muito forte no Brasil, desde as eleições presidenciais de 2014, e que tem se multiplicado como discursos de intolerância e ódio nas redes sociais, principalmente no facebook. Através de reflexões retiradas das questões do poder, do totalitarismo, do esquecimento, e do mal radical de Hannah Arendt, além do conceito de naturalização da ideologia, retirada das ideias das mitologias de Roland Barthes, pretende-se entender a construção desse discurso que se constitui, muita vezes, pelo esquecimento do passado, e pelo conformismo mediante aos discursos naturalizados. Palavras-chave: Comunicação, Redes Sociais, Intolerância, Naturalização.
Introdução
O azul, o vermelho e o amarelo são três cores classificadas como primárias, a
mistura delas possibilita uma variedade imensa de outras cores para a palheta de um
artista, mas, no momento em que vivemos, elas nunca estiveram tão separadas, não da
parte do amarelo, mas no caso do vermelho e do azul. Essas cores parecem que não
mais vão se misturar, nunca mais, devido ao ódio, a intolerância, esse novo
ingrediente químico que vem misturado nessas cores. O ódio parece ser uma
substância que dificulta que o olhar possa compreender matizes mais complexos e
significantes da vida humana. Para quem não entendeu ainda, peço desculpas por
1 Grupo de Trabalho GT04 – Comunicação, Consumo e Institucionalidades. Doutor em Comunicação e Semiótica, Professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Autor do livro A Herança Simbólica na Azulejaria Barroca. Ilustrador e autor de livros infantis. [email protected]
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explicar a metáfora, mas estou me referindo, não às cores, fenômenos cromáticos e
físicos, mas o uso da cor como discurso, como representação no contexto político
brasileiro. Desde as eleições presidenciais de 2014, cresce uma contradição que existe
a algum tempo entre ideologias políticas dos partidos brasileiros, mas parece que
agora ela tem esse ingrediente desaglutinador a mais: o ódio. Esse ódio sem
explicação, sem memória, um ódio que nasce na intolerância e que está ligado ao que
Immanuel Kant e Hannah Arendt (1989) definem por mal radical.
Pior que isso, esse ódio parece estar contaminando toda a população do pais,
que parte para um processo de disputa, apelando para discursos rasos, alienados, que
são incapazes de ver uma síntese para questão, mas apenas procura a eliminação do
outro. Soluções simples para problemas complexos, como aquelas que regimes
totalitários e fascistas promovem de maneira ampla. Explicações raciais, climáticas,
regionais para justificar uma incompetência inventada, como a raça ariana para os
nazistas, ou a xenofobia crescente no mundo, inclusive em países ditos de primeiro
mundo. A intolerância, o racismo, o preconceito entre grupos parecem ser essa
expressão do ódio que se instaurou na mente do humano contemporâneo. Humano
esse com um potencial tecnológico impressionante que poderia propiciar, não o ódio,
mas um equilíbrio através do debate, através do conhecimento do outro, através de
trocas culturais que poderiam nos fazer entender melhor o outro. Mas parece que o
discurso raso que vigora nos meios de comunicação digital, na internet, e,
principalmente, nas redes sociais, apenas reforçaram esse ódio. Penso se não é um
sintoma do fracasso de uma globalização que privilegia certos grupos. Milton Santos
(2000) já nos alertava sobre essa globalização perversa que fabrica a fome, a
mortalidade, a doença.
