nosso campus #10 - abril / maio 2014
DESCRIPTION
Informativo mensal do IFBA Câmpus SalvadorTRANSCRIPT
NOSSOInformativo mensal do Câmpus Salvador
campusAbr / Mai 2014 Ano 2 N° 10
Projeto acadêmicobeneficia ONGs
Combate à opressãoé o mote do Coletivo Pagu
Salinas é destaqueem pesca e aquicultura
2 Abril / Maio 2014
Com a palavra...
Reitora Aurina Santana, Diretor Geral do Câmpus Salvador Alberti no Nascimento, Coordenadora de Comunicação Andréa Costa - DRT BA 1962, Jornalista responsável Verusa Pinho - DRT BA 3546, Reportagem Gabriela Cirqueira e Verusa Pinho, Projeto gráfi co Gustavo Pontas, Diagramação Felippe Moura e Lilian Caldas, Revisão Andréa Costa, Apoio administrati vo Ana Paula Couti nho, Impressão Grasb | Periodicidade Mensal, Tiragem 1.000 exemplares, Circulação Câmpus Salvador e Reitoria | Endereço Rua Emídio dos Santos, s/n, Barbalho - Salvador/BA, CEP: 40301-015 | Telefone (71) 2102-9509 | Facebook IFBA_Salvador_Ofi cial | Site www.ifb a.edu.br | Email comunicacao_ssa@ifb a.edu.br
Certa vez, ouvi dizer que os fi nais são clichês, os proble-mas se resolvem, o mocinho e a mocinha se casam, as disputam terminam e todas as relações se encaixam de forma harmônica. É justamente esse senti mento que vivo agora e, talvez, seja esse tal fi nal de novela que os alunos do 4º ano começam a viver.
Não é fácil concluir um cur-so. No IFBA, vivemos, desde o iní-cio, muitas expectati vas, depois decepções e surpresas. Mas é quase unanimidade que o Insti -tuto Federal da Bahia transforma vidas! A maioria dos jovens que entra nos cursos integrados se depara com uma liberdade com-pletamente diferente dos outros colégios. Alguns aproveitam essa liberdade para amadurecer - os que não o fazem raramente che-gam até o fi nal. É justamente isso que o IFBA é capaz de fazer com as pessoas: crescer!
Lembro-me até hoje da aula inaugural, quando professor Al-berti no falava sobre uma relação de amor e ódio entre os alunos e o IFBA. Mas todos que se for-maram queriam fi car mais um pouco. Confi rmo essa afi rmação e tenho certeza de que todos os
meus colegas formandos tam-bém gostariam de fi car mais um pouco. Talvez esse senti mento de pouco se torne muito, uma sau-dade que começa antes mesmo da nossa saída.
Para os colegas, digo que as amizades consolidadas permane-
marcam de forma decisiva, mas, certamente, todos deixam algo que fi ca para sempre.
O único casamento que per-cebo nesse fi nal é simbólico, um laço que vai permanecer ao longo da vida. Foram dias se preparan-do para aquela prova; um can-saço enorme naquela reposição de tarde; um esforço parti cipar daquele campeonato de futsal; uma alegria passar em matemá-ti ca; aquela inesquecível manhã na praça vermelha; o desfrutar do vento na quadra externa; fi car estudando por dias na biblioteca; aquela semana inteira de moni-torias; aquela lista de milhares de questões; aquela eleição con-turbada do grêmio; aquele pedi-do de 0,2 décimos ao professor; aquele óti mo professor; aquele professor chato; aquela aula que peguei no sono; aquele dia que fi quei até tarde no ponto de ôni-bus; aquela ladeira onde quase me assaltaram; aquela visita téc-nica que amei... Senti rei muita falta desse IFBA!
José William OliveiraEx-aluno de automação in-
dustrial e ex-membro do grêmio e do Conselho Superior (CONSUP)
cerão por anos, um companhei-rismo que ajuda a enfrentar os problemas e nos faz mais fortes. Aos professores, uma enorme admiração. Bem verdade que muitos passam pela trajetória dos alunos e não são todos que
“No IFBA, vivemos desde o início
muitas expectativas, depois decepções
e surpresas. Mas é quase unanimidade
que o Instituto Federal da Bahia
transforma vidas!”
