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REDES.COM N°8 | 85 O Código Florestal Brasileiro e o ciberativismo ambiental no Twitter PRISCILA MUNIZ DE MEDEIROS E JOSÉ AFONSO DA SILVA JÚNIOR ABSTRACT This paper has mapped the environmental organizations actions and influence inside the micro- blog Twitter at the time of the debates about changes in Brazilian Forest Law, especially in what concerns cyberactivism strategies. We used a quanti-qualitative methodology. We identified that the environmental organizations played the role of the most influent voice between the ones that constitute the green public sphere. We also found different patterns of cyberactivism in the campaigns against the changes in the legislation. Associations between the cyberactivism actions and the positioning of Twitter users against the changes were also found. KEYWORDS: Cyberactivsm, Forest Law, Twitter, Environment, Digital Media. 1. INTRODUÇÃO O presente artigo tem como foco o uso do ambiente do microblog Twitter para ações de ciberativismo dentro da disputa política ocorrida em torno das propostas de mudança no Código Florestal Brasileiro. Os resultados são parte da pesquisa “O papel das novas mídias no debate ambiental: uma análise dos fluxos comunicativos no Twitter sobre as mudanças no Código Florestal”. O Código Florestal Brasileiro foi criado em 1965 1 com a função de regular o uso das propriedades privadas no sentido de demarcar áreas de preservação da vegetação dentro das mesmas, partindo do pressuposto que as florestas e demais formas de vegetação presentes no território nacional são bens de interesse comum a todos os habitantes do 1 O primeiro Código Florestal brasileiro foi instituído pelo Decreto no 23.793, de 23 de janeiro de 1934, revogado posteriormente pela Lei 4.771, de 15 de setembro de 1965, que instituiu o Código Florestal vigente até o ano de 2012 (SBPC; ABC, 2011).

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O Código Florestal Brasileiro e o ciberativismo ambiental no TwitterPRisCila muniz de medeiRos e José afonso da silva JúnioR

AbstrAct

This paper has mapped the environmental organizations actions and influence inside the micro-blog Twitter at the time of the debates about changes in Brazilian Forest Law, especially in what concerns cyberactivism strategies. We used a quanti-qualitative methodology. We identified that the environmental organizations played the role of the most influent voice between the ones that constitute the green public sphere. We also found different patterns of cyberactivism in the campaigns against the changes in the legislation. Associations between the cyberactivism actions and the positioning of Twitter users against the changes were also found.Keywords: Cyberactivsm, Forest Law, Twitter, Environment, Digital Media.

1. Introdução

O presente artigo tem como foco o uso do ambiente do microblog Twitter para ações de ciberativismo dentro da disputa política ocorrida em torno das propostas de mudança no Código Florestal Brasileiro. Os resultados são parte da pesquisa “O papel das novas mídias no debate ambiental: uma análise dos fluxos comunicativos no Twitter sobre as mudanças no Código Florestal”.

O Código Florestal Brasileiro foi criado em 19651 com a função de regular o uso das propriedades privadas no sentido de demarcar áreas de preservação da vegetação dentro das mesmas, partindo do pressuposto que as florestas e demais formas de vegetação presentes no território nacional são bens de interesse comum a todos os habitantes do

1 O primeiro Código Florestal brasileiro foi instituído pelo Decreto no 23.793, de 23 de janeiro de 1934,revogado posteriormente pela Lei 4.771, de 15 de setembro de 1965, que instituiu o Código Florestalvigente até o ano de 2012 (SBPC; ABC, 2011).

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País. Duas figuras jurídicas são bastante relevantes na política ambiental instaurada pelo código de 1965: as noções de Áreas de Preservação Permanente (APP) e de Reserva Legal. Após Medida Provisória aprovada em 2001, as definições dessas áreas foram estabelecidas da seguinte forma: Área de Preservação Permanente: área protegida nos termos dos arts. 2º e 3º da Lei, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gê-nico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas. Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a de preservação permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas.

No decorrer do texto, a lei explica que as florestas e demais formas de vegetação presentes nas APPs não podem ser suprimidas pelos seus proprietários2. A legislação entende como APPs, por exemplo, áreas de mata ciliar ao longo das margens dos rios (30 metros para os cursos d’água de menos de 10 metros de largura, 50 metros para os que tenham de 10 a 50 metros de largura, 100 metros para os que tenham de 50 a 200 metros de largura, 200 metros para os cursos d’água que tenham de 200 a 600 metros de largura e 500 metros para os cursos d’água que tenham largura superior a 600 metros), a vegetação ao redor de lagoas, lagos, nascentes, no topo de morros, montes, montanhas e serras, nas encostas, nas restingas, etc.

Já a reserva legal, explica a lei em questão, consiste num percentual da propriedade rural que não pode ter sua vegetação suprimida, de acordo com o bioma em que ela se localiza. A conta da reserva legal não inclui as APPs, o que significa que a Reserva Legal e as APPs são consideradas de forma independente. Para as áreas de floresta da Amazônia Legal, a área de Reserva Legal consiste em 80% da propriedade. No caso das áreas de cerrado da Amazônia Legal, esse percentual passa para 35%. No restante do País, 20% das propriedades devem ser mantidas como Reserva Legal.

Após muitas emendas ao texto original, um grupo de interesses formado basicamente por produtores rurais colocou na agenda política brasileira, a partir da década de 90, a proposta de uma reformulação na legislação. Entre os argumentos, a alegada necessidade de aumentar a produção agrícola para atender as demandas populacionais e o fato de que cerca de 90% dos proprietários rurais estavam em condições de ilegalidade (por não haverem cumprido a lei anteriormente) e que muitos deles não tinham condições para se regularizar3. Eles

defendem uma perspectiva conservadora de plena utilização da propriedade imóvel rural

(por vezes até mesmo o seu uso irrestrito), como a Confederação Nacional da Agricultura,

2 A não ser com prévia autorização do Poder Executivo Federal, quando for necessária à execução de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pública ou interesse social.3 Ver: http://www.canaldoprodutor.com.br/codigoflorestal/porque-e-importante-mudar-o-codigo-florestal

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CNA, e parlamentares que integram a bancada ruralista, ou que estão comprometidos

com atividades produtivas que têm na ocupação e no uso da terra um de seus fatores

de produção (AHRENS, 2003).

