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Retábulos barrocos carmelitas na cidade de Évora

Nos séculos XVII e XVIII a cidade de Évora, sede de uma das mais relevantes dioceses

portuguesas, viveu um período de intensa religiosidade animada pelos responsáveis,

não só das cinco freguesias urbanas, mas também das duas dezenas e meia de Casas

religiosas nela localizadas (mosteiros, conventos, colégios, recolhimentos, etc.). As

Confrarias ou Irmandades, as Ordens Terceiras e alguns instituidores privados deram

também o seu contributo.

Felizmente subsistem os três conventos carmelitas: um de religiosos Observantes ou

Calçados (o de Nossa Senhora da Luz) e os dois restantes de Descalços, um masculino

(de Nossa Senhora dos Remédios) e o outro feminino (o de São José ou da Esperança,

também conhecido por Convento Novo).

O espólio retabular remanescente nestes três cenóbios eborenses agrupa-se em dois

períodos: o Barroco e o Rococó.

No presente estudo abordam-se somente os retábulos barrocos: quatro exemplares

localizados todos eles na igreja do antigo Convento de Nossa Senhora da Luz ou do

Carmo, de religiosos Calçados.

Os quatro exemplares em questão integram-se no Barroco Pleno1, que vigorou na

região de Évora entre cerca de 16742 e cerca de 17183. Convém referir que nesta

conjuntura artística se assistiu em todo o Mundo português e também na cidade de

1 Também designado por Barroco Nacional ou Barroco Nacional Português.

2 A obra pioneira foi ajustada pelo mestre entalhador eborense Bartolomeu Ribeiro no dia 17 de Abril de 1674, que

assumiu a feitura de um retábulo, já inexistente, para a capela da Ordem Terceira de São Francisco. A grande inovação deste retábulo era o uso de colunas torsas com seis ou sete espiras com o fuste totalmente revestido por cachos de uvas, parras, fénix, etc. De notar que deveria ser na forma que hoje (1674) se costuma (…) na forma de uma planta que lhe foi mostrada, seguramente originária da cidade de Lisboa. 3 Em 1718 são ajustados em Évora dois retábulos de talha ao moderno, isto é, já de acordo com o novo formulário

entretanto surgido em Lisboa. Ambos os exemplares destinavam-se à igreja do Convento de Santa Clara, tendo sido assumidos pelo mestre Miguel Rodrigues, com oficina aberta na cidade de Lisboa. O aparecimento do novo formulário não implicou de imediato o fim do anterior, apresentando-se como exemplo retardatário o retábulo, ainda subsistente, da capela-mor da igreja matriz de Santiago, ajustado pelo mestre entalhador eborense João Miguel no dia 3 de Novembro de 1719.

3

Évora a um intenso movimento de renovação dos principais equipamentos litúrgicos e

arquitectónicos, isto é, dos retábulos existentes nas sedes das freguesias, nas igrejas

monástico-conventuais e ainda nos templos administrados por Confrarias ou

Irmandades e Ordens Terceiras. Esta renovação ficou a dever-se a importantes

alterações litúrgicas iniciadas no segundo quartel do século XVII com o aparecimento

do Protobarroco4. No caso particular da cidade de Évora também contribuiu para esta

renovação a necessidade de reparar os danos causados nalguns templos na sequência

da ocupação desta cidade pelo exército espanhol na campanha militar ocorrida em

Maio e Junho de 16635.

Confrontando o espólio retabular remanescente na cidade de Évora relativo ao

Barroco Pleno (cerca de três dezenas de exemplares) com os dados documentais

dados a conhecer por diversos investigadores (Cunha Rivara, Túlio Espanca, Vítor

Serrão, Miguel Angel Vallecillo, Artur Goulart, etc.) alargamos o universo de análise

deste período para a meia centena de exemplares (Ver Doc. 1 do Apêndice

Documental). É possível no entanto dobrar este número, tendo em conta que muitos

mais retábulos foram executados e que entretanto foram substituídos por novos

exemplares ou pura e simplesmente foram destruídos, na sequência da implantação

do Liberalismo em Portugal e da consequente extinção das Ordens religiosas e

alienação do seu património.

A abordagem aos quatro retábulos ainda existentes na igreja do antigo Convento de

Nossa Senhora da Luz ou do Carmo será feita tendo em conta a meia centena de

exemplares identificados na cidade de Évora no último quartel do século XVII e nas

primeiras duas décadas de setecentos.

4 Período que antecede o Barroco Pleno. Teve o seu início por volta de 1619, prolongando-se até cerca de 1668

(Francisco Lameira e Vítor Serrão, “O Retábulo Protobarroco em Portugal (1619-1668)”, Promontoria. Revista do Departamento de História, Arqueologia e Património da Universidade do Algarve, n.º 1, 2003, pp. 63 a 96 e Francisco Lameira, “ O Retábulo em Portugal. Das origens ao declínio”, Promontoria Monográfica História da Arte 01, Faro, 2005, pp. 89 a 93. 5 Frei Manuel de Sá, Memória histórica da Ordem de Nossa Senhora do Carmo da Província de Portugal, Lisboa, 1727, p.

