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Boletim de Extensão O cultivo da Aceroleira

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Boletim de Extensão

O cultivo da Aceroleira

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI

CURSO DE ENGENHARIA AGRONÔMICA

O CULTIVO DA ACEROLEIRA

Ano 1 – número 1 Sete Lagoas

2015

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Coordenação: Prof. Dr. José Carlos Moraes Rufini Autores: José Carlos Moraes Rufini1 Adriane Duarte Coelho 2 Aline Martineli Batista2 Amanda Cristina Guimarães Sousa2 Ana Clara Pimenta Pereira 2 Camila Calsavara Rocha2 Fernanda Gonçalves Santos 2 Flávio Araújo de Moraes2 Igor Franco Rezende 2 Júlia Rodrigues Macedo 2

Mariana Alves Pinto Barbosa 2 Martha Cristina Pereira Ramos 3 Renata Elisa Viol 3 Samara Cristiele Barros da Cruz2 Tiago da Silva Almeida 2 Thatiane Padilha de Menezes 4

1 Tutor PET, Departamento de Ciências Agrárias - UFSJ 2 Bolsista PET, Graduando (a) em Engenharia Agronômica - UFSJ 3 Estudante de mestrado do Programa de Pós-graduação em Ciências Agrárias - UFSJ 4 Bolsista Pós-Doutorado PMPD/CAPES - UFSJ

Leila Aparecida Salles Pio5

Professora Dra. - DAG - UFLA5

B o l e t i m d e E x t e n s ã o

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Sumário

1 INTRODUÇÃO............................................................ 5

2 SISTEMÁTICA E BOTÂNICA ................................. 6

3 VARIEDADES ............................................................. 8

4 CLIMA E SOLO....................................................... 10

4.1 Temperatura............................................................ 10

4.2 Umidade ................................................................... 11

4.3 Precipitação ............................................................. 11

4.4 Vento ........................................................................ 12

4.5 Luminosidade e fotoperíodo................................... 12

4.6 Solo ........................................................................... 12

5 PROPAGAÇÃO......................................................... 12

5.1 Propagação por sementes ....................................... 13

5.2 Estaquia.................................................................... 14

5.3 Enxertia.................................................................... 15

6 IMPLANTAÇÃO DO POMAR................................ 16

7 TRATOS CULTURAIS............................................. 18

7.1 Podas ........................................................................ 18

7.2 Adubação ................................................................. 19

7.3 Controle de plantas daninhas................................. 19

7.4 Irrigação................................................................... 20

8 DOENÇAS .................................................................. 20

9 PRAGAS ..................................................................... 23

10 CONTROLE DE PRAGAS E DOENÇAS ............ 24

10.1 Nematóides............................................................. 24

11 COLHEITA.............................................................. 25

12 AGRADECIMENTOS............................................. 26

13 LITERATURA CONSULTADA............................ 27

ANEXO DE FIGURAS............................................ 29

B o l e t i m d e E x t e n s ã o

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1. INTRODUÇÃO

Assim como outras frutíferas, a aceroleira não tem o seu

centro de origem bem definido. No entanto, acredita ser nativa das

Ilhas do Caribe, América Central e Norte da América do Sul.

Possivelmente sua disseminação foi realizada por índios da

região do Caribe, bem como pássaros migratórios, sementes ou

mudas, nos séculos que antecederam o descobrimento da

América.

Em 1880, a acerola foi introduzida na Flórida,

provavelmente vinda de Cuba. A partir de então, dispersou-se

para outros países do continente Americano. Tem-se, em 1894, o

primeiro relato no Brasil, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro,

de uma acerola ornamental, a Malpighia coccigera.

Através de sementes oriundas de Porto Rico, a fruta foi

introduzida no estado de Pernambuco pela Universidade Federal

Rural de Pernambuco (UFRPE), em 1955, de onde difundiu pelo

Nordeste e outras regiões do país.

