o lado sombrio dos buscadores de luz 25-03-2010
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O LADO SOMBRIO DOS
BUSCADORES DA LUZ
Recupere seu poder, criatividade e
confiana, e realize os seus sonhos
Debbie Ford
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SUMRIO
INTRODUO................................................................................................................ 03
PREFCIO..................................................................................................................... . 05
CAPTULO 1. Mundo Exterior, Mundo Interior............................................................... 07
CAPTULO 2. Em Busca da Sombra.............................................................................. 12
CAPTULO 3. O Mundo Est Dentro de Ns.................................................................. 18
CAPTULO 4. A Recuperao de Ns Mesmos............................................................. 26
CAPTULO 5. Conhea a Sua Sombra, Conhea a Si Mesmo...................................... 34
CAPTULO 6. Eu Sou Isso..................................................................................... ...... 43
CAPTULO 7. Assimile o Seu Lado Sombrio.................................................................. 53
CAPTULO 8. Reinterpretando a Si Mesmo.................................................................... 63
CAPTULO 9. Deixe a Sua Luz Prpria Brilhar............................................................... 75
CAPTULO 10. A Vida Merece Ser Vivida........................................................................ 86
EPLOGO..................................................... .................................................................... 98
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INTRODUO
O trabalho da sombra est presente desde o comeo dos tempos. a verdadeira
essncia do impulso religioso, onde tradicionalmente temos procurado um equilbrio entre a
luz
e a escurido. Lembra-se de Lcifer, que chegou a ser o mais brilhante dos anjos? A queda
dele a tentao que todos ns enfrentamos. Somos continuamente exortados a permanecer
atentos para no ficarmos sob a influncia do lado sombrio.
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Recentemente, fui lembrado da natureza perene do trabalho com a sombra por uma
pessoa da platia, em Minneapolis, que se levantou, depois de uma palestra que eu dera sobre
a sombra, e perguntou: Voc no est apenas despejando vinho velho em garrafas novas?
Bom, sim, respondi, de certo modo surpreso por ela ter feito essa relao. O lado
sombrio tem sido uma parte de todas as nossas tradies religiosas. Mas estamos sempre
precisando de novos recipientes e de uma nova linguagem que seja contempornea ao transe
pelo qual passa a humanidade. Sim, est certo, repeti, o trabalho com a sombra vinho
velho.
Esse questionador me lembrou de diversos clientes que se viram diante da prpria
sombra no meu consultrio, no decorrer de muitos anos. Cada gerao precisa de novos
caminhos para falar do fenmeno da sombra, tanto da sombra positiva quanto da negativa. A
escurido no significa somente o aspecto negativo, refere-se a algo que est fora do alcance
da luz ou da nossa conscincia. A fase inicial do conselho teraputico confessional e muito
semelhante venervel instituio catlica da confisso: ns ouvimos a pessoa falar sobre
ms aes e falhas, de que forma algum chegou a uma situao dolorosa ou de como no foi
capaz de realizar seu potencial positivo. Somos desafiados a transmitir realidade e dar
significado quilo que est sendo trabalhado com os clientes, para ajud-los a se conscientizar
de suas partes rejeitadas. O maior pecado pode ser uma vida no vivida.
Nesse episdio espontneo em Minnesota, lembravam-me tambm que o eminente
psiclogo suo C. G. Jung escreveu no seu livro de 1937, Psichology and Religion: Para
alcanar a compreenso de assuntos religiosos, provvel que tudo o que nos restou hoje seja
a abordagem psicolgica. por isso que pego essas formas-pensamento que foram fixadas
historicamente, tento derret-las de novo e coloc-las em moldes de prtica instantnea.
O conceito de sombra como um molde. uma maneira de simbolizar na linguagem o
lado no reconhecido da personalidade e transmitir-lhe realidade, um significado para nos
apegarmos e falar sobre nossas partes desconhecidas. A sombra se refere quela nossa
poro que est sempre se alterando e mudando luz do ego consciente, queles nossos
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aspectos que no conseguimos trazer completamente percepo responsvel. Como
indivduos e membros de uma cultura especfica, passamos o tempo todo selecionando e
corrigindo experincias, criando um ideal do ser e do mundo baseado no ego. Quanto mais
procuramos a luz, mais densa se torna a Sombra.
Conhecemos a sombra por muitos nomes: lado sombrio, alter ego, o eu inferior, o outro, o
duplo, o gmeo da escurido, o eu repudiado, o eu reprimido, o id. Falamos em encontrar
nossos demnios, lutar com o diabo (o diabo me faz fazer isso), uma descida ao submundo,
uma noite escura da alma, uma crise da meia-idade.
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A sombra comea com a mais remota emancipao de um eu da grande unidade da
conscincia de onde todos ns viemos. A formao da sombra corre paralelamente ao
desenvolvimento do ego. O que no combina com o desenvolvimento do nosso ego ideal
nosso pensamento idealizado do ser, reforado individualmente pela famlia e pela cultura
torna-se sombra. O poeta e escritor Robert Bly chama a sombra de o grande saco que
arrastamos atrs de ns. At os vinte anos, passamos a vida decidindo quais as partes de
ns mesmos que vamos pr no saco, diz Bly, e o resto do tempo ficamos tentando tir-las de
l.
Voc prefere ser inteiro ou bom?, perguntou Jung, a pessoa que cunhou o termo potico
sombra e moldou esse conceito para nossa poca. Jung prestou ateno especialmente no
trabalho de integrao da sombra, sugerindo que era uma iniciao vida psicolgica a
tarefa do aprendiz, como ele a chamou -, um conhecimento essencial para nossa prpria
realizao. A realizao da sombra um problema eminentemente prtico, disse ele, que
no deveria ser desviado para uma atividade intelectual, porque tem muito mais o significado
de um sofrimento e uma paixo que engloba a pessoa inteira.
A terapia da sombra, como Debbie Ford descreve to claramente neste livro, se refere a
um processo contnuo de despolarizao e equilbrio, de sanar a ruptura existente entre nosso
sentido consciente do ser e tudo o mais que somos ou deveramos ser. Como a prtica
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chamada Caminho do Meio, no budismo, a integrao da sombra nos d uma conscincia
unificada que nos permite reduzir a inibio da sombra ou os potenciais destrutivos, liberando
as energias vitais retidas que so vislumbradas nas aparncias e posturas exigidas para
encobrir o que no conseguimos aceitar em ns mesmos. Esse trabalho traz benefcios que
vo alm da esfera pessoal e capaz de agir para o bem coletivo no seu sentido mais amplo.
Se equilibrarmos as tenses que brotam no nosso prprio jardim, os efeitos disso se
espalharo por todos os campos da terra.
No podemos deixar de dar valor a um livro sobre a sombra. um presente arduamente
conseguido, o tesouro do conhecimento arrancado dos deuses, muitas vezes com um grande
e herico sacrifcio. Um livro sobre a sombra no se destina apenas nossa mente, mas
mais bem entendido por nosso corao e nossa imaginao.
O Lado Sombrio dos Buscadores da Luz vinho velho em novos odres. Ele conserva o
paladar e o buqu. A embalagem contempornea, um processo de integrao da sombra
adequado aos nossos tempos. Devemos aceitar o conselho de Debbie Ford e, aqui no incio,
sacralizar nosso prprio trabalho com a sombra como uma oferenda ao que h de mais alto
em
ns: ao amor, piedade, tarefa do corao. Como nos recorda o sbio esprito do I Ching, ou
Livro das Mutaes:
Apenas quando tiver a coragem
de encarar as coisas exatamente como elas so,
sem enganar a ns mesmos nem nos iludir,
surgir uma luz dos acontecimentos,
permitindo que o caminho do sucesso
seja reconhecido.
I Ching
Hexagrama 5, Hs,
Espera (Nutrio)
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PREFCIO
Quando eu era criana, no me sentia bem comigo mesmo. De fato, havia momentos em
que eu realmente detestava ser quem eu era. Acreditava que era o nico menino no mundo
to
desajeitado, to incapaz de fazer amigos e to ridicularizado pela confraria de colegas da qual
eu, desesperadamente e to sem sucesso -, ansiava por fazer parte.
As coisas no mudaram muito quando me tornei adulto. Sim, pensei que fosse tomar um
novo rumo. At me mudei para uma nova cidade, onde ningum me conhecia. Onde ningum
ficaria sabendo da minha tendncia infantil de me vangloriar para compensar a falta de
confiana em mim mesmo. Ningum teria visto o que os adultos da minha infncia chamavam
de meu estouvamento. E ningum saberia sobre meu hbito de ser invasivo, enchendo o
ambiente com minha presena a ponto de ningum mais sentir que tinha espao para
aparecer. Meu desajustamento social jamais seria descoberto.
Bom, percebi que no adiantava me mudar de cidade, j que eu iria junto.
At que chegou o dia em que descobri a mim mesmo, num retiro de crescimento
individual organizado pelo departamento pessoal da empresa em que eu trabalhava. A
coordenadora do retiro me disse alguma coisa que eu jamais esquecerei.
Tudo aquilo que voc chama de erros, todas as coisas de que voc no gosta a respeito
de si mesmo so seus maiores trunfos, disse ela. Eles somente esto amplificados acima do
desejado. O boto do volume foi girado um pouco a mais do que deveria, s isso. Basta
abaixar um pouco. Logo, voc e todos os demais ver sua fraqueza como sua fortaleza,
seus pontos negativos como positivos. Eles se tornaro excelentes instrumentos, prontos
para trabalhar a seu favor, em vez de contra. Tudo o que voc tem a fazer aprender a invocar
esses traos de personalidade em doses apropriadas para o momento. Calcule qual a
quantidade necessria de suas maravilhosas qualidades e no libere nada alm disso.
Senti como se tivesse sido atingido por um raio. Nunca ouvi nada parecido, e ainda assim
sentia instintivamente que era verdade. Minha bazfia no era nada mais do que confiana
amplificada. O que as pessoas chamavam de estouvamento ou imprudncia em minha
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juventude no era nada alm de espontaneidade e pensamento positivo, tambm ampliados
alm do exigido. E a atitude invasiva era apenas minha capacidade de liderana, minha
agilidade verbal e minha disposio para vencer todas colocadas trs pontos acima do
necessrio.
Percebi que todos esses aspectos do meu ser eram qualidades pelas quais eu fora
elogiado vez por outra. No era de admirar que eu ficara confuso!
Foi s ento, quando olhei para o lado da sombra e vi com clareza por que os outros
algumas vezes chamavam meus comportamentos de negativos, que tambm percebi o
benefcio de cada um deles. Tudo o que eu tinha a fazer era empregar esses comportamentos
de forma diferente e no reprimi-los nem rejeit-los. Simplesmente us-los de maneira
diferente.
