o girolando 82

68
03

Upload: associacao-girolando

Post on 03-Mar-2016

261 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Órgao Oficial da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando

TRANSCRIPT

Page 1: O Girolando 82

03

Page 2: O Girolando 82

04

Page 3: O Girolando 82

05

Page 4: O Girolando 82

04

Estamos de volta saudando 2012 com muita

determinação e confiança. Se normalmente a

trajetória vitoriosa e consistente da raça que

representamos avalizava um futuro promissor, os

números finais de 2011 vieram bastante favoráveis,

reforçando e impulsionando responsavelmente nos-

so entusiasmo. O Anuário DBO – 2012 destaca na

página 84, “Girolando consolida-se como base na-

cional”, exaltando os 319 leilões do ano, com fatu-

ramento de R$ 99,4 milhões, respondendo no con-

junto geral das raças leiteiras por 73% do mercado.

Se os números são animadores, a constatação que

o interesse pela raça transita com naturalidade e de-

senvoltura, por todos os nichos, não ficando restrita

apenas na elite, conferindo ao Girolando, a condi-

ção destacada como referência básica do plantel

leiteiro nacional.

O melhoramento genético é uma realidade

palpável. Os números que medem o desempenho

de nossos animais e a valorização pelo mercado da

genética Girolando são inquestionáveis. O Relatório

– 2011, da Associação Brasileira de Inseminação Ar-

tificial – ASBIA, mostra com clareza que para uma

evolução da venda de sêmen das raças leiteiras,

2010/2011 =19,16% e 2009/2011 = 33,09%, a do Gi-

rolando atingiu 48,45% e 107,02% respectivamente,

ratificando o melhoramento da raça e a confiança

no seu futuro.

A realidade, caros associados e amigos, é que

a nossa Associação impulsionada pela raça, mudou

de patamar nos últimos 4 anos: de 1.400 associados

fomos para 2.500, de 52.000 registros anuais para

97.000, com demanda firme e consistente. Sabemos

da nossa responsabilidade nesta transformação. Co-

meçamos 2012 investindo pesado em treinamento,

em pessoal, tanto em número quanto em qualifica-

ção, em tecnologia e sobretudo em determinação e

trabalho, para que a nossa Associação esteja sem-

pre a altura dos associados que a compõem e do

mercado que privilegia o Girolando.

Um abraço fraterno.

Triênio 2011/2013

Page 5: O Girolando 82

05

Page 6: O Girolando 82

06

Revista O Girolando - Órgão Oficial da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando - Editora: Larissa Vieira - [email protected] - Depto.

Comercial: Mundo Rural (34) 3336-8888, Míriam Borges (34) 9972-0808 e Walkiria Souza (35) 9133-0808 - [email protected] -

Design gráfico: Jamilton Souza, Yuri Silveira - Fotos: Jadir Bison - Revisão: Maria Rita Trindade Hoyler - Conselho editorial: Leandro Paiva,

Fernando Brasileiro, Milton Magalhães, Jônadan Ma, José Donato Dias Filho, Maria Inez Cruvinel, Mauricio Silveira Coelho, Miriam Borges

- Impressão CTP: Gráfica 3 Pinti (34) 3326-8000 - Distribuição gratuita e dirigida aos associados da Girolando, ABCGIL e órgãos de interesse

ligados à cadeia produtiva de leite. - Redação: Rua Orlando Vieira do Nascimento, 74 - CEP: 38040-280 - Uberaba/MG - Telefax: (34) 3331-6000

- Assinaturas: [email protected] - Telefax (34) 3336-8888 - Walkiria Souza

EXPEDIENTE:

Edit

ori

al O Brasil vem sendo apontado como o país com maiores condições

de atender a demanda mundial por alimentos. Com um ritmo

forte de crescimento da produção, que não desacelerou nem

mesmo com a crise econômica, a previsão da FAO é bem plausível. Veja

o caso do Girolando, que, em duas décadas de reconhecimento como

raça, já é responsável por 80% da produção nacional de leite, cresceu

mais de 100% nas vendas de sêmen nos últimos três anos e realizou,

em 2011, mais de 300 leilões. A raça tem garantido “balde cheio” Brasil

afora e também além das fronteiras. O rebanho tem respondido de for-

ma rápida ao melhoramento genético que está sendo perseguido pelos

selecionadores da raça.

Os próximos anos devem ser ainda mais acelerados, à medida que

as pesquisas sobre o genoma bovino avançarem. O Girolando será a pri-

meira raça genuinamente brasileira a ter o sequenciamento do genoma

concluído. Um estudo que está a cargo da Embrapa Gado de Leite. A

seleção genômica é nosso assunto de capa desta edição. Entrevistamos

vários pesquisadores para saber qual o atual estágio da seleção genômi-

ca e de que forma ela ajudará os produtores rurais a acelerar o melhora-

mento genético animal.

A importância desta e de outras pesquisas é o tema do bate-papo

com o presidente da Embrapa, Pedro Antonio Arraes Pereira. Também

entrevistamos o deputado federal Paulo Piau, relator do texto do novo

Código Florestal na Câmara dos Deputados. Ele pretende colocar o texto

para votação ainda em março.

Para quem está buscando saber mais sobre nutrição, trazemos

informações sobre o uso da cana-de-açúcar. Na parte de sanidade, o

destaque é para os cuidados com o casco e como tratar bezerros com

diarreia. Os cuidados com a água oferecida aos animais e o uso dos re-

cursos hídricos da propriedade pelo prisma do direito ambiental são ou-

tros temas desta edição. Você ainda vai ler sobre a Instrução Normativa

62, que trata da qualidade do leite; como evitar punições nas exposições

devido ao descumprimento do regulamento e muito mais.

Boa leitura a todos.

Larissa Vieira

Editora

Page 7: O Girolando 82

07

Page 8: O Girolando 82

08

[email protected]

Estou achando o sistema WEB Associado uma evo-lução muito grande. Dificuldade a gente sempre tem. Quem tem 64 anos e precisa conviver com essas tec-nologias, sempre apanha um pouco. Contem comi-go! Girolando é modernidade.João Marcos Fonseca Pereira

Tenho vacas 7/8 hol. Se jogar o Gir qual grau de san-gue irá nascer?Regismar Ribeiro Alves

Caro Regismar,Se utilizar um touro Gir em vacas 7/8, os produtos ob-tidos serão 7/16 Hol + 9/16 Gir. A melhor opção para acasalamentos com vacas 7/8 é o touro 5/8, pois os produtos que irão nascer serão 3/4 Hol + 1/4 Gir. Este cruzamento é o mais praticado pelos criadores de Gi-rolando que possuem vacas 7/8, obtendo excelentes resultados de produção de leite. Procure sempre utili-zar touros provados ou em teste; você terá maior se-gurança nos acasalamentos.

Gostaria de receber orientações sobre qual ração dar ao gado leiteiro em estágio de lactação.Lucas Rony Reis

Caro Lucas,A melhor ração a fornecer ao seu rebanho vai depen-der do manejo utilizado e da produção de leite dos ani-mais. Aconselhamos a procurar um profissional para que possa conhecer seu rebanho, suas pastagens e seu manejo, para uma orientação mais eficiente.

Tenho novilhas registradas 3/4. Qual o melhor grau de sangue para inseminar as bezerras? Sou criador da região de Ituiutaba/MG, que tem clima tropical, e a finalidade é para a efetiva produção de leite, e o sis-tema de manejo é de semi-confinamento. A maioria das vacas existentes em minha propriedade é 1/2 sangue, e algumas novi-lhas 3/4 de sangue. Nas vacas 1/2 sangue utilizo touro Holandês. É o corre-

to? E, quanto às novilhas 3/4, ainda não sei qual grau de sangue devo utilizar.Ueverson da Silva

Prezado Ueverson,Como suas novilhas são 3/4 Hol + 1/4 Gir, se você uti-lizar um touro Girolando 3/4, irá manter a mesma com-posição racial (3/4). Se utilizar um touro Girolando 5/8, as fêmeas terão a composição racial aproximada para 5/8. Já se sua opção for utilizar um touro Holandês, a composição racial será 7/8. No caso de utilizar touro Gir, o resultado será de animais 3/8. Vale ressaltar que a melhor composição racial de seu rebanho depende do manejo utilizado, principalmente das condições de alimentação. O clima da região também deve ser leva-do em consideração para que esta decisão seja toma-da. Em sistemas de semi-confinamento animais entre 50% a 75% de sangue Holandês, ou seja, 1/2, 5/8 e 3/4, geralmente têm resultados melhores que outros graus de sangue, principalmente porque a intensidade de se-leção destes grupos é maior. Como você está fazendo cruzamentos com touros Holandeses em suas vacas 1/2 sangue, para obtenção do 3/4, sugiro, então, que faça o cruzamento de suas novilhas com touros Giro-lando 5/8 ou 3/4, sendo que se fizer com touro 5/8 as fêmeas terão a composição racial aproximada para 5/8 e, se utilizar touros 3/4, você manterá o mesmo grau de sangue do pai e da mãe. Para auxiliá-lo melhor, veja a tabela de cruzamentos para obtenção do gado Girolan-do, em suas diversas frações de sangue.

Dúvidas respondidas pelo superintendente Técnico do SRGRG, Leandro de Carvalho Paiva

Page 9: O Girolando 82

09

Page 10: O Girolando 82

10

Mensagem da Diretoria 04

Editorial 06

Cartas 08

Os novos companheiros Girolandistas 12

Uma guinada para a realidade 22

A água e a produção agropecuária 26

Cana de Açúcar - Formas de aproveitamento como volumoso na alimentação animal 32

Diarréia em bezerros - Tratamento, controle e prevenção 36

Atenção com os problemas de cascos 42

Farmácia Veterinária 46

Importância da qualidade da água na produção de leite 50

Teste de Progênie procura novos rebanhos colaboradores 54

Colostro 58

Transparência 60

Giro Lácteo 62

Lançamentos e Inovações 64

Contatos - Emails e telefones 66

Entrevista - Pedro Antonio Arraes PereiraDiretor-presidente da Embrapa - 14

Matéria de Capa O que esperar da Seleção Genômica? - 18

Código Florestal é prioridade no Congresso Nacional - 30

De olho no regulamento das exposições - 56

Page 11: O Girolando 82

11

Page 12: O Girolando 82

12

ESTES SÃO OS NOVOS CRIADORES, E ENTIDADES DE CLASSE QUE PASSARAM A INTEGRAR O QUADRO

SOCIAL DA GIROLANDO NOS MESES DE NOVEMBRO, DEZEMBRO DE 2011 E JANEIRO DE 2012.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS CRIADORES DE GIROLANDOTRIÊNIO 2011/2013

Presidente:José Donato Dias Filho 1º Vice-presidente:Fernando Antonio Brasileiro Miranda 2º Vice-presidente:Maurício Silveira Coelho3º Vice-presidente:Jônadan Hsuan Mim Ma4º Vice-presidente:Ivan Adhemar de Carvalho Filho1º Diretor-administrativo:Milton de Almeida Magalhães Júnior2º Diretor-administrativo:Adolfo José Leite Nunes 1º Diretor-financeiro:Maria Inez Cruvinel Rezende2º Diretor-financeiro:Eugênio Deliberato Filho Relações Institucionais e Comerciais:João Domingos Gomes dos Santos

Conselho FiscalJeronimo Gomes FerreiraSilvio de Castro Cunha Júnior Marcelo Machado BorgesSuplentes Conselho Fiscal Eduardo Jorge MilagreJosé Alberto Paiffer MenkLuiz Carlos RodriguesConselho ConsultivoAntônio José Junqueira VillelaJoaquim Luiz Lima FilhoNelson ArizaRoberto Antônio Pinto de Melo CarvalhoRodrigo Sant’anna AlvimSuplentes Conselho ConsultivoGeraldo Antônio de Oliveira Marques Guilherme Marquez de RezendeLeonardo Moura Vilela Rubens StacciariniTomaz Sérgio Andrade de Oliveira Júnior

Membros Conselho Deliberativo Técnico 2011/2013

Membros Natos

Alisson Luis Lima Representante do MAPALeandro de Carvalho Paiva Superintendente Técnico

Membros Efetivos Membros Suplentes

Limírio Cezar Bizinotto Juscelino Alves FerreiraMarcello A. R. Cembranelli Walter Roriz de QueirozMilton de Almeida Magalhães Neto Tiago Moraes FerreiraValério Machado Guimarães Daniella Martins da Silva

CONSELHO DE REPRESENTANTES ESTADUAIS:

AL – Paulo Emílio Rodrigues do AmaralAM – Raimundo Garcias de SouzaBA – José Geraldo Vaz de AlmeidaBA – Luiz Tarquinio Duarte PontesBA – Jorge Luiz Mendonça Sampaio CE – Cristiano Walter Moraes RolaDF – Dilson Cordeiro de MenezesDF – Erotides Alves de CastroDF – Ismael Ferreira da SilvaES – Rodrigo José Gonçalves MonteiroGO – Elmirio Monteiro Marques JúniorGO – José Mário Miranda AbdoGO – Léo Machado FerreiraGO – Itamir Antônio Fernandes ValeMG – Anna Maria Borges Cunha Campos MG – Carlos Eduardo Fajardo de FreitasMG – Horácio Moreira DiasMG – José Ricardo Fiuza HortaMG – Júlio Cesar Brescia MurtaMG – Paulo Henrique Machado PortoMG – Salvador Markowicz NetoMS – Aurora Trefzger Cinato RealMS – Ronan Rinaldi de Souza Salgueiro

MS – Rubens Belchior da Cunha PA – Zacarias Pereira de Almeida NetoPB – Antônio Dimas CabralPB – Yvon Luiz Barreto RabeloPE – Cristiano Nobrega MaltaPE – Eriberto de Queiroz MarquesPR – Antônio Francisco Chaves NetoPR – Bernardo Garcia de Araújo JorgePR – João SalaRJ – Filipe Alves Gomes RJ – Herbert Siqueira da Silva RJ – Jaime Carvalho de OliveiraRJ – Luciano Ferreira GuimarãesRO – José Vidal HilgertSE – Lafayette Franco SobralSE – Ricardo Andrade DantasSP – Adriano Ribeiro de OliveiraSP – Braulio Conti JúniorSP – Decio de Almeida BoteonSP – Eduardo Falcão de CarvalhoSP – Pedro Luiz DiasSP – Roberto Almeida Oliveira SP – Virgilio PittonTO – Eli José Araújo

PROP. Nº CRIADOR MUNCÍPIO6870 Alonso Willian Hott Aimorés – MG6874 Antônio Francisco de Miranda Belo Horizonte – MG6871 Anselmo de Almeida Machado Leopoldina – MG6869 Alcides Martins Filho Poconé – MT6867 Antônio Gonçalves Ribeiro Belo Horizonte – MG6860 Aline Silva Cardoso Sacramento – MG6843 Aluizio Augusto Ruiz César Rio de Janeiro – RJ6840 Aldo de Farias Leal Surubim – PE6839 Ângelo Mário de Souza Prata Tibery Três Lagoas – MS6837 Antônio César Cruz Monteiro Taubaté – SP6833 Aluisio Teles Ferreira Filho Niteroi – RJ6829 Antoneli Batista Almeida Uberlândia – MG6794 Adilson César Ferrari Macaubal – SP6781 Adriana Pinto Oliveira Rio de Janeiro – RJ6875 Agrop.Copacabana Com. e Part. Ltda Rio de Janeiro – RJ6826 Bruno Knoop Cardoso Nobre de Campos Tremembé – SP6834 Bruno Anderson Tannous Pires Goiânia – GO6863 Carlos Alberto da Silva São Paulo – SP6854 Carlos Henrique Aguiar Oliveira / Outros Araxá – MG6853 Carlos Eugenio Avila de Oliveira Araxá – MG6851 Célio de Miranda Arcos – MG6841 Cloves Vieira Belo Horizonte – MG6831 Diogo Homem Borges da Costa Rio Pomba – MG6856 Eduardo Gomes de Siqueira e Silva Valença – RJ6873 Eduardo Santiago de Oliv./José R. Hilarino Uberaba – MG6861 Edvaldo Antônio Lopes Goianésia – GO6849 Francisco Teógenes Sabino Santana do Acaraú – CE6845 Fernando Antônio Dutra Macêdo Rio Pomba – MG6832 Frederico Wagner França Tannure Filho Primavera do Leste – MT6814 Fued José Dib Ituiutaba – MG6866 Fernando Antônio Lemos Nova Andradina – MS6838 Gerson Miranda Moreira Jacareí – SP6859 Hedmar Batistela Taciba – SP6848 Heloisa Beatriz da Silva Lima Valença – RJ6862 José Marcos de Oliveira Sertãozinho – SP6836 José Carlos Camargo Calderaro Paraibuna – SP6827 José Afonso Carrijo Andrade São Paulo – SP6780 José Roberto de Almeida Recife – PE6850 João Hermeto Neto Santana do Acaraú – CE6872 Lindomir Alfredo Dornelas Arcos – MG6876 Luiz Fernando Taranto Neves São Paulo – SP6864 Luizmar Batista de Sousa Porto Velho – RO6842 Luiz César Ferreira Paranaiguara – GO6868 Matheus Coutinho Tavares Belo Horizonte – MG6852 Marcelo Cunha Farah Uberaba – MG6846 Mauricio de Abreu Lima Campos Muriaé – MG6865 Michel Duailibi Neto Campo Grande – MS6844 Marcio Café Cardoso Pinto Salvador – BA6807 Nelson Mancini Nicolau São João da B. Vista – SP6828 Paulo César Ferreira Parra Promissão – SP6795 Paulo Sérgio Jeremias da Costa Cajuru – SP6855 Rafic Youssef El Mouallem Itajubá – MG6835 Renata Coletti Vieira Ribeirão Preto – SP6824 Regismar Ribeiro Alves Serra – ES6819 Raimundo Cerqueira Costa Pé de Serra – BA6783 Sérgio de Almeida Pacheco Rio de Janeiro – RJ6847 Wladimir Antônio Puggina Areado - MG