Como contraponto à tentativa de modificação da legislação promovida pelos rura-listas, surgiram outros atores no debate sobre o Código Florestal. Tais atores, encabeçados principalmente por Organizações Não-Governamentais ambientais, começaram intensas campanhas contra modificações na legislação, argumentando que a produção agrícola brasileira poderia ser praticamente dobrada se as áreas hoje ocupadas com pecuária de baixa produtividade fossem realocadas para o cultivo agrícola, que a anistia dos desma-tadores estimularia novas ilegalidades e que, por vários motivos, a mudança na legislação aumentaria o desmatamento no País4. Tais campanhas foram amplamente divulgadas no ciberespaço, tornando-se parte elementos fundamentais dos debates ocorridos no Twitter sobre a questão do Código Florestal.

A proposta de um novo Código Florestal começou a ser votada pelo Congresso Nacional no ano de 2011. Em maio, a Câmara dos Deputados aprovou o texto de autoria do deputado Aldo Rebelo (PCdoB). O texto seguiu para o Senado, que o modificou, apro-vando uma nova versão, relatada pelo senador Jorge Viana (PT) em dezembro do mesmo ano. Assim, o novo Código Florestal voltou para a Câmara, que não ficou satisfeita com as mudanças feitas pelo Senado, aprovando, em abril de 2012, uma outra versão, redi-gida pelo deputado Paulo Piau (PMDB), mais próxima da versão aprovada inicialmente pelos deputados. A lei seguiu, então, para o veto parcial da presidente Dilma Rousseff que, através de uma Medida Provisória, vetou 12 artigos do texto e fez 32 modificações, deixando a legislação mais próxima do que havia sido acordado no Senado Federal. Depois disso, o texto do Código Florestal foi novamente modificado pelo Congresso Nacional, que o flexibilizou ainda mais. No entanto, nove itens desse novo texto foram vetados pela presidente em outubro de 2012 e, no dia 18 desse mesmo mês, foi publicado no Diário Oficial da União a nova legislação florestal brasileira.

O corpus do presente trabalho foi coletado no período entre a aprovação da nova lei pela Câmara dos Deputados e o início da apreciação pelo Senado Federal, portanto, as reações analisadas dizem respeito ao resultado do texto do deputado Aldo Rebelo, publi-cado em 24 de maio de 2011. Dentre as mudanças propostas por esse texto, se destacam: a modificação na medição das Áreas de Proteção Permanente (APPs) e a diminuição da obrigatoriedade da recomposição da mata ciliar dos rios de até 10 metros de largura de 30 para 15 metros; a permissão da manutenção de atividades consolidadas nas APPs antes de 22 de julho de 2008, que na lei anterior tinham que ser recompostas; a generalização da possibilidade de inclusão das APPs na contabilidade da área de Reserva Legal, que na lei anterior eram considerados elementos independentes; o tratamento diferenciado para propriedades com até 4 módulos fiscais, entre outras. 4 Ver: http://assets.wwfbr.panda.org/downloads/cartilha_codigoflorestal_20012011.pdf

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2. cIberAtIvIsmo

Começaremos por tratar das relações complexas entre democracia e ecologia. Viola (1987) explica que o movimento ambientalista tende a redefinir o valor democracia pelo valor ecologia, ou seja, a democracia “precisa ser limitada pela necessidade de preservação do equilíbrio ecológico. As questões como extensão e profundidade de participação no pro-cesso decisório subordinam-se, (mas não se resumem) ao conteúdo normativo ecológico do sistema político” (VIOLA, 1987, p. 5).

Ainda segundo o autor, essa tensão entre democracia e ecologia tem abordagens distintas dentro do movimento ecológico. Enquanto uma parcela dos ecologistas, no intuito de preservar a pureza do movimento, reluta em se aproximar de outras forças sociopolíticas, uma outra se preocupa em amplificar o movimento ambiental, buscando aproximação com outros setores no sentido de, paulatinamente, promover uma transição ecológica na sociedade desenvolvimentista. Para que haja tal aproximação, são usados métodos democráticos para persuadir a sociedade sobre a necessidade da opção ecológica. Ou seja: tenta-se convencê-la da importância da causa ambiental para que, através de um processo deliberativo, ela interfira nas decisões políticas que dizem respeito a tais questões. Essa persuasão só é possível através de dinâmicas comunicacionais, que, antes da emergência das mídias digitais, dependiam quase que exclusivamente das mídias tradicionais, com suas regras de newsmaking5. Assim, as novas mídias surgiram como espaços potenciais de visibilidade dos discursos ecológicos sem a obrigatoriedade do crivo dos veículos tradicionais de comunicação.

A questão das potencialidades e limites das mídias digitais é um assunto já bastante difundido, por esse motivo não pretendemos nos alongar nele. Por hora, é suficiente dizer que, apesar de, devido a características como a liberação do polo de emissão (LEMOS, 2009), a velocidade de propagação de ideias e o caráter colaborativo dos novos meios, eles terem o potencial de constituírem ambientes mais democráticos do que os da mídia massiva, nem sempre tal potencialidade se concretiza. Gomes (2008), por exemplo, elenca sete críticas que vêm sendo feitas por autores que rechaçam a retórica entusiasmada sobre o ciberespaço. A primeira questiona a qualidade das informações políticas em circulação na rede. A segunda tem a ver com a desigualdade de acesso e de distribuição de competências técnicas. Em seguida, é apontado o fato de os meios técnicos não se-rem capazes de modificar a cultura política da sociedade, por exemplo, despertando o interesse dos cidadãos por informação política. Também são levantadas questões sobre a permanência da predominância dos meios de massa, o fechamento do sistema político, que não foi reconfigurado com as mudanças nos meios de comunicação, a falta de con-trole sobre discursos antidemocráticos (racistas e xenófobos, por exemplo) e, finalmente, a possibilidade de controle das ações virtuais das pessoas por companhias capitalistas e agências governamentais.

5 Modelos de produção de informações rotineiros dos veículos de comunicação, que levam em conta a cultura profis-sional do jornalista, a organização do trabalho e os processos produtivos (WOLF, 20005).

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Mesmo com todas as limitações, alguns setores da sociedade civil (sejam cidadãos, ONGs, associações...) vêm conseguindo se aproveitar da estrutura descentralizada das novas mídias para fins democráticos. Nos últimos anos, temos visto a explosão de várias manifestações de cunho político articuladas dentro do ciberespaço, o que fez surgir, inclusive, o termo “ciberativismo”. Estratégias como as petições online se popularizaram em várias partes do mundo. Há ainda outras formas de ciberativismo, como o envio de mensagens direcionadas a governantes, empresas, entre outros atores políticos.