282 e Padre Francisco da Fonseca, Évora Gloriosa, Roma, 1728, p. 358.

4

Localização

Atendendo a que os retábulos ocupam a parte superior da mesa do altar6, eles

localizam-se no interior dos templos (na capela-mor, no transepto e na nave), nas

sacristias e outras dependências (Casa do Despacho, Casa dos Santos, etc.), nos coros

(alto e baixo) e em capelas nos claustros. Podiam ainda localizar-se no exterior, quer

em igrejas de peregrinação, quer em cemitérios.

Vejamos a localização dos quatro retábulos barrocos subsistentes na igreja do antigo

Convento do Carmo. Um situa-se na capela-mor (o principal), outro no transepto (o de

Nossa Senhora da Piedade) e os dois restantes nas duas primeiras capelas da nave

junto ao arco triunfal, no lado do Evangelho (o de Nossa Senhora do Bom Sucesso) e

no lado da Epístola (o de Santo Alberto).

Encomenda

Atendendo a que na maioria dos templos existiam vários retábulos, cada exemplar era

administrado por uma entidade. Convém lembrar que muitas Confrarias ou

Irmandades não administravam templos próprios, estando sedeadas, quer nas sedes

das freguesias, quer em igrejas monástico-conventuais. Acrescentamos ainda o facto

então em uso de os enterramentos dos mortos se realizarem maioritariamente no

interior dos templos, adquirindo as personalidades de maior prestígio social e de mais

elevados recursos financeiros capelas privativas normalmente sedeadas nos templos

de maior relevância religiosa, isto é, nas igrejas administradas pelas Ordens religiosas.

Na igreja do antigo Convento do Carmo, dos quatro retábulos em questão só o da

capela-mor foi encomendado pelo Prior desta comunidade, D. Frei Manuel da Cunha,

em 1690, com o patrocínio do padroeiro deste altar, D. Jorge Henriques, Senhor das

Alcáçovas e Vedor da Casa da Rainha. Os restantes três foram da responsabilidade de

instituidores particulares para sepultura privativa. O de Nossa Senhora da Piedade, no

6 Incluímos também nesta listagem os oratórios existentes nalgumas sacristias, apesar de assentarem na parte central

do arcaz.

5

transepto no lado do Evangelho, pelos descendentes de Maria Peres de Andrade e de

Isabel Peres de Andrade, cujas ossadas foram trasladadas da anterior igreja do

Convento do Carmo para a actual capela em 8 de Novembro de 16917. O de Santo

Alberto foi assumido por Manuel Rodrigues de Gusmão, advogado dos presos do Santo

Ofício, conforme se atesta na lápide existente no pavimento onde jaz a sua mulher

Josefa Maria Barbosa, a qual faleceu a 3 de Outubro de 1696. Este dado é confirmado

numa escritura pública notarial solicitada por este advogado no dia 4 de Agosto de

16988. Finalmente o de Nossa Senhora do Bom Sucesso foi custeado por um frade

carmelita desta comunidade, José Rodrigues do Vale, sobrinho do Padre Mestre Manuel

da Graça, Prior deste Convento, em cuja cela faleceu no ano de 17029.

Iconografia

O orago de cada retábulo surge sempre no centro da composição, onde está colocada

a sua representação figurativa, preferencialmente escultórica, podendo nalguns casos

estar pintada numa tela. Por vezes há também alusões ao orago em cartelas ou tarjas

existentes no ático, nas ilhargas ou ainda na mesa do altar.

Nalguns retábulos expõem-se também outras representações devocionais,

maioritariamente escultóricas, colocadas quase sempre em nichos existentes nos

tramos laterais, no ático ou mesmo no centro do banco. Era também possível

assentarem na banqueta.

7 Frei Manuel de Sá, Memória histórica da Ordem de Nossa Senhora do Carmo da Província de Portugal, Lisboa, 1727, p.

297. 8 Miguel Ángel Teodoro Vallecillo, Retablística Alto Alentejana (Elvas, Villaviciosa y Olivenza) en los siglos XVII-XVIII,

Mérida, 1996, p. Miguel Ángel Teodoro Vallecillo, “Centros Artísticos y Esbozo de Artistas en el Alto-Alentejo”, Calipole 3/4 , 1995-1996, p. 151 e Arquivo Distrital de Évora, Livro de Notas n.º 902, fls. 25 a 26 v.º. 9 Frei Manuel de Sá, Memória histórica da Ordem de Nossa Senhora do Carmo da Província de Portugal, Lisboa, 1727, p.

298.

6

Finalmente aplicam-se ainda elementos iconográficos, quer no fuste das colunas

(cachos de uvas, parras e fénix) associados à Eucaristia e à Ressurreição de Cristo, quer

nos ornatos: folhagem de cardo (tormentos), frutos e flores (abundância), etc..

Referência particular merece o uso de pequenas cabeças de peixes, eventualmente da

família dos seláquios, que surgem junto à folhagem de cardo e são empregues em

retábulos da autoria ou atribuídos ao mestre Francisco Machado.