Eu agora entendo a extraordinria importncia de levar uma vida completa. Isto , permitir
a mim mesmo, em primeiro lugar, perceber e, ento, fundir todos os aspectos que me
compem aqueles que eu e os outros chamamos de positivos e aqueles que chamamos de
negativos em um magnfico Todo.
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Por meio desse processo, finalmente fiz amigos. Mas como demorou para chegar nesse
ponto! E como o processo teria sido mais rpido se eu tivesse tido a revelao das vises
profundas e da maravilhosa sabedoria deste livro de Debbie Ford.
Leia este livro cuidadosamente. Leia-o uma vez, e outra vez ainda. E, ento, leia-o uma
terceira vez para chegar medida certa. Faa os exerccios sugeridos nele. Eu desafio voc.
Eu o desafio duplamente.
Mas no leia o livro nem faa os exerccios sugeridos nele se no quiser que sua vida
mude. Feche o livro neste minuto. Ponha-o na prateleira mais alta de sua estante, onde nunca
mais possa alcan-lo. Ou d o livro a um amigo. Porque ser praticamente impossvel l-lo
sem sentir mudanas em sua vida.
Acredito que a vida deve ser levada com absoluta visibilidade; o que significa com
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transparncia total. Nada escondido, nada negado. Nem mesmo a parte de mim mesmo para a
qual no desejo olhar, muito menos conhecer. Se concordar comigo em que a visibilidade a
chave da autenticidade e que a autenticidade a porta de acesso ao seu Verdadeiro Eu, voc
agradecer a Debbie Ford do fundo do corao por este livro, porque ele o conduzir quela
entrada, atrs da qual se encontra a alegria duradoura, a paz interior e onde seu amor-prprio
ocupar um lugar to vasto que voc finalmente encontrar espao para amar os outros
incondicionalmente.
E, uma vez iniciado esse ciclo, voc no s mudar a sua vida, mas comear
verdadeiramente a transformar o mundo.
Neale Donald Walsch
Ashland, Oregon
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Captulo 1
Mundo Exterior, Mundo Interior
A maioria das pessoas abandona o caminho do crescimento individual porque em algum
ponto a carga da dor se tornou pesada demais para ser suportada. O Lado Sombrio dos
Buscadores da Luz revela como desmascarar aquele determinado aspecto de cada um que
destri os relacionamentos, mata o esprito e nos impede de realizar nossos sonhos. aquilo a
que o psiclogo Carl Jung chamou de sombra. Contm todas as nossas facetas que tentamos
esconder ou negar; os aspectos sombrios que julgamos no serem aceitveis para a famlia,
para os amigos e, mais importante, para ns mesmos. O lado sombrio est calcado
profundamente em nossa conscincia, escondido de ns e dos outros. A mensagem
transmitida desse local oculto simples: h alguma coisa errada comigo. No estou bem. No
sou atraente. No mereo ser bem-sucedido. No tenho valor.
Muitos de ns acreditamos nessas mensagens. Cremos que, se olharmos bem de perto o
que jaz nas profundezas do nosso ser, acharemos alguma coisa horrvel. Evitamos nos
aprofundar com medo de descobrir algum com quem no consigamos conviver. Temos medo
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de ns mesmos. Tememos qualquer pensamento ou sentimento que tenhamos recalcado em
algum momento. Diversas pessoas esto de tal forma inconscientes desse medo que s
conseguem vislumbr-lo quando refletido. Ns o projetamos no mundo, na famlia, nos amigos
e em estranhos. O medo est arraigado to profundamente que a nica maneira de lidar com
ele escond-lo ou neg-lo. Ns nos tornamos grandes impostores que enganam a si mesmos
e aos outros. Somos to bons nisso que realmente esquecemos que estamos usando
mscaras para esconder nossas personalidades autnticas. Acreditamos que somos as
pessoas que vemos no espelho ou que somos nosso corpo e nossa mente. Mesmo depois de
anos observando nossos relacionamentos, carreiras, dietas e sonhos fracassarem,
continuamos a abafar essas mensagens internas perturbadoras. Dizemos a ns mesmos que
estamos bem e que as coisas vo melhorar. Colocamos vendas nos olhos e abafadores nos
ouvidos para poder manter vivas as historias que criamos. No estou bem. No sou atraente.
No mereo ser bem-sucedido. No tenho valor.
Em vez de tentar suprimir nossas sombras, precisamos revelar, reconhecer e assumir as
coisas que mais tememos encarar. Ao empregar a palavra reconhecer, estou me referindo a
ter conhecimento de que uma determinada caracterstica pertence a voc. A sombra que
detm as pistas, diz o conselheiro espiritual e escritor Lazaris. Ela tambm possui o segredo
da mudana, mudana que pode chegar ao plano celular ou at mesmo afetar o seu DNA.
Nossas sombras so detentoras da essncia daquilo que somos; guardam os nossos bens
mais preciosos. Ao encarar esses aspectos de ns mesmos, ficamos livres para viver nossa
gloriosa totalidade: o lado bom e o mau, a escurido e a luz. Ao assumir tudo o que somos,
alcanamos a liberdade para decidir o que fazer neste mundo. Enquanto continuarmos a
esconder, mascarar e projetar o que est em nosso interior, no teremos liberdade de ser nem
de escolher.
Nossas sombras existem para nos ensinar, guiar e abenoar com nosso eu completo. So
fontes que devem ser expostas e exploradas. Os sentimentos que abafamos esto ansiosos
para se integrar a ns mesmos. Eles so prejudiciais apenas quando reprimidos: podem surgir
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de repente nas ocasies menos oportunas, e seus botes repentinos vo incapacit-lo nas
reas mais importantes da sua vida.
Sua vida se transformar quando voc fizer as pazes com sua sombra. A lagarta se
tornar, surpreendentemente, uma linda borboleta. Voc no precisar mais fingir ser algum
7
que no . No ser mais necessrio provar que voc o mximo. Quando assumir sua
sombra, voc deixar de viver num constante estado de temor. Descubra os dons da sua
sombra e finalmente voc revelar seu verdadeiro eu em toda a sua glria e ter a liberdade
para criar o tipo de vida que sempre quis.
Toda pessoa nasce com um sistema emocional saudvel. Ao nascer, nos amamos e nos
aceitamos, sem fazer julgamentos sobre quais so as nossas partes boas e quais as ruins.
Ocupamos a integridade do nosso ser, vivendo o momento e expressando livremente o nosso
eu. medida que crescemos, comeamos a aprender com as pessoas nossa volta. Elas nos
dizem como agir, quando comer, quando dormir, e comeamos a fazer distines.
Aprendemos
quais so os comportamentos que nos garantem aceitao e quais os que provocam rejeio.
Aprendemos ao conseguir uma resposta imediata ou quando nossos apelos no so atendidos,
da mesma forma que passamos a confiar nas pessoas que nos rodeiam ou a odi-las.
Aprendemos o que consistente e aquilo que contraditrio; quais as caractersticas
aceitveis em nosso meio e as que no o so. Tudo isso nos desvia da possibilidade de viver o
momento e impede que nos expressemos livremente.
Precisamos reviver a experincia da nossa fase de inocncia que nos permite aceitar tudo
o que somos a cada momento, pois s dessa forma teremos uma existncia saudvel, feliz e
completa. Esse o caminho. No livro de Neale Donald Walsch, Conversando com Deus, Deus
diz:
O amor perfeito est para o sentimento como o branco total
est para a cor. Muitos pensam que o branco a ausncia
de cor, mas no . Na verdade, a abrangncia de todas as
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cores. O branco feito de todas as cores combinadas. Assim
tambm, o amor no a falta de emoo (dio, raiva, desejo,
cime, dissimulao) mas a soma de todos os sentimentos.
a soma total, o montante agregado, o todo.
O amor abrangente: aceita toda a ordem de emoes humanas as emoes que
escondemos e aquelas que tememos. Jung disse, certa vez: Prefiro sentir-me inteiro do que
ser bom. Quantos de ns traram a si mesmos para serem bons, amados e aceitos?
A maioria das pessoas foi educada para acreditar que tem boas e ms qualidades,
portanto, para serem aceitas, so obrigadas a se livrar das ms qualidades ou, pelo menos, a
ocult-las. Essa maneira de pensar ocorre quando comeamos a individualizar as coisas, como
o caso do momento em que passamos a distinguir nossos dedos das grades do bero e
percebemos a diferena entre ns e nossos pais. Mas, medida que crescemos, nos damos
conta de uma verdade ainda maior que espiritualmente estamos todos ligados. Todos ns
fazemos parte de cada pessoa. Desse ponto de vista, devemos perguntar se realmente h
partes boas e ms em ns mesmos. Ou so todas partes necessrias para formar um todo?
Como saber o que bom sem conhecer o que mau? Como reconhecer o amor sem viver o
dio? Como podemos ser corajosos sem ter sentido medo?
O modelo hologrfico do Universo nos d uma viso revolucionaria da relao entre o
mundo interior e o exterior. Segundo essa teoria, cada pedao do Universo, no importa em
quantas fatias ns o dividirmos, contm a inteligncia do todo. Ns, como seres humanos, no
estamos isolados e dispersos. Cada pessoa um microcosmo que reflete e contm o
macrocosmo. Se isso for verdade, diz o pesquisador de mentes Stanislav Grof, ento todos
ns temos potencial para ter acesso experimental, direto e imediato a virtualmente qualquer
aspecto do Universo, estendendo nossas capacidades bem alm do alcance de nossos
sentidos. A marca impressa do Universo inteiro est contida em todos ns. Como declara
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Deepak Chopra, No estamos no mundo, mas o mundo est dentro de ns. Cada um possui
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todas as qualidades humanas. Podemos ser tudo aquilo que vemos ou concebemos, e o
propsito da nossa jornada restaurar a integridade individual.
O santo e o cnico, o divino e o diablico, o corajoso e o covarde: todos esses aspectos
permanecem latentes em ns e vo agir, se no forem reconhecidos e integrados em nossa
psique. Muitas pessoas tm medo tanto da luz quanto da escurido; temem olhar para dentro
de si mesmas, e o temor levanta muros to espessos que perdemos a noo de quem
realmente somos.
O Lado Sombrio dos Buscadores da Luz trata do trabalho a ser feito para atravessar
esses muros, derrubar as barreiras que construmos e olhar, talvez pela primeira vez, para
verificar quem realmente somos e o que estamos fazendo aqui. Ao ler este livro, voc
embarcar numa viagem que mudar sua maneira de enxergar a si mesmo, os outros e o
mundo, abrir seu corao e o encher de respeito e compaixo por sua prpria humanidade.
