o mal estar na civilizaÇÃo · 2018-06-06 · o mal estar na civilizaÇÃo sigmund freud 1. freud...
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O MAL ESTAR NA
CIVILIZAÇÃOSigmund Freud
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FREUD
Em 1930 publicou Des Unbehagen in der
Kultur ("Mal estar na Civilização") - Culturas
neuróticas - Conceitos de Projeção,
Sublimação, Regressão e Transferência.
Nesta obra Freud investiga o sofrimento
humano e as formas de lidar com ele,
Freud identifica o motivo básico da
insatisfação humana.
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Para Freud não há a possibilidade de umasociedade livre, onde os indivíduos sejamplenamente felizes, já que a formação dasociedade pressupõe repressão,introjetando nesses indivíduos umaespécie de policiamento, o superego, queos pune com o sentimento de culpaquando estes buscam satisfazer as suaspulsões, quando buscam a felicidade.
Além da própria dinâmica libidinal nãopermitir uma sociedade sem repressão, jáque os indivíduos são dotados de instintosagressivos, e quando libertos destroem asociedade.
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Nascemos com um programa
inviável que é atender aos
nossos instintos, mas o mundo
não o permite;
Freud identifica a dor conforme
a sua origem. A originada do
corpo, combatida pela química,
a originada do desejo
insatisfeito e a dor proveniente
das nossas relações com os
outros, a que mais fere.
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Existem três saídas para a dor: desistir dodesejo, usar um prazer substituto ou fugir dafrustração. Desistir do desejo é o objetivo dafilosofia e de algumas religiões; um prazersubstituto podem ser a ciência e asrealizações artísticas, o prazer do espírito.
Finalmente a fuga da realidade através daloucura, que cria um mundo interior, ou dodelírio coletivo representado pela religião ,que também cria um outro mundo, ou a fugaatravés das drogas que embotam nossacapacidade de sentir o sofrimento, tanto físicocomo espiritual. Segundo Freud, todos nósusamos ao longo de nossa vida, algumasdessas soluções.
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Eros
Princípio do prazer
Instinto de vida
Thânatus
Princípio da realidade
Instinto de morte
interagir na civilização,
aproximar os indivíduos, contra a civilização
Por encontrar-se alienado ao meio em que pertence,
diante das imposições de uma sociedade repressiva,
e sem a possibilidade de um ambiente que permita
a total liberdade, o ser humano não encontra
possibilidades de concretização da felicidade,
entendida como a liberação das energias instintivas.
amor agressividade
HOMEM
Freud refere-se à dor basicamentecomo sentimento moral em vez defísica.
Freud a explica a dor ou sofrimentoenquanto sensação ligada àmoralidade e a busca da felicidade, apartir das relações entre osindivíduos, sejam de caráter apenasafetivo ou tomadas por impulsossexuais.
É justamente esse tipo de dor quetem a maior capacidade de ferir eatingir o ego do indivíduo.
7
Todas as formas de superar o
sofrimento têm graves
desvantagens.
Felicidade, diz ele, é a realização
imediata de um impulso instintivo,
nada a supera, mas nunca dura.8
O amor torna-se dor com a perda do parceiro.
A realização artística ou científicadepende de talentos individuais.
A religião infantiliza o crente.
As drogas legais e ilegais cobram seu preço nos efeitos colaterais que geram degradação física.
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ALTERAÇÕES MENTAIS
NA FUNÇÃO DO AMOR
AMOR FRATERNO
DESLOCAMENTO DO OBJETO
PARA O AMAR
RELAÇÕES DE DEPENDÊNCIA / SOFRIMENTO
Protegem-se contra a perda do objeto, voltando seu
amor, não para objetos isolados, mas para todos
os homens, evitam as incertezas e as
decepções do amor genital.
O desvio de seus objetivos sexuais
transforma o instinto num impulso
com uma finalidade inibida.
AMOR GENITAL
O autor cita o amor como uma das formas maiseficientes de realização dos nossos desejos. Encontrarum parceiro pode ser muito eficiente para superarfrustrações e atender aos nossos impulsos instintivosbásicos.
Certas formas de superar o sofrimento seriamprocuradas pelas pessoas narcísicas, voltadas para aauto realização, e outras formas seria preferidas pelaspessoas que buscam realização através das suasrelações com os outros.
Todas as formas de superar o sofrimento têm gravesdesvantagens. O amor torna-se dor com a perda doparceiro. A realização artística ou científica dependede talentos individuais.
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A religião infantiliza permanentemente ocrente. As drogas legais e ilegais cobram seupreço nos efeitos colaterais que geramdegradação física.
Felicidade, diz ele, é a realização imediata deum impulso instintivo, nada a supera, masnunca dura.
O sentimento de culpa seria o mal-estar dacultura, o preço de vivermos em sociedade,reprimindo a sexualidade e a agressividade.Sob esta ótica, o mal-estar é estrutural,próprio dos processos de organização dopsiquismo do homem, do fato de ele existir,de ser, pois ele só pode ser e existir comohomem dentro da civilização.
11
A existência humana é
problematizada por não mais
ser natural. Em relação a ela,
as leis da natureza são
substituídas pelas leis da
cultura.
Por um lado, a civilização em
si, provoca um mal-estar, por
outro lado, sem civilização não
haveria humanidade, seríamos
apenas outros primatas regidos
pela natureza.
