nos ideários educacionaisead.bauru.sp.gov.br/efront/www/content/lessons/95/slide 2 módulo...
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O lema “aprender a aprender”
nos ideários educacionais
Conforme anunciamos, a conversa será longa!!!
Neste bloco de slides refletiremos sobre o lema
“aprender a aprender” que faz parte de muitos
ideários educacionais contemporâneos.
Fonte:https://www.google.com/search?rlz=1C1GCEA_enBR791BR791&biw=1366&bih=657&tbm=isch&sa=1&ei=D9hbXY7V
Bbac5OUPloaemAc&q=aprender+a+fazer&oq=aprender+a+fazer
Para conseguirmos alcançar reflexões e discussões mais qualitativas e
coerentes com o embasamento teórico que alicerça nosso Currículo,
utilizaremos a obra do Prof. Dr. Newton Duarte:
“Vigotski e o 'Aprender a
Aprender'.
Crítica às Apropriações
Neoliberais e Pós-
Modernas da Teoria
Vigotskiana”
Estudo das teorias pedagógicas
a partir de uma teoria crítica.
Capa do livro – surrealismo
Duas cabeças num mesmo corpo.
Cabeças: neoliberais e pós-modernos
Corpo: capitalismo
O capítulo um da obra referida traz
questões importantes para pensarmos a educação:
O lema “aprender a aprender” nos
ideários educacionais
Vamos lá!!!
Livro “Cuidado escola!”
De acordo com Duarte (2001, p. 32), é necessária uma
relação consciente para com o ideário pedagógico que
esteja mediatizando a leitura que os educadores
brasileiros vêm fazendo dos trabalhos da escola de
Vigotski.
O ato de ensinar é parte integrante
do trabalho educativo.
O trabalho educativo produz, nos indivíduos singulares,
a humanidade, isto é, o trabalho educativo alcança sua
finalidade quando cada indivíduo singular apropria-se
da humanidade produzida histórica e coletivamente,
quando o indivíduo apropria-se dos elementos culturais
necessários à sua formação como ser humano,
necessários à sua humanização (DUARTE, 1998).
É preciso termos um posicionamento
afirmativo sobre o ato de ensinar!
O trabalho educativo posiciona-se, em primeiro lugar, em
relação à cultura humana, em relação às objetivações
produzidas historicamente.
Esse posicionamento, por sua vez, requer também um
posicionamento sobre o processo de formação dos indivíduos,
sobre o que seja a humanização dos indivíduos.
Fonte:https://www.google.com/search?rlz=1C1GCEA_enBR791BR791&biw=1350&bih=631&tbm=isch&sa=1&ei=VhbXbvZC6rC5OUPvJaA2Ag&q=process
o+de+humaniza
O processo de humanização
O homem pertence a uma espécie animal – HOMO SAPIENS
Temos um conjunto de traços herdados. Todos nós dependemos dos
genes que recebemos de nossos ancestrais para formar o nosso
corpo, obedecendo as características de nossa espécie – filogenia filogénese (no grego: Phylo = raça e genetikos = relativo à génese = origem)
Seu surgimento se dá pela evolução do homem que se liberta
totalmente de sua dependência inicial das mudanças biológicas.
Ou seja, em determinado momento do processo evolutivo humano, os
fatores biológicos, até então preponderantes passam a ser
subordinados às leis sócio-históricas.
Espécie humana e Gênero humano
Espécie humana = características herdadas
geneticamente.
Gênero humano = características produzidas
historicamente, apropriadas pelo indivíduo nos processos educativos.
Portanto, apenas o biológico não basta para satisfazer
suas necessidades, o homem precisou adquirir
várias aptidões, tornou-se apto à realização de uma
atividade constituída a partir das relações sociais,
chamada TRABALHO.
O homem definitivamente formado possui já todas as
propriedades biológicas necessárias ao seu
desenvolvimento sócio-histórico ilimitado, o qual não
depende de mudanças biológicas.
