o fantasma da casa
DESCRIPTION
A história de Diva, uma fantasma louca.TRANSCRIPT
[Conto] O Fantasma da Casa – Paulo Nim
2
ÍNDICE Parte 1: A Diva .......................................................................... 3
Parte 2: Marcos .......................................................................... 6
Parte 3: Ainda Não Me Acostumei ............................................ 8
Parte 4: Matar ou Morrer, Eis a Questão ................................... 9
Parte 5: Vizinhança .................................................................. 12
Parte 6: A Nova Moradora! ..................................................... 14
Parte 7: Papagaio (Bem) Mau Educado ................................... 15
Parte 8: Diva Não se Dá Bem Com o Céu ............................... 20
Parte 9: Diva e os Falecidos Soutoh ........................................ 23
Parte 10: Onde Tudo Acontece e Essa Parte é Gigante ........... 27
Parte 11: Velha ........................................................................ 37
Parte 12: Vai pro Inferno, Diva! .............................................. 41
Parte 13: A Missão Final de Uma Diva ................................... 46
[Conto] O Fantasma da Casa – Paulo Nim
4
Parte 1 – A Diva
Em uma casa a bela garota Marih arruma
suas coisas. Ela acaba de chegar de mudança.
Depois ela vai dormir. Ela começa ouvir sussurros,
e fala em seu sono, sonhando: _ Fala mais alto!!!
Você acha que sussurrar no meu ouvido vai me
fazer te dar a minha... _ ela rola e cai da cama,
acordando.
Ela vai até o banheiro e abaixa a calça para
fazer suas necessidades fisiológicas, mas alguém
fala: _ Que busanfonte murcho!!! _ Marih se veste,
se vira, vê uma fantasma, grita 34 vezes e
desmaia.
Dia seguinte...
Ela acorda em sua cama e, não tendo
certeza de que foi tudo um sonho, vai indo ao
banheiro, mas furtiva, se esgueirando pelas
paredes. Ela abre vagarosamente a porta e entra
no banheiro, o tranca e fala: _ Ufa! Foi só a minha
imaginaçã _ vê um reflexo no espelho: _
AAaaaaaaaaaaH!
É o reflexo dela mesma.
_ Sabia que devia parar de beber.
Então ela ouve: _ Menina, me conta quem é
aquele gatão “amigo” seu? E... principalmente...
[Conto] O Fantasma da Casa – Paulo Nim
5
por que alguém desmaiaria no banheiro? É anti-
higiênico, eu tive que te levar até o seu quarto. E
você não tem um corpinho de modelo, você pesa.
Mas antes do meio desse discurso, Marih já
tinha desmaiado de novo.
Ela acorda sem ver ninguém: _ Onde você está?
_ Aqui atrás. Parece que não vê filme. Fantasmas
sempre estão atrás.
Marih vira e vê uma espírita. Ela abre a boca
pra gritar e a fantasma soca um milho cozido na
boca dela.
_ Menina, como você grita! Você fez curso disso?
Existe curso disso? Nunca vi gritar assim sem ser
em Dragon Ball.
Marih tira o milho cozido e tenta acertar ele
na fantasma, mas este a atravessa.
_ Qual é o seu nome?
_ Diva. Eu morri aqui. Sou uma assombração. Mas
não qualquer uma, eu sou uma aparição
ectoplásmica de classe. Que tal? _
Marih: _ Que mais poderia dar errado? Eu to presa
numa casa com um espírito chamada Diva que é
mal-humorada, verborrágica e gorda.
Diva brava: _ Mal humorada é a mãe e... gorda,
você acha? _ Fica fininha.
Marih: _ Não acredito que estou conversando com
uma espírita louca e intocável. Eu vou dormir. _
[Conto] O Fantasma da Casa – Paulo Nim
6
Sobe para o quarto. Deita na cama e vai dormir.
Diva atravessa a parede e fala: _ Mas você acabou
de acordar.
Parte 2 – Marcos
Marih foi ao trabalho e voltou para casa com
seu amigo Marcos. O “amigo” que Diva
mencionara.
Diva: _ Que bumbum durinho! Sou louca por
extremidades anteriores arredondadas!!! _ e
aperta a bunda dele. Ele pula
Marih pra ele: _ Que foi?
Que responde: _ Não sei. Um calafrio.
Marih braveja: _ Eu mato aquela aproveitadora.
Diva diz a ela: _ Volta no passado e entra na fila.
Marcos ouve sussurros de Diva (dizendo: “Ah
que vontade de incorporar ele!!! Se ele fosse um
médium incorporador...!”).
Marcos: _O que foi isso?
Marih: _ A TV. _ e cochicha: _ Quieta, Diva gorda!
Marcos ouve e pergunta: _ Diva gorda? Tem mais
alguém aqui?
Diva tenta salvar Marih de dar uma
explicação e faz um pedaço do teto cair em cima
dele e diz que gorda é a mãe.
Marih segura Diva e joga ela no chão.
[Conto] O Fantasma da Casa – Paulo Nim
7
Diva: _ Você nunca me disse que era viden... digo,
tocadente. _ apanhando.
Marih pula em cima dela.
Diva: _ Hei!!! _
Marcos não vê Diva e pensa que Marih é
louca porque está lutando com o ar. Ele sai e bate
a porta. Um pedaço da parede cai.
Diva e Marih param a briga. Diva vendo o pedaço
de parede: _ Será que eu precisava mesmo ajudar
que o teto desabasse? _
À noite...
Marih diz a Diva que está de mau dela. Diva fica a
noite inteira cantando lalalalalala impedindo a
outra de dormir.
Marih se cansa: _ Ah, ta bom. Estamos de bem.
Mas gorda você é. _
Diva saindo resmungando: _ Gorda! Ectoplasma
enche de ar. É isso. Tá na cara. Deve dar até pra
fazer bexiga de ectoplasma. Hei! Eu nunca fui
gorda. Só se fiquei depois de vir a falecer. Agora
ela é gorda. E viva. Isso não tem jeito. E vai piorar
quando morrer. Ah, eu vou dormir.
[Conto] O Fantasma da Casa – Paulo Nim
8
Parte 3 – Ainda não me Acostumei.
Marih acorda e vai tomar café. Diva aparece
do nada. Marih engasga e joga café na cara de
Diva.
A fantasma: _ Menina, que nervosismo. A gente
não pode aparecer que você leva susto.
Marih dá um tapa nela.
Diva: _ Agora que você aprendeu a me tocar você
ficou muito chata. Me toca o tempo todo. Parece
lésbica. _
Marih morre de raiva (no sentido figurado).
Marih brava: _ Eu não vou desistir de ficar nessa
casa por causa de um ser estranho. Eu não vou
embora, você vai. Mas por enquanto eu estou
assim porque não me acostumei a morar com
Diva interrompe: _ Uma verdadeira diva? _
_ Não. Um ser de outro mundo. _
Marih atravessa Diva pra pegar sua bolsa e ir
trabalhar. Diva esbugalha os olhos e dá um
bofetão em Marih, que a atravessa. Marcos chega.
Marih pega Diva e promete a ela uma
surpresa. Ela a leva ate o banheiro e empurra ela
privada abaixo e dá a descarga.
Ela atende a porta. Diva derruba o teto de
novo.
[Conto] O Fantasma da Casa – Paulo Nim
9
Marcos: _ Sério. Sua casa precisa mesmo de uma
reforminha. Sem querer ofender.
Diva fica brava, afinal sempre foi a casa
dela.
Marih: _ Ela precisa mesmo é de um padre.
Diva: _ Ah! É? Agora eu é que não quero morar
numa casa onde a pessoa quer me chamar um
padre. Ninguém aceitaria isso. Ela vai ver.
