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Razão e Emoção Capítulo 58 Pág: 1
RAZÃO E EMOÇÃO
Novela de
Rômulo Guilherme
Criada e escrita por:
Rômulo Guilherme
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Razão e Emoção Capítulo 58 Pág: 2
CENA 01. ANGRA. HOSPITAL. ENFERMARIA. INT. DIA
Continuação da última cena. Lucas, agitado; Enfermeira
aproxima-se dele.
Enfermeira - Acalme-se. Não é bom ficar agitado
desse jeito.
Lucas - Alguma notícia da Dora, minha
noiva?
Enfermeira - Ainda não. Eu sinto muito.
Lucas - Preciso sair daqui, preciso achá-
la.
Enfermeira - Você se salvou por um milagre do
acidente.
Lucas - Algo dentro de mim me diz que
minha Dora não morreu. Que ela está
viva em algum lugar.
Enfermeira - Vou buscar um calmante pra você.
A enfermeira saí. Lucas recosta na cama tentando se
acalmar.
Lucas - (abalado) Não quero um calmante.
Quero só acordar desse pesadelo.
Corta para:
CENA 02. CASA CHICO. INT. DIA
Chico e Suelen entram. Acabam de chegar do hospital.
Chico - Agora você tem que descansar.
Fazer repouso como o médico mandou.
Suelen - Vou ver o Lucas.
Chico - Eu disse que ele está bem.
Suelen - Mas quero vê-lo com meus próprios
olhos.
Chico - Deixa de ser teimosa e me obedece
pelo menos uma vez na vida, Suelen.
Suelen - Não se preocupe que estou bem. Vou
me arrumar.
Suelen pega sua bolsa e vai pro seu quarto.
Chico - (contrariado) Oh menina teimosa,
meu Deus!
Corta para:
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Razão e Emoção Capítulo 58 Pág: 3
CENA 03. CASA VIRGÍNIA. RUA. EXTERIOR. DIA
Continuação da cena 33. Cínara, sem graça, afasta-se
de Maurício, surpreso com o beijo.
Cínara - Desculpa.
Maurício - Tudo bem.
Cínara - Foi por impulso, pela felicidade
que estou sentindo.
Maurício - Não vou dizer que não gostei, pois
estaria mentindo.
Clima.
Maurício - Agora preciso ir. Mais tarde eu
volto pra buscar a Letícia. Qualquer
coisa me liga.
Cínara - Tudo bem.
Eles trocam sorrisos. Maurício entra no carro e vai
embora. Cínara fica ali, mexida.
Corta para:
CENA 04. QUARTO CÍNARA. INT. DIA
Amanda troca a roupa de Matheus. Letícia observa.
Letícia - Ele é tão pequeninho.
Amanda - Você também foi assim.
Letícia - Parece até uma das minhas bonecas.
Cínara entra com um sorriso no rosto, feliz.
Amanda - Que cara é essa, Cínara? Viu o
passarinho verde?
Cínara - Minha hora chegou, Amanda.
Amanda - Hora de quê? Do que está falando.
Cínara - Vou me mudar daqui. Vou viver em
uma mansão como eu sempre quis e
sonhei.
Amanda fica sem entender.
Corta para:
CENA 05. MADUREIRA. RUA. EXTERIOR. DIA
Clóvis, segurando uma sacola de supermercado, caminha
em direção a sua casa.
Clóvis - (voz) Não consigo mais encarar
minha mulher, dizendo que está tudo
bem, quando não está. Preciso criar
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Razão e Emoção Capítulo 58 Pág: 4
coragem e contar pra Virgínia que eu
fui demitido.
Clóvis passa na frente de um bar. A vontade de beber
vem forte. Titubeia se entra ou não, mas acaba
entrando no bar.
Corta para:
CENA 06. BAR. INT. DIA
Clóvis vai até o balcão. O garçom aproxima-se.
Clóvis - Uma cerveja bem gelada.
O garçom vai buscar a cerveja pra Clóvis. Vira a
bebida no copo e dá um gole com gosto. Instantes.