Vegh (2003 apud Rigitano, 2003) elenca três diferentes categorias de ciberativismo. A primeira delas tem a ver com o uso dos cibermeios para conscientização e apoio sobre uma determinada causa. Neste caso, os novos meios são utilizados como fontes alterna-tivas de informação, muitas vezes na difusão de conteúdos negligenciados pela mídia de massa. “A maioria das organizações ativistas que podem ser classificadas nessa categoria de conscientização e apoio, tem como objetivo proteger e reivindicar os direitos de segmentos marginalizados, como minorias étnicas e mulheres, por exemplo” (RIGITANO, 2003, p. 3). A segunda categoria diz respeito à organização e mobilização para uma determinada ação através do uso da internet. Essa categoria é dividida em três subcategorias: 1) o uso da internet para a convocação de pessoas para ações offline; 2) o uso da internet para ações que poderiam ser realizadas offline, mas cuja eficiência online pode ser maior, como, por exemplo, entrar em contato com governantes ou organizar uma petição, 3) O uso da internet para ações que só poderiam ser realizadas online, como “a coordenação de uma campanha massiva de envio de spams com objetivo de saturar um servidor” (RIGITANO, 2003, p. 4) A última categoria de ciberativismo seria o “hacktivismo”, que envolve desde invasão de sites até cibercrimes ou ciberterrorismo. É importante ter em mente que as mobilizações online a respeito de uma determinada causa podem envolver mais de uma categoria de ciberativismo.

Aos usarem as novas mídias como ferramenta, além de conquistarem espaços que quase sempre não estão disponíveis nas mídias de massa, nas quais o controle da emissão de informações é limitado, os movimentos sociais ainda ganham autonomia ao escapar de terem sua imagem construída exclusivamente a partir das interpretações dos profissionais das mídias tradicionais (PEREIRA, 2011). No entanto, é importante frisar que “isso não quer dizer que as tecnologias criam as mobilizações. Isso indica que grupos sociais e até indivíduos têm condições mais favoráveis para construir redes de mobilização, o que não era possível em uma esfera pública dominada pelos mass media” (BENKLER, 2006 apud SILVEIRA, 2009, p. 132).

Uma característica marcante nas manifestações online é que “os ciberativistas não tem uma coloração ideológica definida nos marcos tradicionais” (SILVEIRA, 2009, p.132), por isso, uma mesma causa é capaz de agregar em torno dela pessoas de diferentes visões de mundo. Além disso, as novas mídias são capazes de trabalhar com diferentes temporalidades. Dessa forma, assim como as ferramentas de comunicação instantânea são importantes por conferir velocidade à comunicação (retroalimentação em tempo real, de maneira a reduzir distâncias), a comunicação assíncrona concederia visibilidade às demandas e ampliaria as formas e os lugares de interação no tempo e no espaço (BATISTA, 2010, p. 10).

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Para além das citadas semelhanças, os movimentos resultantes das interações online também têm características diversas, sendo uns mais deliberativos e outros de estrutura mais centralizada, ficando uns restritos ao ciberespaço enquanto outros tomam o espaço urbano. Os ciberativistas também possuem diferentes tipos de metas. Para além da já citada divisão de Vegh (2003 apud Rigitano, 2003), podemos separar suas ações pelo tipo de atores que as manifestações pretendem influenciar. Elencamos aqui três atores principais: governantes, empresas privadas e os cidadãos. Influenciar ações governamentais é uma das formas mais importantes de ciberativismo. No entanto, tais estratégias esbarram, muitas vezes, nas já apontadas blindagens antipúblico do nosso sistema político (GOMES, 2005). As ações que visam a influenciar empresas privadas parecem, hoje, ter resultados mais imediatos, principalmente quando consumidores insatisfeitos se unem em movimentos de boicote articulados online. Tais movimentos, por vezes, tem conseguido resultados interessantes, já que o lucro das empresas advêm do consumo, e o fantasma do boicote exige respostas rápidas das empresas envolvidas (MEDEIROS; LORDÊLO, 2012). Há também movimentos online que pretendem influenciar as ações de cidadãos, como, por exemplo, a difusão de informações sobre ações ambientalmente corretas.

Assim como outras formas de ativismo, o ativismo ambiental vem se apropriando das ferramentas digitais como forma de propagar suas ideias. Castells (1999) percebe um destaque do movimento ambientalista no uso das novas mídias, atribuindo o sucesso que o mesmo obteve nas últimas décadas ao fato de que “mais do que qualquer outra força social, ele tem demonstrado notável capacidade de adaptação ás condições de comunicação e mobilização apresentadas pelo novo paradigma tecno1ógico” (CASTELLS, 1999, p. 191). A internet tem ajudado distintas organizações ambientais de várias partes do mundo a formarem redes de ação e troca e informações. Além disso, tais organizações têm criado canais de contato direto com o público, através da criação de páginas na internet, canais no Youtube, perfis nas diferentes mídias sociais, entre outras estratégias (CASTELLS, 2009).

Pickerill (2003 apud CASTELLS, 2009) aponta cinco processos através dos quais as organizações e grupos ambientais mobilizam a participação através do uso dos novos meios: a promoção de uma via de acesso ao ativismo, o aumento da visibilidade de suas campanhas, a mobilização do ativismo online, o estímulo ao ativismo local e a atração de participantes para protestos.

A relação entre as novas mídias e a causa ambiental pode ser descrita como ambígua no que diz respeito ao espaço-tempo do meio ambiente. Se por um lado, a internet é responsável pelo ritmo veloz da vida moderna, marcada pelo espaço de fluxos e pelo tempo atemporal (CASTELLS, 2009), ela vem abrindo espaço para a visibilidade de movimentos ambientais cujos projetos visam a redefinir os parâmetros da nossa existência, propagando a noção do tempo em câmera lenta associada ao “tempo glacial” (CASTELLS, 2009). A noção de tempo glacial, que percebe a relação entre os homens e a natureza numa perspectiva evolucio-naria e de longuíssimo prazo, prega a compreensão do tempo em câmera lenta, baseada no próprio ritmo da natureza e da evolução das espécies. Neste sentido, a preocupação se

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volta para o bem estar tanto das gerações atuais quanto das gerações futuras; Tal discurso contra-hegemônico, segundo Castells, vem ganhando espaço nas novas mídias. Ao mesmo tempo, o tempo glacial contesta um modelo de sociedade baseado na efemeridade e no tempo acelerado de nosso cotidiano, fenômenos que estão ancorados nas novas tecnologias e seu potencial de instantaneidade e simultaneidade. Neste sentido, fica evidenciado que são as apropriações sociais das novas tecnologias que determinam quando elas trabalham em prol das causas ambientais e quando seu uso está no caminho oposto.