Parte 4 – Matar ou Morrer, eis a questão...
O irmão de Marcos foi assassinado por
alguém. Marih foi com ele à cena do crime e Diva
foi também (interessada em se o recém-morto era
bonito) e ela sentiu a presença da mesma pessoa
que matou a ela e à sua irmã, Sarah.
Diva: _ Ele ataca novamente. Espero que seja um
velhinho, porque só quando ele morrer eu vou
poder ir pro céu. _
Marih: _ Você não vai pro céu.
Diva fica brava e a chuta. E então a
fantasma volta pra casa.
Diva chegando em casa: _ Fantasma mais mal-
educado! Nem pra aparecer no próprio enterro!!! _
ela pega o celular de Marih e faz uma cara
maliciosa.
[Conto] O Fantasma da Casa – Paulo Nim
10
Marih chega em casa. Ela tira seus sapatos e
vai entrando no próximo cômodo escuro. Há uma
vela acesa no recinto.
_ Deve ter acabado a energia. _ vai ligar a luz.
Diva põe a mão dentro do interruptor e a
impede de acender. Marih vai tomar um banho. Ela
tira suas roupas, fica só de roupa de baixo, mas
Diva chega arrebentando a porta pedindo que ela
se vista e uma porção de padres entra no quarto
dela. Ela quase cai pela janela empurrada pela
multidão santificada.
Diva: _ Você comentou que a casa precisava de
padres.
Marih se veste e vai sair correndo, mas um
padre a segura: _ Espera aí mocinha
endemoniada. _ e começam todos a passar as
mãos na cabeça dela.
Marih: _ Espera!!! A endemoniada é ela. _ aponta
Diva. Eles não veem nada.
Marih: _ Como?
Diva: _ Eu posso entrar no corpo de alguém e
fazer esta pessoa ir falar com os doidos de vestido.
Marih: _ Não é vestido. É batina.
Um padre: _ Ela está vendo e falando com o
demônio. _
Marih concorda: _ É. To mesmo, num certo
sentido.
[Conto] O Fantasma da Casa – Paulo Nim
11
Diva: _ Hei!! Ah, é?
Diva levanta ela e começa a rodar falando:
_ Eu vou matar todo mundo. Ninguém vai
sobreviver à minha cólera! Eu vou apertar as suas
bolas.
Os padres tiram seus cantis de água benta.
Marih: _ Não.
Eles todos jogam água benta nela, que fica
ensopada. Diva está rindo disso tudo.
Marih para Diva: _ Eu vou procurar um feitiço e te
reviver só pra eu te matar com minhas mãos. _ e
para os padres: _ Tem uma fantasma aqui.
Exorcizem ela. _
Os padres ficam calados.
Um padre que parece ser o líder vem falar com ela
e põe a mão na cabeça dela: _ O demoninho foi
embora? Você ta louca, precisa se internar num
hospício.
Marih se cansa e parte pra cima deles com
uma vassoura. Eles saem correndo. Ela joga a
vassoura e acerta a janela da vizinha.
Marih: _ Tomara que ela pense na vassoura como
um presente.
Ela entra dentro de casa, vai até Diva e
começa a estrangular ela. Diva fica fazendo sons
de sexo com a boca, gemendo e gritando “vai”.
Marih sai do quarto e vai beber uma água.
[Conto] O Fantasma da Casa – Paulo Nim
12
Diva vai atrás dela: _ Já cansou? Que fraquinho! _
Marih: _ Não tem graça. _
Diva: _ Então. Eu não fui nada pra você? _
Marih: _ Você adora me irritar, né? _
Diva: _ Hei! Eu te perdoo pela ideia dos padres. _
Marih acha um vidro de água benta no chão
e joga sobre Diva. Ela grita de dor queimando. Aí
ela para, estava só brincando e começa a rir. Marih
sai correndo atrás dela pra lhe bater.
Parte 5 – Vizinhança.
Certo dia, alguém bate à porta da casa de
Marih. Diva sai correndo se passando rouge,
pensando ser Marcos, mas o rouge todo a
atravessa.
Marih atende a porta e se vê de frente à sua
vizinha Tamara.
Tamara: _ Margaridas, você tem margaridas
vizinha? Violetas? Girassóis? Rosas? Papoulas?
Petúnias?
Marih: _ Não, não e não.
Tamara: _ Hortelã?
Marih pensa: “quanto mais eu rezo, mais
assombração me aparece”.
Diva provoca imitando a voz de Marih:
_ Tamaaaaaaaaaaaraaaaaa, piraínha!
[Conto] O Fantasma da Casa – Paulo Nim
13
Tamara parte pra cima de Marih, que pensa
que ela a vai estrangular e sai correndo. Tamara
pula nela lambendo-a dizendo:
_ Tamarinha. Você me chamou de Tamarinha? Que
fofo!
Diva esbugalha os olhos. Tamara vai embora
dizendo que tem que ficar na sua casinha porque
ligou para a casa de carnes. Marih não entende.
Diva esclarece: _ O açougue.
A propósito, Marih lá ia pensando numa casa
onde morassem as carnes antes de Diva a
esclarecer tal semântica.
Tamara sai saltitando, cai, levanta, cai,
levanta, cai e sai se arrastando. Marih e Diva ficam
pasmas com a visita.
Diva: _ Vamos pô-la numa casa de recuperação
para insanos mentais?
Marih: _ À força? _ empolgada
Diva: _ E como mais seria?
Marih: _ Infelizmente não dá. Ela não é louca. Só é
feliz, o que é louco, mas talvez ela não seja tão
alegre assim, porque afinal não é possível.
Diva: _ Você está me imitando?
Marih: _ Deve ser. Mas sem querer.
[Conto] O Fantasma da Casa – Paulo Nim
14
Parte 6 – A Nova Moradora!
Natal...
Diva estava dentro do forno vendo um peru
cozinhar e Marih estava arrumando a árvore de
natal (horrível, por sinal).
Batem à porta Diva e Marih se prostram em
frente à porta. A pessoa que está batendo bate,
bate de novo, grita, chuta e arranha a porta.
Diva: _ Do jeito que é essa casa, ela vai derrubá-
la.
Marih atende e : _ Mamãe!
A mulher da porta (não esposa da porta, mas que
está nela, no sentido de em frente a ela): _ Por
que demorou tanto, ensurdeceu?
Marih: _ É que eu estava... _
A velha foi entrando e pergunta: _ Quem é ela?
Diva: _ Você pode me ver? Hei, e não se
assustou?! _ brava.
Marih: _ Diva, esta é Antonieta Xita, minha mãe, e
mãe, esta é Diva, isso é uma... _
Xita: _ Fantasma. Eu sei, sua burra. Sou uma mais
ou menos cigana. Fantasma mais brega!
Diva pensa: _ Só quem não presta consegue me
ver.
Xita xuxa malas nos braços de Marih e
dentro de Diva e pede pra elas levarem as malas,
[Conto] O Fantasma da Casa – Paulo Nim
15
voltarem e levarem-na pro quarto dela no último
andar.
Marih: _ Mas mãe, você vai ficar? Mãe...
Um papagaio vem e pousa no ombro de Xita,
falando interrompendo Marih: _ Ela é sua mãe,
p*** de beira de estrada. Acolha-a.
Marih: _ Ah, você ainda está ensinando palavrões
a ele. _ lembrando.
Diva: _ Isso sem falar que até ele ama
interromper as falas das pessoas.
O telefone toca. Xita joga ele no chão e fala
que ele é do demônio.
Parte 7 – Papagaio (bem) Mau Educado.
Faltando um dia para o ano novo...
Xita: _ Diva, você trabalha com roupas?