Corta para:
CENA 07. JOALHERIA. SALA DORA. INT. DIA
Sílvia entra na sala. Caminha orgulhosa, feliz,
vitoriosa.
Sílvia - Finalmente tudo isso aqui agora é
meu.
Sílvia pega um porta-retrato com uma foto onde Dora
aparece com Letícia.
Sílvia - Eu te destruí, Dora! Você, que
sempre teve tudo o que queria na
vida, que me deixava com os restos,
migalhas, agora não tem nada. Virou
comida de tubarão (ri,debochada).
Sílvia pega o porta-retrato e joga no lixo.
Corta para:
CENA 08. ANGRA. HOSPITAL. ENFERMARIA. INT. DIA
Suelen dá um grande abraço em Lucas, feliz,
emocionada.
Suelen - Fiquei com tanto medo de te
perder, Lucas.
Lucas - Estou bem, Suelen. E que bom ver
que você também está.
Suelen - Só lamento pela perda do nosso
filho. Mas agora que estamos livre
daquela mulher, podemos vivermos o
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Razão e Emoção Capítulo 58 Pág: 5
nosso amor e termos quantos filhos
quisermos.
Lucas reage e fica incomodado com o que escuta.
Lucas - Não fala besteira, Suelen. Eu não
te amo. É a Dora que eu amo e vou
amar, independente do que tenha
acontecido.
Suelen - (irônica) Amar gente morta, Lucas?
Que graça tem?
Lucas - (tom) A Dora não está morta! Eu
sinto que ela está viva.
Suelen - Se quiser continuar se enganando
tudo bem. Vou saber ser paciente e
esperar seu período de luto. Por
você eu espero o tempo que for,
Lucas, pois sei que nosso destino é
ficarmos juntos.
Lucas - Você está louca, Suelen!
Suelen - Louca por você! Quer prova maior
do que o destino nos quer juntos, do
que essa, ao ter tirado a Dora do
nosso caminho?!
Lucas - (alterado) Saí daqui, Suelen!
Suelen dá um selinho em Lucas e saí.
Lucas - (abalado) Você não pode ter
morrido, Dora. Eu não aceito isso!
Corta para:
CENA 09. IGREJA. INT. DIA
Nancy ajoelhada, com o terço na mão, diante do altar,
muito emocionada.
Nancy - (voz) Proteja a vida da Dora. Que
ela apareça e acabe com essa agonia,
com essa incerteza...
Corta para:
CENA 10. MANSÃO RAUL. COZINHA. INT. DIA
Cleide e Roberto chegam com as compras do supermercado
e colocam na mesa.
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Cleide - Acho que não esqueci de compra
nada.
Roberto - É muita frescurada que esse povo
come. Patê disso, daquilo, queijo
mofado...
Cleide - Vai terminar de buscar o resto das
compras.
Roberto saí. Carolina entra.
Carolina - Que bom que já fez as compras.
Faltou alguma coisa?
Cleide - Não. Comprei tudo o que a senhora
pediu.
Carolina - Ótimo! Sabe onde o Gustavo está?
liguei pro celular dele e ele não
atende. Ninguém me fala mais nada
nessa casa.
Cleide - Disse que ia pra praia com a Inês
e com o Eduardo.
Carolina - (contrariada) Filhos ingratos. Me
deixam de lado pra ficar com essa
mulher. Não bastando a Lívia, agora
essa mulher querendo me tirar o
Gustavo. Mas não vai conseguir.
Vamos ver quem é mais poderosa!
Carolina saí. Roberto entra com as últimas sacolas de
compras.
Roberto - Pronto. Trouxe tudo.
Cleide - A patroa tá de ovo virado.
Roberto - Que novidade! Tem dinheiro mas não
é feliz. Não sei o que adianta.
Corta para:
CENA 11. PRAIA. EXTERIOR. DIA
Gustavo e Inês brincam com Eduardo na areia.
Inês - Só faltou a Lívia aqui pra esse
passeio ficar perfeito.
Gustavo - Tenho certeza que ela sempre
estará ao nosso lado, Inês. Ao lado
das pessoas que gostam dela, que
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sempre vão lhe amar, como eu,
você...