3. metodologIA

Como já mencionado, o presente artigo foi construído através de dados obtidos dentro da pesquisa “O papel das novas mídias no debate ambiental: uma análise dos fluxos comunicativos no Twitter sobre as mudanças no Código Florestal”. A pesquisa estudou as manifestações online dos usuários do serviço de microblog Twitter a respeito das mu-danças no Código Florestal, priorizando a identificação dos atores envolvidos nas trocas comunicacionais e o mapeamento de suas posições e discursos para a identificação de processos ideológicos atrelados às manifestações discursivas. A partir de tais buscas, se identificou a grande relevância obtida pelo ciberativismo promovido por ONGs e movi-mentos ambientais dentro do corpus analisado, e será justamente esse aspecto que será tratado neste trabalho.

O Twitter foi usado para a coleta do corpus em virtude de seu formato e arquitetura. O serviço de microblog Twitter foi criado em 2006, com a proposta de fazer com que os usuários respondessem em, no máximo 140 caracteres, á pergunta “O que você está fazendo?” Devido a diferentes apropriações dadas pelos usuários, a pergunta mudou, em 2009, para “O que está acontecendo” (ZAGO, 2011). “Uma ferramenta de microblogging é uma plataforma híbrida que associa a comunicação por mensagens instantâneas à ideia de rede social e à mobilidade (ORIHUELA, 2007 apud ZAGO, 2011). A escolha do Twitter como local de coleta da amostragem se deu pelo fato de o mesmo ser um tipo de microblog com arquitetura aberta de informação (ZAGO, 2008), o que permite o fácil acesso do pesquisador aos conteúdos publicados.

A amostra representativa da pesquisa consistiu nos posts6 publicados no Twitter, durante uma semana artificial, que continham os termos “código florestal”. A coleta dos dados por meio de uma semana artificial foi a estratégia escolhida por permitir a obtenção de uma amostra estritamente aleatória. A semana composta foi formada a partir de datas sorteadas no período de sete semanas entre 11 de setembro e 29 de outubro de 2011. Dessa forma, foi sorteado um dia para cada semana, de modo que só pudesse haver um domingo, uma segunda-feira e assim por diante. A composição ficou da seguinte maneira: domingo, 9 de outubro; 2ª feira, 24 de 6 Um post é um conteúdo publicado em blogs ou microblogs.

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outubro; 3ª feira, 27 de setembro; 4ª feira, 5 de outubro; 5ª feira, 20 de outubro; 6ª feira, 23 de setembro; e sábado, 17 de setembro. Para cada uma das datas sorteadas, os tweets foram coletados com auxílio do software The Archivist, que armazena, acessando o mecanismo de busca do próprio Twitter, os posts que contêm as palavras-chave escolhidas, possibilitando que as informações sejam exportadas para uma planilha do Microsoft Excel.

Ao todo, foi coletado um total de 3.963 tweets ao longo dos sete dias pesquisados7. Após a eliminação de alguns tweets8 para a correção de possíveis distorções9, restaram 3.457 a serem considerados na análise.

O corpus foi trabalhado numa abordagem quanti-qualitativa. Inicialmente, os tweets foram classificados de acordo com o tipo de atores que os postaram, de acordo com a tabela abaixo:

tAbelA 1. subdIvIsões dos perfIs

C1 – Perfis que postaram os tweets

1 Pessoais

2 Jornalísticos (perfis de Rádios, Tvs, portais jornalísticos e jornais impressos)

3 Políticos

4 Independentes/temáticos (blogs, sites independentes, sites temáticos, perfis agregadores de notícias, perfis não-pessoais)

5 Governamentais

6 Judiciário, Ministério Público, Ordem dos Advogados do Brasil

7 Terceiro setor (ONGs, OSCIPs, institutos, fundações) e movimentos sociais

8 Campanhas e movimentos pontuais

9 Representações de classe (sindicatos, associações de categorias, cooperativas, federações e conselhos)

10 Iniciativa privada (empresas e agências de comunicação que as representam)

11 Grupos científicos e universidades

12 Igrejas

13 Outros, perfis não identificados, perfis deletados, contas suspensas

7 Tweet é cada uma das postagens feitas no Twitter8 Para a obtenção desse total, foram contabilizados tanto os tweets com conteúdos próprios quanto os retweets (quando um usuário encaminha para seus seguidores conteúdo que outro usuário compartilhou no Twitter) em suas duas formas: quando o usuário copia o conteúdo da mensagem e escrever “RT” no começo dela ou mediante uma ferramenta disponível no Twitter com a qual basta que o usuário passe o mouse sobre sua timeline e clique em Retweet. O software The Archivist é capaz de captar os dois tipos de retweets, identificando, em ambos os casos, o perfil que retuitou.9 Foram desconsiderados tweets postados por perfis com características de perfis mal-intencionados (twitter-bots e perfis fakes).

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Eles também foram classificados como “conteúdos originais” ou “retweets”. Além disso, foi analisado o teor dos conteúdos publicados, de acordo com a tabela a seguir:

tAbelA 2. subdIvIsão dos tweets quAnto Ao teor do conteúdo

Teor do conteúdo

1 Contra o novo Código Florestal

2 A favor do novo Código Florestal

3 Não emite opinião diretamente no tweet, mas possui link

4 Cita o código florestal sem emitir opinião ou remeter a link

5 Conteúdo dúbio, não identificado ou opiniões não conclusivas

Só foram classificados nos campos 1 e 2 os posts que puderam ser avaliados, com algum grau de segurança, como manifestações contrárias ou favoráveis às mudanças na legislação flo-restal. É importante deixar claro que, nessa análise, só se consideraram esses dois eixos, o que significa que todos os que manifestaram querer mudanças na legislação foram enquadrados no campo 2, independente de quais mudanças foram ou não apoiadas ou sugeridas. Essa escolha foi feita porque, durante a análise, essa polarização entre sim e não foi claramente percebida nos textos dos tweets, muito provavelmente por influência da limitação dos 140 caracteres, que impossibilitam uma avaliação das propostas ponto a ponto.