Diva: _ Não, por quê?
Xita: _ Não! Você trabalha pelada!? Sua prosti...
Diva a interrompe: _ Velhota, tu num tem mais
nada pra fazer não, hein? Sei lá, crochê, tricô,
bordado, matar os netinhos de tédio com histórias
sobre lobo-mau, estuprar alguém, o que quer que
seja, menos essas piadas infantis não, hein? Adoro
a morte! Sem necessidade de respirar se torna
muito mais fácil falar muitas coisas num curto
espaço de tempo! Parece propaganda da morte, e
[Conto] O Fantasma da Casa – Paulo Nim
16
embora o além-mundo precise mesmo de mais
gente, aqui está um tédio, só as tagarelas cairiam
em tentação diante de tal artimanha.
Xita fica brava por diva falar como se ela não
estivesse lá: _ Morra!
Diva: _ De novo!?
E no dia seguinte ao ano novo, as vizinhas
Catiúcia e Tamara vão fazer churrasco na casa de
Marih. Ao chegar lá, a velhinha dona Xita fala que
as vizinhas são muito bobinhas e se tranca no
quarto.
Tamara confunde com bolinhos: _ Bolinhos, onde?
A velha mãe de Catiúcia entrando: _ Balinhas!
Catiúcia: _ Não, bolinhas.
Diva: _ E vocês 'tão bebinhas.
O papagaio: _ Bucetinhas.
Xita grita: _ Repete papa, cabeludinhas!
Bucetinhas cabeludinhas.
O papagaio repete.
Diva coloca a mão na cabeça: _ Ela chama ele de
papa!
Tamara: _ É bonitinho.
Diva a vai estrangular. Marih passa dentro
de Diva e serve goiaba ao papagaio: _ Aqui, papa.
Diva: _ Até você! Esse é um culto perdido ao
papagaio e eu não sei?
[Conto] O Fantasma da Casa – Paulo Nim
17
Xita cai do segundo andar empurrada por
alguém e morre, ficando esparramada no chão,
feito uma massa grudenta.
Periquito papa: _ A perereca caiu do ar.
Catiúcia: _ Que pouca vergonha é essa? Não fico
mais nesse ambiente sem as tão faladas bolinhas.
Fui.
Diva diz a Marih que seu assassino está na
festa. Marih solta um grito e o papagaio entra na
boca dela.
Xelita, uma outra convidada: _ Cala a boca, sua
besta.
Tamara tira o papagaio da boca dela e fala
que ela tem a boca mais linda do mundo. Diva
começa a rir dela.
Como Xita morreu (e todos se recusam a
enterrá-la), é Diva quem vai fazer os bolinhos de
queijo que a outra prometera fazer. A profissão de
Diva era marceneira e os bolinhos saem com
forma de árvore.
Ninguém consegue comer os bolinhos. Xita
fantasma aparece e briga com Diva na cozinha.
Ambas se jogam bolinhos. Um deles acerta a
convidada Kita e quebra os dentes desta. Dona
Xelita se xuxa no banheiro e começa a escovar a
"periquita":
[Conto] O Fantasma da Casa – Paulo Nim
18
_ Um dia ela ira se casar com o papa. Né,
periquita?
Nota: periquita é o órgão sexual feminino.
E o papagaio usa seu extenso vocabulário
para tentar acalmar a briga na cozinha: _ Cú,
peitões, bundão...
Xita: _ Diva, sua fantasma vívida, feia e brega! _
Diva: _ Sua vaca velha advinda de uma vaca
doente!
Dona Tamara está chorando no quarto
porque detesta briga. Ela também é morta.
Depois, todos veem a nova morta.
Diva: _ Daqui a pouco o lado de cá vai ter
superpopulação.
Xita: _ Você bebeu? Aqui é infinito!
Diva: _ A sua presença faz parecer tão pequeno.
Xita, você é feita de substâncias estranhas e devo
dizer, "não há limites seguros para o consumo
dessas substâncias", nem proximidade segura o
suficiente.
Enquanto isso, no mesmo lugar, no mundo
vivo...
Catiúcia: _ Coitadinha dessa brega!
Xelita: _ Mas ela era tão chique!
Xita contempassada: _ Uma língua virgem de
infâmias dirigidas.
Papagaio: _ Ela merecia.
[Conto] O Fantasma da Casa – Paulo Nim
19
Todos: _ O quê?
Papa: _ Eu mesmo matei Sarah, Rossete, depois
Xita...
Xita: _ Pensei que eu tinha me matado.
Diva: _ Como pode não notar que foi morta por
alguém?!
Papa: _ E Tamara.
O fantasma de Tamara aparecendo: _ O quê, foi
esse fofinho que me matou? Ah, que fofo! _ pula
nele, o atravessa e sai rolando, rindo.
A luz suga Xita e Tamara. A luz vai sugar
Diva, mas ela vê Marcos e tenta se segurar nele.
Marih não deixa e ela se vai. Marcos e Marih se
casam e vão morar em outra casa, onde morreu
um velhinho.
Tamara foi cuidar de um jardim, onde fala
sozinha. Xita foi pro inferno e entrou pruma
gangue de papagaios assassinos. O papagaio papa
foi preso em uma prisão, onde virou cantor de rap
e montou um fã-clube da Dercy Gonçalves. Xelita
foi premiada com o prêmio Nobel de escovar a
prexeleca. Catiúcia ficou pobre, mas viva. Marih foi
feliz para sempre, até descobrir que o fantasma de
sua nova casa é mal-educado, mas com Marcos
tudo foi feliz. Marcos vive brigando com Alfredo, o
velho fantasma, e transando compulsivamente
[Conto] O Fantasma da Casa – Paulo Nim
20
com Marih. Diva foi pro céu e ficou com um gatão
de 18 ADM (anos depois da morte).
Parte 8 - Diva não se dá Bem com o Céu
Diva não estava mais feliz no céu. Cantava
"Tédio" o dia inteiro e batia tanto impacientemente
os pés no chão que fazia inúmeros buracos.
No início ela foi feliz, mas depois de umas duas
vindas à Terra e um casamento no céu, seguido
por divórcio, ela decidiu se revoltar.
Diva cortou as asas das anjas enquanto elas
dormiam, ao acordar, desequilibradas, elas caíram,
mas se recuperaram.
Deus disse a Diva que ela corria risco de ir
para o purgatório, mas antes ela teria de enfrentar
a burocracia divina.
Diva fugiu da fila para o purgatório e foi
cantar no hipódromo celestial (onde correm os
melhores cavalos mortos). Os cavalos se
descontrolaram e avançaram sobre São João
comendo pão dentro de um furgão pretão e vendo
um filme de ação.
[Conto] O Fantasma da Casa – Paulo Nim
21
São João fez chover muito na Terra, sem
querer, bem em um dia de sol. Marvin, um dos
melhores amigos anjos (loiro, alto e lindo, não
deve ser só um amigo) de Diva vai conversar com
ela:
_ Menina! O que você faz quando fica entediada!
Destrói o hipismo no paraíso, é?
_ Não. Numa folha qualquer eu desenho um sol
amarelo. Isso vem ao caso?
Marvin: _ Desculpe a pergunta, mas... você teve
algum distúrbio hormonal gonadotrófico que não
conseguiu controlar e que deixou sua feminilidade
à flor da pele, por isso você decidiu namorar São
João e fez uma serenata, mas estava com um
apito na garganta que fez os cavalos-fantasma
ficarem agitados?
Diva: _ Não. Na verdade isso foi só uma daquelas
doideiras que a TV faz as pessoas terem às vezes
capaz de fazê-las comer pirulito com cobertura de
chocolate com limão.
Marvin: _ Eu já comi isso.
