nunziante - vanzo, sujetos capazes de representar, objetos que dependem da mente

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    Joel Thiago Klein(Organizador)

    Nefiponline

    Florianpolis

    2012

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    Ncleo de tica e Filosofia Poltica

    Campus Universitrio - Trindade - FlorianpolisCaixa Postal 476

    Departamento de Filosofia / UFSCCEP: 88040 900http:// www.nefipo.ufsc.br/

    CapaFoto: Alessandro PinzaniDesign: Leon Farhi NetoDiagramao/editorao: Joel Thiago Klein

    C732 Comentrios s obras de Kant: Crtica da Razo Pura / JoelThiago Klein (Organizador) - Florianpolis: NEFIPO, 2012.(Nefiponline)824 p.

    ISBN: 978-85-99608-08-1

    1. Filosofia moderna ocidental. 2. Immanuel Kant.I. Klein, Joel Thiago . II. Ttulo

    CDU: 1KANT

    Licena de uso creative commons

    http://creativecommons.org/licenses/by-nc/3.0/deed.pt

    NEFIPOCoordenador:

    Prof. Dr. Denlson WerleVice-Coordenador:

    Prof. Dr. Darlei DallAngnol

    Catalogao na fonte elaborada por:Dbora Maria Russiano Pereira, CRB-14/1125

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    SUMRIO

    Apresentao ........................................................................................... 3

    Lista de abreviaturas................................................................................ 5

    Os prefcios (KrVA e B)Christian Hamm ......................................................................... 11

    Sentido, sensibilidade e intuio: daDissertao inaugurala CrticaOrlando Bruno Linhares ............................................................ 41

    O argumento da Esttica e o problema da aprioridade: ensaio de umcomentrio preliminar

    Juan Adolfo Bonaccini ............................................................... 71

    A unidade da intuio e a unidade da sntesePaulo Roberto Licht dos Santos ............................................... 145

    Lgica geral e lgica transcendental

    Slvia Altmann .......................................................................... 179

    A funo da deduo metafsica na Crtica da razo purade KantRolf-Peter Horstmann .............................................................. 227

    A verso definitiva da deduo transcendental das categorias naprimeira edio da Crtica da razo pura

    Mario Caimi ............................................................................. 249

    A deduo transcendental B: objetivo e mtodoPedro Costa Rego ..................................................................... 287

    Para que Kant precisa do captulo do Esquematismo?Marcele Ester Klein Hentz ....................................................... 319

    O problema da causalidade luz do naturalismo de Hume e docriticismo de Kant

    Andrea Luisa Bucchile Faggion ............................................... 343

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    A refutao do idealismo: problema, objetivo e resultado do argumentokantiano

    Hans Christian Klotz ................................................................ 415

    Kant e o problema do ceticismo na Crtica da razo pura

    Marco Antonio Franciotti ........................................................ 435

    Sujeitos capazes de representar, objetos que dependem da mente: Kant,Leibniz e a Anfibolia

    Antonio-Maria Nunziante e Alberto Vanzo .............................. 465

    A iluso transcendental

    Julio Esteves ............................................................................. 489

    Sobre a terceira antinomia

    Alessandro Pinzani ................................................................... 561

    Refutao do argumento ontolgico, ou filosofia crtica versus filosofiadogmtica

    Andrea Luisa Bucchile Faggion ............................................... 591

    A representao por analogia na Crtica da razo pura

    Joosinho Beckenkamp ............................................................ 613

    Do uso regulativo das ideias da razo pura

    Carlos Adriano Ferraz ............................................................. 627

    Por construo de conceitosAbel Lassalle Casanave ........................................................... 657

    Liberdade e moralidade segundo Kant

    Guido Antnio de Almeida ....................................................... 695

    O Cnon da razo puraFlvia Carvalho Chagas .......................................................... 721

    A arquitetnica da razo puraRicardo Terra ........................................................................... 747

    A histria da razo pura: uma histria filosofante da filosofiaJoel Thiago Klein ..................................................................... 779

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    SUJEITOS CAPAZES DE REPRESENTAR,OBJETOS QUE DEPENDEM DA MENTE: KANT,

    LEIBNIZ E A ANFIBOLIA1

    Antonio-Maria Nunziante e Alberto Vanzo2

    Universit di Padova e University of Essex

    Introduo3

    No fim daAnaltica Transcendentalda Crtica da Razo Pura, edepois de esboar as caractersticas principais de sua teoria doconhecimento, Kant contrasta sua filosofia com a de Leibniz. Na seointitulada A Anfibolia dos Conceitos de Reflexo, Kant argumenta queo erro principal de Leibniz o de confundir objetos no espao e tempopor coisas em si, a saber, por mnadas. De acordo com Kant, Leibnizcometeu esse engano porque considerou objetos no espao e no tempocomo objetos que poderiam ser conhecidos com o puro intelecto. Na

    viso de Kant, Leibniz subestimou a importncia da sensibilidade para

    1Esse artigo foi publicado originalmente em British Journal for the History ofPhilosophy, 17 (2009), pp. 133-151, sob o ttulo Representing Subjects, Mind-

    Dependent Objects Kant, Leibniz and the Amphiboly. Traduo de Gisleine

    Aver e reviso de Joel Thiago Klein. Utilizou-se a traduo da Crtica da RazoPurafeita por Artur Morujo, publicada pela Calouste Gulbenkian.2Gostaramos de agradecer a Philip Stratton-Lake, Francesco Martinello, e a um

    avaliador annimo do British Journal of the History of Philosophy, peloscomentrios valiosos sobre os esboos desse artigo.3Abreviaturas usadas para Leibniz: A = Gottfried Wilhelm Leibniz, SmtlicheSchriften und Briefe, editado pela Deutsche Akademie der Wissenschaften zuBerlin (Berlin, 1923); GP =Die philosophischen Schriftenvon G. W. Leibniz,editados por Carl Immanuel Gerhardt (Berlin, 18751890; reimpresso:Hildesheim, 1978); DM =Discours de mtaphysique; Monad. =Monadology. ACrtica da Razo Pura citada com as abreviaes A (primeira edio) e B(segunda edio), seguida pelo nmero da pgina dessas edies. [...]. Os outrosescritos de Kant so citados com o nmero do volume e pgina da Academie-

    Ausgabe: Kniglich Preuische (Deutsche) Akademie der Wissenschaften(org.),Kants gesammelte Schriften(Berlin, 1902).

