nota tecnica sae final
DESCRIPTION
SAETRANSCRIPT
-
o desafio garantir que esse patrimnio natural possa
continuar gerando benefcios aos seres humanos e ao
planeta de maneira sustentvel.
As florestas (nativas e plantadas) ocupam aproximada-
mente 31% da superfcie terrestre (FAO, 2010). A despei-
to de participarem com apenas 7% do total dessa rea,
as florestas plantadas desempenham um importante
papel nas estratgias de conservao. Alm disso, desta-
cam-se como instrumento de uso sustentvel voltado
garantia do suprimento futuro de matria-prima florestal
para um planeta com demandas crescentes.
As florestas plantadas cobrem 264 milhes de hectares e
sua expanso da ordem de 5 milhes de hectares por
ano em mdia, segundo dados da FAO (2014). Vrias
estimativas indicam que elas provm entre 1/3 e 2/3 da
demanda global de madeira em tora para fins industriais
(EFIATLANTIC, 2013).
No Brasil, verifica-se tendncia semelhante. O pas possui
uma das maiores reas florestais do globo, com 463 mi-
lhes de hectares, ou 54,4% da rea do pas (SFB, 2013).
Destes, 7 milhes de hectares correspondem a florestas
plantadas (menos de 1% da rea do pas). Essa pequena
rea relativa capaz de suprir quase 90% do total da
oferta de madeira em tora industrial, 81,5% do carvo
vegetal e 62,3% da lenha produzida internamente, con-
forme demonstra a figura 1 (IBGE, 2013).
T C N I C A S S A ENOTAS
N O T A S T C N I C A S S A E
1. Introduo
A Secretaria de Assuntos Estratgicos da Presidncia
da Repblica (SAE/PR) iniciou em 2009 um processo de
articulao para a construo de uma proposta de Po-
ltica Nacional de Florestas Plantadas. O objetivo princi-
pal era propor um conjunto de orientaes condizentes
com a contribuio potencial que o setor de florestas
plantadas pode dar ao desenvolvimento sustentvel
nacional.
Passados quatro anos, a presidente da Repblica anun-
ciou a insero da referida poltica no mbito da maior
estratgia de planejamento rural brasileiro, o Plano Agr-
cola e Pecurio 2014/2015.
A presente Nota Tcnica sintetiza os fundamentos e as li-
nhas mestras que a SAE/PR entende como fundamentais
para a construo das bases para a Poltica Nacional de
Florestas Plantadas.
2. Contexto global e
perspeCtIvas naCIonaIs
Produtos e servios advindos das florestas so cruciais
para sustentar qualquer processo de desenvolvimento,
seja em nvel local, regional ou global. A percepo da
sociedade sobre essa realidade cada vez mais clara, e
SECRETARIA DE ASSUNTOS ESTRATGICOS DA PRESIDNCIA DA REPBLICA N M E R O 0 1 | JUN 2014
FLORESTAS PLANTADAS: BASES PARA A POLTICA NACIONAL
-
N O T A S T C N I C A S S A E
interno. Se considerarmos exportaes do agronegcio
em 2013, os produtos florestais esto entre os quatro
mais importantes, com 10% do valor total, atrs apenas
dos complexos soja (31%), carne (17%) e sucroalcoolei-
ro (14%). Vale ressaltar que o agronegcio brasileiro res-
pondeu por 41% do total das exportaes brasileiras em
2013, chegando a quase US$ 100 bilhes. A figura 2 ilus-
tra a evoluo da superavitria balana comercial do setor.
Figura 2. Evoluo da balana comercial de produtos
de florestas plantadas no Brasil, 2002-2012.
Fonte: ABRAF, 2013.
Apesar das estatsticas favorveis do setor, o pas ainda
tem muito a avanar para aproveitar bem seu potencial
econmico.
A participao de produtos florestais brasileiros repre-
senta menos de 3% do comrcio anual internacional,
que supera o valor de US$ 230 bilhes conforme apre-
senta a figura 3 (FAOSTAT, 2014).
Figura 3. Evoluo do comrcio mundial de produtos
florestais e do Brasil, 2002-2012
Fonte: FAOSTAT, 2014.
