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O Benzeno - um produto cancerígenoe estratégico para a indústria
Data: 16 de abril de 2015
Horário: 19hs a 20:30hs
Promoção: INSTITUTO DE ENGENHARIA
Local: Av. Dr. Dante Pazzanese, 120
SÃO PAULO-SP
José Possebon
HISTÓRICO DO BENZENO
A PRODUÇÃO DO BENZENO
O ADVENTO DOS PLÁSTICOS
NOVOS PROCESSOS E TECNOLOGIAS
ACONTECIMENTOS IMPORTANTES NO
BRASIL
ACIDENTE COM 4 MORTES EMAIS DE 100
INTOXICADOS
HISTÓRICO DO BENZENO
PESQUISA DA FUNDACENTRO SOBRE
BENZENO EM SOLVENTES
PROIBIÇÃO DO USO DO BENZENO
“IN NATURA”
ACORDO NACIONAL TRIPARTITE
NOVAS AÇÕES DA CNPBZ
O ADVENTO DOS PLÁSTICOS1938- Roy Plunkett descobre o PTFE.
1939- ICI patenteia a cloração do Polietileno.
1940- O PMMA começa a ser utilizado na aviação.
1948- George de Mestral inventa o Velcro.
1950- Produção de Poliestireno de alto impacto.
1952- Início da produção de PVC.
1953- Início da produção de Polietileno PAD.
1954- O Polipropileno começa a ser desenvolvido.
1958- O Policarbonato começa a ser produzido
A PRODUÇÃO DO BENZENO
Inicialmente o benzeno produzido era um
subproduto da indústria siderúrgica, através
da destilação da hulha para a produção de
carvão coque. Com o advento dos plásticos
se necessitava de muito mais benzeno do
que a indústria siderúrgica podia produzir e
a partir de 1950 se iniciou a produção do
benzeno via petroquímica.
A PRODUÇÃO DO BENZENO
Carvão mineral
A PRODUÇÃO DO BENZENO
MATERIAL % DE CARBONO
Madeira....................40
Turfa.........................60
Linhito......................70
Hulha........................80
Antracito..................98
A PRODUÇÃO DO BENZENO
DESTILAÇÃO DA HULHA
Parte gasosa: metano, hidrogênio e CO
Parte líquida: águas amoniacais e alcatrão
de hulha
Alcatrão de hulha: benzeno, tolueno, xileno,
fenóis, naftaleno, piridina, cresóis,
antraceno, fenantreno, piche etc.
A PRODUÇÃO DO BENZENO
DESTILAÇÃO DA HULHA
Parte sólida: carvão coque (siderurgia)
A EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO DE BENZENO
NOS E.U.A (milhões de galões)- 1946/1961
ANO PETRÓLEO CARVÃO TOTAL1946 ---- 168,2 168,2
1947 ---- 187,4 187,4
1948 ---- 184,4 184,4
1949 ---- 156,7 156,7
1950 10,1 190,3 200,4
1951 32,6 238,2 270,8
1952 35,5 216,2 251,7
1953 63,0 209,7 273,9
1954 91,9 164,9 260,1
1955 98,6 208,9 307,5
1956 111,6 225,0 336,6
1957 116,2 215,3 331,5
1958 142,1 145,1 287,2
1959 208,8 138,3 347,1
1960 309,2 148,1 457,3
1961 412,8 132,6 545,4
PROCESSOS PETROQUÍMICOS
HIDRODESALQUILAÇÃO(HDA), (Hidrogenação)
A hidrodesalquilação é uma hidrogenação feita com a presença de catalisador de óxido de cromo, molibdênio ou platina, a uma
temperatura de 500 a 600◦C e a uma pressão
de 40 a 60 atmosferas.
Tolueno + hidrogênio ---benzeno + metano
C6H5CH3 + H2 → C6H6 + CH4
PROCESSOS PETROQUÍMICOS
HIDRODESALQUILAÇÃO(HDA), (Hidrogenação)
Outros exemplos de HDA:
TOLUENO(metil benzeno) + H2 BENZENO+ CH4
XILENO(dimetil benzeno) +2 H2 BENZENO +2C H4
TRIMETILBENZENO +3 H2 BENZENO +3C H4
PROCESSOS PETROQUÍMICOS
HIDRODESALQUILAÇÃO(HDA), (Hidrogenação)
PROCESSOS PETROQUÍMICOS
REFORMAÇÃO CATALÍTICA(REFORMING)
É uma reação que permite transformar cicloalcanos(cadeia aberta) em aromáticos como o Benzeno, Tolueno e Xileno mediante uma desidrogenação na presença de catalisador de platina em alumina e temperatura de 490 a
530◦ C e pressão de 10 a 25 bar, liberando 3
moléculas de Hidrogênio.