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    se conhecer esses objetos. Kant afirma que vrias doutrinas da filosofiade Leibniz seguem seu erro principal: o princpio de identidade dosindiscernveis, a monadologia, a concepo de Leibniz sobre as relaesde oposio entre propriedades, e sua concepo do espao e do tempo.Kant tenta refutar essas doutrinas naAnfibolia.

    Diversos estudos sobre a relao entre as filosofias de Kant e deLeibniz enfocaram a Anfibolia. Anlises minuciosas deste texto sogeralmente crticas das objees de Kant contra Leibniz, afirmando queelas no retratam corretamente as posies de Leibniz, e que no sobaseadas em premissas que este aceitaria. Avaliaes gerais da relaoentre as vises de Kant e Leibniz so principalmente defesas de que, orauma, ora outra, a mais plausvel e avanada.4

    Neste artigo, discutiremos a relao entre as posies de Kant eLeibniz de uma maneira que ainda mais especfica e central paraentender corretamente as concepes epistemolgicas destes doisfilsofos. Compararemos as posies de Kant e Leibniz na relao entresujeitos cognoscentese objetos conhecidos. Comearemos examinandoa Anfibolia. Porm, no discutiremos todos os argumentos de Kant emdetalhes, visto que tais discusses j esto disponveis na literatura. Nsno visamos defender a primazia das concepes de Leibniz ou de Kantda relao entre sujeitos cognoscentes e objetos conhecidos, como

    alguns estudiosos fizeram. Antes, tentaremos individualizar a razoprincipal da discordncia de Kant com Leibniz na Anfibolia. Ento,comentando esta discordncia, destacaremos dois aspectos importantesda relao entre as filosofias dos dois, considerando sujeitoscognoscentes e objetos conhecidos. Destacando os dois pontosseguintes:

    Primeiro, a divergncia fundamental entre Leibniz e Kantdestacada na Anfibolia no to radical como parece ser primeiravista. Ainda que Leibniz no tenha considerado espao e tempo comoformas da sensibilidade, como opostas ao intelecto puro, ele noconsiderou objetos no espao e tempo como coisas independentes damente em si. Para Leibniz, objetos no espao e tempo, como tambmespao e tempo eles mesmos, no so independentes da representaodos sujeitos.Segundo, um contraste radical entre as filosofias de Kant eLeibniz concerne a condio de sujeitos cognoscentes.Leibniz concebesujeitos cognoscentes como substncias, isto , como substncias

    4Ver, por ex., Parkinson, 1981; Kaehler, 1981; Finster, 1986; Willaschek, 1998;e Schneider, 2004.

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    simples, espirituais, imortais, persistentes e incorruptveis. Kant rejeitaesta viso como uma reivindicao metafsica no fundamentada. Elenega que possamos saber se sujeitos cognoscentes so substncias e quetipo de substncias elas so. Acredita que s podemos conhecer suascapacidades cognitivas. O fato de Kant caracterizar os sujeitoscognoscentes no como substncias, mas como sistemas complexos decapacidades cognitivas incluindo uma defesa anti-Humeana de suaunidade atravs do tempo , marca fortemente a distncia entre Kant eLeibniz, e uma importante caracterstica inovadora da filosofia deKant.

    Nosso artigo est dividido em quatro partes. Fornecemos algumasinformaes sobre a Anfibolia (1). Esboamos a principal crtica de

    Kant contra Leibniz (2). Ento, comparamos as vises de Kant eLeibniz dos objetos no espao e tempo (3) e de sujeitos cognoscentes(4).

    1. Algumas expectativas da anfibolia

    Legitimamente se pode esperar que a Anfibolia indique asdoutrinas que Kant considerou como distintivas de sua filosofia.Destacar as diferenas entre o idealismo transcendental e certas ideias

    leibnizianas foi necessrio para Kant para estabelecer seu lugar comrespeito a uma larga frente filosfica. Os temas leibnizianos estopresentes no pensamento de Christian Wolff que, atravs de suainfluncia, os difundiu no ambiente filosfico de Kant. A filosofia deWolff foi sujeita a crticas pesadas desde 1720.5 No obstante, owolffianismo ainda era a filosofia dominante nas universidades alemsdurante os anos de 1760 e 1770. Cada nova filosofia teve que seconfrontar eficazmente contra ele, para sustentar suas reivindicaes. AAnfibolia um dos principais textos onde Kant toma posio contra owolffianismo. De fato, algumas das crticas de Kant contra Leibniz seaplicam a Wolff e aos wolffianos tambm: por exemplo, a crticarelativa ao fato de considerar o espao e o tempo como relaes entrecoisas em si, ou de considerar somente oposies lgicas, enquanto

    5Ver, por ex., Adolf Friedrich Hoffmann, Vernunftlehre, darin die Kennzeichendes Wahren und Falschen aus den Gesetzen des menschlichen Verstandes

    hergeleitet werden (Leipzig, 1737); Christian Adolf Crusius, Dissertatio

    philosophica de usu et limitibus principii rationis determinantis vulgosufficientis(2 edio, Leipzig, 1750); e as obras de Kant na decada de 1760.

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    omite oposies reais. Kant explicitamente estende a segunda crticacontra os wolffianos, os quais classifica junto com Leibniz sob o ttulode Filosofia leibnizianawolffiana.6Alguns contemporneos de Kant,incluindo Wolffianos como Baumgarten, adotaram doutrinasleibnizianas rejeitadas por Wolff e criticadas na Anfibolia, como amonadologia e a harmonia pr-estabelecida.7Alm disso, vrios leitoresde Kant, como Eberhard, eram leibnizianos. As crticas de Kant naAnfibolia se aplicam a eles tambm.8 Consequentemente, a discussodas ideias de Leibniz naAnfiboliad a Kant a oportunidade de lidar coma tradio metafsica em que foi educado e a qual muitos de seus leitorespertenceram.