Para a classificação dentro desses dois primeiros campos, foram adotados alguns critérios: 1) o uso de expressões como “concordo” “discordo”, “sou a favor” “sou contra”, etc.; 2) pedidos claros para que o Código Florestal seja modificado ou mantido; 3) uso de adjetivos valorativos para avaliar uma posição ou a outra (projeto “sensato”, “ridícu-lo”, “vergonhoso”, “necessário”, etc.); 4) uso de alguns substantivos que, associados ao novo Código Florestal, sugerem juízo de valor (“avanços”, “barbaridades”, “retrocesso”, “crime”, “destruição”, etc.); 5) uso de hashtags10 criadas por ambos os lados do debate como forma de demarcar posição (os movimentos contrários às mudanças no código criaram a hashtag #florestafazadiferenca, como em “@gustavonox: Marina Silva fala aos relatores do novo Código Florestal, direto da CNBB em Brasília, AO VIVO! http://t.co/qDRMUvId #florestafazadiferenca”, enquanto os que se manifestaram a favor criaram a hashtag #codigoflorestalja, como em “@canaldoprodutor: Amanhã, o sen Luiz Henrique apresentará seu relatório sobre o novo Código Florestal http://t.co/jtBVbaT4 #codigoflo-restalja”). Somente em uma situação específica o uso de tais hashtags não foi considerado 10 Palavras-chave antecedidas pelo símbolo “#”, que designam o assunto o qual está se discutindo em tempo real no Twitter

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como manifestação de opinião: quando elas foram claramente citadas para nomear as campanhas em conteúdos informativos, como em “@florestafaz: Quem acompanha o #florestafazadiferenca aqui no Facebook já sabe que o Código Florestal está prestes a ser votado... http://t.co/6bfPqMBM”.

As opiniões contidas nos retweets foram entendidas como opiniões daqueles que os replicaram, uma vez que se partiu do pressuposto de os usuários só “retuitam” conteúdos opinativos com os quais concordam. Essa tendência ficou clara no que diz respeito ao corpus desse trabalho, apesar de raras exceções terem sido detectadas.

Por fim, trabalhando com os conteúdos de tweets que possuíam ligações hipertex-tuais para conteúdos da web, tais links foram classificados da seguinte forma:

tAbelA 3. subdIvIsões dos sItes que hospedAm os lInKs quAnto à nAturezA

C2.1 – Natureza dos sites que hospedam os links:

1 Outras redes sociais, sites de petições online

2 Sites jornalísticos (sites/portais de jornais impressos, rádios, televisões, re-vistas, sites/portais de internet)

3 Sites políticos

4 Sites independentes/temáticos (blogs, sites independentes, sites temáticos, agregadores de notícias)

5 Sites governamentais

6 Sites do Judiciário, Ministério Público, Ordem dos Advogados do Brasil

7 Sites do terceiro setor (ONGs, OSCIPs, institutos, fundações) e movimentos sociais

8 Sites de campanhas e movimentos pontuais

9 Sites de representações de classe (sindicatos, associações de categorias, cooperativas, federações e conselhos)

10 Sites da iniciativa privada (empresas e agências de comunicação que as representam)

11 Sites de grupos científicos e universidades

12 Sites de igrejas

13 Outros, não identificados, não abrem.

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4. os números dAs orgAnIzAções AmbIentAIs no twItter

Tomando como base a divisão de vozes presentes na esfera pública verde proposta por Cox (2010), percebeu-se que no debate sobre as mudanças no Código Florestal quase todas as vozes elencadas pelo autor estiveram presentes (movimentos locais de cidadãos, organizações ambientais, grupos científicos, corporações e seus lobistas, grupos anti-ambientalistas, mídia e jornalismo ambiental e agentes públicos e reguladores), com exceção da voz dos grupos anti-ambientalistas e dos movimentos locais de cidadãos11. No entanto, duas vozes se destacaram, polarizando e conduzido o debate: a das organizações ambientais e das corporações e seus lobistas.

A voz as organizações ambientais foi incorporada por dois dos grupos de atores elencados na tabela 1: os perfis do Terceiro setor (ONGs, OSCIPs, institutos, fundações) e movimentos sociais e os perfis das campanhas ou movimentos pontuais. Os perfis de campanhas e movimentos pontuais que apareceram no corpus da pesquisa foram ligados, principalmente, a movimentos articulados por ONGs em conjunto, como a campanha Floresta Faz a Diferença, contra as mudanças no Código Florestal.

Da mesma forma, a voz das corporações e seus lobistas foi incorporada pelos perfis das representações de classe (sindicatos, associações de categorias, cooperativas, fede-rações e conselhos) e da iniciativa privada. Enquanto a voz das organizações ambientais se posicionou contrariamente às alterações no Código Florestal, a voz das corporações e seus lobistas fez campanha pela aprovação das mudanças. Ambos os lados usaram estratégias discursivas para conquistar apoiadores dentro do Twitter, mas as vozes das organizações ambientais tiveram mais sucesso, como demonstrarão os dados da pesquisa. Desenhado o contexto da atuação das organizações ambientais no caso pesquisado, nos concentraremos doravante especificamente na atuação dos perfis do Twitter ligados a tais organizações.

Os perfis dos atores que incorporaram a voz das organizações ambientais não se destacaram entre os que mais postaram conteúdos no Twitter. Os perfis do terceiro setor e movimentos sociais foram responsáveis apenas por 3,5% total de tweets postados, enquanto as campanhas e movimentos pontuais postaram 1,3% dos tweets., como pode ser visualizado na imagem a seguir:

11 Apesar de diversos perfis pessoais terem postados conteúdos, não houve a revelação de movimentos “locais” exata-mente como as concebe Cox, pois as manifestações dos perfis pessoais não demonstraram discursivamente serem feitas por pessoas que terão seus “quintais” atingidos por danos ambientais provocados pela mudança na lei florestal. Da mesma forma, apesar de terem ocorrido manifestações a favor das mudanças no Código Florestal, as vozes de grupos anti-ambientalistas não apareceram no debate via Twitter sobre o Código Florestal, uma vez que nenhum dos grupos se manifestou abertamente contra a preservação ambiental. Se, por um lado, na ONGs e movimentos sociais condenaram o novo Código alegando que o mesmo provocaria mais degradação ambiental, os favoráveis às mudanças alegaram que a nova legislação garantiria a preservação. Portanto, o argumento da preservação ambiental foi usado por ambos os lados, não havendo uma argumentação explícita de que tal preservação seria algo não relevante.