Diva: _ Verdade? Tem gosto de quê?
Marvin: _ No início tem um gosto estranho de ovo,
depois vem limão com abobrinha e depois tudo se
mistura na garganta.
Diva: _ Tudo misturado tem gosto de quê.
Marvin: _ De rabo de barata.
[Conto] O Fantasma da Casa – Paulo Nim
22
Diva se espanta: _ Você é doido, eu vou embora,
tchau! _ sai correndo. Marvin: _ Me deu vontade
de comer de novo, lembrando o maravilhoso gosto
final. _ sozinho.
Diva tropeça, cai do céu sobre um gordão na
Terra, ricocheteia e sobe de volta: _ Legal! _ fica
pulando sobre ele, que nem nota.
Até que, no céu, Diva cai sobre São João.
Diva: _ De novo! Acaso você é guarda judiciário de
divindades condenadas? _ ele desmaia devido a
ela cair em cima dele.
Ela sai dali.
No outro dia...
Diva diz sonâmbula: _ Jesus, não! Milla Jovovich
não. Eu quero os peitos da Jolie, a Gininha Jolie! A
Angelina, seu panaca. E vaca é a mãe! Ai, seu
médico, não põe o enxerto ai, aí não, que vacinão
hein médico Pitt. Vem cá meu _ está chovendo
debaixo de Diva, a nuvem sobre a qual Diva está
se dissolve em chuva e ela cai no andar de baixo e
bate em São João e acorda. Ela, brava, joga São
João longe.
Diva vai andando e vê o espírito de um
velhinho pulando cheirando flores. De repente...
Diva: _ Hei, velhinho, cuidado!
O velhinho vai cheirar uma flor com uma
abelha, ela o pica e ele se transforma em abelha.
[Conto] O Fantasma da Casa – Paulo Nim
23
Diva: _ Ó, santo Deus! Eu vou-me daqui, esse
bairro é muito violento.
Diva se perde tentando voltar à fila do
purgatório e, pra pedir informações, entra em uma
mansão sem ver uma placa escrito: Mansão Mal
Assombrada.
Parte 9 - Diva e os Falecidos Soutoh
Diva foi entrando no hall de entrada da
mansão e , folgada, deixou os chinelos e foi
subindo a escada, que rangia.
Diva: _ Óh, essa escada precisa de uma re _ cai
rolando escada abaixo: _ foooooooooormaaaaaa!!!
_ terminando de cair ela fala: _ Quando Jesus
disse "há muitas moradas na casa de meu pai",
esqueceu de mencionar a variedade das mesmas.
Que casa esquisita!
Uma mulher esquisitona fantasma do mal
dessas de casas de terror desce as escadas
flutuando. Mas todo mundo flutua no céu, dã.
Diva: _ Que filme é esse? As panteras? Meninas
superpoderosas?
A mulher: _ Ser circular, olá, meu nome é Xica.
Diva: _ Ser circular é a _ trovão: _ Tá bom, tá
bom, não xingar a mãe de ninguém no céu,
entendi.
[Conto] O Fantasma da Casa – Paulo Nim
24
A mulher ajuda a fantasma a levantar. Diva: _ Seu
nome... é Xoca?
Xica já nervosa: _ Não. Xica, meu bem.
Diva: _ Ah, Bisca! _ já provocando.
Xica: _ Não, não é Bisca não, é
Diva interrompe: _ Aaaaaaah, então é Bixa, não é?
Xica mais nervosa: _Xiiiiiiiiiiicaaaaaaaaaaa!!!!!!!!!!!
Diva: _ Muito bem cantora de ópera Dona
Xiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiicaaaaaaaaaaaaa, que nome!
Xica: _ A, chega, Xica, ouviu? Xica, tá bom? Xi-ca.
Diva: _ ra. Xícara. _ ri.
Xica, nervosa, ruge entredentes.
Diva: _ Xica, não é? Não precisa gritar, eu já
entendi, mulher quadrada. _ ri, pois retribuiu o
"_ser redondo".
Um homem vem vindo pra perto delas. Xica:
_ Agora que você entendeu, o que você veio fazer
aqui na casa de Xica Soutoh e _ aponta o homem
que vem vindo: _ Micko Soutoh, ã?
Diva: _ Que comercial! Vocês são donos de uma
lanchonete? Só podem, aí mudaram os nomes. É
então por isso que você se chama Xícara e ele,
Misto? E mal lhe pergunte, misto de quê? _ rindo
por dentro, nunca tinha passado um trote tão
divertido pra ela. Entrara pra pedir informações
mas não resistiu.
[Conto] O Fantasma da Casa – Paulo Nim
25
Xica neurótica, pega um machado e vai pra
cima de Diva.
Diva sem notar: _ Aliás, Xicrinha, você tem uns
peitões enormes. Há algum quarto vagando?
Xica: _ Cala a boca!
Diva: _ Não nos seios, eu quero saber se você tem
um quarto sobrando nessa casa do senhor
Drácula? Eu tô tão cansada!
Micko termina de chegar perto, tropeça e cai
com as mãos nos "melões" de Diva. Diva dá um
chute no saco dele e sobe as escadas pelo
corrimão.
Xica chega perto do marido dolorido: _ Comecei a
gostar dela agora.
Xica aparece no quarto onde Diva se
hospedou sem permissão. Ela (Xica) está
maquiada com uma máscara de beleza: touca de
tinta para o cabelo, fone de ouvido para preservar
a paz das feições, creme para rugas de expressão,
batom preto hidratante, pepinos nos olhos e
apliques de cabelo.
Diva leva um susto, atravessa sem querer o
chão e cai em um caldeirão no andar de baixo. Ela
sobe de volta ao seu quarto gritando:
_ Queenteeee!
Diva: _ Puxa, Xícara de chá de cinza de defunto,
que caldeirãozão, hein?!
[Conto] O Fantasma da Casa – Paulo Nim
26
Xica parte pra cima de Diva e as duas se
enroscam como fantasmas, brigando, os socos
atravessando. Diva para de brigar e se desculpa:
_ Eu não queria brigar, desculpa! Você foi tão
hospitaleira comigo, obrigada!
Xica: _ Quê isso agora?
Diva: _ Pena de você, gastando tanto dinheiro com
cosméticos e não tem adiantado nada.
Xica não aguenta mais e sai arrastando Diva
pela casa. A casa é absolutamente assustadora,
mas Diva acha tudo muito normal. No caminho,
ela vai passando a mão nos móveis super
empoeirados e comenta que a casa precisa de uma
limpezinha. Então Diva olha pela janela e vê um
jardim lindo. Xica a joga janela afora.
Diva acha tudo muito lindo e vai rolar entre
as flores.
Xica dá um riso maquiavélico, que é ouvido a
quilômetros de distância.
Haviam gatos escondidos entre as flores e,
entre um "miau" e um "minhau", se ouvia um "oh"
e um "hei", além de alguns "ai".
E Diva sai completamente estropiada e cheia
de pelos de gato.
Diva: _ Se eu pegar o autor que escreveu isso, eu
mato ele!!!
[Conto] O Fantasma da Casa – Paulo Nim
27
Parte 10 - Onde Tudo Acontece e Essa Parte é
Gigante
Diva, continuando sua odisseia no espaço
celestial, perdida sem encontrar o caminho de
casa, ou melhor, da fila para o purgatório,
encontra uma placa que indica o caminho do
jardim de São João. Mas, no caminho, de repente,
ela pisca os olhos assustada duas vezes, olha pra
baixo e vê que está sobre um buraco:
_ Oh, não! _ e cai alvoroçada gritado:
_ Socorrooooooo!!!!! _ ainda caindo, ela se dá
conta do absurdo de gritar socorro:
_ Ah, eu sou uma fantasma. Então... _ e nisso põe
todo um esforço enorme e inútil:
_ ÚUUUUUUUUUuuuuuuuuhhhhh! _ já que esse é o
som de um fantasma: _ Não tem ninguém por
aqui. _ por isso ela para.