    Ao confrontar esta tradio, Kant no assume uma atitude

    conciliatria. Ele alcana um contraste radical entre suas ideias e as deLeibniz, e o faz construindo seus argumentos em doutrinas que Leibnizno compartilhava e que so tpicas do idealismo transcendental: maisnotavelmente a concepo do espao e tempo como formas puras de

    6Ver KrV, B 329. Kant aplica essa denominao em diversas outras passagens(KrV, A 44/B 61; AA 07: 140n; 08: 218; 09: 186; 20: 281, 305, 306, 308). Essadenominao era amplamente difundida na Alemanha desde 1720. No muito

    afortunada, porque ofusca as diferenas notveis entre a filosofia de Leibniz ede Wolff. Para essas diferenas ver, Arnsperger (1897) e Corr (1975).7Baumgarten (1963) o autor do manual que Kant utilizou em suas palestrassobre metafsica e antropologia. Como as Reflexes de Kant sobre essesassuntos mostram (AA 15-18), vrias de suas doutrinas foram desenvolvidas naconfrontao com Baumgarten.8Muitos autores defenderam as vises Leibnizianas contra Kant em debates queduraram mais ou menos vinte anos aps a publicao da primeira Crtica. Parauma viso mais ampla sobre as polmicas entre Leibnizianos e Kant, ver

    Ciafardone (vol. I, 1987; vol. II, 1990). O trabalho de Ciafardone prova que asvises Leibnizianas recebiam amplo consenso no ambiente filosfico de Kant,como Max Wundt alegou em seu livro Die deutsche Schulphilosophie im

    Zeitalter der Aufklrung(1964, 317-9). A resposta mais extensa de Kant para osLeibnizians o trabalhoDa utilidade de uma nova crtica da razo pura, escritocontra Eberhard (AA 08: 185-251) [trad. portuguesa de Mrcio Pugliesi e EdsonBini, So Paulo: Hemus, 1975]. No final deste texto, Kant esboa umainterpretao de Leibniz como um idealista transcendental ante litteram (AA08: 246-51). Este retrato de Leibniz muito diferente daquele da Anfibolia. Naobra de Kant contra Eberhard, Leibniz aparece como um aliado de Kant "contra

    os discpulos daquele [como Eberhard] que pilham elogios em cima dele queno lhe fazem nenhuma honra" (ibid., 251).

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    intuio, a distino qualitativa entre sensibilidade e entendimento e adistino crtica entre fenmenos e noumenos.9

    A importncia e o radicalismo da confrontao de Kant comLeibniz torna a Anfibolia particularmente interessante para a presenteinvestigao. Como Kant ope algumas de suas prprias doutrinascentrais com a contraparte de Leibniz, pode-se bem esperar que aAnfibolia destaque as caractersticas mais originais do idealismotranscendental. A fim de ver se isto o que realmente ocorre,precisamos explicar as principais ideias bsicas daAnfibolia.

    2. A crtica de Kant contra Leibniz na Anfibolia

    Kant ataca quatro elementos da filosofia de Leibniz na Anfibolia:o princpio da identidade dos indiscernveis, a concepo de relaes deoposio, o conceito de mnada, e a concepo do espao e tempo.10

    A primeira crtica contra o princpio da identidade deindiscernveis. Para Kant, este princpio diz respeito a objetos dacompreenso pura, isto , a coisas em si e a conceitos. No diz respeitoaos fenmenos,11 isto , a objetos sensveis no espao e no tempo.Leibniz estendeu o princpio da identidade de indiscernveis para osfenmenos. Este erro devido ao fato que Leibniz tomou os fenmenos

    9Diversos intelectuais notaram isso: por ex. Parkinson (1981); Kaehler (1981);Willaschek (1998).10 A primeira crtica est em KrV, A 2634/B 31920, A 2712/B 3278, A2812/B 3378. A segunda crtica est em KrV, A 2645/B 3201, A 2724/B32830, A 2824/B 33840. A terceira crtica est em KrV, A 2656/B 3212,A 2745/B 3301. A quarta crtica est em KrV, A2668/B 3224, A 2757/B

    3313. In: KrV, A 2745/B 3301, Kant tambm critica a doutrina da harmoniapr-estabelecida, a qual ele v como consequncia da monadologia. Por questode simplicidade no consideramos a crtica da harmonia pr-estabelecida.11 O texto em ingls utiliza o termo appearances referindo-se quilo queaparece, ou seja, aos fenmenos. Os autores se utilizam do padro adotado pelaThe Cambridge Edition of the Works of Immanuel Kant. Contudo, a traduo de

    Erscheinungpor appeareancesno ingls problemtica (Cf. PERIN, Adriano.Sobre a gnese da distino crtica entre Scheine Erscheinung. In: ROHDEN,Valerio; PINZANI, Alessandro. (Orgs.) Crtica da razo tradutora: sobre adificuldade de traduzir Kant. Florianpolis: Nefiponline, 2010, 11-34). Por

    isso, para evitar ambiguidades desnecessrias, optou-se por traduzirappearances por fenmenos. (Nota do revisor)

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    por coisas em si, isto por intelligibilia, ou seja, objetos do puroentendimento'.12

    A segunda crtica considera a concepo de Leibniz sobre asrelaes de oposio entre propriedades. Se a realidade representada

    somente pela compreenso pura (realitas noumenon), ento nenhumaoposio entre realidades [propriedades positivas dos seres] pode ser

    pensada.13 O princpio de que as realidades [...] nunca se opemlogicamente umas s outras uma proposio completamente verdadeirasobre a relao dos conceitos14 Realidades em fenmenos (realitasphaenomenon), pelo contrrio, podem certamente estar em oposioumas contra as outras'.15Leibniz e seus sucessores falharam em no verque pode haver oposies entre realidades. Deste modo, eles fizeram

    vrias reivindicaes erradas (todos os males so nada alm deconsequncias dos limites dos seres criados, isto , negaes'; possvelunir toda realidade em um ser sem qualquer preocupao com

    oposio'16).A terceira objeo concerne o conceito de mnada.

    Como objeto do entendimento puro [...] todas assubstncias devem ter determinaes e forasinternas, que se refiram realidade interna. Mas

    que outros acidentes internos posso pensar senoos que o meu sentido interno me oferece, - ouseja, o que j de si pensamento ou anlogo aopensamento? Eis porque Leibniz, para quem todasas substnciase mesmo os elementos da matriarepresentavam nmenos, depois de lhes retirarpelo pensamento tudo o que possa significar umarelao exterior e, portanto, tambm acomposio, fez delas sujeitos simples, com

    12KrV, A 264/B 320.

    13 Ibid. Kant divide propriedades em realidades (por ex.: ser perfeito, serracional, ser brilhante) e negaes (por ex.: ser imperfeito, ser irracional, serescuro). Ao interpretar Kant, no se pode confundir realidade [Realitt] comatualidade [Wirklichkeit]. Realidade uma categoria de qualidade. Atualidade uma categoria de modalidade. Ver: Maier, 1930.14KrV, A 2723/B 32839.15KrV, A 265/B 3201.16KrV, A 273/B 329.