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Figura 1: distribuição dos tweets sobre o novo Código Florestal por perfis que os publicaram

Na verdade, o que fez com que a voz das organizações ambientais ganhasse rele-vância no corpus dessa pesquisa não foi uma grande quantidade de tweets postados por atores que a representam (terceiro setor e movimentos sociais e campanhas e movimentos pontuais), mas sim a reverberação dos conteúdos postados por esses atores. Tais conteúdos foram difundidos por outros atores que participaram das trocas comunicativas sobre as mudanças no Código Florestal no Twitter, especialmente pelos perfis pessoais. Tal infor-mação pode ser confirmada através de diferentes dados numéricos obtidos na pesquisa.

Uma das forma de perceber os agentes influentes nos debates virtuais sobre o Código Florestal foi a análise dos retweeets. Verificou-se que, no corpus deste trabalho, 37,2% dos tweets (1286) foram classificados como retweets, enquanto os demais 62,8% (2171) foram considerados conteúdos originais. É importante esclarecer que a metodologia escolhida provocou um provável subdimensionamento da quantidade de RTs, uma vez que não foram consideradas formas alternativas de retweets, como o uso do termo “via @usuário” ou a simples cópia do conteúdo sem o uso de RT. Portanto, o percentual de 37,2% deve ser encarado como um valor mínimo de algo que, neste trabalho, não pôde ser dimensionado com total segurança.

Na lista dos 10 perfis mais “retuitados”, cinco foram do terceiro setor e movimentos sociais ou campanhas e movimentos pontuais (que incorporam a voz das organizações ambientais), que ocuparam, inclusive, as quatro primeiras posições, de acordo com a tabela abaixo:

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tAbelA 4. lIstA dos perfIs mAIs “retuItAdos”

Perfil: Classificação do perfil: Nº de retweets

@Liberdade Campanhas e movimentos pontuais

103

@florestafaz Campanhas e movimentos pontuais

96

@WWF_Brasil Terceiro setor e movimen-tos sociais

94

@GreenpeaceBR Terceiro setor e movimen-tos sociais

89

@CiroFSiqueira Pessoal 35

@silva_marina Político 32

@ecodebate Independentes/temáticos 30

@ MST_Oficial Terceiro setor e movimen-tos sociais

29

@psustentavel Jornalístico 26

@reinaldoazevedo Pessoal 26

Entre os conteúdos mais “retuitados”, também fica fácil perceber a influência das vozes ligadas às organizações ambientais. Elas foram responsáveis por oito dos dez conteúdos mais replicados, conforme demonstra a tabela a seguir:

tAbelA 5. conteúdos sobre o novo códIgo florestAl mAIs “retuItAdos”

RT @GreenpeaceBR: Hoje, no Marco Zero de Recife, a partir das 8h, seja ati-vista por um dia. Mostre que você é contra o Novo Código Florestal #codigo-florestal

36

RT @GreenpeaceBR: Veja as fotos da mobilização de hoje em Belo Horizonte contra mudanças no Código Florestal http://t.co/nIHAfnY8

29

RT @WWF_Brasil: Onça, urubu e como mudanças no Código Florestal podem afetar sua vida. http://t.co/ve8aVIfK

27

RT @silva_marina: A partir das 17h estarei na Fundação iFHC para uma pales-tra sobre o #CódigoFlorestal: http://t.co/4fpAa2sb

25

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RT @WWF_Brasil: A reforma do Código Florestal continua e o movimento pelas assinaturas cresce http://t.co/8R6R2uQI

24

RT @WWF_Brasil: Amanhã, a CCT e CRA devem apresentar o novo substitutivo do Código Florestal Brasileiro relatado p/ senador Luiz Henrique da Silveira.

21

RT @WWF_Brasil: Senadores vão a CNBB dialogar sobre o Código Florestal http://t.co/Ha9A59xf

15

RT @Paulinhoantello: Artistas opinando no Código Florestal... É o mesmo que um agrônomo comentar a entrega do Oscar! #boigordo #CODIGOFLORESTALJA

14

RT @GreenpeaceBR: Quem disse que só a gente tem Código Florestal? Estudo derruba argumento ruralista no Congresso. Veja aqui. http://t.co/gr0aX6vU

14

RT @florestafaz: AO VIVO: Marina Silva fala com os relatores do Códi-go Florestal, direto da reunião do Comitê Brasil em Defesa das... http://t.co/4DSU4DUO

13

Outro número interessante diz respeito aos links publicados nas postagens no Twitter. No corpus dessa pesquisa, foi encontrado que 69,8% dos tweets (2412) continham ligações por hiperlink para conteúdos externos ao Twitter, enquanto apenas 30,2% (1045) não apresentavam tal recurso. A distribuição dos tipos de páginas que hospedam os links pre-sentes nos tweets sobre o novo Código Florestal pode ser visualizada na imagem a seguir:

Figura 2: tipos de páginas que hospedam os links presentes em tweets sobre o novo Código Florestal

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Pela figura, é possível perceber que os sites do terceiro setor e movimentos sociais e os das campanhas e movimentos pontuais ocuparam, respectivamente, as terceira e quarta posições entre as páginas mencionadas nos tweets que compuseram o corpus da pesqui-sa, atrás dos sites jornalísticos e dos sites independentes/temáticos. Os sites ligados ao terceiro setor e movimentos sociais aparecem com 16,1% das ocorrências, enquanto os links relacionados a sites de campanhas pontuais apareceram com 9,4% das ocorrências. Apesar de no volume total de links citados as ligações para páginas do terceiro setor e movimentos sociais e das campanhas e movimentos pontuais ficarem atrás das páginas jornalísticas e das páginas independentes/temáticas, isso muda quando olhamos para a lista dos dez links mais citados, na qual seis conectam a páginas das organizações ambientais e campanhas, como mostrado na tabela a seguir:

tAbelA 6. lInKs mAIs mencIonAdos nos tweets sobre o códIgo florestAl

Links Nº

Link para Página da cobertura ao vivo da campanha Floresta Faz a Dife-rença

85

Link para página inicial da campanha Floresta Faz a Diferença 81

Link para a matéria “Pesquisadores lançam documento por mudanças no Código Florestal”, da Folha.com