PROCESSOS PETROQUÍMICOS
REFORMAÇÃO CATALÍTICA(REFORMING)
CICLOHEXANO (C6H12) BENZENO + 3 H2
METILCICLOHEXANO(C7H14) TOLUENO+3 H2
DIMETILCICLOHEX.(C8H16) mXILENO +3 H2
PROCESSOS PETROQUÍMICOS
CRAQUEAMENTO A VAPOR(STEAM CRACKING)
A nafta petroquímica é craqueada a vapor para produzir etileno.
Dependendo da matéria craqueada pode-se também produzir a gasolina de pirólise que é rica em BTX
TOXICOLOGIA DO BENZENO
CAS – 71-43-2No ONU: 1114Massa molecular: 78,11 G/MOLPebulição : 80,1 CDensidade liq. 0,876Ponto de fulgor: -11 C
TOXICOLOGIA DO BENZENO
Classificação ACGIH A1IARC Grupo 1
Teratogênicidade Categoria 2Limite de tolerância: NR-15 anexo 13ª
1,0 ppm e 2,5 ppmACGIH (TLV) 0,5 ppmNIOSH REL 0,1 ppmOSHA PEL 1,0 ppm
TOXICOLOGIA DO BENZENOO METABOLISMO DO BENZENO
BENZENO 40%ELIMINADO PELA EXPIRAÇÃO
INALADO 60% OXIDADO NO FÍGADO
FENIL SULFATOS
FENOL FENIL GLUCURONÍDEOS
HIDROQUINONA
CATECOL E AC. MAIOR PARTE ELIMINADA
TT-MUCÔNICO HIDROXIHIDROQUINOL
+ GLUTATIONA AC. FENIL MERCAPTÚRICO
METABOLISMO DO BENZENO
METABOLISMO DO BENZENO
TOXICOLOGIA DO BENZENO
EFEITOS AGUDOS
Como todo solvente, o benzeno também apresenta propriedades sob o ponto de vista de intoxicação aguda, semelhantes a todos os solventes, ou seja, irritante dos olhos, da pele e das membranas mucosas e produzindo alterações no Sistema Nervoso Central.
TOXICOLOGIA DO BENZENO
EFEITOS AGUDOSPELE: Vasodilatação
Eritema
Irritação
Secagem
OLHOS: Coceira
Lacrimejamento
Irritação
PULMÕES E MEM- Irritação
BRANAS MUCOSAS Vasodilatação
Edema Pulmonar
Hemorragia
Necrose dos tecidos
TOXICOLOGIA DO BENZENO
EFEITOS AGUDOS
SISTEMA NERVOSO CENTRALEuforia;
EXITAÇÃO Tonturas;
DO SNC Alucinações visuais e
Sonolência.
Dores de cabeça;
Taquicardia;
DEPRESSÃO Dispnéia;
DO SNC Convulsões;
Coma e
Morte por depressão
cardio-respiratória
TOXICOLOGIA DO BENZENO
EFEITOS AGUDOS
CONCENTRAÇÃO EXPOSIÇÃO EFEITOS
( ppm) (mg/l) ( minutos)
20.000 65,0 5-10 Fatal
7.500 25,0 30 Perigo de vida
3.000 9,6 30 Suportável
1.500 4,8 60 Sintomas severos
500 1,6 60 Sintomas de doença
150 a 0,48a 300 Dores de cabeça, lassidão
50 0,16 e cansaço
25 0,08 480 Nenhum
TOXICOLOGIA DO BENZENO
EFEITOS CRÔNICOS
ANEMIA GRANULO- TROMBO-
CITOPENIA CITOPENIA
Cansaço freq.
Dores de cabeça Febre Petéquias
Indisposição Infecção Púrpura
Vertigens Morte Hemorragia int.
Palpitações Hemorragia ext.
Dispneia
QUATRO CASOS DE ACIDENTEFATAL COM BENZENO EM UMA
INDÚSTRIA DE PLÁSTICO
.
QUATRO CASOS DE ACIDENTE FATAL COM BENZENO EM INDÚSTRIA DE PLÁSTICO
OPERAÇÃO: Colagem de peças plásticas por imersão em
benzeno, que ficava contido em pires e copos sobre as
mesas de trabalho.
ALIMENTAÇÃO: O benzeno era tirado de bombonas de 20
litros por escorvamento com mangueiras e distribuído em
litros que alimentavam os copos e pires.
CONSUMO: Dezoito litros de benzeno por dia.
AMBIENTE: A fábrica era formada por duas salas com 4,5
metros de pé direito, com um sistema de ventilação
ineficiente, onde a velocidade do ar era praticamente zero,
com um grande número de trabalhadores expostos(110).