HUMANIZAÇÃO
Ao adotar a referência da formação do indivíduo como membro do
gênero humano, esse conceito de trabalho educativo está estabelecendo
como um dos valores fundamentais da educação, o do
desenvolvimento do indivíduo para além dos limites impostos pela
divisão social do trabalho.
E isso está explícito também nas críticas feitas por Saviani à pedagogia
escolanovista, quando esta, em nome da democracia, do respeito às
diferenças individuais, acaba por legitimar desigualdades resultantes
das relações sociais alienadas (DUARTE, 1998).
Diferenças individuais
aluno empírico aluno concreto
O respeito às diferenças, proposto pela
pedagogia da existência, tem resultados
catastróficos em nossas escolas. São
representantes desse raciocínio
professores que justificam o fracasso
escolar nas condições individuais de
seus alunos, nunca questionando a sua
prática de ensino (DANGIÓ, MARTINS,
2018, p. 114).
À culpabilização do aluno empírico
nessas circunstâncias, agregam-se
desculpas pedagógicas que não
consideram as multideterminações do
fenômeno, conjecturando apenas a
aparência de uma realidade que, em sua
essência, é responsável pelo fracasso
de cada aluno concreto que não aprende
(DANGIÓ, MARTINS, 2018, p.114).
Fonte:https://www.google.com/search?rlz=1C1GCEA_enBR791BR791&bi
w=1352&bih=631&tbm=isch&sa=1&ei=BmRdXdH5B
Compreender que o “aluno é entendido como alguém
que sintetiza, a cada período da vida, a história da
apropriações que lhes foram legadas”.
Como afirma Saviani (2005), é entender o “aluno
concreto”, ou seja, as necessidades dos alunos para
além do imediato (aluno empírico), compreendendo a
concepção de mundo que é necessário ser formada e os
conteúdos para proporcionar esta formação.
aluno empírico aluno concreto
apreendido por quaisquer
especificidades ou características
aparentes
é entendido, nessa perspectiva, como
alguém que sintetiza, a cada período da
vida, a história das apropriações que
lhes foram legadas.
A concepção educacional da Pedagogia Histórico-Crítica busca explicar o
homem como ser histórico.
Decorre dessa necessidade a busca por uma prática pedagógica coerente
que não caia nos determinismos e nos modismos das pedagogias
burguesas.
Uma questão fundamental para esta prática pedagógica é distinguir
o aluno empírico do aluno concreto.
Atender às necessidades do educando sem fazer esta distinção pode
significar o agravamento de sua condição de não-homem (DALAROSA,
2008, p.349).
Fonte:https://www.google.com/search?rlz=1C1GCEA_enBR791BR791&biw=1352&bih=631&tbm=isch&sa=1&ei=L2ZdXcfCB_Kx5OUPz9qRuAQ&q
=alunos+ricos+e+pobres&oq=alunos+ricos+e+pobres
O aluno empírico é aquele que se apresenta diante do professor, na
sala de aula.
Suas necessidades imediatas solicitam uma ação também imediata que
pode não contribuir para sua superação enquanto homem.
O aluno concreto é o aluno entendido em sua totalidade como ser
histórico.
As necessidades do aluno concreto encontram explicação na totalidade
das relações sociais nas quais está inserido.
Explica-se pela explicitação das múltiplas determinações. (DALAROSA, 2008, p. 349)
Fonte:https://www.google.com/search?rlz=1C1GCEA_enBR791BR791&biw=1352&bih=631&tbm=isch&sa=1&ei=L2ZdXcfCB_Kx5OUPz9qRuAQ&q
=alunos+ricos+e+pobres&oq=alunos+ricos+e+pobres
Fonte:https://www.google.com/search?rlz=1C1GCEA_enBR791BR7
91&biw=1352&bih=631&tbm=isch&sa=1&ei=_
Saviani (2005, p. 82) esclarece que "o aluno empírico, o indivíduo
imediatamente observável, tem determinadas sensações, desejos e
aspirações que correspondem necessariamente aos seus
interesses reais, definidos pelas condições sociais que o situam
enquanto indivíduo concreto. [...]
