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Número 0 Estudo apoiado (Pag 3): por Eloisa Semedo, técnica do Projecto Formar Inserir Dinamização Comunitária (Pag 5): por Paula Tavares, técnica do Projecto Formar Inserir ENTREVISTA Grupo de Dança «Nu Ta Kaba Ku Ês» (Pag 6) Zé Barros simboliza o orgulho do Bairro Data: Abril 2011 Uma janela com vista para a Amadora em movimento por Carlos Tavares Pina, técnico do Projecto Formar Inserir (Pag 8) O Newsletter BSF terá uma edição mensal, com duas ver- tentes impresso e em for- mato digital. Pretende-se que o mesmo seja um canal de comunicação local e positivo, capaz de acelerar no bairro a apropriação de conhecimento e informação de alcance global. EDGAR: bio (Pag 7) DJAGAS Canto Hip-hop por gosto (Pag 4)

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Newsletter BSF é um canal de comunicação local e positivo, capaz de acelerar no bairro a apropriação de conhecimento e informação de alcance global, permitindo simultaneamente divulgar os talentos e as variadíssimas realizações que diariamente acontecem no bairro.

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Page 1: Newsletter BSF

Número 0

Estudo apoiado (Pag 3): por Eloisa Semedo,

técnica do Projecto Formar Inserir

Dinamização Comunitária (Pag 5): por Paula

Tavares, técnica do Projecto Formar Inserir

ENTREVISTA

Grupo de Dança «Nu Ta Kaba Ku Ês» (Pag 6)

Zé Barros simboliza o orgulho do Bairro

Data: Abril 2011

Uma janela com vista para a Amadora em movimento

por Carlos Tavares Pina, técnico do

Projecto Formar Inserir (Pag 8)

O Newsletter BSF terá uma

edição mensal, com duas ver-

tentes – impresso e em for-

mato digital. Pretende-se que

o mesmo seja um canal de

comunicação local e positivo,

capaz de acelerar no bairro a

apropriação de conhecimento e informação de alcance global.

EDGAR: bio (Pag 7)

DJAGAS

Canto Hip-hop por gosto (Pag 4)

Page 2: Newsletter BSF

Sentes-te confortável quando estás com a farda das Forças Armadas?

José Barros (JB): Sim, confortável e orgulhoso

Orgulhoso porquê?

JB: Porque sinto que estou a ser útil para o meu país e para o mundo, e este senti-

mento eleva a minha auto-estima e faz-me sentir capaz de enfrentar e vencer desa-

fios e de sonhar com grandes glórias.

A vida militar faz-te feliz?

JB: Sim faz-me muito feliz. Mas, como tudo na vida há momentos bons e maus.

Quando surgiu o bichinho pela vida profissional militar?

JB: Tenho amigos que já lá estavam e fiquei curioso. Mas a maior influência foi

nosso cabo Ferreira mais conhecido por Guedes aqui mesmo do Bairro Santa Filo-

mena, também comando e também com várias missões.

Qual é o nome da missão da NATO que participaste recentemente?

JB: A missão em que participei foi missão de OMLT-QUARNIÇÃO

Porquê este nome?

JB: É esse nome por ser uma missão de escolta e protecção a militares portugueses e não só. Desde praças a oficiais

Conta-nos como é que correu a missão no Afeganistão?

JB: Foi uma experiência nova e única onde aprendi muito e vi muita coisa boa, mas também vi coisas arrepiantes. Nestas mis-

sões que os nossos mais íntimos sentimentos se revelam.

Qual é a vossa margem de improvisação numa missão dessas? Ou, tudo

que fazem são milimetricamente trienados?

JB: A improvisação é evitada ao máximo porque seguimos ou tentamos seguir sem-

pre as naipes em vigor, mas caso aconteça algo de muito arriscado e que ponham

em causa a vida humana e consoante a situação, a improvisação poderá ser inevitá-

vel e importante para salvar vidas.

Treinam muito?

Sim treinamos imenso

Numa missão destas têm tempo para fazerem

outras coisas que a vida nos proporciona?

JB: Se a missão assim o permitir, sim [riso].

Na tua vida militar qual foi o momento ou acção

que mais prazer te deu?