Envie o seu arti go, de 30 a 40 linhas, ou sugestão de pauta para comunicacao_ssa@ifb a.edu.br, com nome completo, curso ou setor, além de contatos telefônicos. Serão desconsideradas as produções de caráter políti co-parti dário e/ou religioso, bem como conteúdos preconceituosos e depreciati vos a grupos e/ou pessoas.
O final é clichê
Social
Elaborado pelo docente do Câm-pus Salvador Luiz Machado, em par-ceria com o professor Luiz Cláudio dos Santos e estudantes do curso técnico de informáti ca do Câmpus Camaçari, o Projeto Ada tem por objeti vo dar opor-tunidades a organizações que preci-sam informati zar seus serviços, em busca de um melhor arranjo insti tu-cional, inserindo as pessoas no mundo globalizado através da inclusão digital.
Com o compromisso de benefi -ciar organizações não governamentais (ONGs), a ação começou em 2010, quando o professor Luiz Machado esta-va lotado em Camaçari, e já benefi ciou 10 insti tuições, com o desenvolvimen-to de sistemas para armazenamento de dados. “Diante desse contexto, as intenções são as melhores possíveis. Exercer o nosso papel de cidadão, aju-dando insti tuições que não têm meios para adquirir um soft ware que facili-te suas demandas diárias. Para isso, uti lizamos os recursos tecnológicos aprendidos durante o curso”, explica o docente.
“Quem deu o nome ao Ada - que é uma linguagem de programação - foi o aluno Pedro Torres, da primeira tur-ma de informáti ca de Camaçari. Esta-mos na 3ª edição, com algumas novi-dades. Agora as ati vidades acontecem no Câmpus Salvador, com graduandos da engenharia industrial elétrica, que estão desenvolvendo os sistemas em linguagem Java e, posteriormente, fa-rão o acompanhamento das pessoas responsáveis pelo armazenamento de dados nas insti tuições - Associação Be-nefi cente Metropolitana (ABM) e As-sociação de Combate às Drogas e Vio-
Professores e estudantes desenvolvem softwares para ONGs
Inclusão digitallência contra Crianças e Adolescentes do Estado da Bahia (Agencombate)”, conclui.
Para Rubens Moreira, aluno do 5º semestre da referida graduação, a expectati va é de cumprir o esperado para uti lização do banco de dados de forma plena. “A linguagem de progra-mação Java tem interface mais ‘elegan-te’, com aplicações de médio a grande porte. Criar a primeira versão de uma aplicação como essa, mesmo uti lizan-do ferramentas poderosas, é mais tra-balhoso do que muitas linguagens de alta produti vidade. Porém, com uma linguagem madura como a Java, será mais fácil e rápido fazer alterações no sistema, desde que sejam respeitadas as boas práti cas e recomendações so-bre design orientado a objetos”, des-creve o jovem.
Em março, os estudantes apresen-taram os resultados alcançados, como nota fi nal da disciplina de computa-ção aplicada. Na opinião do colega de curso, Victor Bulhosa, que, junto com mais dois graduandos - Gabriel Casaes e Diego Meireles - está desenvolvendo soft ware voltado para o cadastro das crianças da ABM, a ideia é oferecer um programa simples, que não traga difi culdade na manipulação do usuá-rio. “Nosso objeti vo é desenvolver um soft ware capaz de realizar cadastros e gerar relatórios com as informações do banco de dados. Essa é a primeira vez que eu parti cipo de uma ati vidade as-sim. A iniciati va é importante porque, como futuros engenheiros, temos a obrigação de criar projetos que me-lhorem o modo de viver e trabalhar da sociedade”, conclui.