Atualmente, é cultivada em praticamente todos os Estados

da Federação, apresentando limitações em algumas regiões do

Sul do Brasil, devido a baixas temperaturas.

O interesse pelos fruticultores no cultivo de acerola está

relacionado aos elevados teores de vitamina C, superiores a

1000 mg ácido ascórbico / 100 g de polpa em frutos maduros.

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Grande parte da produção brasileira é destinada a indústria de

processamento e exportada para países da Europa, Japão, Estados

Unidos e Antilhas, na forma de polpa, frutos congelados e suco

integral.

A demanda do produto no mercado interno e externo

instiga os produtores à expansão dos plantios, o que possibilita a

conquista de novos mercados pelo Brasil, tornando-se esta fruta

uma alternativa de renda agrícola.

2. SISTEMÁTICA e BOTÂNICA

A acerola, conhecida também como cereja-das-antilhas,

pertence à família Malpighiaceae e ao gênero Malpighia, sendo a

espécie Malpighia emarginata D.C.

A planta é arbustiva, com hábito de crescimento variado,

prostrado a ereto, e quando adulta pode alcançar 2,5 a 3,0 m de

altura (Figura 1). Suas folhas são simples, opostas, inteiras,

podendo ser ovaladas a elípticas. Assim como os ramos, as folhas

apresentam uma pequena pilosidade que pode causar irritação à

pele.

As flores originam-se nas axilas das folhas dos ramos

maduros em crescimento, e nas axilas das folhas dos ramos

recém brotados, sendo agrupadas em pequenos cachos

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pedunculados (Figura 2). São hermafroditas, com ovário globular

súpero. As pétalas e as sépalas são de coloração variada, de branco

a diferentes tonalidades de rosa, conforme o genótipo.

A polinização é feita por insetos polinizadores, como por

exemplo, abelhas do gênero Centris spp., pois os grãos de pólen

da aceroleira não são dissemináveis pelo vento. Podem ocorrer

tanto a autopolinização como a polinização cruzada, sendo esta

última, responsável em alguns casos, pelo maior tamanho do

fruto. Para favorecer a polinização cruzada é recomendável fazer

o plantio intercalado de variedades de aceroleiras.

A formação do fruto de acerola é de aproximadamente

quatro semanas, tempo decorrido entre o florescimento e a

colheita. Os frutos são classificados como drupa tricarpeladas, de

formatos variados, havendo frutos arredondados, ovalados ou

achatados. A coloração da casca, quando maduros, pode variar de

vermelho-amarelado a vermelho-alaranjado ou de vermelho a

vermelho-purpura (Figura 3).

Os frutos são pequenos, e de acordo com as condições

climáticas e o potencial genético da planta, o peso varia de 3 g a 16

g. São fontes de vitamina C e pró-vitamina A, além de vitaminas

do complexo B, como tiamina (B1), riboflavina (B2)

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e niacina (B3) e, em menores teores são encontrados minerais

como cálcio, ferro e fósforo.

Em geral, as sementes apresentam baixa viabilidade

devido ao abortamento do embrião, sendo normalmente

encontrada três por fruto, estando cada semente inserida em um

caroço (Figura 4).

3. VARIEDADES

A acerola, embora conhecida há mais de 50 anos no Brasil,

tem seu cultivo recente no país. Ainda hoje, podem ser observados

pomares com formas e tipos de plantas heterogêneos, o que

dificulta as atividades agrícolas diante das diversidades das

plantas matrizes. Assim, percebe-se a importância da utilização

de variedades bem definidas, com características agronômicas

desejáveis.

Devido a esta conscientização, pesquisas para o

desenvolvimento de variedades de acerola estão sendo realizadas,

com o intuito de introduzir, caracterizar, selecionar e difundir

plantas de qualidade agronômicas e de interesse comercial.

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As variedades de acerolas são classificadas em doces,

semidoces e ácidas, diferenciando-as pelos teores de sólidos

solúveis (SS) e acidez titulável (AT) nos frutos maduros.