Nem sempre o que a criança manifesta à primeira vista como
sendo de seu interesse é de seu interesse como ser concreto,
inserido em determinadas relações sociais. Em contrapartida,
conteúdos que ela tende a rejeitar são, no entanto, de seu maior
interesse enquanto indivíduos concretos".
Saviani (2015, p. 357) nos diz:
“[...] os indivíduos são seres humanos concretos,
portanto, síntese de múltiplas relações sociais. Não
são indivíduos abstratos, os quais por intermédio da
educação se busca atingir uma essência humana
abstrata, como considera a pedagogia tradicional,
tampouco indivíduos empíricos e singulares os quais se
diferenciam uns dos outros por suas disposições
internas e naturais, como pensa a pedagogia nova.”
Fonte:https://www.google.com/search?q=forma%C3%A7%C3%A3o+humana&rlz=1C1GCEA_enBR791BR791&source=lnms&tbm=isch&
O conceito de trabalho educativo para o nosso Currículo:
situa-se numa perspectiva que supera a opção entre a
essência humana abstrata e a existência empírica.
A essência abstrata é recusada na medida em que a
humanidade, as forças essenciais humanas, são concebidas
como cultura humana objetiva e socialmente existente, como
produto da atividade histórica dos seres humanos.
Produzir nos indivíduos singulares "a humanidade que é
produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens",
significa produzir a apropriação pelos indivíduos das forças
essenciais humanas objetivadas historicamente (DUARTE, 1998).
[...] como o ser da sociedade é histórico, a essência
ontológica da educação só pode ser apreendida numa
perspectiva historicista.
Numa primeira aproximação, portanto, é cabível afirmar-se que uma
ontologia da educação busca compreender a essência historicamente
constituída do processo de formação dos indivíduos humanos como
seres sociais.
Não se trata de uma essência independente do processo histórico, das
formas concretas de educação em cada sociedade. Trata-se da análise
dos processos historicamente concretos de formação dos
indivíduos e de como, por meio desses processos vai se definindo,
no interior da vida social, um campo específico de atividade
humana, o campo da atividade educativa (DUARTE, 2012 , p. 38).
Produzir a apropriação pelos indivíduos das forças
essenciais humanas objetivadas historicamente.
Esse conceito de trabalho
educativo também supera a
concepção de educação
guiada pela existência
empírica, na medida em que
sua referência para a
educação é a formação do
indivíduo como membro do
gênero humano.
Fonte:https://www.google.com/search?rlz=1C1GCEA_enBR791BR791&biw=1349&bih=631&tbm
=isch&sa=1&ei=Y2JdXbPqMIfR5OUPssGzsAc&q=cultura+humana
https://www.google.com.br/search?q=compreens%C3%A3o+da+realidade&source=lnms&tbm=i
sch&sa=X&ved=0ahUKEwjlt5aR5svSAhVFGZAKHWsYC8IQ_AUICCgD&biw=1366&bih=651#tb
m=isch&q=CATARSE+pedagogia+hist%C3%B3rico-
cr%C3%ADtica&*&imgrc=DzBMmRURrf_6RM:
Em termos de metodologia de
ensino da pedagogia histórico-
crítica, podemos refletir que a
atuação dos professores precisa
trazer à tona as questões antes não
identificadas pelos estudantes de
maneira aprofundada, desvelando a
realidade concreta,
problematizando,
possibilitando aos estudantes um
novo olhar sobre a realidade.
Este novo olhar mostrará que a
realidade possui contradições que
estão relacionadas e constituem as
múltiplas determinações da
realidade, fazendo parte uma da
outra.
(TEIXEIRA, AGUDO, 2016, p. 163)
Mas... se o ato educativo pressupõe
humanização com consequente
desenvolvimento pleno e qualitativo do
ser humano, por que as pedagogias
que tem como lema “aprender a
aprender” não dão conta desse
processo?
O escolanovismo e o construtivismo como
concepções negativas sobre o ato de ensinar.