Inês - Sinto tanto falta dela. Acho que
nunca vou conseguir superar essa
perda.
Gustavo - Vai sim. É só dar tempo ao tempo.
Logo você encontrar um novo amor,
Inês.
Inês - Ninguém vai substituir a Lívia, o
que vivemos juntas. Ninguém!
Gustavo pega Eduardo no colo.
Gustavo - Vem. Vamos pro mar. Deixar a
tristeza de lado e aproveitar o dia
lindo que está fazendo.
Inês levanta e eles vão pro mar. Tempo. Em
determinados momentos, Inês e Gustavo trocam olhares e
sorrisos.
Corta para:
CENA 12. CASA VIRGÍNIA. COZINHA. INT. DIA
Virgínia, preocupada com a demora de Clóvis. Amanda
entra.
Amanda - Tá precisando de alguma ajuda,
mãe?
Virgínia - Não, filha. Tá tudo adiantado. Mas
estou preocupado com seu pai.
Amanda - Por quê?
Virgínia - Pedi pra ele ir no supermercado
pra mim, mas está demorando tanto.
Será que aconteceu alguma coisa?
Amanda - Quer que eu vá atrás dele?
Virgínia - Quero, Amanda. Tô com um aperto no
peito...
Amanda - Calma, mãe. Eu vou atrás do pai.
Amanda saí. Virgínia fica agoniada.
Corta para:
CENA 13. CONSTRUTORA. SALA RAUL. INT. DIA
Raul em sua mesa; Carolina, agitada, anda de um lado
pro outro.
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Raul - Senta, Carolina. Está me deixando
tonto assim.
Carolina - Me deixa, Raul. Estou nervosa.
Raul - Então fala o que aconteceu.
Chegou, não falou nada e fica aí
andando de um lado pro outro, como
barata tonta.
Carolina - A Inês parece que não vai sossegar
enquanto não afastar de vez o
Gustavo do nosso convívio. Agora ele
vive colado com essa mulher.
Raul - E qual o problema nisso?
Carolina - Ela está fazendo a cabeça do nosso
filho, Raul. Você não percebe isso?
Fazendo o Gustavo se voltar contra
mim, sua mãe.
Raul - Não vou mais falar sobre isso,
Carolina. Já gastei meu repertorio
todo com você, que não percebe que
quem afasta seus filhos é você
mesma, com esse seu jeito de querer
controlar tudo, ter sempre todos a
sua volta.
Carolina - Agora mesmo o Gustavo está lá na
praia com ela e com o nosso neto.
Quem não conhece até pode imaginar
que eles são a típica família de
comercial de margarina: pai, mãe e
filho, sorridentes e felizes.
Raul - Para de ser tão crítica, Raul.
Carolina - Sou realista, meu querido. É
diferente. Não fico tapando o sol
com a peneiro. Eu falo a verdade!
Raul - O Gustavo está dando apenas uma
força pra Inês, nesse momento tão
complicado que é a dor da perda.
Carolina - E pra mim, que perdi minha filha,
quem está me dando força?
Raul - Você culpa a Inês de afastar
o Gustavo de você. Mas quem está
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Razão e Emoção Capítulo 58 Pág: 9
fazendo isso é você mesma, Carolina,
levando essa história de querer a
guarda do Eduardo. Ao invés de
ficarmos unidos, você está desunindo
nossa família.
Carolina - Se eu não tivesse tanta certeza da
opção sexual da Inês, eu diria que
ela está dando em cima do nosso
filho.
Raul - Que absurdo, Carolina. Olha o que
você está falando. Você está
perdendo o senso e chegando ao
cumulo do ridículo.
O celular de Raul toca. Ele pega o aparelho. É
Mafalda. Fica tenso. Olha pra Carolina.
Carolina - Não vai atender?
Raul desliga a chamada.
Raul - É da operadora de celular,
querendo me oferecer um outro plano.
Já tinham me ligado antes de você
chegar. Ficam insistindo,
insistindo.
Carolina - Esse povo é cansativo mesmo.