NOSSO Abril / Maio 2014 3
Capa
4 NOSSO Abril / Maio 2014
uma combinação mais do que necessária
O Brasil tem potencial para atin-gir, até 2030, uma produção anual de 20 milhões de toneladas de peixe, assumindo um papel importante no aproveitamento do pescado mundial. Atualmente, o país contabiliza 1,3 mi-lhão de toneladas por ano, dado que revela não só o potencial existente, mas a necessidade de investimentos e atenção ao setor. Os dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Peque-nas Empresas (Sebrae) foram moti-vadores para o l Seminário de Pesca, Aquicultura e Meio Ambiente de Salva-dor e Salinas da Margarida, promovido pelo IFBA, de 28 a 30 de abril.
“O estado da Bahia possui mais de 1.000 km de litoral e a Baía de Todos-os-Santos (BTS) é uma das maiores do planeta, com importância econômica, social e histórica muito maior que o seu tamanho físico. Mais de três milhões de habitantes, inúmeras empresas e indústrias, além de um grande número de pescadores e marisqueiras, tiram de suas águas o sustento familiar. Integrar as informações sobre as atividades da pesca, aquicultura e meio ambiente é fundamental para o desenvolvimento sustentável e duradouro das popula-ções da BTS. Esse é o principal objetivo do evento”, explica o professor José Martin Ucha, presidente da comissão organizadora do seminário e coorde-nador do Núcleo Avançado de Salinas da Margarida.
Segundo especialistas, a pesca ar-tesanal necessita de mais ações gover-namentais, principalmente ao conside-
rar a captura desordenada de espécies para consumo, a pesca ilegal e os indí-cios de sobrepesca. Nesse contexto, o Câmpus Salvador do IFBA, através do Núcleo Avançado Salinas, vem promo-vendo a realização de cursos - por meio do Programa Certific - e eventos para promover o manejo adequado das es-pécies, dando suporte para um melhor investimento produtivo e sustentável nas áreas de pesca e aquicultura, com a formação e qualificação de profissio-nais para atuar no setor.
“Com a criação dos Nupas - Nú-cleos de Pesquisa Aplicada em Pes-ca e Aquicultura - pelo Ministério da Educação (MEC), em 2008, liderados pelos institutos federais, e a oferta de recursos específicos para a pesquisa aplicada, um novo panorama foi aber-to e, apesar da descontinuidade dessa política por parte do MEC, os Nupas ca-minharam e muito trabalho tem sido concretizado, incluindo a qualificação de professores em nível de mestrado e
doutorado no Instituto de Ciências do Mar da Universidade Federal do Ceará (UFC). O IFBA, que já possui, no Câm-pus Valença, o curso de aquicultura desde a sua fundação, tem agora, no Núcleo Avançado de Salinas da Mar-garida, um projeto para a implantação do curso técnico em pesca e aquicul-tura, com ênfase na produção e no desenvolvimento de espécies nativas”, comenta a docente Cristiane Silvão, in-tegrante da comissão organizadora do seminário.
Durante o evento, foram discu-tidos diferentes temas, como povoa-mento de manguezais, contaminação da BTS, desenvolvimento sustentável da pesca, aquicultura familiar, de-sempenho reprodutivo de espécies marinhas, zoneamento de parques aquícolas e licenciamento ambien-tal, Programa Certific, homeopatia na aquicultura, além da criação de crustá-ceos (carcinicultura), rãs (ranicultura) e peixes (pisicultura) para a alimentação
FOTO
: ARQ
UIVO
SAL
INAS
Pesca, aquicultura e meio ambiente:
Professora Cristiane (ao centro) com mariscadeiras no laboratório móvel
NOSSO Abril / Maio 2014 5
humana. Ao lado dessas palestras, conduzidas por profissionais do IFBA e especialistas de outras instituições, houve visita à Baía de Todos-os-Santos e apresentação cultural.
CertificA Rede Nacional de Certificação
Profissional e Formação Inicial e Con-tinuada (Rede Certific) é uma política pública de inclusão social que se institui através da articulação do Ministério da Educação (MEC) e Ministério do Traba-lho e Emprego (MTE), em cooperação com as instituições e organizações que compõem a referida Rede, como o Ins-tituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA).