Nos quatro retábulos da igreja do antigo Convento do Carmo encontramos imagens

retabulares carmelitas (Nossa Senhora da Luz, Santo Elias, Santo Eliseu, Santo Alberto,

etc.), assim como as insígnias carmelitas no ático do retábulo principal. Surgem

também representações escultóricas de temática cristífera, mariana e hagiográfica,

apontando-se como exemplos Nossa Senhora da Piedade, Nossa Senhora do Bom

Sucesso, Nossa Senhora do Resgate, Santo Tomé, São Bento, São João Baptista e São

Sesinando, quer da devoção da comunidade monástica, quer dos instituidores das

capelas privativas.

Usos e funções

Os retábulos eucarísticos foram os mais relevantes, pois neles procedia-se à

exposição solene do Santíssimo Sacramento. Maioritariamente estavam na capela-mor,

havendo ao centro um camarim preenchido por um trono piramidal em degraus onde

se colocava no último degrau um ostensório ou uma custódia com a hóstia

consagrada.

Os retábulos devocionais a um só tema foram os mais frequentes, registando-se no

centro da composição a representação figurativa do orago, maioritariamente uma

escultura de vulto perfeito e mais raramente uma tela pintada.

De menor aceitação da clientela foram os retábulos devocionais a três temas.

Normalmente tinham uma composição tetrástila, havendo em cada tramo uma

representação figurativa: ao centro o orago e nos tramos laterais esculturas de santos

de menor devoção.

7

Também os retábulos relicários foram pouco frequentes, por serem difíceis de obter

as relíquias de santos. Os relicários tanto podiam estar expostos em lóculos existentes

normalmente nos tramos laterais, como estar guardados no interior de um sacrário

colocado sobre a banqueta.

Muito raros foram os retábulos sepulcros, não só na cidade de Évora, mas também no

resto do país, pois era interdito sepultar no interior da mesa do altar ou sobre ela o

cadáver da pessoa falecida. Só era permitido colocar no seu interior corpos gloriosos,

isto é, de santos, passando então a ser incluídos nos retábulos relicários. Houve, no

entanto, excepções, como ocorreu por exemplo no retábulo da capela de Nossa

Senhora do Anjo na igreja da Sé10.

Em relação aos quatro retábulos da igreja do antigo Convento do Carmo há um

eucarístico: o da capela-mor; um relicário11: o de Nossa Senhora da Piedade; e dois

devocionais a um só tema: os da invocação de Nossa Senhora do Bom Sucesso e de

Santo Alberto.

Tipologias e modelos compositivos

A tipologia dominante é composta por corpo único e um só tramo. A ladear o camarim

com o trono onde se expunha o Santíssimo nos retábulos eucarísticos ou o nicho com

a representação figurativa do orago nos retábulos devocionais a um só tema, podem

ser utilizados dois, três, quatro ou mesmo mais elementos arquitectónicos, quer em

perspectiva côncava, quer convexa, preferencialmente cons-

10

Foi ajustado no dia 24 de Dezembro de 1699 pelo Arcebispo de Évora, D. Frei Luís da Silva. Após o seu falecimento em 1703, o seu corpo foi colocado no interior da mesa do altar. Como porém o Duque do Cadaval seu parente, apenas chegado do Maranhão, fosse à Sé dois dias após a morte do prelado, ao indicarem-lhe o local da sepultura estranhasse estar sepultado onde só devem estar corpos gloriosos, logo nesse dia 15 de Janeiro foi traslado para a capela do Santo Lenho (José Filipe de Mendeiros, O Santo Lenho da Sé de Évora, Évora, 1968, p. 47. 11

No meio está um sacrário dourado em que está uma custódia com uma relíquia do Santo Lenho, que se expõe à devoção dos fiéis em os dias da Invenção e Exaltação da Cruz (Cfr. Frei Manuel de Sá, Memória histórica da Ordem de Nossa Senhora do Carmo da Província de Portugal, Lisboa, 1727, p. 297).

8

tituídos por colunas torsas com seis ou sete espiras, com o fuste integralmente

revestido por cachos de uvas, parras, fénix, etc., e pilastras também com o fuste

totalmente ornamentado por folhagem de cardo, em médio relevo. Excepcionalmente,

ainda se utilizam colunas de fuste liso com o terço inferior diferenciado, como ocorre

no retábulo da capela-mor.

A segunda tipologia de maior aceitação foi a de corpo único e três tramos, quer em

retábulos eucarísticos que nos tramos laterais têm nichos destinados à exposição de

imagens de vulto perfeito, quer em retábulos devocionais a três temas. Apresentam

uma composição tetrástila, inscrevendo-se os intercolúnios entre duas colunas, uma

de cada lado.