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    capacidade de representao, numa palavra,mnadas.17

    Os nicos objetos que nos so dados so objetos de sensibilidade,ou fenmenos. Eles no tm determinaes e foras internas [isto ,intrnsecas, no relacionais], mas somente propriedades relacionais.18Consequentemente, o argumento de Leibniz para a existncia demnadas se baseia em uma premissa falsa e est errado.

    A quarta crtica contra a concepo de Leibniz do espao e dotempo.

    [] que no conceito do entendimento puro, a

    matria [i.e. caractersticas essenciais] preceda aforma [i.e. o modo em que esto conectados auma coisa], e por isso Leibniz admitiu primeirocoisas (mnadas) e, internamente, uma capacidadede representao, para depois sobre ela fundar arelao exterior das coisas e a comunidade dosseus estados (ou seja, das representaes). Porisso o espao e o tempo eram possveis, oprimeiro apenas pela relao das substncias e osegundo unicamente pela ligao das

    determinaes destas entre si, como princpios econsequncias. De fato, assim deveria ser, se oentendimento puro pudesse referir-seimediatamente a objetos, e se o espao e o tempofossem determinaes das coisas em si. Sendo,contudo, simplesmente, intuies sensveis, pelasquais determinamos todos os objetos apenas comofenmenos, a forma da intuio (enquantoestrutura subjetiva da sensibilidade) precede todaa matria (as sensaes) e, por conseguinte, oespao e o tempo precedem todos os fenmenos e

    17KrV, A 2656/B 3212; ver tambm: KrV, A 2826/B 33842.18Veja-se: KrV, A 265/B 321: as determinaes internas de uma substantia

    phaenomenon no espao mais no so que relaes e a prpria substncia

    totalmente um conjunto de puras relaes Ver tambm: KrV, A 2845/B 3401, B 667.

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    todos os dados da experincia, e essa forma daintuio que torna essa experincia possvel.19

    O espao e o tempo so formas a priori da intuio, e noconceitos abstrados das relaes entre substncias.20 Espao e temposo pressupostos para a representao de objetos, e so anteriores aobjetos (e no vice-versa, como Leibniz pensava).

    Os quatro argumentos contra Leibniz seguem o mesmo padroargumentativo. Se objetos do conhecimento fossem nmenos, ou coisasem si mesmas, e se ns os conhecssemos atravs do puroentendimento, as doutrinas de Leibniz seriam verdadeiras. Ao contrrio,objetos do conhecimento so fenmenos no espao e no tempo, e ns os

    conhecemos por meio da sensibilidade. Os fenmenos sensveis seguemleis diferentes daquelas dos objetos do entendimento puro.Consequentemente, as concluses de Leibniz esto erradas.

    Kant usa contra Leibniz duas distines correlacionadas: adistino entre sensibilidade e entendimento, e a distino entrefenmenos e coisas em si mesmas. Ns conhecemos os objetos s pormeio da sensibilidade, o espao e o tempo so formas de sensibilidade.Objetos da sensibilidade, ou fenmenos, esto no espao e no tempo,enquanto as coisas em si mesmas no so nem espaciais, nem temporais.

    Consequentemente, objetos no espao e no tempo no so coisas em simesmas, mas fenmenos sensveis. Kant faz uma objeo contra Leibnizao dizer que ele trocou objetos de conhecimento por mnadas, isto ,por coisas em si mesmas e objetos do entendimento puro, quando narealidade so fenmenos e objetos de sensibilidade, que no existem emsi. Com base nesse erro, Leibniz atribuiu poderes representacionais smnadas, que ele considerou como coisas em si.21 Ele concebeu asmnadas como substncias que representam. No captulo sobre osparalogismos da psicologia racional da primeira Crtica, Kant nega queseja possvel saber se sujeitos capazes de representao sosubstncias.22Ento, as filosofias de Kant e Leibniz divergem tanto naconcepo dos objetos representados quanto na concepo dos sujeitosque representam: Isto , no nmeno ou condio fenomenal de objetos

    19KrV, A 267/B 323, traduo modificada.20Veja-se tambm: KrV, A 245/B 39, A 33/B 49.21Veja-se: KrV, A 266/B 322.22KrV, A 34851, B 407, B 41011.

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    no espao e no tempo, e na substancialidade dos sujeitos querepresentam.

    Ainda que Leibniz e Kant tenham concepes distintas do espaoe do tempo, discutvel que, para Leibniz, objetos no espao e no temposo fenmenos que dependem da mente, como eles so para Kant.Tambm discutvel que a maior diferena entre Kant e Leibniz noconcerne a dependncia da mente dos objetos no espao e no tempo,mas a substancialidade dos sujeitos que representam. Veremos estesdois pontos pormenorizadamente.

    3. Leibniz e Kant sobre objetos no espao e tempo

    Apesar da impresso que pode surgir das observaes de Kant, aconcepo de Leibniz do espao, tempo, e objetos no espao e tempo, em muitos aspectos similar prpria concepo de Kant.

    Tentaremos considerar as coisas do ponto de vista de Leibniz. Porconvenincia, vamos nos limitar ao caso do espao.

    Numa primeira anlise, podemos dizer que o espao, paraLeibniz, no uma propriedade primitiva das substncias, mas sim umtermo derivado por abstrao da noo de extenso. Essa, por sua vez, referida a substncias corpreas concretamente extensas (o espao

    uma ordre de Coexistences'GP VII, 363).23A crtica de Kant contra

    23Como se sabe, a definio leibniziana de substncia envolve problemascomplexos. Numa carta para De Volder de junho de 1703 ( qual os intrpretesgeralmente fazem referncia), Leibniz distingue cinco elementos queconstituem a substancialidade de um ser: (1) entelquia primitiva ou alma; (2)matria primria ou poder passivo primitivo; (3) mnada (que constitudapelos dois primeiros elementos); (4) matria secundria ou orgnica (que

    composta por infinitas mnadas interrelacionadas); (5) substncia animal oucorprea, que uma por causa da presena de uma mnada dominante. Oscomentadores tm discutido intensamente esse remarco de Leibniz, e emparticular, em qual dos cinco nveis h um efetivo grau de substancialidade. Na

    Monadologia, Leibniz parece identificar substncias com substncias simples,mas os interpretes tm dado leituras diferentes do conceito leibniziano desimplicidade. Para o presente propsito, suficiente notar que o conceito deextenso entra em jogo apensa no quarto nvel. Esse o nvel da matriasecunda e das substncias corpreas (agregados de mnadas que se expressam

    por meios de um corpo orgnico, cuja unidade determinada por uma mnada

    dominante). Para Leibniz, a extenso um primeiro nvel de abstrao dassubstncias concretas, corpreas (que so o quarto nvel do esquema acima). A

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    Leibniz est relacionada a esta viso: de acordo com Kant, para Leibnizo espao uma relao entre coisas em si24e existe independentementeda atividade perceptiva dos sujeitos.