O poeta persa Rumi dizia: Por Deus, quando voc enxerga sua prpria beleza, torna-se o
dolo de si mesmo. Nestas pginas, apresento um processo para voc descobrir o seu
verdadeiro eu.
Jung, antes de mais nada, usou a palavra sombra para se referir quelas partes da
nossa personalidade que foram rejeitadas por medo, ignorncia, vergonha ou falta de amor.
Sua noo bsica de sombra era simples: a sombra aquela pessoa que voc no gosta de
ser. Ele acreditava que a integrao da sombra causaria um impacto profundo,
capacitandonos
a redescobrir uma fonte mais profunda da nossa prpria vida espiritual. Para fazer isso,
disso Jung, somos obrigados a lutar com o mal, confrontar a sombra, para integrar o diabo.
No temos outra escolha.
Voc precisa mergulhar na escurido para trazer para fora a sua luz. Quando reprimimos
qualquer sentimento ou impulso, tambm estamos reprimindo seu plo oposto. Ao negar
nossa
fealdade, perdemos nossa beleza. Se negamos nosso medo, minimizamos nossa coragem. Se
nos recusamos a ver nossa ganncia, reduzimos nossa generosidade. Nossa grandeza
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completa maior do que conseguimos conceber. Se voc acreditar, como eu, que temos a
marca impressa de toda a humanidade dentro de ns, ento ser capaz de ser a pessoa mais
admirvel que j conheceu, e, ao mesmo tempo, o pior ser que j chegou a imaginar. Este livro
o ensinar a fazer as pazes com esses aspectos s vezes contraditrios de voc mesmo.
Meu amigo Bill Spinoza, um instrutor de grupo de estudos superiores da Landmark
Education, diz: Aquilo com que voc no consegue coexistir no o deixar existir. Voc
precisa aprender a deixar que tudo o que voc exista. Se quiser ser livre, antes de tudo tem
de ser. Isso significa que precisamos parar de nos julgar. Devemos nos perdoar por sermos
humanos, imperfeitos. Porque, ao nos julgar, estamos automaticamente julgando os outros. E
o
que fazemos com os outros fazemos com ns mesmos. O mundo um espelho de ns
mesmos. Quando conseguimos nos aceitar e nos perdoar, fazemos a mesma coisa com os
outros. Essa foi, para mim, uma dura lio a ser aprendida.
Treze anos atrs, acordei deitada no cho frio de mrmore do meu banheiro. Meu corpo
doa e meu hlito cheirava mal. Quando me levantei e olhei no espelho, percebi que no
poderia continuar assim. Estava com 28 anos e ainda esperava que algum aparecesse para
cuidar de mim at que eu melhorasse. Mas, naquela manh, me dei conta de que ningum
viria. Nem minha me, nem meu pai, nem meu prncipe encantado montado no seu cavalo
branco. Eu estava numa encruzilhada, no vcio das drogas. Sabia que em breve teria de
escolher entre a vida e a morte. Ningum poderia fazer essa escolha por mim. Ningum mais
poderia afastar meu sofrimento. Ningum seria capaz de me ajudar at que eu fizesse isso
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comigo mesma. A mulher diante do espelho me causou um choque. Percebi que no tinha
idia
de quem era ela, como se a estivesse vendo pela primeira vez. Cansada e assustada, fui at o
telefone e pedi ajuda.
Minha vida mudou drasticamente. Naquela manh, decidi ficar bem, sem me importar com
quanto tempo isso levaria. Depois de terminar um programa de tratamento de 28 dias,
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estabeleci uma verdadeira odissia para me recuperar por dentro e por fora. Parecia uma
tarefa monstruosa, mas eu no tinha escolha. Cinco anos mais tarde, e tendo gasto
aproximadamente 50.000 dlares, tornei-me uma pessoa diferente. Tinha me livrado dos
meus
vcios, trocado de amigos e mudado meus valores; porm, quando estava em silncio,
meditando, eu sentia que ainda havia partes de mim que no estavam bem, das quais queria
me livrar. O problema que eu ainda me odiava.
Parecia inacreditvel que uma pessoa possa freqentar grupos de terapia durante 11
anos, encontros de grupos de recuperao de viciados, fazer tratamentos para dependncia,
consultar hipnotizadores e acupunturistas, tentar a experincia de renascimento, participar de
grupos de transformao, retiros budistas e sufistas, ler centenas de livros, assistir a fitas de
visualizao e meditao e ainda detestar uma parte do que ela . Apesar de gastar um tempo
enorme e aquela elevada quantia de dinheiro, percebi que eu tinha muito trabalho pela frente.
Finalmente, tive um estalo. Eu estava em um seminrio intensivo de liderana conduzido
por uma mulher chamada Jan Smith. A certa altura, eu estava falando em p, diante de um
grupo, quando de repente Jan olhou para mim e disse: Voc mandona. Meu corao
afundou. Como ela sabia? Eu tinha conscincia de que era assim, mas estava tentando
desesperadamente me livrar dessa parte do meu ser. Havia me empenhado bastante para ser
doce e generosa a fim de compensar esse horrvel trao de carter. Ento, sem emoo, Jan
me perguntou por que eu odiava essa parte de mim mesma. Sentindo-me pequena e idiota,
disse-lhe que era a parte que me causava mais vergonha, que o fato de ser mandona s me
causara outros sofrimentos. Jan, ento afirmou: O que voc no assume toma conta de
voc.
Eu conseguia perceber como estava dominada pela idia de ser mandona, preocupavame
o tempo todo essa faceta do meu carter, mas ainda no queria assumir isso. O que h de
bom em ser mandona?, ela me perguntou. Tanto quanto eu podia perceber, no havia nada
de
bom nisso. Mas ela disse, ento: Se voc estivesse construindo uma casa, os empreiteiros
houvessem estourado o oramento e a obra apresentasse um atraso detrs semanas, voc
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acha que ajudaria ser um pouquinho mandona? Evidentemente, eu concordei. Quando voc
precisa devolver mercadorias em seu trabalho, ajuda ser durona, s vezes? Mais uma vez,
concordei. Jan me perguntou se eu conseguira perceber que, s vezes, ser mandona no s
til, mas uma grande qualidade com a qual podemos contar em determinadas situaes. De
repente, essa parte mim mesma que eu tentara desesperadamente esconder, negar e
suprimir ficou liberada. Todo o meu corpo pareceu diferente. Era como se eu tivesse tirado
um enorme peso de meus ombros. Jan havia captado esse aspecto da minha personalidade e
me mostrara que isso era um talento, e no algo de que devesse me envergonhar. Se eu
permitisse que essa parte existisse, no precisaria mais representar. Seria capaz de us-la, em
vez de ser usada por ela.
Depois desse dia, minha vida nunca mais foi a mesma. Mais uma pea do quebra-cabea
da recuperao havia se encaixado. Aquilo a que voc resiste, persiste. Eu escutara isso
tantas vezes, mas jamais entendera por completo a profundidade dessa afirmao. Ao resistir
mandona que existia em mim, eu mantivera isso trancado. No momento em que aceitei
essa condio e a vi como um dom, afrouxei minha resistncia, e isso deixou de ser um
problema e tornou-se uma parte saudvel e natural do meu ser. Agora, no preciso ser
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mandona o tempo todo, mas, nas ocasies apropriadas, como acontece s vezes no mundo
em que vivemos, posso usar essa qualidade para me proteger.
Esse processo me pareceu milagroso, por isso fiz uma lista de todas as partes de mim
mesma das quais no gostava e trabalhei para descobrir o lado bom delas. To logo fui capaz
de perceber os valores positivos e negativos de cada aspecto meu, consegui diminuir minhas
resistncias e deixar que essas partes existissem livremente. Ficou evidente que esse
processo no se destina a nos livrar de coisas das quais no gostamos em ns mesmos, mas
a fazer-nos descobrir o lado positivo desses aspectos e integr-los em nossa vida.
Este livro um guia para a sua jornada. Ele contm as idias essenciais de um curso que
desenvolvi ao longo dos anos para ajudar voc a revelar sua sombra, apossar-se dela e
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assumi-la. Comearei definindo a sombra detalhadamente e explorando sua natureza e seus
efeitos. Examinarei, ento, o fenmeno essencial da sombra, a projeo, que a forma de
negarmos partes essenciais de ns mesmos quando as rejeitamos. Depois de considerar um
novo modelo para compreender nossa vida interior e exterior o modelo hologrfico do
Universo -, podemos comear a agir, aplicando o que aprendemos para revelar as faces
ocultas do nosso lado sombrio. Empreenderemos em seguida a tarefa de nos apossar das
qualidades da nossa sombra, responsabilizando-nos por elas, aprendendo quais so os
instrumentos especficos para incorporar a sombra e descobrir os talentos dela e como
possvel recuperar o poder sobre partes nossas que entregamos aos outros. Finalmente,
exploraremos os caminhos que nos do condies de nos amarmos e nos nutrirmos e os
instrumentos prticos que nos permitem manifestar nossos sonhos e criar uma vida que
merea ser vivida.
Muita gente perde muito tempo em busca da luz e acaba encontrando escurido. Uma
pessoa no se torna iluminada ao imaginar figuras de luz, diz Jung, mas ao tomar conscincia
da escurido. O Lado Sombrio dos Buscadores da Luz, vai gui-lo em seu caminho para
revelar sua sombra, para apropriar-se dela e para assumi-la. Ele lhe proporcionar o
conhecimento e os instrumentos para trazer luz aquilo que jaz dentro de voc. Vai ajud-lo a
recuperar o seu potencial, a sua criatividade, o seu brilhantismo e os seus sonhos. Vai abrir seu
corao para voc e para os outros, alm de alterar para sempre o seu relacionamento com o
mundo.
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Captulo 2
Em Busca da Sombra
A sombra se apresenta com muitas faces: aterrorizada, ambiciosa, zangada, vingativa,
maligna, egosta, manipulativa, preguiosa, controladora, hostil, feia, subserviente, vulgar,
fraca, crtica, censora... A lista interminvel. Nosso lado sombrio age como um depsito para
todos esses aspectos inaceitveis do nosso ser todas as coisas que pretendemos no ser e
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todos os aspectos que nos causam embaraos. Essas so as faces que no queremos mostrar
ao mundo nem a ns mesmos.