JB: O curso de comandos e a entrega da boina Coman-

do.

Porquê?

JB: Porque não tinha a noção do que iria fazer nem o

que me esperava, e com o curso adquiri conhecimentos

e competências que me permite enfrentar e superar os

mais diversos desafios da vida.

Tens alguma figura no mundo que te inspira? JB: Tenho! O meu pai.

Cresceste no BSF. Gostas de viver no BSF? JB: Sim, nascido e criado. Sempre gostei de viver aqui.

José Domingos Fernandes Barros, 27 anos, nasceu em Portugal, na Freguesia de São Jorge de Arroios, filho de pais cabo-verdianos, cresceu no Bairro Santa Filomena — Amadora.

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Sim, nascido e criado em

Portugal e sempre gostei

de viver aqui no BSF

Page 3: Newsletter BSF

Preocupa-te o olhar dos outros e a ideia que têm de ti? JB: Não! Agora não, mas já me preocupou…

Consideras-te uma referência para os jovens do BSF?

Digamos que sim [riso].

Vives à procura de sonhos ou da fama? JB: Fama não, mas já passei por fases em que procurava sonhos e

fama. Agora penso em ser apenas feliz e quero ser muito feliz, mas

sem pisar os outros, é claro.

Qual é o teu grande sonho? JB: Ser jogador de futebol profissional.

Quais são os projectos para o futuro depois desta missão

arriscada no Afeganistão?

JB: Não sei só o futuro dirá

Como é que te imaginas daqui a 5 anos?

JB: Também não sei, mas espero estar de bem com a vida e vou fazer por isso.

Estudo Apoiado: Retrospectiva sobre acções implementadas e perspectivas

parques naturais, Monumentos históri-

cos, quintas pedagógicas, cinemas etc.

E também dentro desta

actividade, Estudo Apoia-

do temos algumas activi-

dades lúdicas pedagógi-

cas, jogos pedagógicos,

trabalhos manuais, dese-

nhos (livres ou temáticos),

contos e entre outras que

os próprios jovens/

crianças propõem, etc.

De momento já temos um

espaço próprio para reali-

zar o Estudo Apoiado,

adequado e mais atractivo para realiza-

ção dessa actividade, envolvendo mais

jovens/crianças.

Para concluir, vou referenciar que para

além desta actividade temos Acompanha-

mento Escolar Personalizado e Ocupação

dos Tempos Livres, realizada por mim e

outras realizadas pelos meus colegas na

Associação Espaço Jovem.

Para finalizar, saliento o facto muito

importante que é: dos 32 jovens/crianças

que teve Estudo Apoiado e foi acompanha-

da no seu percurso escolar, transitaram de

ano 30 e somente 2 desses jovens que não

conseguiram ter sucesso ou seja só tivemos

6% de taxa de insucessos escolares compa-

rando com os 94% do caso de sucessos esco-

lares.

Neste ano lectivo

2010/11 estamos

acompanhar 43

jovens que são do 2º

ciclo (do 5º até 9º

ano); 15 crianças do

1º ciclo; e alguns

(não tenho números

exactos) que estão a

fazer RVCC e

outros jovens ainda

que estão a fazer cursos profissionalizados,

que me procura para realizar e pesquisar

para trabalhos. A perspectiva para este

ano lectiva é alta, tanto por parte dos

jovens como também da minha parte para

alcançar o sucesso escolar. Deste modo

temos nos esforçado e trabalhando muito

para conseguir este êxito.

E também não menos importante,

quero-vos convidar e dizer-vos que as

actividades realizadas com a Equipa do projecto Formar Inserir na Asso-

ciação Espaço Jovem são muito fixe

e divertidas e que se pode e dá para

conciliar o lazer com o escolar.

Eloisa Semedo (Isa)

Técnica do Projecto Formar Inserir

O Estudo Apoiado tem como objectivo a inclu-

são social de

crianças e jovens

provenientes de

contextos socioe-

conómicos mais

vulneráveis, tem

em vista a igual-

dade de oportu-

nidades e o refor-

ço da coesão

social e reduzir o

absentismo e

insucesso escolar

desses mesmos

jovens/crianças,

Assim sendo, essa actividade é desenvolvida

com intuito de dar respostas a uma das áreas

estratégicas de intervenção do Programa

Escolhas que é área de inclusão escolar e edu-

cação não formal. Esta actividade é frequenta-

do pelos com os jovens/crianças do 1º, 2º e 3º

ciclo, dos 6 aos 24 anos.