    As coisas no so to simples, porque a noo de extenso no primitiva:

    No afirmaria que o conceito de extenso primitivo, nem tal que dele no possa ser derivadonada, j que resolvido na pluralidade, que tem aver com o nmero, na continuidade, que tem a vercom o tempo, e na coexistncia, que tem a vercom coisas, inclusive as sem extenso.25

    Em outras palavras, na percepo de corpos extensos, o que osujeito realmente percebe um conjunto de condies comuns(pluralidade, continuidade, e coexistncia). A extenso relativa aoponto de vista dos sujeitos capazes de perceber e ao jogo de suasrelaes recprocas: os corpos aparecem para ns como extensos porque,atravs da viso e do tato, percebemos uma pluralidade de coisasdistintas como uma unidade. Na percepo de uma pluralidade de coisasno somos conscientes de sua multiplicidade distinta, mas da contnua

    coexistncia de uma qualidade nica que expandida. Isto quer dizer, deforma simples, que a extenso manifesta a si mesma e aparecepuramente e somente dentro de uma estrutura perceptiva de referncia: a

    percepo da extenso, escreve Leibniz, necessita de um sujeito e alguma coisa relativa a este sujeito como a durao.26

    extenso de substncias corpreas consiste numa srie de condies comuns,que esto relacionadas com nossa percepo. Ver: Garber 1985, 1995; Hartz,1992; Adams, 1994; Rutherford, 1995; Arthur, 1998; Smith, 1998; Phemister,

    1999; Look, 1999; Mugnai, 2001; Fichant, 2003; Phemister, 2005.24Ver KrV, A 267/B 323.25GP II, 183.26 Jinsiste donc sur ce que je viens de dire, que lEtendue nest autre chosequun Abstrait, et quelle demande quelche chose qui soit tendu. Elle a besoindun sujet, elle est quelque chose de relatif ce sujet, comme la dure. Elle

    suppose mme quelque chose danterieur dans ce sujet. Elle suppose quelque

    qualit, quelque attribut, quelque nature de ce sujet, qui stend, se rpand avecle sujet, se continue. Letendue est la diffusion de cette qualit ou nature: par

    exemple, dans le lait il y a une tendue ou diffusion de la blancheur, dans le

    diamant une tendue ou diffusion de la duret; dans le corps en general unetendue ou diffusion de lantitypie ou de la materialit. (GP VI, 584). O

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    A partir da Leibniz desenvolve uma ontologia completamentecentrada na estrutura do sujeito substancial, de acordo com a qual arealidade exterior no algo que pode ser deduzido de modo lgico: ascoisas existem concretamente apenas dentro da perspectiva que definida pela estrutura do praedicatum inest subjecto(DM 8), ou pelaestrutura do sujeito capaz de representar.

    Estes pensamentos de Leibniz esto enraizados na ideia quesubstncias perceptivas tm uma natureza representativa essencial, e isto especialmente o caso daquelas substncias que na ontologialeibniziana so definidas por sua capacidade de dizer Eu (DM 34). Assubstncias eu, como as outras substncias, so compostas de umacoleo de representaes. O eu que realmente sou a coleo

    completa de todos os estados de representao que se seguem um aooutro entre meu nascimento e minha morte. Esta a razo por que, nonvel mondico, no se pode falar de causa fsica (influxus physicus)entre ns e os corpos. No sentido exato, o que experimentamos sonossos estados representacionais e no podemos transcend-los: elesconstituem o horizonte de nosso mundo.

    A referncia para a dimenso expressiva das substnciasrepresentativas no acidental porque, se for verdade que a extensonecessita de um sujeito a fim de ser representada, por outro lado

    Leibniz especifica que deve haver algo anterior/primitivo nesteassunto, ou alguma qualidade ou atributo que difundido,

    expressando a si mesmo sob da forma de extenso.27

    exemplo do leite digno de ateno, porque pode levar a desentendimentos. Naontologia de Leibniz, o leite um agregado e no uma substncia. Agregadosno so seres verdadeiros, mas semi-mentais (cuja unidade, na anlise final,

    enraizada na atividade perceptiva do sujeito). Vamos lembrar que de acordocom Leibniz ser propriamente significa ser um (ce qui nest pasveritablement un tre, nest pas non plus veritablement un tre, GP II, 97).27 Como bem sabido, expresso um termo tcnico no vocabulrio deLeibniz. Ele indica uma estrutura lgica que relaciona dois termos nohomogneos. Une chose exprime une autre (dans mon langage) lorsquil y a unrapport constant et regl entre ce qui se peut dire de lune et de lautre. Cestainsi quune projection de perspective exprime son geometral. Lexpression est

    comune a toutes les formes, et cest un genre dont la perception naturelle, le

    sentiment animal, et la connoissance intellectuelle sont des especes. (GP II, 112)

    Para mais detalhes sobre o conceito leibniziano de expresso, ver Kulstad,1977 ; e Mugnai, 1992.

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    Vamos desenvolver este ponto que poderia gerar algumasdificuldades. Leibniz distingue o que normalmente consideramosobjetos no espao e no tempo em substncias e agregados. No caso dassubstncias, a extenso, ou melhor, o espao um produto delas, ouest enraizado na sua capacidade de projetar uma cenografia dentro da

    qual elas representam a si mesmas e suas propriedades fsicas (queharmonicamente correspondem aos seus estados mentais). No caso dosagregados, por outro lado, sua extenso o resultado da atividaderepresentativa dos sujeitos: uma mesa uma colnia de mnadas, emnadas no tm extenso (uma mnada no tem partes e dentro delano possvel haver extenso, figura ou divisibilidade). Ser extensa eter a forma de uma mesa so apenas modos em que uma colnia de

    mnadas aparece para sujeitos representantes.De maneira mais sucinta: entre substncias e o mundo, entresujeitos capazes de percepo e espao, existe uma relao necessria deexpresso. Esta relao primitiva (no sentido de que foi originalmenteimposta por Deus). O mundo e o espao, poderamos ento dizer, estocontidos na alma (eles no existem realmentedo lado de fora, porqueeste fora uma parte essencial do contedo de cada alma). Portanto,no necessrio para o espao (e o tempo) existir fora de ns, nascoisas, porque isto uma representao j contida dentro de ns (ou nossimples). No est meramente contido, mas necessariamente contido,porque o espao (e o tempo), em seu carter de representao imanentee imediata, um elemento de estruturao da atividade perceptiva desujeitosmondicos.28