Tudo o que odiamos, a que resistimos ou que rejeitamos no nosso ser assume vida
prpria, sem levar em conta o que sentimos como sendo nossos valores. Quando nos
encontramos face a face com nosso lado sombrio, nossa primeira reao fugir, e a segunda
negociar com ele para que nos deixe em paz. Muitas pessoas j perderam tempo e gastaram
dinheiro justamente para fazer isso. Ironicamente, so os aspectos escondidos que rejeitamos
os que mais necessitam de ateno. Ao trancar as partes das quais no gostamos, sem saber
estamos enterrando nossos mais valiosos tesouros. Esses valores esto ocultos onde menos
esperaramos encontr-los. Esto ocultos na escurido.
Esses tesouros tentam emergir desesperadamente e chamar nossa ateno, mas
estamos condicionados a recalc-los. Como bolas gigantes mantidas debaixo dgua, esses
aspectos irrompem superfcie toda vez que aliviamos a presso. Ao tomar a deciso de no
deixar que algumas partes de ns mesmos existam, somos obrigados a gastar enormes
quantidades de energia para mant-las submersas.
O poeta e escritor Robert Bly descreve a sombra como uma mochila invisvel que cada
um de ns carrega s costas. medida que crescemos, vamos guardando na mochila todas as
nossas caractersticas que no so aceitas pela famlia e pelos amigos. Bly acredita que
passamos as primeiras dcadas de vida enchendo a mochila e que gastamos o resto da vida
tentando recuperar o que pusemos na mochila para aliviar o fardo.
A maioria das pessoas tem medo de encarar e assumir o seu lado sombrio, mas l na
escurido que voc encontrar a felicidade e a sensao de estar completo com que vem
sonhando h tanto tempo. Quando voc usa o seu tempo para se descobrir por inteiro, abre as
portas do verdadeiro esclarecimento. Uma das armadilhas da Era da Informao a sndrome
do j conheo isso. Com freqncia, o conhecimento nos impede de viver a experincia em
nosso corao. O trabalho com a sombra no intelectual; uma viagem da mente ao
corao. Diversas pessoas que trilham o caminho do aperfeioamento individual acreditam
que
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completaram o processo, mas so incapazes de enxergar a verdade sobre si mesmas. Muitos
de ns almejam ver a luz e viver na beleza do seu eu mais elevado, mas tentamos fazer isso
sem integrar todo o nosso ser. No podemos ter a experincia completa da luz sem conhecer a
escurido. O lado sombrio o porteiro que abre as portas para verdadeira liberdade. Todos
devem estar atentos para explorar e expor continuamente esse aspecto do ser. Quer voc
goste ou no, sendo humano, voc tem uma sombra. Se no consegue v-la, pergunte a
algum da famlia ou s pessoas com quem trabalha. Elas vo indic-la para voc. Pensamos
que nossas mscaras mantm nosso eu interior escondido, mas, todas as vezes que nos
recusamos a reconhecer aspectos nossos e quando menos esperamos, ele d um jeito de
erguer a cabea e fazer-se conhecido.
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Assumir um aspecto de si mesmo significa am-lo permitir que ele conviva com todos os
outros aspectos, no o considerando nem mais nem menos do que qualquer um dos outros.
No basta dizer: Sei que sou controladora. necessrio perceber o que a controladora tem a
nos ensinar, quais os benefcios que traz, e ento devemos ser capazes de v-la com respeito
e compaixo.
Vivemos sob a impresso de que para algo ser divino tem de ser perfeito. Estamos
errados, na verdade, o correto o oposto. Ser divino ser inteiro, e ser inteiro ser tudo: o
positivo e o negativo, o bom e o mau, o santo e o diabo. Quando destinarmos um tempo para
descobrir nossa sombra e seus talentos, compreenderemos o que Jung queria dizer com: O
ouro est na escurido. Cada um de ns precisa achar esse ouro para juntar ao seu eu
sagrado.
Na minha infncia, diziam-me que existem duas espcies de pessoas: as boas e as ruins.
Como muitas crianas, trabalhei para exibir minhas boas qualidades e me esforcei para
esconder as ms. Queria desesperadamente me livrar de todas as partes do meu ser que eram
inaceitveis para minha me, meu pai, minha irm e meu irmo. Quando eu j estava um
pouco mais velha, outras pessoas entraram em minha vida com todas as suas opinies, e
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percebi que teria de esconder ainda mais coisas que faziam parte de mim mesma.
noite, eu costumava ficar acordada imaginando porque eu era uma garota to ruim.
Como era possvel que eu houvesse sido amaldioada com tantos defeitos? Preocupava-me
com meu irmo e minha irm, que tambm tinham muitas deficincias a superar no
momento
em que qualquer um de ns mostrasse a menor falha, estaramos em apuros. Diziam-me que
as pessoas que estavam na cadeia haviam ido para l porque tinham defeitos que os puseram
em dificuldades. Eu queria me assegurar que no acabaria olhando minha famlia e meus
amigos por trs das grades. Logo imaginei que a melhor forma para ser aceita era esconder
meus aspectos indesejveis, o que s vezes significava ser obrigada a mentir. Meu sonho era
ser perfeita para que eu fosse amada. Assim, quando no escovava os dentes, eu mentia;
quando comia alm da parte que me cabia dos biscoitos, eu mentia; e quando batia em minha
irm, eu mentia. Assim, aos 3 ou 4 anos de idade, eu j no percebia que mentia, porque
estava mentindo para mim mesma.
Diziam-me: no seja brava, no seja egosta, no seja mesquinha, no seja gulosa. No
seja foi a mensagem que guardei dentro de mim. Comecei a acreditar que era m porque s
vezes eu era mesquinha ou ficava brava ou, ento, queria todas as bolachas. Achava que,
para sobreviver em minha famlia e neste mundo, eu teria de me livrar desses impulsos. Foi
isso que eu fiz. Aos poucos, eu os expulsei para lugares to remotos da minha mente que me
esqueci completamente de que eles estavam l.
Essas ms qualidades tornaram-se minha sombra. E, quanto mais velha eu ficava, mais
para trs eu as empurrava. Quando chequei adolescncia, tinha reprimido tanto de mim
mesma que me tornara uma bomba-relgio ambulante esperando para explodir em cima de
qualquer um que cruzasse meu caminho. Juntamente com as minhas chamadas ms
qualidades, eu tambm sufocara seus opostos positivos. Nunca pude viver o meu eu bonito,
porque perdi muito tempo tentando esconder minha fealdade. Jamais me senti boa em
relao
minha generosidade, porque era apenas uma mscara para encobrir minha mesquinhez.
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Mentia sobre quem eu era, e mentia a mim mesma sobre o que eu era capaz de realizar.
Perdera o acesso a tudo que eu era.
Como eu trabalhara com tanto afinco para me reprimir, no tinha pacincia com os outros
que estivessem expondo suas imperfeies. Tornei-me intolerante e crtica. Diante do meu
julgamento, ningum era bom o bastante, o mundo era um lugar terrvel e todos estavam
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metidos em encrenca. Eu achava que o meu problema surgira porque eu nascera na famlia
errada, tivera os amigos errados, meu rosto e meu corpo no eram o que deveriam ser, eu
morava na cidade errada e freqentava a escola errada. Eu acreditava, verdadeiramente, do
fundo do corao, que essas circunstncias externas eram a causa da minha solido, da minha
raiva e da minha insatisfao. Eu pensava: Se eu, pelo menos, houvesse nascido rica como
merecia, tivesse morado na Europa e freqentado melhores escolas...Ou se, pelo menos,
tivesse as roupas certas e uma polpuda conta bancria, meu mundo seria maravilhoso. Todos
os meus problemas desapareceriam.
Eu cara na armadilha to conhecido do se pelo menos. Se pelo menos isso fosse como
aquilo, tudo estaria bem. Eu estaria bem. Essa iluso no durou muito. Quando a fantasia se
extinguiu, eu me deparei com meu pior pesadelo. Descobri que tudo o que eu era... era eu:
uma mulher magricela, imperfeita, de classe mdia, zangada e egosta. Levei 17 anos para
chegar a um acordo a respeito de tudo o que eu sou. O lado brilhante e o belo, o falho e o
imperfeito. E at hoje ainda h aspectos que precisam ser trabalhados.
A razo para trabalharmos a sombra que s assim conseguiremos nos sentir inteiros,
poremos um fim ao sofrimento e deixaremos de nos esconder do resto do mundo. Nossa
sociedade nutre a iluso de que todas as recompensas vo para os que so perfeitos. Mas
muitos esto percebendo que tentar ser perfeito muito custoso. As conseqncias de tentar
se equipar pessoa perfeita podem nos destruir fsica, mental, emocional e espiritualmente.
Tenho trabalhado com tantas pessoas boas que sofrem de males diversos... vcios, depresso,
insnia e problemas em seus relacionamentos. Pessoas que nunca ficam bravas, jamais se
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colocam em primeiro lugar, nem mesmo rezam por si mesmas. Algumas partes de seus corpos
esto tomadas pelo cncer e elas no sabem por qu. Enterrados em seus corpos, socados no
fundo de suas mentes, esto todos os seus sonhos, sua raiva, sua tristeza e seus desejos.
Elas foram criadas para se colocar por ltimo, porque o que fazem as pessoas de bem. A
coisa mais difcil para elas se libertar desse condicionamento e descobrir quem so, na
verdade. Porque elas merecem amar a si mesmas, receber perdo e compaixo e tambm
poder expressar sua raiva e seu egosmo.
Dentro de ns mesmos, possumos todas as caractersticas e seu plo oposto, todas as
emoes e impulsos. Temos de nos revelar, apropriar-nos do que somos e incorporar tudo
isso:
o bom e o mau, a escurido e a luz, o forte e o fraco, o honesto e o desonesto. Se voc pensa
que fraco, precisa ir em busca do seu oposto e descobrir sua fora. Se voc dominado pelo
medo, deve mergulhar e encontrar sua coragem. Se voc uma vtima, tem que encontrar o
algoz dentro de si mesmo. seu direito de nascena ser inteiro: ser por completo. Basta
apenas uma mudana em sua percepo, uma abertura em seu corao. Quando voc diz eu
sou isso para o aspecto mais profundo, mais sombrio de voc mesmo, ento est apto a
alcanar a verdadeira luz. Apenas quando aceitamos inteiramente a escurido somos capazes
de assumir a luz. Ouvi dizer que o trabalho da sombra a trilha do guerreiro do corao. Ela
nos leva a um lugar novo em nossa mente onde somos obrigados a abrir o corao para nosso
eu completo e para toda a humanidade.
Num seminrio recente, uma mulher se levantou chorando. Chamava-se Audrey e estava
em desespero. Tinha pensamentos terrveis, ela admitiu, e estava envergonhada e
embaraada com a possibilidade de cont-los, porque ento saberamos como ela era m.