Para defender o ponto de vista acima Duarte (2001, p. 32-33)
inicia seu raciocínio com a afirmação de que o construtivismo retoma
em outras roupagens muitas das ideias fundamentais da Escola Nova.
Revigoramento do lema
“aprender a aprender”
nos ideários
educacionais
contemporâneos.
O que vem a ser “aprender a
aprender”?
“Aprender a aprender” foi um lema defendido pelo movimento
escolanovista e adquiriu novo vigor na retórica de várias concepções
educacionais contemporâneas, especialmente no construtivismo. “No
mundo todo, livros, artigos e documentos oficiais apresentam o
“aprender a aprender” como um emblema do que existiria de mais
progressista e inovador, um símbolo da educação do século XXI"
(DUARTE, 2001, orelha do livro).
Livro “Cuidado escola!”
“Trata-se de um lema que sintetiza uma concepção
educacional voltada para a formação da capacidade
adaptativa dos indivíduos [...] a adesão a esse lema
implica necessariamente a adesão a todo um ideário
educacional afinado com a lógica da sociedade capitalista
contemporânea (DUARTE, 2001, p. 42)".
Os pressupostos desse ideário têm por base a concepção da
não transmissão do conhecimento objetivo, sendo que o
conhecimento se centraria na capacidade de adaptação do
sujeito, por meio de suas estruturas de percepção e ação.
De acordo com Duarte (2001, p. 33), “em vários momentos de
trabalhos de autores construtivistas é possível constatar a
existência de concepções sobre a educação escolar que
endossam o lema “aprender a aprender”, mesmo quando esse
lema não é explicitamente citado.
O construtivista espanhol César Coll é um dos autores que
explicitam essa questão e chega mesmo a apresentar o “aprender
a aprender” como a finalidade última da educação numa
perspectiva construtivista.
Numa perspectiva construtivista, a
finalidade última da intervenção
pedagógica é contribuir para que o aluno
desenvolva a capacidade de realizar
aprendizagens significativas por si
mesmo numa ampla gama de situações e
circunstâncias, que o aluno “aprenda a
aprender” (COLL, 1994, p. 136 apud DUARTE, 2001, p. 33).
Os posicionamentos valorativos contidos no
lema “aprender a aprender” (DUARTE, 2001)
1º Posicionamento valorativo: as aprendizagens que o indivíduo realiza por
si mesmo, nas quais está ausente a transmissão, por outros indivíduos,
de conhecimentos e experiências, é tida como mais desejável. Aprender
sozinho seria algo que contribuiria para o aumento da autonomia do
indivíduo, ao passo que aprender algo como resultado de um processo de
transmissão por outra pessoa seria algo que não produziria a autonomia
e, ao contrário, muitas vezes até seria um obstáculo para a mesma.
Crítica: de nossa parte não discordamos da afirmação de que a educação
escolar deva desenvolver no indivíduo a capacidade e a iniciativa de
buscar por si mesmo novos conhecimentos, a autonomia intelectual, a
liberdade de pensamento e de expressão. Nosso ponto de discordância
reside na valoração, contida no “aprender a aprender”, das aprendizagens
que o indivíduo realiza sozinho como mais desejáveis do que aquelas que
ele realiza por meio da transmissão de conhecimentos por outras
pessoas. Não concordamos que o professor, ao ensinar, ao transmitir
conhecimento, esteja cerceando o desenvolvimento da autonomia e da
criatividade dos alunos.
Os posicionamentos valorativos contidos no
lema “aprender a aprender” (DUARTE, 2001)
2º Posicionamento valorativo: Trata-se da ideia de que é mais importante o aluno
desenvolver um método de aquisição, elaboração, descoberta, construção de
conhecimentos, do que aprender os conhecimentos que foram descobertos e
elaborados por outras pessoas. É mais importante adquirir o método científico do
que o conhecimento científico já existente. Esse segundo posicionamento
valorativo não pode ser separado do primeiro, pois o indivíduo, nessa concepção,
só poderia adquirir o método de investigação, só poderia “aprender a aprender” por
meio de uma atividade autônoma.