Page 13: O Girolando 82

13

Page 14: O Girolando 82

14

Entrevista

Pedro Antonio Arraes Pereira - Diretor-presidente da Embrapa

A Ciênciapor trás do campo

14

Por Larissa Vieira

Graças aos avanços da Ciência, o Brasil con-seguiu sair de importador para grande pro-dutor de alimentos. Dos laboratórios da

Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agrope-cuária), inúmeras pesquisas têm ajudado produ-tores brasileiros e de outros países a produzir ali-mentos de qualidade e em grande volume. Sob o comando do carioca Pedro Antonio Arraes Pereira, que se apaixonou pelo campo durante as viagens de férias na fazenda do avô, em Uruguaiana (RS), a Embrapa é hoje referência mundial em ciência e tec-nologia. Com pós-doutorado em Genética Molecu-lar e Marcadores Moleculares no Feijoeiro Comum, o diretor-presidente da Embrapa está na entidade desde 1977. Em entrevista à revista O Girolando, Arraes conta como a entidade desenvolve pesqui-sas para beneficiar não só os produtores rurais, mas a sociedade como um todo.

Era

ldo

Pér

es

Page 15: O Girolando 82

15

15

O Girolando - O Brasil tem pela frente o desafio de suprir grande parte da demanda futura de alimentos no mundo. O que será preciso para realmente aten-der essa demanda?

Pedro Arraes - O mundo vai pre-cisar aumentar em 40% a produção de alimentos e outros países também preci-sam produzir, não é só o Brasil. Por outro lado o Brasil pode ocupar espaços que vêm surgindo no mercado internacional. A China, por exemplo, que era grande produtora de milho, agora terá de impor-tar o grão em grande quantidade. Temos tecnologia e terras disponíveis para ga-rantir o futuro aumento da produção de alimentos. Quando a Embrapa foi cria-da, em 1973, a entidade tinha o papel de desenvolver pesquisas para que o país pudesse atender a demanda interna por alimentos. Na época, o Brasil importava quase tudo. As pesquisas conseguiram dar um boom na produção. Saltamos de 40 milhões de toneladas de grãos em 1976 para 160 milhões atualmente. A área plantada cresceu 31%, a produção saltou para 218% e a produtividade para 158%. Com o melhoramento genético de plan-tas e animais, a produção de alimentos no país pode crescer ainda mais. Temos áreas para expandir a fronteira agrícola. Só de pastagens degradadas são100 mi-lhões hectares, que poderão ser aprovei-tados para produção de alimentos através da integração lavoura, pecuária, floresta. Com um manejo adequado poderemos aumentar a produção por unidade.

O Girolando - A pesquisa no Brasil ainda hoje sofre com a falta de recursos?

Arraes - Em décadas anteriores re-almente faltavam recursos. Fazer pesqui-sa é caro e os resultados são alcançados em longo prazo. Além disso, precisa ser um investimento constante. Hoje temos um orçamento melhor. O PAC Embrapa revigorou a entidade, permitindo que 85% dos nossos laboratórios fossem modernizados. Claro que sempre vamos necessitar de mais recursos, mas a in-

fraestrutura que temos atualmente está permitindo desenvol-vermos pesquisas nas mais diversas áreas que vão beneficiar toda a sociedade por muitas décadas.

O Girolando - Como o Brasil está em termos de pes-quisa e tecnologia para produção de alimentos em relação a outros países?

Arraes - O agronegócio brasileiro é reconhecido mun-dialmente por seu grande nível tecnológico, mas a Ciência é algo global, exigindo que nosso trabalho também seja global. Contamos com Laboratórios Virtuais da Embrapa no Exterior (Labex) nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia que funcio-nam como plataforma para a cooperação entre pesquisadores brasileiros e estrangeiros. É uma forma de estarmos inseridos no que há de mais moderno em termos de Ciência, sem gastar os recursos que um laboratório convencional exige, pois com-partilhamos os meios físicos com as instituições parceiras. Por outro lado, temos pesquisadores estrangeiros desenvolvendo estudos nos laboratórios brasileiros da Embrapa. É uma par-ceria ganha-ganha que tem permitido a troca de experiências com vários países. Além dos Labex, temos projetos de pesqui-sa em países da África e das Américas para o desenvolvimen-to de tecnologias capazes de beneficiar todos os países envol-vidos. Também estamos transferindo tecnologia para nações que enfrentam dificuldades na produção de alimentos, como, por exemplo, o Haiti. Enviamos pesquisadores para essas lo-calidades com o objetivo de capacitar a população local para produção de grãos, de hortaliças e preservação dos recursos naturais. Em Moçambique, onde há uma região de cerrado se-melhante ao nosso, estamos levando as tecnologias que fo-

Era

ldo

Pér

es

Page 16: O Girolando 82

1616

ram desenvolvidas para produção de alimentos em áreas de cerrado.

O Girolando - O Brasil não corre o risco de fu-

turamente perder espaço no mercado mundial por repassar nossas tecnologias a outros países?

Arraes - Temos de pensar de outra maneira, de forma solidária. No passado, o Brasil foi bene-ficiado por espécies vindas de outros países. É o caso das pastagens. Hoje a maior parte do pasto brasileiro é formada por forrageiras tropicais vindas da África. Por que não podemos retribuir, levando aos países africanos as tecnologias básicas de pro-dução de alimentos? Os projetos de pesquisa que desenvolvemos na África atualmente ainda podem nos beneficiar futuramen-te. Um exemplo é a pes-quisa que investiga formas de combater o carrapato africano que está sendo desenvolvida pela Embra-pa. Esse tipo de carrapato transmite uma virose aos animais que causa gran-des perdas. O resultado da pesquisa vai beneficiar os africanos, mas, se no futu-ro, esse tipo de carrapato for encontrado no Brasil, já saberemos como com-batê-lo. Claro que essa internacionalização da Em-brapa é fruto de estudos estratégicos feitos pelo governo federal. As áreas são definidas levando em conta a possibilidade de gerarem avanço científico para o Brasil.

O Girolando - Como fazer para que as tec-nologias desenvolvidas em laboratório cheguem ao campo de forma mais rápida e ampla?

Arraes - A extensão rural pública no Brasil passou por um processo de deterioração em anos anteriores que acabou dificultando o acesso, prin-cipalmente dos pequenos produtores, às tecnolo-gias. Já os grandes produtores têm recursos pró-prios para investir em inovação. Estamos firmando parcerias para que a extensão rural, seja ela pública ou privada, possa levar os avanços tecnológicos a todas as propriedades rurais. Vamos lançar este ano um projeto de capacitação dos extensionistas,

via internet. Com isso, vamos conseguir que a in-formação chegue a lugares onde não estava che-gando.

O Girolando - As pesquisas estão garantindo maior segurança alimentar e produtos que atendam ao atual estilo de vida do brasileiro?

Arraes - Em um primeiro momento a Embra-pa desenvolvia suas pesquisas para dentro da por-teira, levando mais tecnologia para os produtores. Hoje, trabalhamos para beneficiar a sociedade em geral. As pesquisas com feijão, por exemplo, foram desenvolvidas para se obter um grão de cozimen-to mais rápido. Como a dona de casa brasileira tem preferência por um feijão de cor mais clara, por

achar que cozinha mais rá-pido, buscamos selecionar grãos nesse tom. Na parte de segurança alimentar, um bom exemplo é a pes-quisa com bagaço de caju para produção de coran-te natural. Os pigmentos encontrados no caju pro-porcionam uma escala de matizes, que vão do ama-relo claro ao alaranjado, fa-zendo com que a fruta seja uma alternativa de fonte natural para o mercado de corantes. Os corantes arti-ficiais, como a tartrazina,

têm em sua fórmula substâncias que podem trazer riscos à saúde.

O Girolando - Como é o trabalho da Embrapa em relação à pecuária leiteira?

Arraes - As pesquisas no setor pecuário avan-çaram muito mais que na agricultura. Temos várias unidades da Embrapa que trabalham especificamen-te com pecuária, sendo uma delas só para o leite. Sabemos que a demanda por leite é grande e preci-samos avançar em qualidade e produtividade cada vez mais. No caso da Instrução Normativa 51, as mudanças que levaram à Instrução Normativa 62 fo-ram feitas com base em um estudo apresentado pela Embrapa Gado de Leite. A unidade vem trabalhando no sequenciamento do genoma bovino da raça Giro-lando e de outras raças leiteiras. Já outras unidades da Embrapa desenvolvem pesquisas nas áreas de pastagem, de sanidade, de nutrição, entre outras.

““

...estamos transferindo

tecnologia para nações que

enfrentam dificuldades na

produção de alimentos,

como, por exemplo, o Haiti.

Page 17: O Girolando 82

17

Page 18: O Girolando 82

18

O que esperar da

seleção genômica?

Larissa Vieira

18

Pesquisadores brasileiros trabalham para tornar essa revolucionária ferramenta aces-sível aos criadores de raças leiteiras. Ela é apontada como a tecnologia mais impac-tante para o aumento das taxas de ganho genético na indústria bovina no mundo nos últimos 20 anos

Não é de hoje que o homem seleciona os animais de seu rebanho através do fenótipo. Desde que os bovinos foram domesticados, há pelo menos

7.500 anos, a avaliação visual é a ferramenta de seleção mais utilizada. Com o tempo, o “olhômetro” passou a dividir espaço com a ciência, principalmente a partir de 1930. As avaliações genéticas entraram em campo com a popularização dos programas de melhoramento genético e o criador foi utilizando ferramentas de maior precisão para formar plantéis de alta produção leiteira.

Div

ulga

ção

Page 19: O Girolando 82

19

Na raça Girolando, a pri-meira prova zootécnica a au-xiliar na seleção foi o Controle Leiteiro, implantado em 1989. Depois, veio o Teste de Progê-nie, em 1997. Em 2007, essas duas ferramentas passaram a fazer parte do Programa de Me-lhoramento Genético da Raça Girolando. O salto na produção das fêmeas nos últimos 22 anos foi de mais de 100%. A produ-ção média saiu de 1.990 kg/lei-te, em 365 dias de lactação, em 1989, para atuais 4.761 kg/leite.

Apesar desse ganho ge-nético alcançado nos últimos anos, em um sistema de sele-ção tradicional o ritmo de cres-cimento tem limitadores, como, por exemplo, o intervalo de ge-rações , ou seja, a idade média dos pais ao nascimento dos filhos. Um touro participan-te do teste de progênie terá sua avaliação genética fina-lizada no prazo mínimo de seis anos. A seleção genômi-ca é apontada como alternativa para acelerar o ganho genético. “Por volta de 1990, o foco das pesquisas em genética quantitativa passou a ser direcionado também para a genética molecular. Uma das justificativas para isso foi que o uso de informações do DNA possibilitaria acelerar o ganho genético em relação ao método tra-dicional (que utiliza somente os registros fenotípicos e as informações de pedigree), por meio da redução do intervalo de gerações e da diminuição do custo dos testes de progênie, dando maior confiabilidade na sele-ção dos animais”, esclarece o pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Marcos Vinicius Barbosa da Silva.

Foi justamente a aplicação da seleção genômica em uma raça leiteira que tornou essa ferramenta tão fa-mosa mundialmente. Em 2007, os Estados Unidos e o Canadá iniciaram o trabalho pioneiro e revolucionário na raça holandesa , o qual teve a participação do pes-quisador Marcos Vinicius Barbosa da Silva. “Esse traba-lho permitiu a real integração dos dados gerados pelo programa de melhoramento clássico (DEPs, acurácia) com os dados moleculares (frequência alélica, desequi-líbrio de ligação). O sucesso foi tão grande e economi-camente sustentável que a pecuária leiteira não poderá mais abrir mão dessa tecnologia”, diz o pesquisador da UNESP Araçatuba, José Fernando Garcia, que integrou a equipe de pesquisadores responsáveis pelo sequen-ciamento do genoma bovino, divulgado em 2009. Se-gundo ele, hoje são testados animais muito jovens da raça holandesa para a escolha daqueles que participa-rão do programa de melhoramento, e para a determi-nação do mérito genético de animais de produção para a seleção e descarte.

No Brasil, várias pesquisas estão sendo desen-

volvidas para levar a seleção genômica para o campo. Uma delas é o sequenciamento do genoma da raça Girolando, cuja conclusão deve ocorrer em dois anos. A Embrapa Gado de Leite iniciou o estudo no ano passa-do, tendo como base o touro IPA Bochecho (Girolando Puro Sintético - PS), pertencente à Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária - IPA. O sequenciamento do genoma abre várias possibilidades de es-tudo para os pesquisadores, en-tre elas, a descoberta de genes que controlam características de interesse econômico. “Em-bora possa parecer misteriosa, a seleção genômica é, na verda-de, muito simples. Por exemplo, no passado, para que um touro

jovem fosse selecionado para entrar em teste de progê-nie, a única informação disponível era a média dos va-lores genéticos de seus pais, e não havia modo seguro para determinar se o desempenho de um animal seria melhor ou pior do que a média dos seus pais. Desse modo, seriam necessários cerca de sete anos para que, com base nos desempenho de sua progênie, esse ani-mal fosse avaliado. Atualmente, em virtude da relação existente entre os marcadores moleculares e os genes relacionados às características de importância econô-mica, é possível estimar com segurança o provável de-sempenho de um animal logo após o seu nascimento”, explica o pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Mar-cos Vinicius, que além do sequenciamento do Girolan-do, coordena o mesmo estudo para as raças zebuínas de aptidão leiteira gir, guzerá e sindi.

Para José Fernando Garcia, os estudos possibi-litarão o estabelecimento de um programa de Seleção Genômica para a raça Girolando. “Isso nada mais é do que o programa tradicional de melhoramento genético, ‘aditivado’ pela inclusão de informações genéticas reais (marcadores genéticos), que permitem a obtenção de índices (PTAs) com acurácias significativamente maio-res”, explica Garcia. Segundo o pesquisador, a raça Girolando é talvez o maior agrupamento animal com-posto pelo cruzamento de duas raças distintas na atuali-dade no mundo. “O tamanho dos rebanhos (registrado e comercial) e a sua relevância econômica para a cadeia do leite no Brasil são notáveis. Busca-se nos cruzamen-tos do Gir com o Holandês capturar o melhor de cada uma das raças. Entretanto, a dispersão das característi-cas genéticas (e consequentemente a manifestação fe-notípica - tais como a produção e qualidade do leite, re-sistência à mastite ou outras doenças, termotolerância) nos resultados dos cruzamentos ainda é regida por alto grau de aleatoriedade. O Programa de Melhoramento

Ale

xand

re Iw

ata

Pesquisador da UNESP José Fernando Garcia

Page 20: O Girolando 82

20

Genético da Raça Girolando vem trabalhando no senti-do de minimizar a aleatoriedade da manifestação des-sas características de interesse, entretanto com veloci-dade limitada ao poder das metodologias estatísticas de melhoramento genético”, enfatiza.