Carolina pega sua bolsa.
Carolina - Vou deixar você trabalhar. Vou
almoçar com a Luíza. Ela me
convidou.
Carolina dá um selinho em Raul.
Raul - Bom almoço e manda lembranças pra
Luíza.
Carolina - Eu vou sim. E você se almoça
direito. Fica só trabalhando, que
esquece de se alimentar bem.
Carolina saí. Raul fica mais aliviado.
Corta para:
CENA 14. MADUREIRA. BAR. INT. DIA
Clóvis, já visivelmente alcoolizado, alterado pela
bebida, está na mesa, terminando de beber a cerveja do
copo.
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Clóvis - Me trás outra cerveja.
O garçom lhe trás outra cerveja e serve Clóvis, que
bebe novamente. Começa tocar a música: Samba do avião.
Clóvis se anima.
Clóvis - Aumenta o som. Isso que é música
de verdade. E não essas porcarias de
hoje em dia.
Clóvis deixa-se levar pela música. E quando vira-se
pra rua, dá de cara com Amanda. Trocam olhares.
Corta pra:
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1° INTERVALO COMERCIAL
CENA 15. MADUREIRA. BAR. INT. DIA
Continuação imediata. Clóvis, sem graça; Amanda,
decepcionada.
Amanda - (pra baixo) Vamos pra casa, pai. A
mãe está preocupada com você.
Clóvis - (envergonhado) Sua mãe não pode me
ver assim, Amanda.
Amanda - Então por que não pensa nela antes
de beber, já que em você mesmo
deixou de pensar, pai?
Clóvis - Não quero decepcionar sua mãe,
Amanda, fazê-la sofrer.
Amanda - Como você não quer decepcionar
minha mãe desse jeito, pai. Olha pra
você, o jeito que você está. Seu
estado é de dar pena, dó!
Clóvis - Não é fácil como parece, filha...
Amanda - Posso imaginar que não. Mas o
primeiro passo é você reconhecer que
você precisa de ajuda, pai. Que você
é um alcoólatra.
Clóvis - É mais forte do que eu.
Amanda - Lute contra isso. Se você quiser
ajuda, vamos te ajudar, mas o
primeiro passo quem tem quem dar é
você.
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Clóvis fica muito abalado, mexido. Até que não agüenta
e explode.
Clóvis - Eu perdi o emprego, Amanda. Sou um
fracassado.
Clóvis começa a chorar. Amanda, surpresa, abraça o
pai, lhe amparando.
Corta para:
CENA 16. MADUREIRA. RUA. EXTERIOR. DIA
Lupe está grafitando o rosto de Nicole. Instantes.
Melissa aparece. Lupe é pego de surpreso ao vê-la.
Lupe - Oi, Melissa.
Melissa - O Cazé me disse que você estava
aqui. E pelo que vejo está
grafitando novamente o rosto da
Nicole.
Lupe - Estava mesmo querendo falar com
você.
Melissa - Não precisa dizer nada, Lupe. Já
sei que vocês voltaram.
Lupe - Queria me desculpar se feri seus
sentimentos. Não era minha intenção.
Mas é a Nicole quem eu amo.
Melissa - Tudo bem, Lupe. Não escolhemos
quem amar.
Lupe - Só não queria perder sua amizade.
Melissa - Não me peça isso, pois não posso
te prometer nada. Vim mesmo pra
colocar um ponto final no nosso
lance e te liberar pra você ficar
com Nicole sem culpa de estar me
traindo ou algo assim.
Melissa vai embora. Lupe fica pensativo.
Corta para:
CENA 17. QUARTO CÍNARA. INT. DIA
Camila e Cínara. Conversa a meio.
Cínara - Quando eu vi, já tinha lhe dado um
beijo de tão feliz que eu fiquei com
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o convite de morar na mansão pra
onde ele vai se mudar.
Camila - E o Maurício?
Cínara - Ficou surpreso com o beijo, mas
retribuiu. Em senti que ele gostou e
depois confessou isso.
Camila - Não acha tudo isso muito estranho
não, Cínara? Te convidar pra morar
com ele, depois de ter criado um
ódio mortal por você?