Crítica: Nosso questionamento em relação a essa ideia é o de que ela também apoia-
se em dicotomias, neste caso, as dicotomias entre conteúdo e forma e entre
processo e produto. No limite essa ideia acaba por esvaziar o processo
educativo, descaracterizando-o totalmente. Cabe aqui lembrar a seguinte
afirmação de Saviani sobre a Escola Nova: Veja-se o paradoxo em que desemboca
a escola nova; a contradição interna que atravessa de porta a porta sua proposta
pedagógica; de tanto endeusar o processo, de tanto valorizá-lo em si e por si,
acabou por transformá-lo em algo místico, uma entidade metafísica, uma
abstração esvaziada de conteúdo e sentido (SAVIANI, 1989, p. 86-87).
Atenção!!!
Vamos refletir...
O mencionado posicionamento valorativo contido no lema “aprender a
aprender”, que consiste em supervalorizar o método de
conhecimento em detrimento do conhecimento como produto,
articula-se também à ideia de que uma educação democrática não
pode privilegiar uma determinada concepção ideológica, política etc.
Nessa perspectiva: uma educação democrática seria uma
educação relativista.
Será mesmo que uma educação
democrática é isso???
Piaget (1998, p. III apud DUARTE, 2001, p. 37) expressou claramente
esse ponto de vista: “Certamente não nos cabe prescrever à
criança um ideal novo: não sabemos como será a sociedade de
amanhã. Não cabe a nós inculcar na criança um ideal político, um
ideal econômico, um ideal social demasiado preciso.
O que devemos lhe fornecer é simplesmente um método, um
instrumento psicológico fundado na reciprocidade e na
cooperação.”
Educação democrática relativista???
Isto não está me cheirando bem!!!
Crítica: Adoção de uma posição neutra,
relativista quanto aos fins da educação
Não podemos deixar de assinalar algumas contradições do raciocínio acerca
do relativismo na educação.
Postular uma educação que não privilegie nenhuma concepção política,
científica etc., está nitidamente atrelada aos princípios de uma doutrina
liberal sobre o homem, a sociedade e a educação.
Defender que as crianças devem aprender a “conhecer diferentes opções,
valorizando-as e julgando-as” a partir daquilo que constroem por si
mesmas, incita-nos as seguintes indagações:
Como a criança pode aprender a julgar as distintas concepções e
a adotar seu próprio ponto de vista se os adultos que a educam
omitirem suas opções e seus julgamentos?
Pode o educador ser neutro do ponto de vista ideológico, ou
científico, ou filosófico?
Os posicionamentos valorativos contidos no
lema “aprender a aprender”
3º Posicionamento valorativo: Trata-se do princípio segundo o qual
a atividade do aluno, para ser verdadeiramente educativa, deve
ser impulsionada e dirigida pelos interesses e necessidades da
própria criança.
Crítica: De que necessidades estamos falando? Do aluno empírico?
Do aluno concreto?
Retomemos as seguintes considerações já feitas neste estudo -
entender o “aluno concreto”, ou seja, as necessidades dos alunos
para além do imediato (aluno empírico), compreendendo a
concepção de mundo que é necessário ser formada e os
conteúdos para proporcionar esta formação.
Será que as necessidades e conhecimentos trazidos pelos
alunos são suficientes para dirigir o processo educativo?
Vamos brincar de
telefone sem fio?
Conte para mais educadores o que o
Prof. Newton Duarte (2001, p. 55)
nos diz sobre o conhecimento que
o aluno traz de sua “realidade
concreta”:
Alguém poderia, a esta altura de nosso estudo, contestar-nos apresentando o
argumento de que se busca, atualmente, a valorização do conhecimento
que o aluno traz de sua “realidade concreta”, de “seu cotidiano”, a
valorização do “saber específico ao grupo cultural ao qual o aluno pertence”,
isto é, busca-se valorizar a construção do conhecimento, partindo do que o
indivíduo já possui, possibilitando-lhe a conquista da autonomia intelectual,
respeitando suas necessidades e seus interesses.
