negocio informal na cidade da maxixe

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Clério Flávio Do Amaral O Papel do Comércio informal nas Famílias Praticantes na Cidade de Maxixe, (1987-2014 ) Licenciatura em Ensino de História com habilitações em Ensino de Geografia.

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O documento fala do impacto do negocio informal na Cidade da Maxixe - Inhambane, Mocambique.

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Page 1: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

Clério Flávio Do Amaral

 

 

 

O Papel do Comércio informal nas Famílias Praticantes na Cidade de Maxixe,

(1987-2014 )

 

Licenciatura em Ensino de História com habilitações em Ensino de Geografia.

 

 

 

 Universidade Pedagógica

Massinga

2015

Page 2: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

Clério Flávio Do Amaral

 

 

 

O Papel do Comércio informal nas Famílias Praticantes na Cidade de Maxixe,

(1987-2014 )

 

 

Monografia Cientifica a ser

apresentada na Universidade

Pedagógica, Delegação de Massinga,

Departamento de Ciências Sociais e

Filosóficas para obtenção do grau

académico de Licenciatura em

Ensino de História com Habilitações

em ensino de Geografia.

Supervisor:

  dr.Eceu da Novidade Angélica Muianga

 

 

 Universidade Pedagógica

Massinga

2015

 

Page 3: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

ÍndiceLista de Siglas...........................................................................................................................IV

Índice de figuras.........................................................................................................................V

Índice de tabelas.......................................................................................................................VI

Declaração...............................................................................................................................VII

Dedicatória.............................................................................................................................VIII

Agradecimentos........................................................................................................................IX

Resumo.......................................................................................................................................X

0. Introdução..........................................................................................................................11

0.1. Objectivos.......................................................................................................................12

0.2. Justificativa.....................................................................................................................12

0.3. Problematização.............................................................................................................13

0.4. Hipótese..........................................................................................................................14

0.5. Metodologia...................................................................................................................14

0.6. Revisão bibliográfica......................................................................................................16

0.7. Referencial teórico.........................................................................................................20

CAPÍTULO I: CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO...................................21

1.1. Localização geográfica...................................................................................................21

1.2. Evolução Administrativa................................................................................................22

1.3. Aspectos físico-naturais.................................................................................................23

1.4. Actividades económicas de Maxixe...............................................................................24

1.5. Actividades sociais.........................................................................................................26

1.5.1. Educação.....................................................................................................................26

1.5.2. Saúde...........................................................................................................................26

1.5.3 Infra-Estruturas Existentes...........................................................................................27

1.5.4 Transportes...................................................................................................................27

1.5.5 Telecomunicações........................................................................................................27

1.5.6 Electricidade.................................................................................................................27

1.5.8 Acção Social.................................................................................................................27

Aspectos culturais.................................................................................................................28

1.6.1 Lobolo..........................................................................................................................28

1.6.2 Falecimentos ou Cerimonias Fúnebres........................................................................29

CAPÍTULO II: SECTOR INFORMAL EM MOÇAMBIQUE......................................31

Page 4: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

2.1. Conceito de sector informal...........................................................................................31

2.2. Origem do sector informal.............................................................................................34

2.2.1. O sector informal em Moçambique.............................................................................35

2.3. Características do trabalho informal..............................................................................37

2.4. Comércio informal.........................................................................................................38

2.4.1. Contexto sócio económico do surgimento do comércio informal em Moçambique...39

CAPÍTULO III: PAPEL DO COMÉRCIO INFORMAL NO RENDIMENTO FAMILIAR NA CIDADE DE MAXIXE..........................................................................44

3.1. Factores que impulsionam o maior desenvolvimento do comércio informal na Cidade da Maxixe..............................................................................................................................44

3.2. Características socioeconómicas dos produtos comercializados pelos vendedores ambulantes na Cidade da Maxixe..........................................................................................48

3.3. Fonte de capital para o início das actividades no comércio informal............................49

3.4. Papel do comércio informal no rendimento familiar na Cidade da Maxixe..................50

3.4.1. Receita diária e mensal do comércio ambulante.........................................................51

3.4.2. Melhoramento das condições socioeconómicas das famílias dos vendedores na Cidade de Maxixe..................................................................................................................52

4. Conclusão.........................................................................................................................55

5. Sugestões..........................................................................................................................56

Referências bibliográficas.....................................................................................................57

Page 5: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

IV

Lista de Siglas

BM- Banco Mundial

CMCM- Concelho Municipal da Cidade da Maxixe

EN- Estrada nacional

FMI- Fundo Monetário Internacional

IAF- Inquérito aos agregados familiares

INE- Instituto Nacional de Estatística

OIT- Organização internacional de Trabalho

PEA- População Economicamente Activa

PIB- Produto Interno Bruto

PRE- Programa de ReabilitaçãoEconómica

PRES- Programa de Reabilitação Económica e Social

PNEA- População Economicamente Inactiva

Page 6: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

V

Índice de figuras

Mapa 1. Localização geográfica da Cidade da Maxixe………………………………..……..22

Mapa 2. Divisão Administrativa do Município de Maxixe…………………………………..24

Page 7: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

VI

Índice de tabelas

Tabela Nº 01. Discriminação dos vendedores informais de acordo com o nível de escolaridade……46

Tabela Nº 02.Distribuição geral dos Vendedores ambulantes com base nos motivos do ingresso no

Comércio informal……………………………………………………………………………………..48

Page 8: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

VII

Declaração

Declaro que esta Monografia, é resultado da minha investigação pessoal e das orientações do

meu supervisor, o seu conteúdo é original e as fontes consultadas estão devidamente

mencionadas no texto, nas notas e na bibliografia final. Declaro ainda que este trabalho não

foi apresentado em nenhuma outra instituição para a obtenção de qualquer grau académico.

Massinga, Setembro de 2015

___________________________________________

(Clério Flávio do Amaral)

Page 9: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

VIII

Dedicatória

Dedico esta monografia a minha família, aos meus preciosos pais Manecas Manuel Amaral e

Isabel Muando que dia a dia se empenharam bastante na minha formação, aos meus irmãos

Gervásio, Brígida, Suzaria, Edson, Sampaio, Anacleta, Aires, Arcenio, Alvaro, Ednalva,

Horcidio, Ilodia, e Lenia.

Page 10: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

IX

Agradecimentos

De forma muito especial agradeço ao meu Supervisor, dr. Eceu da Novidade Angélica

Muianga, por ter aceitado orientar a elaboração desta pesquisa, agradeço-lhe profundamente

pelas sábias contribuições, seus ensinamentos.

Por esta via manifesto o meu sentimento de gratidão aos meus pais Manecas Manuel Amaral e

Isabel Muando, irmãos Elda Brígida do Amaral, Edson Sipriano do Amaral, Arsénio Manecas

do Amaral, Álvaro Gaudêncio do Amaral e a todos meus familiares que directa ou

indirectamente têm contribuído incondicionalmente para o avanço da minha carreira

académica.

A todos os meus docentes do Departamento de Ciências Sociais e Filosóficas da Universidade

Pedagógica-Delegação de Massinga e dos outros Departamentos que assistiram a minha turma

ao longo dos quatro anos e aos colegas do curso em especial aos colegas do primeiro grupo,

Eunísio do Clério Nhampossa, Edson Luís Marane, Sergio Mubango, Derque Ernesto

Nhampimbe, Alberto Manejo Jaime, Nelson José António, Clávia Miloca Troveja, Olívia

Elias, Célia Jane, Clipter Demétrio pela força, apoio moral, pelo incentivo e pelos preciosos

ensinamentos durante os anos da minha formação.

Os meus agradecimentos estendem-se à Dona Izilda Efraime Zunguze por ter me acolhido

durante os 4 anos da minha formação. E a todos os que directamente ou indirectamente

contribuíram para que fosse possível a minha formação e por conseguinte a produção do meu

trabalho e a conclusão do curso.

Page 11: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

X

Resumo

A pesquisa que a seguir se apresenta, procura analisar o contributo do comércio informal no rendimento familiar das famílias praticantes na Cidade da Maxixe, 1987-2014. Pretende-se com o estudo compreender o papel que este comércio traduz na criação de auto-emprego, redução de indivíduos desempregados e provimento do rendimento familiar que contribua para a melhoria das condições das famílias inseridas neste sector de actividade.A pesquisa surge como elemento que procura compreender se o comércio informal contribui para o aumento do rendimento familiar e consequente melhoria de condições de vida das famílias praticantes na Cidade da Maxixe. A pesquisa possibilitou averiguar que na Cidade da Maxixe, a opção pelo comércio informal, é visto como uma das formas mais evidentes para a obtenção de condições mínimas para o sustento familiar, daqueles que não conseguem um emprego no mercado de trabalho formal, para além de que a força de trabalho que perfaz o perfil destes vendedores inseridos no comércio informal apresenta um baixo nível de educação e falta de experiência profissional. A venda na rua constitui uma das formas de comércio informal praticada por um grosso número de vendedores informais na Cidade da Maxixe, dada a maior afluência da população a esses lugares. Mas, a prática de comércio na rua é proibida, facto que põe em risco os seus praticantes uma vez que podem ver os seus produtos recolhidos pelos agentes da polícia urbana, embora o objecto desta atitude seja manter a estética da Cidade, não parece ser a solução para o problema e piora ainda mais a situação económica de muitos comerciantes de rua desta Cidade. Através da realização do trabalho do campo, a pesquisa confirmou a hipótese, pois o comércio informal na Cidade da Maxixe ao criar emprego ou ocupação está a contribuir directamente para a geração de rendimento e riqueza que permite a força de trabalho envolvida nesta actividade sustentar o seu agregado familiar e melhorar as condições de vida dos mesmos. A principal conclusão do trabalho permite observar que a maioria das famílias praticantes do comércio informal na Cidade da Maxixe, conseguem obter um rendimento familiar suficiente para alocar uma refeição básica por dia e um valor que lhes possibilita manter os seus filhos na escola, e uma assistência médica básica.

Palavras-chave: sector informal, comércio informal,vendedor informal, vendedor ambulante

e renda familiar.

Page 12: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

11

0. Introdução

A reestruturação produtiva imposta pelo capitalismo veio acompanhada de inovações

tecnológicas e imposição da razão instrumental, afectando negativamente a qualidade de vida

dos trabalhadores no mercado formal, dificultando a manutenção do vínculo empregatório e

reduzindo as oportunidades de trabalho.

A Constituição da República Popular de Moçambique de 1975, pelos artigos 9, 10 e 11,

vedava as liberdades formais para a prática do comércio por entidades particulares, ao

postular que o Estado promove a planificação da economia, com vista a garantir o

aproveitamento correcto das riquezas do País e a sua utilização em benefício do Povo

Moçambicano. E que o sector económico do Estado é o elemento dirigente e impulsionador

da economia nacional, e a propriedade do Estado recebe protecção especial, sendo o seu

desenvolvimento e expansão responsabilidade de todos os órgãos do Estado, organizações

sociais e cidadãos.

As reformas económicas que caracterizam as décadas de 80 e 90 em Moçambique, levaram a

uma revitalização da economia, embora tal não significasse uma redução dos índices de

pobreza. Na década de 90, sob pressão do processo de paz que põe fim ao conflito armado em

1992, o País sofre uma nova transição, passando de um sistema político monopartidário para

uma situação de multipartidarismo. A necessidade de contrair os níveis de consumo para os

adaptar à realidade económica do país e a incapacidade e impossibilidade do Estado para

prover o bem-estar social impede que o mesmo crie um sistema para a minimização dos

efeitos sociais negativos das reformas económicas, elevando os níveis de pobreza e o

crescimento da exclusão, da reivindicação e da violência.