Tendo em vista esse fenômeno que é mundial, globalizado, esse artigo
pretende analisar essas expressões desse ódio infundado e crescente, através do uso
dos meios digitais, principalmente na internet pelas redes sociais. Para esse estudo
focaremos os fenômenos que tem gerado um atrito muito forte no Brasil, desde as
eleições presidenciais de 2014, e que tem se multiplicado como discursos de
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intolerância e ódio nas redes sociais, principalmente no facebook. Ou seja, como essa
dicotomização radical entre o discurso de direita e esquerda, acabou gerando uma
divisão social que quase se explica totalmente pela divisão das cores – o vermelho e o
azul – e que é apenas alimentada a cada fato político novo, ampliando seu poder de
ódio entre seres humanos. Esses discursos são tão superficiais e preconceituosos, que
apenas o gosto pela cor, seria uma argumentação suficiente para produzir um debate
enfadonho e sem direção, fragmentado como as manifestações, fragmentado como os
sujeito pós-moderno descrito por Stuart Hall (2004). Para esse debate focaremos em
dois momentos mais marcantes na nossa história política recente que deflagraram uma
onda de discursos de intolerância no Facebook: a eleição presidencial de 2014, e as
manifestações de 15 de março de 2015.
O Mal Radical, o Ódio e a Intolerância
A primeira questão importante, antes de verificar os discursos de ódio e
intolerância disparados pelos frequentadores de redes sociais, principalmente os
“amigos” do Facebook, precisamos verificar a questão do ódio e da intolerância. O
ódio, por ser uma emoção parece ser um conceito muito pouco, ou nada estudado, foi
muito difícil encontrar um bom conceito de ódio, sendo que um mais estruturado
pareceu-me a análise de Freud, no campo da psicanálise, seara que não pretendo
penetrar por falta de conhecimento específico dos conceitos dessa área.
Mediante isso pretendo pensar o ódio como um sentimento de contradição,
contradição e repudio a algo, entendendo algo como um fenômeno. O ódio pareceu-
me um sentimento que pretende repelir uma outro fenômeno, e sendo um sentimento,
essa repulsa não precisa ser fundada na razão, mas apenas pode vir sem explicação,
como uma sensação, um mal estar. O ódio, por ter essas características, acaba por ser
intolerante, não busca a compreensão, apenas contraria o fenômeno odiado, não o
tolera. Desse modo o ódio, que nasce da intolerância, intolerância essa movida muitas
vezes pela ignorância, ou seja pela falta de conhecimento sobre o outro fenômeno,
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pela falta de compreensão das razões desse outro, parece um sentimento radical.
Logo, esse outro – fenômeno, e porque não denominar o outro como ideia, ou ser
humano – é mal, na concepção de quem odeia, pois, em compensação este que odeia
se posiciona como o bem. E esse que se assume como representante do bem, odeia o
mal, e apenas pretende a eliminação do outro.
O homem não é apenas um ser racional, ele também pertence ao mundo dos sentidos, que o tentará a se render às suas inclinações em vez de seguir a razão ou o coração. Por isso, a conduta moral não é natural, mas o conhecimento moral, o conhecimento do certo e do errado, é. Como as inclinações e a tentação estão arraigadas na natureza humana, embora não na razão humana, Kant chamava o fato de o homem ser tentado a fazer o mal por seguir as suas inclinações de o “mal radical”. Nem ele nem qualquer outro filósofo moral realmente acreditava que o homem pudesse querer o mal pelo mal; todas as transgressões são explicadas por Kant como exceções que o homem é tentado a fazer perante uma lei que, do contrário, ele reconhece como sendo válida – assim o ladrão reconhece as leis da propriedade, até deseja ser protegido por elas, e só faz exceção temporária para essas leis para seu próprio proveito. Ninguém deseja ser mau, e aqueles que ainda assim cometem malvadezas caem num absurdum morale – num absurdo moral. Quem assim age está realmente em contradição consigo mesmo, com sua própria razão e, por isso, nas palavras de Kant, deve desprezar-se. (ARENDT, 2004, p.126)
É nesse raciocínio que nasce as ações totalitárias, fundadas principalmente na
intolerância, no ódio, e centrado em sua missão divina: na erradicação do outro, que é,
na sua visão, o mal. Celso Lafer, analisando a visão de Hannah Arendt considerou que
esse raciocínio totalitário e intolerante é um mal radical, pois pretende apenas
erradicar a ação do outro, para dominá-lo.