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Freud diz que na pulsão destrutiva,agressiva, advinda da pulsão de morte, estáo maior perigo à civilização. Além daidentificação e das relações amorosas, aúnica forma de contornar, controlar ereprimir a agressividade humana é atravésdo processo de sua internalização.
Desta forma, a agressão ao invés de serdirigida para fora, se volta para dentro decada um de nós. Isto se dá através daambivalência do complexo de Édiporeforçada pela pulsão de morte, pelosprocessos de identificação, responsáveispela formação do superego, que - entrandoem tensão com o ego - estabelece osentimento de culpa.
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Se a civilização impõe sacrifícios tão grandes, não
apenas à sexualidade do homem, mas também à
sua agressividade, podemos compreender melhor
porque lhe é difícil ser feliz nessa civilização. (...)
O homem civilizado trocou uma parcela de suas
possibilidades de felicidade por uma parcela de
segurança”.
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Atribuía o mal-estar da civilização àhiper repressão de uma sociedadepoliciada.
As pulsões agressivas reprimidas estãoescondidas em profundidade,fechando-se antes de subir novamenteà superfície no momento de crise.
Na visão freudiana, a civilização ésomente uma crosta superficial sobre ofundo da barbárie.
Quanto mais ela aparece harmoniosae ordenada, tanto mais ela abrigaaquilo que se situa num nível maisprofundo, as tensões exasperadas, asameaças de implosão nervosa.
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“A civilização, portanto tem de serdefendida contra o indivíduo. Seusregulamentos, instituições e ordensdirigem-se a essa tarefa.
Visam não apenas efetuar uma certadistribuição da riqueza, mas também amanter essa distribuição; na verdadetêm de proteger, contra os impulsoshostis dos homens, tudo o quecontribui para a conquista da naturezae a produção de riqueza.
As criações humanas são facilmentedestruídas, e a ciência e a tecnologia,que as construíram, também podem serutilizadas para a sua aniquilação.”
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Quando uma sociedade reprime os desejos
inconscientes de tal modo que não possam
encontrar meios imaginários e simbólicos de
expressão, quando os censura e condena de tal
forma que nunca possam manifestar-se, prepara o
caminho para duas alternativas igualmente
distantes da ética: ou a transgressão violenta de
seus valores pelos sujeitos reprimidos ou a
resignação passiva de uma coletividade neurótica,
que confunde neurose e moralidade.
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Em outras palavras, em lugar de ética há
violência: violência da sociedade, que
exige dos sujeitos padrões de conduta
impossíveis de serem realizados e,
violência dos sujeitos contra a sociedade,
pois somente transgredindo e desprezando
os valores estabelecidos poderão
sobreviver.
“Em suma, sem a repressão do desejo não
há sociedade nem ética, mas a excessiva
repressão do desejo destruirá, primeiro a
ética e, depois, a sociedade.”
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• A descoberta do valor do trabalho.
• O outro, como companheiro de
trabalho com quem era útil conviver.
• O hábito de formar famílias.
• A necessidade de satisfação genital
permanente.
• A fêmea como objeto sexual.
• A vontade arbitrária do chefe, o pai.
• A vida comunal, sob a forma de grupos de
irmãos.
• Os preceitos do tabu constituíram o primeiro
'direito' ou 'lei'.19
Concluindo
Existe um novo mal-estar, que se situa além
daquele da repressão dos instintos, e que se deve
aos sucessos da nossa civilização.
O desenvolvimento técnico e material produziu
um subdesenvolvimento psíquico e moral, o bem-
estar produziu o mal-estar, sem suprimir as zonas
de anomia e de miséria.
Qualquer indivíduo traz consigo uma propensão
egocêntrica e uma propensão comunitária.
Nossa civilização desintegra as comunidades
concretas, favorece não somente o
individualismo, o que é uma virtude, mas
também seus excessos no egocentrismo e no
hedonismo.20
O homem tende a se tornar mais agressivo à medida que seusimpulsos são controlados.
Para se chegar a essa conclusão, Freud defendiaa ideia de contenção da agressividade por meio da diminuiçãoda repressão e fortalecimento dos impulsos sexuais do serhumano.
Portanto, mesmo grupos libidinalmente constituídos,fabricam, criam e precisam de inimigos para combater, a fim deexteriorizar suas pulsões agressivas e reforçar "civilizadamente"os laços identificatórios com seus membros.
Caso contrário, a violência da tensão interna do grupo, volta-secontra seus próprios elementos.
Portanto, mesmo que os inimigos desaparecessem e ahumanidade pudesse se reconciliar consigo mesma, a violênciaagressiva/sexual - Eros e Thânatos - sempre presentes,buscariam um novo lugar de expressão.
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Esta estreita ligação entre Eros eThânatos, nos leva para longe de qualquertipo de "otimismo", no sentido de poder seestabelecer uma síntese ou previsibilidadedo que "acontece" nas fronteiras entreEros e Thânatus.
Contudo, fica um campo deindeterminaçãoe complexidade, também de negociação.
Ainda que os produtos tragam a chancelade um bem-estar-ao-ser-humano aferidopor Eros, estes sempre portam o selo dairracionalidade de Thânatos, e o remédioque cura pode ser o remédio que mata.Sempre.
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