Neste contexto, o comércio informal emerge e prospera como contrapeso do processo de

liberalização e abertura da economia nacional ao exterior e ao investimento estrangeiro,

constituindo uma espécie de tubo de escape por onde passa o desemprego criado com o

advento do capitalismo, representando no entanto um salto qualitativo em relação à economia

de subsistência onde o sector familiar produz fundamentalmente para o auto-consumo e

procede a trocas directas de eventuais excedentes, uma vez que se insere numa economia de

Page 13: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

12

trocas do tipo monetário-mercantil, onde a intermediação financeira, através de esquemas

microfinanceiros, muitos dos quais também informais, assume um papel de destaque.

Aliado ao crescimento do informalismo no País de modo geral e nas Cidades particularmente,

o presente estudo funda-se no encontro do Papel do Comércio informal nas Famílias

Praticantes na Cidade de Maxixe de 1987-2014, pois a incapacidade do Estado para a

produção de serviços sociais básicos levou ao crescimento de formas alternativas de

sobrevivência popular, onde o comércio informal circunscreve-se como uma das alternativas

de sobrevivência popular adoptada.

0.1. Objectivos

Geral:

Analisar o papel do comércio informal nas famílias praticantes na Cidade de Maxixe.

Específicos:

Descrever a área de estudo;

Contextualizar a origem do sector informal no mundo e em Moçambique;

Identificar o papel do comércio informal no sustento e no melhoramento das

condições de vida das famílias praticantes na Cidade de Maxixe.

0.2. Justificativa

O comércio informal intervêm na oferta de bens e serviços adequados aos rendimentos e ao

poder de compra de vasta camada da população desfavorecida, por isso há necessidade de se

desenvolver um estudo que incida sobre o contributo desta actividade na sobrevivência dos

agregados familiares na Cidade de Maxixe. No entanto, a escolha do presente tema de

pesquisa: "O Papel do Comércio informal nas Famílias Praticantes na Cidade de Maxixe,

1987-2014", prende-se pelo facto de o autor pretender compreender o papel que o comércio

informal tem na manutenção económica dos agregados familiares inclusos nesta actividade

comercial na Cidade de Maxixe.

O tema, justifica-se também na medida em que a criação do auto-emprego ou o

empreendedorismo, constitui-se em uma das apostas do governo e um dos objectivos centrais

Page 14: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

13

das políticas públicas, com vista a reduzir a pobreza e incrementar a melhoria dos níveis de

bem-estar social, através da promoção do desenvolvimento social e económico.

A escolha de 1987 como marco inicial da pesquisa, justifica-se pelo facto de ter sido

introduzido o Programa de Reabilitação Económica (PRE), facto que fez com que a economia

informal saísse da clandestinidade, convertendo parte da economia nacional reprimida em

economia nacional consentida (Chivangue, 2012) e foi neste contesto em que os vários

comerciantes informais começaram a aparecer em números cada vez mais crescentes e o ano

de 2014, encontra uma justificativa na medida em que foi neste ano que o autor desperta a

necessidade de desenvolver um estudo, visto que este enquadra se no âmbito da culminação

do curso.

A escolha da Cidade de Maxixe, como o campo geográfico de estudo, encontra uma

justificativa empírica, pois foi através de uma constatação meramente empírica que o autor

constatou que na Cidade, existiam cada vez mais comerciantes informais de diversas

categorias.

O comércio informal é uma actividade económica de maior importância, na medida em que,

cria auto-emprego que gera receitas que permitem o acesso a bens e serviços essenciais. É

também fonte para a sobrevivência de muitas famílias e ajuda no sustento e melhoramento das

condições de vida dos indivíduos envolvidos. Contudo, quero acreditar que com o trabalho

contribuirei de maneira significante para o despertar do papel que o sector informal tem na

melhoria das condições de vida e consequente sobrevivência dos agregados familiares.

O trabalho reveste-se ainda de importância na medida em que ao demonstrar os ganhos que

ele traduz para a sobrevivência dos agregados familiares, despertará uma mentalidade de

engajamento no empreendedorismo por parte dos jovens, dada a fraca capacidade do Estado

em envolver ou absolver grande parte da força do trabalho no trabalho formal.

Em Moçambique, o sector informal é importante para a sobrevivência das famílias de baixo

rendimento. Assim, o presente estudo, visa contribuir para o estudo deste sector da economia,

que devido à sua complexidade, somente se concentrará no pequeno comercio informal

exercido pelas famílias na cidade da Maxixe, mas sobretudo nos principais mercados e praças

de autocarros.

Este trabalho pretende ser um contributo para a compreensão da dinâmica do trabalho

informal na sobrevivência dos agregados familiares, apontando para a valorização da sua

participação no desenvolvimento socioeconómico de Maxixe.

Page 15: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

14

0.3. Problematização

Em Moçambique, o comércio informal tem registado um crescimento acelerado nas zonas

urbanas. Nos últimos anos, a segunda maior cidade da província de Inhambane, sul de

Moçambique, torna-se o coração económico da província, sustentando, uma economia de três

municípios e 12 distritos. Contudo Maxixe, recebe diariamente indivíduos atraídos pelo

desenvolvimento e crescimento socioeconómico, mas com objectivo de comercializar os seus

produtos, pois esta Cidade oferece maiores oportunidades de comercialização que os outros

pontos da província de Inhambane.

Actualmente, devido à sua localização geográfica, Maxixe tem sido o ponto de encontro e

também um local onde centenas de pessoas procuram sobreviver das mais variadas maneiras,

sobretudo ao longo da N1, onde assiste-se a um aumento de vendedores informais. Uns têm

ocupado no dia-a-dia os passeios das cidades, circulando pelas cidades carregados de diversa

mercadoria para a venda.

Na Cidade de Maxixe, desde a liberalização da economia e consequente prática livre de

iniciativas comerciais, aliada a incapacidade das cidades em equilibrar o crescimento

populacional e o desenvolvimento urbano, houve uma maior proliferação dos comerciantes

ambulantes, impregnados pelo aumento do custo de vida e dificuldades em provir condições

socioeconómicas para a subsistência das suas famílias (ARAUJO, 2003: 123).

No entanto, mediante estas constatações, urge em torno da pesquisa uma questão de partida

que procura aferir:

Até que ponto o comércio informal contribui para o aumento do rendimento familiar e

consequente melhoria de condições de vida das famílias praticantes na Cidade da

Maxixe?

0.4. Hipótese

O facto de a maioria das famílias praticantes trabalharem a conta própria, vendendo artigos de

baixo custo e de muita procura, possibilita-lhes arrecadar um remanescente suficiente para

alocar uma refeição básica por dia e um valor que lhes possibilita manter os seus filhos na

escola, e uma assistência médica básica, para além de outros serviços básicos necessários à

sobrevivência das suas famílias.

Page 16: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

15

0.5. Metodologia

0.5.1. Método de abordagem

Quanto ao método de abordagem usado para a execução deste trabalho, destaca-se o indutivo,

na medida em que ao partir de dados particulares da actividade informal constatados na

cidade de Maxixe, inferiu-se uma verdade geral através da confirmação da hipótese.

0.5.2. Método de procedimento

No que diz respeito aos métodos de procedimento, salienta-se o recurso ao comparativo, por

permitir a comparação de condições de vida dos diferentes agregados familiares, cujos

membros activos trabalham no sector informal, como forma de extrair as semelhanças e as

diferenças.

0.5.3. Técnicas de recolha de dados

No que diz respeito às técnicas usadas para tornar possível a realização do presente trabalho,

destaca-se a revisão bibliográfica e a entrevista semi-estruturada.

No que tange à consulta bibliográfica, recorreu-se à leituras de obras que abordam sobre o

trabalho informal e outras temáticas afins como forma de criar bases para a compreensão

contributo que esta actividade pode desempenhar na sobrevivência dos agregados familiares

na Cidade da Maxixe.

Através da entrevista semi-estruturada, o autor, deslocou-se aos mercados, as praças de

autocarros e alguns sítios identificados como foco do desenvolvimento da actividade

ambulante, onde irá entrevistar-se os actores desta actividade num universo de 30 vendedores,

seleccionados sob uma base aleatória.

A investigação que está na base do presente trabalho de pesquisa, decorreu em duas fases

distintas:

A primeira denominada de pesquisa “teórico-bibliográfica”, onde contou-se com as leituras de

obras publicadas, trabalhos de dissertação, e artigos, jornais publicados sobre o papel da

economia informal na sobrevivência dos agregados familiares e outros afins. Esta literatura

serviu de base para perceber o processo de eclosão do trabalho informal no país.

Page 17: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

16

A segunda fase, denomina prática, consistirá num trabalho de campo com base na entrevista.

Para a realização do trabalho de campo elaborou-se um guião de entrevista semi-aberto, para

as entrevistas formais, com recurso à língua portuguesa e as entrevistas incidem os

vendedores ambulantes e algumas famílias identificadas, cuja actividade dos membros activos

recai sobre o trabalho informal.

0.6. Revisão bibliográfica

Para a concretização deste trabalho recorreu-se ao uso de obras que constituem abordagens

anteriores ao assunto em estudo, obedecendo uma organização temática, com vista a

estabelecer uma ligação concisa dos conteúdos. Contudo passa-se a destacar os contributos

prestados por:

Mafra (2003), no seu estudo intitulado “O trabalho informa e qualidade de vida,”faz uma

abordagem que procura demonstrar que a reestruturação produtiva imposta pelo capitalismo

trouxe consequências negativas sobre a qualidade de vida dos trabalhadores no mercado

formal, o que dificultou a manutenção do vinculo empregatório e reduzindo as oportunidades

de trabalho. Contudo, foi neste contexto que as actividades informais surgiram como

alternativas de trabalho e melhoria das condições de vida. Porem, acredita que podem assumir

diferentes significados, de acordo com suas características e com o contexto no qual são

desenvolvidas, podendo destacar-se a feira do artesanato e a feira de ambulantes.

Faria (2012), no seu estudo cujo título é “O trabalho informal a luz de desenvolvimento Social

e Económico no Brasil”, faz uma abordagem aproximada a de MAFRA (2003), ao defender

que as transformações do trabalho mais radicais, surgiram a partir do século XVIII, com o

surgimento de novos materiais, como carvão mineral em substituição do vegetal, da

mecanização das indústrias têxteis, aumentando a quantidade e a qualidade de produção.

Diante desse avanço tecnológico, a divisão do trabalho sofreu pronunciada transformação,

com efeitos significativos tanto na estrutura ocupacional quanto no conteúdo dos novos

velhos postos de trabalho. Contudo, já nos anos 70 o perfil do mercado de trabalho global, já

era claramente dual: a maioria dos trabalhadores havia sido incorporada no mercado informal

e outros no formal e de serviços.

Alencar (2004), na sua obra intitulada “O trabalho informal no combate a pobreza”, faz uma

abordagem do significado do trabalho informal. Ao defender que a natureza do trabalho

informal é complexa, englobando diferentes categorias de trabalhadores com inserções

Page 18: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

17

ocupacionais bastante particulares. O autor destaca duas formas de definir o trabalho

informal, onde de um lado, há aqueles que definem o trabalho informal como aquele cujas

actividades produtivas são executadas à margem da lei, especialmente da legislação

trabalhista vigente em um determinado país. Aqui estariam os trabalhadores conta-própria,

grande parte dos quais não contribui à previdência, os trabalhadores sem carteira assinada e os

não-remunerados. Este ponto de vista compreende o trabalho informal a partir da precariedade

da ocupação. De outro lado, pode-se definir o trabalho informal como aquele vinculado a

estabelecimentos de natureza não tipicamente capitalista. Estes estabelecimentos se

distinguiriam pelos baixos níveis de produtividade e pela pouca diferenciação entre capital e

trabalho.