Cínara - As pessoas mudam, Camila. Se
redimem pelo que de errado fizeram.
Camila - Não sei não, viu. Meu faro está me
dizendo que tem algo errado nisso.
Cínara - Achei que você ia ficar feliz ao
saber que finalmente meu sonho de me
mudar desse bairro, dessa casa, vai
se concretizar.
Camila - É claro que estou feliz, Cínara.
Sempre torcei por você, pra
conseguir o que queria. Só estou
preocupada. Conheço cheiro de
roubada de longe.
Cínara - Não precisa se preocupar. Vai
ficar tudo bem. (animada) Já até me
vejo na piscina, tomando um sol,
aproveitando todas as mordomias da
mansão pra onde vamos nos mudar...
Corta para:
CENA 18. QUARTO VIRGÍNIA. INT. DIA
Clóvis entra, seguido por Amanda e Virgínia, que entra
falando.
Virgínia - (exaltada) Você bebeu de novo,
Clóvis?!
Clóvis senta na cama e fica de cabeça baixa.
Virgínia - Não precisa nem responder. Dá pra
sentir o cheiro da bebida, do álcool
em você.
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Amanda - Sei que você tá nervosa, mãe. Mas
escuta o que o pai tem pra dizer.
Virgínia - Estou cansada de ouvir desculpas,
pedidos de perdão, Amanda. Já não
agüento mais essa situação. Seu pai
tem que entender de uma vez por
todas que ele tem uma doença.
Clóvis - Eu perdi o emprego, Virgínia.
Virgínia é pega de surpresa e fica em choque.
Virgínia - Como é que é? Você perdeu o
emprego?
Clóvis - Fui demitido, Virgínia.
Virgínia - Como aconteceu isso, Clóvis?
Clóvis - Meu chefe me pegou bebendo no
serviço e me demitiu por justa
causa.
Virgínia fica arrasada.
Virgínia - A que ponto você deixou chegar seu
vício, Clóvis. Perdeu o emprego,
aquela vez quase morreu afogado...
Que mais precisa acontecer pra você
perceber que precisa de ajuda? Que é
um alcoólatra, que não tem domínio
pela bebida?
Clóvis ajoelha-se diante de Virgínia.
Clóvis - Perdão, Virgínia. Desculpa.
Virgínia senta na cama arrasada.
Virgínia - Estou tão cansada, Clóvis. Essa
sua demissão me enterrou viva, viu.
Clóvis - Eu quero parar de beber. Mas
preciso de ajuda.
Amanda - Vamos te ajudar, pai. Você não
está sozinho nessa, não é, mãe?
Virgínia fica calada. Clóvis e Amanda trocam olhares.
Clóvis - Sem você do meu lado eu não vou
ter forças pra lutar contra a
bebida, Virgínia. Você é minha base,
meu alicerce.
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Razão e Emoção Capítulo 58 Pág: 14
Virgínia - É a última vez, Clóvis. Se você
não for até o fim nesse tratamento
eu me separo de você!
Virgínia firme, segura; Clóvis assustado.
Corta para:
CENA 19. RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. TARDE
Planos gerais. Corta para:
CENA 20. SHOPPING. INT. TARDE
Ricardo e Théo caminham pelo corredor. Ricardo
segurando uma sacola de compra.
Ricardo - Gostou da chuteira?
Théo - Gostei, pai. Agora tenho que
estréia-la
Ricardo - Amanhã mesmo vamos estréia-la. Vou
te levar pra jogar bolo como te
prometi.
Théo - (feliz) Bola nova, chuteira nova,
vou fazer um montão de gols...
Eles passam em frente a uma loja de bolos e doces.
Théo fica cheio de vontade com as guloseimas.
Ricardo - Não tinha visto essa loja ainda.
Théo - Compra um cupcake pra mim, pai?
Ricardo - Compro. Vamos entrar.
Ricardo e Théo entram.
Corta rápido para:
CENA 21. SHOPPING. LOJA BOLOS E DOCES. INT. TARDE
Théo escolhe um cupcake. Ricardo observa. Arminda vem
do interior da loja e fica surpresa ao ver Ricardo.