E Diva caiu numa fonte da cidade de
Estrelápolis. Algumas pessoas videntes que
passavam veem ela sobre a fonte e dizem:
_ Milagre! Iemanjá dos Melões da Bahia, nossa
santa padroeira!
Diva vermelha, literalmente, de raiva: _ Não, ela é
mau-humorada, eu não.
Diva foi visitar sua amiga Marih, ela bateu na
porta, a parede caiu.
[Conto] O Fantasma da Casa – Paulo Nim
28
Diva: _ Que pouca-vergonha, ela já saiu, já voltou
pra cá, e até hoje não reformou esse antro!
Marih abrindo a porta: _ Quem tá chamando a
minha casa de antro?! _ vê Diva e desmaia.
Diva: _ Não acostumou ainda?!
Marih levanta: _ Mas é claro que sim! É
brincadeira. Por que antro? _
Diva: _ Antro é essa casa aí do lado, que hotel de
pulgas!
Ambas olham a casa, uma super mansão
com piscina, do tamanho de um campo de futebol.
Enquanto conversavam isso, Diva consertava o
pedaço de parede que caíra.
Marih: _ Que surpresa é essa?
Diva: _ Isso, visitinha-surpresa!
As duas se cumprimentam com seu
cumprimento secreto, batem as mãos, a bunda,
três beijos no rosto e apertam o seio uma da
outra.
Marih: _ Diva, você emagreceu?
Diva: _ Eu fiz a dieta da nuvem.
Marih: _ Como é isso?
Diva: _ Bem, digamos que agora se deva olhar pro
chão ao andar no céu.
Repentinamente se ouve um barulho
estranho de trem. Diva o reconhece como o do
[Conto] O Fantasma da Casa – Paulo Nim
29
trem celestial e se apressa para ir embora.
Marih fica espasma com a rapidez da visita.
Dentro do trem celestial (subindo já)...
Diva não pôs o cinto de segurança e, então,
fica ricochetando de um lado pro outro e fez, com
seu peso, o trem descarrilar e cair.
Diva procura desesperadamente uma saída
de emergência. Diva: _ Socooooooooo _ antes de
terminar, ela se envergonha por estar gritando
socorro de novo e para, então ela atravessa o trem
e sai dele.
Ela sai voando a 300.00.000 km/s, e é
atingida por um raio, gerando uma luz na noite do
dia 19 de junho que, por isso, passa a ser
considerado como o dia em que um raio atingiu
um disco voador em Estrelápolis.
Por fim, ela cai em uma chaminé.
As crianças Cláudia e Diego chegando na
sala: _ Papai Nol!
_ Papa Noel!
Diva: _ Não... "anjinhos"(?)... Papai Noel.
Diego: _ E os presentes?
Diva: _ Vocês
Cláudia: _ Por que você não tá de vermelho?
Diva: _ O vermelho saiu de moda. Vocês me
deixam falar?! Olha crian
Cláudia: _ Minha boneca.
[Conto] O Fantasma da Casa – Paulo Nim
30
Diego: _ Videogame!
Diva: _ É junho ainda!
Diego: _ Doces!
Diva: _ É que
Diego: _ Meu cavalo.
Diva: _ Eu não acre
Cláudia: _ Meu computador de 4 gigas de RAM, HD
de 180, processador Dual Core e monitor LCD?
Diva fala, tampando a boca dos dois com as
mãos: _ Pra começar, vocês foram más pessoas,
depois é junho. E, vem cá menina, você tá com um
demônio da computação incorporado no corpo???
Cláudia caiu no sono.
Diva: _ Óh!
Diego: _ Papai Noel, faça dieta.
Diva: _ Seu menino malcriado!
Diego: _ Isso porque você não viu minha anja da
guarda.
Diva: _ Ah, você também pode vê-la?! Meu Deus,
uma incorpora e o outro vê! Hei, essa casa não é
um sanatório, é? Eu tenho medo de ser detida em
um, sabe? Hei, espera, quem é sua anja da
guarda?
Diego: _ A Fecília.
Diva: _ Aquela maldita! Manda ela ir _ trovão nos
céus _ criança no recinto.
Diego: _ Eu já tenho 6 anos e meio.
[Conto] O Fantasma da Casa – Paulo Nim
31
Diva: _ Grande coisa, eu tenho seis litros no seio.
_ começa a rir. Ele não entende e acha sem graça.
E fica emburrado. Diva: _ A piada é muito
engraçada, você é que é uma criança muito
desinformada.
Diva vai saindo atravessando a porta.
Diego: _ E o seu tremó?
Diva: _ É trenó. E tá que eu vou sair por aí
distribuindo presente numa coisa flutuante de
madeira carregada por viadinhos de chifres,
vestido numa roupa vermelha com um saco que só
serve pra entortar a coluna e uma barba do século
10 AC!
Diva atravessa a porta. Diego segura a roupa
dela e ela ouve um 'crek'. Diva olha e diz: _ Minha
bunda! _ depois divagando: _ É linda demais a
minha... _ volta a si: _ E tá a mostra! Eu vou falar
pro coelho da páscoa e aquele menino maldoso vai
ver só! _ ela sai tampando o buraco, pega umas
folhas no chão, transforma em roupas e veste.
Diva para si: _ Nunca vou me acostumar à
fantasmice.
Na casa, Diego chora, pois ouviu o
comentário de Diva sobre o coelho da páscoa.
Cláudia acorda e vê pérolas no chão.
Diva se lavando na fonte (tomando banho
cantando "Banho de Lua") percebe algo em seu
[Conto] O Fantasma da Casa – Paulo Nim
32
pescoço: _ Meu colar com o qual fui enterrada!
______________________________
Cláudia: _ Olha, Diego, e o que o Papai Nel te
trouxe? _ para o irmão. Ele mostra pra ela o
pedaço de roupa rasgada.
No outro dia...
Diva andava pelas ruas até chegar numa rua
de pedras cor-de-rosa. Ela esbugalha os olhos e
olha para o chão. Depois continua passeando
enquanto espera que o trem celestial apite de
novo, quando terminar de ser consertado. Ela
continua e se vê numa casa de campo a 1 km dalí.
Aí ela tromba com Marvin.
Marvin: _ Oi fofa!
Diva: _ Oi fo... ex-fofo!
Marvin: _ Ex?
Diva: _ Hei! Você caiu no meu conceito, sabia?
Marvin: _ Por quê?!
Diva: _ Procure referências no nosso último
encontro. _ chuta ele, que vai parar no céu.
Infelizmente, não há ninguém para chutá-la
também.
Dias depois, ainda andando, Diva começou a
ficar com fome. Mentira! Ela é uma fantasma,
gente!
[Conto] O Fantasma da Casa – Paulo Nim
33
Então Diva chegou a uma rua com uma casa,
igreja, mais casas, nenhuma outra igreja, um
comércio e asfalto, uma rua normal.
Ela viu uma casinha azul que acha muito
bonitinha e foi bater na porta.
_ Já vai, já foi, já _ abre e não vê Diva:
_ fui? Meninos.
Diva: _ Hei! Eu to aqui, velha coroca, só por que
não me vê...
_ Ué, que voz é essa?
Diva: _ Médium vidente, digo, ouvidente.
_ Não, não ouço dentes. _ sai correndo, mas sem
sair do lugar, já que Diva a segura no ar.