Os Pontos positivos dessa actividade, é por ser

uma actividade não formal em que opta por

trabalhar competências não manifestadas,

enquadrar os jovens numa dinâmica escolar

mais interactiva, prática esta, que trabalha a

dinâmica do grupo, solidariedade, inter-ajuda,

e auto-confiança tendo sempre como foco acti-

vidades de âmbito culturais/sociais realizadas

fora do espaço físico da Associação com

jovens /crianças que estão inscritos no projec-

to, fazendo com que eles se deslocam para

outro meio social diferente do seu meio fami-

liar/vizinhança que eles estão costumado a

frequentar na sua vida social. Essas activida-

des extra académicas englobam a ida ao tea-

tro, aos concertos (como por exemplo ida ao

concerto do jazz), visitas aos museus e aos

PÁGINA 3 NEWSLETTER BSF NÚMERO 0

Page 4: Newsletter BSF

A perseverança associada à extraordinária capacidade de resiliência, e a pai-

xão pelo futebol e pela música fazem do Lucílio Manuel Moreira Almeida

(Djagas) um jovem referência para o projecto Formar Inserir. “Adoro o nome

que tenho e a minha família tem orgulho no nome que me deram [riso]”.

Sente-se muito orgulho na família que tem, apesar de lembrar com desagrado

que quando era criança não teve muito apoio dos pais nos trabalhos de casa.

Mas, sempre compreendeu a situação dos pais, e explica que para além deles

serem analfabetos, sobravam-lhes muito pouco tempo para os filhos entre as

azáfamas para manter o emprego e o nível de rendimento familiar e as lides

domésticas. Entretanto, recorda com

agrado que estudou numa boa escola e

sentia-se muito feliz com os colegas e

que nunca teve ilusões, sempre vestiu

as roupas que os pais puderam comprar.

Como maioria das crianças, o Djagas

sonhava ser jogador de futebol, até por-

que para ele, praticar futebol foi sempre

um refúgio a muitos problemas que

enfrentou durante a infância e principalmente durante a fase da adolescência.

Acho que o futebol continua a ser um bom mecanismo de defesa

para as crianças com dificuldade de integração social. “Tomemos o

Nani como referência! Ele foi do BSF! [riso]. Precisamos promover

mais prática de futebol no BSF!”

Na escola procurei sempre jogar bem a bola todos os dias e tive

muito apoio dos professores. Aliás, recordo sempre com alegria e dá

-me um certo gozo falar nos bons momentos que o futebol me pro-

porcionou. Por exemplo, não esqueço da primeira vez que fui jogar

no torneio inter-escolas e o professor demonstrou muita confiança

em mim, apostou em mim e chegamos até a final do torneio. Foi

pena termos sido derrotados no final. Éramos melhor [riso]. Aha!

Mas, depois fomos jogar no torneio no Complexo Monte da Galega e

fomos campeões.

É claro que também recordo de coisas menos boas na escola. Por

exemplo, recordo-me de uma professora na primária que reprovou-

me, eu e uma colega de raça negra, ainda hoje e com algum distan-

ciamento continuo a achar que não havia nenhuma razão objectiva

para o nosso chumbo, a não ser o facto de éramos dois negros da

turma - estávamos no terceiro ano, foi injusta a professora, ela

aprovou todos os colegas cau-

casianos, tendo eu esforçado muito para conseguir o meu objectivo, mas enfim,

consegui ultrapassar aquele momento difícil e a prática do futebol ajudou-me e

muito naquela altura. É claro, conjuntamente com o apoio da minha família. Por

isso, procuro relacionar bem com a minha família, de uma forma alegre, evito

prejudicá-la quando estou em dificuldade, isto é evito fazer da minha família

bode expiatório, para que essa alegria da minha família nunca acabe.

FUTURO: espero e trabalho para que corra tudo bem ao longo do meu percurso.