100%
80%
60%
40%
20%
0%Madeira em Tora Carvo Vegetal Lenha
Florestas Plantadas Extrativismo
37,7%18,5%10,2%
62,3%81,5%89,8%
2,0
2002 2003 2004 2005
Saldo Exportao Importao
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
4,0
6,0
8,0
10,0
US$
bilh
o
Figura 1. Participao percentual das florestas
plantadas e do extrativismo vegetal na produo de
madeira em tora, carvo vegetal e lenha no Brasil,
2011-2012.
Fonte: IBGE, 2013.
Essa realidade explicada por vrios fatores. Dentre os
principais, podemos destacar:
Alta produtividade das espcies florestais plantadas
no pas, fruto de mais de um sculo de investimentos
em pesquisa e desenvolvimento em melhoramento
gentico pelo governo, academia e setor privado.
Maior conscientizao da sociedade com relao ao
meio ambiente, com aumento das restries socio-
ambientais.
Demanda por maior disponibilidade de produtos flo-
restais com melhores padres de qualidade, como
o caso dos segmentos de celulose & papel, painis
reconstitudos e siderurgia a carvo vegetal.
Reduo da produo de matria-prima florestal de
origem nativa na Caatinga, Cerrado, Mata Atlntica
e tambm na Amaznia, onde nessa ltima a lenha
estimada em 50% (SFB & IMAZON, 2010).
Licenciamento ambiental simplificado
A cadeia produtiva florestal muito ampla e envolve di-
versos segmentos importantes para o PIB do pas, como
celulose e papel, ao, mobilirio, construo civil e naval,
embalagens, e os setores energtico, farmacutico, qu-
mico e alimentcio.
A contribuio para a economia brasileira relevante no
apenas do ponto de vista de abastecimento do mercado
300.000.000
6.000.000
8.000.000250.000.000
200.000.000
4.000.000150.000.000
100.000.0002.000.000
50.000.000
02002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
US$
1.00
0
Mundo Brasil
-
N O T A S T C N I C A S S A E
10.000.000
20132005
Produo Consumo Interno
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
m
8.000.000
6.000.000
4.000.000
2.000.000
0
Se analisarmos de maneira segmentada o setor, poss-
vel perceber uma forte diferenciao em termos de com-
petitividade internacional. No caso da celulose, somos o
4 produtor mundial, tendo alcanado em 2012 cerca de
14% do comrcio mundial, que foi de US$ 30,6 bilhes.
No caso do papel, somos o 9 produtor mundial, mas
nossa participao no comrcio internacional foi menos
de 2% no mesmo ano.
Para os demais produtos temos um volume significativo
de produo, mas com participao internacional inci-
piente. Para a siderurgia a carvo vegetal, por exemplo,
somos tambm o 9 maior produtor de ferro-gusa, mas
nossa participao em nvel mundial inferior a 3%, sem
considerar que a participao do carvo vegetal na pro-
duo do ferro-gusa gira em torno de 24% (CGEE, 2014).
O mesmo ocorre no segmento de painis de madeira re-
constitudos, importante segmento fornecedor de mat-
ria-prima para indstrias de mobilirio e construo civil.
Nossa produo atual, apesar de crescente, suficiente
para atender a demanda interna (figura 4). A mesma ten-
dncia observada para os segmentos de madeira sli-
da, laminados, compensados e produtos de maior valor
agregado.
Figura 4. Evoluo da produo e do consumo
interno de painis reconstitudos (m3) no Brasil,
2005-2013
Fonte: ABIPA, 2014.
3. relevnCIa soCIoambIental
Em fruns internacionais houve uma evoluo significati-
va do entendimento dos benefcios que as florestas plan-
tadas prestam sociedade, principalmente no que tange
complementaridade e garantia de renda para produto-
res rurais, bem como sua contribuio para minimizar
impactos do aquecimento global e contribuir para a re-
duo de emisses de gases de efeito estufa (GEE).
O maior crescimento do mercado de energia da madeira
e de biocombustveis em geral guarda forte relao com
uma maior adoo de metas de reduo de emisso de
CO2 por pases desenvolvidos e em desenvolvimento.
As florestas plantadas so fontes alternativas matria-
prima oriunda de desmatamentos ilegais, auxiliando
desta forma na reduo das emisses de GEE decorren-
tes do desflorestamento, que representa cerca de 25%
das emisses mundiais. Estudos indicam que as flores-
tas plantadas na Terra sequestram cerca de 1,5 gigatons
de emisses de dixido de carbono equivalente por ano
(AFIATLANTIC, 2013).