Na igreja do antigo Convento do Carmo temos um retábulo que adopta a tipologia de

corpo único e três tramos: o da capela-mor; adoptando os três restantes retábulos a

tipologia de corpo único e um só tramo. No entanto, cada um deles utiliza um modelo

compositivo diferente. O de Santo Alberto, ainda que tivesse seguido o modo e a

forma do retábulo da capela-mor, não tem qualquer nicho nas ilhargas, inscrevendo-se

a tribuna central entre duas colunas e três pilastras de cada lado. Já no retábulo de

Nossa Senhora do Bom Sucesso a tribuna apresenta de cada lado uma coluna e três

pilastras. Finalmente, no retábulo de Nossa Senhora da Piedade o nicho principal é

envolvido de cada lado por quatro elementos arquitectónicos, duas colunas e duas

pilastras, uma delas de secção mais larga.

9

Elementos compositivos

No seguimento da análise da composição dos corpos e dos tramos, também nos

interessa abordar os restantes dois elementos estruturais: o embasamento e o ático,

cada um deles ocupando teoricamente um terço da altura da capela12.

Em relação ao embasamento predomina a existência de dois registos: o sotobanco e o

banco ou predela, sendo este último, onde assenta o corpo do retábulo, o mais

valorizado. Na solução mais usual utilizam-se mísulas por baixo das colunas e

pedestais sob as pilastras. Ao centro destaca-se o sacrário, nomeadamente nos

retábulos mais relevantes. Apesar de menos frequente também se utiliza um só

registo, formado por pilastras que assentam no pavimento e que servem de suporte

do corpo do retábulo.

Em relação aos quatros retábulos em questão temos dois exemplares com duplo

registo (o da capela-mor e o de Santo Alberto), havendo no banco de cada um deles

quatro mísulas a suportar as colunas. No retábulo principal sobressai sobre a mesa do

altar uma maquineta com a imagem do orago, resultante de uma intervenção ocorrida

por volta de 1760. No retábulo da invocação de Nossa Senhora do Bom Sucesso o

embasamento tem um só registo. Já o embasamento do retábulo do transepto

constitui um caso ímpar, justificado pela necessidade de se arranjar mais um nicho,

para além do principal, para expor o já referido sacrário com uma relíquia da Santa

Cruz. A solução encontrada pelo mestre entalhador consistiu em sobrepor vários

registos no embasamento, sobressaindo ao centro da composição um nicho

emoldurado. No banco colocaram-se quatro mísulas por baixo das colunas.

12

Se tivermos em conta que os responsáveis desta comunidade religiosa pretendiam que a igreja tivesse uma planta singular e que fosse a melhor de toda a Província do Alentejo e que o Prior mandou chamar os dois mais insignes arquitectos que naquele tempo havia na cidade de Lisboa, a capela-mor e o respectivo retábulo foram pensados em simultâneo. As proporções utilizadas demonstram um rigor matemático perfeito ( a altura do corpo é igual à do embasamento e do ático e ainda à distância entre as duas colunas centrais. Por sua vez a altura do embasamento e do corpo são idênticas à da largura do retábulo).

10

No respeitante ao ático predominou uma solução estritamente portuguesa em que o

camarim ou a tribuna termina num arco de volta perfeita que rompe o entablamento

na parte central, sendo o ático composto por arcos salomónicos e/ou arquivoltas

plenas e concêntricas cortadas transversalmente por aduelas e por uma cartela ou

tarja central. Como exemplos apontamos dois retábulos da igreja do antigo Convento

do Carmo (o da capela-mor e o de Santo Alberto).

Outras soluções menos frequentes foram também utilizadas, nomeadamente nos

restantes dois retábulos carmelitas. No de Nossa Senhora do Bom Sucesso a tribuna

interrompe também o entablamento através de uma arquivolta plena, registando-se

nas suas ilhargas dois consolos que suportam uma cornija contínua. A envolver este

enquadramento surgem ornatos vegetalistas em relevo escultórico. No retábulo do

transepto a solução utilizada resulta de uma intervenção posterior ocorrida por volta

de 1716, ocasião em que se reconstruiu o painel central do ático e se coloca no topo

um dossel com sanefas de talha dourada, de perfil sinuoso e recortado.

Materiais

Na feitura dos retábulos predomina a utilização de madeira, quer importada da

Flandres (o bordo), mais cara e restrita a clientela com maiores recursos, quer de

origem nacional (maioritariamente a de castanho) de preço mais acessível.

A maioria da clientela preferia retábulos de madeira entalhada e predominantemente

dourada, restringindo-se a policromia à carnação dos elementos figurativos e a alguns

elementos pontuais (cachos de uvas, asas das Fénix, etc.).

De menor aceitação foi o uso de materiais pétreos, que, por serem mais dispendiosos,

ficou restrito às elites mais eruditas e de maiores recursos financeiros.

Como alternativa mais acessível, mas também de pouca aceitação, foi o uso de

retábulos de madeira em obra lisa sem entalhados, à imitação dos mármores de diversas

cores. Mais frequente foi o mimetismo da pedraria com embutidos policromos

nalgumas partes do retábulo, nomeadamente no embasamento, como ocorre por

11

exemplo em diversos retábulos laterais na igreja do Colégio do Espírito Santo de

Évora.