O Sumário de Touros de Girolando já traz infor-mações de vários marcadores moleculares, que auxi-liam na seleção de animais de maior potencial de pro-dução de leite, gordura e de proteína, além de permitir a identificação de portadores de alelos para doenças hereditárias. Além de reduzir consideravelmente os custos dos testes de progênie, o uso de marcadores moleculares na seleção permite duplicar os ganhos ge-néticos.

Com a genômica, o ritmo será ainda maior. “A seleção genômica poderá ser a tecnologia mais impac-tante para o aumento das taxas de ganho genético na indústria bovina no mundo nos últimos 20 anos. Con-sideráveis desafios ainda precisam ser vencidos para sua total implementação, incluindo a adaptação das avaliações genéticas nacionais de modo a acomodar a informação genômica, o controle da endogamia e a melhoria dos recursos metodológicos e computacio-nais”, diz Marcos Vinicius. Segundo ele, a acurácia de valores genômicos, relatada em análises realizadas em alguns países, é impressionante.

Um dos primeiros desafios a vencer é a cole-

ta de dados e de amostras de forma adequada, uma tarefa que cabe aos criadores. Foi o que aconteceu no Holandês. A raça tornou-se referência no assunto porque conta com um programa de melhoramento genético com meio século de existência e uma co-leção de amostras biológicas (sêmen) iniciada nos anos 50.

Os criadores também serão fundamentais na etapa que virá após a conclusão das pesquisas. Eles serão responsáveis por testar geneticamente seus animais e integrar essas informações ao programa de melhoramento genético existente. Os pesquisa-dores estimam que os testes genômicos chegarão em breve a um patamar de preços aceitáveis no que diz respeito à relação custo/benefício.

Marcos Vinicius conduz as pesquisas de sequenciamento do genoma do Gi-rolando

Pitt

y

Page 21: O Girolando 82

21

Page 22: O Girolando 82

22

Uma guinadapara a realidade

Duarte VilelaChefe Geral da Embrapa Gado de Leite

A prorrogação das exigências da IN 51 mostra que para se obter leite com qualidade não bastam leis

Seria ótimo se bastassem leis para criar uma re-alidade ideal. Não haveria crimes, exploração ou corrupção. Todos os conflitos da sociedade

se resolveriam com a redação de portarias, instruções normativas, decretos... e o leite brasileiro passaria a ter qualidade de primeiro mundo a partir de janeiro deste ano. Ou ainda: pela IN 51 já teríamos leite com quali-dade de primeiro mundo desde julho do ano passado, quando a Normativa foi adiada para o ano seguinte.

A substituição da IN 51 pela Instrução Normativa 62, publicada em 29 de dezembro de 2011, traz a ca-deia produtiva do leite de volta à realidade e mostra o quão distante do ideal o setor se encontrava. Pela nova Normativa, o Brasil precisará de mais quatro anos para ter sua pecuária de leite respeitando os limites de 100 mil/ml para Contagem Total Bacteriana (CTB) e 400 mil/ml para Contagem de Células Somáticas. É lógico que estou generalizando. Há muitos produtores que já pos-suem tais índices e parece ter sido esse o gancho para a polêmica que nasceu do adiamento das exigências: quem trabalhou para se adequar à antiga IN 51 não de-sejava o retrocesso.

Algo que se esforça para traduzir a realidade são os números. Segundo dados do Laboratório de Quali-dade do Leite da Embrapa – que analisa mensalmente

amostras de aproximadamente 20 mil rebanhos – se a IN 51 entrasse, de fato, em vigor a partir de primei-ro de janeiro deste ano, poucos rebanhos estariam de acordo com a Normativa. Aproximadamente 95% das análises realizadas no Laboratório para CTB estão acima de 100 mil/ml e 45% delas ficam acima de 400 mil/ml para CCS. Chamada à Câmara Setorial do Leite e Derivados para emitir seu parecer, a Embrapa Gado de Leite apenas ratificou o que qualquer jurista faria. Nenhuma lei pode se confrontar com números tão ex-pressivos.

O parecer da Embrapa, que embasou a IN 62, propôs que as exigências se dessem progressivamen-te, ao longo dos próximos quatro anos, num processo permanente e sistêmico de avaliação de resultados, ajustes e revisão de metas. Entendemos os leitores que emitiram suas opiniões contrárias na mídia, mas ressalto que a melhoria do produto deve ser uma ban-deira do setor. Não se trata aqui de uma competição onde os que alcançaram os índices se mantêm no jogo,

enquanto os demais são eliminados. A cadeia produtiva do leite deve utilizar os produtores que trabalharam para se adequar à antiga norma como referência para os demais, reco-nhecendo que eles se encontram quatro anos (ou mais) a frente do seu tempo (e a maioria sendo bonificada por esta vanguarda).

Às instituições do setor cabe garantir que o prazo estabelecido pela nova Normati-va seja cumprido. A todos nós deve ficar pa-tente a lição de que obter leite com baixa CTB e CCS não é mera questão de tempo. Exige muito trabalho para capacitar o produtor. O salto qualitativo do setor só se dará com a capacitação. Esta é uma posição histórica defendida pela Embrapa Gado de Leite, mas que muito pouco tem avançado.

Ao final da década de 90, o Programa Nacional de Melhoria da Qualidade do Leite Clinica de leite da Embrapa analise por mês amostras de 20 mil rebanhos

Em

bra

pa

Gad

o d

e Le

ite

Page 23: O Girolando 82

23

(que teve a participação da Embrapa) contemplava a ‘capacitação do produtor’, além da criação da RBQL (IN 37) e da própria IN 51. Enquanto as duas últimas caminharam, até hoje aguardamos ações concretas de capacitação. O que levou ao não desenvolvimento de tais ações? O custo financeiro de atender próximo de dois milhões de estabelecimentos leiteiros em todo o país, naquela época, talvez tenha desencorajado as ins-tituições públicas e privadas ligadas ao setor. Ora, mas não se obtém qualidade sem investimento... O resul-tado desta inércia foi a publicação da nova Normativa.

Não somos a única instituição a tocar na tecla da capacitação dos produtores de leite. Várias instituições têm programas próprios: o Sebrae em Minas, com o Educampo; o Senar, com um programa de treinamen-to de produtores; além de outras iniciativas da assistên-cia técnica pública e privada como o Minas Leite (MG); o Tanque Cheio (GO); e o Balde Cheio (Nacional), etc. Tais iniciativas contribuem para reverberar a filosofia de que a mudança de cultura do trabalhador rural se faz por meio da educação e do treinamento. No entan-to, precisamos de mais energia nesta luta, buscando recursos e apoio. Acreditamos que o mais lógico é a união dos esforços em prol da mesma causa. Neste sentido, uma parceria do Sebrae, Senai e Embrapa Gado de Leite, com o apoio do Ministério da Agricul-tura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), foi implantado recentemente o Programa Alimentos Seguros para a cadeia produtiva do leite (PAS Leite), que tenta mudar esta realidade, elevando a segurança e a melhoria da qualidade do leite em todos os elos da cadeia produti-va, através de Boas Práticas da Produção.

Mas enquanto isso não acontece com todos os produtores e em toda a cadeia, a Embrapa Gado de Leite e a Câmara Setorial do Leite compreenderam a necessidade de se repensar a cronologia da busca pela qualidade do leite no Brasil, permitindo que os elos da cadeia produtiva possam se articular, definir priorida-des e estratégias e, finalmente, agir. No entanto, regis-tro que a contribuição da Embrapa levada à Câmara (unanimemente acatada como uma decisão do cole-giado e encaminhada ao SDA/Mapa, que a transfor-mou na IN 62/2011) não se limitou apenas a obter mais prazos. Sugere ainda:

•CriarnoâmbitodaSecretariadeDefesaAgro-pecuária (SDA/Mapa), um Programa Nacional de Con-trole e Prevenção da Mastite, elaborado por um gru-po de trabalho envolvendo instituições de pesquisa e ensino, empresas de lácteos, serviços de extensão e demais participantes da cadeia do leite. A Embrapa e parceiros têm um projeto pronto que pode atender a esta demanda;

•Garantir investimentos em infraestrutura deenergia elétrica e estradas, condições básicas e prio-ritárias para que o leite, produzido com a qualidade higiênico-sanitária desejada, seja mantido durante o transporte para a indústria, e dentro da mesma;

•Proporprogramasdequalificaçãoecapacita-

ção dos técnicos da extensão rural e autônomos que atendam os produtores de leite. O PAS-Leite pode atender a esta demanda;

•Proporprogramasdecapacitaçãoparaospro-dutores e transportadores de leite com foco em edu-cação sanitária e qualidade do leite. O PAS-Leite pode atender a esta demanda;

•Incentivar as empresas de lácteos a adotarprogramas de pagamento de leite baseados em indica-dores de qualidade pode ser uma das principais estra-tégias para melhoria da qualidade do leite;

•Melhorar o acesso ao crédito para financia-mento da produção de leite;

•Realizaraçõesparasensibilizaroconsumidorsobre a importância da qualidade do leite. O consumi-dor pode ser um importante agente no processo de transformação da cadeia do leite. A Láctea Brasil tem um projeto que pode atender a esta demanda.

Não é demais lembrar que sem a adoção destas, entre outras medidas; sem um foco constante na capa-citação do produtor; sem o comprometimento de toda a cadeia produtiva em unir esforços, corre-se o risco de, em 2016, estarmos aqui discutindo a redação de uma nova Normativa, com toda a polêmica, constran-gimento e fadiga que isso provoca e que desde hoje pode ser evitada.

Page 24: O Girolando 82

24

Page 25: O Girolando 82

25

Page 26: O Girolando 82

26

e a produção agropecuária

Marcelo Henrique OtenioPesquisador da Embrapa Gado de Leite – Gestão

Ambiental, Recursos Hídricos e [email protected]

A água como bem comum O tema água sempre foi considerado essencial pela agricultura e o setor agrícola direciona-se, agora, para discu-

tir a abordagem pelo prisma do direito ambiental. O assunto não deve ficar restrito aos operadores do direito ou gestores ambientais; devido principal-mente à grande exigência de uso de técnicas mais

eficientes e ambientalmente responsáveis, todos os envolvidos devem integrar esta discussão.

Há que se considerar a crescente demanda mundial para produção de alimentos, aliada a um modelo agrícola sustentável, preocupado não so-mente em atender as necessidades imediatas da po-pulação, mas também das gerações futuras. Neste sentido algumas medidas vêm sendo adotadas para racionalizar o uso da água, tais como: utilização de técnicas de irrigação mais eficientes, valoração eco-nômica da água e criação de outorgas de direito do uso dos recursos hídricos.

Dentre outras abordagens é fundamental que haja um manejo racional de irrigação, considerando não apenas as técnicas mais modernas, mas tam-bém a diminuição do desperdício, com aplicação das quantidades adequadas de água para cada tipo de cultura.

Deve-se incentivar o uso de técnicas de irriga-ção mais eficientes, projetos corretamente dimen-sionados e com manutenção adequada. Porém, diante do atual quadro de degradação, não basta somente aprimorar as técnicas de irrigação; é preci-so ir além, conscientizar a população de que a água é “um bem de uso comum do povo”, pois todos nós somos detentores de direitos e obrigações para com este bem.

O Poder Público, visando frear o uso inade-quado da água, criou o regime de outorgas de di-reito de uso dos recursos hídricos, que tem como objetivo assegurar o controle do consumo da água e o efetivo exercício dos direitos de acesso a ela.

As outorgas são “consentimentos” dados aos interessados, públicos ou privados, de usar os re-

Foto

: M

arce

lo O

teni

o

26

Monitora ambiental Tatiana; produtor agro-

pecuário Luvercínio; engenheiro da Embrapa,

Marcelo Loures; e pesquisador Marcelo Otenio, orientando

a montagem do clorador.

Page 27: O Girolando 82

27

cursos hídricos, ou seja, visa dar uma “garantia” ao produtor quanto a disponibilidade de água, assumi-da como insumo básico de processo produtivo. A outorga tem valor econômico para quem recebe, na medida em que oferece garantia de acesso a um bem escasso. Por isso, é imprescindível conscien-tizar o agricultor sobre a importância deste benefí-cio, uma vez que boa parte dos usuários de irriga-ção não possui conhecimento sobre a importância de buscar sua outorga de direito de uso das águas. No entanto, apenas a realização de ações que façam com que os usuários solicitem suas outorgas não solucionam o problema quanto aos conflitos exis-tentes e devem ser realizados estudos e programas em que a outorga para o setor de irrigação siga seu papel de instrumento efetivo de gestão de recursos hídricos.

É necessário conscientizar a população, espe-cialmente os agricultores, estimulando uma postura racional, baseada no uso eficiente dos recursos hí-dricos, abolindo qualquer desperdício e, ainda, bus-car a transferência de conhecimentos para viabilizar o amplo acesso dos usuários na utilização desses recursos.

No Estado de Minas Gerais a outorga segue uma sequência de registros, e vale ressaltar que esta não dá ao usuário a propriedade de água, mas o direito do seu uso. Portanto, a outorga poderá ser suspensa, parcial ou totalmente, em casos extremos

de escassez, do não cumprimento pelo outorgado dos termos de outorga, por necessidade premente de se atenderem os usos prioritários e de interesse coletivo, dentre outras hipóteses previstas na legis-lação vigente.

Os usuários de recursos hídricos de qualquer setor devem solicitar ao Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) a outorga de direito de uso das águas de domínio do Estado. Para o uso de águas de domínio da União, a outorga deve ser solicitada à Agência Nacional de Águas (ANA).São de domínio estadual as águas subterrâneas e superficiais que te-nham nascente e foz dentro do território do Estado.

São de domínio da União as águas dos rios e lagos que banham mais de um Estado, fazem limite entre Estados ou entre o território do Brasil e o de um país vizinho. O usuário desse Estado pode regis-trar/pedir sua outorga dentro do sítio do Igam, além de acompanhar o processo de regularização. Para facilitar o preenchimento do formulário do Registro do uso legal podem-se utilizar algumas referências em função da finalidade do uso indicado neste link: http://www.igam.mg.gov.br/images/stories/campa-nha/registro_de_uso_legal.pdf.

A água como fator de qualidade Atualmente o mundo enfrenta vários proble-

mas ambientais, e a poluição dos corpos d’água vem tomando dimensões cada vez maiores. A água

Page 28: O Girolando 82

28

é um recurso essencial para os organismos vivos, para o ser humano é fundamental em todas as ati-vidades socioeconômicas. No entanto, a preocupa-ção atual é com sua qualidade, quantidade e dispo-nibilidade. O Brasil é um dos países que mais possui reservatórios de água no mundo; com isso, cria-se a falsa percepção de disponibilidade eterna, fartura ocasionando o desperdício (DIAS, 2006).

O impacto ambiental da atividade agropecu-ária é diretamente proporcional à intensificação da exploração da propriedade. A água não é o único elemento indispensável e importante para o de-senvolvimento de uma região, mas talvez seja o principal a servir como elo entre os diferentes com-partimentos. Em síntese, parte-se do pressuposto de que todas as atividades antrópicas, ou pressões exercidas em áreas com limites naturais bem defini-dos (bacia hidrográfica), podem ser detectadas nos recursos hídricos ali estabelecidos. Este impacto no recurso hídrico ocorre principalmente pela neces-sidade de um espaço físico que leva quase sempre ao desmatamento, fazendo com que o solo desnu-do fique exposto à lixiviação superficial e profunda. Este processo, se não controlado, resultará no em-pobrecimento do solo, conduzindo o material para áreas mais baixas, chegando aos rios e lagos.

Segundo Carvalho, Schlittler & Tornisielo (2000), para a manutenção do equilíbrio e funcio-namento hídrico, mantendo o ecossistema seguro, deverão ser preservadas as nascentes e as matas ciliares, uma vez que a mata protege a água e o solo, dificultando o aporte de nutrientes no corpo hídrico.