QUATRO CASOS DE ACIDENTE FATAL COM BENZENO EM INDÚSTRIA DE PLÁSTICO
PRIMEIRA SEÇÃO SEGUNDA SEÇÃO
Dimensões: ......10x30x4,5m
Área: .........................300m2
Volume: ..................1350 m3
Expostos:............ 60 pessoas
Concentração:........ 420ppm
Taxa de ocup.:... 5m2/pessoa
Dimensões:...............8x20x4,5m
Área: ................................160m2
Volume: ..........................720 m3
Expostos: .................50 pessoas
Concentração: ..............210ppm
Taxa de ocup.:..... 3,2m2/pessoa
QUATRO CASOS DE ACIDENTE FATAL COM BENZENO EM INDÚSTRIA DE PLÁSTICO
EMPREGADOS: A fábrica tinha 150 empregados, sendo 110
mulheres.
SINTOMAS DE
INTOXICAÇÃO: Quadro anêmico grave e manifestações
hemorrágicas.
EXPOSIÇÃO: O tempo médio de exposição para os 4 casos
foi de 4 meses.
EXAMES MÉDICOS: De um total de 114 empregados
examinados, 106 apresentavam alterações compatíveis com
a intoxicação pelo benzeno, sendo um deles grave.
QUATRO CASOS DE ACIDENTE FATAL COM BENZENO EM INDÚSTRIA DE PLÁSTICO
MEDIDA DE CONTROLE ADOTADA:
SUBSTITUIÇÃO
O BENZENO FOI SUBSTITUÍDO PELO TOLUENO QUE É UM
SOLVENTE MAIS PESADO E DE MENOR PRESSÃO DE
VAPOR.
APÓS ANÁLISE VERIFICOU-SE QUE O TOLUENO CONTINHA
CERCA DE 25% DE BENZENO, FOI ENTÃO SUBSTITUÍDO
PELO XILENO, QUE É MAIS PESADO QUE O TOLUENO.
QUATRO CASOS DE ACIDENTE FATAL COM BENZENO EM INDÚSTRIA DE PLÁSTICO
NOME/
IDADE FUNÇÃO ADMISS. INTERN. MORTE
A G / 31 AUX.SERV.GER. 13/03/73 23/06/73 23/06/73
L A R/ 22 AUX.SERV.GER. 03/04/73 18/09/73 30/09/73
M I /19 AJUD.LABORAT. 31/05/73 26/09/73 07/11/73
O O / 30 AUX.SERV.GER. 04/06/73 06/10/73 16/10/73
O ESTUDO DA FUNDACENTROSOBRE TEORES DE BENZENO EM SOLVENTES - (1980/81)
O ESTUDO DA FUNDACENTRO SOBRE TEORES DE BENZENO EM SOLVENTES
A Fundacentro preocupada com os níveis de benzeno nos solventes comuns (Novais, Tereza Carlota Pires e Gruenzler, Gerrit), fez um estudo sobre o teor de benzeno em amostras de Thinner. Analisou 74 amostras de solventes coletadas em todo o Brasil, através de suas regionais.
O ESTUDO DA FUNDACENTRO SOBRE TEORES DE BENZENO EM SOLVENTES
As amostras analisadas foram compradas no mercado comum e conseguida nas empresas onde a Fundacentro tinha realizado levantamentos de segurança e higiene do trabalho nos anos de 1980 e 1981.
LOCAL SP PE MG ES RS DF PR RJ TOTAL
N 30 8 7 7 7 7 4 4 74
O ESTUDO DA FUNDACENTRO SOBRE TEORES DE BENZENO EM SOLVENTES
As análises foram feitas por cromatografia gasosa com detetor de ionização de chamas e mostraram alguns valores acima de 90% em volume em duas amostras de solventes para
restauração de rolo de borracha para impressoras gráficas, tendo a distribuição dos
resultados a seguinte configuração:
O ESTUDO DA FUNDACENTRO SOBRE TEORES DE BENZENO EM SOLVENTES
FAIXA DE CONC.(%vol) FREQUÊNCIA PORCENTAGEM
0 a 0,1 30 40,5
0,1 a 1,0 20 27,0
1,0 a 5,0 10 13,5
5,0 a 10,0 3 4,1
10,0 a 15,0 1 1,4
15,0 a 20,0 4 5,4
20,0 a 90,0 3 4,1
> 90,0 3 4,0
O ESTUDO DA FUNDACENTRO SOBRE TEORES DE BENZENO EM SOLVENTES
MAIORES CONCENTRAÇÕES E APLICAÇÕES
Local Conc(%vol) Operação Ambiente e Condições
SP/MG > 90,0 Restauração de Impressão off-set, pouca
rolo de borracha ventilação.