Dos quatro retábulos carmelitas, três seguiram a opção da madeira13 entalhada e

predominantemente dourada: o do transepto e os das duas capelas laterais, ainda que

a policromia do retábulo de Santo Alberto tenha sido alterada de forma incorrecta e

anacrónica já no século XX. Já o retábulo da capela-mor constitui no período em

questão um interessante e raro testemunho da opção do mimetismo da pedraria com

embutidos policromos. Atente-se na sua descrição em 1727: O retábulo é de entalhado

e as tintas o fazem parecer de pedra com embutidos e na mesma forma as duas colunas

que tem nos lados. A casa da tribuna é espaçosa e primorosa, a sua pintura também é

imitação de pedra14. Esta opção estética resultou da influência do arquitecto da igreja

(um dos mais insignes arquitectos que naquele tempo havia na cidade de Lisboa) e com

grandes probabilidades também responsável pelo risco do retábulo, provavelmente

João Antunes. É preciso termos em conta que os dirigentes da comunidade carmelita

de Évora já tinham gasto na construção da igreja, que durou vinte e um anos (de 1669

a 1690) setenta e cinco mil cruzados e que escasseavam os meios para mandar fazer

um retábulo de pedraria com embutidos policromos. Neste contexto era bastante mais

barato construir um retábulo de madeira fingindo pedraria. Acresce referir que este

arquitecto régio assumia claramente estas ideias, conforme se constata numa carta

que escreveu ao bispo do Porto, por volta de 1692, quando este prelado pretendia

mandar fazer um retábulo de pedraria para a capela-mor da igreja de Nossa Senhora

da Vitória naquela cidade15.

13

No único caso documentado, o de Santo Alberto, utiliza-se madeira de bordo. 14

Frei Manuel de Sá, Memória histórica da Ordem de Nossa Senhora do Carmo da Província de Portugal, Lisboa, 1727, pp. 292 e 293. 15

Documento transcrito na íntegra por Maria João Pereira Coutinho, A produção portuguesa de embutidos de pedraria policroma (1670-1720), dissertação de doutoramento, Faculdade de Letras de Lisboa, 2010, Vol. 2., pp. 144 e 145.

12

Oficinas intervenientes

Para o período em questão (1674-1719) a documentação remanescente permite

constatar a existência na cidade de Évora de dez oficinas de talha (Ver Doc. 2 do

Apêndice Documental), não tendo chegado a coexistir todas elas, pois alguns mestres

faleceram entretanto. De registar que duas destas oficinas tiveram como responsáveis

mestres oriundos da cidade de Lisboa, que, na sequência da prestação de serviços

realizados em Évora, aqui se fixaram definitivamente. A estes dois profissionais se

devem os mais relevantes retábulos subsistentes. Um destes mestres, Francisco

Machado,16 destacou-se também como empreiteiro de muitas obras de talha (entre

retábulos da sua autoria e atribuições contabilizam-se quase três dezenas de

retábulos), tendo liderado uma vasta oficina composta por diversos oficiais eborenses.

Em relação aos quatro retábulos eborenses, somente se conhece a autoria de um

deles (o de Santo Alberto), ajustado em 1698 pelo referido Francisco Machado, sendo

possível atribuir a autoria de outros dois retábulos, o do transepto e o de Nossa

Senhora do Bom Sucesso, a este mesmo profissional, atendendo ao emprego de

algumas soluções utilizadas noutras obras deste mestre, a saber, a submissão do nicho

central ao entablamento contínuo e a colocação de um segundo nicho no centro do

embasamento, o tratamento plástico da folhagem de cardo no remate de alguns

retábulos, etc.. Já em relação ao retábulo da capela-mor, atribui-se o risco ao

arquitecto régio João Antunes, desconhecendo-se a identidade do responsável pelo

entalhe, seguramente um mestre que se deslocou de Lisboa. Como hipótese de

trabalho aponta-se Francisco da Silva, entalhador originário de Lisboa e que na década

de 1690 se fixou definitivamente na cidade de Évora.

16

Miguel Ángel Teodoro Vallecillo, Retablística Alto Alentejana (Elvas, Villaviciosa y Olivenza) en los siglos XVII-XVIII, Mérida, 1996, pp. 151 e 152 e Celso Mangucci, “Francisco Machado e a oficina de retábulos do arcebispo de Évora”, Cenáculo. Boletim on line do Museu de Évora, n.º 2, Dezembro de 2007, pp. 3 a 17.

13

Conclusão

Os quatro retábulos barrocos remanescentes na igreja do antigo Convento do Carmo

de Évora, apesar de dois deles apresentarem algumas remodelações posteriores,

integram-se no núcleo dos exemplares mais representativos do Barroco Pleno na

cidade de Évora17. Destacamos contudo o retábulo da capela-mor por constituir um

dos raros testemunhos de uma modalidade artística18 que, apesar de erudita, teve

pouca aceitação da clientela no período em questão, isto é, nos finais do século XVII e

nas duas primeiras décadas de setecentos.

17

Outros exemplares de grande interesse são o retábulo da capela-mor da igreja do Convento da Cartuxa, o retábulo de Nossa Senhora do Anjo na igreja da Sé, os retábulos da frontaria da igreja da Santa Casa da Misericórdia, o retábulo da capela-mor da igreja do antigo Convento de Santa Clara, alguns retábulos da igreja do antigo Colégio da Companhia de Jesus, etc… 18

Referimo-nos aos retábulos de madeira em obra lisa sem entalhados e pintados à imitação dos mármores de diversas cores.