Em termos de qualidade dos produtos e res-peito ao meio ambiente, o cuidado com os recursos hídricos, envolvendo atividades agropecuárias, se apresenta como oportunidades para a implementa-ção de sistemas de produção adequados.

Motivada por esta problemática, a Embrapa Gado de Leite de Juiz de Fora, em parceria com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater–MG), Instituto Estadual de Florestas (IEF) e escolas estaduais e municipais, com financiamento da Embrapa na linha de atua-ção da agricultura familiar do Conselho Nacional de

Referências bibliográficasCARVALHO, A. R; SCHLITTLER,F. H. M; TORNISIELO, V. L. Relações da atividade agropecuária com parâmetros físi-

cos químicos da água. Química Nova (23) (5). p. 618. 2000. DIAS, G. F. Atividades interdisciplinares de educação ambiental. 2 ed. São Paulo: Gaia, p. 109-128. 2006.

Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig), desenvolve, desde 2009, o projeto “Sis-tema de monitoramento da qualidade de águas na-turais, a exploração agropecuária e a preservação dos recursos hídricos: participação comunitária de produtores de leite de base familiar e quilombolas”, visando formar jovens para o monitoramento de águas de rios e/ou córregos das comunidades ru-rais onde vivem.

Como resultado deste trabalho destaca-se o conhecimento da realidade da agropecuária e das suas necessidades quanto a tecnologias mais ade-quadas para preservação e recuperação dos recur-sos hídricos. Este projeto tem um sítio na Internet http://www.cnpgl.embrapa.br/monitores/ .

Apesar de o Brasil possuir grande riqueza em recursos naturais, principalmente água, é importan-te que existam políticas públicas específicas para saneamento rural. Atualmente tais políticas públi-cas são ainda incipientes em alguns lugares mais distantes dos grandes centros, onde inexiste o tra-tamento de água e falta informação a respeito do destino final do lixo e esgoto.

Os estabelecimentos agropecuários não po-dem perder mercado pela falta de qualidade dos seus produtos; por isso o saneamento rural, além de preservar a saúde dos produtores e do rebanho, garante o atendimento à exigência das normas para melhoria da qualidade dos produtos, como leite, por exemplo.

Recentemente, a Embrapa Gado de Leite pu-blicou um documento técnico que indica os méto-dos adequados de cloração (FOTO) de água para uma propriedade rural: OTENIO, M. H.; CARVALHO, G. L. O. de; SOUZA, A. M. de; NEPOMUCENO, R. S. C. Cloração de água para propriedades rurais. Juiz de Fora: Embrapa Gado de Leite, 2010. 4 p. (Embra-pa Gado de Leite. Comunicado Técnico, 60.). Dis-ponível em: http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/ 26419/1/COT-60-cloracao.pdf.

Esta publicação vem atender uma demanda dos técnicos do setor por informações adequadas à realidade da cadeia produtiva, buscando, de ma-neira prática e direta, sugerir uma solução de custo acessível para a implantação da tecnologia da clo-ração de águas em propriedade rural e na agroin-dústria.

Page 29: O Girolando 82

29

Page 30: O Girolando 82

30

é prioridade no Congresso Nacional

Foto

: D

ivul

gaçã

o

30

O novo relator do Código Florestal na Câma-ra dos Deputados, deputado Paulo Piau, quer acelerar votação do PL 1876/99 para

que o texto não sofra interferências da Rio + 20,

conferência da ONU sobre desenvolvimento sus-tentável que será realizada em junho, no Rio de Janeiro. A expectativa do relator é de colocar o projeto de lei para votação nos dias 6 e 7 de março.

Page 31: O Girolando 82

31

O texto foi aprovado na Câmara, em maio do ano passado, e revisado pelo Senado em dezembro de 2011. Piau elogiou as alterações feitas pelos senadores. “Houve avanços principalmente na clareza da redação e nos aspectos legal e constitucional. Esse aspecto jurí-dico é muito importante, porque não podemos ficar na insegurança por falta de definições claras”, atesta. Piau também concordou com a autorização, incluída pelo Senado, para que a Câmara Brasileira de Comércio Ex-terior crie barreiras à importação de países que adotem medidas de preservação ambiental menos severas que as brasileiras e a possibilidade de o governo pagar para quem realizar ações de preservação ambiental.

Antes de retomar os trabalhos na Câmara, o de-

Dep. Paulo Piau é o relator do

projeto na Câmara

putado reuniu-se com pesquisadores de universidades e centros de estudo para debater pontos do texto apro-vado no Senado. Um deles diz respeito à definição de bacias críticas, onde há maior potencial para ocorrência de conflitos pelo uso da água. “Deixa espaço para uma avaliação muito subjetiva”, diz.

A mudança mais significativa promovida no Se-nado foi a definição de um limite claro para as ativida-des irregulares em Áreas de Preservação Permanente (APPs) e em reserva legal que poderão ser mantidas: todas aquelas iniciadas até 22 de julho de 2008. As ocu-pações iniciadas após essa data terão de ser suspensas e a vegetação, recuperada.

Esse limite corresponde ao dia da edição do se-gundo decreto (6.514/08) de regulamentação da Lei de Crimes Ambientais (9.605/98), que define as punições para produtores em situação irregular.

Desde o início da discussão do projeto, a recom-posição de ocupações consolidadas em locais proibi-dos é o ponto mais controverso, justamente devido às multas a que os proprietários rurais em desacordo com a lei estarão sujeitos, caso não sejam anistiados. O tex-to aprovado na Câmara também menciona a data de edição do decreto 6.514/08 como limite para o início de atividades que serão anistiadas, mas apenas em APP; em relação à reserva legal, não cita data.

Jo

sé C

ruz

AB

r

Page 32: O Girolando 82

32

“Formas de aproveitamento como volumoso na alimentação animal”

Nilo Adhemar do ValleTécnico da Girolando

Cana-de-açúcar

A cana-de-açúcar é plantada em vários estados brasileiros, concentrando-se sua maior área plantada (85%) nas regiões Centro Oeste, Sul

e Sudeste. São Paulo é o maior produtor dessa cultura, sendo responsável por 60% da produção nacional.

Uma das formas de aproveitamento da cana-de-açúcar como volumoso na alimentação animal é a cana fresca, com cortes diários e fornecimento imediato no cocho, para os animais. Atualmente, essa forma de for-necimento tem possibilitado alternativas de manejo, como a utilização de agentes hidrolíticos imediatamen-te após a colheita e posterior armazenamento desse volumoso em local apropriado e protegido. Com isso, você economizará na mão de obra, uma vez que o cor-te não teria necessidade de ser diário e também a ação hidrolítica no volumoso possibilitaria o fornecimento de um alimento com maior digestibilidade da matéria

seca (MS), proporcionando ganhos adicionais em ter-mos de valor nutritivo, possibilitando maior consumo e desempenho dos animais.

Outro modo de aproveitamento da cana-de-açú-car é na sua forma ensilada, que tem se consolidado como uma opção bastante utilizada em função dos be-nefícios operacionais alcançados pelo produtor, como: concentração das atividades de colheita, podendo esta ser terceirizada em um período curto, redução de cus-tos com transporte interno e redução na necessidade diária de mão de obra.

Adotando a cana-de-açúcar como alimento vo-lumoso possível de ser ensilado e fornecido aos ani-mais, o produtor precisa estar ciente da necessidade do uso de aditivos para a melhoria da qualidade dessa silagem. A ensilagem da cana de açúcar sem o uso de aditivos faz com que o volumoso oferecido aos ani-

Mau

ríci

o F

aria

s

Page 33: O Girolando 82

33

Page 34: O Girolando 82

34

mais se torne uma fonte pouco interessante como alimento suplementar, com valor nutritivo muito inferior ao da cana original (Nussio, Shnidt, Pe-droso, 2003). Esses mesmos autores afirmam que se a cana for ensilada sem o uso de aditivos, a silagem poderá se comportar como uma das fon-tes mais onerosas de MS e energia para o rebanho. Ainda segundo os autores citados, sem o uso de aditivos ocorre elevada produção de etanol, promovida por levedu-ras, ocasionando grande perda de matéria seca (MS) e redução no valor alimentício, uma vez que inibe o consumo da silagem pelo animal, principalmente nas primei-ras horas de fornecimento desse volumoso.

Aditivos químicos e inocu-lantes microbianos têm sido utili-zados com o intuito de melhorar o padrão de fermentação e a conser-vação das silagens de cana, atu-ando no controle da produção de etanol e no aumento da estabilida-de aeróbica desse volumoso.

Atualmente tem-se utilizado de uma forma crescente, a cal virgem como aditivo. Conforme alguns au-tores, a aplicação de 2% de cal virgem como aditivo na matéria verde de cana-de-açúcar resultou em uma silagem com maior digestibilidade e, por-tanto, com maior consumo e aproveitamento pelos animais se comparada com a silagem de cana sem aditivo.

Outro aditivo químico utilizado é a ureia, que segundo Lima et al (2002), e Molina et al (2002), as silagens de cana-de-açúcar tratadas com níveis entre 0,5% e 1,5% deste aditivo, apresentaram melhor composição bromatológica e um bom padrão de fermentação, aumentando, assim, o seu consumo pelos animais em relação à silagem de cana sem aditivos.

Aditivo microbiano, como o Lactobacillus buchneri, atualmente é o microrganismo comercial que apresenta maior potencial para melhoria da estabilidade aeróbica das silagens. Segundo Pedroso (2003), animais ali-mentados com rações contendo silagem de cana-de-açúcar inoculada com este aditivo apresentaram melhor conversão alimentar em comparação aos alimentados com ração controle. Isto se deve ao fato de este aditivo apresentar valor de estabilidade aeróbica próximo a 80 horas, resultando em menor perda do material ensilado até o momento do consumo pelo animal.

Tendo em vista os estudos realizados sobre suplementação volu-mosa com cana-de-açúcar, tanto na sua forma de cana fresca com cortes diários quanto na sua forma ensilada, notamos a necessidade da adoção de técnicas para melhoria da qualidade do alimento fornecido aos animais. Com isto, oferecemos a eles uma alimentação volumosa que possibilita melhor conversão alimentar e maior produção de carne e leite.

Fontes de Pesquisa: Caderno Técnico de Ve-

terinária e Zootecnia – 2008 e Boletim Técnico

da Universidade Federal de Lavras (Ufla)

Div

ulga

ção

Page 35: O Girolando 82

35

Page 36: O Girolando 82

36

Poliana de Castro MeloJurada Efetiva Girolando

Doutora em Medicina Veterinária PreventivaEmail:[email protected]

Diarreias em bezerrosTratamento, Controle e Prevenção

A diarréia em bezerros é uma doença multifatorial que pode ser resultado da combinação de am-biente inadequado, imunidade baixa dos ani-

mais e contato com diversos agentes infecciosos. Pode também possuir origem “não infecciosa”, sendo neste caso os erros de manejo alimentar e higiênico as cau-sas principais (BENESI, 1999). Representa, em associa-ção com septicemia, causa significativa de mortalidade em bezerros com até três semanas de idade (GREENE, 1978), e em conjunto com a tristeza parasitária bovina, as diarréias são apontadas como as principais causas de mortalidade em bezerros leiteiros (SILVA et al., 2001).

IntroduçãoAs perdas causadas pela diarréia podem refletir

diretamente na quantidade e qualidade dos bezerros desmamados (ZARZOSO & MARGUERITTE, 2001), pois segundo LIBERAL (1989) e MAGALHÃES et al. (1991) os bezerros que sobrevivem à salmonelose ou à coliba-cilose neonatais não apresentam o mesmo desenvol-vimento quando comparados àqueles que se mantive-ram livres destas doenças. Portanto, é extremamente importante o diagnóstico etiológico precoce, evitando, assim, prejuízos econômicos significativos.

O índice de mortalidade provocado pelas diar-reias é maior em bovinos de leite, em virtude do sis-tema de criação adotado, principalmente o intensivo, que promove alta concentração de animais e, conse-quentemente, maior risco de exposição aos patógenos. BRUNING FANN & KANEENE (1992) descreveram que 20% dos bezerros de leite desenvolveram diarreia do nascimento ao desmame, com a mortalidade podendo atingir 10% nos primeiros 14 dias e 5% dos 15 aos 90 dias. VIRTALA et al. (1996) observaram taxas de mor-

bidade e letalidade de 28,8% e 7,6%, respectivamente, em bezerros leiteiros com diarreia de até três meses de idade, sendo o pico de incidência entre a primeira e se-gunda semana de vida.

A diarreia é uma condição caracterizada pela passagem de fezes com aumento de conteúdo aquoso e/ou com frequência maior que a normal. Pode repre-sentar sinal clínico de doença intestinal primária ou uma resposta inespecífica à septicemia, toxemia ou enfermi-dade de outro sistema do organismo (SMITH, 1996).

PatogeniaExistem cinco mecanismos principais que expli-

cam a patogenia das diarréias: o decréscimo ou dano na superfície absortiva (má-absorção), aumento do nú-mero de partículas osmoticamente ativas dentro do lú-men intestinal, aumento da secreção de solutos e água, anormalidades no trânsito intestinal e aumento da pres-são hidrostática luminal (SMITH, 1996).

Entre os agentes que podem estar envolvidos neste complexo destacam-se os de origem bacteria-na como Escherichia coli, Salmonella spp, Clostridium perfringens tipo C; os de origem viral como rotavírus e coronavírus; e protozoários como Eimeria spp, Giardia sp. e Cryptosporidium spp (BENESI, 1999). Estes agen-tes podem causar diarréia isoladamente ou em associa-ção (MODOLO et al., 1994).

Etiologias e DiagnósticosA Escherichia coli é um dos mais importantes

agentes etiológicos isolados de bezerros neonatos no Brasil e causa de mortalidade em bezerros de leite (RE-BHUN,1995). Pertence à microbiota normal do trato gastrintestinal dos animais domésticos, com maiores

Div

ulga

ção

Page 37: O Girolando 82

37

concentrações no íleo distal e intestino grosso (MER-RITT, 1980).

O principal sinal clínico da colibacilose (infecção por E.coli) é a diarréia, caracterizada por fezes profusas, aquosas, amarelo-pálidas ou esverdeadas e, raramente com muco ou sangue, desidratação, debilidade e óbito dentro de poucos dias (CASTRO & YANO, 1992). Pode ocorrer sob a forma septicêmica, com óbito dos ani-mais nas primeiras 24 horas após o nascimento (MER-RITT, 1980).

O diagnóstico presuntivo da infecção por E. coli é baseado no histórico e sinais clínicos, sendo confirma-do pela presença da bactéria nas fezes, através da co-procultura. O diagnóstico definitivo requer a detecção dos fatores de virulência específicos (fímbrias, toxinas), utilizando aglutinação em látex (ÇABALAR, 2001), cul-tura celular, reação em cadeia pela polimerase, assim como métodos sorológicos para estudos epidemiológi-cos. Devido à possibilidade da ocorrência de infecções associadas com rotavírus, coronavírus e criptospori-diose, as fezes também devem ser examinadas para o diagnóstico de enteropatógenos virais e protozoários (REBHUN, 1995).

Outro agente importante de origem bacteria-na é a Salmonella sp. A doença ocorre comumente em bezerros entre a segunda e sexta semana após o nascimento, embora também possa acometer animais

adultos. Em bezerros recém-nascidos a forma caracte-rística da doença é representada por septicemia, com os animais apresentando depressão profunda, apatia, decúbito, febre e óbito entre 24 e 48 horas (RADOSTI-TIS et al., 2002).

Na forma aguda o principal achado é diarréia aquosa, com tonalidade marrom, com presença de fragmentos de mucosa, fibrina, estrias de sangue e odor fétido. A diarréia pode levar à desidratação, fra-queza, perda de eletrólitos e distúrbios ácido-básicos (RADOSTITIS et al., 2002).

Relatado pela primeira vez em 1969, o rotavírus é considerado por diversos autores como o principal

Div

ulga

ção

Page 38: O Girolando 82

38

agente viral envolvido com síndromes agudas entéricas em diferentes mamíferos, inclusive no homem (BUZI-NARO et al., 2003). Associado principalmente à diarreia em animais jovens, o rotavírus juntamente com corona-vírus representam a principal causa de diarreia viral em neonatos bovinos.