Diva: _ Você não vai embora sem nem me
cumprimentar.
_ Oi, meu nome é Angelina e... deixa eu ir, ser
infernal, espírito do demônio.
Diva: _ Onde eu vim parar?
Angelina: _ Numa casa de fiéis a Jeová.
Diva: _ Ah, ta, então é isso. _ vai entrando na
casa e achando que por dentro ela não é
bonitinha, quando Angelina e seus dois filhos de
um e dois anos respectivamente começam a fazer
exorcismo: _ Sai fora, bruxa do mal (...).
Diva acha que eles se confundiram, pois ela
é fantasma e não bruxa. Mas então Diva começa a
desaparecer e começa a ficar louca segurando os
[Conto] O Fantasma da Casa – Paulo Nim
34
paus... da escada. Diva vai subindo a escada, mas
ora ou outra uma ripa voava e lhe atingia o nariz,
pelo poder do exorcismo.
Pow!
_ Oh, meu narizinho!
Bang!
_ Socorrinho!
Pak.
_ Ah, que pauzinho.
POW! Bang!
Diva, toda acabada: _ Ahi, ahi!
E Diva subiu até o final da escada toda
deformada e cheia de curativos (sim, eles
aparecem).
_________________________________
Fantasmas são tão práticos! Se se machucam:
_ Oi, curativo! _
Se são presos: _ Oi, paredes atravessáveis!
(fantasmas presos?!)
Se são estuprados:
_ Oi, éééééé, oi... oi infelicidade eterna!
_______________________
Ao chegar lá em cima o exorcismo não
terminou, uma ripa do tamanho de um graveto
acerta Diva, ela desequilibra e cai. Vai caindo
degrau por degrau: _ Ui! Ai! Uuiuiui!!! _
[Conto] O Fantasma da Casa – Paulo Nim
35
Diva saindo atravessando os livros que
voavam pela sala: _ Cansei! E olha que do lado de
cá ninguém cansa! Não fico mais nessa zona,
bando de mal-educados! Que casa mal-
assombrada, sô! _ limpando seu bumbum
empoeirado.
Angelina chorou na despedia: _ Já vai o espírito
infame! _ grita: _ Volte sempre!
Diva mostra o dedo (aquele dedo) pra ela,
depois, bate em seu próprio dedo: _ Gente, eu to
exagerando, que ato deplorável! Eu deveria matar
ela, aí eu poderia bater nela do lado de cá, sem
perder a classe. Mediocridade humana me está
contagiando, de novo. Legal, talvez eu ressuscite!
Vãs esperanças. Cala a boca, Diva! _ e se cala.
E então Diva saiu cantarolando uma versão
da música “poeira” (sorte grande):
_ “meu coito interrompido foi você no carrossel (e
pula uma parte)
Coceira, coceira, coceira
Estou com coceira (pula outra)
Meu anjo bebidin (pula)
Doideira, doideira, doideira
Pegou na...”
Para de repente.
[Conto] O Fantasma da Casa – Paulo Nim
36
E de tanto pular Diva ficou com dor nas
pernas. Foi aí que ela viu um velhinho numa
cadeira de rodas perto da fonte... e jogou ele nela:
_ Nade, homem.
Ele não estava se afogando, óbvio, mas não achou
graça nenhuma.
Diva: _ Olha o tubarão!!!
Então ocorre um trovão bem alto e ela tira
ele rapidamente de lá. O velho dá nela uma boa
surra, ela retribui e eles começam uma luta.
O velho tem um infarto e morre. Ele também
não pode ir pro céu porque o trem celestial está
estragado. Diva o chuta e seu pé dói. Velho:
_ Ainda quer brigar? Além de assassina é uma
pessoa muito violenta. _ O chute não funcionou.
Diva: _ Ah, que ódio, pessoas hostis tem alma
mais pesada. E esse idoso velho ancião, de idade,
é recém-morto, não tem a força total de um
fantasma ainda. Matéria espectral geriátrica, siga-
me.
O velho Astrogildo: _ Meu nome é Astrogildo.
Diva: _ Diva.
Astrogildo: _ Dizer o quê?
Diva grita: _ DIVA!!! Hei quer saber, fica ai. _
E ela continua. Então ela vê uma casa
enorme e um formigueiro. A nível de curiosidade,
ela tenta entrar no formigueiro. Ela consegue e sai
[Conto] O Fantasma da Casa – Paulo Nim
37
toda picada de lá.
No céu...
São João ri dela. Então, por uma espécie de
castigo por rir de algo ruim acontecer a outrem,
ele cai do céu na Terra, ricocheteia em Diva e sobe
ao céu de novo. S.J.: _ Doeu. Quanto tempo que
eu não sentia dor. Não foi legal.
Terra...
Diva: _ O que foi isso? _
Astro (Astrogildo) a estava seguindo e tira
sua fantasia, se revelando uma velha. A velha
entende mal o que Diva disse: _ Misto? De quê?
Olha, um misto de abacaxi é muito legal!
Diva não aguenta mais essas pessoas e
surpresas loucas (e piadas repetidas) e, louca, sai
correndo, fugindo, cantando, pulando, gritando,
sorrindo, tocando violão.
Parte 11 – Velha
Diva estava andando pela rua cantando uma
música que ela intitula Rasgatanga (uma paródia
de Ragatanga - Rouge):
“Olha lá quem vem espantando as mina
vem o velho com todas bichezas requebrando
(fofo!)
[Conto] O Fantasma da Casa – Paulo Nim
38
com a filha Darialva, roupas de fada-madrinha
e seus peitos estufando
(prótese, queridos!)
e com a filha Darialva, ele chega com a pança
possuído pelo hit do rasgantanga
e o véi fei que já estremece toca o som da meia
noite pra bicheco a paixão mais esperada
ele senta, ele deita, ele dorme
[Refrão: eu já caguei, já peidei
mijei com a cara choca
com cara de bichoca
matei a minha irmã depois de fazer pipi]
não é por acaso que o vejo todo dia
por donde vejo ele dando
bicheco tem sua sainha e esta alegria é de
uma mulher insana
e com sainha, pura calma ele chega com a pança
possuído pelo hit do rasgantanga
y el véi fei que ya estremece toca el son de mia
noche pra bicheco la passion mas deceada
y la sienta
ele deita
y la muere
[yo ya cague, ya peide, mille con cara lloca, con
cara de bichoca, mate minha hermana dispues de
hacer hiji]
[Conto] O Fantasma da Casa – Paulo Nim
39
eu vou mama, vou mama mama, eu vou mama,
mama, mama mais, eu vou mama, vou mama vou
mama, mama, eu vou mama, aiaiaiai pintô...”
Ela, entediada, decide entrar numa casa
qualquer para assustar alguém e se divertir.
Ela vem entrando, de repente uma mulher
aparece falando: _ psiu, psiu! _ Diva quase morre
de susto, tanto que cai dentro de um piano,
fazendo um barulho infernal. Diva: _ Por isso odeio
música clássica! Depois falam que rock é
barulheira.
Luzia: _ Oi, meu nome é Luzia, eu sou enfermeira
e eu tenho que ganhar o BBB porque sou pobre. _
Diva (já pensando em sair correndo): _ Pra
começar, quase me matas de susto. Depois, que
história é essa de BBB?!
Luzia: _ Eu tenho treinado minha fala, aí de vez
em quando eu me empolgo e falo ela sem querer.
Você é?
Diva: _ Você pode me ver?! Ás vezes eu me
pergunto por que só gente débil mental me vê.
Mas essa é a segunda pergunta. A primeira é: por
que diabos _ trovão, ela reformula: _ Por que
anjos eu não caio dentro do quarto do Brad Pitt?