Silva (2008), na sua monografia intitulada “O impacto da economia Informal no processo de

Desenvolvimento na África Subsaariana”, aborda acerca do contexto da emergência da

economia informal nos países da África subsariana ao defender que este, advém em grande

parte da má afectação dos recursos económicos e financeiros, tanto nacionais como

provenientes do estrangeiro, o qual em geral teve como resultado, uma deficiente

implementação das estratégias para o desenvolvimento e uma dificuldade acrescida da

pretendida modernização do continente africano. Defende ainda que o trabalho informal deve

ser visto como uma forma de sobrevivência das populações não empregadas no sector formal,

perante a ineficácia do estado, a deficiência de mercados internos, a falta de recursos humanos

adequados e a fraqueza do tecido empresarial africano, procurando demonstrar que ela é

menos uma causa do que uma consequência do não desenvolvimento.

Carvalho (1989), no seu estudo intitulado “O sector informal, o Estado e os movimentos

sociais”, faz uma abordagem que procura relacionar o tipo de mão-de-obra usada no

comércio informal com o provimento do rendimento familiar dos envolvidos, ao defender que

o comércio informal tem-se como uma de suas principais características a utilização da “mão-

de-obra” familiar, que trabalham para a sobrevivência da família. Além disso, observa-se a

ajuda não somente de pais e filhos, mas também de outros membros da família, como tios e

primos dos cônjuges. E ainda, mesmo que a família não esteja com todos os seus membros

envolvidos com a actividade informal, pois alguns possuem empregos formais, essa se mostra

importante para a economia familiar contribuindo para complementar a renda. Os

comerciantes têm-se na informalidade a finalidade de contribuir na renda, o que demonstra a

importância dessa actividade para a reprodução económica e social dessas famílias.

Page 19: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

18

Ometto (1996), no seu estudo cujo título é “Analise da realidade económica brasileira e seus

reflexos nas famílias e dos indivíduos”defende que a expansão do sector informal não é uma

opção dos trabalhadores, mas sim uma alternativa de emprego por eles encontrada, em

decorrência das consequências geradas pela crise do emprego formal, sendo a prioridade dos

trabalhadores informais a manutenção da família ou a sobrevivência familiar. O autor defende

ainda que além de permitir as pessoas vários empregos simultaneamente e ser uma opção para

que a classe baixa possa adquirir mais rapidamente determinados bens de consumo duráveis e

não duráveis, o comércio informal participa de uma forma decisiva na manutenção económica

das famílias envolvidas, pois grande parte dos trabalhadores informais dependem unicamente

da actividade para obter o sustento diário das suas famílias. O autor avança ainda que a prática

do comércio informal contribui na renda familiar pois o trabalhador pode administrar o

próprio negócio e consequentemente a sua autonomia e flexibilidade, complementar a renda

familiar, manter a sobrevivência da família, e ainda, para alguns a possibilidade de

desenvolver a actividade por “entretenimento” e divulgar os seus produtos, como os

vendedores de artesanato.

Francisco & Margarida (2006), no seu estudo intitulado “Impacto da Economia Informal na

protecção Social, Pobreza e Exclusão: A dimensão oculta da informalidade em

Moçambique”, fazem uma abordagem que procura demonstrar que é nas cidades dos países

em desenvolvimento, com manifestas dificuldades do Estado e do sector dito formal de darem

respostas às necessidades básicas da população, que o sector informal supre essas faltas, quer

nas áreas da produção (agricultura peri-urbana, artesanato e formas industriais simples), da

distribuição (comércio e serviços), da construção (habitação), dos serviços sociais (educação e

saúde) e, sobretudo, do emprego gerador de oportunidades salariais de uma grande parte da

população, muitas vezes a maioria dos habitantes de uma aglomeração urbana. Estima-se que

esse sector emprega uma percentagem elevada da população activa, permitindo a sua

sobrevivência. Ele constitui, deste modo, um fenómeno estruturante e é inegável a sua

importância estratégica. Os autores para demonstrar o contributo do comércio informal no

rendimento familiar citam o relatório de 1995 do Women’s World Banking Forum (WWBF)

na medida em que esteestimava que, da população activa do globo, mais de 500 milhões de

pessoas desenvolviam as suas actividades no sector informal; as microempresas empregariam

50 a 60 % da força de trabalho dos países em desenvolvimento e produziriam 20 a 40 % do

respectivo Produto Interno Bruto (PIB).

Page 20: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

19

Mafra (2003) e Faria (2012), encerram em si ao colocarem como ponto essencial para o

desenvolvimento do comércio informal a reestruturação produtiva imposta pelo capitalismo,

uma vez que consideram ser reestruturação que trouxe consequências negativas no modo de

vida dos trabalhadores do mercado formal, motivado pela substituição da mão-de-obra

humana pela mecanização cada vez mais crescente das indústrias. Os autores, sustentam ainda

que diante desse avanço tecnológico, a divisão do trabalho sofreu pronunciada transformação,

com efeitos significativos tanto na estrutura ocupacional quanto no conteúdo dos novos

velhos postos de trabalho. Alencar (2004), divergem dos restantes autores ao procurar

compreender a essência do trabalho informal e não sobre o contexto do seu surgimento. Silva

(2008), ao falar do surgimento do comercio informal nos países da África subsaariana diverge

dos restantes autores, pois para ele a emergência deste sector não esta relacionado às

reestruturações impostas pelo capitalismo em si, mas sim devido a má afectação dos recursos

económicos e financeiros, tanto nacionais como os provenientes do estrangeiro. O autor

avança ainda que o trabalho informal no seu todo, deve ser visto como uma forma de

sobrevivência das populações não empregadas no sector formal. Carvalho (1989) e Ometto

(1996), encerram em si ao considerarem que o sector informal representa uma alternativa de

emprego encontrada por grande parte da população desempregada, em consequência da crise

gerada pelo emprego formal, para além de ser uma das formas de redistribuição dos bens e

serviços, assim como na manutenção económica familiar. Francisco & Margarida (2006),

diverge dos restantes autores ao fazer uma abordagem que procura demonstrar que é nas

cidades dos países em desenvolvimento, com manifestas dificuldades do Estado e do sector

dito formal de darem respostas às necessidades básicas da população, que o sector informal

supre essas faltas, quer nas áreas da produção (agricultura peri-urbana, artesanato e formas

industriais simples), da distribuição (comércio e serviços), da construção (habitação), dos

serviços sociais (educação e saúde) e, sobretudo, do emprego gerador de oportunidades

salariais de uma grande parte da população, muitas vezes a maioria dos habitantes de uma

aglomeração urbana.

Após o rol do contributo dos vários autores acerca do tema e pesquisa, constatou-se que uma

vez que os autores ao abordarem sobre o comercio informal, fazem-no de uma forma

genérica, procurando compreender os factores que estiveram na sua origem, bem como sobre

o seu papel na ocupação da mão-de-obra desempregada, com esta lacuna, a presente pesquisa

Page 21: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

20

procura abordar o tema numa das modalidades típicas do comércio informal nos países em

vias de desenvolvimento, onde as cidades são caracterizadas pela proliferação cada vez mais

crescente dos vendedores ambulantes, daí a necessidade de avaliar se este comércio

ambulatório, traduz-se numa forma de rendimento capaz de garantir o rendimento familiar ou

é simplesmente uma actividade de sobrevivência informal.

0.7. Referencial teórico

A pesquisa fundamenta-se em Maposse (2011), no seu estudo intitulado “o papel do comércio

informal na ocupação da força de trabalho em Moçambique” pois esta autora faz uma

abordagem que procura analisar as principais características da força do trabalho no comércio

informal em Moçambique e procura determinar o papel que esta actividade representa no

sustento dos seus agregados familiares, onde chega a concluir que o comércio informal é uma

actividade económica de maior importância, na medida em que, cria auto-emprego que gera

receitas que permitem o acesso a bens e serviços essenciais. É também fonte para a

sobrevivência de muitas famílias e ajuda no sustento e melhoramento das condições de vida

dos indivíduos envolvidos.

Page 22: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

21

CAPÍTULO I: CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

Este capítulo descreve questões inerentes à caracterização da área onde decorreu a pesquisa,

partindo da sua localização geográfica, onde mencionam-se os limites e os pontos que

circundam a mesma, procurou-se descrever a superfície ocupada pela área de estudo, bem

como a descrição dos aspectos socioeconómicos, culturais e físico-naturais.

1.1. Localização geográfica

A cidade da Maxixe localiza-se na faixa costeira da Província de Inhambane, na região Sul de

Moçambique (Mapa 1), entre as coordenadas 23° 52' 0 de Latitude Sul e 35° 21' 0 23º 50´de

Longitude Leste. (FERNANDO, 2013: 60)

Com uma superfície de 282 Km², Maxixe é limitado ao Norte pelo Distrito de Morrumbene

através do rio Nhanombe, a Sul pelos Distritos de Jangamo e de Homoíne, a Leste pela

Cidade de Inhambane através da baía do mesmo nome e Jangamo e a Oeste pelo distrito de

Homoíne (INE, 2008).

Fig. 1. Mapa de localização do Município de Maxixe

Fonte: FERNANDO, (2013)

Page 23: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

22

1.2. Evolução Administrativa

O surgimento de Maxixe está relacionado por um lado com a povoação vizinha da cidade de

Inhambane, visto que foram razões de ordem militar que levaram com que em meados do

século XIX se estabelecesse um posto militar, para onde se dirigiram tropas vindas de

Inhambane, em ordem de defesa da região. Por outro lado, está relacionado com o

estabelecimento de uma missão de Jesuítas, inicialmente franceses e mais tarde portugueses, à

missão São José de Móngue (FERNANDO, 2013:60).

Fernando (2013: 61), defende ainda que nos meados do século XIX, o desenvolvimento da

povoação de Maxixe fora dando de forma bastante lenta e gradativa, ainda muito dependente

da vizinha Vila de Inhambane, e somente em 1913 recebe o seu primeiro código de postura e

passa a ser a sexta circunscrição da Província de Moçambique.

Em 1923, por razões de uma diminuição do orçamento público, a circunscrição civil de

Maxixe desapareceu e os seus terrenos são anexos à circunscrições vizinhas. Maxixe torna-se

um posto administrativo da Vila de Inhambane e a sua dependência em relação a esta

povoação acentua-se. Assim, em 1927, as terras da antiga circunscrição de Maxixe passam a

pertencer totalmente à circunscrição de Homoíne, e Maxixe deixa de ser um posto

administrativo de Inhambane para ser de Homoíne (ARAUJO, 2003: 127).

Em 1926 foi criada a junta local do posto administrativo de Maxixe e em 1964 o seu

conselho, e a povoação tornou-se Vila. A partir de 1975, com a independência nacional, é

extinta a categoria de postos administrativos e redimensionada a divisão administrativa do

País, onde parte da antiga área do Conselho de Maxixe é incluída à sua vila, e integrada na

Cidade de Inhambane até 1986, altura em que a povoação de Maxixe é novamente

reconhecida e elevada à categoria de Cidade. Com o processo de autarquização em

Moçambique, em 1997, através da lei nº 10/97 de 31 de Maio, é criado o Município de

Maxixe, juntamente com outras 32 autarquias locais distribuídas por todo país (ABREUS

CONSULTORES, 2003: 33).

De acordo com o Conselho Municipal de Maxixe, o distrito é constituído por cinco

localidades: Nhaguiviga, Mabil, Chambone, Nhabanda e Bembe, estas se encontram

subdivididas em trinta e seis bairros (CMCM, 2008).

Page 24: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

23

Segundo Fernando (2013: 85), Maxixe está organizada em 36 bairros, tal como ilustra o mapa

a seguir.

Fig. 2. Divisão Administrativa do Município de Maxixe

Fonte: (FERNADO, 2013).