Variedades que apresentam SS elevados, iguais ou

superiores a 11 °Brix e AT iguais ou inferiores a 1% são

caracterizadas como doces, sendo utilizadas para o consumo in

natura. Aquelas que apresentam teor de ácido málico superior a

1% são consideradas ácidas e utilizadas no processamento. Já as

variedades semidoces podem ser utilizadas tanto para a

industrialização quanto para consumo in natura por apresentarem

teores intermediários de SS e AT.

Para o plantio de aceroleira, várias variedades têm sido

recomendadas de acordo com a região de cultivo. No Vale do Rio

São Francisco, nos estados da Bahia, Minas Gerais, Pernambuco e

Sergipe as variedades Acaal, Flor Branca, Jumbo Vermelho,

Okinawa, Rubi, Tropical e Sertaneja tem sido cultivadas. No

estado do Pará, são encontradas em pomares comerciais as

variedades Flor Branca, Numero 1, Inada, Barbados e 54/02. No

Paraná indicam-se para o cultivo Dominga, Ligia e Natalia. Já em

São Paulo e na região de Junqueirópolis tem-se a variedade

Oliver.

Destacam-se também, variedades do grupo doce,

selecionadas no Havai: ManoaSweet, Tropical Ruby e

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Hawaiian Queen. No grupo ácido é ressaltada as variedades J. H.

Beaumont, C. F. Rehnborg, F. Haley, Red Jumbo e Maunawili.

Porto Rico é outra fonte de germoplasma que realiza seleção de

variedades, e recomenda para o plantio de acerola dois clones (B-

15 e B-17).

Nos úl t imos anos novas variedades têm sido

desenvolvidas pelos programas de melhoramento em centros de

pesquisas como a Embrapa, como por exemplo, o lançamento do

clone ‘Jaburu’ pela Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical.

4. CLIMA e SOLO

4.1. Temperatura

Por ser uma planta rústica, a acerola desenvolve-se e

produz satisfatoriamente em clima tropical e subtropical,

adaptando-se bem em temperaturas em torno de 26°C. Devido as

temperaturas elevadas, a aceroleira apresenta um crescimento

praticamente contínuo, concentrando a vegetação, o

florescimento e a frutificação durante a primavera e o verão.

No entanto, nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, as plantas

a d u l t a s q u e p o s s u e m f o l h a g e m p e r s i s t e n t e , s ã o

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resistentes a temperaturas inferiores a 5°C, por um curto período.

4.2. Umidade

A umidade não é um fator que limita o plantio de acerola,

podendo ser cultivada em regiões de alta e baixa umidade relativa

do ar. Porém, quando acima de 80% associada à temperaturas

superiores a 25°C podem favorecer o aparecimento de doenças

fúngicas.

4.3. Precipitação

A aceroleira necessita de precipitações que variam entre

1.200 a 2.000 mm anuais, bem distribuídos, para que cresça e

produza frutos de qualidades. Em locais onde a ocorrência de

precipitações pluviométricas sejam inferiores a 1.200 mm anuais

é necessário a complementação com água de irrigação.

O déficit hídrico acentuado pode provocar sintomas como

enrolamento das folhas, secamento dos ponteiros ou ramos novos,

crescimento reduzido, floração e rendimento da produção

comprometida, e redução do tamanho dos frutos.

Já o excesso de chuva pode propiciar a formação de frutos

aquosos, com menores teores de vitamina C e açúcares, além do

ataque de doença.

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4.4. Vento

Ventos fortes e contínuos podem provocar a queda de

flores e frutos, afetando a produtividade. Nesta situação, pode

acontecer quebra de ramos primários e secundários, e em casos

extremos, o tombamento das plantas.

4.5. Luminosidade e Fotoperíodo

A aceroleira não é sensível ao fotoperíodo, uma vez que

floresce e frutifica durante o ano todo em condições adequadas de

umidade e temperatura. Porém, é exigente em relação à insolação

e a radiação influencia na concentração de vitamina C.