Depois de uma longa conversa, ela finalmente confessou que odiava a filha. Ela estava to
inibida que eu mal conseguia ouvir o que ela dizia. Ela repetia baixinho, vrias vezes seguidas,
a frase: Eu odeio a minha filha. Todos os presentes olhavam para ela, alguns com pena,
outros com horror.
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Trabalhei um pouco com Audrey, que estava tudo bem, se o que ela estava sentindo era
dio. Ela precisava aceitar o dio que sentia pela filha. Perguntei quantas pessoas naquela
sala tinham filhos. Quase todos levantaram uma das mos. Pedi-lhes que fechassem os olhos
e tentassem se lembrar de uma ocasio em que poderiam ter sentido dio de seus filhos.
Todos descobriram que se lembravam de pelo menos uma vez em que isso tinha acontecido.
Ento fiz com que eles imaginassem que benefcio eles haviam extrado do dio. Alguns
disseram sanidade; outros, amor; e outros disseram alvio e emoo. Todos perceberam que
no tinham tido nenhum controle sobre a emoo propriamente dita. Mesmo quando no
queriam sentir dio, muitas vezes o sentiam.
Ao ver que no estava sozinha, Audrey sentiu-se em condies de permitir-se ter dio,
sem censura. Expliquei que todos ns precisamos do dio para conhecer o amor, e que o dio
s tem poder quando reprimido ou negado. Perguntei a Audrey o que aconteceria se ela
assumisse seus sentimentos de dio e esperasse para descobrir seus benefcios em vez de
reprimi-los. Ela ainda parecia envergonhada, cabisbaixa, e ento lhe contei uma histria.
Certo dia, dois gmeos saram com o av para dar um passeio ao ar livre. Caminharam
entre as rvores at que chegaram a uma antiga cocheira. Quando os meninos e o av
entraram para explorar a cocheira, um dos garotos imediatamente comeou a reclamar:Vov,
vamos sair daqui. Esta cocheira velha est cheirando a esterco de cavalo. O menino
permaneceu perto da porteira, furioso porque seus sapatos novos estavam sujos de esterco.
Antes que o velho pudesse responder, viu seu outro neto correndo alegremente entre as baias
da cocheira. O que voc est procurando?, perguntou ele ao segundo menino. Por que est
to feliz?. O garoto olhou para cima e disse: Com tanto esterco de cavalo, deve haver pelo
menos um pnei por aqui.
Agora, a sala estava em silncio. O rosto de Audrey parecia radiante. Ela comeava a
perceber o benefcio de sua raiva o pnei nesse aspecto dela mesma. Essa mudana de
percepo permitiu a liberao da energia negativa que ela carregara durante anos. Audrey
percebeu que seus sentimentos de dio eram um mecanismo de defesa, que protegia seus
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limites junto s pessoas que ela amava. Mesmo tendo lhe causado uma dor muito grande, esse
dio tambm fora o catalisador da jornada espiritual e servira de impulso para que ela
procurasse exteriorizar sua verdade interior.
Havia mais ouro para brotar. Duas semanas depois do curso, a filha de Audrey telefonou
para ela. Como Audrey estava se sentindo bem em relao filha, assumiu o risco e lhe contou
como se sentira naqueles ltimos anos. Audrey explicou-lhe como havia assumido aquele dio
durante o curso, e, quando Audrey acabou de falar, a filha comeou a chorar. Chorou
copiosamente, liberando anos de dor e de vazio, e expressou toda a raiva que sentira pela
me. Quando acabou, convidou a me para almoar com ela. Sentadas em frente uma da
outra, elas foram capazes de sentir a ligao especial que me e filha tm, e juraram
solenemente que, dali em diante, iriam expressar toda e qualquer emoo para que nada mais
as afastasse de novo.
Se Audrey no tivesse sido corajosa o suficiente para expressar seu dio, a recuperao
no teria sido possvel. Tanto a me quanto a filha tinham tantas emoes reprimidas que
bastava estarem juntas num lugar para haver uma exploso. O dio precisava ser expresso e
assumido, s assim seu benefcio seria revelado. O dom do dio de Audrey era o amor, que
deu a ela um relacionamento novo, belo e honesto com a filha.
Todos os aspectos do nosso ser tm um lado benfico. Todas as emoes e
caractersticas que possumos nos mostram o caminho do esclarecimento, da unicidade. Todos
ns temos uma sombra que parte da nossa realidade total, e essa sombra est presente para
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nos indicar em que ponto estamos incompletos. Ela nos ensina a ter amor, compaixo e
perdo, no somente pelos outros, mas por ns mesmos. E, quando incorporamos nossa
sombra, ela pode nos curar. No apenas nossa renegada escurido que encontra seu
caminho nos recessos da nossa sombra. H uma sombra de luz, um lugar onde enterramos
nosso potencial, nossa competncia e nossa autenticidade. As partes sombrias da psique s
so sombras quando esto reprimidas e escondidas; quando as trazemos luz da mente e
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encontramos seus talentos sagrados, elas nos transformam. E ento ficamos livres.
Durante um dos meus cursos, percebi isso claramente numa mulher que vivia mascando
chicletes, era brigona e do contra; ela parecida ter um dane-se invisvel tatuado na testa.
Pam
questionava tudo, enquanto declarava firmemente que no tinha nenhum problema em
aceitar
seu lado sombrio. Ela tinha razo: a escurido era a zona em que ela se sentia vontade. No
se importava de ser chamada de estourada ou autoritria. Pam considerava essas palavras
elogiosas. Quando eu disse a Pam que ela era um docinho, ela olhou para mim com desgosto
e total incredulidade. Eu? Um docinho? Nunca! Ela era totalmente incapaz de se ver como
uma pessoa delicada, suave ou feminina. Deixei-a sozinha, confiando em que, no decorrer do
fim de semana, eu mostraria o caminho a ela. No dia seguinte, sentindo-me segura o suficiente
depois de um movimento catrtico de meditao, pedi a algumas pessoas que ficassem no
meio do grupo para que fossem abraadas pelas restantes. Eu nunca havia feito isso antes,
mas era evidente que Pam e algumas outras mantinham-se estagnadas, no evoluam, e
precisavam de amor. Quando pusemos os braos em volta de Pam, ela desabou, gemendo
inconsolavelmente e chamando pela me. Por mais de uma hora, um grupo de dez pessoas ou
mais ficou sentado consolando Pam. Enquanto ela extravasava anos de dor, solido e tristeza.
Embora parecesse que as lgrimas dela jamais acabariam, Pam rendeu-se, afinal, e nos
permitiu am-la incondicionalmente. Mais tarde, descobri que ela havia sido abandonada
quando era criana e nunca se encontrara com sua me; no tinha nem mesmo uma foto sua
do tempo de beb. Na verdade, ela contratara um detetive particular, que tentara localizar sua
me naqueles ltimos anos. No ltimo dia do curso, Pam estava assumindo e incorporando
suas qualidades ternas e gentis. Todos se admiraram com a transformao dela. Exatamente
uma semana depois, Pam teve notcias do detetive e recebeu sua primeira foto de quando era
beb. Duas semanas depois, ele localizou a me de Pam, e as duas conversaram pela
primeira vez. Uma vez incorporada a sombra, ela pode ser curada. Quando est s, ela se
converte em amor.
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Se o ouro se encontra na escurido, muitos de ns o tm procurado no lugar errado.
Como Deepak Chopra diz, com freqncia: Dentro de cada ser humano h deuses e deusas
em embrio, com um nico desejo: eles querem nascer. Ansiamos por ver as sementes da
nossa divindade florescer, mas esquecemos que toda semente necessita de solo frtil para
crescer. Aquele lugar escuro, terroso e essencial dentro de ns nossa sombra. um campo
que precisa ser aceito, amado e cultivado para que as flores do nosso ser desabrochem.
EXERCCIOS
Quando voc fizer esses exerccios, importante estar bem atento, porque as respostas
esto todas dentro de voc, mas preciso fazer muito silncio para poder ouvi-las. Reserve
para si mesmo um bom espao de tempo, certifique-se de que o telefone esteja desligado e
renda-se totalmente ao processo. Recomendo que voc reserve pelo menos uma hora para
esses exerccios. Vista roupas que o deixem vontade e sente-se no seu lugar preferido da
casa. Se quiser, acenda algumas velas e coloque uma msica suave para ajudar a criar uma
atmosfera de seduo para si mesmo. Deixe mo um dirio e uma caneta ou um lpis com
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que voc goste de escrever. Providencie um gravador e uma fita para registrar as prximas
etapas, assim no precisar abrir os olhos para ler o que vem a seguir, quando estiver fazendo
os exerccios.
Depois de tudo pronto, feche os olhos e respire cinco vezes, profunda e lentamente.
Inspire contando at cinco, prenda o ar contando at cinco e, ento, expire bem devagar pela
boca. Use a respirao para relaxar o corpo inteiro. Concentre toda a ateno na respirao
enquanto prossegue, j que esse um dos melhores meios de acalmar a mente.
Agora, com os olhos fechados, imagine-se entrando num elevador e fechando a porta.
Pressione um dos botes do elevador e desa sete andares. Imagine que est descendo fundo
em sua conscincia. Quando a porta se abre, voc v um magnfico jardim sagrado. Tente
visualizar tudo o que se refere a ele. Observe as rvores, as flores, os pssaros. De que cor
est o cu? Est claro, de um azul brilhante, ou rendilhado de nuvens? Sinta a temperatura e a
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brisa acariciando seu rosto. Como voc est vestido? Est usando uma roupa de que gosta
muito? Imagine-se com sua melhor aparncia. Tire os sapatos e sinta o cho sob os ps. Tem
grama ou arenoso? Est seco ou mido? Voc v um caminho revestido de pedra ou de
mrmore? H cascatas ou esttuas? Voc v algum animal por a? Permanea pelo menos um
minuto olhando em volta, em todas as direes, e observe o que mais existe no seu jardim.
Quando tiver terminado de criar o jardim, crie um lugar destinado meditao, onde voc
possa ficar para encontrar todas as respostas que sempre procurou. Mantenha-se durante um
minuto explorando o seu lugar interior sagrado e comprometa-se a visit-lo com freqncia.
Volte sua ateno para a respirao e inspire e expire de novo cinco vezes, lenta e
profundamente. Conduza-se a um estado ainda mais profundo de relaxamento consciente.
Agora, faa a si mesmo a srie de perguntas que vem a seguir, e v com calma para que
voc possa ouvir sua voz interior. Depois de cada pergunta, abra os olhos por um momento e
escreva as respostas no dirio. A melhor maneira de fazer isso escrever rpido e qualquer
coisa que venha mente. No existem respostas certas ou erradas. No se preocupe com o
que estiver escrevendo, permita-se sentir e expressar qualquer coisa que precise emergir por
esse processo. Quando tiver a resposta para a primeira pergunta, feche os olhos, volte ao seu
jardim e sente-se no seu lugar de meditao. Respire mais duas vezes, lenta e profundamente,
antes de se fazer a segunda pergunta, e assim por diante. No tenha pressa.