O Brasil estabeleceu, em 2009, compromisso nacional vo-
luntrio, previsto em lei1, para reduzir o total de emisses
de dixido de carbono equivalente (CO2eq) entre 1.168
milhes e 1.259 milhes de CO2eq. As florestas plantadas
so elementos importantes nessa estratgia, pois esto
includas diretamente em trs planos setoriais (Planos
ABC, Siderurgia e Indstria/Celulose & Papel)2. Florestas
plantadas so por sua natureza sumidouros naturais de
carbono, tanto na fase de crescimento das florestas (figu-
ra 5) quanto nos produtos com origem na madeira.
1 Lei n. 12.187, de 29 de dezembro de 2009 e Decreto n. 7.390, de 9 de dezembro de 2010.2 Principalmente por meio do incremento, na siderurgia, da utilizao de carvo vegetal originrio de florestas plantadas e melhoria na eficincia do processo de carbonizao; na ampliao do sistema Inte-grao Lavoura-Pecuria-Florestas (ILPF) em 4 milhes de hectares; na expanso do plantio de florestas em 3 milhes de hectares.
-
N O T A S T C N I C A S S A E
Figura 5. Fixao de dixido de carbono ao longo da
vida de um eucaliptal
Fonte: CANAVIEIRA, 2006.
Segundo informaes setoriais, as florestas plantadas no
Brasil tm atuao positiva no processo de estocagem
de carbono, j que h uma absoro de 1,3 bilho de
toneladas de dixido de carbono equivalente (CO2eq)
por ano, quantidade ainda mais relevante caso se consi-
dere que as emisses do setor de florestas plantadas so
de somente 7,4 milhes de toneladas de CO2eq anuais
(CARVALHAES, 2014).
Na questo social, fato que no Brasil, bem como na
maioria dos pases em desenvolvimento, os pequenos
e mdios proprietrios rurais e agricultores possuem
florestas e dependem delas para a sua subsistncia. H
um grande nmero de pessoas cujo emprego depende
de trabalho em viveiros e em indstrias de base florestal,
preparao de terrenos, estabelecimento e manuteno
de plantaes, etc. Estudos tambm mostram a impor-
tncia das plantaes e das rvores fora da floresta como
suporte sobrevivncia, segurana alimentar e reduo
da pobreza. Ainda, necessrio salientar que a lenha
uma importante fonte de energia para uso domiciliar nas
propriedades rurais do Brasil.
As florestas plantadas no pas tambm so as com maior
nvel de atendimento s normas de responsabilidade so-
cioambiental reconhecidas em nvel internacional. No Bra-
sil existem dois grandes selos de certificao florestal, o
Cerflor, que detm 1,9 milho de hectares certificados de
florestas plantadas, e o FSC Brasil, que possui 4,4 milhes
de hectares, sendo a 5 maior rea certificada do planeta.
4. CenrIos perspeCtIvos
H perspectivas positivas quanto ao crescimento setorial.
Simulaes realizadas por Ferreira Filho (2013) a partir de
modelos de equilbrio geral indicam que os setores de ce-
lulose & papel e produtos de madeira devero apresentar
at 2025 um crescimento acumulado de 391% e 210%,
respectivamente, em relao ao ano de 2005.
Aspectos relevantes levantados pela FAO (2009) para o
forte desenvolvimento do setor de floretas plantadas no
mundo esto relacionados: i) s alteraes demogrfi-
cas; ii) ao aumento de renda da populao; iii) ao cresci-
mento econmico contnuo; iv) s mudanas regionais;
v) s polticas energticas; e vi) s campanhas de promo-
o do uso da madeira.
Segundo dados da SAE/PR (2014), os nmeros indicam
que ocorreu uma considervel mobilidade social nos l-
timos anos no Brasil. Entre 2004 e 2010, 32 milhes de
pessoas ascenderam classe mdia, e 19,3 milhes sa-
ram da pobreza. Os 95 milhes de brasileiros que com-
pem a nova classe mdia correspondem a 50,5% da
populao, ganhando relevncia do ponto de vista eco-
nmico, detendo 46% do poder de compra e superando
inclusive as classes A e B (44,12%) e D e E (9,65%).