41

Link para a matéria “Aumenta pressão social contra projeto que altera Có-digo Florestal”, do Brasil de Fato

40

Link para o texto “BH se mobiliza contra o Código da Motosserra”, do Gre-enpeace

38

Link para o vídeo do Youtube “Depoimento Wagner Moura” 38

Link para o texto “Onça, urubu e como mudanças no Código Florestal po-dem afetar sua vida”, da WWF

37

Link para o texto Marina Silva fala sobre o Código Florestal na Fundação iFHC, do blog de Marina Silva

34

Link para o texto A reforma do Código Florestal continua e o movimento pelas assinaturas cresce, da WWF

34

Link para a página da petição da campanha Floresta Faz a Diferença 34

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Os dados citados anteriormente colaboram com a avaliação de Castells (2009) quando ele afirma que hoje, após décadas de militância, as organizações ambientais são, internacional-mente, as fontes mais confiadas de informação sobre o meio ambiente (CASTELLS, 2009). O ganho de consistência nas ideias das organizações ambientais e a maior visibilidade de suas ações contribuíram para que outros atores se incorporassem ao debate ambiental, como grupos científicos e parte do empresariado (JACOBI, 2000). Se os dados mostrados até agora deixaram claro o papel central das organizações ambientais nos debates via Twitter sobre as mudanças no Código Florestal, a pesquisa encontrou que a maior parte dos tweets que manifestaram opiniões conclusivas sobre as mudanças no Código Flores-tal se posicionou contrariamente a tais mudanças, seguindo a postura das organizações ambientais. Na figura abaixo, é possível verificar como ocorreu a demarcação de posições levando-se em conta os tweets que compuseram o corpus do trabalho.

Figura 3. Teor do conteúdo dos tweets sobre o novo Código Florestal

Dos 3.457 tweets analisados, 649 (18,8%) manifestaram uma opinião conclusiva sobre as mudanças no Código Florestal. Foram 567 contrários (16,4%) e 82 favoráveis (2,4%). Levando em consideração apenas esses conteúdos que manifestaram opiniões conclusivas, temos que 87,2% deles foram contrários às mudanças no código florestal, enquanto 12,8% foram favoráveis. Esse resultado demonstra uma clara influência das organizações am-bientais na construção da opinião pública manifestada no Twitter, ainda mais se levarmos em conta o fato de a maior parte das manifestações contrárias terem usado a hashtag #florestafazadiferenca, criada pela campanha Floresta Faz a diferença (356 dos 567 tweets).

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5. As estrAtégIAs de cIberAtIvIsmo

Podemos elencar alguns usos principais que as organizações ambientais deram ao Twitter no sentido de promover o ciberativismo no que diz respeito às mudanças no Código Florestal: pedidos para assinatura de petições online, divulgação de informações e textos opinativos sobre o novo Código Florestal e os trâmites de votação, convocação para manifestações offline e pressão sobre políticos através da rede. Tomando como base as três categorias de ciberativismo citadas por Vegh (2003 apud Rigitano, 2003), percebemos que, neste caso, foram utilizadas duas: o uso dos cibermeios para conscientização e apoio sobre uma determinada causa (o que pode ser verificado na propagação de materiais informa-tivos e opinativos sobre as mudanças no Código Florestal) e a organização e mobilização para uma determinada ação através do uso da internet (mobilização para ações offline, mobilização para a assinatura de petições contra a aprovação do novo Código Florestal e mobilização para pressionar, através do próprio serviço de microblogging, os políticos envolvidos na votação da nova legislação). Conteúdos relacionados ao hacktivismo não foram encontrados.

Divulgação de conteúdo informativo e opinativo – A maior parte dos conteúdos di-vulgados pelos perfis das organizações ambientais teve caráter informativo, como nos casos a seguir:

“Amanhã, a CCT e CRA devem apresentar o novo substitutivo do Código Florestal Brasileiro relatado p/ senador Luiz Henrique da Silveira”. Postado por @WWF_Brasil.

“Código Florestal não é exclusividade brasileira, mostra estudo encomendado pelo Gre-enpeace ao Imazon http://t.co/Wi2E1rPF”. Postado por @OEcoAmazonia.

“Aumenta pressão contra o projeto que altera o Código Florestal http://t.co/9irsUxEb (via @brasil_de_fato)”. Postado por @Ibasenet

No caso do primeiro exemplo, se trata de um conteúdo que tem o intuito de manter a população a par dos trâmites da votação da nova lei. Os dois exemplos seguintes, a pesar de se tratarem de conteúdos formatados nos moldes do que tradicionalmente se convencionou chamar de conteúdos informativos, tem notadamente a função de res-paldar a posição contrária às mudanças no Código Florestal, angariando assim o apoio

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da população. Apareceram também alguns conteúdos de caráter notadamente opinativo, como no caso a seguir:

“Enquanto os senadores debatem o massacre do Código Florestal brasileiro, os índices de desmatamento voltam a subir bit.ly/sz0fwq”. Postado por @ GreenpeacePOA.

Mobilização para ações offline – As organizações ambientais também utilizaram o espaço do Twitter para convocar manifestantes para ações offline. Tal uso pode ser verificado nos exemplos a seguir:

“Hoje, no Marco Zero de Recife, a partir das 8h, seja ativista por um dia. Mostre que você é contra o Novo Código Florestal #codigoflorestal”. Postado por @GreenpeaceBR.

“Participe da reunião em Brasília hoje sobre o Código Florestal com os senadores Luiz Henrique da Silveira e Jorge Viana http://t.co/bEeupiCD”. Postado por @ IPAM_Amazonia.

Mobilização para a assinatura de petições – Esse uso foi bastante evidente no corpus analisado. As organizações ambientais mobilizaram os usuários do Twitter para assinarem diferentes petições contra as alterações na legislação florestal, e os perfis dos demais atores, especialmente os perfis pessoais, espalharam os pedidos por assinaturas no Twitter.

