ninrode uma proposta de caracterização

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O relato de Gênesis também apresenta uma série de locais que teriam sido fundados por Ninrode. O primeiro deles é o reino da Babilônia. Segundo Saggs (1965, p. 182) o sistema religioso da Babilônia era composto de milhares de deuses que faziam cada um a sua parte para garantir o funcionamento do universo e de seus vários compartimentos. Cada cidadão escolhia aproximadamente somente de 5 a 6 deuses para adorar pessoalmente e assim procurar ajuda para sua vida diária, protege-lo de ataques de demônios, de feitiçaria, da injustiça das mãos de seus companheiros ou para avisá-lo de algum perigo iminente.

Ainda segundo Saggs (1965, p. 182, tradução livre):Havia uma grande dose de superstição na vida

dos povos antigos da Babilônia, e na verdade ainda há na vida das pessoas modernas. No entanto, uma diferença notável entre a superstição no mundo antigo e em nossos tempos é que agora ela é condenada pela religião oficial. No mundo antigo a superstição longe de ser condenado pela religião oficial, era uma parte da própria religião.

Os demônios tinham parte proeminente na superstição. Seus lugares de espreita favoritos eram cemitérios e construções em ruínas. Eram comumente ligados a doenças e a mortalidade infantil. Demônios poderiam também tomar todo tipo de forma. Mas além dos demônios também haviam pessoas que gostavam de trazer mal as pessoas, estes eram chamados de bruxas ou bruxos, que poderiam infligir doenças ou má sorte por meio de feitiços. Mas todos esses poderes malignos, tanto de demônios quanto de bruxos ou bruxas poderia ser sobrepujado por meios mágicos e haviam uma grande classe de sacerdotes/magos que estavam sempre prontos (por certo preço) para prover esta assistência. Havia também certa crença de que existiam fantasmas que poderiam ser bons ou ruins, normalmente isso dependia do modo que foram conduzidas suas ofertas no funeral, trazendo assim uma certa empatia da parte das autoridades do Submundo e poderiam então ser invocados. Provando haver uma ideia de alma imortal separada do corpo (SAGGS, 1965, p. 182-188).

Segundo Crouzet (1993, p. 228-230) os mortos recebiam um cuidado todo especial em seu funeral, era deixado também uma provisão de comida, que se ignorada poderia levar o morto a virar um espírito errante que trazia desgraça para as pessoas. O autor cita também que era notável uma crença de vida após a morte, porém diferente dos padrões bíblicos a morte era causada sem nenhum motivo justo, mas somente como um destino cruel que as divindades ligaram à humanidade quando esta foi por eles criada.

Ao falar sobre as tumbas encontradas em Uruk do período aproximado de 3000 a.C o autor cita:

Todos os cadáveres, efetivamente, estão sepultados com um mobiliário terrestre, desde a grosseira cerâmica para os mais pobres, colocados diretamente na terra, sem ataúde, até os objetos preciosos para os grandes do mundo, que repousam em sepulturas de tijolos cuidadosamente construídas. Lá estão os carros, bem como armas de luxo, punhais e elmos de ouro maciço, cintos de prata, baixela trabalhada pela ourivesaria, ornamentos, objetos de toilette, jóias e até mesmo instrumentos musicais. Mas ainda, os cadáveres de animais, de guardas, de serviçais de ambos os sexos continuam a constituir, após a morte, como já o tinham feito em vida, o cortejo necessário ao esplendor do senhor desaparecido, destinado, evidentemente, a prosseguir, num mundo do além, para cujo conhecimento não nos legaram indicações, uma existência ilimitada.

Segundo Clive e Graham (2012, p. 34) os reis no Oriente próximo (o que vale também para a região de Uruk, Babilônia e os outros locais que são mencionados neste estudo) eram considerados como mediadores entre os humanos e os deuses, sendo que o rei poderia ser visto também como um deus, porém era mais frequente que ele servisse somente como um sacerdote. Sendo sempre participante das atividades religiosas. Na região da mesopotâmia segundo Crouzet (1993, p. 231) o medo fazia parte da devoção, o fiel não pensa em queixar-se, no máximo chega a mostrar surpresa em frente a algum revés que acaba por sofrer. Não ter medo seria um sinônimo de pecado. Levando isto em conta não é de surpreender que também houvesse extrema reverência e submissão aos que estavam no poder por serem eles uma espécie de ponte de conexão para os deuses, quando não eram considerados deuses. Tal pensamento daria ainda mais poder e reverência aos tiranos ou monarcas locais, evitando assim revoltas sociais e apoio total em qualquer tipo de regime de impostos ou mesmo em conflitos desnecessários.

Segundo Nichols (2011, p. 267) a cidade citada como Ereque se refere a cidade babilônica de Uruk, sendo ela uma das cidades mais antigas ainda em existência. Nesta cidade de acordo com as lendas babilônicas foi o local onde ocorreram os poderosos feitos de Gilgamés, que era uma espécie de divindade que se assemelha ao personagem de Ninrode. Os sítios arqueológicos que compreendem a cidade Uruk datam de um período muito importante do início dos povos da mesopotâmia e têm uma data aproximada de 3500-3000 a.C. A ocupação desse local foi feita pelos sumérios e fazem referência a um sistema monárquico (SCHUWANTES, 1965, p. 20). A cidade de Uruk era então uma cidade estado (CLIVE; GRAHAM, 2012, p. 30) que tinha um sistema teocrático, em que cujo período ápice, reconhecido como idade do bronze (CLIVE; GRAHAM, 2012, p. 31), a escrita sumério e cuneiforme foi criada (SCHUWANTES, 1965, p. 21-22).

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