Em vista disso, a melhoria do desempenho econmico
do pas levar ao aumento da demanda por produtos
florestais. O aumento do consumo de ao, mveis, de
energias renovveis, embalagens, celulose, papel e ou-
tros produtos florestais so tendncias vlidas para diver-
sos segmentos do setor.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
450
00
8100
12150
16200
20250
24300
28350
32400
rvore de eucalipto Fixao Anual
ton
CO2 fi
xado
por
ha
(acu
mul
ado)
ton
CO2 fi
xado
por
ha
(por
ano
)
-
N O T A S T C N I C A S S A E
O Brasil apresenta baixo nvel de consumo de produtos
florestais se comparado a pases onde a economia de
base florestal mais consolidada. Segundo BRACELPA
(2014), o consumo aparente de papel per capita no Brasil
da ordem de 48,6 kg/habitante, ndice abaixo da mdia
mundial (57 kg/hab) superada por pases como Mxico
(63,9 kg/hab), Chile (68,6 kg/hab) e China (68,6 kg/hab)
e muito distante dos pases desenvolvidos, como Ale-
manha (242,6 kg/hab) e Finlndia (280,6 kg/hab).
4.1. A demAndA por energiA de biomAssA
A demanda por energia de biomassa tende a aumentar
no Brasil e no mundo. A oferta de biomassa florestal se
d por resduos (florestais, industriais ou urbanos) ou
oriunda de plantaes de florestas energticas. Os res-
duos florestais tm a maior oportunidade a curto prazo,
enquanto a oferta de matria-prima oriunda de plan-
taes de finalidade exclusivamente energtica ainda
incipiente. No Brasil existe grande potencial de desen-
volvimento a mdio prazo. O mercado internacional de
biocombustveis de resduos florestais (pellets) foi de US$
1,6 bilho em 2012, dominado pelo Canad e Estados
Unidos, com tendncia de crescimento (FAOSTAT, 2014).
Fortemente associado atividade agrcola crescente (se-
cagem de gros e movimentao de caldeiras), o uso da
biomassa tambm largamente utilizado no mbito do
consumo domiciliar da lenha, bem como pelas indstrias
alimentcia, de papel & celulose, cermica vermelha, ges-
so e ferro-gusa. A biomassa florestal tambm se apre-
senta como um dos grandes potenciais de alavancagem
do potencial florestal brasileiro no mbito internacional.
Segundo dados da Agncia Nacional de Energia Eltri-
ca (ANEEL, 2014), atualmente no pas esto registradas
apenas 53 usinas que utilizam biomassa florestal para a
produo de energia, respondendo por 0,32% da ca-
pacidade instalada nacional (438 mil kW), mas h uma
tendncia positiva de crescimento desse tipo de gerao
de energia.
4.2. reflorestAmento com outrAs espcies
florestAis
Tambm pode ser observado um acrscimo de reas
plantadas com outras espcies florestais que no as tradi-
cionalmente implantadas no pas (Eucalyptus spp. e Pinus
spp.). O crescimento percentual desses reflorestamentos
foi de 60% entre 2005 e 2012, saindo de pouco mais de
300 mil hectares para 520 mil hectares (ABRAF, 2013).
Outro importante fato o surgimento de iniciativas de
plantio de espcies nativas tropicais para fins comerciais,
como as j existentes no mbito da Mata Atlntica.
4.3. desenvolvimento regionAl
A primeira fase do desenvolvimento setorial, implemen-
tada a partir de um conjunto de aes pblicas aplica-
das em meados de 1960, deu-se prxima aos mercados
consumidores nacionais e aos principais portos de esco-
amento para exportao.
Recentemente, h um forte movimento de interioriza-
o desse crescimento, com a implantao de grandes
projetos industriais-florestais nas regies que incorporam
oportunidades para o desenvolvimento regional, como
Centro-Oeste, Norte e Nordeste, bem como novos desa-
fios para o setor, como infraestrutura e logstica, qualifi-
cao de mo de obra e adaptao e produtividade das
espcies florestais.
4.4. vAntAgens compArAtivAs
O Brasil continua a dispor de vantagens comparativas
significativas e que indicam perspectivas muito positivas
para o crescimento do setor, sejam de carter geogrfi-
co (disponibilidade de terras), climticas ou tecnolgicas.