Os rotavírus possuem 11 segmentos de RNA de cadeia dupla, os quais quando separados por eletrofo-rese em gel de poliacrilamida, apresentam padrão de migração característico denominado eletroferótipo (JE-REZ et al., 1989; BUZINARO & JEREZ, 1998; BUZINARO et al., 2000).

Os bezerros tornam-se infectados pela via oral. A gravidade da doença pode ser determinada pela idade do bezerro quanto à exposição à cepa viral, estresse, condições ambientais, falha na transferência de imu-nidade passiva e infecções concomitantes com outros enteropatógenos (BUZINARO, 2000). A participação de bezerros clinicamente sadios na disseminação do ví-rus pode ser demonstrada pela detecção do vírus em amostras fecais destes animais, contudo maiores taxas de isolamento e de eliminação de partículas virais são encontradas em surtos de diarréia. Ainda não está de-finida a participação de animais adultos como fonte de infecção para os bezerros (ÇABALAR et al.,2001).

A infecção por rotavírus ocorre no intestino del-gado, sobretudo ao epitélio do jejuno, sendo caracte-rizada pela destruição das vilosidades e conseqüente substituição por células cubóides imaturas derivadas das criptas intestinais, provocando má-digestão e má-absorção (REBHUN, 1995). Inicialmente os bezerros fi-cam apáticos e com relutância em se alimentar, poden-do ocorrer disfunções abdominais e, ocasionalmente, febre.

Desenvolve-se diarréia, que pode ser aquosa no início, mas rapidamente torna-se de amarelo-pálida a esbranquiçada e pastosa, contendo muco. A severida-de dos sinais clínicos e a duração da doença são variá-veis, podendo ser fatal em condições de campo (HALL et al., 1992).

Os rotavírus têm sido identificados nas fezes através de vários métodos

de diagnóstico, tais como: teste em placas, ensaio imunoenzimático, imunofluores-cência, microscopia eletrônica, imunoperoxidase, aglutinação em eletroforese em gel de polia-crilamida (ALFIERI et al., 2004). Testes de sorodiagnósticos já foram utilizados no diagnósti-co de rotaviroses em bezerros, contudo, devido à alta taxa de prevalência de anticorpos con-tra vírus entéricos em bovinos, o seu uso como método de diag-nóstico tem valor limitado.

Tratamento, Prevenção e ControleSolução oral de reidrataçãoAssim que a diarreia for detectada (quanto mais

cedo melhor), o bezerro deve ser alojado em um am-biente seco, não exposto ao frio, para então receber soro terapia de reidratação. O principio geral da reidra-tação oral segue a seguinte afirmativa: se sal e água passarem devagar o bastante pelos intestinos, então a absorção será completa. A presença de glicose na so-lução eletrolítica é opcional. A glicose pode aumentar a fermentação intestinal, mas, por outro lado, pode aju-dar na absorção de eletrólitos e, seguida da absorção, pode fornecer energia ao bezerro. Soluções orais tam-bém estão disponívies comercialmente.

Estes produtos contêm mistura de eletrólitos, glicose e outros sais, assim como microminerais, vita-minas e agentes gelatinosos. Pectinas não são essen-ciais em uma solução de reidratação oral; porém, po-dem ajudar a reduzir a taxa de passagem de leite pelos intestinos e, assim, melhorar a digestão. Podem, ainda, fornecer proteção e alívio à mucosa intestinal que está inflamada e danificada pelo quadro de diarreia.

Bezerros com diarreia perdem parcialmente a capacidade de digerir leite. Diarreias podem ter seu quadro clínico piorado pela passagem de leite não di-gerido pelos intestinos, por estimular a multiplicação de bactérias. Assim, uma recomendação prática seria substituir o leite parcialmente ou completamente por uma solução de reidratação oral (SRO). Porém, pes-quisas recentes indicam que bezerros recebendo SRO por apenas dois dias, continuam desidratados e podem perder peso rapidamente. Em contraste, bezerros rece-bendo sua cota diária de leite (10% de peso corporal) suplementada com uma SRO acídica não apresentam sinais de piora e geralmente ganham peso durante o período de reidratação (7 dias).

Limitar a quantidade de leite oferecido ao bezer-ro, nestes casos, o mantém ainda com um pouco de fome e, portanto, mais propenso a aceitar a SRO. O leite

Figura 1: Desidratação é a principal causa de morte nas diarreias.* SRO = Solução de Reidratação Oral; quantidade necessária para restabelecer o balanço de flui-dos a uma bezerra que de 45 Kg, em acréscimo à parcela de leite diária.

Page 39: O Girolando 82

39

Page 40: O Girolando 82

40

pode se limitar à quantidade necessária para manten-ça: 1.8 kg/d para um bezerro de 25 kg, 2.7 kg para um bezerros de 35 kg e 3.4 kg/d para um bezerro de 45 kg. Além disso, o número de alimentações pode ser au-mentado para 3 ou 4 por dia (e a quantidade oferecida deve ser diminuída proporcionalmente) para encorajar o bezerro a beber mais líquidos.

Se a diarreia persistir e os sinais de desidratação piorarem, um veterinário deve ser chamado. Quando um bezerro apresenta sinais severos de desidratação (Figura 1) (perda de água corporal >8%), um veterinário pode administrar eletrólitos e antibióticos intravenosos. Bezerros desidratados, mesmo aqueles que parecem estar morrendo, geralmente respondem muito bem à infusão endovenosa de eletrólitos.

Assim como a maioria das doenças de bezerros, imunidade passiva adequada e remoção de fatores predisponentes são as duas medidas principais para se evitar a diarreia. Verificar se as práticas recomendadas de manejo estão entrando em vigor, além de dar aten-ção aos detalhes da criação, são atitudes que eliminam os fatores de risco e reduzem consideravelmente a inci-dência de diarreia e morte de bezerros.

Cuidados que devem ser tomados: Fornecimen-to da quantidade adequada de colostro de alta qualida-de. Colostro e leite devem ser fornecidos à temperatura corporal (36-38°C). Alimentação deve ocorrer duas ve-

zes ao dia, em horários regulares e com utensílios, lim-pos, sanitizados e secos após cada uso. Sucedâneos de leite devem ter alta qualidade nutricional. Um sucedâ-neo rico em gordura (15-20%) provavelmente apresen-tará melhores resultados do que um sucedâneo com baixo teor de gordura (10-15%).

Bezerros devem ser mantidos em bezerreiros in-dividuais, protegidos contra correntes de ar. O agrupa-mento de bezerros deve ser feito apenas após a desma-ma. Bezerreiros devem ser desinfectados regularmente e devem permanecer vazios por três semanas. O siste-ma “todos dentro, todos fora” deve ser recomendado em fazendas com histórico de diarreia.

VacinasPara linhagens específicas de E. coli estão dispo-

níveis vacinas no mercado. A maneira mais efetiva de usar estas vacinas é pela inoculação de vacas prenhes, para que a resistência à bactéria possa ser transferida através de imunoglobulinas pelo colostro. O sistema imune de um bezerro não responde bem à vacinação até 6 a 8 semanas de idade. A vacinação de vacas em lactação tem sido amplamente adotada em rebanhos leiteiros. Existem numerosas linhagens de E. coli que causam diarreia; assim, a introdução de uma linhagem nova ou diferente de E. coli (por exemplo, com a com-pra de um bezerro infectado) pode resultar em novos episódios da doença.

Referências BibliográficasALFIERI, A.F.; ALFIERI, A.A.; BARREIROS, M.A.B.; LEITE, J.P.G.; RICHTZENHAIN, L.J. G and P genotypes of group a rotavirus strains circulating in calves in Brasil. Vet. Microbiol., Amsterdam , v.99, p.167-173. 2004.BENESI, F.J. Síndrome diarréia dos bezerros. Rev. CRMV-ES, Vitória, v.2, n.3,p.10-13, 1999.BRUNING-FANN, C.; KANEENE, J.B. Environmental and management risk factors associated with morbidity and mortality in perinatal and pre-weaning calves: a review from an epidemiological perspective. Vet. Bull., v.62, p.399-413, 1992.BUZINARO, M.G.; JEREZ, J.A. Caracterização eletroforética de rotavírus em rebanhos bovinos leiteiros da região Nordeste do Estado de São Paulo. Ars Vet., Jaboticabal, v.14, p.193-200, 1998.BUZINARO, M.G.; MUNFORD, V.; BRITO, V.M.E.D.; RÁCZ, M.L.; JEREZ, J.A. Caracterização eletroforética e análise de subgrupo de rotavírus em rebanhos bovinos leiteiros do Estado de São Paulo. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., Belo Horizonte, v.52, p.555-561, 2000.BUZINARO, M.G.; MISTIERI, M.L.A.; CARVALHO, A.A.B.; SAMARA, S.I.; REGITANO, L.C.A.; JEREZ, J.A. Prevalência de rotavírus do grupo A em fezes diarréicas de bezerros de corte em sistema semi-intensivo de produção. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., Belo Horizonte, v.55, p.266-270, 2003.CASTRO, A.F.P.; YANO, T. Principais doenças diarréicas dos bezerros de origem bacteriana. In: CHARLES, T.P.; FURLONG, J. Diarréias dos bezerros. Coronel Pacheco: EMBRAPA – CNPGL, 1992, p.02-38.ÇABALAR, M.; BOYNUKARA, B.; GÜLHAN, T.; EKIN, I.H. Prevalence of rotavirus, Escherichia coli K99 and O157:h7 in healthy dairy cattle herds in Van, Turkey. Turk. J. Vet. Anim. Sci., v.25, p.191-196, 2001.GREENE, H.J. Causes of dairy calf mortality. Irish J. Agric. Res., Dublin, v.17,p.295-301, 1978.HALL, G.A.; JONES, P.W.; MORGAN, J.H. Calf diarrhoea. In: ANDREWS, A.H.Bovine Medicine – Diseases and husbandry of cattle, 1a ed., Blackwell Scientific Publications: Oxford, 1992, p.154-180.LIBERAL, M.H.T. Controle da salmonelose em bezerros jovens pela vacinação. Niterói: PESAGRO, n.17, 1989. 11p.MAGALHÃES, H.; FREITAS, M.A.; GONÇALVES, W.M. Ocorrência, aspectos bacteriológicos e histopatológicos da colibacilose de bezerros. Pes. Agropec. Bras., Brasília, v. 29, p.555-564, 1991.MERRITT, A.M. Small intestinal diseases of neonates. In: ANDERSON, N.V. Veterinary Gastroenterology, 1a ed., Lea & Febiger: Philadelphia, 1980, p.464-482.MODOLO, J.R.; AMATO NETO, V.; BRAZ, L.M.A.; LOPES, C.A.M.; GOTTSCHALK, A.F. Avaliação da influência do formol e do hipoclorito de sódio na pesquisa de oocisto de Cryptosporidium nas fezes, através do método de Heine. Rev. Soc. Bras. Med. Trop., Rio de Janeiro, v.27, n.2, p.75-77, 1994.RADOSTITS, O.M.; GAY, C.C.; BLOOD, D.C.; HINCHCLIFF, K.W. Clínica Veterinária – um tratado de doenças dos bovinos, ovinos, suínos, caprinos e eqüinos. 9a. ed. Guanabara Koogan: Rio de Janeiro, 2002. 1737p.REBHUN, W.C. Diseases of dairy cattle. 1a. ed., Williams & Wilkins: Baltimore, 1995, 530p.SILVA, L.A.F.; ACYPRESTE, C.S.; DIAS, F.C.; FIORAVANTI, M.C.S.; RAMOS,L.S.; TEIXEIRA, P.A. Importância do manejo no controle da mortalidade de bezerros em uma propriedade rural de exploração mista de bovinos. Rev. Bras. Cienc. Vet., v.8, p.94-99, 2001.SMITH, B.P. Large Animal Internal Medicine. 2a ed, Mosby: St. Louis, 1996, 2040p.VIRTALA, A.K.; MECHOR, G.D.; GROHN, Y.T.; ERB, H.N. Morbidity from nonrespiratory diseases and mortality in dairy heifers during the first three months of life. J. Am. Vet. Med. Assoc., Ithaca, v.208, p.2043-2046, 1996.ZARZOSO, R.J.; MARGUERITTE, J.A. Avaliação de uma estratégia vacinal para prevenir a diarréia em bezerros recém-nascidos. A Hora Vet., Porto Alegre, n.120, p.25-27, 2001.

Page 41: O Girolando 82

41

Page 42: O Girolando 82

42

Todo ano a situação se repete: durante a pri-mavera e o verão, quando a umidade é maior, a incidência de problemas de casco nos re-

banhos aumenta significativamente. Entretanto, alta umidade não é a única vilã da saúde dos cascos no rebanho – diversas deficiências de manejo contri-buem para a ocorrência de problemas de cascos, não apenas na estação das chuvas. Tanto é, que através do aspecto e das lesões presentes nos cas-cos, é possível se ter uma boa ideia de como anda o manejo da propriedade e, em alguns casos, fa-cilmente identifica-se o problema que ocasionou o distúrbio.

Entre os fatores que mais propiciam a ocor-rência de problemas de casco destacam-se des-balanços nutricionais (principalmente dietas com excesso de grãos, que podem causar acidose e die-tas deficientes em vitaminas e minerais), pisos de concreto, pisos ásperos, pisos com britas e areia grossa, excesso de barro e mudanças hormonais do periparto.

Nesta seção discutiremos quatro importantes problemas que estão presentes no dia a dia dos re-banhos leiteiros:

Atenção com os

problemas de cascos

Ocilon Gomes de Sá FilhoGerente de Produtos Gado de Leite

e Antibióticos Bovinos da Pfizer

Page 43: O Girolando 82

43

Page 44: O Girolando 82

44

lão. O tratamento deve ser tópico e o casqueador deve pesquisar a presença de outras lesões que comumente são favorecidas pela presença da erosão, como a úlcera de sola.

Podridão de casco: caracteriza-se pelo inchaço generalizado do espaço interdigital e região periférica do casco. A lesão é causada por diferentes agentes in-fecciosos, como Fusobacterium necrophorum, Diche-

lobacter nodosus, Escherichia coli e Arcanobacterium pyogenes.

O animal apresenta claudicação intensa e repenti-na. O tratamento exige antibioticoterapia parenteral (su-gestão: Excede* CCFA, conforme descrito previamente) e a resposta é comumente rápida e eficaz.

A prevenção das enfermidades de casco deve ser criteriosa e realizada através de pedilúvios (suges-tões: sulfato de cobre, sulfato de zinco, formol e cal), ali-mentação balanceada (principalmente visando prevenir acidose) e instalações adequadas. Na seleção dos re-produtores, deve-se considerar a sua resistência gené-tica a essas enfermidades. O casqueamento de animais estabulados deve ser feito de uma a duas vezes por ano, para correção de cascos e identificação e prevenção prematura de problemas.

Úlcera de sola: é a lesão de maior importância econômica, com maior incidência em rebanhos aloja-dos em free stall. Apresenta-se como uma área circuns-

crita na sola, sem a presença de tecido córneo e com exposição dos tecidos subjacentes. O animal acometi-do sente desconforto evidente. O tratamento consiste em limpar a área afetada, realizar antissepsia local, e fa-zer uso de um taco na unha não acometida para evitar o contato da unha lesada ao solo. Quando há comprome-timento do casco, recomenda-se aplicação de antibió-tico parenteral (sugestão: 1 ml/30 kg de Excede* CCFA na base da parte posterior da orelha – não há período de retirada para o leite).

Abscesso de sola: é uma lesão decorrente da entrada de sujidades (esterco, terra, pedregulhos) na região da linha branca da sola, a qual se encontra dilata-

da, resultando em dor local. Há formação de abscesso subsolear e o desconforto à locomoção é evidente. O tratamento exige drenagem do abscesso, tratamento local e aplicação de antibiótico parenteral (sugestão: Excede* CCFA, conforme descrito previamente).

Erosão do talão: é uma lesão associada com ambientes úmidos e contaminados, causada principal-mente pela bactéria Dichelobacter nodosus. Caracteri-za-se pelo desgaste e perda de tecido na região do ta-

Page 45: O Girolando 82

45

Page 46: O Girolando 82

46

Farmácia veterináriaAlgumas razões para montar uma na sua fazenda e profissionalizar a sua produção leiteira

Guilherme Augusto VieiraMédico Veterinário, doutorando em História

das Ciências Agrárias, professor do Curso de Veterinária da Unime-Bahia, autor do livro:

Como montar uma farmácia na fazenda.