A ação no IFBA é voltada para trabalhadores/profissionais com ida-de mínima de 18 anos, que atuam ou tenham atuado na preparação de pes-cados, independentemente da escola-ridade, com o objetivo de reconhecer os saberes adquiridos na sua trajetória de vida. Durante o processo, não é exi-gida documentação para comprovar experiência profissional, nem há limite de vagas, assim, todos os trabalhado-res que se inscrevem são atendidos conforme calendário institucional di-vulgado após o término do processo de inscrição.
No IFBA, o Programa Certific teve início em 2010, com a assinatura do convênio com a Prefeitura Municipal de Salinas da Margarida. Desde então, é o único da instituição em andamento. A partir de 2011, foram certificadas duas turmas concomitantemente em Conceição e Cairu, distritos de Salinas. Depois, o Certific esteve nas comuni-dades de Encarnação e na sede de Sa-linas, com mais de 150 mariscadeiras e pescadores certificados em prepara-ção e higienização de pescados.
Para obter a certificação, é ofere-cido um curso de 200 horas, com dis-ciplinas voltadas para boas práticas de
fabricação; qualidade dos alimentos; pesca sustentável; saúde, meio am-biente e segurança no trabalho; inclu-são digital e relações humanas; asso-ciativismo, cooperativismo e economia solidária.
“O Certific em Preparação de Pes-cados foi o primeiro do país a adquirir um laboratório móvel completo, um trailer de 12 metros de comprimento, com cozinha, bancadas, microscópio e todo o equipamento necessário para as aulas práticas. Dentre as atividades que os profissionais formados estão aptos a desenvolver, está a prestação de serviço em entrepostos de pesca-dos e restaurantes. Mas o IFBA presta especial atenção ao cooperativismo, que pode ser um grande auxiliar na emancipação das comunidades de marisqueiras e pescadores”, explica o professor José Ucha.
Nesse contexto, as certificadas das primeiras turmas organizaram uma cooperativa. “Mas isso ainda é pouco, e como uma das ações que o Programa propõe é a elevação da esco-laridade, o IFBA, em 2013, conseguiu a cessão de um terreno para estabelecer o seu Núcleo Avançado de Salinas da Margarida, ligado ao Câmpus Salvador. Nessa área está em fase final de cons-trução a futura Escola de Pesca e Aqui-cultura, que oferecerá curso técnico na modalidade subsequente, e, na etapa
de licitação, o projeto para construção do Laboratório de Reprodução de Es-pécies Marinhas Nativas, baseado na excelência do Centro de Estudos do Mar - Labomar, da Universidade Fede-ral do Ceará (UFC), onde a professora Cristiane Silvão (uma das ‘mães’ do Programa) está se doutorando, para trazer a experiência da criação de espé-cies nativas à Baía de Todos-os-Santos e fazer do Núcleo Avançado de Salinas da Margarida um centro de referência na área”, conclui o docente.
Na opinião de Márcia Maria Cer-queira, que foi aluna do Certific em 2013 e integra a Associação de Pes-cadores e Marisqueiras de Salinas da Margarida (Apasma), o programa fez o diferencial nas suas práticas de higiene e conservação dos alimentos. “Gostei muito do curso, principalmente quan-do aprendemos sobre as bactérias. Professor Ucha ensinou a gente a pegar o marisco na maré, deixar de molho, limpar a lama e areia. O resultado é um melhor sabor, mais apurado. Também presto mais atenção na conservação dos alimentos, inclusive no meu dia a dia em casa. Tenho o 2º grau completo e pretendo continuar os estudos, parti-cipando da nova formação técnica que o IFBA irá oferecer. Atualmente estou matriculada no Pronatec e farei curso de ajudante de cozinha”, explica a ma-risqueira e vendedora de acarajé.