1.3. Aspectos físico-naturais

A cidade da Maxixe é caracterizada por possuir um clima tropical húmido devido a sua

localização geográfica, com uma temperatura média anual de aproximadamente 24 ºC. As

temperaturas mínimas são observadas no mês de Julho, enquanto as máximas ocorrem no mês

de Janeiro. A precipitação média mensal observada em Maxixe é de aproximadamente 60.4

mm. O período de maior precipitação é de Dezembro a Março e a de menor precipitação é de

Abril a Novembro, registando-se a máxima em Janeiro e a mínima entre Agosto e Setembro

(ABREUS CONSULTORES, 2003: 35).

Page 25: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

24

A cidade da Maxixe, faz parte de uma zona de planícies. Ao longo do litoral encontram se

áreas aplanadas com uma grande largura, assim como alguns pontos declivosos virados para a

baía, onde os fenómenos de erosão são acentuados (MALONGUETE & FAMBANE, 2011:

23).

Os solos de Maxixe são constituídos por areias finas de fertilidade e retenção de água baixa,

surgindo, contudo algumas áreas onde os solos são férteis. Para além de areias finas, existem

áreas pantanosas ao longo do Rio Nhanombe e no litoral a sul do centro da cidade, construídas

por material muito fino (ABREUS CONSULTORES, 3003: 35).

Maxixe é limitada a este por águas da baia e para além destas ela conhece um recorte de linha

de água, sendo o mais importante é o Rio Nhanombe que a limita a Noroeste. Este rio é de

regime periódico (PMGAM, 2008: 17).

No que concerne à vegetação, a cidade é caracterizada pela existência de culturas como

coqueiros, cajueiros, mangueiras, eucalipto e alguma vegetação rasteira, constituída por ervas

e arbustos apenas no período de pousio. No litoral existem mangueiras, predominando na

zona sul. Ibid

A área de estudo faz parte de uma zona de planícies e algumas depressões originadas por

erosão, localizadas em toda a zona costeira, mas podem existir altitudes superiores a 150 m.

Localmente o município de Maxixe é constituído por rochas do quaternário, na bacia

sedimentar Karro. Ao longo do litoral encontram-se áreas aplanadas com uma grande largura,

assim como alguns pontos declivosos virados para a baía onde os fenómenos de erosão são

acentuados (MALONGUETE & FAMBANE, 2011).

1.4. Actividades económicas de Maxixe

A maioria da população de Maxixe empregue no sector formal da economia, trabalha no

sector terciário, representando cerca de 43% dos empregados do Município. A seguir está o

sector secundário com 37% seguindo-se o sector primário que ocupa o terceiro lugar com

20% dos trabalhadores. Entretanto, Maxixe dispõe de algumas indústrias ligadas a produção

de óleos, sabões e processamento de madeira, serralharias e latoarias (FERNANDO, 2013:

61).

Pesca

Em Maxixe, pratica-se a pesca artesanal em diferentes centros e que pela sua importância e

organizacao, destacam-se os seguintes centros: centro de Pesca de Chicuque – ponte, centro

de Pesca de Jerusalém, Centro de Pesca de Mange, centro de Pesca de Nhamaxaxa e Centro

Page 26: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

25

de Pesca de Guguana , sendo que a pesca constitui uma actividade económica fulcral, quer

para a subsistência, quer para o rendimento familiar. Esta actividade tem uma grande

importância no orçamento total da família e na balança comercial do município de Maxixe

(RUNGO, 2011: 43).

Agricultura

A actividade agrícola é praticada em pequena escala pelo sector familiar, tendo como

principais culturas: a mandioca, amendoim e milho. As principais culturas de rendimento são

o coco e a castanha de caju. Nas zonas mais baixas praticam-se hortícolas, arroz e batatas, que

servem para o auto consumo e comercialização (ABREUS CONSULTORES, 2003: 141).

Indústria

A Cidade de Maxixe, caracteriza-se por possuir um dos maiores parques industriais da

Província de Inhambane, podendo-se destacar as seguintes indústrias: óleos de Maxixe

(Olimax), Max OilsLda (MO) e HandWayela Energia Lda, Maxixe (HWE). Maxixe possui

igualmente algumas indústrias de processamento de madeiras devido à proximidade e fácil

acesso a distritos de proveniência de matéria-prima. A maioria destas indústrias está

localizada na zona industrial da Maxixe, no Bairro de Mademo (FERNANDO, 2013: 62).

Turismo

O sector do turismo, em Maxixe, está pouco desenvolvido e as poucas unidades de exploração

estão localizadas no Bairro Chambone e Rumabana. Em termos de distribuição espacial das

actividades económicas neste município, a maioria dos estabelecimentos da rede comercial,

turismo, encontram-se concentradas no núcleo central do Município, principalmente nos

bairros de Chambone e Rumbana (ABREUS CONSULTORES, 2003: 143).

O crescimento da actividade económica é impulsionado pela Estrada Nacional numero 1

(EN1) que atravessa a Cidade mas também pela proximidade com a Cidade de Inhambane, a

capital da Província, vilas de Morrumbene, Homoíne, Jangamo e Cumbana (ARAUJO, 2003:

129).

Page 27: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

26

1.5. Actividades sociais

1.5.1. Educação

Segundo Plano Municipal de Gestão Ambiental de Maxixe (PMGAM) (2014: 21), no

Município de Maxixe existem, 36 Escolas Primárias, sendo 20 Escolas Primarias do 1º Grau

EP1 e 16 Escolas Primarias Completas (EPC´s), 06 escolas de ensino secundário, das quais

duas do 2º ciclo ou seja Escolas Pre-Universitarias, e 04 do1º Grau, 1 Centro de Formação de

Quadros de Saúde, 1 Instituto de Formação de Professores Primários, dois institutos técnico-

profissionais, uma delegação do Instituto Monitor, 1 Delegação da Universidade Pedagógica

Sagrada Família e um Instituto de Gestão Ambiental e Negócios de Maxixe.

1.5.2. Saúde

De acordo com Fernando (2013: 65), a rede sanitária neste município possui, actualmente, 08

Unidades sanitárias sendo 01 um Hospital Rural localizado em Chicuque, e 06 Centros de

saúde dos quais Agostinho Neto, Dambo, Bembe, Mabil, Tinga-Tinga, Chambone, Cuguana,

e Posto de Saúde em Teles. De acordo com os serviços de saúde de Maxixe, para alcançar

uma unidade sanitária, os munícipes percorrem um raio de distância de 3km. Ainda no que

concerne a saúde, na cidade de Maxixe e frequente doenças como Malária devido ao mau

saneamento do meio e devido a próprio lixo hospitalar proveniente dos hospitais, farmácias,

postos de saúde, e casas veterinárias composto por seringas, vidros de remédios, algodão,

gazes, órgãos humanos, o que constitui perigo a saúde dos citadinos da Cidade de Maxixe e

que o mesmo devia ter um tratamento diferenciado, desde a colecta ate a sua deposição

porque constitui um grande perigo a saúde humana, em poças escalas a Cólera, HIV-SIDA, a

Tuberculose. E frequente assistência médica medicamentosa onde os doentes ou seja

pacientes são assistidos pelos técnicos de saúde.

Page 28: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

27

1.5.3 Infra-Estruturas Existentes.

1.5.4 Transportes

Segundo PMGAM (2014:22), no concernente aos transportes, o facto de a Cidade de Maxixe

ser atravessado pela EN1, tem se verificado um grande movimento de viaturas ligeiras,

pesados e de passageiros, o que representa uma mais-valia para a urbe em relação a

disponibilidade de transporte

1.5.5 Telecomunicações

A partir da Cidade de Maxixe e possível fazer ligações telefónicas, via satélite para dentro e

fora da cidade. Mais existem os sistemas de serviços telefónicos móvel, actualmente

explorados pelas empresas MCEL, Vodacom e a Movitel. Para além dos meios de

comunicação já referidos, a Cidade de Maxixe beneficia dos serviços da TVM, STV,

MIRAMAR, TIM, e Rádio Moçambique, Rádio Viva, e Rádio Progresso. Ibid

1.5.6 Electricidade

O sistema de abastecimento eléctrico a Cidade de Maxixe e feito a partir da Hidroeléctrica de

Cahora-Bassa a partir da subestação de Lindela com uma rede constituída por quatro linhasa

de alta tensão e oito postos de transformação.

1.5.7 Outras infra-estruturas existentes

A cidade e dotada de Delegações filiais do Banco de Moçambique, BARCLAYS, Milenium

Bim, BCI Fomento, Banco Terra, MOZA Banco, Standard Bank, FNB, e Socremo. (Idem)

1.5.8 Acção Social

A integração e assistência social a pessoas, famílias e grupos sociais em situação de pobreza

absoluta, dá prioridade à criança órfã, mulher viúva, idosos e deficientes, doentes crónicos e

portadores do HIV-SIDA, toxicodependentes e regressados. (MALO, 2006: 31)

Dados estatísticos estimam que em 2007, na Cidade de Maxixe existiam, cerca de 4,5 mil

órfãos (dos quais 22% de pai e mãe) e cerca de 3.330 deficientes (73% com debilidade física,

11% com doenças mentais e 16% com ambos os tipos de deficiência). (INE, 2007)

Na Cidade de Maxixe, as actividades de acção social são coordenadas pelo governo através do

Instituto Nacional de Acção social (INAS), Instituto Nacional de Segurança Social (INSS)

bem como com algumas organizações não governamentais, associações e sociedade civil,

Page 29: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

28

promovendo a criação de igualdade de oportunidade e de direito entre homem e mulher, no

domínio de todos aspectos da vida social e económica, e a integração, quando possível, no

mercado de trabalho, processos de geração de rendimentos e a vida escolar. (PMGAM, 2014:

21)

Desde o ano de 2000, foram reunificadas com as suas famílias cerca de 1.300 mil crianças

perdidas e órfãs, foram identificadas beneficiando de apoios 189 mulheres e 567 idosos, e

foram assistidas 79 pessoas portadoras de deficiência. (MALO, 2006: 32)

Aspectos culturais

De acordo com Malo (2006: 13), a área de estudo insere-se no grupo étnico”Bi-Tonga/

Khokha- Bi-Tonga.” Os principais hábitos e costumes da população incluem: a prática de ritos

de a prática da circuncisão, a invocação dos antepassados, o poder de decisão familiar está

centrada nas mãos do marido, devido à predominância da linhagem patrilinear. Praticam-se

nesta área geográfica várias confissões religiosas, a destacar a católica, anglicana, zione,

metodista, nazareno, presbeteriana, etc.

As construções são feitas maioritariamente de caniço e macute, como sendo materiais de fácil

aquisição na Cidade de Maxixe, mas actualmente com o desenvolvimento da cidade, é

possível verificar em toda extensão da cidade, a presença de grandes edifícios de construção

convencional. (Idem)

1.6.1 Lobolo

Na cidade da Maxixe, onde maior parte da sua população são falantes da Língua Gitonga

(pronúncia é guitonga). É feito o lobolo, que com o tempo tem vindo a ser diferente de família

em família e de tribo em tribo, envolvendo consigo, os pais, tios, primos, avos (paternos e

maternos e ai por diante; que apesar das influências trazidas de culturas estrangeiras que são

assimiladas rapidamente por camadas jovens, na hora de tratar assuntos da família, os hábitos

aparecem e cada um procura recordar pormenor por pormenor da nossa cultura tradicional.