-
N O T A S T C N I C A S S A E
Esses fatores foram cruciais para a obteno das maiores
taxas de produtividade do planeta para os dois principais
gneros plantados no pas (figura 6).
Figura 6. Comparao de produtividade florestal de
folhosas (Eucalyptus) e conferas (Pinus) entre pases
selecionados
Fonte: ABRAF, 2013.
4.5. desenvolvimento rurAl
A interface do setor de florestas plantadas com o de-
senvolvimento rural do pas tende a ser cada vez mais
dinmica, e cada vez mais essa sinergia vem sendo incor-
porada pelo produtor rural com consequente impacto
nas polticas pblicas. Os modelos so vrios e incluem
o reflorestamento per se, mas tambm o fortalecimento
da integrao entre processos produtivos via Integrao
Lavoura-Pecuria-Florestas (ILPF) ou Sistemas Agroflores-
tais. Florestas plantadas se prestam tambm para auxiliar
a rotao de culturas, a melhoria da qualidade de solo e
gua, e a recuperao de reas degradadas e passivos
ambientais, gerando aumento de renda e melhorando a
qualidade de vida no campo.
5. agenda de futuro
Um importante passo para o setor de florestas planta-
das foi dado a partir da sua incorporao ao mbito do
planejamento rural brasileiro, com a definio de sua
gesto feita agora pelo Ministrio da Agricultura, Pe-
curia e Abastecimento. Nesse sentido, fundamental
que se caminhe na construo de uma nova agenda de
desenvolvimento setorial.
incontestvel a necessidade de ampliarmos a rea de
florestas plantadas no pas. Segundo projees realiza-
das pela SAE/PR e pela UFMG (2013), a expectativa
que a rea total de florestas plantadas no Brasil mais
do que dobrar entre 2020-2030, dependendo do im-
pacto de polticas pblicas que favoream o incremento
dos reflorestamentos.
Novos produtos e processos inovadores tm potencial
de alterar todo um mercado, como foi o caso do uso
de painis de madeira reconstitudos na indstria do
mobilirio. O maior emprego da madeira como ele-
mento estrutural em habitaes e a disseminao do
uso da energia de biomassa e biocombustveis podem
ser a prxima onda de inovao tecnolgica. Isso sem
contar os avanos da engenharia gentica e seu po-
tencial de revoluo na produo de florestas plan-
tadas.
Tambm h que se considerar que as exigncias do
mercado aumentaro quanto padronizao e preo,
contando com margens de lucro cada vez menores,
levando necessidade de se priorizar o aumento da
competitividade no apenas para podermos ampliar
nossa participao em nvel internacional, mas, prin-
cipalmente, para competirmos tambm no mbito do
mercado interno.
Essa melhoria ser impulsionada pelas condies ma-
croeconmicas que acabam por dar acesso s camadas
mais baixas da populao a produtos oriundos da ca-
deia de produo de florestas plantadas, como livros,
habitaes, mveis e produtos de higiene.
m
/ ha.
ano
5,0
0,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
35,0
40,0
45,0Folhosas
Conferas
Suc
ia
EUA
Sul
Aust
rlia
Nov
a Ze
lnd
ia
Finl
ndi
a
fric
a do
Sul
Indo
nsia
Bras
il
Portu
gal
Chile
Chin
a
5,5 6,0
12,0 15,0 18
,0 20,0 22,0 25
,0
30,8
18,8
40,7
3,5
2,0
10,0 13,7
22,0
18,0
16,2 18,0
28,0
27,5
41,0
-
N O T A S T C N I C A S S A E
Esse processo certamente dever contar com a participa-
o de todos aqueles atores envolvidos com o setor, mas
fundamental que seja estabelecido um modelo de pla-
nejamento que contemple as principais demandas seto-
riais, a partir de um entendimento claro sobre a situao
Tabela 1. Itens fundamentais para a construo de uma agenda positiva de desenvolvimento do setor
de florestas plantadas
item comentrio
Ampliar a rea de florestas plantadas no pas
O aumento dos investimentos em plantas industriais, da demanda interna e externa, e a carncia de oferta j existente em alguns casos (como o de lenha para secagem de gros) demandam essa ampliao.