A exploração moderna e tecnificada da pecuária leiteira envolve alguns fatores necessários para sua sobrevivência mercadológica, a se desta-

car: a produção de leite de alta qualidade, “seguro”, com baixos níveis de contaminação microbiológica, a manutenção de um alto padrão sanitário do rebanho, investimento em genética e, principalmente, a adoção de ferramentas de gestão agropecuária no contexto atual do agronegócio brasileiro.

Antigamente os proprietários rurais viam a fa-zenda ou o sítio como atividade amadora, sem uma forma de administração definida, onde todos os pro-cessos eram tratados de forma paternalista, sem indi-cação e assistência técnica, sem a utilização das mo-dernas técnicas de produção e, consequentemente, as propriedades rurais apresentavam baixa eficiência produtiva em decorrência dos fatores mencionados acima, fato observado ainda em nossas propriedades.

Com o aumento dos índices de produtividade agropecuária, não há mais lugar para quem for inefi-ciente. Os custos de produção aumentaram de forma aterrorizante e os produtores são obrigados a investir

em tecnologia, para produzir com eficiência. Com o propósito de obter um rebanho sadio e

produtivo, o produtor de leite deve adotar as práticas de manejo sanitário, que vem a ser um conjunto de procedimentos com o objetivo de proporcionar ótimas condições de saúde aos animais, buscando evitar, eli-minar ou reduzir a incidência de doenças no rebanho (Degaspery et al, 1988; Domingos & Langoni, 2001; Re-vista Rural, 2008).

De acordo com Malavazi (1983), a exploração econômica, objetivo principal das atividades pecuárias, está na dependência direta da saúde dos animais.

Diante deste contexto em que está envolvida a produção leiteira, a compra de insumos (medicamen-tos veterinários, vacinas, etc.) e o seu armazenamento apresentam-se de maneira representativa na explora-ção leiteira, pois além de tratar e prevenir as enfermi-dades no rebanho, evitam-se o desperdício e os gastos desnecessários.

Os insumos pecuários representam uma grande parcela no orçamento das fazendas e granjas de pro-duções pecuárias. Os medicamentos veterinários são

Mau

ríci

o F

aria

s

Page 47: O Girolando 82

47

Page 48: O Girolando 82

48

responsáveis, juntamente com a ração, pela compo-sição dos custos das produções pecuárias, exigindo atenção especial no seu planejamento e controle.

Na busca dessa eficiência tornam-se necessá-rias uma efetiva indicação, aplicação, dispensação e armazenamento dos medicamentos veterinários. Vale salientar que o uso desses medicamentos obedecem critérios técnico-científicos na aplicação nos animais, de importância na observação dos resultados dos tra-tamentos, sendo eles profiláticos e curativos, devendo seguir a orientação do profissional habilitado – o médi-co veterinário.

A indicação correta dos medicamentos garante eficiência e eficácia dos tratamentos, usos e dosagens adequadas, especificidades nos tratamentos, além de proporcionar melhor custo benefício na utilização e compra desses produtos.

A aquisição dos medicamentos e demais insu-mos veterinários deve obedecer a critérios técnicos, econômicos e atender aos objetivos de produção da empresa rural.

Pode-se definir a farmácia na fazenda como um espaço destinado ao armazenamento de medicamen-tos e correspondentes, com a finalidade de fornecer apoio aos tratamentos realizados nos animais, buscan-do melhor eficiência nos procedimentos a serem reali-zados nas fazendas.

Dentre os critérios técnicos, vamos dar algumas dicas de como montar a sua farmácia e evitar desper-dícios:

•Primeiramente,elaborarumcalendáriotécni-co de produção de sua propriedade, com evolução do rebanho, previsão de nascimentos e descartes. Diante do planejamento, você programará a compra de medi-camentos, insumos, rações, sais minerais, evitará com-prar produtos “em cima da hora” e economizará, pois comprará em quantidade e poderá conseguir bons

descontos;•Escolherfornecedoresdeconfiançaefiéis;•Aomontarsua farmáciana fazenda,escolha

um local livre de umidade, incidência de raios solares (de preferência com orientação nascente) e que tenha locais para instalação de prateleiras, geladeira, pallets para armazenamento de rações e sais minerais, e dis-tância correta;

•Senãotivercondiçõesdeconstruirumlocalapropriado, faça um armário, em local poente, com chaves e de preferência perto do estábulo;

•Compre sempre medicamentos e produtoscom prazo de validade maior;

•Tenhaumafichadecontroledecomprasesa-ída de produtos veterinários;

•Soliciteaoseuveterináriodeconfiançaumalista contendo todos os medicamentos necessários para sua produção.

Neste sentido faz-se necessário, cada vez mais, a organização de uma farmácia nas fazendas brasileiras, com a finalidade de manter um estoque de medica-mentos veterinários, mas também produtos diversos para que possam atender as atividades das fazendas como vacinas, material de uso hospitalar (algodão, gaze, curativo, agulhas, álcool, iodo, luvas), material ci-rúrgico, geladeira e outros equipamentos utilizados na produção animal.

Lembre-se de que a sanidade do rebanho é um dos aspectos mais importantes nos sistemas de pro-dução, pois seu controle impede a disseminação de enfermidades, aumentando os lucros. O conjunto de fatores que compõe os aspectos sanitários de um re-banho é composto pela vacinação, controle de para-sitos (endo e ecto), higiene dos animais e instalações, além das ações profiláticas e curativas dos animais.

A falha na sanidade não só afetará a saúde do rebanho, mas o bolso do produtor.

Farmácia veterinária incorreta Farmácia veterinária correta

Div

ulga

ção

Div

ulga

ção

Page 49: O Girolando 82

49

Page 50: O Girolando 82

50

Importância da qualidade da água

na produção de leite

Vários aspectos no manejo do rebanho influen-ciam na qualidade bacteriológica do leite cru. O leite sintetizado e secretado no úbere é estéril.

No entanto, a contaminação bacteriana pode ocorrer durante a ordenha, o armazenamento e o processo de transporte do leite.

A obtenção de leite de boa qualidade depende de vários fatores, como o estado sanitário do rebanho, a limpeza dos equipamentos e utensílios destinados a sua obtenção, a higiene do local e, particularmente, a qualidade da água utilizada na propriedade. Além de desempenhar papel importante na obtenção de um produto de boa qualidade, a água pode ser veículo de agentes patogênicos para seres humanos e animais (Amaral et al., 2003).

A qualidade da água usada para limpeza dos equipamentos de ordenha e no próprio manejo é de grande importância para a obtenção de leite de boa qualidade. A água utilizada para a limpeza de equipa-mentos deve ser semelhante àquela destinada ao con-sumo humano.

Os parâmetros utilizados como critérios de qua-lidade da água são os aspectos físicos, químicos e mi-crobiológicos. As análises físicas medem e indicam características perceptíveis pelos sentidos. Geralmente são características de ordem visual, mas que podem ser prejudiciais a diversas operações durante o proces-samento de alimentos. As características de ordem físi-ca incluem cor, turbidez, odor e sabor.

A Instrução Normativa nº 62 determina que a água destinada à produção de leite e à indústria de la-ticínios deve ser tratada e clorada, além de ser apro-vada em sua condição bacteriológica e físico-química. A utilização de uma água de má qualidade bacterioló-gica pode causar diarreia, especialmente nos animais jovens, e ainda, surtos de mamite no rebanho, má qua-lidade do leite, ao contaminar os equipamentos de or-denha e de refrigeração.

As análises físicas medem e indicam caracterís-ticas perceptíveis pelos sentidos que em algumas situ-ações são prejudiciais ao processamento do leite. Já os aspectos químicos são os mais importantes índices que caracterizam a qualidade da água sob a visão de processamento, higiene e economia nas indústrias de

alimentos (Leite et al., 2003).O exame físico-químico da água deve incluir,

obrigatoriamente, a análise de turbidez, cor, pH, sólidos totais dissolvidos, dureza, ferro, manganês, sulfatos, ni-trogênio amoniacal e nitroso.

Na tabela 1 encontram-se representados os pa-râmetros físico-químicos recomendados para análise da água, com seus níveis de aceitação.

As principais características físico-químicas da água relevantes no processo de limpeza e desinfecção na ordenha são a dureza e pH. A dureza da água é ca-racterizada pela capacidade de neutralizar – precipitar sabões – sendo calculada a partir da soma das concen-trações dos íons cálcio e magnésio na água, como equi-valentes de carbonato de cálcio (CaCO3), expressos em ppm ou em mg/litro, conforme descrito na tabela 2. Estes sais formam a chamada “pedra de leite”, sendo necessário, para sua eliminação, o uso de detergentes ácidos em maior frequência e concentração.

O pH da água pode ser influenciado em função da passagem das águas da chuva sobre os tipos de rochas presentes no solo de uma determinada região, incorporando os sais dissolvidos a ela, conferindo-lhes o pH correspondente. As águas naturais que contêm ácidos minerais, ácidos orgânicos e CO2 são ácidas, en-quanto as que contêm bicarbonatos, silicatos, fosfatos, hidróxidos, boratos são alcalinas. Além disso, deve ser considerado que o pH das águas poderá ser influencia-

Água coletada para análise e verificação da qualidade

Div

ulga

ção

50

Page 51: O Girolando 82

51

do pelo tipo de contaminação e poluição do ambiente (Viana, 2008).

Águas ácidas, além de promoverem corrosão de equipamentos, neutralizam detergentes alcalinos, dificultando o estabelecimento do pH ideal nos proce-dimentos de limpeza.

Assim, a utilização de água dura resulta em pro-cesso de limpeza incompleto e pouco eficiente, refle-tindo negativamente sobre a qualidade do leite. Nestes casos, é necessário aumentar a frequência de uso de detergentes ácidos, utilizando concentrações maiores de produto ou, então, lançar mão de fórmulas espe-ciais, capazes de neutralizar os efeitos da dureza, todos preocupantes, pois aumentam consideravelmente os custos na propriedade (Pires et al., 2010).

As análises microbiológicas avaliam a conta-minação por coliformes fecais e presença de agentes biológicos. Em uma propriedade rural interessa saber se os coliformes totais e fecais estão ausentes em uma amostra de 100 mL de água, que foi captada de uma fonte subterrânea ou que passou por processo de trata-mento e de cloração.

A qualidade microbiológica da água pode afetar a qualidade do leite, elevando principalmente a Con-tagem Bacteriana Total (CBT), inviabilizando, assim, a obtenção de alimentos que atendam aos padrões mi-crobianos exigidos pela legislação em vigor.

Estudos indicam que cerca de 40% das bactérias psicrotróficas (Pseudomonas, Acinetobacter, Achromo-

Água usada na limpeza antes da ordenha deve ser de boa qualidade

Div

ulga

ção

bacter, Flavobacterium) encontradas no leite coincidem com a microbiota predominante na água.

A água utilizada na lavagem de equipamentos de ordenha pode ser importante fonte de contamina-ção do leite por Staphylococcus aureus. A importância da água na transmissão da mastite é enfatizada pelo fato de o Staphylococcus aureus e o Staphylococcus coagulase-negativa nela sobreviverem por 30 dias e a

Page 52: O Girolando 82

52

Tabela 2. Classificação da dureza da água

Fonte: USGS (2011).

Escherichia coli, também importante agente etiológico da mastite, por 300 dias.

Barcellos & Rodrigues (2006) estudaram a qua-lidade da água na zona rural de Lavras, MG, e obser-varam contaminação fecal nos mananciais, inclusive os subterrâneos e subsuperficiais. Enfatizaram a necessi-dade da busca de conhecimentos da realidade sanitária no meio rural, caracterizada por populações com me-nor acesso às medidas de saneamento e pela presença

de atividades agropecuárias altamente im-pactantes, podendo interferir na qualidade da água dos mananciais que abastecem a área urbana.

Em estudo realizado por Polegato & Amaral (2005), em propriedades leiteiras do município de Marília, SP, foi avaliado que 90% das propriedades não efetuavam trata-mento químico da água e nunca analisaram a água que consomem e 10% que tratavam a água o faziam de maneira inadequada.

A água não deve jamais ter sua quan-tidade requerida e qualidade necessária ne-gligenciada, pois se apresenta como peça chave para o sucesso e rentabilidade na ati-vidade leiteira, assim como para garantia da sanidade animal, bem estar e segurança ali-mentar. A qualidade da água pode aumen-tar o nível de infestações de patógenos no rebanho e comprometer a vida útil dos equi-pamentos, que pode afetar a qualidade do leite por reduzir, principalmente, a eficiência dos processos de limpeza e desinfecção dos utensílios, equipamentos de ordenha, latões e tanques de resfriamento.

Referências bibliográficasAmaral, L. A.; Rossi Júnior, O.D.; Nader Filho, A.; Ferreira, F. L. A.; Barros, L.S.S. Ocorrência de Staphylococcus sp. em água utilizada em proprie-dades leiteiras do Estado de São Paulo. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia. vol.55 n.5, Belo Horizonte, 2003.Barcellos, C. M.; Rodrigues, L.S. et al. Avaliação da qualidade da água e percepção higiênico-sanitária na área rural de Lavras, Minas Gerais, Brasil, 1999-2000. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 22, n.9, p. 1967-1978, set, 2006.Brasil. Instrução Normativa nº 51, de 18 de setembro de 2002. Estabelece o regulamento e fixa os requisitos mínimos que devem ser observados para a produção, a identidade e a qualidade do leite. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 18 de setembro de 2002. Seção 1, p.13-22.Leite, M. O. et al. Controle de qualidade da água em indústrias de alimentos. Leite & Derivados, ed. 69, março/abril, 2003.Viana, F. C. A importância da qualidade da água na bovinocultura de leite. Anais... III Congresso Brasileiro de Qualidade do Leite. 97-113p. Recife, 2008.Pires, M. F. Á. ; Castro, C. R. T.; Oliveira, V. M.; Paciullo, D. S C. Conforto e bem estar para os bovinos leiteiros. In: AUAD, A.M.; SANTOS, A.M.B.; ...PIRES, M.F.A. et al. (Org.). Manual de Bovinocultura de Leite. 2 ed. Brasília/Belo Horizonte: LK editora/SENAR-AR/MG, 2010, v. 1, p. 395-426.Polegato, E. P. S.; Amaral, L.A. A qualidade da água na cadeia produtiva do leite: nível de conhecimento do produtor rural. Higiene Alimentar, v.19, n.129, p.15-24, 2005.USGS. United States Geological Survey. Water Hardness and Alkalinity. Disponível em: http://water.usgs.gov/owq/hardnessalkalinity.html. Acesso em: 25 jul. 2011.

Adriano Henrique do Nascimento RangelPrograma de Pós-graduação em Produção Animal – PPGPA/UFRN.

Natal/RN. e-mail: [email protected] Gurgel Guerra

Programa de Pós-graduação em Produção Animal – PPGPA/UFRN. Natal/RN.

José Geraldo Bezerra Galvão JúniorPrograma de Pós-graduação em Produção Animal – PPGPA/UFRN.

Natal/RN. Viviane Maia de Araújo

Zootecnista – Bolsista-CNPq – Projeto Sapi Leite/RNKarla Cavalcante Bezerra

Zootecnista – Bolsista-CNPq – Projeto Sapi Leite/RNLuciano Patto Novaes

Programa de Pós-graduação em Produção Animal – PPGPA/UFRN. Natal/RN.

Dorgival Morais de Lima JúniorPrograma de Doutorado Integrado em Zootecnia – PDIZ/UFRPE. Recife/

PE. e-mail: [email protected]

Tabela 1. Principais parâmetros avaliados na análise da qualidade físico-química da água

Adaptado de Viana (2008).

Page 53: O Girolando 82

53

Page 54: O Girolando 82

54

Teste de Progênieprocura novosrebanhoscolaboradores

Serão distribuídas 11 mil doses de sêmen em todo o Brasil entre os meses de feverei-ro e junho

A Associação Brasileira dos Criadores de Giro-lando precisa ampliar, em todo o país, o nú-mero de fazendas que participam como Re-

banhos Colaboradores do Teste de Progênie, prova que avalia geneticamente o desempenho de touros e permite a doação de sêmen bovino para pequenas e médias propriedades. Como serão distribuídas, a partir do final de fevereiro, 11 mil doses de sêmen, a estimativa é de que serão necessárias 5.500 matri-zes para inseminação artificial. Para cada fêmea do rebanho, o produtor recebe duas doses. A entrega do material genético vai até junho.