Ah, meu nome é Diva.
[Conto] O Fantasma da Casa – Paulo Nim
40
A fantasma nota que Luzia está costurando
um vestido de noiva.
Diva: _ Você vai se casar e está costurando o
próprio vestido de noiva?
Luzia: _ Não, eu vou me casar com aquele vestido.
Diva olha e tampa os olhos, sendo cegada
por uma luz. Ela muda o ângulo pra ver o vestido
branquérrimo banhado pelos raios de sol.
Diva: _ E por que tá costurando?
Luzia: _ Pra passar o tempo.
Diva: _ Por que um vestido de noiva?
Luzia: _ Atoa.
Diva: _ Posso experimentar?
Luzia distraída: _ O fogão?
Diva: _ O vestido.
Luzia: _ Vai, tá lá na cozinha. _ ainda distraída.
Diva vai indo até o vestido quando tropeça
num buquê de oito metros. Ela esbugalha os olhos.
Diva: _ Eu não quero ver os grãos de arroz.
Quando Diva caiu, causou um pequeno
terremoto. Luzia dá uma desculpa estranha para
uma amiga que estava convidando por telefone:
_ Foi um passarinho rouco.
Diva: _ Quando você vai casar?
Luzia: _ Hoje.
Diva: _ Posso ir e com quem?
[Conto] O Fantasma da Casa – Paulo Nim
41
Luzia: _ Pode ir sozinha.
Diva: _ Com quem você vai se casar?
Parte 12 - Vai pro Inferno, Diva!
Luzia fazendo tricô: _ Luana.
Diva cai no chão, levanta, escorrega e cai dizendo:
_ Limpar o chão demais faz mal para as visitas.
Mesmo as ectoplásmicas, o que é surpreendente.
Realmente, Luzia, olha, Deus tem uma crueldade
para comigo. _ um raio cai nela com tanta força
que a desacorda.
Diva acorda resmungando sobre a qualidade
do colchão de Luzia. Uma multidão se envolta
sobre a fantasma. Ela nota que sua roupa está
pegando fogo, sai correndo, vê um lago alaranjado
e pensa: "o mar do Caribe". Sai correndo e pula.
Sente um calor na bunda antes de cair: _ Calor na
bunda? _ nota que é lava, tenta e consegue flutuar
um pouco e cai. Ela sai do poço de lava: _ Se eu
não fosse uma fantasma, eu estaria morta agora.
_ começa a chorar por isso.
Um senhor chifrudo se aproxima dela e diz:
_ Tudo bem, sucinta senhora? _
_ A vaca fala?! A... vaca... aqui é Nárnia?! Claro! _
Diva deduz espasma.
Diabo: _ Vaca?! Você tem ideia de quem eu sou
[Conto] O Fantasma da Casa – Paulo Nim
42
senhorita?
Diva: _ Um boi gay das profundezas da cidade
subterrânea debaixo do interior?
O diabo joga fogo de seu capuz nela. Ela
nem se move.
Diva: _ Eu já morri, boi chifrudo burro. Aliás, aqui
nessa terra mística, imagino que você seja um boi
amaldiçoado a ter chifres por ter sido traído por
sua esposa.
_ Eu sou o diabo, Lúcifer, o Mal. Eu sou o senhor
do inferno. E você é minha agora!
Diva: _ Peraí, eu não vou me casar com você
senhor di... _ entende: _ Diabo?! E esse é o
inferno!? _ fica super espantada uns dez minutos.
E começa a andar.
Diabo: _ Onde vai?
Diva: _ Uai, se esse é o inferno eu quero conhecer
o lendário lugar. Ah, meu Deus, esse lugar deve
ter uns... todos os anos! É uma relíquia da
construção antiga!
Diabo seguindo-a: _ Ninguém havia julgado dessa
forma.
Diva: _ Você podia colocar uns tapetes ali, um sofá
persa aqui. Aí você cria uma trilha... coloca uns
diabinhos para assustar as pessoas... pode ganhar
muito dinheiro.
_ Eu quero almas.
[Conto] O Fantasma da Casa – Paulo Nim
43
_ Isso também. _ diz Diva.
Diabo, para cima: _ O castigo é pra ela ou pra
mim?
Começa um tremor no inferno.
Diva: _ Uuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuh, isso fará o
maior sucesso no "Passeio Temático Infernal", que
tal? Ó, rimou. Ah, e.. eu confesso, depois que o
parque emplacar e você ficar rica... eu caso.
Diabo tampa o ouvido, Diva não se intimida.
Diva: _ Aí, você aproveita todo esse calor como
energia térmica. E vende e faz e marmitas!
O Diabo faz cara de mal, como se tivesse um
plano.
Diabo: _ Senhorita Diva, acompanhe-me por
favor!
Diva acompanha cochichando: _ Eu estou
achando que foi um homem que te traiu, né
bichona da cornucópia!
A ira do ser do mal faz lava voar atrás deles.
Diva nem nota.
Após horas e horas de caminhada.
Diva: _ Eu pensei que a gente fosse pra detrás de
uma moita, mas você parece que está querendo
me cansar primeiro, né? Escuta, Lu, por que você
não se arrepende de ser uma pessoa feia, boba e
mau, hein?
Diabo: _ Eu não sou uma pessoa feia, boba e mau.
[Conto] O Fantasma da Casa – Paulo Nim
44
Eu não sou uma pessoa. Eu não sou feio, e eu não
sou bobo.
Diva: _ Se olha no espelho!
Chegam a uma cratera.
Ele empurra ela e sai rolando.
Diabo: _ Quem é bobo agora, hein?
Diva: _ Você não sabe o que está perdendo. Bicha
louca!
Um exército de demônios armados com
lanças vem em direção a ela. Diva sai correndo
tentando escalar a cratera.
O Diabo, olhando: _ E eles? Eles sabem o que não
estão perdendo?
Diva: _ Eu caso! Eu caso! Me tira daqui! Isso
doerá!
Diabo: _ O Diabo nunca se casa com ninguém, sua
louca.
Diva: _ Mas você... ficava me olhando daquele
jeito... eu sou demais pra você, não é isso?
Diabo: _ Ponha uma coisa na cabeça. Você sempre
me provocou, o tempo todo desde que chegou!
Diva: _ Eu não vou discutir a relação na frente
destes trogloditas! _ apontando os demônios que
se aproximam.
Diabo: _ Conheça os outros anjos rebeldes.
Diva: _ Seus ex-namorados?
Diabo: _ Os anjos rebeldes que se tornaram
[Conto] O Fantasma da Casa – Paulo Nim
45
demônios e vão torná-la apta a ficar toda a
eternidade aqui, no inferno, comigo.
Diva sai correndo pulando por sobre os
bichos, as lanças a espetando.
Ela chega do outro lado e vê de onde eles
vêm. Um precipício gigantesco, e eles escalam a
parede.
Diva: _ Eles tem visto muito Homem-Aranha. Hei,
isso aí é caro lá em cima. _ para um demo que
puxava sua roupa.
Ela começa a correr de volta.
Diva se assusta de repente: _ Hei, hei, eu sou
fantasmagórica. _ e começa a flutuar, mas cai no
chão.
O Demo explica: _ Aqui é uma atmosfera pesada
demais pra você.
Diva: _ Se uma biba chifruda e fresca igual a você
suporta... esses demônios são todos seus ex-
namorados?! _ correndo pulando por cima deles.
Ela pula, consegue flutuar um pouco e
chegar de volta onde tudo começou, perto do
Demo.
Demo: _ Te jogo lá de novo. _ se preparando para
chutar.