Ao se efectuar o lobolo, o noivo apresenta se ou a menina apresenta seu noivo (seu namorado

– com intermediários) e este mais tarde manifesta mesmo o desejo de viver com ela e pede as

condições para formalizar a sua situação marital, a família, a qual remete lhe a três

casamentos dos quais: (Tradicional ou lobolo; civil e religioso). Todavia, o Lobolo é

imprescindível na cidade da Maxixe, razão pela qual o governo reconhece como legitimas as

famílias constituídas neste casamento, desde que as estruturas comunitárias de base assistam e

Page 30: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

29

enviem relatório á administração local, esta por sua vez manda assentar no registo civil que

três meses depois os noivos podem ir assinar o registo do seu casamento, desde que

autorizados pelos seus pais. (INE, 2007)

1.6.2 Falecimentos ou Cerimonias Fúnebres

Relativamente aos falecimentos, na Cidade da Maxixe se por acaso morre alguém da família,

todas as crianças devem ficar fora de casa para que não peguem susto e não podem ver um

morto. É obrigatória a presença de todos os membros da família como uma forma de

demonstração da união na família e também para despedida da pessoa que teria perdido a

vida. Caso isso não aconteça o familiar (filho), que não estiver no velório terá azar. Contudo,

na casa onde haver falecimentos não deve ficar sem familiares ou vizinhos, isto significa que

a casa do falecido deve sempre estar lotada de presentes como forma de consolar a viúva no

sentido de sentir-se protegida para não pensar no sucedido e não estar sempre angustiada pela

perda do ente-querido. (INE, 2007)

Para o caso de um chefe de família que perdeu a vida, a esposa deve estar sempre coberta dos

pés até a cabeça e não pode ser vista de maneira nenhuma e também deve ficar no quarto com

as tias de casa. A viúva quando estiver a ir ao cemitério deve estar coberta com uma capulana

grande. Com objectivo de escondê-la porque presume-se que ela está quente, pelo facto de ter

perdido seu marido. Assim, regressado do velório deve-se cortar o cabelo e vestir de preto,

como sinal de luto na família. Enfim, fica-se em casa da viúva durante um tempo que

corresponde a uma semana para poder visitar a campa do falecido pela segunda vez, o que se

chama cerimónia de deposição de flores. Voltando para casa, há uma reunião na família do

falecido para decidir acerca de um rito de purificação da mulher, onde o irmão mais novo do

falecido deve fazer sexo com a viúva. Á noite, após fazer sexo deve-se ferver um chá, onde

quem faz é a própria viúva, toma e depois serve para todos os seus filhos como mais uma

maneira de lavar a casa (Idem).

Findo o capítulo, conclui-se que devido a localização da Cidade de Maxixe junto à Estrada

Nacional N◦1 e o facto de esta abastecer vários distritos da Província de Inhambane em

produtos diversos, propicia um clima bastante favorável para a prática da actividade

comercial, o que de certa forma contribui para a proliferação dos comerciantes informais,

dada a maior procura dos produtos industriais.

Page 31: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

30

A existência de muitos comerciantes informais na Cidade de Maxixe, pode ter uma inter-

relação com a existência de um fraco tecido agrícola, pois este é um sector que poderia

absorver essa mão-de-obra empregue no sector informal.

Page 32: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

31

CAPÍTULO II: SECTOR INFORMAL EM MOÇAMBIQUE

Este capítulo, busca conceptualizar sector informal, apresentar o contexto em que deu-se do

desenvolvimento das actividades do sector informal no mundo e em Moçambique em

particular. O capítulo, apresenta ainda as características do sector informal, evidenciando as

populações alvas desta actividade económica, bem como conceptualizar o comércio informal

como forma de demonstrar o ângulo da presente pesquisa.

2.1. Conceito de sector informal

Segundo Silva (2006: 15), É sumamente difícil dar uma definição exacta do que é o sector

informal ou, em termos mais amplos, a economia informal. Isto se deve ao facto de não existir

um consenso geral sobre a sua definição, tanto conceptual como operacional, e sobre a sua

medição e limitação.

De acordo com Maposse (2011: 22), não existe uma definição única e nem de consenso, para

a designação do sector informal e o problema não tem a ver só com o significado da expressão

sector informal, mas também com a escolha da expressão que melhor traduz este fenómeno.

Para Noronha (2003) apud Maposse (2011: 22), a utilização dos conceitos “formal” e

“informal” não é clara, assim como não há coesão sobre o papel da legislação nos contratos de

trabalho. Este autor sugere o uso do conceito “informalidade”, cujo significado depende

sobretudo da compreensão do conceito “formalidade” predominante em cada país, região,

sector ou categoria profissional.

O sector informal define-se como “um variado leque de actividades orientadas para o mercado

e realizadas com uma lógica de sobrevivência pelas populações que habitam os centros

urbanos dos países em desenvolvimento” (Lopes, 1999:3).

De acordo com António (2007: 43), alguns autores entendem que o sector informal é um

conjunto de pequenas empresas, geralmente não licenciadas, caracterizadas pela fácil entrada,

propriedade familiar, uso de recursos locais e tecnologias de trabalho intensivo que não

requerem conhecimentos educacionais formais. Apesar de esta definição ser aceitável, por

conter em si os caracteres essenciais do que é de facto o sector informal (empresas pequenas e

Page 33: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

32

não licenciadas, trabalho intensivo, etc.), a sua formulação, ao incluir de maneira genérica

uma alusão à propriedade familiar e ao admitir que a mão-de-obra empregue não precisa de

deter conhecimentos formais, pode oferecer -se à controvérsia, sobretudo em economias como

as de países africanos, onde tais características se prendem mais com a definição do chamado

sector tradicional.

Na mesma lógica da definição anterior, Queiroz (2009) considera sector informal a actividade

orientada para o mercado com o principal objectivo de criar emprego e rendimento para as

pessoas nela envolvida e para os seus agregados familiares, com uma lógica de sobrevivência.

O não registo da sua actividade é uma característica do sector informal e não um critério para

defini-lo.

Segundo esta segunda perspectiva, a capacidade de geração de renda do trabalho informal é

definida pela expansão do sector capitalista da economia, o qual gera demanda por bens e

serviços. O trabalho informal pode estar vinculado tanto às cadeias produtivas das empresas

capitalistas – por exemplo, uma costureira que produz para uma grande empresa de confecção

– ou ao poder de consumo dos trabalhadores formais – por exemplo, uma doceira que faz

bolos e doces por encomenda. (Faria, 2012: 31)

Para a Organização Internacional do Trabalho –(OIT) (2006:24) o sector informal pode ser

definido como “um conjunto de unidades empenhadas na produção de bens ou serviços, tendo

como principal objectivo a criação de empregos e de rendimentos para as pessoas nelas

envolvidas”.

Estas actividades funcionam normalmente com um fraco nível de organização, com pouca ou

nenhuma divisão entre trabalho e capital, enquanto factores de produção, e operam em escala

reduzida. As relações de trabalho quando existem baseiam-se, na maior parte das vezes, no

emprego ocasional, no parentesco, e nas relações pessoais e sociais, mais do que em acordos

contratuais formais.

A Organização Internacional do Trabalho (OIT) (2006) considera ainda que qualquer

negócio/empresa não matriculado junto do governo nacional/local pertence ao sector

informal; não se incluem as actividades ilícitas (contrabando, roubo, tráfico de droga, etc.) e

compreende essencialmente, as chamadas actividades de sobrevivência, abrangendo as

pequenas empresas, as microempresas, os trabalhadores independentes e o auto-emprego.

Page 34: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

33

O Instituto Nacional de Estatística (INE) (2005:68) usando a definição da OIT, no contexto

moçambicano, definiu o sector formal/informal fazendo a combinação de três variáveis:

O local de registo da actividade: nível municipal, nível provincial e nível da

Repartição de Finanças;

Se o entrevistado declara a empresa possuir ou não documento oficial;

Que tipo de documentos a pessoa entrevistada diz a empresa possuir (Alvará, Ficha de

Registo, Licença Municipal/Precária) ou, no caso de um empregado, se ele/ela possui

um contrato de trabalho oficial.

Para o INE (2005) o sector informal em Moçambique define-se pelo exercício de actividades

não registadas na Repartição de Finanças (entidade competente para o efeito) e por a empresa

possuir menos de 10 trabalhadores. A definição do INE sugere que, mesmo se a empresa

declarar que paga uma taxa ao Conselho Municipal ou a uma outra instituição que não é a

Repartição de Finanças, ela é considerada como fazendo parte do sector informal. Esta

definição peca por incluir no informal, pessoas, empresas ou negócios registados no governo

local/município e que pagam uma taxa fixada para o funcionamento do seu negócio. Se este

negócio fosse informal no sentido de ilegalidade, os governos locais como o município não

reconheceriam a existência deste sector, consequentemente, não cobrariam taxas de ocupação

de espaço, deixariam esta actividade para a Repartição de Finanças, entidade competente para

o efeito.

Apesar de o sector informal contribuir para os cofres do Estado e consequentemente para o

crescimento da economia dos países em desenvolvimento, isto é, contribuir para o Produto

Interno Bruto - PIB2, particularmente sobre o volume de receitas provenientes deste sector

(Nazaré, 2006), este não é reconhecido pelas autoridades dos países onde está inserido. O

trabalhador informal é um contribuinte activo para a arrecadação de receitas para o Estado.

Por exemplo, no Brasil o sector informal em 2006 contribuiu para as contas nacionais em

9,9% de capital e o emprego informal alcançou 57,6% das ocupações totais (Hallaketal,

2009).

Para os efeitos da abordagem seguida neste trabalho, consideramos que o sector informal, tal

como ele é encarado hoje em África, representa um salto qualitativo em relação ao velho

sector de produção para a subsistência – o chamado sector tradicional –, este caracterizado

Page 35: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

34

pelo recurso à mão-de-obra familiar não qualificada e ao sistema de trocas directas, do tipo

trabalho por trabalho, mercadoria por mercadoria, trabalho por mercadoria ou mercadoria por

trabalho, ou ainda favor por favor. Diferentemente, o sector informal, mantendo grande parte

das características primordiais do sector tradicional, está intrinsecamente vinculado ao

mercado, às relações monetário -mercantis, operando num sistema de trocas do tipo trabalho

por salário em dinheiro, mercadoria por dinheiro ou dinheiro por mercadoria, ou ainda favor

por comissão ou taxa em dinheiro. É um sector da economia frequente nas regiões urbanas e

periurbanas, nas zonas portuárias ou fronteiriças, ou ao longo de grandes vias de transporte

(estações ferroviárias ou paragens de autocarros interprovinciais). O forte recurso à mão -de

-obra familiar, em muitos casos, continua ainda a escamotear as relações monetário mercantil

que se estabelecem entre empregadores e empregados.

2.2. Origem do sector informal

King (1996), defende que o surgimento do sector informal está ligado à crise verificada no

sector formal da economia, especialmente em África. É uma nova reacção à crise de emprego

no sector formal que está associada a perda de emprego e às Políticas de Ajustamento

Estrutural.

De acordo com Amaral (2005) apud Maposse (2011: 19), nos anos 80 e 90 do século passado,

houve um aumento exponencial do sector informal em resultado de factores tão diversos

como a crise económica, a contracção do mercado de emprego no sector formal e

despedimentos de trabalhadores, o aumento de rendimentos disponíveis no sector informal e

das necessidades dos consumidores de bens e serviços.

As actividades do sector informal, até os anos 80, eram realizadas por trabalhadores auto

empregados e baseados nas cidades. As maiorias destes eram imigrantes rurais sem nenhuma

educação formal. Eram trabalhadores pobres engajados na produção marginal ou na

importação de bens de consumo que eram escassos nas zonas dos países em desenvolvimento,

mas muito procurados.

Segundo Silva (2006: 12), o sector informal da economia teve maior relevo em África após a

descolonização dos países da África subsaariana. Pois, os Estados africanos apostaram

fortemente em modelos económicos que se baseavam em substituição da importação e na

Page 36: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

35

intervenção do Estado na economia. Contudo, estes modelos económicos trouxeram uma

urbanização acelerada e um grande contingente de trabalhadores do campo para a cidade a par

de um “boom” demográfico superior ao crescimento económico.

A adopção destes modelos de desenvolvimento e de crescimento económico teve como

consequência imediata o êxodo rural que, por sua vez, veio a facilitar a expansão e o

progresso do sector informal.