Estudantes do programa participam de aulas práticas
FOTO
: ARQ
UIVO
SAL
INAS
6 Abril / Maio 2014
Curtas
Dia 7 de maio, acontece o II Seminário de Extensão Direc/Cisa, quando serão apresentados os resultados da execução dos projetos aprovados no edital nº 1/2013, voltado para as áreas de estudo da Comissão Interna de Sustentabilidade Ambiental (Cisa). Os projetos propõem ações para o ambiente físico do câmpus, que visam à eliminação do desperdício, à diminuição do consumo e de rejeitos, servindo de base para a conscientização e educação ambiental. Participaram estudantes de todos os níveis, sob orientação de um professor ou técnico-administrativo. O evento ocorre das 8h às 13h, no Áudio 1 do bloco B. Na ocasião, também haverá o lançamento do edital 2014, com inscrições previstas para o período de 8 a 23 de maio. Aos presentes será distribuída, ainda, a cartilha “Consumo e desperdício”, do grupo Educação Ambiental da Cisa. Mais informações no telefone 2102-9529 ou pelo e-mail [email protected]
II Seminário Direc/Cisa
No mês de maio, os estudantes do ensino técnico que desejam solicitar trancamento de matrícula devem estar atentos para o término do prazo, que se encerra no dia 9. Já para os graduandos, esse pedido deve ser feito de 12 a 23 de maio, enquanto a solicitação das disciplinas a serem oferecidas em 2014.2, de 13 a 15 do mesmo mês.
Calendário acadêmico
Você sabia que o Câmpus Salvador dispõe de um espaço para recebimento e análise de sugestões, elogios, críticas e reclamações? É a Ouvidoria, setor ligado à Diretoria Geral, que está localizado no 3º andar do prédio administrativo (bloco A). Para ecaminhar a sua solicitação, basta acessar a página http://www.salvador.ifba.edu.br/ouvidoria.html
Ouvidoria Até junho, acontecem as defesas de
monografia da pós-graduação em computação ubíqua e distribuída, oferecida no Câmpus Salvador do IFBA desde 2012, através do Grupo de Sistemas Distribuídos, Otimização, Redes e Tempo Real (GSORT). As apresentações ocorrem na sala do grupo, localizada no 3º andar do prédio administrativo (bloco A). Este ano, mais 25 vagas foram oferecidas para a especialização. Com carga horária de 364 horas, as aulas ocorrem em dias úteis, das 18h às 22h, e aos sábados, das 8h às 12h. Mais informações em [email protected] e [email protected]
Defesas de monografia
Abril / Maio 2014 7
Canal do Estudante
Pagu contra a opressãoPatrícia Galvão, jornalista e artista
brasileira da década de 1920, é home-nageada de um grupo recém-formado no Câmpus Salvador do IFBA. Desde 2013, estudantes dos cursos técnicos in-tegrados se reúnem para discutir temas como machismo, homofobia e racismo, de maneira crítica e dinâmica, através do Coletivo Pagu.
“Enquanto o Coletivo estava se estruturando, tinha um nome genérico: ‘Coletivo Permanente de Combate à Opressão’. Com a organização e a neces-sidade de identificação do grupo, escolhe-mos Pagu, que era o apelido de Patrícia Rehder Galvão, ícone para o movimento modernista, que se iniciou em 1922 no Brasil, e grande referência feminista, por contrapor às regras de comportamento impostas às mulheres naquela época, tendo sido, inclusive, a primeira mulher presa no Brasil por motivações políticas”, explica Gabriela Bacelar, ex-aluna do curso técnico integrado de química e uma das idealizadoras do Coletivo.
Segundo a jovem, a iniciativa é um canal para dialogar e agir, instrumento de auto-organização, que dá voz aos estudantes. “Buscamos estratégias de intervenção que dialoguem com a so-ciedade e proponham medidas a serem executadas pelos órgãos administrati-vos da instituição. Para além das ques-tões práticas e imediatas, os estudantes precisam compreender o papel dessas minorias, sua relação com o Estado, his-tória do movimento, sem intolerância ou compreensão limitada de que opressão é algo fechado em si mesmo, causado uni-camente pelos sujeitos que humilham ou violentam, mas destacando sua ligação com macroestruturas psicológicas e de poder”, descreve Gabriela.