Plena integrao da produo florestal com as outras culturas agrcolas e a pecuria
fundamental ampliar a incluso de pequenos e mdios produtores rurais no processo de crescimento das florestas plantadas, de forma a gerar maiores ganhos de renda e qualidade de vida no campo. O favorecimento da integrao entre culturas e a pecuria facilita esse processo de incorporao produo rural.
O papel da biotecnologia
A aplicao da biotecnologia nas florestas plantadas tem sido reconhecida como uma oportunidade para proporcionar novos ganhos de produtividade, incluindo novos materiais mais adaptados ao contexto das alteraes climticas globais. Contudo, ela tambm deve ser considerada alm dos seus aspectos tcnicos, devendo sua utilizao ser governada por normas e padres ambientais, conforme j preceitua a legislao brasileira que versa sobre essa temtica.
Criar um clima de negcios favorvel
O objetivo incentivar investimentos no setor por meio, por exemplo, da reduo de custos de transao, de taxas, de poltica fundiria, de licenas e reduo da regulamentao excessiva.
Padres de gesto florestal sustentvel
Importante elemento que minimiza e mitiga possveis impactos negativos gerados pela atividade de florestas plantadas.
Melhorar o sistema de avaliao e mitigao de riscos na atividade florestal
A atividade florestal apresenta riscos que acabam por ganhar importncia medida que a quantidade de reas reflorestadas aumenta, e tambm por sua caracterstica de maturao de longo prazo.
Recuperao de paisagens rurais
As florestas plantadas possuem papel relevante na recuperao de paisagens rurais, suportando o desenvolvimento de ecossistemas funcionais, reduzindo os riscos ambientais e econmicos das comunidades, e aumentando a contribuio dos recursos naturais para a segurana alimentar e a reduo da pobreza.
Articulao e coordenao entre as polticas pblicas correlatas
Diversas polticas pblicas correlatas interferem de maneira direta ou indireta no desenvolvimento setorial. A plena convivncia, por meio de articulao institucional e tcnica, potencializa positivamente os possveis impactos dessas polticas associadas.
Sistemas de informao e anliseSem informao no h gesto. As estatsticas principalmente as pblicas, e, por conseguinte, as anlises sobre o setor so falhas e muitas vezes inconsistentes.
Acesso a recursos
A demanda de capital ser elevada, e as fontes de financiamento existentes so insuficientes para suportar o crescimento setorial. fundamental buscar novos mecanismos que estimulem o investimento privado, nacional e internacional, e ampliem e melhorem a qualidade do crdito setorial.
Aperfeioar o sistema de pesquisa, desenvolvimento e extenso
A fim de garantir e melhorar os extraordinrios ganhos cientficos e tecnolgicos obtidos nas ltimas dcadas, crucial estabelecer um sistema de estmulo PD&I voltada aos principais desafios que o setor ter nos prximos anos.
Apoio a melhorias de processoInovaes tecnolgicas do novos contornos ao mercado, como verificado na introduo de painis reconstitudos na indstria de mobilirio. O mesmo vem acontecendo na indstria de habitao com estruturas de madeira, via wood frames.
Plantio de espcies florestais nativas e exticas no tradicionais
O uso mltiplo e diversificado de espcies e produtos florestais ainda pouco explorado, mas as iniciativas j existentes indicam bom caminho para essa diversificao, interessante no apenas para fins de produo, mas tambm como forma de manuteno e recuperao de essncias florestais nativas brasileiras.
pregressa, a atual e os cenrios futuros. Da a proposta
de criao do Plano Nacional de Desenvolvimento das
Florestas Plantadas como elemento balizador desse pro-
cesso. Relacionamos a seguir alguns dos principais itens
da agenda de futuro (tabela 1).
-
N O T A S T C N I C A S S A E
EXPEDIENTEgoverno federalpresidncia da repblicaSecretaria de Assuntos EstratgicosEsplanada dos MinistriosBloco O, 7, 8 e 9 andaresBraslia / DF CEP 70052-900www.sae.gov.br
ISSN 2357-7118
Coordenao geralMinistro Marcelo Neri e Sergio Margulis
elaboraoSSDS Subsecretaria de Desenvolvimento Sustentvel
autoriaFernando Castanheira Neto, Antnio Carlos do Prado ePedro Antonio Arraes Pereira
reviso, projeto grfico e diagramaoAdriano Brasil, Gabriella S. Malta e Rafael W. Braga
6. refernCIas
ABIPA ASSOCIAO BRASILEIRA DA INDSTRIA DE PAINIS RECONSTITUDOS. 2014. Disponvel em: . Acesso em 9/05/2014).