2.2.1. O sector informal em Moçambique

Segundo António (2007: 45), os estudos sobre o sector informal em Moçambique datam de há

mais de uma década, havendo consenso quanto à explicação do seu surgimento e

florescimento, normalmente relacionados com:

a) A repressão económica e financeira registada na época da economia centralmente

planificada, em que os preços, as taxas de juros e de câmbios e demais tarifas e

comissões de serviço eram administrados pelo Estado e mantidos fixos por longos

períodos de tempo;

b) A liberalização da economia ocorrida a partir de 1984/87, com o advento da adesão do

país ao Fundo Monetário Internacional e ao Grupo Banco Mundial e o início dos

programas de ajustamento macroeconómico e estrutural.

António, (2007), defende ainda que enquanto a repressão económica terá redundado em

manifestações de candonga e mercado paralelo de bens e produtos essenciais, desviados dos

circuitos de distribuição então criados através do sistema de planificação central, a

liberalização económica abre espaço para o incremento e diversificação do sector informal

que, numa primeira fase, vai absorvendo a mão-de-obra excedentária do processo de

reestruturação da economia e, mais tarde, proporciona emprego às populações rurais que

fogem à guerra ou, como veio a ocorrer depois, permite o emprego de mão-de-obra resultante

do processo de paz, mantendo, durante a sua expansão, o papel de redistribuidor de

significativa parte da ajuda externa directa (alimentos e roupa).

De acordo com Abreu (1996), «o sector informal, em Moçambique, “floresce” a partir de

1987». Sulemane (2001) defende também que «o período de «recuperação», que começou em

1987, relaciona -se também como início das reformas económicas […] e as actividades

informais têm florescidonas zonas urbanas, ao mesmo tempo que o emprego formal, na

agricultura e naindústria, decresce».

Page 37: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

36

De acordo com Paulo (2006: 43), a introdução do Plano de Reabilitação Económica (PRE),

em 1987, permitiu que a economia informal saísse da clandestinidade e do subterrâneo a que

estava remetida, essencialmente por imposição legal e determinação política do Estado.

Porém, o que o PRE fez, foi converter parte da economia nacional reprimida em economia

informal consentida, pois, antes dessa evolução, não se distinguia mercado negro (ilícito,

criminoso e delituoso) de economia informal consentida. Tudo era designado “candonga”

(economia paralela).

Ainda de acordo com Francisco & Margarida (2006), a partir da década de 80, imediatamente

após a decisão do Governo de liberalizar os preços de alguns produtos (hortícolas, frutas e

vegetais) em 1985, as bancas dos mercados oficiais, até então totalmente abandonadas e

vazias, passaram a ficar repletas de produtos. Os mesmos produtos, até então, eram vendidos

em circuitos clandestinos, por se exigir que os preços a serem praticados fossem os

administrativos fixados pela burocracia governante.

De acordo com António (2007: 46), a informalidade em Moçambique é geralmente associada

a cidadãos de nacionalidade moçambicana, de baixo rendimento, fraca formação académica e

profissional, e pertencentes a agregados familiares relativamente numerosos, muito embora se

reconheça a presença mais recente de indivíduos de outras nacionalidades – nigerianos,

congoleses, ruandeses, chineses, paquistaneses, zimbabueanos, entre outros – que operam em

actividades à margem da formalidade. A ligação que se faz em termos de nacionalidade leva a

que se admita que o sector informal seja o viveiro para a gestação, formação e consolidação

do empresariado nacional. Com efeito, questões de natureza histórica associadas à

colonização e à implementação do modelo de planificação central em Moçambique,

respectivamente até 1975/77 e até 1987/90, explicam por que razão se deve admitir que o

surgimento do empresariado nacional no país é relativamente recente.

De acordo com Maposse (2011: 21), embora em Moçambique, tal como em outros países

como Angola, Quénia, o sector informal tenha sido percebido como um problema social, pois

representava um sector não reconhecido pelos regulamentos vigentes nesses países para o

início da actividade comercial, a realidade mostrou que este sector tem um papel significativo

na criação de empregos, na geração de rendimento e no desenvolvimento económico e social

do país. Só em 2008 é que foi reconhecido como fazendo parte do sistema económico e por

Page 38: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

37

isso foi promulgada uma lei para que as pessoas que exercem actividades no sector informal

paguem o Imposto Simplificado para os Pequenos Contribuintes (ISPC)1.

Actualmente, em Moçambique, sob ponto de vista institucional, constata -se uma tendência

para a criação de associações de operadores informais das várias áreas de actividade –

transportadores, mukheristas, agentes microfinanceiros, vendedores em dumbanengues, etc.

reconhecendo-se que algumas dessas iniciativas têm sido úteis na gradual transformação de

informais em formais ou, pelo menos em semiformais, (ANTÓNIO, 2007: 47).

2.3. Características do trabalho informal

Trabalho informal é caracterizado como a prática de uma determinada actividade económica

sem que haja registos oficiais, como, por exemplo, assinatura da carteira de trabalho, emissão

de notas fiscais, algum tipo de contribuição e contrato social de empresa. Portanto, o trabalho

informal não se limita à actuação dos “camelos”, incluindo todas as actividades financeiras

desprovidas de registos.

O sector informal é, hoje, um conjunto de operadores dinâmicos e economicamente

agressivos que buscando a sua sobrevivência, têm ocupado e proporcionado rendimentos

alternativos a muitas famílias em países em desenvolvimento. Segundo Chichava (1998) e

Amaral (2005), apud Maposse (2011: 26), o sector informal em geral apresenta as seguintes

características:

a) Para o início das actividades conta apenas a iniciativa pessoal;

b) È uma organização individual ou familiar, livre e flexível;

c) É de fácil entrada e integração, mas com muitos riscos de se extinguir;

d) As instalações geralmente são inexistentes;

e) Emprega mão-de-obra barata, jovem e com predominância do sexo feminino em certas

actividades como a venda de produtos, hortícolas, vegetais, e outros produtos

agrícolas;

f) Comercializa uma vasta gama de produtos e presta serviços diversos que não

envolvem grande tecnologia ou equipamento;

1O Imposto Simplificado para os Pequenos Contribuintes (ISPC) é um imposto directo e aplica-se às pessoas

singulares ou colectivas que exercem, no território nacional, actividades agrícolas, industriais ou comerciais, de

pequena dimensão, incluindo a prestação de serviços (Revista Tributária 2008).

Page 39: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

38

g) A formação profissional é reduzida ou inexistente, privilegiando-se as práticas de

aprendizagem no processo de trabalho; Usa insumos conseguidos nas unidades do

sector formal e às vezes, abastece também o sector formal;

h) O salário e vínculo contratual é celebrado entre pessoas, sem vínculo contratual;

i) O crédito é concedido por pessoas singulares ou familiares e pelo recurso a

associações de poupanças e crédito;

j) A margem de lucros é elevada por unidade, mas pequena por volume.

Ainda de acordo com Chichava (1998), apud Maposse (2011: 26) em Moçambique a mão-de-

obra envolvida no sector informal compreende:

a) Desempregados e sub-empregados do sector formal da economia;

b) Desempregados provenientes das zonas rurais;

c) Funcionários do Estado e operários do sector formal usando seus familiares ou

trabalhadores para complemento dos seus rendimentos;

d) Proprietários do sector formal à busca de maiores receitas e fuga ao fisco;

e) Jovens recém-formados aos vários níveis (médio e superior) que não encontram

emprego no sector formal ou que não se contentam com os salários do Aparelho do

Estado.

O sector informal tem dois tipos de trabalhadores: “os assalariados e os não assalariados” que

geralmente são familiares não pagos regularmente, mas a quem lhes são concedidas certas

condições, como alojamento, alimentação e alguns subsídios (PNUD, 2001:84).

De acordo com Nazaré (2006) apud Maposse (2011: 27) o sector informal inclui actividades

económicas, tais como “bancos informais” que recolhem pequenas poupanças e fazem

empréstimos por segmentos da população que não têm acesso ao crédito bancário (NAZARÉ,

2006).

2.4. Comércio informal

Lopes (2003) apud De Soto (1994) caracteriza o comércio informal como aquele que se

realiza à margem das normas estatais que regulam a actividade comercial, e até mesmo contra

elas. Identifica dois tipos essenciais de comércio informal: O comércio realizado na rua que se

subdivide em comércio fixo e comércio itinerante (ambulante) e o comércio que se efectua

nos mercados. O autor sublinha que os comerciantes informais, regra geral, não têm licença

Page 40: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

39

para o exercício da actividade, não pagam impostos nem emitem facturas relativas às

transacções efectuadas.

Para o INE (2005), comércio informal é toda actividade comercial não registada na

Repartição de Finanças. Fazem parte deste grupo unidades não licenciadas, vendedores de

rua, de esquina, de mercado, etc.

Para o presente estudo, as actividades do comércio informal incluem:

Comércio a retalho: Compreende a actividade de revenda a retalho, sem transformação de

bens novos ou usados, destinados ao consumidor final, às empresas e outras instituições. Os

bens podem ser revendidos tal como foram adquiridos, ou após a realização de algumas

operações associadas ao comércio a retalho, tais como, a escolha, a classificação e o

acondicionamento. Os bens incluídos neste tipo de comércio são de consumo. Este tipo de

comércio desenvolve-se através de várias formas: em estabelecimentos, fora destes, feiras,

venda ambulante, venda por correspondência, ao domicílio, etc.

2.4.1. Contexto sócio económico do surgimento do comércio informal em Moçambique

Segundo Chickering & Salahdine (1991: 75), após a independência, vários Estados africanos

apostaram fortemente em modelos económicos que se baseavam em substituição da

importação e na intervenção do Estado na economia. Estes modelos económicos trouxeram

uma urbanização acelerada e um grande contingente de trabalhadores do campo para a cidade

a par de um “boom” demográfico superior ao crescimento económico. A adopção destes

modelos de desenvolvimento e de crescimento económico teve como consequência imediata o

êxodo rural que, por sua vez, veio a facilitar a expansão e o progresso do comércio informal.

A economia “informal”, tal como o comércio, surge como estratégia de sobrevivência dos

pobres por incapacidade, do que se chama de economia “formal”, em absorver o factor

trabalho e de gerar rendimentos. E ainda uma consequência de desequilíbrios, distorções ou

rupturas de mercado e de políticas desajustadas. O comércio “informal” termina por se

sustentar da economia e do comércio “formal”, estabelecendo relações de reforço mútuo, em

ocasiões fora da lei (saúde publica, fiscalidade, etc.) e transaccionando muitas vezes bens e

serviços ilícitos. Os poderes públicos permitem o comércio “informal”, porque este termina

por reduzir a pobreza, gerar auto-emprego e criar rendimentos que camuflam os sintomas

Page 41: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

40

mais chocantes da pobreza e, em muitas situações, beneficiam as subelites e as burocracias

intermédias. E acalmam eventuais manifestações e revoltas, (MOSCA, 2010: 83).

A incapacidade do Estado em responder aos desafios fundamentais da população nos

domínios do emprego, da saúde, e da educação, está na origem e expansão do comércio

informal. Portanto, A existência da Economia Informal reflecte um desajustamento entre os

interesses colectivos da sociedade, tal como entendidos pelo Estado, e os incentivos

individuais. O comércio informal resulta também de impostos elevados e péssimo bem-estar

social.

Gough, Tiplle & Napier (2003), associam o surgimento do sector informal ao aumento da

população urbana e da consequente procura do emprego, bens e serviços que crescem mais

rapidamente do que a média nacional, a ponto de o mercado laboral formal não conseguir

absorve-los. Além do mais, os anos de ajustamento estrutural e correspondente redução do

emprego na função pública diminuíram as oportunidades nas áreas urbanas, sendo o sector

informal que compensa as falhas do formal.