Hannah Arendt, num primeiro momento, em Origens do Totalitarismo, falou, com inspiração kantiana, no mal radical. Considerou o mal como radical porque o que o caracterizaria no exercício da dominação totalitária é a erradicação da ação humana, tornando os seres humanos supérfluos e descartáveis. Subsequentemente formulou a tese da banalidade do mal como um mal burocrático, que não tem profundidade mas pode destruir o mundo em função da incapacidade de pensar das pessoas, capaz de espraiar-se pela superfície da terra como um fungo. (LAFER, 2006, p. 26)
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Aqui cabe um parêntesis, quando Arendt fala de ação, não se trata de
movimento físico, mas sim de atitude política, a ação para ela é política, uma ação
praticada por seres humanos críticos, e não alienados. E essa é a primeira ideia que o
totalitarismo pretende extinguir: a ação política. Como fazer isso? Uma boa receita é
inserir o ódio nas relações humanas, pois a incompreensão, a intolerância que nascem
do ódio, não precisam de reflexões críticas, na verdade dificultam as ações políticas,
apenas vem como fluxo, fluxo de sentimento que acaba, invariavelmente, em
violência. Essa violência que pode ser física, também se materializa de maneira
simbólica, através da linguagem, através dos discursos produzidos e reproduzidos por
grupos humanos. Esses discursos é que pretende-se verificar nessa pesquisa, os
discursos de ódio nos meios de comunicação digitais, principalmente, como se disse
antes, no Facebook.
Meios de Comunicação, Mitologias, Naturalização
Mais duas questões me parecem importantes, antes dos discursos de ódio
carregados nas redes sociais nas eleições presidenciais de 2014, e relembrados nas
manifestações de 15/03/2015: a função dos meios de comunicação e a deturpação de
seu uso, através de uma naturalização.
Primeiro, a evolução tecnológica dos meios de comunicação estão diretamente
ligadas ao encurtamento de distâncias entre grupos humanos, e com isso a busca por
trocas de informação que pudessem ligar esses grupos. Além disso, pretendia-se que
os meios de comunicação, segundo Lasswell (MATTELART, 1999), pudesse, entre
outras coisas, desenvolver as relações e produzir a possibilidade de transmitir as
heranças culturais de uma comunidade. Ou seja, o fim último da comunicação
deveria ser o de desenvolver as relações humanas, para que elas possam dividir
conteúdos para que seja possível tornar comum os conteúdos, para que se possa
desenvolver uma comunidade que possa viver de maneira harmônica. Comum,
Comunicação, e Comunidade, essas três palavras, descrevem justamente a
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necessidade que um amontoado de indivíduos tem, em tornar comuns seus valores,
para que possam serem chamados de sociedade.
Mediante essa constatação, vamos à partir de agora analisar, e desculpe o tom
panfletário, denunciar essa construção do discurso do ódio através das redes sociais,
principalmente para que não caiam no esquecimento esses acontecimentos recentes, e
para lembrarmos que esse movimento de ódio, aliado também a uma grande
revolução do meios de comunicação – os meios de comunicação de massa – também
levaram a grandes movimentos de intolerância, que afundaram o mundo em anos de
guerra, morte, e o genocídio de determinados grupos humanos. Estamos falando,
principalmente, da II Guerra Mundial, do Nazismo, e do projeto de extermínio de
grupos humanos que não são arianos, e do ódio, muitas vezes focado, nos povos
judaicos.
Arendt nos fala do perigo do esquecimento, pois esse mal que cresce sem
memória, não tem limites, pois não tendo passado, parece nascer espontaneamente,
naturalmente, como um imperativo.