1. Do que que eu tenho mais medo?
2. Quais os aspectos da minha vida que precisam ser mudados?
3. O que pretendo conseguir ao ler este livro?
4. O que mais temo que algum descubra sobre mim?
5. O que mais me atemoriza descobrir sobre mim mesmo?
6. Qual foi a maior mentira que j contei a mim mesmo?
7. Qual foi a maior mentira que eu j disse a outra pessoa?
8. O que pode me impedir de fazer o trabalho necessrio para transformar a minha vida?
Quando terminar esse exerccio, leve o tempo necessrio para escrever em seu dirio e
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expressar no papel qualquer coisa a mais que precise vir tona. Ento, espere um momento
para se conscientizar da coragem e do trabalho rduo com que voc se empenhou nesse
exerccio e siga para o prximo captulo.
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Captulo 3
O Mundo Est Dentro de Ns
No estamos no mundo, o mundo est dentro de ns. A primeira vez que ouvi isso,
fiquei confusa. Como pode o mundo estar dentro de mim? Como possvel que voc, um
outro
ser humano, viva dentro de mim? Levei um bom tempo para entender que o que, de fato, est
dentro de mim so milhares de qualidades e caractersticas que constituem cada ser humano e
que, sob a superfcie de cada pessoa, est o projeto de toda a humanidade. O modelo
hologrfico do Universo nos ensina que cada um um microcosmo do macrocosmo. Cada um
de ns detm o conhecimento do Universo inteiro. Se voc cortar o holograma do seu carto
de crdito em pedacinhos e focalizar um feixe de laser em um deles, ver a figura completa.
Da
mesma forma, se examinar um ser humano, voc encontrar o holograma do Universo. Esse
projeto universal vive em nosso DNA.
O dr. David Simon, mdico, diretor do Chopra Center for Well Being e autor de The
Wisdom of Healing, d a seguinte explicao para isso: Um holograma uma imagem
tridimensional derivada de um filme bidimensional. A nica caracterstica do holograma que
a
figura completa tridimensional pode ser criada de qualquer parte do filme. O todo est contido
em cada pedao; por isso chamado de holograma. Da mesma forma, cada aspecto do
Universo est contido em cada um de ns. As foras que abrangem a matria por todo o
cosmo se encontram em cada tomo do corpo. Cada cordo do meu DNA carrega a histria
completa da evoluo da vida. Minha mente contm o potencial de todo pensamento que
tenha
sido ou venha a ser expresso. Compreender essa realidade a chave para a porta da vida a
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entrada para a liberdade sem limites. Viver essa realidade a base da verdadeira sabedoria.
Ao compreender que voc tem tudo o que v nos outros, seu mundo todo se altera.
Nosso objetivo neste livro mostrar que podemos encontrar e incorporar tudo aquilo que
amamos e tudo aquilo que odiamos nos outros. Ao recuperar nossas caractersticas perdidas,
abrimos a porta do Universo interior. Quando fazemos as pazes com ns mesmos,
espontaneamente fazemos as pazes com o mundo.
Uma vez aceito o fato de que cada um de ns personifica todas as caractersticas do
Universo, podemos acabar com o pretexto de que ns no somos tudo. A maioria das pessoas
aprendeu que diferente das outras. Algumas se consideram superiores, e muitas se acham
incapazes. Nossa vida moldada por esses julgamentos. So eles que nos levam a dizer: Eu
no sou igual a voc. Se voc educado como branco, precisa acreditar que diferente dos
negros. Se cresce como negro, deve achar que diferente dos asiticos ou dos hispnicos. Os
judeus crem-se diferentes dos catlicos, enquanto os conservadores se consideram
diferentes
dos liberais. Cada uma de nossas culturas nos ensinou a acreditar que somos
fundamentalmente diferentes dos demais.
Acabamos por adotar preconceitos existentes em nossa famlia e entre os amigos. Voc
diferente porque gordo e eu sou magro. Sou inteligente e voc burro. Sou tmido e voc
expansivo. Sou paciente e voc agressivo. Falo alto e voc fala mansamente. Essas crenas
mantm a iluso que estamos separados. Criam tanto barreiras internas quanto externas, que
nos impedem de assumir por inteiro nosso ser e que nos mantm apontando o dedo
acusadoramente para os outros.
A chave tomar conscincia de que no h nada que possamos ver ou perceber que
tambm no faa parte de ns. Se no possussemos determinada caracterstica, no a
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poderamos reconhecer num outro. Se voc for levado pela coragem do outro, isso no passa
do reflexo da coragem que existe em voc. Quando considera algum egosta, pode ter
certeza de que voc capaz de demonstrar o mesmo grau de egosmo. Embora essas
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caractersticas no sejam expressas o tempo todo, cada um de ns tem a capacidade de atuar
de acordo com qualquer uma delas. Fazendo parte do mundo hologrfico, somos tudo o que
vemos, tudo o que julgamos, tudo o que admiramos. No importa a cor da pele, o peso ou a
escolha religiosa, compartilhamos as mesmas qualidades universais. Todas as pessoas so
iguais em sua essncia.
O renomado mdico ayurvdico, dr. Vasant Lad, diz: Em cada gota est o oceano, e em
cada clula est a inteligncia de todo o corpo. Quando conseguimos alcanar a grandeza
desse fato, comeamos a perceber a imensidade de quem somos. Homens e mulheres foram
criados da mesma forma, assim partilham todas as qualidades humanas. Todos ns temos
poder, fora, criatividade e compaixo. Como tambm ganncia, luxria, raiva e fraqueza. No
h caracterstica, qualidade ou aspecto que no possuamos. Estamos plenos de luz divina,
amor e talento, e igualmente cheios de egosmo, reserva e hostilidade. Estamos destinados a
conter o mundo inteiro dentro de ns; parte da tarefa de ser totalmente humano encontrar
amor e piedade para cada aspecto de ns mesmos. Da mesma forma que a mente humana, tal
a mente csmica. A maioria das pessoas vive com uma viso estreita do que ser humano.
Quando deixamos que nossa condio humana incorpore nossa universalidade, podemos nos
tornar facilmente aquilo que queremos ser.
Em Love and Awakening, John Welwood emprega a analogia do castelo para ilustrar o
mundo dentro de ns. Imagine um castelo magnfico, com corredores interminveis e milhares
de aposentos. Cada cmodo do castelo perfeito e tem um dom especial. Cada aposento
representa um diferente aspecto de voc mesmo e uma parte completa do castelo inteiro e
perfeito. Como uma criana, voc explorou cada centmetro do seu castelo, sem vergonha ou
esprito crtico. Sem medo, procurou as preciosidades e os segredos de cada cmodo.
Amorosamente, voc assumiu cada aposento, fosse ele um banheiro, um quarto ou uma
adega. Cada um e todos os cmodos eram nicos. Seu castelo estava cheio de luz, amor e
maravilhas. Ento, um dia, algum chegou l e lhe disse que um dos aposentos era imperfeito,
que com certeza no pertencia ao castelo. Sugeriu-lhe que, se quisesse ter um castelo perfeito,
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voc deveria fechar aquele quarto e trancar a porta. Como desejava ser amado e aceito, voc
rapidamente fechou o quarto. medida que o tempo foi passando, mais e mais gente foi at o
seu castelo. Todos deram sua opinio sobre os aposentos, de quais gostavam e os que lhe
desagradavam. E, aos poucos, voc foi fechando uma porta depois da outra. Seus aposentos
maravilhosos foram sendo trancados, ficaram fora do alcance da luz, mergulhados na
escurido. Um ciclo havia comeado.
Desse momento em diante, voc passou a fechar cada vez mais portas, pelas mais
diversas razes. Fechou portas porque tinha medo ou porque achou que os quartos eram
muito arrojados. Trancou a porta de outros por julg-los muito conservadores. Outras portas
foram fechadas porque alguns castelos que voc visitou no tinham cmodos como aqueles. E
outras, ainda, porque seu lder religioso lhe disse que voc deveria manter distncia de certos
quartos. Voc fechou toda porta que no se encaixasse nos padres da sociedade ou em seu
prprio ideal.
Acabou-se o tempo em que o seu castelo parecia no ter fim e o seu futuro se
apresentava brilhante e cheio de emoes. Voc j no cuidava mais de cada cmodo com o
mesmo amor e admirao. Aposentos dos quais voc se orgulhava, agora queria que
desaparecessem. Voc tentou imaginar formas de se livrar deles, mas eles faziam parte da
estrutura do castelo. Chegou um momento em que voc, tendo fechado a porta de todo e
qualquer cmodo de que no gostasse, acabou por se esquecer completamente deles. No
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princpio, voc no percebeu o que estava acontecendo; tinha se tornado um hbito. Com
tanta
gente dando palpites to diferentes sobre qual a aparncia que um magnfico castelo deveria
ter, tornara-se mais fcil dar ateno aos outros do que sua voz interior: a nica que amava
seu castelo inteiro. Na verdade, o fato de fechar aquelas portas comeou a lhe dar segurana.
Logo voc se viu morando em poucos e apertados cmodos. Aprendera a fechar as portas
para a vida e sentia-se vontade fazendo isso. Muitos trancaram tantos aposentos que se
esqueceram de que algum dia foram um castelo. Passaram a acreditar que eram apenas uma
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casa pequena, de dois quartos, necessitando de consertos.
Agora, imagine seu castelo como o lugar onde voc abriga tudo o que voc , a parte boa
e a parte m, e que todas as caractersticas que existem no planeta tambm esto em voc.
Um de seus cmodos amor, outro coragem; outro, elegncia; e outro graa. H um
nmero infinito de aposentos. Criatividade, feminilidade, honestidade, integridade, sade,
sensualidade, poder, timidez, dio, ganncia, frigidez, preguia, arrogncia, doena e maldade
so aposentos do seu castelo. Cada um deles uma parte essencial da estrutura, e cada
aposento tem seu oposto em algum lugar do seu castelo. Felizmente, nunca ficamos satisfeitos
sendo menos do que somos capazes de ser. Nosso descontentamento com ns mesmos nos
motiva a ir em busca de outros cmodos perdidos do castelo. S conseguiremos achar a chave
da nossa individualidade se abrirmos todos os aposentos do castelo.