Resposta aos relatos de alunos divul-
gados nas redes sociais e no III Congresso Estudantil do IFBA (Cones), que ocorreu em julho de 2013 em Barreiras, sobre as-sédio moral e sexual, o Coletivo apresen-ta-se como uma ferramenta de combate a situações de opressão às minorias, que ocorrem ou podem vir a ocorrer dentro do espaço institucional e fora dele.
Junto com a amiga Débora Neri, que também se formou em química e já havia integrado o grêmio estudantil, Gabriela visitou o Câmpus Salvador para conversar com alguns estudantes sobre a primeira atividade a ser desenvolvida, a fim de chamar a atenção da comunidade e propor a formação do Coletivo. Surgiu, então, a ideia do “Teatro do Invisível”, cuja intenção era expor uma cena de assédio sexual praticado contra uma menina, por parte de outro estudante, no horário de almoço do refeitório, sem que os demais soubessem que tudo não passava de uma encenação.
“A partir de tal circunstância, desper-taríamos a reflexão sobre o acontecimen-to. Levamos a proposta ao professor Hei-tor Guerra, que ensaiou a cena conosco, e, no dia seguinte, colocamos em prática. Depois marcamos reuniões com os estu-dantes na Praça Vermelha e, aos poucos, estruturamos dias e horários de reunião, bem como o calendário das atividades. Atualmente, continuo colaborando, mas de uma forma menos protagonista por entender que, dado o passo inicial, os es-tudantes da própria instituição precisam
se apoderar e desenvolver sozinhos o processo”, conclui.
Após a intervenção artística, o Co-letivo Pagu realizou o debate “História da mulher e perspectivas da luta feminista”, que contou com a presença de Sandra Muñoz, representando a Marcha das Va-dias, e Gabriela Silva, da Marcha Mundial de Mulheres. Houve, também, um sarau com música e poesia no câmpus, intitula-do “Versos e ritmos contra o machismo”, além da colagem de cartazes em espaços específicos.
O grupo é composto atualmente por 12 integrantes, cinco garotos e sete meninas. Segundo Heloísa Aurora Men-des, estudante de refrigeração e climati-zação, para este ano, apesar de ainda não ter um calendário de ações, o Coletivo pretende aprofundar a articulação com os departamentos de ciências humanas, grêmio estudantil e demais setores do Instituto, para realização de debates e ro-das de discussão.
Na opinião de Guilherme Damasce-no, aluno do curso técnico de automação industrial e participante do grupo, Pagu é sinônimo de ação. “Para mim, foi uma oportunidade que tive de sair da inércia e ir à pratica. O Coletivo contribui bastante para eu ampliar minha visão de mundo, pois ainda é muito grande o número de casos de preconceito em nossa socieda-de. É sempre bom estar atento a tudo que ocorre no nosso meio e o Pagu ajuda muito nisso”, comenta o jovem.
Programação Todas as quartas e sextas-feiras, às 12h20, a Praça Ver-melha do câmpus torna-se ponto de encontro do Coletivo Pagu. As reuniões de quarta-feira são voltadas à organização do Coletivo, com avaliação das atividades executadas, definição de novas programações e divisão de tarefas. Já as reuniões de sexta-feira, são encontros para estudo de conteúdos específicos. Mais infor-mações pelo e-mail [email protected] ou celular (71) 8612-8708.
NOSSO Abril / Maio 2014 7
8 NOSSO Abril / Maio 2014
Cultural
O verso da música do grupo Ti-tãs é um apelo emblemáti co a algo mais que o essencial. Um dos princi-pais desafi os nos processos de ensino e aprendizagem consiste em desen-volver as diferentes habilidades dos estudantes, que vão além da sala de aula. As ati vidades artí sti cas - como dança, música, artes visuais e tea-tro - realizadas no Câmpus Salvador do IFBA são elementos fundamentais nesse processo.