ES 73,50 Pintura de ônibus Garagem
ES 23,10 Limpeza de peças Oficina de carros(v.defic.)
ES 20,03 Pintura de carros Ofic.mec. e funilaria(v.defic)
MG 17,41 Pintura revolver Indústria metalúrgica
RJ 17,17 Limp.tela Silkscr. Comércio de moda feminina
ES 16,34 Pintura revolver Fabrica carroceria metálica
ES 11,81 Insp.sacos plast. Embalagens de plástico
PE 6,70 Solv.tinta/verniz Fábrica de móveis
ES 4,83 Pint.carros e limp. Ofic.mec/funilaria (v.defic.)
SP 3,17 Limp.tela Silkscr. Indústria de plástico
PROIBIÇÃO DO USO DO
BENZENO “IN NATURA”
PORTARIA INTERMINISTERIAL N ° 03 DE 28 DE ABRIL DE 1982
Comissão incumbida de estudar o benzeno e seus efeitos para o organismo humano:
MINISTÉRIO DA SAÚDE, MINISTÉRIO DO TRABALHO, CONSELHO DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL, CONSELHO NACIONAL DO PETRÓLEO, PETROBRÁS, SIDERBRAS, PETROQUÍMICA UNIÃO, ABIQUIM E ASSOCISOLVE.
Artigo 1° - PROIBIR, EM TODO O TERRITÓRIO NACIONAL, A FABRICAÇÃO DE PRODUTOS QUE CONTENHAM BENZENO EM SUA COMPOSIÇÃO, ADMITIDA, PORÉM, A PRESENÇA DESSA SUBSTÂNCIA, COMO AGENTE CONTAMINANTE, EM PERCENTUAL NÃO SUPERIOR A 1%(UM POR CENTO), EM VOLUME.
WALDYR MENDES ARCOVERDE MURILLO MACÊDO
Ministro da Saúde Ministro do Trabalho
PROIBIÇÃO DO USO DO
BENZENO “IN NATURA”
PORTARIA INTERMINISTERIAL N° 03 DE 28/04/1982
ESTA MEDIDA SEGURAMENTE EVITOU UMA GRANDE EXPOSIÇÃO AOS VAPORES DE BENZENO, EM TODA ATIVIDADE INDUSTRIAL E TAMBÉM NA POPULAÇÃO DE UMA FORMA GERAL, POIS PRATICAMENTE 32,5% DE TODOS OS SOLVENTES DE USO DOMÉSTICO E INDUSTRIAL ESTAVAM COM TEORES DE BENZENO ACIMA DE 1% EM VOLUME.
SEGUNDO ESSA AMOSTRAGEM, CERCA DE 13,5% DOS SOLVENTES POSSUIAM TEORES DE BENZENO ACIMA DE 15% EM VOLUME, QUE É UMA CONCENTRAÇÃO EXTREMAMENTE ALTA, LEVANDO-SE EM CONSIDERAÇÃO A ALTA PRESSÃO DE VAPOR DO BENZENO.
ACORDO NACIONAL TRIPARTITE
DO BENZENO
A portaria 14 de 20 de dezembro de 1995, altera o Anexo
13 da NR-15, da Portaria 3214 de 1978, adotando para o
benzeno não um Limite de Tolerância mas sim um Valor
de Referência Tecnológico (VRT-MPT)
O VRT- se refere a uma concentração de benzeno no ar
considerada exeqüível do ponto de vista técnico, definido
em processo de negociação tripartite. O VRT deve ser
considerado como referência para os programas de
melhoria contínua das condições dos ambientes de
trabalho. O cumprimento do VRT é obrigatório e não
exclui risco à saúde.
NOVAS AÇÕES DA CNPBZ
A Comissão Nacional Permanente do Benzeno
continua em atividade, fiscalizando, propondo
melhorias e já conseguiu a eliminação do
benzeno na destilação do álcool etílico, está
acompanhando e incentivando os estudos sobre
o novo IBE para o Benzeno e procurando
viabilizar a redução do benzeno na gasolina e a
redução do teor de contaminação máximo
permitido para os solventes em 0,1%.
OBRIGADO!!
– José Possebon
– Engenheiro Químico e de Segurança do Trabalho
– Tecnologista aposentado da Coordenação de Higiene do
Trabalho, Setor de Agentes Químicos da Fundacentro ,
Diretor Adjunto da APAEST Associação Paulista de
Engenheiros de Segurança do Trabalho e Mestre em
Sistemas de Gestão na Área de SST pela Universidade
Federal Fluminense