nós mulheres e a importância da memória histórica
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7/23/2019 Nós Mulheres e a Importância da Memória Histórica.
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NÓS MULHERES E A IMPORTÂNCIA DA MEMÓRIA HISTÓRICA
María Villarreal.
Refletir e pensar sobre a nossa história pessoal e coletiva, implica problematizar e questionar a
aparências. Nesse sentido, o que somos hoje as mulheres, as nossas conquistas ereivindicações, tem a ver com o nosso passado ou são simplesmente fruto do acaso ou das
concessões de alguém? A resposta parece obvia, mas não é. Em relação aos direitos e
condições do gênero feminino, a história oficial apresenta uma versão dos fatos que nos induz
a ver como algo garantido desde sempre o acesso ao estudo, ao voto, e a outros direitos, tipo
escolher como e com quem queremos viver, ou mesmo, uma maternidade desejada.
Lamentavelmente alguns desses direitos ainda são um ideal para boa parte da população
feminina, mas ao mesmo tempo, constituem um patrimônio de incalculável valor para uma
parcela significativa de mulheres apesar das dificuldades e questionamentos contínuos.
A minha e a história de todas nós mulheres é a soma de lutas, reclamos e demandas
expressadas de forma individual e coletiva; tradicionalmente ridiculizadas e reprimidas
duramente por quem controla o poder e define os bons e os maus costumes das épocas. Atéantes do surgimento oficial do feminismo como heterogeneidade de movimentos e posturas
que reivindicam a libertação, a dignidade e o respeito dos direitos das mulheres enquanto
seres humanos, houve pessoas (mulheres principalmente, mas também homens) que se
manifestaram a favor da nossa causa, pedindo o acesso à educação, afirmando a igualdade
entre homens e mulheres, demonstrando a existência de problemas aparentemente
“invisíveis” ou trabalhando para erradicar a violência que ameaça as nossas vidas. Hoje,
relembrando toda essa história é preciso reconhecer o valor e a coragem de todas essas
pessoas e dizer: OBRIGADA. Parte do que somos e temos atualmente é graças a el@s, e neste
sentido, honrar a sua memória implica conhecer a história da luta pelos nossos direitos e
contribuir a valorizar essa herança, defendendo aquilo que nos pertence por valor e dignidade.
A este respeito, campanhas recentes como #PrimeiroAssédio ou #MeuAmigoSecreto
problematizaram vivências quotidianas e comportamentos machistas e intolerantes, muitas
vezes naturalizados, considerados secundários, pouco importantes ou parte da nossa cultura.
Essas campanhas são mais do que bem-vindas. Elas constituem um ato de presença e um
chamado de atenção que nos permite parar para pensar que o sonho de construir uma
sociedade mais justa ainda não acabou. As formas de discriminação e violência continuam
existindo para nós mulheres e se agravam quando falamos de mulheres negras, lesbicas, bi ou
transexuais. Por outro lado, o recente projeto de lei 5069, de autoria do presidente da Câmara
dos Deputados Eduardo Cunha do PMDB constitui um atentado aos nossos direitos,
criminalizando a opção das mulheres de interromper a própria gravidez em casos legalmente
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reconhecidos e prevendo penas para quem induz, instiga ou auxilia as mulheres nesse
processo. Mais uma vez a reação dos movimentos de mulheres foi significativa e sob o lema
“Pílula fica, Cunha sai”, milhares de mulheres em diversas cidades do Brasil saíram às ruas
para manifestar o próprio desacordo com a proposta e a necessidade de preservar os seus
direitos. Através deste tipo de ações e da nossa afirmação cotidiana, todas nós somos e
podemos ser forças vivas e ativas de mudança social. O trabalho pela vida plena e os direitos
de todas ainda não acabou e em nome de quem doou as suas vidas e energias para nos
permitir ser pessoas integrais, precisamos dar continuidade à utopia, ajudando a fazer desse
mundo um lugar mais justo e melhor para tod@s.