    28 Que espao e tempo so construes ideal ou mental ou at modal tambm apontado por Schneider: Raum und Zeit sind ideale oder mentale oderauch modale Gebilde (die Terminologie schwankt hier bei Leibniz). Das sind

    sie aber nur deshalb, weil nicht reale Monaden zueinander in Beziehung gesetztwerden, sondern Relata, die selbst gar keinen realen, sondern bloss modalenEntitten, nmlich mathematische Punkte oder instantane Momente, sind. D.h.Raum und Zeit sind wie die Gegenstnde der Mathematik bloss mentaleKonstruktionen, die als solche keine Realitt besitzen. (SCHNEIDER, 2004,76) De acordo com Schneider, os argumentos de Kant sobre espao expressosna Anfibolia no combinam realmente com a posio de Leibniz. Schneiderescreve: Denn man kann nicht behaupten, dass die Relata vor der Relation, vor

    dem In-Beziehung-Setzen gegeben sind. Vielmehr sind sie (sozusagen alsMaterie) gar nicht gegeben (weil sie bloss modal, mental sind), sondern werden

    erst zusammen mit der Relation als deren Glieder gesetzt. (ibid., 77).Parkinson (1981) tambm j havia apresentado fortes dvidas sobre esse ponto.

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    Portanto, o ponto principal apresentado por Leibniz diz respeito identificao da substncia/sujeito com seu poder representativo (que expresso de seu vis activa primitiva). Como consequncia, possvelafirmar, especialmente de acordo com uma perspectiva kantiana, queobjetos no espao e tempo no so coisas em si mesmas, mas antesrepresentaes de sujeitos cognoscentes (dependentes da mente) e queespao e tempo, por sua vez, no so coisas, mas pertencem modalidade representativa pela qual o sujeito percebe as coisas.

    Se algum v istodo ponto de vista do conceito completo, emque toda substncia est envolvida, ento poder ser possvelenfraquecer a crtica de Kant contra Leibniz. Kant declara que espao etempo so formas a priori de intuies, e no conceitos abstrados da

    relao entre substncias. De fato, poder-se-ia corrigir esta afirmaoreivindicando que, para Leibniz, espao e tempo so formas a prioripertencentes ao conceito completo que define cada substncia. Desteponto de vista, a aprioridade do espao e do tempo no est em questopara Leibniz. A aprioridade do espao e do tempo devida a suaformalidade:espacialidade e temporalidade no pertencem aos objetos(ou aos agregados), mas aos modos de representao do sujeito (ousubstncia) que estrutura a forma dosobjetos.

    Se este esquemaest correto, a concepo de Leibniz de espao e

    de objetos no espao apresenta vrias semelhanas com a concepo deKant:

    1. O espao no existe por si s, isto , independentemente do seuser representado por qualquer sujeito. O espao depende da mente. umespao representado, uma representao do espao. Nos termos de Kant,o espao transcendentalmente ideal.

    2. Objetos representados no espao no existem fora dos sujeitoscapazes de representar em sentido transcendental, ou seja, independentesda mente, em um espao que tambm independente da mente.29

    3. Objetos representados no espao so dependentes da mente,assim como o espao em que aparecem. Objetos representados sorepresentaes de sujeitos.

    Alm de admitir essas semelhanas, deve-se admitir tambm queh diferenas entre as vises de Leibniz e Kant. A caracterizao deKant do espao como uma intuio est em oposio direta caracterizao de Leibniz do espao como um conceito. Pode-se notar

    29Kant distingue entre um senso emprico e um senso transcendental do foraem KrV, A 373.

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    corretamente que os termos intuio e conceito completodesignamestruturas cognitivas diferentes, que no devem ser confundidas. A ideiade que a perspectiva de Kant representa um distanciamento radical emvista de Leibniz geralmente aceita entre os estudiosos e corroboradapor anos de estudos especializados. Porm, interessante perguntar qual o significado deste distanciamento, e tentar identificar seus traosdistintivos. Nesse sentido, destacar as semelhanas entre as concepesde espao e de tempo de Kant e Leibniz pode ajudar os comentadores areconsiderar as complexas inovaes epistemolgicas da viso de Kantcom relao aos de seus antecessores e a Anfibolia pode muito bemrepresentar apenas a ponta do iceberg dessas inovaes. Pode-seconverter esta observao numa alegao na qual os comentadores

    possam convergir. As crticas de Kant contra Leibniz na Anfibolia noresistem: consideradas em si mesmas, provam menos do que Kantpensou que provassem. Pelo contrrio, as crticas de Kant contra Leibnizna Anfibolia pressupem a redefinio da substncia conhecente comoum sujeito transcendental e a consequente redefinio do seu aparatocognitivo, realizada por Kant em toda a Crtica da Razo Pura. a essaredefinio que devemos nos voltar agora.

    4. Leibniz e Kant sobre os sujeitos Cognoscentes

    Se h fortes afinidades entre as concepes de objetos no espaoe tempo de Leibniz e Kant, h uma divergncia radical entre suasconcepes de sujeitos cognoscentes.

    Mnadas so substncias. Elas tm as caractersticas tpicas que ametafsica tradicional e cartesiana atribua s substncias espirituais. Sosubstncias imateriais, simples, incorruptveis, imortais e so princpiosvitais do corpo. Leibniz concebe as mnadas como substncias numsentido mais forte do que a metafsica tradicional e cartesiana. Mnadasno s existem independentemente de qualquer outra coisa, elas tambmno dependem de qualquer outra coisa para suas propriedades, relaese percepes. Todas as suas propriedades e relaes, quer as durveis,quer as temporrias, quer as necessrias, quer as contingentes, estoincludas em sua essncia individual. O pertencimento de qualquerpropriedade ou relao a uma substncia mondica parte dodesdobramento de sua prpria essncia atravs do tempo. Ele dependedo desenvolvimento de uma histria que est totalmente contida na

    essncia da mnada. Semelhantemente, a essncia de uma mnadainclui todas as suas percepes. Cada mnada tem, ao menos,percepes confusas de tudo o que existe. Cada mnada expressa o

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    mundo inteiro em suas percepes. Cada mnada contm em sua prpriaessncia uma representao de todo o mundo, vistas de um ponto devista particular. O mundo a expresso das mnadas. O mundo uminteiro de entidades dependentes da mente, que existem apenas namedida em que a sua percepo includa no conceito completo desubstncias mondicas.30No s mnadas so substncias que existemindependentemente do mundo, mas o mundo todo est contido em suaessncia.