Os maiores malfeitores são aqueles que não se lembram porque nunca pensaram na questão, e, sem lembrança, nada consegue detê-los. Para os seres humanos, pensar no passado significa mover-se na dimensão da profundidade, criando raízes e assim estabilizando-se, para não serem varridos pelo que possa ocorrer – o Zeitgeist, a História ou a simples tentação. O maior mal não é radical, não possui raízes, e, por não ter raízes, não tem limitações, pode chegar a extremos impensáveis e dominar o mundo todo. (ARENDT, 2004, p.160)
Sendo assim, esse mal se apresenta como sendo inevitável, hereditário, e
ganha, muitas vezes, um dos nomes mais perigosos de nossos dias: ao invés de
chama-lo de mal, o denominamos de normal, natural, e nos acostumamos, nos
conformamos com ele, como se fizesse parte do nosso cotidiano desde sempre. Esse
conformismo, que é criticado por Roland Barthes (1999), se refere é esse processo de
tornar construir uma história naturalizada. Naturalizada no sentido em que Barthes
(1999) apresentou em seu livro Mitologias: a naturalização de um discurso, é a
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naturalização de uma ideologia, que passa de um discurso social, criado e
desenvolvido pela sociedade, para um discurso natural, inevitável, posto que é
hereditário, biológico. Para Barthes o mito é um discurso, uma mensagem, e como tal
o “mito não se define pelo objeto da sua mensagem, mas pela maneira como a
profere: o mito tem limites formais, mas não substanciais” (1999, p. 131). “O mito é
uma fala” (1999, p. 131), uma mensagem inserida dentro de um sistema de
comunicação, e, até mesmo, como fala, o próprio sistema de comunicação, sendo
assim, o seu conteúdo não define totalmente o seu significado, mas sim, a forma como
esse conteúdo é apresentado. Quando naturaliza-se um discurso social, está se dando
uma forma naturalizada a um conteúdo social, ou seja, ao invés do discurso se
apresentar como algo vindo dos debates históricos da sociedade, acaba se
apresentando como algo biológico. O mito é uma fala, contudo:
Naturalmente, não é uma fala qualquer. São necessárias condições especiais para que a linguagem se transforme em mito, vê lo-emos em breve. Mas o que se deve estabelecer solidamente desde o início é que o mito é um sistema de comunicação, é uma mensagem. Eis por que não poderia ser um objeto, um conceito, ou uma ideia: ele é um modo de significação, uma forma. Será necessário, mais tarde, impor a esta forma limites históricos, condições de funcionamento, reinvestir nela a sociedade: isso não impede que seja necessário descrevê-la de início como uma forma. (BARTHES, 1999, P. 131)
A naturalização transforma o social em genético, tornando aparentemente
incontestável, como o discurso da raça superior dos nazistas. Com base nesse discurso
os nazistas partiam do princípio que as questões sociais, à maneira positivista, são de
ordem racial, biológica e genética, por isso naturais, quer dizer, naturalizadas, ou seja,
o social não tem peso na formação do humano, isso é dado por uma hereditariedade
inevitável, no caso nazista, apenas será superior aquele que for da raça ariana.
Essa naturalização do discurso racial, deve ser lembrado na atualidade, pois
vemos esse reflexo, na fictícia divisão de um Brasil imaginário, em cores e regiões,
como observaremos nos próximos debates num mapa disponibilizado nas redes
sociais, logo depois da apuração das eleições presidenciais de 2014.
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Nós vos pedimos com insistência: Nunca digam - Isso é natural - diante dos acontecimentos de cada dia. Numa época em que reina a confusão, em que escorre o sangue, em que se ordena a desordem, em que o arbítrio tem força de lei, em que a humanidade se desumaniza.... Não digam nunca - Isso é natural! - Para que nada passe a ser imutável.
(Bertold Brecht)
Por causa dessas questões que o poema de Brecht, descrito acima, nunca
pareceu tão atual, pois não podemos achar natural, que um país seja ficticiamente
dividido, por questões regionais, raciais, políticas, ou cromáticas, como ocorrem nos
discursos de nosso tempo.