O castelo uma metfora para ajud-lo a perceber a enormidade do seu ser. Cada um
possui esse lugar sagrado dentro de si mesmo. de fcil acesso, se estivermos prontos e
ansiosos por ver a nossa totalidade. A maioria das pessoas tem medo do que poder encontrar
por trs das portas desses quartos. Assim, em vez de partir numa aventura, para encontrar
nosso eu escondido, cheio de emoes e maravilhas, conservamo-nos fingindo que os quartos
no existem. O ciclo continua. Mas, se voc quer de fato mudar o rumo da sua vida, ter de
entrar em seu castelo e abrir vagarosamente todas as portas, uma a uma. Precisar explorar
seu universo interior e recuperar tudo o que havia rejeitado. S na presena do seu eu integral
voc poder apreciar sua magnificncia e gozar a totalidade e a singularidade da sua vida.
Quando comecei a buscar o mundo que havia dentro de mim, pensei que fosse uma
tarefa impossvel. Eu achava que o mundo era uma confuso, mas que eu no era. Pensei:
No sou uma assassina. No sou uma moradora de rua. Na verdade, eu no queria descobrir
que tinha todas as qualidades do mundo, j que, a meu ver, eu no era como as pessoas que
eu criticava ou julgava mal. Porm, minha meta passara a ser verificar como o mundo poderia
existir dentro de mim. Todas as vezes que eu via coisas ou indivduos que me desagradavam,
dizia mim mesma: Sou assim, eles vivem dentro de mim. Durante o primeiro ms, fiquei
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desapontada, porque na verdade no encontrava nenhuma das coisas ruins dentro de mim.
At que um dia, quando eu estava lendo dentro de um trem, tudo mudou. Uma mulher no
meu vago berrava com o filho. Eu estava ocupada dizendo a mim mesma que jamais trataria
um filho meu assim e como era terrvel uma mulher repreender daquela forma o filho em
pblico, quando uma vozinha dentro da minha cabea sussurrou: Se o seu filho tivesse
espirrado leite achocolatado por toda a sua roupa de seda branca, voc teria uma crise de
nervos. De repente, as peas do quebra-cabea se encaixaram. claro que eu era capaz de
ficar furiosa com uma criana. No queria admitir isso para mim mesma; por esse motivo,
quando via uma pessoa prestes a ter um ataque de raiva, eu a censurava em vez de me
solidarizar com ela. Isso tirou o foco de mim mesma. Percebi que era a qualidade demonstrada
por cada pessoa que estava dentro de mim, no a pessoa em si. No sou a mulher furiosa do
trem, mas certamente tenho a impacincia e a intolerncia que ela revelou naquele momento.
O que descobri foi meu potencial para agir da mesma forma que as pessoas a quem eu
mais asperamente censurava. Ficou evidente que eu precisava ficar atenta s caractersticas
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dos outros que mais me aborreciam. Comecei a reconhec-las como aposentos que eu
fechara. Eu tinha, sim, de saber que eu tambm podia gritar com meu filho se eu tivesse tido
um mau dia. Olhei para um morador de rua e perguntei a mim mesma: Se eu no tivesse
famlia nem educao e perdesse meu emprego, ser que eu me tornaria uma moradora de
rua? A resposta era sim. Se eu alterasse as circunstncias da minha vida, era fcil perceber
que eu poderia ser qualquer outra pessoa e fazer qualquer outra coisa.
Tentei ser todos os tipos de pessoas: alegre, triste, brava, gananciosa e ciumenta.
Gente gorda foi um alvo especial para mim. Meu pai sempre fora pesado, e ele estava includo
no meu preconceito. Subitamente, ele me pareceu diferente. Eu nascera com ossos delicados
e um metabolismo rpido. Percebi que, se meu metabolismo mudasse e eu continuasse a
comer o tipo de alimento a que estava acostumada, eu tambm ficaria gorda. Mas ainda havia
reas em que eu tinha dificuldade. No conseguia me imaginar sendo uma assassina ou um
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estuprador. Como poderia matar algum a sangue-frio? Era fcil me imaginar matando algum
que houvesse tentado ferir a mim ou minha famlia, mas... e quanto queles crimes brutais e
sem sentido? Percebi que no tinha vontade de matar naquele momento; porm, se tivesse
ficado encerrada num cubculo por 14 anos e tivesse sido espancada diariamente, ser que eu
no teria a capacidade de matar a sangue-frio? A resposta era sim. Isso no fez do assassinato
um ato aceitvel, mas me permitiu ver que eu admitia a possibilidade de ser qualquer pessoa.
Daquele dia em diante, quando eu tivesse dificuldade para ser qualquer coisa, eu poderia
me desdobrar. Por exemplo, no conseguira ainda me imaginar como uma pedfila; assim, me
perguntava que espcie de pessoa faria sexo com uma criana. Uma pessoa degenerada,
terrvel, pervertida. Perguntei a mim mesma: Eu conseguiria ser uma pessoa degenerada,
terrvel, pervertida? Eu procurava imaginar as piores circunstncias que poderiam ter me
acontecido quando era criana e conclu que, se eu tivesse sofrido maus-tratos e sido vtima de
estupro, quando ainda era uma menina e eu houvesse vivido sem amor, teria crescido de uma
maneira diferente. Tendo passado por aquelas circunstncias, no haveria como predizer o
que
eu seria ou no capaz de fazer. No julgue um homem antes de calar os sapatos dele. Mesmo
assim, para mim era difcil assumir algumas dessas caractersticas. Eu precisava encarar a
possibilidade de que um demnio morava dentro de mim. s vezes, a questo no se voc
tem um trao de carter especfico no momento, mas se pode chegar a apresentar essa
caracterstica sob diferentes circunstncias.
Tentei me colocar no lugar de todo tipo de pessoa com quem no simpatizava ou que me
causava repulsa. Algumas eram mais difceis de aceitar, com outras eu levava mais tempo,
mas foram muito poucas as que no consegui assumir dentro de mim. Com o passar do tempo,
minha voz interior, que passara a vida julgando tudo e todos, silenciou. O silncio da menteera
algo com que eu sonhara durante toda a minha vida, e naquele instante eu sentia essa
possibilidade surgir. Percebi que eu s julgava as pessoas quando elas demonstravam um tipo
de qualidade que eu no podia aceitar em mim mesma. Se algum se mostrava muito exibido,
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passei a no censur-lo mais, porque j sabia que eu, tambm, gostava de me sobressair em
pblico. Da em diante, eu me permitiria ficar irritada e apontar acusadoramente para outra
pessoa somente quando me convencesse por completo de que determinado comportamento
era inaceitvel para mim. Mantenha a mo estendida diante de voc e aponte para algum.
Perceba que tem um dedo apontando para a outra pessoa e trs apontando para trs, na sua
direo. Isso serve para nos lembrar de que, quando estivermos culpando algum, estamos
apenas negando um aspecto de ns mesmos.
O processo de esconder e negar partes de mim mesma comeou a ficar quase cmico
medida que percebi toda a energia que eu estava usando para no ser um certo tipo de
pessoa. Se voc no se enxergar como um microcosmo de todo o Universo, continuar a viver
como um indivduo isolado. Voc olha para fora, em vez de procurar em seu interior as
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respostas e a direo a seguir, e faz julgamentos sobre o que bom e o que mau. Mantm a
iluso de que voc e eu no estamos realmente ligados e permanece escondido atrs de uma
mscara para se sentir seguro. Mas, se abranger a totalidade do Universo dentro de si mesmo,
voc vai incorporar a totalidade da raa humana.
Recentemente, fui ao Colorado para dirigir um seminrio para um casal, Mike e Marilyn, e
sua empresa de marketing. Quando cheguei casa deles, samos, levando os filhos deles,
para um almoo rpido em que discutiramos o trabalho de liberao emocional. Durante a
refeio, tivemos uma conversa sobre um mundo maravilhoso onde todos reconheceriam que
cada um de ns tem um projeto de todo o Universo dentro de si. Mike e Marilyn j estavam
familiarizados com a teoria hologrfica e se sentiam entusiasmados. No entanto, quando
voltamos para o carro, depois do almoo, Mike virou-se para mim e disse: Mas h algumas
coisas que eu sei que no sou. No me surpreendi; isso acontece com freqncia logo depois
que uma pessoa concorda com a idia de que tudo. Aconteceu comigo tambm. Assim,
perguntei a Mike: O que voc no ? Mike respondeu: No sou um idiota. Olhei para o
espelho retrovisor, por onde Mike olhava diretamente para mim, e lhe disse: Se voc tudo,
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tambm um idiota. Fez-se um silncio mortal no carro. A mulher de Mike e as crianas
olhavam para mim, atnitas. Eu tinha dito a Mike que ele era um idiota. Ento ele comeou a
me falar sobre todos os idiotas que conhecia, explicando que no era parecido com nenhum
deles. A carga emocional que acompanhava suas palavras era to grande, enquanto ele
descrevia as pessoas, que percebi que essa era uma questo muito problemtica para ele.
Continuamos o percurso enquanto Mike esgotava seu repertrio sobre idiotas. Por fim,
perguntei a ele: Voc alguma vez j fez qualquer coisa que um idiota faria? Ele pensou na
minha pergunta e rapidamente disse que sim, mas acrescentou que no seria possvel
comparar o que ele havia feito com o que os idiotas que ele conhecia costumavam fazer. Esses
outros eram realmente grandes idiotas. Eu lhe disse que a psique no consegue distinguir
entre pequenos e grandes idiotas um idiota um idiota. Como a palavra idiota tinha tanto
peso para ele, perguntei a Mike se ele achava que isso poderia ser um sinal para lhe mostrar
alguma coisa. No preciso dizer que foi um longo passeio.
Pedi a Mike que pelo menos considerasse a minha opinio de que ser idiota era um
aspecto dele que ele havia rejeitado em determinado momento e que, agora, tinha uma
oportunidade de recuperar. Como ele podia ser tudo, menos um idiota? E, de qualquer forma,
o
que havia de errado em ser um idiota? Perguntei mulher dele e aos filhos se algum deles se
importaria se eu os chamasse de idiota. Ningum mais revelou ter problemas com a palavra.
Perguntei se eles haviam tido experincias desagradveis com idiotas. Ningum teve.
Ao chegar em casa, ns nos agasalhamos para sair do carro. Estava dezoito graus abaixo
de zero, e eu nunca estivera num lugar de clima to frio. Assim, eu fiquei l, aturdida,
tremendo, esperando que a porta da frente fosse aberta. Mike levou alguns segundos
remexendo nos bolsos e, ento, comeou procurar s apalpadelas pelo interior do carro.