4.6. Solo

O cultivo da aceroleira é indicado em solos areno-

argilosos, bem drenados, com profundidade mínima efetiva de 1,0

m a 1,20 m, e que não seja pedregoso. O pH ideal para a cultura

varia de 5,4 a 6,5.

5. PROPAGAÇÃO

São dois os métodos possíveis de propagação das

aceloreiras: sexual (sementes) e assexual/vegetativa (enxertia e

estaquia). A propagação por sementes é só recomendada para

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obtenção de porta-enxertos e em programas de melhoramento

genético, pois este método proporciona desuniformidade entre as

plantas, afetando a produtividade e a qualidade dos frutos.

Para o estabelecimento de plantios comerciais é

recomendável mudas obtidas por propagação vegetativa, pois

este método permite a manutenção das características das plantas

matrizes.

5.1. Propagação por sementes

Na propagação via sementes são utilizados frutos

fisiologicamente maduros, colhidos de plantas produtivas e bem

nutridas. Estes devem ser despolpados com auxílio de peneira e

água corrente para extração dos caroços que devem ser secos a

sombra durante dois dias, podendo ser semeados imediatamente e

colocados em local sombreado ou armazenados em geladeira por

até quatro meses.

É aconselhável que a semeadura seja realizada em caixas

de madeira, de plástico ou de isopor, contendo substrato poroso,

bem drenado, formado geralmente por areia lavada e vermiculita

na proporção 1:1, e os caroços cobertos por uma camada de 1 cm

de substrato.

Duas ou três semanas após a semeadura ocorre à

emergência das plântulas que devem ser repicadas para sacos

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de polietileno preto quando apresentarem dois a três pares de

folhas. As mudas, ao alcançarem 25 a 30 cm de altura podem ser

transplantadas para o campo.

Ressalta-se que é necessário um elevado número de

caroços na semeadura devido à baixa taxa de germinação. Isso

ocorre porque muitas sementes são inviáveis em decorrência da

ausência ou má formação do embrião.

5.2. Estaquia

Neste método, é utilizado para a formação das mudas

estacas herbáceas, semi-lenhosas ou mini-estacas, coletadas de

plantas matrizes pré-selecionadas, produtivas, isentas de pragas e

doenças.

A coleta do material propagativo deve ser feita

preferencialmente pela manhã, durante o período de crescimento

vegetativo. Para acelerar o processo de enraizamento, a base da

estaca pode ser tratada com reguladores de crescimento, como por

-1exemplo, o ácido indolbutírico, em concentração 2 g L (Figura 5)

durante um minuto.

É importante que o local onde as estacas serão enraizadas

tenham um ambiente com luminosidade reduzida e

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seja saturado de umidade, conseguida por meio de sistema de

irrigação por nebulização intermitente.

Podem ser utilizados como substratos areia lavada,

acrescida ou não de vermiculita, na proporção 1:1 ou adicionada a

areia esterco de bovino curtido, na proporção 3:1. Além de

vermiculita acrescida de esterco bovino curtido, na proporção 3:1.

Após o período de enraizamento, 50 a 60 dias, as plantas

estão aptas a serem transplantadas para sacos plásticos ou tubetes,

contendo substratos de crescimento (Figura 6).

5.3. Enxertia

O método de propagação por enxertia permite combinar

dois genótipos para a formação de uma planta. A muda formada

será constituída pela variedade copa e porta-enxerto, tendo cada

parte suas próprias características.

O porta-enxerto está relacionado ao sistema radicular da

planta e pode influenciar no vigor, na resistência e ou tolerância a

pragas e doenças e ao estresse hídrico. Já a variedade copa

relaciona-se as características de produção, qualidade de fruto,

conformação e porte da planta.