“Vamos assinar o abaixo-assinado contra as mudanças no código florestal ! Petição on line http://www.florestafazadiferenca.org.br/assine/ #florestafazadiferença”. Postado por @Liagloomy

“assinem e se possível divulguem a petição on-line. Abaixo assinado em defesa das florestas. http://t.co/Ka0WuFfY” Postado por @GreenpeaceRJ

“Coleta de assinaturas contra o novo Código Florestal: http://t.co/uit2Fr1o”. Postado por @sosma.

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Mobilização para pressão sobre os representantes – A presença de perfis políticos no Twitter pode gerar tipos distintos de interação entre esta esfera tomadora de decisões e os demais atores concernidos com os possíveis resultados de uma determinada decisão política, “em uma dinâmica comunicacional até então desconhecida” (RAMALDE, 2011, p.2). As organizações ambientais se aproveitaram dessa possibilidade para incentivar os usuários a pressionarem os senadores através do microblog. O destaque foi para uma campanha que, utilizando a hashtag #senadorquefazadiferenca, endereçou mensagens a vários senadores com perfis no Twitter pedindo a não aprovação do novo Código Florestal. Ao todo, 19 perfis publicaram 210 mensagens para 17 senadores diferentes. O texto base das mensagens era sempre o mesmo, variando apenas o senador para o qual se dirigiam os tweets. A mensagem foi a seguinte:

“@perfildosenador é um #senadoraquefazadiferenca? vote contra o novo código florestal na cct! #florestafazadiferenca”.

Tais comportamentos demonstram que “os mecanismos de replicação discursiva próprios do microblog têm incentivado a formação de movimentos de vigília social sobre a ação política” (RAMALDE, 2011, p.2).

Apesar de as organizações ambientais terem usado o Twitter com o intuito de pro-moverem diferentes formas de ciberativismo e, dessa forma, terem conseguido influenciar usuários do microblog, a análise do material que compôs o corpus deixou clara uma ausência de problematização ideológica, uma vez que os conteúdos não envolveram, por exemplo, a referência a modelos civilizatórios capazes de dar conta da crise ambiental vigente. Mesmo que uma parcela significativa dos discursos tenha afirmado a necessidade de que o meio ambiente seja preservado, eles não problematizaram que tipo de sociedade é capaz de dar conta dessa tarefa de preservação. Dessa forma, não foi colocada de forma explícita dentro do corpus dessa pesquisa adesão a ideologias que questionam o modelo capitalista e sua capacidade de resolver o problema ambiental, tampouco foram feitas defesas da capacidade de um modelo ecocapitalista de superar a crise ambiental. Essa não problematização das questões ideológicas de uma forma marcada pode ser observada por dois ângulos distintos. Por um lado, ela corrobora com a ideia de que “os ciberativistas não tem uma coloração ideológica definida nos marcos tradicionais” (SILVEIRA, 2009, p.132), o que permite que pessoas diferentes, com diferentes olhares sobre o mundo, se agrupem em torno de uma causa em comum, ampliando a capacidade agregadora da causa em questão. Por outro lado, tal fenômeno pode ser encarado como a ausência de uma profundidade ideológica indispensável para que a crise ambiental seja enfrentada em suas raízes mais profundas, o que por si só contribui para a manutenção de um status quo. Dessa forma, as soluções propostas fora de um debate ideológico que questione o

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modo de produção e o modelo civilizatório atual estariam fadadas a funcionarem como meros remendos, incapazes de promover mudanças necessárias para a superação da crise. Tal argumento pode ser reforçado pelo fato de não terem surgido questionamentos sobre a (im)possibilidade do crescimento econômico ilimitado ou sobre o que está por trás do uso da palavra “desenvolvimento”, pontos cruciais para o debate ambiental.

6. conclusão

O Terceiro setor (ONGs, OSCIPs, institutos, fundações) e movimentos sociais, juntos às campanhas e movimentos pontuais, atores que, de uma forma geral, representaram a voz das organizações ambientais, de acordo com a divisão de Cox (2010), formaram a maior fonte de influência dentro do corpus dessa pesquisa, algo que pôde ser facilmente verificado na contabilização dos perfis e conteúdos mais “retuitados” e dos links mais mencionados. O grande espaço para sites ligados ao movimento Floresta Faz a Diferença, que ocupou os dois primeiros lugares entre os links mais citados, além dos vários outros dados apresentados, demonstra como as organizações ambientais utilizaram o espaço do Twitter no intuito de promover um ciberativismo, tentando influenciar outros atores a aderirem à causa.

Ao usarem as novas mídias como ferramenta, além de conquistarem espaços que quase sempre não estão disponíveis nas mídias de massa, nas quais o controle da emissão de informações é limitado, as ONGs e os movimentos sociais ainda ganham autonomia ao escapar de terem sua imagem construída exclusivamente a partir das interpretações dos profissionais das mídias tradicionais. Tal autonomia se torna ainda mais clara se ob-servarmos, por exemplo, que na lista dos 10 links mais citados, as páginas de campanhas e movimentos pontuais e do terceiro setor e movimentos sociais superam bastante os links jornalísticos.

Formas variadas de ciberativismo foram utilizadas, como foi descrito no trabalho. No entanto, não houve uma problematizarão ideológica consistente no que diz respeito a que modelos civilizatórios são ou não capazes de resolver a crise ambiental vigente, fato que, apesar de contribuir para que pessoas com pensamentos distintos possam se juntar à causa, acaba fazendo com que a problematização perca profundidade. É claro que essa falta de profundidade também pode ser atribuída ao limite de 140 caracteres imposto às postagens no Twitter.

Apesar de as estratégias de ativismo no Twitter ter conseguido atingir usuários do microblog e fazê-los publicar conteúdos em prol da causa da não mudança na legislação ambiental, é impossível afirmar qual foi o real papel dessas ações e mesmo da opinião pública como um todo no resultado final da apreciação do novo Código Florestal pelo poder público. O que percebemos nesse trabalho é que a maior parte das manifestações

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via Twitter se alinharam à posição contrária às mudanças, no entanto, o peso que essas e outras manifestações tiveram sobre o texto da nova legislação, votado no Legislativo e alterado pelo Executivo através de vetos, permanecerá uma incógnita. Se, por um lado, o nosso modelo de democracia representativa parece blindado à opinião pública, como afirma Gomes (2005), por outro a busca de dois lados opostos de uma disputa política pelo apoio de tal opinião pública pode indicar que, de alguma forma, ela é relevante, apesar de não deter o poder final sobre as decisões políticas.

referêncIAs bIblIográfIcAs

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