Finalmente, ele olhou para ns e disse: Quando samos, acho que fechei a porta deixando as
chaves dentro de casa. Depois de um momento de silncio, perguntei: Que tipo de gente se
trancaria fora de casa temperatura de dezoito graus abaixo de zero? Todos responderam ao
mesmo tempo: Um idiota! Mike riu, e Marilyn acabou encontrando sua chave; assim,
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pudemos entrar na casa. Mais uma vez, o Universo ajudou-me no meu trabalho.
Depois de ter conseguido me esquentar, sentei-me com Mike para tentarmos identificar o
momento em que ele havia decidido no ser um idiota. Ele se lembrava de ter feito alguma
coisa boba quando era criana e de outros terem rido disso. Naquele momento, jurou a si
mesmo que isso nunca mais aconteceria. Ele fechou um cmodo do seu castelo porque achou
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que era ruim. Como Gunther Bernard disse, com tanta propriedade: Ns escolhemos
esquecer
quem somos e depois esquecer que esquecemos.
Alguns aspectos nossos que escondemos de ns mesmos, como o caso de Mike, que
recusava seu lado idiota, tm um poder de influncia particular na nossa realidade presente.
Tm vida prpria e esto sempre tentando chamar nossa ateno para serem aceitos e
integrados ao nosso eu. Inconscientemente, Mike procurou se rodear de idiotas, para dessa
forma poder viver essa parte de si mesmo que renegara. Mike no conseguia ser tolerante
com
seus prprios erros, por isso via as pessoas que erravam como idiotas. Odiando esse seu
aspecto, ele odiava todos os que tivessem essa falha. Isso influenciava a maneira como ele
tratava os colegas no trabalho. Os empregados o consideravam uma pessoa difcil e, s vezes,
irracional.
Sugeri a Mike que esse aspecto que ele rejeitava em si mesmo, chamado por ele de
idiota, tinha seus benefcios. Pedi-lhe para fechar os olhos e me dizer a primeira palavra que
lhe viesse mente quando eu lhe perguntasse qual era o benefcio correspondente a idiotice.
Ele respondeu: Determinao. Como Mike no queria ser considerado um idiota, ele havia se
esforado muito na escola e se tornara um bom estudante. Fora para a faculdade e chegara ao
mestrado, tornando-se finalmente um contador. Ele trabalhara muito para atingir o topo de
sua
carreira e se mantinha a par das notcias locais e mundiais, como se espera de toda pessoa
educada. Mike estava muito chocado com o que dissera. Perguntei-lhe se, j que o aspecto
idiota tinha dado a ele toda a determinao para chegar onde chegara na vida, ele no
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Ao Encontro do Seu Eu Sagrado
Imagine novamente um elevador dentro de voc. Entre nele e desa sete andares.
Quando voc sair do elevador, ver um belssimo jardim. Ande por ele e observe as flores e as
rvores sua volta. Olhe para as folhas verdes e viosas, sinta a fragrncia das flores. O dia
est lindo e os pssaros esto cantando. Observe a cor do cu. Lembre-se de como voc se
sente seguro e vontade em seu jardim. Espere um pouco e respire de novo, profundamente,
inalando a beleza do seu jardim sagrado. Procure um lugar calmo para se sentar e improvise
um assento confortvel para fazer meditao; o lugar onde voc se sentir melhor. Certifique-se
de que as roupas que voc est usando so de um tecido cujo toque se assemelha a carcias
em seu corpo e que o faz sentir-se desejvel e magnfico. Sente-se, ento, e feche os olhos.
Num instante um aspecto seu vai aflorar conscincia. Esse aspecto ser voc em sua melhor
forma. Ser voc em sua totalidade, cheio de amor e piedade, com fora e poder. Esse aspecto
o seu eu sagrado. Convide esse ser magnfico a penetrar completamente na sua conscincia.
Visualize a si mesmo, concentrado e completo, revelando o seu mais alto potencial sentindo a
paz e o silncio.
Agora pea a seu eu sagrado que se sente prximo a voc. Pegue na mo dele e olhe-o
bem dentro dos olhos. Pergunte-lhe se ele estar l para gui-lo e proteg-lo durante a
semana. Pergunte-lhe, ento, o que voc precisa fazer para abrir seu corao e deixar sair
qualquer resduo emocional, antigo e nocivo, que voc esteja carregando. Agora, abrace esse
seu aspecto sagrado, agradea-lhe por ter vindo v-lo e prometa-lhe que voltar, com
freqncia, a visit-lo e ao seu jardim.
Abra os olhos e registre no dirio a sua experincia. O que viu, qual era a aparncia do
jardim, como voc estava e como se sentiu. Com que se parecia seu eu sagrado? O que ele
tinha a dizer? V devagar. Quanto mais voc escrever, mais sabedoria se expressar por seu
intermdio. Pegue uma folha de papel e desenhe a figura do seu eu sagrado. No se preocupe
com a aparncia do desenho; voc no est participando de nenhum concurso.Fique pelo
menos cinco minutos desenhando.
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O Encontro Com a Sua Sombra
Feche os olhos e respire cinco vezes, devagar e profundamente. Quando estiver na
quinta respirao, retenha o flego tanto tempo quanto for confortvel para voc, e ento
solte
o ar bem devagar. Use a respirao para acalmar a mente e mergulhe fundo na sua
conscincia. Imagine-se no elevador e desa sete andares. Quando abrir a porta, voc estar
num lugar muito escuro e lgubre. Imagine as piores circunstncias possveis. Observe os
cheiros, a poluio, o lixo por toda parte. Voc pode estar numa caverna cheia de ratos,
cobras, baratas e aranhas. Invoque um lugar a que voc jamais desejou ir. Quando tiver criado
esse lugar, continue a respirar, lenta e profundamente, e ento examine num canto a forma
mais desprezvel do seu ser. Deixe que uma imagem sua nas piores condies aparea na sua
mente. Tente sentir e perceber tudo a seu respeito: com o que voc se parece, qual o seu
cheiro, como se sente. Agora deixe vir sua mente uma palavra que descreva a pessoa que
voc est vendo. Depois de passar com essa pessoa um perodo de tempo suficiente para
poder conhec-la, abra os olhos. Escreva a palavra que surgiu na sua mente e tudo o que voc
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sentiu durante a visualizao. Fique escrevendo por, pelo menos, dez minutos. Deixe que sua
conscincia expresse todo e qualquer pensamento ou sentimento que tenha surgido em
relao a essa experincia.
O Eu Sagrado Abraa o Eu Sombra
Feche os olhos e volte ao seu jardim sagrado. Crie um ambiente seguro, consagrado,
para fazer seus exerccios. Use de novo a respirao para acalmar a mente e mergulhar
profundamente na sua conscincia. Tome seu elevador interior para descer os sete andares e
chegar no jardim. Caminhe por ele, admirando sua beleza. Quando sentir a confortadora
presena que o cerca, procure um lugar para fazer sua meditao. Assim que estiver
confortavelmente instalado e se sentir seguro, projete a imagem do seu eu sagrado. Imagine
que est se aquecendo em toda sua luz. Quando a imagem estiver pronta, invoque o aspecto
escuro e sombrio do seu eu. Pea ao seu lado sagrado para abraar a sombra do seu eu.
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Deixe que a parte amorosa e bela segure em seus braos a outra parte assustadora, escura e
desagradvel. Diga a esse aspecto sombrio de voc mesmo que ele est em segurana e que
voc vai passar um tempo trabalhando para compreend-lo e aprender a am-lo. Leve tanto
tempo quanto necessitar, e no fique desapontado se a sua sombra no deixar que voc a
abrace. Prossiga e tente todos os dias, at que ela o permita. Freqentemente, nossa
resistncia surge na visualizao; assim, depois de dez minutos ou mais, despea-se de seus
dois aspectos e volte ao seu quarto.
Pegue a folha de papel e alguns lpis e desenhe sua experincia. Permanea fazendo
isso por cerda de cinco minutos. Quando acabar, escreva em seu dirio sobre a meditao e a
experincia com os desenhos durante, pelo menos, dez minutos.
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Captulo 4
A Recuperao de Ns Mesmos
A projeo um fenmeno fascinante que a grande maioria das escolas deixa de ensinar
aos estudantes. uma transferncia involuntria do nosso prprio comportamento para
outras
pessoas, dando-nos a impresso de que determinadas caractersticas esto presentes nos
outros. Quando sofremos de ansiedade no que diz respeito s nossas emoes ou partes
inaceitveis da nossa personalidade, atribumos esses aspectos como um mecanismo de
defesa a objetos exteriores a ns ou a outras pessoas. Quando somos intolerantes com as
outras pessoas, por exemplo, estamos inclinados a atribuir nosso sentimento de inferioridade
a
elas. Evidentemente, h sempre um gancho que favorece nossa projeo. Alguma qualidade
imperfeita em outra pessoa ativa uma parte de ns mesmos que quer nossa ateno. Dessa
forma, tudo o que no assumimos em relao a ns mesmos projetamos em outras pessoas.
S percebemos aquilo que somos. Gosto de pensar nisso em termos de energia. Imagine
que existem cem diferentes tomadas de luz em seu peito. Cada tomada representa uma
qualidade diferente. As que ns conhecemos so envolvidas por uma chapa de proteo. Esto
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seguras: nenhuma eletricidade vai escapar dali. Mas as qualidades que no consideramos
boas, que ainda no assumimos, tm uma carga. Assim, quando surgem outras pessoas que
representam uma dessas qualidades, elas se conectam diretamente a ns. Por exemplo, se
negarmos nossa raiva ou nos sentirmos mal com ela, atrairemos gente zangada para nossa
vida. Abafaremos nossos prprios sentimentos de raiva e criticaremos as pessoas que
consideramos colricas. J que mentimos para ns mesmos sobre nossos sentimentos, o
nico meio de encontr-los v-los nos outros. As outras pessoas refletem as emoes e os
sentimentos que escondemos, o que nos permite reconhec-los e recuper-los.
Instintivamente, ns recuamos diante de nossas projees negativas. mais fcil
examinar aquilo que nos atrai do que aquilo que nos causa averso. Se fico aborrecido com
sua arrogncia, porque no estou assumindo a minha prpria. Isso tambm arrogncia, que
agora estou demonstrando sem perceber, ou a arrogncia que renego, a qual serei capaz de
demonstrar no futuro. Se fico aborrecido com a arrogncia, preciso examinar bem de perto
todos os recantos da minha vida e me perguntar o seguinte: no passado, quando fui
arrogante?
Estou sendo arrogante neste momento? Pode acontecer que eu me comporte com arrogncia
no futuro? Com certeza eu estaria sendo arrogante se respondesse no a essas perguntas
sem me examinar com cuidado ou sem perguntar a outras pesso