Através de desenhos, pinturas, esculturas, vídeos e fotografi as, a disciplina de artes visuais desenvolve elementos que representam o mun-do real e dialogam com o imaginário dos alunos. O trabalho coordenado pela professora Diana Valverde foi reconhecido pelo XIII Prêmio Arte na Escola Cidadã, em 2012, na categoria ensino médio, como uma ideia ino-vadora. Segundo a docente, alguns projetos já estão sendo preparados para o novo ano leti vo. “Uma das ati -vidades programadas para 2014 é a criação de um catálogo, que reunirá as obras apresentadas anteriormente e as que serão produzidas com os no-vos estudantes.”
Outro exemplo de linguagem artí sti ca prati cada no câmpus é o teatro. Desde 1995, a cada ano le-ti vo, entre 10 e 20 alunos são esco-lhidos pelo professor Heitor Guerra para integrar as ati vidades do Grupo de Teatro do IFBA. De acordo com o docente, o processo seleti vo não é baseado apenas em talentos prévios. “A seleção para o grupo não exige uma predisposição para a atuação. Escolho pessoas com potencial, mas,
acima de tudo, observo as necessida-des de muitos alunos em se expressar melhor e serem mais sociáveis. Além disso, o que defi ne a minha decisão é a capacidade desses estudantes de se relacionarem e interagirem com o resto do grupo”, ressalta.
O estudante João Victor Abreu, 1º ano do curso técnico de eletrônica, foi um dos selecionados para integrar a equipe de teatro em 2013. Segundo o estudante, a práti ca nunca esteve em seus planos, mas com a parti ci-pação no grupo, atuar se tornou uma meta para o futuro. “No início senti a muita vergonha, por conviver com pessoas mais velhas e não ter nenhu-ma experiência anterior com o teatro, apenas uma enorme curiosidade em conhecer o processo de produção de um espetáculo. Não tenho certeza de como será meu futuro, mas aliar a carreira de eletrônica com a arte de atuar é um dos meus principais desejos.”
A opinião é comparti lhada por Otávio Correia Neto, ex-estudante do curso de química e integrante do gru-po de teatro durante três anos. “Estar no grupo foi um desafi o, não como obstáculo, mas como estí mulo à cria-ti vidade e, até mesmo, à conti nuida-de das ati vidades acadêmicas. Com o teatro, consegui energia para concluir minha formação e conheci pessoas que serão importantes para o resto da minha vida. O grupo e o professor Heitor são os responsáveis por quem eu sou hoje”, destaca.
As apresentações de teatro acontecem, anualmente, no tradicio-nal “Arraiá Culturá”, que traz temáti -
cas ligadas ao universo junino, e no fi nal do 2º semestre leti vo, como en-cerramento das ati vidades acadêmi-cas. Além das aulas regulares, o grupo também trabalha em parceria com outras disciplinas da área de huma-nas do câmpus. Um dos espetáculos, resultado dessa interação, chama-se “O brilho da escuridão - um grito de liberdade” e foi apresentado na Jor-nada das Relações Étnicas e Raciais, ano passado.
De acordo com o professor Hei-tor, a parti cipação em eventos como esse impulsiona a vivência do teatro, proporciona a ampliação da visão de mundo e consciência da coleti vidade. “Todos os espetáculos são criados a parti r das ideias dos próprios estu-dantes. As peças são frutos do traba-lho coleti vo e da interação do grupo, que escreve os textos e faz a produ-ção do que será apresentado para o público”, conclui.
Inscrições abertasAté o dia 7 de maio, estão abertas
as inscrições para o Curso de Extensão em Arte Contemporânea. Os encontros acontecerão sempre às quintas-feiras, de 10h30 às 12h e de 13h20 às 15h20, tendo início no dia 8 de maio. Durante o curso, haverá aulas de pintura, fotografia, instalações, gravação de vídeos, escultu-ra e técnica de mosaico. Até 9 de maio, as oportunidades são para a oficina de tea-tro, com vagas limitadas - 20 ao todo. As atividades começam no dia 13 de maio. Os interessados devem comparecer ao departamento de artes no período da manhã. Mais informações através do telefone (71) 2102-9541.
“A gente quer... comida, diversão e arte”