Para a formação do porta-enxerto são utilizadas

sementes oriundas de frutos maduros e selecionados. A

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enxertia é realizada quando o porta-enxerto atingir 7 mm de

diâmetro e 15 a 20 cm de altura da superfície do solo, sendo a

garfagem em fenda cheia o método mais utilizado.

Os garfos utilizados na enxertia são ramos semilenhosos,

contendo três ou quatros gemas, e irão representar a variedade-

copa.

Para que tenha sucesso neste método é preciso que o

diâmetro do garfo seja o mesmo do porta-enxerto na região da

enxertia. Após 45 a 60 dias da enxertia, as mudas estão prontas

para serem transplantadas para o campo.

6. IMPLANTAÇÃO DO POMAR

Antes do estabelecimento do pomar é necessário realizar a

destoca e roçagem do terreno, pelo menos 6 meses antes do

plantio. Após essas operações são retiradas amostras do solo, nas

camadas de 0-20 e 20 a 40 cm de profundidade para realização da

análise do solo.

De acordo com os resultados e a necessidade da cultura é

feita a correção do solo e a aplicação de fertilizantes.

Em torno de 120 dias antes do plantio, realiza-se

a aração, aplicando-se metade da quantidade necessária de

calcário em área total. Um mês após a aração é realizada a

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gradagem juntamente com a aplicação da outra metade do

calcário.

O plantio pode ser feito em sulcos ou em covas. Se feito

em sulcos, a profundidade deve ser de 0,40 a 0,60 m e em caso de

covas abertas, as dimensões mínimas são de 0,40 x 0,40 x 0,40 m.

Quando as covas forem abertas manualmente é

aconselhável que separe a terra retirada da superfície da terra

removida do subsolo (Figura 7). Procede-se então, a mistura de

fertilizantes químicos (fosfatos) e orgânicos (esterco de curral

curtido) ao solo proveniente da superfície para o preenchimento

do fundo da cova, completando com a terra oriunda do subsolo

acrescida de calcário.

A muda deve ser colocada no centro da cova, de maneira

que o colo da planta fique a 5 cm acima do nível do solo. É

importante que o saco plástico ou o tubete onde a muda esteja

inserida sejam removidos antes do plantio.

Após o plantio, é importante compactar a terra ao redor da

muda e fazer uma bacia colocando-se cobertura morta, visando

manter a umidade do solo.

Os espaçamentos a serem adotados no pomar de acerola

variam de 4,0 m x 3,0 m a 6,0 m x 4,0 m, sendo estes

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escolhidos de acordo com manejo, variedade e fertilidade do solo.

7. TRATOS CULTURAIS

7.1. Podas

Para a cultura da aceroleira a poda é uma prática essencial

e está associada ao sistema de condução da cultura. Objetiva-se

formar uma arquitetura da planta que facilite práticas como

capina, adubação, colheita, controle de doenças e pragas.

Poda de formação

Visa originar uma planta de copa baixa, em formato de

vaso aberto, contendo 3 a 4 pernadas. Esta poda inicia após o

pegamento da muda no campo. (Figura 8)

A planta deve ser conduzida em haste única e podada na

porção apical quando atingir aproximadamente 60 cm de altura,

sendo então estimuladas as brotações laterais. Das brotações que

surgiram, devem ser deixados 3-4 ramos acima de 50 cm de altura

em relação ao solo, distribuídos em diferentes pontos.

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Poda de limpeza

Deve ser realizada para a remoção de ramos doentes,

praguejados, secos, debilitados ou daqueles que prejudicam o

arejamento da planta.

Salienta-se que após a poda, é recomendável a utilização

de pasta bordaleza no local podado visando à prevenção de

entrada de patógenos e pragas na planta.

7.2. Adubação

A prática da adubação na cultura da acerola é essencial e

visa principalmente obter boa produtividade e frutos de

qualidade. Dessa forma, não pode ser realizado de forma

indiscriminada, devendo o produtor ficar atento a época de

adubação, parcelamento das doses, forma e local da fertilização.