Ambos se reconhecem.
Arminda - (sem acreditar) Ricardo? É você
mesmo?
Ricardo - Arminda? Nossa, quanto tempo.
Eles se abraçam.
Arminda - Você não mudou nada.
Ricardo - Essa loja é sua?
Arminda - É sim. Nossa, que surpresa boa te
encontrar.
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Razão e Emoção Capítulo 58 Pág: 15
Ricardo - Não tive mais notícias suas. Achei
que estava morando na França.
Arminda - Resolvi voltar e ter meu próprio
negócio.
Théo aproxima, já comendo o cupcake.
Ricardo - Deixa eu te apresentar: esse é meu
filho, Théo. E Théo, essa é uma
amiga do pai.
Arminda - Prazer, Théo. Tá gostoso o
cupcake?
Théo - Muito bom.
Arminda - Eu e minha equipe que fazemos.
Pega outro lá. É por conta da casa.
Théo vai escolher mais um bolinho.
Arminda - Ele é lindo. Parabéns! Parece mais
com a mãe ou com você?
Ricardo fica incomodado, mas não dá bandeira.
Ricardo - Uma mistura dos dois.
Arminda - Vamos marcar de tomarmos um café
juntos. Temos muita coisa pra
conversar, depois de todo esse tempo
separados.
Ricardo - Depois de tantos anos nos
encontrando novamente...
Arminda - Será o destino querendo nos
reatar? (rindo sem graça) Desculpa
falar assim. Nem sei se você namora,
se tem alguém.
Ricardo - Eu era casado. Mas isso é uma
longa história, que no nosso café eu
conto.
Eles riem sem graça. Clima.
Ricardo - Agora vamos, Théo. (pra
funcionária) Quanto deu?
Arminda - Não é nada. É um presente.
Ricardo - Agradece, filho.
Théo - Obrigado.
Arminda pega um cartão seu e entrega pra Ricardo.
Arminda - Me liga. Vamos marcar esse café.
Ricardo - Pode deixar.
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Razão e Emoção Capítulo 58 Pág: 16
Eles despendem-se e depois Ricardo com Théo vai
embora.
Arminda - Um amor do passado? Acho que era
isso que estava faltando pra me
realizar totalmente.
Corta para:
CENA 22. RESTAURANTE. SALÃO. INT. TARDE
Carolina e Luíza almoçando. Luíza séria; Carolina
percebe Luíza estranha.
Carolina - Que foi, Luíza? Eu aqui falando
tanto, até minha boca ficar quase
seca e você soltando apenas
monossílabas. Tão calada, séria.
Luíza - Te chamei pra esse almoço com a
intenção de te contar uma coisa que
vi e descobri, Carolina.
Carolina - (preocupada) Você está me
assustando assim.
Luíza - Vou ser direta e sem rodeio, pra
evitar lhe causar a menor dor
possível.
Carolina - O que aconteceu?
Luíza - Você estava desconfiada de que o
Raul poderia estar lhe traindo, não
é? Eu tive a prova de que ele está
tendo um caso.
Carolina leva um choque. Instantes.
Carolina - (sem acreditar) O Raul me traindo?
Luíza - Eu vi o Raul com a Mafalda juntos,
bem íntimo num restaurante.
Close de Carolina completamente surpresa.
Corta para:
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2° INTERVALO COMERCIAL
CENA 23. RESTAURANTE. SALÃO. INT. TARDE
Continuação imediata. Carolina chocada, abalada, sem
acreditar no que Luíza lhe disse.
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Razão e Emoção Capítulo 58 Pág: 17
Carolina - (desesperada) Não pode ser. Isso
não pode ser verdade. Não pode ser!
Luíza - Eu sinto muito em estar te
contando isso, Carolina. Mas não
podia esconder isso te você. Estaria
te enganando como eles. Sendo
cúmplice dessa traição.
Carolina - Meu marido e minha amiga juntos?
Me traindo?