14

Fichas

15

Évora . Retábulo principal da igreja do antigo Convento de Nossa Senhora da Luz ou do

CarmoRisco: 1690 – João Antunes (?); entalhe: Francisco da Silva (?)

16

Preenche a totalidade da parede testeira da capela-mor. Em 1690 foi custeado pelo

Conde de Alcáçovas, padroeiro do altar-mor, durante o priorado de D. Frei Manuel da

Cunha. Aquando da sagração da igreja, em 1691, estava concluído. É provável ter sido

projectado pelo arquitecto régio João Antunes, eventual responsável pela planta da

igreja. Já o entalhe atribui-se a um mestre oriundo de Lisboa, eventualmente Francisco

da Silva.

Exemplar eucarístico, que adopta uma tipologia muito frequente (a de corpo único e

três tramos) e um modelo compositivo igualmente bastante usual (os intercolúnios

inscrevem-se entre duas colunas, uma de cada lado). De realçar o facto de utilizar

colunas de fuste liso com o terço inferior diferenciado.

De madeira entalhada e pintada a fingir pedraria, apresenta planta em perspectiva

côncava. O embasamento tem duplo registo, com duas portas de acesso ao camarim

nas ilhargas da mesa do altar. No banco há quatro mísulas, destacando-se na parte

central uma maquineta, com a imagem de Nossa Senhora da Luz, resultante de uma

remodelação realizada por volta de 1760. O corpo é definido por quatro colunas. Ao

centro sobressai o camarim preenchido com um trono piramidal em degraus, outrora

destinado à exposição solene do Santíssimo. Nos tramos laterais há dois nichos

destinados às imagens de vulto perfeito de Santo Elias e Santo Eliseu. O entablamento

restringe-se aos tramos laterais, estruturando-se o ático entre duas arquivoltas plenas

cortadas por aduelas e uma cartela central com as insígnias carmelitas.

Encontra-se em razoável estado de conservação, apesar da policromia original ter sido

parcialmente remodelada.

Bibliografia específica

Frei Agostinho de Santa Maria, Santuário Mariano, Vol. 6, 1718, pp. 22 a 24.

Germain Bazin, “Morphologie du retable portugais”, Belas Artes, 1953, n.º 5, p. 13.

Frei Manuel de Sá, Memórias históricas da Ordem (…) do Carmo Lisboa, 1727, pp. 292 e 293.

“Freguesia da Sé”, Memórias Paroquiais de 1758.

Robert C. Smith, A Talha em Portugal, Lisboa, 1963, p. 69.

Túlio Espanca, Inventário Artístico de Portugal. Concelho de Évora, 1966, p. 48.

17

Évora . Retábulo de Nossa Senhora da Piedade, na igreja do antigo Convento

de Nossa Senhora da Luz ou do Carmo

Risco e entalhe: c. 1691 – Francisco Machado (?)

18

Inscreve-se no interior do arco existente na parede fundeira do transepto no lado do

Evangelho. Foi custeado pelos descendentes dos instituidores desta capela, existindo

no pavimento uma pedra sepulcral com a seguinte inscrição: para esta sepultura se

trasladaram os ossos de Maria Peres de Andrade e de Isabel Peres de Andrade, em 8 de

Agosto de 1691. É possível atribuir o risco e o entalhe a Francisco Machado, mestre

com oficina aberta na cidade de Évora. Por volta de 1760 foi remodelado no painel

central do ático, tendo-se também acrescentado um dossel com sanefas.

Exemplar relicário, que adopta uma tipologia muito frequente (a de corpo único e um

só tramo) e um modelo compositivo pouco frequente (o nicho central inscreve-se

entre cinco elementos arquitectónicos de cada lado, em perspectiva convexa). Como

especificidade aponta-se o embasamento, de elevado pé-direito, composto por

diversos registos.

De madeira entalhada e predominantemente dourada, apresenta ao centro do

embasamento um nicho emoldurado, outrora preenchido com um sacrário dourado em

que está uma custódia com a relíquia do Santo Lenho. No banco destacam-se quatro

mísulas sobre as quais assentam as colunas torsas com sete espiras com o fuste

totalmente revestido por cachos de uvas, parras e Fénix. A ladear o nicho principal do

corpo, onde se expõe a imagem do orago, para além das quatro referidas colunas,

surgem três pares de pilastras totalmente revestidas por folhagem de cardo. O ático

desenvolve-se a partir do entablamento contínuo, sendo delimitado por uma

arquivolta plena. Ao centro avultam duas metas ou pilares com meios corpos e um

friso contínuo. Nas ilhargas há enrolamentos vegetalistas, sendo todo o conjunto

rematado por um dossel de perfil sinuoso e recortado.

Encontra-se em razoável estado de conservação. Estiveram também expostas neste

retábulo as imagens de São Tomé e de São Sesinando.