Estou a fazer um esforço para alcançar os meus objectivos, neste momento conti-

nuo a estudar, canto Hip-hop por gosto, e tive recentemente um filho que adoro.

O meu filho vai me obrigar a um esforço redobrado para poder atingir os meus

objectivos escolar e profissional, e poder ser um bom pai e uma referência para o

meu filho e para as outras crianças.

Um abraço amigo para todos os que gostam, mas também para aqueles que even-

tualmente não gostam de mim.....

PÁGINA 4 NEWSLETTER BSF NÚMERO 0

Lucílio Manuel Moreira

Almeida (DJAGAS) um

dos jovens referência

no projecto Formar

Page 5: Newsletter BSF

PÁGINA 5 NEWSLETTER BSF NÚMERO 0

veio realizar

nas vésperas

da Pascoa de

2010. O evento

“Viva o Hip-

Hop” foi um

grande sucesso

no BSF!

Com a chegada

do verão de

2010 promove-

mos e incenti-

vamos várias

actividades, nomeadamente através do

grupo de Futebol Feminino, do grupo

comunitário, dos grupos de dança, da

comemoração do Dia da Criança com a

visita a Kidzania que foi um dia bem

passado com as nossas crianças na

presença de dois dos ídolos do futebol

Português (Luís Figo e Sá Pinto).

Também promovemos a participação

na marcha contra a fome com 10 dos

nossos jovens.

Iniciamos o campo de férias com as

idas a praia, museus, teatro e muitas

diversões. As idas a praia foram inte-

ressantes, pois fazemo-las quase sem-

pre de transporte publico. A ida a pis-

Logo na primeira

sessão de esclare-

cimento com os

jovens sobre o

Projecto Formar

Inserir, a primei-

ra questão que me

ocorreu foi: o que

é que os jovens

achavam dos dias

passados no BSF,

(e a resposta foi

unânime – “muito

parados”). Então

perguntei, que tal uma festa de convívio?

Algo descontraído só para começar a dinâ-

mica? Com a concordância de todos organi-

zamos um pequeno convívio no dia 6 de

Março de 2010, onde apareceram um grupo

significativo de jovens (destinatários e bene-

ficiário do projecto), foi bastante profícuo e

constituí o inicio das várias actividades rea-

lizadas.

A seguir surgiu o DESAFIO LIMPAR POR-

TUGAL. A realização desta actividade dei-

xou-nos completamente sensibilizada com a

atitude dos jovens. Para começar falamos

com eles na rua e de forma muito informal

em que explicamos o porquê da actividade,

depois pedimos que se reuníssemos na

Associação, e a resposta foi daqui a 10min

vamos lá. Mas, estávamos convencidos de

que não iriam, mas para o nosso espanto

cerca de 5 minutos depois vimos subir as

escadas mais de 15 jovens quando só tínha-

mos falado com 3. [Foi um momento mar-

cante na nossa actividade].

Entusiasmados com a ideia surgiu do meio

daquela conversa animada dois comentários

que me chamou atenção. “Assim

não ficamos aqui sem fazer

nada!”. “Assim não temos que ir

para a zona dos outros em que as

vezes podem sair confusão!”. Até

ao dia da actividade estava um

pouco receosa porque combinei

encontrarmos às 10h30. Entre-

tanto, devo confessar que tive

algum receio de que os jovens

não pudessem levantar àquela

hora. Mas, no dia 20 Março de

2010 às 10h30 da manhã chegou

o primeiro grupo e assim sucessi-

vamente e demos inicio à activi-

dade de limpeza do nosso bairro. Estiveram

presentes cerca de meia centena de jovens,

entre eles estavam alguns cantores de Hip-

Hop e no meio daquela agitação e festa,

surgiu a ideia do evento de Hip-Hop, que

cina de Santarém também foi divertida e dife-

rente dos passeios habituais (tivemos 55 parti-

cipantes), e tivemos o prazer de reunir alguns

pais para que participassem nesta actividade

no intuito de pais e filhos convivessem um pou-

co mais, tendo em conta que hoje em dia é cada

vez mais difícil devido a carga horária de quem

trabalha.