Para conhecer o requerimento nutricional da planta, é

necessária a realização da análise de solo, na camada de 0-20 cm,

e a interpretação do resultado de acordo com as recomendações de

fertilização para cada Estado.

O adubo pode ser aplicado ao redor da projeção da copa,

dividido em quatro aplicações, em intervalos de um mês.

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De modo geral, para adubação de plantio recomenda-se no

preparo das covas que se coloque esterco bem curtido (galinha,

bovino, caprino ou ovino). As quantidades variam de 10 a 20 litros

de esterco por cova. Além do esterco, deve-se aplicar na cova o

calcário, fósforo, potássio e micronutrientes. As recomendações

variam de 200 g de calcário dolomítico, 400 a 500 g de

superfosfato simples, 300 a 400 g de cloreto de potássio e 50 g de

FTE (micronutrientes).

7.3. Controle de plantas daninhas

As plantas daninhas podem prejudicar o desenvolvimento

da aceroleira, ser hospedeiras de pragas e doenças e além de

dificultar as atividades como colheita, irrigação, fertilização e

poda. O controle pode ser realizado de três formas: manual,

químico, mecânico.

Quando o produtor optar pelo controle químico, é

importante que o produto seja específico para a planta invasora.

Por outro lado, caso seja utilizado o controle mecânico, deve-se

atentar para o implemento agrícola não atingir as raízes das

plantas, danificando-as.

| 20

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7.4. Irrigação

Para a aceroleira, o manejo adequado da água é de suma

importância. Plantios sob irrigação apresentam frutos maiores,

mais pesados. No entanto, o excesso de água afeta a qualidade dos

frutos, tornando-os aquosos, com menores teores de sólidos

solúveis.

Assim, em áreas tropicais sujeitas ao déficit hídrico

prolongado recomenda-se a suplementação de água através dos

sistemas de irrigação.

O método pode ser irrigação pressurizada (aspersão e

localizada) ou por gravidade (sulcos). A escolha depende de

alguns fatores, como: topografia do terreno, recursos hídricos,

solo, recursos financeiros do produtor e o clima.

8. DOENÇAS

A aceroleira está sujeita a diversas doenças, sendo a

severidade relacionada com a região do pomar e as condições

climáticas.

As principais doenças encontradas na cultura são:

Antracnose (Colletotrichum gloeosporioides), cercosporiose

(Cercospora sp.), seca descendente de ramos (Lasiodiplodia

theobromae) e podridão dos frutos (Rhizopus sp.) (Figura 9).

B o l e t i m d e E x t e n s ã o

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Antracnose

Ataca tanto as folhas como os frutos. Nas folhas ocasiona

manchas necróticas que podem evoluir destruindo todo o limbo

foliar. Nos frutos provocam lesões profundas e irregulares. Pode

ser verificado também nas folhas sintoma de coloração creme nos

tecidos necrosados e o aparecimento de um halo marrom.

Cercosporiose

Caracteriza pelo aparecimento nas folhas de manchas

necróticas marrom, arredondadas ou irregulares, nas duas faces

das folhas que adquirem coloração amarelada e caem.

Os frutos atacados apresentam lesões profundas, escuras e

regulares, sendo observados esses sintomas em frutos de qualquer

idade e tamanhos variados.

Seca descendente de ramos

É uma doença fúngica característica de regiões tropicais e

subtropicais. A penetração do patógeno na planta ocorre através

de aberturas naturais, ferimentos provocados por insetos,

pássaros e também por meio de práticas culturais.

Os principais sintomas são lesões escuras sob a casca do

caule e ramos, secamento dos galhos e morte das plantas.

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Podridão dos frutos

Os sintomas observados são estruturas esbranquiçadas em

frutos maduros que evoluem e tornam-se escuras, atingindo toda a

superfície dos frutos, provocando a queda prematura.