Entre os Estados que devem integrar a lista de Rebanhos Colaboradores, está o Maranhão. O go-verno maranhense vai investir em genética bovina para aumentar a produtividade do rebanho leiteiro do Estado. Atualmente, a média diária de produção é de 3 litros/vaca, enquanto a média nacional das vacas Girolando, raça responsável por 80% da pro-dução de leite do Brasil, já ultrapassou os 15 litros. A parceria que será firmada entre a Girolando e o Ins-tituto de Agronegócios do Maranhão (Inagro) per-mitirá o melhoramento genético do rebanho, sem qualquer custo para os produtores rurais.

A iniciativa foi tema de reunião, na capital, São Luís, no dia 5 de fevereiro, que contou com a pre-sença de representantes do governo do Maranhão, do Sebrae, do Senar, da Federação da Agricultura e da Girolando. O coordenador Operacional do Pro-grama de Melhoramento Genético da raça Girolan-do, Marcello Cembranelli, mostrou como funciona o Teste de Progênie. O técnico chegou ao Maranhão no dia 29 de janeiro e visitou 25 propriedades rurais localizadas entre os municípios de Imperatriz e de São Luís. Além de conhecer a pecuária leiteira da re-gião, Cembranelli avaliou o interesse dos pecuaris-tas em participar da prova Rebanhos Colaboradores do Teste de Progênie. Com isso, eles passarão a re-ceber gratuitamente doses de sêmen dos reprodu-tores avaliados geneticamente pelo programa. Em parceria com os Sindicatos Rurais da região, o téc-nico da Girolando ministrou palestras sobre o Teste de Progênie e sobre a raça, nos municípios de Im-peratriz, Peritoró, Bacabal, além da capital São Luís.

O Inagro vai definir o número de proprieda-des que serão beneficiadas pelo convênio com a Girolando, para até junho ocorrer a distribuição do material genético. Outra ação será o treinamento

Div

ulga

ção

Page 55: O Girolando 82

55

dos técnicos da Inagro para prestação de assistên-cia técnica aos produtores rurais na área de manejo, sanidade, nutrição.

Como participar - O criador interessado em ter seus animais atuando como Rebanho Colabo-rador deve entrar em contato com o Departamento Técnico da Girolando. Para que um rebanho seja co-laborador do Teste de Progênie é necessário aten-der a alguns pré-requisitos, dentre eles: fornecer os dados das progênies dos touros em teste, aos téc-nicos do programa durante as visitas técnicas; rea-

A raça Girolando voltou a registrar bom desempenho no mercado de genética. Segun-do o relatório de comercialização de sêmen, em 2011, no país, divulgado no dia 8 de fevereiro, pela Associação Brasileira de Inseminação Ar-tificial, a raça cresceu 48,45% no ano passado em comparação com 2010. Somando os últimos três anos, o acumulado é de 107,02%, saindo de 197.826 doses vendidas, em 2009, para as atuais 409.546. O Girolando foi a raça que mais cresceu percentualmente nos últimos três anos. Esse desempenho coloca a raça na se-gunda posição das vendas de sêmen nacional. No geral, as raças leiteiras venderam 4.895.122 doses, o que representa crescimento de 19,16%.

Vendas de sêmen sobem quase 50%Minas Gerais lidera as vendas entre as leiteiras, se-guido do Rio Grande do Sul e Paraná. Somando corte e leite, foram comercializadas 11.906.763 de doses no país. Parte das doses de Girolando vendidas em 2011 seguiu para outros países. Foram exportadas 24.045 doses para: Argentina, Canadá, Colômbia, Equador, Panamá e Paraguai. Para o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando, José Donato Dias Filho, esse crescimento mostra que a raça está se consolidando como a principal opção para produção de leite, por aliar rusticidade e alta produção, o que permite a produção a pasto e com menor custo. Atualmente, a raça é respon-sável por 80% da produção nacional de leite.

Evolução das vendas de sêmen de Girolando*

lizar a pesagem das bezerras e bezerros ao nascer; realizar o controle leiteiro das filhas dos touros na sua primeira lactação e suas companheiras contem-porâneas de rebanho.

Cembranelli ministra palestra sobre o Teste de Progênie em São Luís

Div

ulga

ção

Page 56: O Girolando 82

56

De olho no regulamento das

exposições

Sérgio Esteves AlmeidaDepartamento de Exposições e

Ranking da Girolando

Como todos sabem, os julgamentos de animais em pista têm como objetivo principal divulgar o trabalho de me-lhoramento da raça, mostrando toda a evolução genética

alcançada pelos animais Girolando. E as exposições são uma das melhores formas de divulgação dos criatórios nacionais. Como uma das formas mais importantes, as exposições agro-pecuárias com o julgamento da raça podem ser realizadas ofi-cialmente em três modalidades de eventos:

MOSTRA: Caracteriza-se pela apresentação de animais Girolando, devidamente registrados, tanto com genealogia co-nhecida ou não, isto é, livro fechado ou livro aberto. Tem como finalidade divulgar a raça, não se exigindo número mínimo de animais, podendo ou não haver julgamento;

EXPOSIÇÃO HOMOLOGADA: É a apresentação de ani-mais Girolando, devidamente registrados, com genealogia co-nhecida ou não, e com julgamento em pista. Deve contar com a participação de no mínimo 60 (sessenta) animais inscritos para julgamento, sendo que obrigatoriamente pelo menos 30% (trinta por cento) dos animais deverão ter genealogia conhecida comprovada, através dos Certificados de Registros, inscritos em nome de pelo menos 05 (cinco) expositores com o máximo de 12 animais por expositor;

EXPOSIÇÃO RANQUEADA: Apresentação de animais

Jad

ir B

iso

n

56

Page 57: O Girolando 82

57

Girolando, devidamente registrados, com julgamento em pista e com resultados válidos para o Ranking Oficial da Girolando. Devem participar no mínimo 84 (oitenta e quatro) animais julgados, sendo que obrigatoriamente 100% (cem por cento) deverão ter Genealogia Conhe-cida (livro fechado), comprovada através do Certificado de Registro, inscritos em nome de pelo menos 07 (sete) expositores com o máximo de 12 animais por expositor.

Das três modalidades a que desperta maior com-petitividade é a exposição ranqueada. É aquela em que os criadores e proprietários de animais nos três graus de sangue (1/2Hol+1/2Gir, 3/4Hol+1/4Gir e 5/8Hol+3/8Gir) disputam uma colocação no Ranking Nacional de Cria-dor, Expositor e de Criador-Expositor. A colocação no ranking faz com que os animais agreguem valor. Ao fi-nal de cada ranking, que se inicia na primeira exposição após uma MEGALEITE e encerrando-se na MEGALEITE do ano seguinte. A colocação no ranking é obtida pela soma dos cinco maiores resultados alcançados nos eventos em que os proprietários e criadores dos animais participaram, sendo descartados os demais resultados.

O aumento – ano a ano – do número de exposi-ções ranqueadas faz com que cresça cada vez mais a importância desses eventos e torna mais acirrada a dis-puta dos títulos. No ano de 2011 aconteceram 38 even-tos ranqueados, sendo julgados, no total, mais de 6.500 animais.

Ocorre que muitas vezes alguns expositores, após muito trabalho e despesas, são penalizados com a perda dos pontos conquistados nos julgamentos de pista. E isso tem acontecido com certa frequência, de-vido ao desconhecimento de dados importantes e que, em alguns casos, leva à desqualificação do animal ou do evento ranqueado. Por isso, é de extrema necessidade que os participantes desses eventos fiquem atentos e tomem algumas providências para que esse tipo de pro-blema não venha a acontecer.

Relacionamos algumas situações verificadas e frequentes nas inscrições de animais em eventos de julgamento de pista, que podem causar problemas na pontuação do evento e no ranking:

No ato da formalização da inscrição, através de formulário próprio fornecido pela organização de cada evento, os animais inscritos devem conter todos os dados solicitados, tais como: nome completo, grau de sangue, data de nascimento, número de registro, além dos números dos registros e nomes completos de pai e mãe, etc. Também é importantíssimo e obrigatório for-necer uma cópia do certificado do registro. Esta é uma prova importante de que o animal inscrito no evento

está devidamente cadastrado e registrado na Associa-ção Brasileira dos Criadores de Girolando. Além de ser obrigatório, evita problemas no momento do cadastro do animal, para efeito de confecção do catálogo e lau-dos de julgamento.

Existem algumas bonificações em pontuações, permitidas pelo regulamento, obtidas pelos animais em pista, que são dadas em três casos:

I. 15% para o animal que é 5/8Hol+3/8Gir; 15% pelo fato de o animal ou sua mãe ter controle leiteiro oficial. Para isso, deve sempre acompanhar cópia de do-cumento oficial que comprove a lactação (da respectiva Associação – Gir, Holandês ou Girolando). Não basta apenas dizer que o animal possui lactação; há a neces-sidade de informá-la e prová-la; e 15% pelo fato de os animais na progênie de pai ou de mãe serem filhos de touros 5/8Hol+3/8Gir ou PS;

II. No caso de inscrição de machos, devem ser observados alguns cuidados. É obrigatório que a mãe tenha controle leiteiro oficial, com sua lactação em an-damento, com um mínimo de 180 dias ou encerrada. As mães com grau de sangue 1/4Hol+3/4Gir deverão ter produção mínima de 2.500kg, e as mães 1/2Hol+1/2Gir, 3/4Hol+1/4Gir e 5/8Hol+3/8Gir deverão ter lactação mínima de 3.750kg, ambas padronizadas em 305 dias. Lembramos que a prova dessas lactações deve ser acompanhada de cópia de documento oficial que a comprove. Não participarão do julgamento de pista os machos filhos de reprodutores com prova negativa para produção de leite nos respectivos sumários nacionais das associações de raças ou dos países de origem, de-vendo sempre serem consultados os últimos resultados divulgados. Filhos de touros em fase de teste de pro-gênie ou sem prova poderão participar do julgamento;

III. Animais com mais de 24 meses devem, obri-gatoriamente, possuir registro definitivo. A participação de animais sem o RGD ocasiona sua desclassificação e traz como consequência a redução do número de animais participantes do evento, que em alguns casos pode chegar a desqualificar uma exposição ranqueada, passando a ser homologada, se este número totalizar menos de 84 animais.

A temporada 2012 está começando e certamen-te teremos pistas cheias por todo o Brasil. Então, fique atento ao regulamento para garantir a participação dos seus animais nas disputas.

Page 58: O Girolando 82

58

COLOSTROAtenção, criadores, selecionadores e técnicos, para as informações a seguir, pois são de grande impor-tância para o trabalho de todos!

Pendências financeirasDe acordo com o Artigo 25 do Regulamento do Serviço de Registro Genealógico da Raça Girolan-do, que se encontra em vigor, somente poderão ser atendidos os associados que estão em dia com suas obrigações financeiras perante a Girolando. Desta forma, mesmo após os atendimentos técnicos, os associados que tiverem débitos junto à Girolando terão os certificados de controle ou registro retidos. Após a regularização dos pagamentos, os certifica-dos serão enviados aos criadores.

Devolução de comunicações e documentosDesde o ano de 2010, após auditoria do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o Setor de Controle de Genealogia da Girolando está devolvendo as comunicações de cobrição, nasci-mento ou qualquer outro tipo de documento refe-rente ao Serviço de Registro Genealógico que não esteja devidamente preenchido. A falta de preenci-mento dos campos de registro ou controle, nomes dos pais, e número da CDC na comunicação de nas-cimento (CDN) são as pendências que ocorrem com maior frequência. Pedimos a todos os associados que preencham devidamente os formulários para evitar a devolução dos mesmos.

58

Leandro de Carvalho Paiva

Superintendente do SRGRG

Manual de instruções do portal Web AssociadoA Girolando disponibilizou, no final de 2011, o Portal Web Associado, sistema que permite aos criadores realizarem comunicações de cobrição e nascimento on-line. O sistema está disponível na página www.girolando.com.br. Para acessar o manual basta en-trar no portal e clicar no local onde o documento está disponível.Os associados que ainda não possuem seu Usuário e Senha, para acesso ao sistema, devem enviar uma solicitação para o e-mail: [email protected] ou entrar em contato com o Depar-tamento de Tecnologia da Informação da Girolando, através do telefone (34) 3331-6000.

Aprovação do novo regulamento do Serviço de Registro Genealógico da Raça Girolando – SRGRG

(versão 2012)O Conselho Deliberativo Técnico (CDT) elaborou, no final de 2011, uma nova versão do regulamento do SRGRG, que foi aprovada pelo Mapa em janeiro de 2012. Esta nova versão entrará em vigor a partir do dia 1º de abril de 2012. Entre as principais mudanças no regulamento podemos destacar a implantação de um novo sistema de identificação dos animais, chamado Sistema de Identificação Unificado (SIU). Outras mudanças, como a não obrigatoriedade da Nota Fiscal de Sêmen e não obrigatoriedade da apresentação dos atestados e exames de brucelo-se foram, também, incorporadas na nova versão do documento. A partir do mês de março os criadores receberão em seu endereço de correspondência um exemplar da nova versão do regulamento.

Cadastro da série única do criador OBRIGATÓRIA

No novo sistema de identificação aprovado pelo Mapa, cada criador deverá ter uma série única ca-dastrada junto ao SRGRG, composta por três ou quatro letras. Esta série única servirá como identi-ficação auxiliar e única no banco de dados da Giro-lando. Sendo assim, a partir de 1º de abril de 2012, data em que passará a vigorar o novo regulamento, somente poderão ser atendidos, para efeito de Con-trole ou Registro Genealógico de Nascimento (CGN/

Page 59: O Girolando 82

5959

RGN), os criadores que já providenciaram o cadas-tro da Série Única na Girolando. Os criadores que ainda não fizeram o cadastro, poderão obter o for-mulário no site da Girolando ou através do telefone (34) 3331-6000, com Nivaldo.

Atualização Técnica Nacional 2012Com o intuito de aprimorar os critérios de julga-mento, inspeção de animais, padrão racial e proce-dimentos técnicos de campo, a Girolando realizará nos dias 13 e 14 de março de 2012 o 3º Seminário de Revisão, Atualização e Harmonização dos Crité-rios de Julgamento da Raça Girolando, obrigatório para todos os jurados efetivos da raça, e nos dias 15, 16 e 17 de março a Atualização Técnica Nacional do SRGRG 2012, obrigatória para todos os técnicos credenciados junto à Girolando, para efetuar regis-tros e controles de animais. Ambos os eventos se-rão realizados em parceria com as Faculdades Asso-ciadas de Uberaba (Fazu), no campus da instituição. Esses eventos acontecem a cada dois anos e são destinados apenas a técnicos e jurados efetivos da raça Girolando.Nesta edição da Atualização Técnica do SRGRG o tema será “Certificação de Qualidade”. O objetivo principal é atualizar e treinar os técnicos de registro para as mudanças que entrarão em vigor a partir do mês de abril. A principal mudança será a inclusão da fotografia no registro dos animais.

Zoneamento dos atendimentos técnicosUm dos projetos que será implantado em 2012 e está em fase de estruturação na Girolando é o zo-neamento dos atendimentos técnicos. Os criadores serão organizados por regiões e cada um poderá optar por aderir ou não ao zoneamento. Algumas das vantagens do Projeto: redução dos custos com

despesas de deslocamento e, principalmente, or-ganização e melhor aproveitamento do trabalho do técnico no campo. O início do zoneamento está pre-visto para o final de 2012.