Enfim, durante o ano de 2010, dinamizamos e

participamos com os nossos jovens em vários

intercâmbios, promovemos encaminhamento

dos jovens para os cursos profissio-

nais onde se efectuou várias inscri-

ções, obviamente que nem todas elas

foram bem sucedidas, porque o maior

problema aqui é que as respostas são

demoradas e estes jovens desmoti-

vam-se facilmente e até voltar a con-

vencê-los de que é esse o caminho

que devem seguir temos que percor-

rer um longo caminho novamente. É

de facto lamentável que o sistema de

reintegração escolar e de formação

profissional seja lento e muito buro-

crático.

As ideias vão surgindo para novas acções que

enquadram nas actividades do projecto, como

por exemplo: alargar as nossas sessões cívicas

para as nossas crianças e os nossos idosos, e

envolver estes últimos nas nossas actividades

de ocupação de tempos livres; disseminar e

desenvolver de uma forma mais consistente e

rica as actividades desportivas, culturais e

lúdicas com os destinatários/beneficiários etc.

Mas, deparamos sempre com uma enorme bar-

reira, isto é, a inexistência de infra-estruturas

mínimas no bairro. A única infra-estrutura

(Associação Mãos Unidos) que existia no bairro

e que o projecto usufruía para as suas activida-

des, embora informalmente, foi demolida

recentemente depois da sua apropriação pela

Câmara Municipal da Amadora. Por isso, um

dos grandes desafios que nos coloca é transfor-

mar o espaço agora limpo no âmbito da campa-

nha limpar Portugal num ringue multi-uso,

pelo que deixamos aqui um repto para todos os

residentes do BSF e a todos aqueles que real-

mente se interessam pelo BSF para envolver e

nos ajuda a superar este nosso/vosso grande

desafio.

Dinamização comunitária e novos

desenvolvimentos a promover

Paula Tavares técnica do Projecto

Formar Inserir

Page 6: Newsletter BSF

Onde é que ensaiam?

J: já chegamos a ensaiar nas nossas casas,

na rua e só depois das pessoas verem o nosso

talento é que finalmente tivemos um espaço

em condições.

K: Costumávamos ensaiar em casa, um “dia

aqui outro ali”, mas depois o Espaço Jovem

ofereceram-nos um espaço onde podíamos

reunir para ensaiar.

L: Na escolinha “ex-Espaço Criança”

Têm algum grupo de dança ou artista

que vos inspiram?

J: Sim como todos os outros grupos é o grupo

do “Blak Gold”.

K: Eu também acho que é “Blak Gold”

L: Eu não

Dos espectáculos que já produziram

qual foi aquele que mais prazer vos

deu?

J: Foi em Lagos (Algarve)

K: Concordo, foi quando fomos actuar em

Lagos

L: Também acho

Porquê?

K: Pela primeira vez dançamos num palco a sério e conse-

guimos sentir aquela vibração e também tinham boas condi-

ções “fumos, luzes”…

L: Também tinha um público espectacular!

Sentem-se confortáveis

quando estão no palco?

Jessica (J): sim.

Katia (K): Sentimos muito

confortável

Leila (L): Sim, muito

A dança faz-vos feliz?

J: sim.

Quando surgiu o bichi-

nho pela dança?

J: Eu acho que o bichinho

surgiu dentro de mim não

sei porque mas a dança para

mim é algo que quando eu

estou em cima do palco tudo

muda tudo é feliz na vida.

K: Bem, eu acho que o bichi-

nho surgiu dentro da barriga

da minha mãe ou seja desde

pequena.

L: É verdade, desde de

pequenas

Qual é o nome do vosso grupo?

J: Nu Ta Kaba Ku Es.

Porquê este nome?

J: Porque temos orgulho, confiança e prazer naquilo que

fazemos.

K: O nosso grupo tem esse nome porque como o nome diz “

Vamos acabar com eles” e achamos um nome comovente e

adequado para nós.

Contam-nos como é que surgiu o Grupo?

J: Juntamos todas um dia e resolvemos fazer um grupo de

dança porque achamos que temos talento.

K: Desde de pequenas que assistíamos grupos a dançar

em festas etc. Até que um dia resolvemos criar o nosso

próprio grupo e mostrar as pessoas àquilo que sabemos

fazer e que também existem coisas boas no nosso bairro.