Já nos ramos das aceroleiras ocorre seca ascendente

progredindo para o caule. O sistema radicular também pode ser

infectado e, quando isso ocorre, pode provocar a morte da planta.

9. PRAGAS

As pragas reladas na aceroleira são: pulgão (Aphis spp.),

percevejo vermelho (Crinocereus sanctus), ortézia (Orthezia

praelonga) (Figura 10), bicudo do botão floral (Anthonomus

acerolae), cigarrinha (Bolbonata tuberculata), mosca das frutas

(Cerattis capitata), cochonilha parda (Coccus hespiridium) e

formigas cortadeiras (Atta spp.).

Das espécies mencionadas, a cochonilha parda, as

formigas cortadeiras, a ortézia, percevejo vermelho e os pulgões

são os acarretam maiores prejuízos nos pomares. Assim, são

necessários controle sistemático e inspeção quinzenal na área de

cultivo em épocas de maiores ocorrência.

Em viveiro, são observados ácaros da família

Tetranichadae e pulgões.

B o l e t i m d e E x t e n s ã o

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10. CONTROLE DE PRAGAS E DOENÇAS

No controle de pragas e doenças da aceroleira deve-se

optar primeiramente pelas práticas culturais, como poda de

limpeza, poda de raleio, queima de ramos infectados, coleta e

enterrio de frutos atacados por pragas e doenças e também

daqueles caídos no solo.

A utilização de produtos químicos pode ser uma

alternativa no controle de pragas e doenças, no entanto, deve ser

utilizado somente para mudas em viveiro e em plantas fora da

época de floração e frutificação. E recomendável produtos com

baixa toxidade e de curto período de carência.

Salienta-se que a ausência de produtos químicos

registrados para a cultura da acerola e o curto período entre a

floração e frutificação (21 dias), dificulta a utilização deste

recurso.

10.1. NEMATÓIDES

As principais espécies de nematóides encontrados na

aceroleira pertencem ao gênero Meloidogyne. Nas plantas

infectadas, ocorre o entumescimento nas raízes, chamado de

galhas. A infecção das raízes por fitonematóides ocasiona o

amarelecimento da parte aérea da planta, redução do tamanho das

folhas, e as muitas vezes, provocando a morte das plantas.

B o l e t i m d e E x t e n s ã o

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Em viveiro, as mudas infectadas apresentam crescimento

retardado, amarelecimento e quedas das folhas, além da presença

de galhas nas raízes.

O controle é preventivo, devendo o produtor adotar as

seguintes medidas:

- Utilizar mudas sadias, obtidas de solo não infestado com

nematóides;

- Incorporar leguminosa no solo, no inicio do florescimento, 20

dias antes do plantio das mudas, em áreas não atacadas por

nematóides.

11. COLHEITA

A colheita é a fase que requer o maior cuidado no cultivo

da acerola e a de maior custo. Os frutos são colhidos

manualmente, diariamente ou duas a três vezes por semana

(Figura 11).

Recomenda-se que os colhedores utilizem roupas

adequadas devido a pilosidade existente nas brotações que podem

causar irritação na pele. Nos períodos de elevada produção, uma

pessoa apresenta um rendimento médio de 40 a 50 kg de frutos por

dia. No terceiro ou quarto ano pós plantio, as aceroleiras chegam a

-1 -1produzir acima de 40 kg de frutos planta ano .

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A colheita deve ser realizada no início da manhã ou no

final da tarde, quando as temperaturas estão mais amenas. Após

colhidas, as acerolas devem ser acondicionadas em caixas

plásticas, de 20 a 30 cm de profundidade, vazadas nas laterais e

lisas no interior visando evitar injurias aos frutos.

Um aspecto importante a ser considerado é o destino dos

frutos e o ponto de colheita. Se as acerolas forem vendidas para o

consumo in natura, para congelamento ou processamento na

forma de suco ou polpa devem ser colhidas maduras, com a

coloração vermelho intensa, porém firmes para tolerar o

manuseio.