Sem meias-palavras, consideramos que tudo isso não passa de uma
forma eufemística de aceitar, sem questionamentos, o cotidiano alienado
e fetichizado dos indivíduos.
Cotidiano fetichizado? O que é isso?
FETICHE= Objeto a que se atribui poder sobrenatural
ou mágico e se presta culto.
Objetivo da
educação
escolar = ir além
dos conhecimentos
já apropriados pelos
alunos, para que
eles possam superar
qualitativamente
esses
conhecimentos em
direção aos
conhecimentos
científicos.
Os posicionamentos valorativos contidos no
lema “aprender a aprender” (DUARTE, 2001)
4º Posicionamento valorativo: a educação deve preparar os indivíduos para acompanharem a
sociedade em acelerado processo de mudança, ou seja, enquanto a educação tradicional seria
resultante de sociedades estáticas, nas quais a transmissão dos conhecimentos e tradições
produzidos pelas gerações passadas era suficiente para assegurar a formação das novas
gerações, a educação nova (ou construtivista) deve pautar-se no fato de que vivemos em uma
sociedade dinâmica, na qual as transformações em ritmo acelerado tomam os conhecimentos
cada vez mais provisórios, pois um conhecimento que hoje é tido como verdadeiro pode ser
superado em poucos anos ou mesmo em alguns meses. O indivíduo que não aprender a se
atualizar estará condenado ao eterno anacronismo, à eterna defasagem de seus
conhecimentos
Crítica: o “aprender a aprender” aparece assim na sua forma mais crua, mostra assim
seu verdadeiro núcleo fundamental: trata-se de um lema que sintetiza uma
concepção educacional voltada para a formação da capacidade adaptativa
dos indivíduos. Quando educadores e psicólogos apresentam o “aprender a
aprender” como síntese de uma educação destinada a formar indivíduos criativos,
é importante atentar para um detalhe fundamental: essa criatividade não deve ser
confundida com busca de transformações radicais na realidade social, busca de
superação radical da sociedade capitalista, mas sim criatividade em termos de
capacidade de encontrar novas formas de ação que permitam melhor
adaptação aos ditames do processo de produção e reprodução do capital.
O que o autor defendeu com os 4 posicionamentos valorativos
contidos no lema “aprender a aprender” apresentados?
A tese de que a adesão a esse lema implica
necessariamente a adesão a todo um ideário
educacional afinado com a lógica da sociedade
capitalista contemporânea.
Esse fato permanece velado até mesmo a educadores que
em outros momentos mostraram-se críticos em relação
ao ideário escolanovista.
Fonte:https://www.google.com/search?rlz=1C1G
CEA_enBR791BR791&biw=1351&bih=631&tbm
=isch&sa=1&ei=XoddXeqnIJvA5OUPvL2VqAc&q
=capitalismo
Nossa hipótese é de que se trata de um tipo de discurso educacional que
poderá resultar, no plano internacional e também no plano nacional, no
fortalecimento da divisão mencionada por Saviani, tendo-se um tipo de
educação para as elites, voltado para o desenvolvimento da cognição, da
criatividade, da agilidade na utilização das diversas tecnologias de acesso à
informação, no desenvolvimento de múltiplas habilidades em diversos campos
da cultura humana, na capacidade de desenvolver trabalho de equipe
altamente qualificado etc., e outro tipo de educação, destinada à grande
maioria da população, caracterizado pela aquisição do instrumental cognitivo
mínimo e do conhecimento mínimo (alfabetização na língua materna e na
matemática), indispensáveis ao constante processo de adaptação às
mudanças nos padrões de exploração do trabalho e à assimilação das
expectativas de consumo produzidas pela propaganda (DUARTE, 2001, p. 67).