L: Como éramos únicas que não tínhamos um grupo deci-

dimos formar um grupo de dança também.

Qual é a vossa margem de improvisação no palco?

Ou, tudo que apresentam nos palcos são milimetri-

camente ensaiados?

J: claro que são milimetricamente ensaiados.

L: É todo ensaiado antes dos espectáculos.

Ou se tem o dom ou não se tem para dança?

J: é preciso trabalhar e muita força de vontade

K: Temos que ter dom

Ensaiam muito?

J: sim

Entrevista: Grupo de dança “Nu Ta Kaba Ku Ês”

PÁGINA 6 NEWSLETTER BSF NÚMERO 0

Page 7: Newsletter BSF

PÁGINA 7 NEWSLETTER BSF NÚMERO 0

Contam-nos um episódio engraçado que se tenha passado convosco num dos espectáculos de dança?

K: Acho que o episódio mais engraçado foi quando fomos actuar em Lagos, em frente ao palco havia um prédio e

enquanto estávamos a dançar víamos as nossas figuras na sombra e como só haviam lá algarvios não percebiam

claramente o que é que estávamos a dançar e quando reparei estavam imitar a nossa coreografia até que uma pes-

soa do público subiu ao palco e dançou connosco [risos].

Como é que te sentiram?

K: “Credo” muita emoção!

L: Bem, rimos e divertimos muito

Cresceram no Bairro Santa Filomena. Gostam de viver no BSF?

J: Gosto do Bairro

K: Sim crescemos no bairro. Eu adoro viver no BSF.

L: Sim, nascemos aqui…

Preocupam o olhar dos outros e a ideia que têm de vocês?

K: Não

Consideram-se, jovens seguras?

K: Yeess **

Vivem à procura de sonhos ou de fama?

J: Ambos

K: Sim

L: Pois, as duas coisas

Qual é o vosso grande sonho?

K: Conseguirmos alcançar a fama …

L: Ter muita fama e um grande grupo de dança

Quais são os projectos para o futuro do vosso grupo?

K: Muito bons porque agora fomos para um grupo com mais condições e onde nos apoiam mais.

Como é que cada uma de vocês se imagina daqui a 5 anos?

K: Só o tempo nos dirá…

L: Num grupo de dança profissional, com uma ensaiadora profissional e um ginásio para os ensaios

Sou Edgar Semedo de Almeida, tenho 16 anos, nasci no dia 16-02-1995, no hospital

de São Jorge de Arroios em Lisboa, Portugal.

Não sei porquê que me chamo assim. Talvez por não ser um nome assim tão usado

pelos portugueses. Por ser um nome muito raro, não vejo assim tanta gente a gri-

tar por esse nome nas ruas do país.

Recordo-me com alegria o que passei na minha vida escolar primária e até gostava

de lá regressar para sentir mais uma vez o gosto de aprender tudo de novo e voltar

a passar um dos melhores momentos da minha vida. É um sítio que nunca irei

esquecer, principalmente dos meus “melhores” amigos que encontrei nessa parte

da vida. São saudades da infância e do começo de uma vida como estudante.

(Cont. Pag 8)

Jogo na Outorela- Fotball By Carlos

Queiroz, e o meu grande objectivo é

jogar no BENFICA

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PÁGINA 8 NEWSLETTER BSF NÚMERO 0

Uma janela com vista para a Amadora em movimento por Carlos Tavares Pina, técnico do Projecto

Formar Inserir

O Bairro Santa Filomena (BSF) fica

situado na freguesia da Mina, concelho

da Amadora e existe há mais de 30

anos, é constituído na sua maioria por

habitações degradadas nas quais habi-

tam imigrantes (cabo-verdianos e os

seus descendentes na sua maioria) de

várias gerações.

Mais de 50% da população do BSF tem

menos de 30 anos. Uma comunidade

marcadamente jovem e em constante

renovação, mas altamente vulnerável,

com falta de infra-estruturas de supor-

te à infância, jovens e aos idosos, onde

a Associação Espaço Jovem tem sido motora de grande parte do traba-

lho desenvolvido com esta população.