A pressão exercida pela força de trabalho excedentária na procura de emprego, quando este

em termos de sector moderno é escasso, constitui a hipótese explicativa para a entrada no

mercado de trabalho informal (Tokman, 2007). O autor argumenta que o resultado acaba por

ser uma busca de soluções de baixa produtividade e rendimento através da produção e venda

de qualquer coisa que permita aos desempregados sobreviverem. Acrescenta ser a lógica de

sobrevivência o principal factor que leva ao desenvolvimento de actividades informais.

Uma explicação alternativa é fornecida por Silva (2008: 121), quando sugere que a causa do

surgimento do comércio informal está intimamente ligada aos baixos salários auferidos no

sector formal, o que obriga os agentes a procurarem alternativas de acréscimo de rendimento.

Esta constatação também é limitada, pois alguns segmentos da economia informal só se

espelham parcialmente nela, sendo o comércio ambulanteum dos casos. A maioria dos

ambulantestem esta actividade como única alternativa de auto-emprego, não possuindo outra

forma de obtenção de rendimento.

Quanto ao surgimento do sector informal em Moçambique, Baptista-Lundin (2003, 2011),

aponta para o período da economia centralmente planificada. Por seu turno, Mosca (2011)

Page 42: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

41

situa o fenómeno nos anos 1980, associando-o à crise de escassez que na época atravessava a

economia moçambicana motivada pela quebra da produção.

Após a proclamação da independência em 1975, o governo adoptou um modelo socialista de

desenvolvimento económico centralizado e uma política de colectivismo rural. A guerra civil

iniciada em 1976 a 1992, que durou 16 anos trouxe ao País muitos problemas económicos nos

anos 80. Em resposta, o Governo de Moçambique introduziu, em 1987, o PRE, financiado

pelo Fundo Monetário Internacional e pelo Banco Mundial, o que inverteu o declínio do

Produto Interno Bruto (PIB) no final dos anos 80 para um crescimento positivo e alto, nos

anos 1990. Apesar deste crescimento do PIB, no final da guerra civil em 1992, Moçambique

continuou sendo um dos países mais pobres do mundo, com cerca de 54,7% da sua população

vivendo abaixo da linha de pobreza (PNUD, 2009).

Alguns autores como Chichava (1998) e Francisco & Margarida (2006), afirmam que as

actividades informais registaram um grande crescimento, a partir dos anos 80, com a

introdução das reformas de reabilitação económica.

De acordo com Chichava (1998), em Moçambique, o impulso ao desenvolvimento de

actividades informais dá-se em 1987 com a implementação e impacto do PRE. Tal como em

qualquer país com um programa de reformas económicas financiadas pelas instituições de

Bretton Woods, Moçambique ressentiu-se do impacto de tais medidas, sobretudo nas camadas

mais pobres, afectando os seus rendimentos, através da mudança nos seus salários, quer

através da alteração nos preços e também na diminuição do seu poder de compra. Estas

medidas também mudaram o nível e o grau de consumo, via redução das despesas públicas,

afectando particularmente o sector social. Ainda de acordo com o mesmo autor, em

Moçambique, as primeiras medidas de depreciação do metical (moeda nacional) em 1987,

provocaram o aumento de preços em 200%, e os salários nominais apenas cresciam em 70%.

O PRE trouxe profundas alterações na vida socioeconómica da população moçambicana pois,

os efeitos deste programa resultam na privatização de empresas, encerramento de outras e o

consequente despedimento massivo de trabalhadores. Este factor conduziu ao encarecimento

do custo de vida e fez com que muita gente passasse a enfrentar grandes dificuldades para a

subsistência das suas famílias e, por via disso a situação da pobreza agudizou-se. Esta

realidade incentivou as pessoas a optarem principalmente pelo comércio informal que

Page 43: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

42

consistia na aquisição de mercadorias nos países vizinhos a preços acessíveis e revende-los

nas principais cidades do País em mercados chamados de dumba-nengues.

A introdução do PRE, em 1987, permitiu que a economia informal saísse da clandestinidade e

do subterrâneo a que estava remetida, essencialmente por imposição legal e determinação

política do Estado. Porém, o que o PRE fez, foi converter parte da economia nacional

reprimida em economia informal consentida, pois, antes dessa evolução, não se distinguia

mercado negro (ilícito, criminoso e delituoso) de economia informal consentida. Tudo era

designado “candonga” (economia paralela) (FRANCISCO & MARGARIDA, 2006: 34).

Ainda de acordo com Francisco & Margarida (2006), a partir da década de 80, imediatamente

após a decisão do Governo de liberalizar os preços de alguns produtos (hortícolas, frutas e

vegetais) em 1985, as bancas dos mercados oficiais, até então totalmente abandonadas e

vazias, passaram a ficar repletas de produtos. Os mesmos produtos, até então, eram vendidos

em circuitos clandestinos, por se exigir que os preços a serem praticados fossem os

administrativos, fixados pela burocracia governante.

Em meados dos anos 1990 o governo incentivou os operadores informais a organizarem-se

em associações mas apesar disso, a sua abordagem no tratamento dos vendedores de rua e

outros agentes económicos do informal continuou a ser de índole persecutória, sobretudo por

parte das autoridades municipais. As acções dos agentes governamentais para além de

politicamente incongruentes ocorrem de forma sectorialmente desconcertada, o que, em nosso

entender, limita a possibilidade de Moçambique poder vir a beneficiar dos aspectos benéficos

da economia informal, (CHIVANGUE, 2012: 11).

Com o capítulo conclui-se que a não existência de uma definição única e nem de consenso,

para a designação do sector informal e o problema não tem a ver só com o significado da

expressão sector informal, mas até certo ponto pode se afirmar que o sector informal define-se

como “um variado leque de actividades orientadas para o mercado e realizadas com uma

lógica de sobrevivência pelas populações que habitam os centros urbanos dos países em

desenvolvimento”.

A incapacidade do Estado em responder aos desafios fundamentais da população nos

domínios do emprego, da saúde, e da educação, está na origem e expansão do comércio

informal. Portanto, a existência da Economia Informal reflecte um desajustamento entre os

Page 44: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

43

interesses colectivos da sociedade, tal como entendidos pelo Estado, e os incentivos

individuais. O comércio informal resulta também de impostos elevados e péssimo bem-estar

social.

As actividades informais registaram um grande crescimento, a partir dos anos 80, com a

introdução das reformas de reabilitação económica em Moçambique, o impulso ao

desenvolvimento de actividades informais dá-se em 1987 com a implementação e impacto do

PRE sobre as camadas mais pobres, afectando os seus status.

Por último observou que a introdução do PRE, em 1987, permitiu que a economia informal

saísse da clandestinidade e do subterrâneo a que estava remetida, essencialmente por

imposição legal e determinação política do Estado. Porém, o que o PRE fez, foi converter

parte da economia nacional reprimida em economia informal consentida, pois, antes dessa

evolução, não se distinguia mercado negro (ilícito, criminoso e delituoso) de economia

informal consentida. Tudo era designado “candonga” (economia paralela).

Page 45: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

44

CAPÍTULO III: PAPEL DO COMÉRCIO INFORMAL NO RENDIMENTO

FAMILIAR NA CIDADE DE MAXIXE

O presente capítulo procura descrever os factores que contribuem para uma rápida

proliferação dos vendedores informais na Cidade de Maxixe, descrevendo também as

motivações que os levam a praticar a actividade informal, como forma de autosustento. O

capítulo faz ainda uma descrição dos níveis de rendimento obtidos pela prática do comércio

informal, como forma de inferir a contribuição geral traduzida pelo comércio informal, sobre

as famílias praticantes na Cidade de Maxixe.

3.1. Factores que impulsionam o maior desenvolvimento do comércio informal na

Cidade da Maxixe

De acordo com os dados colhidos no campo, maior parte dos vendedores ambulantes sediados

na cidade da Maxixe, tem o comércio informal como a principal/única actividade lucrativa.

No entanto, muitos divergem em opiniões no que diz respeito aos factores que os levaram a

optar pelo comércio informal. Nunes Macuácua por exemplo declarou que a pobreza

contribuiu para a sua decisão de desenvolver o comércio informal. Pois, perante esta questão,

o entrevistado se expressa da seguinte forma:

“Eu vi que as coisas estavam a se tornar cada vez mais difíceis. Eu trabalhava como servente numa obra e construção civil e o rendimento nunca chegava a satisfazer as minhas necessidades como pai de família, pois não conseguia trazer comida para os meus filhos todos os dias”2

Este discurso leva a uma percepção de que a opção pelo comércio informal na cidade da

Maxixe, é visto primeiramente como uma das formas mais evidentes para a obtenção de

condições mínimas para o sustento familiar, mesmo para aqueles que já exerciam alguma

actividade lucrativa.

Alberto Jaime, um dos entrevistados (vendedor ambulante), foi impulsionado pelo desejo de

aumentar a sua renda e construir uma banca própria.

“Abandonei a minha profissão de Latoeiro para ser um vendedor ambulante devido à morosidade de compra e requisição dos utensílios que fabrico, o que entrava em contrastes com a responsabilidade que tenho de sustentar a minha família, por isso preferi acumular dinheiro e ir à cidade de Maputo guevar3 roupa de crianças e vender na cidade”4

2 Entrevista com Nunes Alberto (Mercado central), 24 de Junho, 2015.3 Expressão usada em língua local para significar o acto de adquirir uma mercadoria, para posterior revenda.4 Entrevista realizada no dia 20 de Junho de 2015, na cidade da Maxixe (Praça dos autocarros inter-distritais de Maxixe-Inharrime)

Page 46: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

45

Estas constatações demonstram que para aqueles que já exerciam alguma actividade

lucrativa, a decisão de envolverem-se no comércio informal, concretamente como

vendedor ambulante foi motivada principalmente pela busca de melhores condições de

vida, pois os dados obtidos indicam que cerca de 30% dos entrevistados foram

motivados pela necessidade de melhoramento das condições de vida.

Fig. 3: Mercadoria dum dos vendedores ambulantes interpelados pelo pesquisador.

Fonte: Autor 2015.

O nível de educação da força de trabalho envolvida no comércio informal em todas as regiões

do País é variada, mas nota-se uma elevada percentagem de indivíduos com nível primário em

todas as regiões.

No entanto, uma das três mulheres entrevistadas, declararam que envolveram se no comércio

informal devido a falta de um nível de escolaridade que lhes possibilitassem ingressar no

mercado de trabalho formal. Albertina Justino, uma das entrevistadas declara que a falta de

escolaridade foi o motivo fundamental para a sua inserção no comércio informal como

vendedor ambulante, tal como indica o trecho a seguir: “Tornei me numa vendedora

ambulante a conta própria porque os meus pais não tinham condições para me manter na

escola”.5

5 Entrevista realizada no dia 27 de Agosto de 2015, na cidade da Maxixe (Praça dos autocarros inter-provinciais).

Page 47: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

46

Tabela Nº 01. Discriminação dos vendedores informais de acordo com o nível de escolaridade

Nome Nível de escolaridade Ocupação actual

Albertina Justino 7ª Classe Vendedora (conta própria)

Amélia Alfredo Rudimentar Vendedora (conta própria)

Maurício Anuário 5ª Classe Vendedor (conta própria)

Atanásio Rodrigues 9ª Classe Vendedor (conta própria)

Nunes Macuácua 7ª Classe Vendedor (conta própria)

Rita Alberto 5ª Classe Vendedora (conta própria)

Gonçalves Alberto 7ª Classe Vendedor (conta própria)

Fonte: o autor com base nos dados da entrevista.