Os Meios Digitais, as Redes Sociais, a Internet e o Facebook e o Ódio
Para descobrir indícios constantes da intolerância, não é preciso fazer um
levantamento profundo, basta navegar por minutos nas redes sociais, principalmente
no facebook, que parece estar se tornando num depositório perene, um registro
constante, do derramar-se emocional, e das opiniões de todos os que estão cadastradas
neles, que, em 2015, chegou a impressionante marca de mais de 1 bilhão de acesos
num único dia. Porém, para além de ser o ambiente democrático de divisão de
conteúdos, parece que as redes sociais têm tomados caminhos tortuosos, e tem se
mostrado, também, como um depositário do preconceito, da violência, onde o
anonimato, ou a falta do contato pessoal direto, muitas vezes, acaba por desumanizar
o sujeito, deixando que o humano passe a liberar a sua intolerância com menor
interferência das convenções sociais de respeito em relação ao outro.
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Essa intolerância nas redes sociais, muitas vezes é estimulada por leituras
simplistas e superficiais, que ao invés de serem investigadas, e compreendidas, são
apresentadas como verdades absolutas.
Observe, por exemplo, no dia seguinte às eleições presidenciais de 2014, um
dos mapas que mais circulava nas redes sociais era o que apresentava, em resultados
absolutos, os estados onde o partido vermelho obteve mais votos, e os estados onde o
partido azul obteve mais votos. Observando o gráfico, em uma leitura superficial, que
foi feita por grande parte da população, a conclusão aprecia óbvia, o Brasil está
dividido, existem dois “Brasis”, e a solução óbvia: separar o Brasil.
http://otambosi.blogspot.com.br/2014/11/o-brasil-azul-e-o-brasil-vermelho.html Fig. 1
Não por causa, exclusivamente desse mapa, mas por toda a intolerância
construída pelos discursos preconceituosos, logo depois da eleição, um discurso
separatista, que parecia esquecido à muito tempo, reapareceu com toda à força.
Desses discursos separei alguns que seguem abaixo:
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olha vamos se unir fecha nossa fronteira do sul olha corrupição olha povo vamos lutar
por novo pais para nosso filho enquanto temos horario de verão o nordeste não tem
cade o direito o PT MONOPOLIZOU O SUL TIRA DE NOIS PRA DA DE
CRASÇAS PARA NORDESTE VAMOS LUTAR SEPARA PARA UM FUTURO
MELHOR PARA NOSSO FILHO ATES QUE ESSE COMUNISTA ACABER COM
SUL violencia crescer cada dia mais olha arma e droga que vem do paises vizinho
olha bandidagem olha saúde agora aguenta esse comunista ai fogo separação do sul
confederação sulista ..agora é outro tempo nosso tempo vamos sulista a luta ..
Responder · Curtir · 18 · Seguir publicação · Editado · 26 de outubro às 21:31
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Tem sim meu amigo, nós do sul somos explorados pelo governo federal e por isso o
desejo de separação... E vcs nordestinos são homens e mulheres honrosos e
trabalhadores, o governo não pode tomar poder sobre vcs! LIBERTEM-SE também!
"UM POVO NÃO PODE TEMER SEU GOVERNO, É O GOVERNO QUE DEVE
TEMER SEU POVO!" e SAIBAM, Vcs aqui no sul seja ele, regiao ou país, serão
sempre bem vindos!!!
Responder · Curtir · 275 · Ontem às 00:06
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26 de outubro às 20:47 ·
Parabéns ao povo do Norte e Nordeste, que vota na Dilma e depois vem pra São Paulo
procurar uma vida melhor.
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Se observarmos esses discursos, eles concordam com o mapa, que começa a
criar categorias de indivíduos diferentes, e que essa diferença é determinada,
exclusivamente, pela localização regional. Esse discurso resgatado das visões da
primitiva sociologia positivista, e do evolucionismo social, que era capaz de ver
influências determinantes na ditas, raças, somente por causa do clima, do da
hereditariedade genética, agora retomam o sua posição, como uma verdade absoluta,
um verdadeiro imperativo categórico.