Bibliografia específica

Frei Manuel de Sá, Memórias históricas (…), Lisboa, 1727, p. 297.

Túlio Espanca, Inventário Artístico de Portugal. Concelho de Évora, 1966, p. 49.

19

Évora . Retábulo de Nossa Senhora do bom Sucesso, na igreja do antigo Convento

de Nossa Senhora da Luz

Risco e entalhe: cerca de 1702 – Francisco Machado (?)

20

Preenche a totalidade da parede testeira de uma capela da nave no lado do

Evangelho. Foi custeado por José Rodrigues do Vale, sobrinho do Padre Mestre Manuel

da Graça, Prior deste Convento, em cuja cela faleceu no ano de 1702, de acordo com

uma lápide que se expôs no pavimento. É possível atribuir o risco e o entalhe a

Francisco Machado, que o executou provavelmente por volta de 1702.

Exemplar devocional a um só tema, que adopta uma tipologia muito frequente (a de

corpo único e um só tramo) e um modelo compositivo pouco frequente (a tribuna

inscreve-se entre quatro elementos arquitectónicos de cada lado, em perspectiva

côncava).

De madeira de bordo entalhada e predominantemente dourada, o embasamento

restringe-se às portas que ladeiam a mesa do altar. O corpo é definido por um par de

colunas torsas com sete espiras com o fuste totalmente revestido por cachos de uvas,

parras e Fénix e três pares de pilastras totalmente revestidas por folhagem de cardo,

sendo as duas de fora divididas no terço inferior. Ao centro sobressai uma tribuna

destinada à imagem de vulto perfeito do orago. O entablamento restringe-se aos

elementos arquitectónicos. A ladear a arquivolta do remate da tribuna surge um par de

consolos e um friso contínuo. Nas ilhargas e no remate surgem enrolamentos

vegetalistas. De referir ainda que na banqueta estiveram expostas as imagens da

Senhora do Resgate e de São João Baptista.

Encontra-se em razoável estado de conservação.

Bibliografia específica

Frei Manuel de Sá, Memórias históricas da Ordem de Nossa Senhora do Carmo da Província de

Portugal, Lisboa, 1727, p. 298.

Túlio Espanca, Inventário Artístico de Portugal. Concelho de Évora, 1966, p. 49.

21

Évora . Retábulo de Santo Alberto, na igreja do antigo Convento de Nossa Senhora

da Luz ou do Carmo

Risco e entalhe: 1698 - Francisco Machado

22

Preenche a totalidade da parede testeira de uma capela da nave no lado da Epístola.

Foi ajustado numa escritura pública notarial no dia 4 de Agosto de 1698 entre o

cliente, o Dr. Manuel Rodrigues de Gusmão, advogado dos presos do Santo Ofício

nesta cidade, e Francisco Machado, pela quantia de 140$000 réis. Neste ajuste o

mestre comprometeu-se a fazer o retábulo de madeira de bordo pelo modo e forma do

retábulo que se vê na capela-mor, as colunas serão salomónicas revestidas todas de talha

e as mesmas serão em volta pela boca da tribuna com quatro fechos e no meio sua tarja e

a talha será toda relevante (…) a contentamento do Prior do dito Convento.

Exemplar devocional a um só tema, que adopta uma tipologia muito frequente (a de

corpo único e um só tramo) e um modelo compositivo pouco frequente (a tribuna

inscreve-se entre cinco elementos arquitectónicos de cada lado, em perspectiva

côncava).

De madeira entalhada e outrora predominantemente dourada, o embasamento tem

duplo registo. No banco há quatro mísulas e seis pedestais. O corpo é definido por

dois pares de colunas torsas com sete espiras com o fuste revestido por cachos de

uvas, parras e Fénix e três pares de pilastras revestidas por folhagem de cardo. Ao

centro sobressai uma tribuna preenchida por um pequeno trono destinado à imagem

de vulto perfeito do orago. O entablamento restringe-se aos elementos

arquitectónicos, sendo o ático composto por dois arcos salomónicos e três arquivoltas

plenas e concêntricas, cortadas transversalmente por quatro aduelas e uma cartela ou

tarja central. De referir ainda que na banqueta esteve exposta a imagem de São Bento.

Encontra-se em razoável estado de conservação, apesar da policromia desajustada e

anacrónica.

Bibliografia específica e fontes

Arquivo Distrital de Évora, Livro de Notas n.º 902, fls. 25 a 26 v.º.

Frei Manuel de Sá, Memórias históricas (…), Lisboa, 1727, p. 300.

Miguel Ángel Vallecillo, “Centros Artísticos y Esbozo de Artistas en el Alto-Alentejo”, Calipole

3/4 , 1995-1996, p. 151

Túlio Espanca, Inventário Artístico de Portugal. Concelho de Évora, 1966, p. 48.

23

Apêndice Documental

Doc. 1 Quadro dos 50 retábulos identificados na cidade de Évora

- 1674 – Retábulo da Ordem Terceira na igreja do Convento de S. Francisco. Já não

subsiste.

- 1678 (cerca) Retábulo da capela-mor da igreja do Convento do Salvador. Subsiste.