Diva: _ Não, eles não fazem o meu tipo. _ ela se
adianta e ela empurra ele lá. _ Mas as lanças deles
[Conto] O Fantasma da Casa – Paulo Nim
46
combinam com o seu chifre: são sujas e mal-
acabadas.
Então uma luz desce do teto do inferno:
_ Acho que você aprendeu sua lição contra
blasfêmia. _ uma voz grave diz.
Diva: _ Pronto, já estou pronta para... ver o Brad
Pitt nu. _ a luz acaba e ela, que já ia flutuando, cai
no chão.
A voz grave: _ Não.
Parte 13 - A Missão Final de Uma Diva
Diva: _ Por favor! Me deculpa! Sorry! Solo dice me
que es vivir!
Diabo: _ Solo diga me que es vivir? Apenas me diz
o que é viver?!
Diva: _ Maldita tradução de música do cifraclub!...
Deus, eu quero uma chance.
A luz desce de novo. Diva está pensando: _
"Brad Pitt nu, não. Brad Pitt nu, não. Bruno
Gagliasso, talvez? Não!!! Alexandre Frota? É,
talvez. Não!!! Brad Pitt de cueca, é, bem melhor.
Não, aí não tem gra... branca e molhada, a cueca.
Não! Vamos parar de pensar nisso. Vamos pensar
em coisas indigestas ai a gente para com isso: o
[Conto] O Fantasma da Casa – Paulo Nim
47
ensaio nu do Ronaldo Ésper!" _ vomita.
Planeta Terra, cidade Estrela...
Booom!
A torre do relógio é sacudida por um
pequeno abalo sísmico quando Diva cai nela.
Diva comentando sobre isso: _ Esse abalo é pela
energia. Hei, nada de rechonchudez. É energia
espectral forte demais de minha aura iluminada.
Uma velha do seu lado a pergunta: _ Você
tem problemas com sua aparência, minha filha?
Diva se assusta e cai da torre. Ela sobe de
volta: _ Só eu não assusto nada nem ninguém. _
Diva comenta.
Após alguns instantes olhando para os lados
procurando entender de onde surgiu a velha, Diva
responde: _ Não. Estou muito bem comigo
mesma, sua anoréxica. Claro que eu colocaria um
siliconezinho se pudesse, um colágenozinho, um
botoxzinho, mas você nunca seria capaz de
entender. Aliás, eu acho que você é quem precisa
urgentemente entender. Aliás, ninguém no mundo
precisa entender mais do que você. E por falar
nisso, você percebeu como o mundo anda cada
vez mais... audacioso?.. não, vaidoso, é, vaidoso.
Espera ai, sua safada! _ a velha se assusta. Diva:
_ Quem é você?!
_ Meu nome é Xita, eu... _ mas uma luz do céu a
[Conto] O Fantasma da Casa – Paulo Nim
48
impede, cortando-a de sua fala.
A luz: _ Sua missão. Ela é uma fantasma recém-
morta. E se você conseguir ajuda-la a se adaptar à
sua nova existência, como só Eu sei que você se
adaptou, você ganhará o Reino dos Céus.
Diva olha de cima a baixo a velhota. A
roupas antiquadas, a pele empelotada, as rugas, a
verruga ao lado da boca, o olhar de “estou morta”,
as calças de ginástica da década de 70.
Diva: _ Onde ela morreu? Num campo de
concentração ou numa festa brega? Olha, eu sou
fantasma, não santa, não posso fazer milagre. Mas
eu posso ajuda-la. Agora... nada de Pitt?
Luz: _ Nem Jolie. Só Xita.
Diva: _ Detesto bala xita!
Trovão. A luz some.
Diva: _ Vem, chimpanzé Xita. Mim, Diva, você
Xita, não é? _ sai puxando ela voando pelos céus e
a solta.: _ Voa, diva das peras.
Xita cai.
Diva: _ Meu Deus! Foi uma queda e tanto! Eu
quase não acredito que você ainda está viva!
Xita a olha com cólera. Diva percebe o que
disse e começa a rir.
Muito, muito tempo depois...
Diva para de rir: _ Pronto. Ow, vem cá, você é
muda?
[Conto] O Fantasma da Casa – Paulo Nim
49
Xita: _ Querida... eu tenho classe agora, gente
classuda não fala. Apenas resmunga hum hum.
Ham ham. Hem. Ôu. Hahaha. Huhuhuhu.
Diva continua: _ AAAAAAAAAAAAAAAAAA
VAAAAIIIIIII!!!!!
UUUUUUUUUUUHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!
AAAAAAHHHHHHH!!!!!! GOOSSTOOOSOOOO!!!
AAAAAAHHHHH! _
Xita fica estupefata: _ Oh!
Diva: _ Mas me diga uma coisa, por que tanta
estupefatez (quase nem acredito que falei essa
palavra numa tacada só)? A senhora nunca fez
sexo?
Xita: _ Ham ham.
Diva: _ Imagino que com vários na adolescência.
Xita: _ Um só, a vida toda. Hum.
Diva desanda a rir de novo.
Xita: _ Ô, hiena, vai ou não vai me ensinar algo,
afinal de contas?
E então Xita tentou atravessar uma parede
mas não conseguiu e bateu a cara: _ Ai, meu
orifício nasal.
Diva: _ Engraçado. Outros orifícios meus é que
doíam quando eu... _ para, porque Xita a está
olhando com uma cara ameaçadora. Diva: _ Bom,
deixa pra lá.
[Conto] O Fantasma da Casa – Paulo Nim
50
E então Xita tentou voar alto de novo, caiu,
ricocheteou e: _ Hom! Minha saia está voando?
E Diva, fazendo cenas a la Marilyn Monroe:
_ E qual é o problema? E.. querida, hei!... hom,
não dá. De onde você tira esses suspiros, de filmes
mexicanos para adultos?
E Diva continuou treinando-a a fazer levitar
objetos, tocar a pessoas, etc.
E, vendo a roupa, Diva a levou a um
shopping. Foram a 254 lojas, cabeleireiro,
maquiador, sem contar cirurgiões estéticos no
mundo espectral todo. Nesse trajeto, as frases
favoritas de Xita. “Hom, isso é pra gente viva, não
cai bem em defunto”, “Cruzes, eu não vou usar
essa roupa do clipe de Candy Shop” e “Essa é
muito moderninha”. Principalmente essa última.
Mas não foram só a shoppings espectrais.
Treinando-a a fazer aparições, Diva a levou a
shoppings, onde todo mundo se assustou.
Xita tentava atravessar vidraçarias e as
quebrava fazendo Diva colocar a mão aflita na
cabeça pensando: _ Iemanjá.
Depois...
Xita atravessou 1001 paredes, cantou em
shows, voou até bem perto do céu, levitou objetos
(que caíam depois sobre ela, mas isso é segredo),
e conquistou um santo.
[Conto] O Fantasma da Casa – Paulo Nim
51
Diva foi pro céu. Marih mudou para uma
casa melhor.
FIM:
• Xita se tornou uma espécie de substituta de
Diva.
• Diva se casou com Marvin, um ex dela. Ele agora
é o Santo do Calor Corpóreo e ela é a nova Santa
dos Escritores, a santa dos Palhaços e, acredite ou
não, Desatadora de Confusões.
• Marih está no momento sendo atormentada por
Xita...
Marih: _ Solta! Devolve meu papel higiênico!
• Marvin e Diva estão felizes, mas no momento
brigam pela escova de dentes...
Diva: _ Hei!!! A comissão dos ortodontistas disse
que você tinha que escovar primeiro? _
Marvin: _ Não, mas meus dentes tem uma placa
bacteriana forte.
Diva: _ Como você é baixo! _ em termos morais.
Marvin: _ Mais alto que você. _ em termos físicos.
Se beijam.
FIM