Devolução de CDNs de animais comunicados com mais de 12 meses de idade

Em 2009 o CDT decidiu por não mais aproveitar a genealogia de animais comunicados com mais de 12 meses de idade, independentemente se a CDC já havia sido enviada dentro dos prazos normais à Girolando. As CDNs retroativas foram aceitas até o dia 31 de dezembro de 2009. Sendo assim, desde 1º de janeiro de 2010 a Girolando está recusando todas as CDNs que se enquadram nesta situação. Mesmo com a apresentação dos resultados de DNA, esses animais estão impedidos de ser inscritos no SRGRG com o reconhecimento de sua genealogia. Caso o criador tenha interesse, os animais poderão ser ins-critos sem a oficialização da genealogia, chamado de LA, desde que preencham todos os requistos exigidos pelo regulamento.Pedimos aos criadores que fiquem mais atentos quanto aos prazos para o envio das comunicações de nascimento dos animais, pois os documentos se-rão recusados pelo setor responsável. Ressaltamos, ainda, que essas ações foram definidas pelo CDT e aprovadas pelo Mapa, e visam, também, valorizar cada vez mais o trabalho desenvolvido pelos cria-dores.

Controle Leiteiro Excepcionalmente nesta edição o relatório de lac-tações do Controle Leiteiro não foi publicado, pois na próxima edição da revista O Girolando publicare-mos o Anuário do Controle Leiteiro, trazendo todas as lactações encerradas em 2011.

Page 60: O Girolando 82

60

Gestão 2011 – 2013

Dados dos AssociadosAssociados ativos em 01/01/2011 2.138Novos associados no período 463Associados que retornaram ao quadro 30Desligamento de associados 100Associados ativos em 31/12/2011 2.531

Registros (Janeiro/dezembro – 2011)RGD 72.301RGN 20.987RF 3.998Total 97.286

Balanço preliminar – Exercício 2011Receitas R$ 5.175.565,39Despesas R$ 4.567.559,49Resultado R$ 608.005,90

Assembleia Geral OrdináriaEstá marcada para o dia 13 de março de 2012, na sede da Girolando, a análise da prestação de contas 2011. Além dos números do balanço preliminar, citado aci-ma, a íntegra dos resultados estará à disposição dos associados, tão logo a auditoria externa emita seu pa-recer. O Conselho Fiscal se reunirá antes da Assem-bleia para sua avaliação, de forma que os associados que estiverem presentes no dia 13, tenham plenas condições de conhecerem a real situação da nossa En-tidade e emitam o parecer que julgarem conveniente.

Parceiros MasterO Planejamento Estratégico 2012 e as ações de marke-ting para promoção da raça no cenário nacional e nos principais eventos do setor foram apresentados aos Parceiros Master da entidade, no dia 30 de janeiro, pelo vice-presidente da Girolando, Jônadan Ma. Ele contou com a colaboração da nova assessora de Marketing da Girolando, Consuelo Mansur, e do superintendente Técnico, Leandro Paiva. O encontro contou com a pre-sença dos dez Parceiros Master da Girolando, que são as empresas: Real H, CRV Lagoa, ABS Pecplan, Pfizer, Semex Brasil, Elanco, Nutron, Embrio Sêmen, MSD Saúde Animal e Alta Genetics. Pelo segundo ano con-secutivo a Girolando realizou a parceria Máster, para divulgar a raça de forma mais ampla. A novidade deste

ano é a entrada da central Alta Genetics como Parcei-ro Master. O trabalho de marketing desenvolvido em conjunto com as empresas inclui os principais eventos da raça, palestras técnicas sobre as novas tecnologias voltadas ao público em geral e também a técnicos e jurados, entre outras ações.

ETRs - Sistema IntegradoVisando dar mais agilidade na liberação de material técnico e ampliar os benefícios aos criadores da região, os Escritórios Técnicos Regionais (ETRs) irão inserir os dados de Comunicações de Cobrição e de Nascimento diretamente no banco de dados da Girolando. Válida a partir de fevereiro de 2012, a medida foi aprovada pela Diretoria Executiva, durante reunião realizada no dia 10/02/2012. O sistema funcionará com a ajuda de um link permanente. Com esta ação, além dos escritó-rios receberem e protocolarem as comunicações dos associados, eles também poderão inseri-las no sistema antes mesmo de enviarem os formulários à sede da associação em Uberaba. A liberação do material conti-nuará sendo realizada pela Seção Técnica Administra-tiva (STA), em Uberaba (MG), após a análise dos dados informados.

Código FlorestalO presidente da Girolando, José Donato Dias Filho, participou de reunião sobre as mudanças no Código Florestal, no dia 12 de fevereiro, no Sindicato Rural de Uberaba. O deputado federal Paulo Piau, relator do projeto do novo Código Florestal, esclareceu as dúvi-das sobre o tema e ouviu sugestões dos produtores rurais. Uma nova reunião ficou agenda para a primeira semana de março e contará novamente com a partici-pação da diretoria da Girolando.

AllflexO presidente da Girolando, José Donato, e os dire-tores Maurício Silveira Coelho e Milton Magalhães participaram no dia 14 de fevereiro, na sede da en-tidade, de reunião com representantes da Allflex, empresa do segmento de brincos. Um dos assuntos tratados foi o uso do botton para identificação ani-mal, conforme prevê o novo sistema de identifica-ção da raça.

Page 61: O Girolando 82

61

Page 62: O Girolando 82

62

Recuperação de pastagemA falta de conhecimento sobre as linhas de crédito voltadas para práticas de produção sustentável no se-tor agropecuário é uma das principais razões que im-pedem maior adesão ao Programa ABC, criado em 2010, pelo Governo Federal, para financiar a utilização de tecnologias para redução de Gases de Efeito Estufa (GEEs). Segundo o gerente de Mercado e Agronegócio da Superintendência do Banco do Brasil, na Bahia, Pau-lino Hashimoto, o Programa conta com R$ 3,5 bilhões para financiamento de projetos de agricultura de baixo carbono.

Queda na captaçãoDiminuiu, em 2011, a captação de leite nos sete prin-cipais Estados produtores do Brasil. Conforme pesqui-sas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, em 2011 o Índice de Captação de Leite (ICAP-Leite/Cepea), calculado com base em amostragem (não censo) do volume recebi-do por cooperativas/laticínios de sete Estados (RS, SC, PR, SP, MG, GO e BA), foi 2,2% menor que o de 2010. Os únicos Estados que registraram aumento do índice de captação de leite em 2011, segundo o Cepea, foram Paraná e Bahia. A maior redução frente a 2010 ocorreu em Goiás. No balanço de 2011 o preço médio do leite

ao produtor (em termos reais) teve aumento de cerca de 10% sobre a média de 2010. No mesmo compara-tivo as importações (em volume) aumentaram 72% e as exportações brasileiras recuaram 34% – ambas em equivalente leite.

Importação excessivaDar voz à cadeia produtiva do leite, com política nacio-nal para o setor. Esta é a principal proposta, para 2012, da subcomissão criada pela Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural para acompanhar, avaliar e propor medidas sobre a produ-ção de leite no mercado nacional. Um dos principais desafios da subcomissão, em 2011, foi buscar solução para a importação excessiva de leite e derivados por parte do Brasil, principalmente de países do Mercosul. Para o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Rodrigo Sant’Anna Alvim, o trabalho da subcomissão ajudou a proteger o mercado nacional. A subcomissão também vai acompanhar projetos em tramitação que impactam o setor como o novo Código Florestal (Projeto de Lei 1876/99) e a análise da Medida Provisória 552/11, que impede o aproveitamento por empresas produtoras de alimentos de crédito presumi-do quando o bem adquirido for empregado em produ-tos isentos de PIS/Pasep e Cofins.

Pós-Graduação em Pecuária LeiteiraO Instituto Vida Leite e o Rehagro se uniram para a ela-boração do curso Pós-Graduação em Pecuária Leiteira. O objetivo do curso é especializar profissionais gradu-ados em Ciências Agrárias, preparando-os para atuar diretamente na assistência técnica aos produtores, com visão ampla e prática da atividade leiteira. O curso Pós-Graduação em Pecuária Leiteira já formou 20 turmas em seis Estados brasileiros e especializou mais de 620 profissionais.

Page 63: O Girolando 82

63

Page 64: O Girolando 82

64

C.R.I Genética A C.R.I. Genética Brasil apresentou crescimen-

to de 36,7% em volume de doses de sêmen comer-cializadas, na comparação com o ano anterior. Com esse resultado, a empresa ampliou sua participação no mercado nacional em 2011. Também merecem destaque a reestruturação da área de marketing, com a contratação dos novos gerentes de Produto Leite e Corte, e a ampliação em mais de 20% no número de representantes no campo. Dentre os programas que a empresa disponibiliza para os seus clientes estão: o GenChoice, que possui duas opções de sêmen sexado de macho ou de fêmea; o GenCheck (para avaliação de fertilidade de reprodutores jovens que ainda não apre-sentam a Taxa de Concepção Relativa – SCR, calculada oficialmente pelo USDA); e o SynchSmart (que avalia a concepção de reprodutores acasalados com fêmeas – ovulação induzida por meio de tratamento hormonal).

MSD Saúde AnimalAlexandre Alves assumiu a Liderança dos Ne-

gócios de Ruminantes da MSD Saúde Animal na posi-ção de diretor de Negócios. Admitido em 1996 como vendedor de Avicultura, Alves passou pelas funções de assistente técnico, supervisor de Negócios, gerente de Negócios Avicultura e Aqüicultura, e diretor de Ne-gócios de Suínos. Graduado em Medicina Veterinária, em 1991, pela Universidade Federal de Uberlândia, em Minas Gerais, possui MBA Executivo pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

LabTec O LabTec – laboratório especializado no seg-

mento analítico – obteve o segundo melhor resultado do mundo em ensaio de proficiência organizado pelo Fapas (órgão europeu considerado o maior provedor mundial de ensaios de proficiência). Fundado há mais de 30 anos, o laboratório dispõe de equipamentos de alta tecnologia, como: cromatógrafos a líquido, croma-tógrafos a gás, espectrômetros de massas, infraver-melho, dentre outros. Seus grandes diferenciais são: estudos de estabilidade de produtos e análise de re-síduos de medicamentos em sangue, leite, ovos e te-cidos de animais. Outros serviços importantes que o

LabTec oferece ao mercado são: desenvolvimento de métodos; validações; controle de qualidade para me-dicamentos da área veterinária; análises de micotoxi-nas, aminoácidos, ácidos graxos, vitaminas, minerais, metais pesados e bromatologia completa (proteína, gordura, fibra, umidade, etc).

FestLeite Tropical O FestLeite Tropical, organizado pela Tropical

Genética, aconteceu de 10 a 12 de fevereiro, no Par-que de Exposições do Camaru, em Uberlândia (MG). Foram ofertados 1.012 animais das raças Girolando e Gir Leiteiro (touros, bezerras, novilhas, doadoras e prenhezes). Os três leilões realizados durante o evento ficaram a cargo do Grupo Estância Bahia. Os visitantes também puderam adquirir bovinos no Shopping de Animais, que funcionou durante os três dias do Fes-tLeite. No espaço do shopping, uma equipe de con-sultores de vendas tirou as dúvidas dos produtores. Várias empresas de genética, nutrição, saúde animal e novas tecnologias participaram do evento.

Semex BrasilA 5ª Convenção Nacional de Vendas da Semex

Brasil aconteceu no final de janeiro, na cidade de Gas-par (SC). O evento reuniu aproximadamente 100 con-vidados entre gerentes técnicos, diretores nacionais, representantes e convidados especiais, como o diretor de pesquisas e desenvolvimento da L’Alliance Bovi-teq, Dr. Patrick Bondin, que apresentou informações sobre a mais alta tecnologia empregada há mais de 30 anos, pela Semex. O vice-presidente de marketing global Semex Alliance, Brad Sayles, apontou as ações mercadológicas e o foco da empresa pelo mundo. Já o diretor de vendas e desenvolvimento de negócios Se-mex Alliance – América do Sul e África, John McDou-gall, apresentou análise das condições mundiais para o segmento e citou as principais técnicas e procedi-mentos realizados pela Semex, que visam superar as expectativas do cliente.

Page 65: O Girolando 82

65

Page 66: O Girolando 82

66

Associa

ção B

rasileir

a d

os C

riadore

s d

e G

irola

ndo

Escr

itório

s Té

cnic

os R

egio

nais

(ETR

s)

Dep

to. F

inan

ceiro

/ A

DM

/ M

KT

Dep

to. T

écni

coNome Cargo e/ou Setor Email Telefone

Leandro Paiva Zootecnista - Superintendente Técnico do SRGRG [email protected] (34) 3331-6000

Euclides Prata Zootecnista - Sup. Técnico Substituto e Técnico do SRGRG [email protected] (34) 9972-3965

Fernando Boaventura Zootecnista - Técnico do SRGRG [email protected] (34) 9248-0302

Jesus Lopes Júnior Zootecnista - Técnico do SRGRG [email protected] (34) 9134-8666

José Renes Zootecnista - Técnico do SRGRG [email protected] (34) 9972-7882

Juscelino Ferreira Zootecnista - Técnico do SRGRG [email protected] (34) 9978-2237

Limírio Bizinotto Zootecnista - Técnico do SRGRG [email protected] (34) 9972-2820

Marcello Cembranelli Méd. Veterinário - Coord. Operacional do PMGG e DPZ [email protected] (34) 3331-6000

Edivaldo Júnior Técnico Agrícola - Técnico do PMGG e DPZ [email protected] (34) 3331-6000

Wewerton Rodrigues Zootecnista - Técnico do PMGG e DPZ (Juiz de Fora/MG) [email protected] (34) 3331-6000

Sérgio Esteves Eng. Agrônomo - Departamento de Exposições e Ranking [email protected] (34) 3331-6000

Hilton Nunes Superintendente Geral [email protected] (34) 3331-6000

José Mauad Superintendente Administrativo/Financeiro [email protected] (34) 3331-6000

Edlaine Boaventura Faturamento [email protected] (34) 3331-6000

Noeli Calixto Cobrança [email protected] (34) 3331-6000

Renata Cristina Contas a Pagar/ Grife Girolando [email protected] (34) 3331-6000

Nabor Paim Contabilidade [email protected] (34) 3331-6000

Carolina Castro Secretária da Presidência e Diretoria [email protected] / [email protected] (34) 3331-6000

Tassiana Giselle Secretária da Superintendência Técnica e Dep. de Julgamento [email protected] / [email protected] (34) 3331-6000

Jean Carlos Serviço de Controle Leiteiro [email protected] (34) 3331-6000

Nivaldo Faria Expedição de Certificados [email protected] (34) 3331-6000

Gustavo Oliveira Controle de Genealogia [email protected] (34) 3331-6000

Luiz Fernando Tecnologia da Informação [email protected] (34) 3331-6000

Larissa Vieira Assessora de Imprensa [email protected] (34) 3331-6000

Consuelo Mansur Comunicação e Marketing [email protected] (34) 3331-6000

ETR-BH (Belo Horizonte)

Jesus Lopes Júnior Coordenador Técnico [email protected] (34) 9134-8666

André Junqueira Zootecnista - Técnico do SRGRG [email protected] (37) 9964-8872

Nilo do Valle Zootecnista - Técnico do SRGRG [email protected] (31) 9954-7789

Katislene Oliveira Secretária [email protected] (31) 3334-5480

ETR-RJ/ES (Itaperuna)

Fernando Boaventura Coordenador Técnico [email protected] (34) 9248-0302

Érico Ribeiro Zootecnista - Técnico do SRGRG [email protected] (28) 9939-1501

Lucas Facury Zootecnista - Técnico do SRGRG [email protected] (22) 9862-8480

Ariane Fernandes Secretária [email protected] (22) 3822-3255

ETR-SP (Jacareí)

Euclides Prata Coordenador Técnico [email protected] (34) 9972-3965

Samuel Bastos Zootecnista - Técnico do SRGRG [email protected] (12) 3959-7292

Márcia Keli Secretária [email protected] (12) 3959-7292

ETR-GO/DF (Goiânia)

Limírio Bizinotto Coordenador Técnico [email protected] (34) 9972-2820

Bruno Viana Zootecnista - Técnico do SRGRG [email protected] (62) 8212-2984

Wanessa Silva Secretária [email protected] (62) 3203-5813

ETR-NE (Recife)

Pétros Medeiros Méd. Veterinário - Técnico do SRGRG [email protected] (81) 9938-0070

Janaina Santos Secretária [email protected] (81) 3032-3981

Telefone: (34) 3331-6000 Site: www.girolando.com.br E-mail: [email protected]

Page 67: O Girolando 82

67

Page 68: O Girolando 82

68