Por esses indícios superficiais, pode-se concluir então, que seria melhor
separar o Brasil, pois politicamente, nosso país não é verde e amarelo, mas se divide,
de maneira exata, em vermelhos e azuis. Porém, o que queria revelar, para aqueles
que mantem sua visão mais simplista, que o Brasil não é nem azul, tão pouco,
vermelho: O Brasil é roxo, exatamente isso, uma cor secundária, que nasce da mistura
do vermelho e do azul. O Brasil é roxo.
E isso é o que nos mostra o mapa abaixo, apresentado no mesmo dia, mas
menos compartilhado, talvez por revelar um fato interessante, quando deixamos às
visões simplistas, podemos ver que as verdades não podem ser tão radicais, mas que é
preciso entender os fenômenos sociais de maneira relativa, e observar como os fatos
históricos não construídos por matizes mais próximas, e não por contradições radicais.
http://thomasconti.blog.br/2014/contra-o-preconceito-o-resultado-ponderado-das-eleicoes-
por-estado/
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Fig. 2
Considerações finais
Portanto, antes de mais nada, o Brasil é roxo. Ou seja, essa distinção radical de
ideologias políticas em regiões, representadas pelo vermelho e o azul, não reflete a
realidade. As visões simplistas, de herança positivista acabam por embotar os olhares,
deixando a visão turva, criando absolutos como a visão dicotomizada de um Brasil
dividido em raças determinadas pelo cromatismo de suas camisas e bandeiras, que se
mostram e reproduzem pelas redes sociais em discursos de intolerância e ódio, como
a visão separatista, reavivada nas eleições de 2014.
Dessa maneira, torna-se necessário e justificável essa análise, pois é preciso
revelar esse movimento de intolerância, como fez Hannah Arendt, para que não se
repita a história recente da violência, onde seres humanos, todos pertencentes, e
desculpe a repetição, à espécie humana, possam acreditar que se diferenciam, apenas
pelas cores que usam, ou pelas ideias que defendem, é importante rebater esses
absolutos, para que não nos prendamos a uma visão onde, aquilo que não concorda
com a opinião de determinado grupo, deva ser eliminado, ou afastado. Além disso, é
preciso reavaliar o uso dos meios de comunicação, principalmente dos meios de
comunicação digital, e das redes sociais, pois, como canais de contato, são muito
eficientes, e cumprem a sua missão básica de encurtar os espaços e promover as
relações comuns entre os seres humanos, para que possam construir uma sociedade
menos intolerante, ou melhor, constituir um grupo que possa dividir seus conteúdos
comuns, formando, assim, mais que uma sociedade, uma comunidade. Ou seja, se
formos pensar em culpados pela intolerância nas redes sociais, não poderemos culpar
os meios de comunicação, mas sim, deveremos nos olhar no espelho, e reavaliar se
nossa postura de uso desses meios está sendo coerente, e respeitosa, e democrática.
Por isso, mais que acusar, esse texto pretende servir de alerta, para que possamos
PPGCOM ESPM // SÃO PAULO // COMUNICON 2016 (13 a 15 de outubro de 2016)
conviver no universo visual, como se o outro também possa ser considerado com ser
humano.
Referências
ARENDT, H. As Origens do totalitarismo. São Paulo: Companhia das letras, 1989. ARENDT, H. Algumas Questões de Filosofia Moral. In: Arendt, H. Responsabilidade e julgamento. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. BARTHES, R. Mitologias. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999. GLUCKSMANN, A. O Discurso do Ódio. São Paulo: DIFEL, 2007. HALL, S. A Identidade Cultural na Pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2004. LAFER, C. A Internacionalização dos Direitos Humanos: O Desafio do Direito a ter Direitos. In: Aguiar, O. A. et alii (Org.). Filosofia e Direitos Humanos. Fortaleza: Editora da Universidade Federal do Ceará, 2006. MATTELART, A. e MATTELART, M. História das teorias da Comunicação. São Paulo: Loyola, 1999. SANTOS, M. Por uma outra Globalização. Rio de Janeiro: Record, 2000.