ABRAF ASSOCIAO BRASILEIRA DOS PRODUTORES DE FLORESTAS PLANTADAS. Anurio estatstico AbrAf 2013: ano base 2012. Braslia: ABRAF, 2013. p. 74.
ALIPIO, A.S. Aes e conquistas da AbrAf. In: TOCANTINS FLORESTAL, 2013. Disponvel em: . Acesso em: 22/05/2014.
ANEEL AGENCIA NACIONAL DE ENERGIA ELTRICA. 2014. Disponvel em: . Acesso em: 14/05/2014.
BRACELPA Associao Brasileira de Celulose e Papel. dados do setor. 2014. Disponvel em: . Acesso em: 09/05/2014.
CANAVIEIRA, Paulo. papel dos sumidouros na econo-mia do carbono. 2006. Disponvel em: . Acesso em: 14/05/2014.
CARVALHAES, E. Brasil quer ampliar o debate sobre florestas plantadas. Info@Tecnicelpa, fevereiro de 2014, p. 69. Dispo-nvel em: . Acesso em: 14/05/2014.
CGEE CENTRO DE GESTO E ESTUDOS ESTRATGICOS. levantamento dos nveis de produo de ao e ferro--gusa, cenrio em 2020 - nfase: usos da energia gerada na combusto dos gases da carbonizao. Nota Tcnica referente letra a do estudo tcnico 1 do Termo de Referncia do contrato 49, do ano de 2013, entre CGEE e MDIC, para sub-sdios em: Modernizao da Produo do Carvo Vegetal. 2014. No publicado. 2014.
EFIATLANTIC ATLANTIC EUROPEAN REGIONAL OFFICE OF THE EUROPEAN FOREST INSTITUTE. summary report of the 3rd international congress on planted forests. 2013. Dis-ponvel em: . Acesso em: 12/05/2014.
FAO FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS. planted forests in sustainable forest
management: a statement of principles 2010. 2009. Dis-ponvel em: . Acesso em: 5/05/2014.
______. global forest resources assessment 2010: key findings. 2010. Disponvel em: . Acesso em: 14/05/2014.
FAOSTAT FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION COR-PORATE STATISTICAL DATABASE. 2014. Disponvel em: . Acesso em: 14/05/2014.
FERREIRA FILHO, J.B.S. cenrio prospectivo para o cresci-mento do setor florestal brasileiro: uma simulao a partir de um modelo computvel de equilbrio geral. 2013. Texto de direito autoral adquirido pela Secretaria de Assuntos Estratgi-cos da Presidncia da Repblica.
IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA. produo da extrao vegetal e da silvicultura 2012. 2013. Disponvel em: . Acesso em: 19/05/2014.
SAE/PR SECRETARIA DE ASSUNTOS ESTRATGICOS DA PRE-SIDNCIA DA REPBLICA; UFMG UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS. otimizagro: uma plataforma integrada de modelagem de uso e mudanas no uso da terra para o Brasil. Braslia: SAE/PR: UFMG, 2013. Centro de Sensoriamento Remoto, p. 15.
SAE/PR SECRETARIA DE ASSUNTOS ESTRATGICOS DA PRESIDNCIA DA REPBLICA. 45 curiosidades sobre a nova classe mdia. Braslia: SAE/PR, 2014. Disponvel em: . Acesso em: 29/05/2014.
SFB SERVIO FLORESTAL BRASILEIRO. florestas do brasil em resumo: 2013. Braslia: Servio Florestal Brasileiro, 2013. 188p. Disponvel em: . Acesso em: 7/05/2014.
SFB SERVIO FLORESTAL BRASILEIRO; IMAZON INSTITUTO DO HOMEM E MEIO AMBIENTE DA AMAZNIA. A atividade madeireira na Amaznia brasileira: produo, receita e mercado. Braslia: SFB: IMAZON, 2010. Disponvel em: . Acesso em: 7/05/2014.