Quando se destinam aos mercados distantes do local de

cultivo, mas para o consumo ao natural, as acerolas devem ser

colhidas no estádio de vez ou no início de maturação, com a

coloração verde, verde-amarelada e no começo da pigmentação

vermelha, sendo relevante neste estádio o teor de vitamina C.

12. AGRADECIMENTOS

À Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas

Gerais (FAPEMIG) e ao PET Agronomia – UFSJ.

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13. LITERATURA CONSULTADABARBOZA, S.B.S.C.; CAMPOS, E.C. Instrução para a cultura da acerola.CNPq/EMBRAPA e EMDAGRO, Aracajú, 1992, 12p. (Circular Técnica n.8).

INSTITUTO CENTRO DE ENSINO TECNOLÓGICO. Produtor de acerola. 2. ed. rev. Fortaleza-CE : CENTEC, 2004. 40p. il. ; color. (CENTEC. Cadernos Tecnológicos).

MANICA, I. et al. Acerola: Tecnologia de produção, pós-colheita, congelamento, exportação, mercados. Porto Alegre: Cinco Continentes, 2003. 397p.

MUSSER, R. dos S. 1995. Tratos culturais na cultura da acerola. p. 47-52. In: A.R. São José, and R.E. Alves. Acerola no Brasil: Produção e mercado. DFZ/UESB, Vitória da Conquista.

NEVES, I. P. Dossiê Técnico. Cultivo de Acerola. Rede de Tecnologia da Bahia-RETEC/BA, outubro 2007.

PIO, R. O cultivo da acerola. Piracicaba: ESALQ/ Divisão de Biblioteca e Documentação, 2003. 28p. (Série Produtor Rural, nº 20).

RITZINGER, R.; RITZINGER, C. H. S. P. Acerola: aspectos gerais da cultura. Cruz das Almas: Embrapa Mandioca e Fruticultura, 2004. 2 p.

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RITZINGER, R.; RITZINGER, C. H. S. P. Acerola. In:SANTOS-SEREJO, J. A. dos; DANTAS, J. L. L.; SAMPAIO, C. V.; COELHO, Y. da S. (Ed.). Fruticultura tropical: espécies regionais e exóticas. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2009. p. 59-82.

RITZINGER, R.; RITZINGER, C. H. S. P. Acerola. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, MG: EPAMIG, v. 32, n. 264, p. 17-25, set./out, 2011.

SIMÃO, S. 1971. Cereja das Antilhas. p. 477-485. In: S. Simão. Manual de Fruticultura. Agronômica Ceres, São Paulo.

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Anexo de Figuras

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Figura 1. Aceroleira cultivada no município de Jequitibá, MG.

Figura 2. Flor de aceroleira.

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Figura 3. Aceroleira com frutos verdes e maduros.

Figura 4. Morfologia de frutos e sementes de acerola. Fonte: Adaptado de

CENTEC, 2004.

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Figura 5. Tratamento de estacas de aceroleira com fitohormônio para enraizamento.

Figura 6. Estacas de aceroleira dispostas em tubetes para o enraizamento (A); estaca enraizada (B); estaca transplantada para vaso.

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Figura 7. Cova para plantio de muda de aceroleira com a inversão das camadas do solo. Fonte: PIO, R (2003).

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Figura 8. Poda de Formação em aceroleira.

Figura 9. Frutos de acerola com sintomas de antracnose (A); Podridão dos frutos causada por Rhizopus sp. (B); Frutos com Mancha de Cercosporidium (C); Galho de aceroleira com lesões de Lasiodiplodia theobromae (D). Fonte: Adaptado MANICA et al.(2003).

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Figura 10. Presença de ortézia em folhas de aceroleira.

Figura 11. Frutos de acerola maduros (A); Colheita manual de acerola (B). Fonte: Adaptado de MANICA et al. (2003).

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Fundação de Amparo à Pesquisa doEstado de Minas Gerais