Neste contexto, o Projecto Formar Inserir, promovido e gerido pela Asso-

ciação Espaço Jovem e que constitui um dos 130 projectos da 4ª geração

do Programa Escolhas espalhados pelo país, cujo lema (“promover a

igualdade de oportunidade para uma escolha com futuro”) não deixa

ninguém indiferente, poderá ser uma grande oportunidade para trans-

formação e desenvolvimento das capacidades individuais, mas sobretu-

do um excelente veículo para mobilização colectiva das pessoas a parti-

ciparem na sua comunidade e sentirem que são úteis.

Formar Inserir é um projecto de continuação (vindo da geração anterior

do Programa Escolhas), mas estamos convencidos de que se forem bem

implementadas as cinco áreas estratégicas de intervenção definidas no

regulamento desta 4ª geração: i) Inclusão escolar e educação não formal;

ii) Formação profissional e empregabilidade; iii) Dinamiza-

ção comunitária e cidadania; iv) Inclusão digital; v)

Empreendedorismo e capacitação, de certeza que elas pode-

rão catapultar o tão propalado

sentimento de pertença para o

da diversidade e da cidadania

activa.

Este Newsletter, é uma iniciati-

va que se enquadra na medida

iv), uma medida transversal a

todas as actividades do projec-

to, na qual se propõe desmistifi-

car as novas tecnologias junto

dos jovens e suas famílias, tra-

balhar competências pessoais e

profissionais através da disse-

minação e desenvolvimento da

literacia digital no âmbito do

Centro de Inclusão Digital,

dinamizando e potenciando em

simultâneo ateliers de multimédia e de Internet.

O Newsletter BSF terá uma edição mensal, com duas ver-

tentes – impresso, e em formato digital disponibilizado em

http://formarinserir.programaescolhas.pt e futuramente no

site BSF em construção, e pretende-se que o mesmo seja um

canal de comunicação local e positivo, capaz de acelerar no

bairro a apropriação de conhecimento e informação de alcan-

ce global, permitindo simultaneamente divulgar os talentos

e as variadíssimas realizações que diariamente acontecem

no bairro.

Por isso, apelamos aqui a participação e o envolvimento de

toda a população do bairro, porque excepcionalmente ocupa-

mos este espaço que está reservado exclusivamente aos des-

tinatários e beneficiários do Projecto (crianças, jovens e os

seus familiares).

Recordo-me do professor que tive logo no meu primeiro ano na escola. Chamava-se Paulo,

era um professor muito rígido em termos de comportamento e de notas. Este professor

marcou-me de duas formas, isto é pela positiva como pela negativa. A positiva é que ele

era um professor que metia “medo” aos alunos, apertava connosco para estudar porque

conhecimento é um dos mais importantes factores para mais tarde podermos ter o que

sempre sonhamos. E pela negativa, é que ele era um professor muito mau. Quando não

faziam os trabalhos de casa ele dava-nos carolos e muitos “calduços”. Não podíamos falar

que éramos logo alvos de levar com o apagador.

Estou no último ano do 3º ciclo, e já se nota em mim alguma ansiedade para frequentar o

ensino secundário, mas está para breve só falta mais este ano para completar o ensino

básico e ir para o ensino secundário. Tenho um grande ideal, mas de momento não quero

revelar porque é um sonho que estou a tentar realizar da melhor forma possível esforçan-

do-me todos os dias para concretizá-lo.

Neste momento, nesta fase da minha vida esta a correr tudo bem com o que eu mais gosto

de fazer que é jogar futebol. Estou a esforçar ao máximo para atingir um dos meus objec-

tivos - jogar no Benfica, e se tudo correr bem … vou conseguir! Com a escola é que preciso

de aplicar mais para superar algumas deficiências, mas vou conseguir porque não é nada

que não se supere.

A relação que tenho com a minha família é uma relação que muita gente gostava de ter,

apesar de haver algumas discussões, mas é normal haver discussões numa família. Tenho uma relação muito próxima com os

meus familiares, dou-me bem com todos e sinto-me muito feliz ao lado deles.

Quero agradecer ao meu Pai por me ter posto neste mundo, a minha Tia que me “aturou” durante este tempo todo, as minhas

irmãs e às pessoas que eu mais amo neste momento.