    A admisso de Leibniz da substancialidade das mnadas chocacom sua viso da relao entre as mnadas e o mundo. Por um lado,Leibniz caracteriza o mundo como o que as mnadas expressam. Poroutro lado, ele caracteriza mnadas como expresses do mundo. A

    mnada uma perspectiva sobre o mundo. Leibniz descreve a essnciada mnada como a soma de todas as suas percepes, em conjunto coma lei que estabelece a ordem na qual elas seguem umas as outras. Aspercepes de uma mnada so literalmente idnticas ao mundo queuma mnada percebe e representa.31Se isso for verdade, ento mnadasno so substncias independentes, como Leibniz afirma que elas so.Sua existncia e unidade dependem da existncia e unidade do mundoque percebem. Mnadas no so o terreno autosuficiente e substancialdo mundo. A existncia de objetos representados no espao e no tempo,

    e a existncia de mnadas (isto , sujeitos capazes de representar),implicam mutuamente um ao outro, e dependem um do outro. Essa linhade crtica foi desenvolvida por vrios filsofos, mais notavelmente porHegel.32

    30Ver A VI, 4, B, 1600; A VI, 4, B, 1618; DM, 8.31

    Totus mundus revera est objectum cujusque mentis, totus mundus

    quodammodo a quavis mente percipitur. Mundus unus et tamen mentes

    diversae (A VI, 4, B, 1713).32De acordo com Hegel, a completa auto-suficincia que Leibniz atribui smnadas est em contraste com sua multiplicidade. Por um lado, as monadasso substncias individuais plenamente independentes sem interaesrecprocas. Por outro, cada mnada deriva sua identidade de todo o conjunto desuas percepes do mundo, do qual cada mnada uma parte. Em consequnciadisso, o mundo externo, que conexo harmonicamente a cada substncia, necessrio para definir a identidade individual de cada mnada individual. ParaHegel, as mnadas e o mundo so os dois termos de uma tenso interna nosistema de Leibniz. Para eliminar tal tenso, Leibniz introduz o conceito de uma

    harmonia pr-estabelecida por Deus (e isso, segundo Hegel, um Deus exmachinano interior do sistema filosfico leibniziano).Ver: Hegel, 1971, 139

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    A concepo kantiana de sujeitos cognoscentes, mesmo que tenhaseus prprios problemas, evita a dificuldade da concepo de Leibniz.Ela evita a dificuldade de Leibniz por no subscrever a substancialidadedos sujeitos capazes de representar. Kant no afirma que os indivduoscognoscentes- a contrapartida kantiana das mnadas leibnizianas - soentidades substanciais. Segundo Kant, impossvel determinar se osindivduos cognoscentes so substncias.

    Kant isola vrias caractersticas dos sujeitos conhocentes em todaa primeira Crtica. O fato de que temos pensamentos (i.e.representaes) implica que ns existimos como sujeitos que pensam ourepresentam. A partir de certos fatos sobre os objetos queexperenciamos33e sobre o nosso acesso cognitivo ao mundo,34podemos

    inferir que temos certas faculdades: sensibilidade, que recebe os dadosfornecidos dos sentidos, e os coloca em uma ordem espacial e temporal;entendimento, que os sintetiza em objetos persistentes e estruturados;apercepo transcendental ou "eu penso", que nos torna conscientes dens mesmos e de nossos pensamentos, e assim por diante. Comargumentos desse tipo, Kant isola vrias funes cognitivas que cadasujeito dotado de uma experincia humana necessariamente tem. Kanttambm defende a unidade de sujeitos que representam ao longo dotempo, porque, para ter a experincia de objetos duradouros, como os

    que experenciamos na vida cotidiana, temos que ser capazes derelacionar as nossas representaes sucessivas para a mesma funocognitiva ("Eu penso).35 Ao fazer isso, Kant se ope negaohumeana da identidade de sujeitos cognoscentes atravs do tempo.36

    40; e 1992, 194, Anmerkung. Partindo de um ponto de vista muito diferente,Gabriele Tomasi (2005) avanou recentemente uma crtica semelhante aLeibniz.33

    Por exemplo, que so objetos unitrios, extensos num espao Euclidiano,persistentes atravs do tempo, e portadores de certas quantidades, qualidades erelaes casuais.34

    Por exemplo, a ligao (coniunctio) de um mltiplo em geral jamais podenos advir dos sentidos (KrV, B 129); o tempo no pode ser percebido.35Ver esp. KrV, B 13140. uma questo de disputa entre pesquisadores se asreivindicaes de Kant sobre a unidade transcendental da apercepo constituiuma defesa da unidade pessoal, ou se, para Kant, a identidade pessoal requeralgo alm da unidade transcendental da apercepo (por exemplo, um certo graude identidade fsica). Kant nega que possamos atribuir personalidade aos

    sujeitos representantes no terceiro paralogismo da razo pura (ver KrV, A 3616, B 4089). Ainda, ele atribui aos sujeitos cognoscentes uma forma de unidade

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    No entanto, tudo o que podemos saber sobre ns mesmos comosujeitos representantes so apenas capacidades ou funes de acordocom Kant. No se pode inferir a existncia de uma res cogitans(i.e. umasubstncia pensante) a partir do fato de que "eu penso".37Kant distingueum sentido forte de "substncia", expresso pela categoria esquematizadade substncia, e um sentido fraco de "substncia", expresso pelacategoria pura, ou no-esquematizada, de substncia. Uma substncia nosentido forte uma portadora de propriedades que persiste atravs dotempo. Uma substncia no sentido fraco algo que poderia existir

    como sujeito, mas nunca como um predicado simples ou como umasimples determinao ou outras coisas. Em outras palavras, umasubstncia no sentido forte uma portadora de propriedades que no

    pode ser ela mesma (em si) surgida do nada.38

    Para Kant, pelo menosem 1787, no possvel saber se os indivduos que representam sosubstncias em qualquer dos dois sentidos.