- Década de 1680 – Retábulo de Nossa Senhora da Anunciada na igreja do Colégio.

Subsiste.

- 1684 (antes) Retábulos de São Francisco Xavier, Nossa Senhora da Conceição e de

São Sebastião na Quinta dos Apóstolos, da Companhia de Jesus. Já não subsistem.

- 1684 (18-XI) Ajuste do primitivo retábulo de São Francisco Xavier na igreja do

Colégio de Évora. Já não subsiste.

- 1688 (cerca) Retábulo da capela-mor da igreja do Convento de Santa Clara. Subsiste

mas com remodelações posteriores, nomeadamente no trono e no revestimento em

talha do camarim.

- 1690 Ajuste de nove retábulos laterais para a Sé de Évora. Já não subsistem.

- 1690 (cerca) Retábulo de Santa Luzia na igreja do Convento de São Francisco.

Subsiste.

- 1691 (antes) Douramento do retábulo do Noviciado, no Colégio da Companhia de

Jesus. Já não subsiste.

- 1691 (cerca) Retábulo de Nossa Senhora da Piedade na igreja do Convento do

Carmo. Subsiste mas com remodelações posteriores.

- 1691 (cerca) Retábulo da capela-mor da igreja do Convento do Carmo. Subsiste mas

com remodelações posteriores.

- 1691 Douramento do retábulo da ermida de Nossa Senhora das Brotas.

- 1693(26-III) Ajuste do retábulo de Nossa Senhora das Necessidades na igreja do

Convento de São Francisco. Já não subsiste.

- 1697 (cerca) Retábulo principal da igreja do Convento da Cartuxa. Subsiste.

- 1697(17-VII) Ajuste do retábulo da capela-mor da igreja do Mosteiro de Santa Helena

do Monte Calvário. Subsiste.

24

- 1698 (4-VIII) ajuste do retábulo de Santo Alberto na igreja do Convento do Carmo,

tomando por modelo o retábulo principal do mesmo templo. Subsiste.

-1699 (24-XII) ajuste do retábulo de N. Sr.ª do Anjo na igreja da Sé, Subsiste.

- 1700 (cerca) Retábulo da capela-mor da igreja do Mosteiro de Nossa Senhora do

Espinheiro. Subsiste.

- 1700 (década) Retábulo de Santa Úrsula na igreja do Colégio. Subsiste.

- 1700 (década) Retábulo de Santa Ana na igreja do Colégio. Subsiste.

- 1701 (I-IV) ajuste do retábulo principal da igreja matriz de Santo Antão. Subsiste.

- 1701 (11-VIII) ajuste do retábulo principal, já desaparecido, da igreja matriz de São

Pedro. Já não subsiste.

- 1702 (cerca) Retábulos colaterais da igreja matriz de São Pedro. Já não subsistem.

- 1702 (cerca) Retábulo de Nossa Senhora do Bom Sucesso na igreja do Convento do

Carmo. Subsiste.

- 1702 Retábulo colateral de Nossa Senhora da Assunção na igreja do Colégio.

Subsiste.

- 1703 (antes) Retábulo de Santo Inácio na igreja do Colégio. Subsiste.

- 1703 (13-XI) ajuste do retábulo de Nossa Senhora da Boa Morte na igreja do Colégio,

exemplar subsistente mas com remodelações posteriores.

- 1704 (cerca) Retábulo colateral, de Nossa Senhora do Socorro na igreja do Colégio.

Subsiste.

- 1707 Retábulo do Senhor Santo Cristo na igreja do Colégio. Subsiste.

- 1707 (cerca) Retábulo da Casa dos Santos da Ordem Terceira no Convento de São

Francisco. Subsiste.

- 1710 (17-XI) Retábulos da frontaria da igreja da Misericórdia. Subsistem.

- 1710 (cerca) Retábulo de Santo Cristo na igreja da Misericórdia. Subsiste.

- 1713 (8-III) Ajuste do retábulo principal da igreja de Santa Marta. Subsiste.

- 1713 (cerca) Retábulos colaterais da igreja de Santa Marta. Subsistem.

- 1715 (cerca) Retábulo de Santo António na igreja do Colégio. Subsiste.

- 1719 (3-XI) Ajuste do retábulo da capela-mor da igreja matriz de Santiago, tomando

por modelo o retábulo da igreja matriz de São Pedro. Subsiste.

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Doc, 2 Oficinas sedeadas ou assistentes em Évora e com obra nesta cidade

- António de Oliveira (1693 - f.1701) 1 retábulo

- Bartolomeu Ribeiro (1673 - f.1679) 1 retábulo

- Domingos Gomes Aranha (1703)

- Francisco Machado, originário de Lisboa (1684-1708) 16 retábulos + 12 atribuições

- Francisco da Silva, originário de Lisboa (1694 -1746) 4 retábulos

- Inácio Carreira ( - f.1710)

- Inácio de Faria (1713) 1 retábulo + 2 atribuições

- João Miguel (1719) 1 retábulo

- José Lopes de Aguiar (1715)

- Manuel Moreira (1693) 1 retábulo