Luíza - Fiquei tão chocada ao ver a
intimidade que eles estavam. Não era
um encontro de amigos, mas sim
encontro de um casal.
Carolina - Então foi por isso que a Mafalda
se afastou de mim. Aquela vadia,
piranha. Ficam se encontrado as
escondidas, como dois ratos de
esgotos. Aposto que a Mafalda fez do
seu escritório um motel. Burra,
idiota. Como eu não percebi isso.
Luíza - Não fica se culpando assim,
Carolina.
Carolina - Nunca imaginei que o Raul fosse
capaz de fazer isso comigo. Eu, sua
mulher de tantos anos, que sempre
estive do seu lado nos momentos bons
e ruins. Não merecia essa punhalada
no coração. (t)Me leva embora daqui,
Luíza. Por favor.
Luíza chama o garçom e pede a conta.
Carolina - (arrasada) Quero morrer!
Luíza - Bebe um pouco de água.
Carolina - Não quero água. Quero acabar com
esses dois!
Corta para:
CENA 24. AP. INÊS. COZINHA. INT. TARDE
Inês e Gustavo almoçam. Conversa a meio.
Inês - Minha vontade era ir lá e contar
toda a verdade pra sua mãe sobre ela
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Razão e Emoção Capítulo 58 Pág: 18
estar sendo traída. Mas não quero
descer no mesmo nível do que ela e
principalmente não quero te magoar.
Gustavo - Não sei qual será a reação da dona
Carolina quando descobrir tudo. Vai
ser uma barra!
Inês - Quem sabe se um dia essa verdade
vier a tona, possa fazer com que ela
se torna mais humana e sensível,
percebendo que ninguém é intocável.
Corta para:
CENA 25. MANSÃO RAUL. QUARTO. INT. TARDE
Carolina acaba de jogar um vaso na parede,
extremamente nervosa, alterado. Anda de um lado pro
outro.
Carolina - Desgraçados! Me traindo debaixo do
meu nariz. Telefonemas misteriosos,
viagem que eu não podia ir junto,
ida ao estúdio de dança fora dos
dias que íamos... Como eu fui
burra de não ter me dado conta de
que o Raul tinha outra. E que essa
outra era quem eu considerava como
uma grande amiga. Piranha!
Carolina pega outro objeto e joga longe.
Corta rápido para:
CENA 26. MANSÃO RAUL. CORREDOR. INT. TARDE
Cleide, super preocupada, escutando atrás da porta.
Cleide - Ela descobriu tudo!
Corta para:
CENA 27. MANSÃO RAUL. QUARTO. INT. TARDE
Carolina senta na cama, espumando de raiva, de ódio.
Insert da cena 17, do capítulo 50.
Carolina - Ficavam se encontrando pelas
minhas costas, enquanto a idiota
aqui ficava preocupada, ligando,
querendo saber se ia demorar pra
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Razão e Emoção Capítulo 58 Pág: 19
chegar... Mas isso não vai ficar
assim. Não vai mesmo!
Corta para:
CENA 28. HOSPITAL. ENFERMARIA. INT. TARDE
Lucas está deitado, com a cabeça de lado, distante,
pensativo. Insert de cenas dele e da Dora juntos. Fica
muito emocionado. Lágrimas rolam pelo seu rosto ao
lembrar-se de tudo o que eles viveram.
Lucas - Será que não vamos ser felizes
juntos, meu amor. Esse é o nosso
destino?
Corta para:
CENA 29. JOALHERIA. SALA PRESIDÊNCIA. INT. TARDE
Sílvia na mesa. Leonel caminha, tocando em alguns
objetos.
Sílvia - Hoje vou me acabar naquela boate.
Dançar até gastar meu salto. Riscar
aquela pista de dança toda.
Leonel - Acho que finalmente você conseguiu
o que queria, Sílvia: se livrar da
sua irmã e ser dona de tudo que ela
tem.
Sílvia - Dei uma forcinha pra isso. Mas sei
que é merecimento por tantos sapos
que tive que engolir por culpa dela.
Leonel - Uma coisa eu nunca entendi
direito.
Sílvia - O quê?