    No se pode saber se os sujeitos que representam so substnciasem sentido lato pela seguinte razo. Apenas objetos que esto no tempopersistem atravs do tempo. Pode-se saber que um objeto est no tempo,e que persiste atravs do tempo, apenas por meio da intuio.39Os sereshumanos podem saber que so seres pensantes e cognoscentes(admitindo a verdade do julgamento "eu penso" e da existncia da

    unidade transcendental da apercepo). No entanto, este umconhecimento a priori, que no tem suporte em intuies empricas. Osseres humanos no podem ter qualquer intuio emprica de si mesmoscomo sujeitos pensantes.40Como consequncia, os seres humanos no

    atravs do tempo na deduo transcendental. Para a discusso disso ver

    Ameriks, 1982, 12876.36Ver KrV, B 134.37Ver, e.g., KrV, B 4067.38Sobre o sentido forte de substncia, ver KrV, A 144/B 183. Sobre o sentidofraco de substncia, ver KrV, B 149, B 288.39Ver KrV, B 408, B 412.40Ver KrV, B 4123, e B 4289: pensamento, tomado em si mesmo, de modoalgum apresenta o sujeito da conscincia como fenmeno, simplesmente

    porque no leva em conta de modo algum o tipo de intuio, seja sensvel ouintelectual. Desta forma, eu me represento a mim mesmo nem como sou, nem

    como eu pareo para mim, mas antes eu me penso, tal como fao com osobjetos em geral, de cuja espcie de intuio eu abstraio.

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    podem saber se persistem ao longo do tempo e, portanto, se sosubstncias no sentido forte.41

    Os seres humanos podem saber se so substncias no sentidofraco? Em 1781, Kant estava inclinado a responder afirmativamente. Noentanto, acrescentou que no se pode concluir dessa cognio 'qualquerdas concluses usuais da doutrina racionalista da alma, como, porexemplo, a durao eterna da alma atravs de todas as alteraes, at amorte do ser humano.42Em 1787, Kant afirma que no podemos saberse os sujeitos cognoscentes so substncias no sentido fraco. Ele afirmaque a proposio Eu sou um sujeito no revela absolutamente nadasobre a forma de minha existncia.43Na verdade, essa proposio nodetermina "se eu posso existir e ser pensado apenas como sujeito e no

    como predicado de outra coisa".44

    Em outras palavras, o fato de que oeu pode ter propriedades no exclui que estas propriedades podemtambm ser originadas por outro ser. Isso aconteceria, por exemplo, seas substncias pensantes fossem os modos de Deus de Espinosa. Nestecaso, as propriedades surgidas de substncias pensantes tambmsurgiriam de Deus. Segundo Kant, no podemos provar que no temosesse modo no substancial de ser.45 Por isso, no sabemos se somossubstncias em sentido fraco.

    Alm de provar que no podemos saber se os sujeitos pensantes

    so substncias, Kant refuta as provas cartesianas que os sujeitoscognoscentes so substncias imateriais, simples, incorruptveis,pessoais e espirituais, e que esto em relao com os objetos no espao(isto , com corpos).46

    Como resultado, a caracterizao kantiana dos sujeitosrepresentantes - incluindo a defesa de sua unidade atravs do tempo -exclusivamente em termos de funes cognitivas, sem qualqueralegao da substancialidade de sujeitos representantes, est em ntido

    41Ver e.g., KrV, B 4212.42

    KrV, A 3501.43

    KrV, B 412 n.44

    KrV, B 419.45Seguimos aqui de perto a interpretao de Cleve, 1999, 1735.46 Ver KrV, A 338405, B 40628. Incidentalmente, Kant no pensa que amatria possa pensar. Sobre este ponto Kant difere de Leibniz, Locke e vrios

    de seus predecessores imediatos. Ver KrV, A 349; Casula, 1989; e Yolton,1984.

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    contraste com a concepo de Leibniz de sujeitos representantes, a qual baseada em seus status de substncias.47

    Concluso

    Se a nossa sugesto est correta, a principal diferena entre asconcepes de Kant e de Leibniz da relao entre sujeitos cognoscentese objetos conhecidos, no diz respeito ao status dos objetos conhecidos.Leibniz concorda com Kant que o que d consistncia ao mundo o fatode que o mundo ordenado e representado por certos sujeitos. ParaLeibniz, como para Kant, o mundo sempre o "meu" mundo, no sentidode que meus poderes de representao desempenham um papel essencial

    na constituio do mundo. Para Leibniz, como para Kant, o espao e otempo so formas subjetivas de representaes, e objetos no espao etempo so dependentes da mente. Um ponto em que Kant difereradicalmente de Leibniz o fato de Kant considerar os sujeitosrepresentantes puramente em termos de capacidades cognitivas, semqualquer compromisso com a substancialidade dos sujeitosrepresentantes. Uma caracterstica radicalmente nova da filosofia crticade Kant, se comparada com a metafsica de Leibniz, no adependncia da mente dos objetos, mas a dessubstancializao dos

    sujeitos cognoscentes.Ns no reivindicamos que este o nico contraste gritante entre

    as filosofias de Kant e Leibniz. Outras divergncias notveis dizemrespeito ao carter conceitual ou intuitivo do espao e do tempo,48 adistino gradual ou qualitativa entre a sensibilidade e o entendimento,49a possibilidade de conhecer as mnadas contra a impossibilidade deconhecer as coisas em si,50 o princpio da razo suficiente,51 e a

    47Que, pois, Kant escreva os paralogismos com a inteno deliberada de atacaras teses e os argumentos de Leibniz, outra questo. Segundo Wilson, (1974) eKitcher (1990, 198204), Kant teria escrito o segundo paralogismo para criticaras vises de Leibniz.48Ver, e.g., AA 02: 4001, 4045.49Ver, e.g., KrV, A 44/B 612, A 270/B 326; AA 07: 1401n; AA 28: 22930.50Compare-se a descrio de monadologia em KrV, A 2656/B 3212 com KrV,A 277/B 3334.51Kant critica Eberhard, e no Leibniz, por apoiar o princpio de razo suficiente

    (AA 08: 1938). Mas apesar da observao feita por Kant em AA 08: 2478, possvel extender esta crtica tambm a Leibniz.

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    classificao dos julgamentos.52 Apenas demonstramos que, seconsiderarmos o status dos objetos conhecidos e dos sujeitoscognoscentes em Leibniz e em Kant, uma divergncia inovadora deKant com respeito a Leibniz tem a ver com a dessubstancializao dossujeitos cognoscentes, enquanto a concepo de Leibniz de objetos noespao e no tempo mais semelhante posio de Kant do que esteadmite na Anfibolia dos Conceitos da Reflexo.

    Referncias

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    52Ver, por ex., Beck, 1975. Paton (1969, 75) estabelece uma conexo entre a

    crtica de Kant a Leibniz na Anfibolia (KrV A 281/B 337) e suas diferentesvises dos juzos analticos e sintticos.

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