Fonte:https://www.google.com/search?rlz=1C1GCEA_
enBR791BR791&biw=1366&bih=657&tbm=isch&sa=1
&ei=p9FiXfLQOcPV5OUP7cyisAI&q=escola+pra+rico+
e+para+pobre&oq=escola+pra+rico+e+para+pobre&
A contradição entre o homem e a cultura, ou melhor,
entre a cultura como produto social e sua apropriação
privada, configura-se, nos dias de hoje, no fato de que
[...] a par de um desenvolvimento sem precedentes nos
meios de produção e difusão cultural, aprofunda-se o
fosso entre a exigência de generalização da alta
cultura e as dificuldades crescentes que as relações
sociais burguesas apõem ao desenvolvimento
cultural.
Em tal situação, a educação burguesa
inevitavelmente teve de considerar a cultura superior
como um privilégio restrito a pequenos grupos que
compõem a elite da sociedade.
No seu período revolucionário, correspondente à fase de
impulso criador, tal educação se destinou à formação de
elites dinâmicas que impulsionaram o desenvolvimento
das ciências, das letras, das artes e da filosofia.
No seu período conservador, as expressões culturais
burguesas tendem a fazer coexistir o rebaixamento
vulgar da cultura para as massas com a sofisticação
esterilizadora da cultura das elites. É nesse quadro que
cabe entender a chamada crise atual da educação em
geral, e do ensino superior em particular (SAVIANI, 1997a, p.
193 apud DUARTE, 2001, p. 68).
Fonte:https://www.google.com/search?rlz=1C1GCEA_enBR791
BR791&biw=1366&bih=657&tbm=isch&sa=1&ei=p9FiXfLQOcPV
5OUP7cyisAI&q=escola+pra+rico+e+para+pobre&oq=escola+pr
a+rico+e+para+pobre
Diante de tudo o que estudamos, urge a necessidade
de refletirmos coletivamente!!!
Sugerimos o estudo coletivo desses 4
posicionamentos em horário de ATPC, para que os
educadores possam refletir sobre as teorias, a prática
educativa e as críticas apresentadas e para que
possam se posicionar a esse respeito.
Referências
DALAROSA, A. A. epistemologia e educação: articulações conceituais. Publicatio, UEPG: Ciências Humanas,
Linguistica, Letras, Ponta Grossa: UEPG, v. 16, n. 2, p. 343-350, dez. 2008.
DANGIÓ, M.C.S.; MARTINS, L.M. A alfabetização sob o enfoque histórico-crítico: contribuições didáticas.
Campinas, SP: Autores Associados, 2-18 – (Coleção educação contemporânea).
DUARTE, N. Lukács e Saviani: a ontologia do ser social e a histórico-crítica. In: SAVIANI, D.; DUARTE, N. (Org.).
Pedagogia histórico-crítica e luta de classes na educação escolar. Campinas: Autores Associados, 2012. p.
37-57.
DUARTE, N. (1998). “Concepções Afirmativas e Negativas Sobre o Ato de Ensinar”. DUARTE (org.). In: Cadernos
CEDES (O Professor e o Ensino — Novos Olhares), Campinas: CEDES, (44): 85-106.
______; ‘Vigotski e o “aprender a aprender”: crítica às apropriações neoliberais e pós-modernas da teoria
vigotskiana/ Newton Duarte — 2. ed. rev. e ampl. — Campinas, SP: Autores Associados , 2001. (Coleção
educação contemporânea).
SAVIANI, D. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. 9 ed. São Paulo: Autores Associados, 2005.
______; Escola e Democracia. 21. ed. São Paulo: Cortez & Autores Associados, 1989.
TEIXEIRA, L. A.; AGUDO, M. M. O método pedagógico da pedagogia histórico-crítica: desafios e possibilidades . In:
Currículo Comum para o Ensino Fundamental Municipal [recurso eletrônico] / Organizadores: Afonso
Mancuso de Mesquita, Fernanda Carneiro Bechara Fantin, Flávia Ferreira da Silva Asbhar. – Bauru: Prefeitura
Municipal de Bauru, 2016. p. 146-176.