Leonel - De onde vem toda essa raiva que
você sente, nutre pela Dora?
Sílvia - Dora sempre foi à queridinha dos
meus pais, a preferida. Eu era a
enjeitada, a que recebida o resto,
as migalhas, o que sobrava de tudo,
inclusive do amor dos meus pais. E
ver a Dora subindo na vida, se dando
bem, me deixou com mais raiva dela
que eu já tinha. Cresci com a
certeza de que se ela não existisse
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Razão e Emoção Capítulo 58 Pág: 20
tudo seria diferente. E um dia eu
jurei que eu iria destruí-la e esse
dia chegou!
Corta para:
CENA 30. AP. TÚLIO. QUARTO MARCOS. INT. TARDE
Marcos no celular.
Marcos - (cel.) Mais tarde passo aí e te
pego pra gente sair... Tudo bem
então. Beijo.
Marcos desliga. Em seguida seu celular toca de novo.
Ele pega e atende.
Marcos - (cel.) Fala, Túlio.
Corta para:
CENA 31. DELEGACIA. SALA DELEGADO. INT. TARDE
Túlio falando no telefone da mesa do delegado, que
está sentado em sua frente. Um policial ao fundo.
Alternar com cena anterior.
Túlio - (tel.) Me meti numa grande
enrascada, Marcos.
Marcos - (cel./preocupado) O que aconteceu?
Túlio - (tel.) Tô preso. Os policiais me
pegaram lá no morro comprando pó.
CENA 33. QUARTO MARCOS. INT. TARDE
Marcos no celular.
Marcos - (cel.) Calma. To indo praí. Vou
levar um advogado também. (t) Sei
qual é sim.
Marcos desliga e já faz nova ligação.
Marcos - (cel.) Mãe.
Corta para:
CENA 34. ESCRITÓRIO ARQUITETURA. INT. TARDE
Cíntia em sua mesa, falando no celular. Bárbara perto.
Cíntia - (cel.) É sim, Marcos. Por quê?
(surpresa) Preso? (t) Tudo bem. Vou
pedir pro Heitor te encontrar na
delegacia.
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Razão e Emoção Capítulo 58 Pág: 21
Cíntia desliga.
Bárbara - Escutei delegacia? O que
aconteceu?
Cíntia - O amigo do Marcos foi preso.
Aposto que foi pego com droga.
Cíntia faz uma ligação no telefone da sua mesa.
Cíntia - (tel.) Oi, amor... Preciso de um
grande favor...
Cíntia continua falando sem áudio.
Corta para:
CENA 35. MOTEL. QUARTO. INT. TARDE
Raul e Mafalda estão juntos, depois de se amarem.
Conversa a meio.
Mafalda - Não consigo esquecer esse pesadelo
que eu tive, onde a Carolina
descobria tudo e nos matava. Foi
horrível.
Raul - Como você mesma disse, foi um
pesadelo. Já passou!
Mafalda - Mas parecia tão real. Nem consegui
dormir mais depois disso.
Raul - A Carolina está tão focada em
querer tirar o Eduardo da Inês, que
nem tem tempo pra desconfiar de
nada, Mafalda.
Mafalda - Meu medo é se por acaso ela
descubra. Essa cidade é um ovo. Todo
mundo parece que se conhece.
Raul - É só continuarmos tomando os
mesmos cuidados que tomamos. E agora
para de se preocupar. Não quero ver
essa carinha de preocupação não. Só
de felicidade e de prazer.
Raul vira-se e beija Mafalda, que se entrega e eles se
envolvem novamente.
Corta para:
CENA 36. QUARTO CAROLINA. INT. TARDE
Carolina pensativa. Roberto aparece na porta.
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Razão e Emoção Capítulo 58 Pág: 22
Roberto - Mandou me chamar?
Carolina - Sim. Entra e fecha a porta.
Roberto entra e fecha a porta.
Carolina - Preciso de um favor.
Roberto - Qual?
Carolina - Que me consiga uma arma.
Roberto fica surpreso com o pedido. Carolina decidida.
Corta para:
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FIM DO CAPÍTULO