O quadro procura demonstrar a influência exercida pelo nível de escolaridade no ingresso de

jovens no comércio informal na cidade da Maxixe. Onde constata-se que o universo dos

vendedores ambulantes é constituído maioritariamente por indivíduos cuja progressão

académica é restrita ou muito baixa. E é provável que o maior peso dos jovens com nível de

escolaridade primária no comércio informal esteja relacionado com as dificuldades que estes

encontram para o acesso aos outros níveis de escolarização.

Amélia Alfredo, declarou que desenvolve o comércio informal como vendedora ambulante

porque, os mercados da cidade da Maxixe estão lotados e não tem espaço para construção de

mais bancas. Eis a sua argumentação:

“Trabalho a conta própria e como vendedor ambulante desde 2001, porque não tinha dinheiro para arrendar uma banca e posteriormente depois de ter dinheiro para alugar uma banca os lucros não eram visíveis. Decidi em construir a minha própria banca, mas nunca encontrei um lugar onde pudesse erguer a minha banca nos mercados (central e dumbanegues) ”.6

Cerca de 9% dos vendedores ambulantes entrevistados, declaram que envolveram-se no

comércio informal como vendedores ambulantes como mecanismo de fugir aos pagamentos

mensais que exigidos pela posse de uma banca. E como alternativa de fugir desses

pagamentos. Tal como ilustra o depoimento prestado por Maurício Anuário:7

“Decidi tornar me num vendedor ambulante, para evitar o pagamento de aluguer da banca, dos valores cobrados pelo município mensalmente, visto que vendendo na rua posso fugir até do pagamento da licença diária, que cobram aos vendedores ambulantes e consigo alcançar um maior numero de clientes em pouco tempo”.

6 Vendedora ambulante, numa entrevista realizada no dia 21 de Junho de 2015 na praça dos autocarros inter-provinciais.7 Vendedor ambulante entrevistado no dia 24 de Junho, no âmbito da realização do trabalho de campo.

Page 48: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

47

Certos comerciantes do sector informal, usam a rua para fugir ao pagamento do imposto, para

irem ao encontro de uma clientela que não tem tempo ou não gosta de entrar nas casas de

comércio ou, ainda para escoar os produtos não vendidos ou invendíveis por diferentes

motivos.

Durante as entrevistas, constatou-se que cerca de 15% dos vendedores ambulantes envolvem

se neste sector por influencia das redes familiares. Estas constatações podem ser notórias nos

depoimentos prestados por Atanásio Rodrigues8:

“Tornei me num vendedor ambulante devido à influência do meu irmão mais velho, alegando que vendendo a conta própria tinha mais chances de progredir na vida que trabalhando numa banca para o meu patrão”.

Analisando estes depoimentos, conclui-se que a influência das redes familiares contribui

directa ou indirectamente para o ingresso de jovens no trabalho informal na cidade da Maxixe.

Tabela Nº 02. Distribuição geral dos Vendedores ambulantes com base nos motivos do ingresso no

Comércio informal

Motivos de ingresso Vendedores ambulantes (%)

Fraco rendimento 30%

Fraco nível de escolaridade 13%

Falta de condições para arrendar uma banca 9%

Fuga aos polícias camarárias e aos impostos 9%

Redes familiares 15%

Falta de terra para a prática de agricultura 8%

Falta de Emprego 16%

TOTAL 100%

Fonte: o autor com base na entrevista aos vendedores ambulantes (Julho, 2015)

Cerca de 8% dos vendedores ambulantes entrevistados declaram que a falta de condições de

vida no campo, devido aos problemas de acesso à terra para a sobrevivência da população e

uma estrutura agrária não dotada de tecnologia capaz de garantir a fixação populacional

contribui para a migração massiva da população para a cidade e consequente envolvimento no

comércio informal.

A incidência do desemprego na cidade da Maxixe, também contribui para a inserção dos

jovens no mercado do trabalho informal, tal como ilustram os dados descritos pela tabela-2.

8 Vendedor ambulante entrevistado no âmbito da realização do trabalho de campo no dia 27 de Agosto de 2015.

Page 49: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

48

3.2. Características socioeconómicas dos produtos comercializados pelos vendedores

ambulantes na Cidade da Maxixe

De acordo com os dados recolhidos no âmbito da realização do trabalho de campo, constatou-

se que os 30vendedores ambulantes entrevistados ocupam-se na venda de produtos a retalho.

Estes factos são explicados pela concorrência e procura destes produtos. Amâncio Francisco9,

declara que:

“A venda dos produtos a retalho, justifica-se pelo nível e tipo de procura dos bens por parte dos clientes. Visto que na sua maioria, os clientes procuram produtos do uso diário como alimentos, calçado, vestuário, brinquedos para crianças e mais”.

Fig. 4: Mercadoria de alguns dos vendedores ambulantes interpelados pelo pesquisador.

Fonte: Autor 2015.

Augusto Mazive10, declara que:

“Vendo produtos a retalho e não perecíveis, devido ao local onde desenvolvo o meu negocio, às condições de conservação e armazenamento e a exposição dos produtos ao ar livre, podendo ser infectados por vários problemas, desde as poeiras até as bactérias”.

9 Entrevista realizada no dia 05 de Julho de 2015.10 Entrevista realizada no dia 05 de Julho de 2015.

Page 50: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

49

3.3. Fonte de capital para o início das actividades no comércio informal

Dados obtidos no trabalho de campo demonstram que vários vendedores ambulantes

recorreram à poupanças próprias, bem como aos empréstimos financeiros a certos membros

da família para dar inicio à sua actividade comercial. Estes factos são sustentados por Nunes

Macuácua11, ao destacar que:

“Eu iniciei o meu negócio, através do dinheiro que ia acumulando como servente numa obra de construção, quando dei conta que esta actividade não provinha dinheiro suficiente para as minhas necessidades como chefe de família”.

Albino Manuel12, afirma que:

“Quando cheguei a cidade da Maxixe em 2001, não tinha dinheiro suficiente para dar inicio a um negócio. Mas como tinha objectivo de vender algo para ganhar a vida, recorri ao meu Tio, para emprestar me um valor que me possibilitasse dar inicio do meu negócio”.

Mas a que referenciar que estes empréstimos não são feitos às instituições bancárias ou

financeiras licenciadas para o efeito, mas sim são efectuados recorrendo outras fontes, como

por exemplo amigos, familiares ou xitique13.

Cerca de 30% dos entrevistados declararam que estes tipos de empréstimos são mais rentáveis

para eles porque, os nossos familiares não nos cobram nenhum juro na hora de reembolso do

valor emprestado, pois eles emprestam dinheiro como forma de ajudar o parente a sair da

dependência financeira face aos progenitores.

Portanto, para os indivíduos efectivarem o seu negócio não recorrem a dinheiro emprestado

em instituições bancárias. Mas, recorrem a outras fontes não convencionais, com o objectivo

de entreajuda. As razões para esta situação que envolve o pedido de empréstimo de forma

informal a que os comerciantes estão sujeitos não estão claras, pois, ainda não foram

estudadas, mas é possível que estejam relacionadas com o facto de nas instituições bancárias

exigir-se vários procedimentos administrativos para a concessão de empréstimo, como é o

caso de declaração de salários (para trabalhadores no mercado formal), hipoteca de bens,

comprovativo do registo do negócio (alvará), prova de registo fiscal - Número Único de

Identificação Tributária (NUIT) que identifica o indivíduo e confirma que este paga impostos

sobre os seus rendimentos. (MAPOSSE, 2011: 61)

11 Entrevista com Nunes Alberto (Mercado central), 24 de Junho, 2015.12 Entrevista realizada no dia 24 de Junho de 2015, no âmbito da realização do trabalho de campo.13 Palavra Tsonga que significa poupança

Page 51: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

50

Também, sendo o comércio informal umaactividade de risco, osbancos têm exigido garantias

de retorno do capital a emprestar. Por outro lado, parece que os comerciantes informais não

são qualificados, isto é, não satisfazem os requisitos exigidos para os bancos concederem o

empréstimo. É provável que sejam estas exigências bancárias que inibem os indivíduos de

solicitar o empréstimo ao banco ou em instituições financeiras de crédito. (Idem)

3.4. Papel do comércio informal no rendimento familiar na Cidade da Maxixe

Os resultados das entrevistas realizadas, mostram uma profunda heterogeneidade da amostra,

denotando-se uma distinção acentuada de opiniões no que respeita as percepções dos

inquiridos sobre o rendimento familiar e a redução da vulnerabilidade das famílias praticantes.

Não obstante, o rendimento desempenha um papel fundamental tanto para os que sentem estar

a reduzir a pobreza quanto para os que vislumbram alguma forma de enriquecimento.

De forma geral, a impossibilidade destes operadores encontrarem emprego no sector formal

está positivamente correlacionada com a percepção do comércio ambulante como um escape

à miséria, confirmando-se parcialmente a nossa intuição sobre a capacidade dessa actividade

em provir um rendimento familiar que lhes faculte a manutenção e sustentação das suas

famílias, como explicações para a opção dos agentes pelo informal. Contudo, essa falta de

emprego no sector formal revela-se insignificante para os operadores que percepcionam estar

a enriquecer, o que sugere que este grupo se tenha engajado conscientemente nesta actividade

como opção clara de negócio assumido de forma permanente.

Por outro lado, os resultados da entrevista revelam uma correlação fortemente positiva e

significativa para o caso dos que praticam o comércio ambulante como forma de aumentar a

renda e a percepção de redução de pobreza. Apesar disso, a mesma variável apresenta valores

insignificantes no que concerne à percepção de riqueza.

O comércio informal por sua natureza na Cidade da Maxixe é desenvolvido nas ruas, passeios

e principais praças de autocarros. No entanto através das entrevistas realizadas no campo,

constatou-se que 100% do universo da amostragem afirmam que o comércio ambulante

contribui de certa forma para o alívio da pobreza de vários indivíduos, principalmente os que

exercem a conta própria, tal como ilustram os depoimentos os subtítulos a seguir.

Page 52: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

51

3.4.1. Receita diária e mensal do comércio ambulante

No âmbito da realização do trabalho de campo, cada entrevistado foi interrogado sobre o

montante das suas vendas diárias. No entanto cerca de 60% declararam que as receitas diárias em

geral são baixas, chegando a variar de 100 a 150mt, cerca de 25% dos vendedores atinge cerca de

200 a 500mt por dia e por fim cerca de 5% dos vendedores atingem acima de 500mt por dia.

Estes depoimentos demonstram a existência de uma diferenciação exaustiva de mercadorias. Onde

constatou-se que as receitas mais elevadas são em média para os vendedores que para além de

associarem diversas mercadorias, vendem artigos de um valor absoluto relativamente elevado

(vestuário, recargas telefónicas, etc.) e os que apresentam uma receita mais reduzida

comercializam produtos de pequeno valor (bolachas, doces, brinquedos, e outros

electrodomésticos de pequeno valor). Esses constatações podem ser sustentadas por Atanásio

Rodrigues, ao afirmar que:

Na minha actividade uso um meio de transporte (carro) para comercializar os produtos e desde muito me dediquei a venda de vestuário feminino (calças, blusas, sandálias, chinelos, etc.). Uma vez que na Cidade de Maxixe sempre recebemos clientes oriundos de outros distritos, a minha receita diária tem excedido os 500mt por dia, apresentando uma subida considerável nas quintas-feiras, uma vez que nestes dias muitas pessoas aparecem a cidade para fazer compras uma vez que habitualmente os fardos de roupa são abertos nesses dias.

No geral, os vendedores ambulantes sediados na Cidade de Maxixe, apresentam uma

evolução notável no que diz respeito á diversificação dos produtos, o que lhes permite obter

uma renda diária que possa assegurar um rendimento familiar mais elevado, se comparado

com outros vendedores que não investem na diversificação dos produtos segundo as

exigências próprias do mercado.

A avaliar pela renda diária, pode se inferir que o comércio informal na Cidade de Maxixe

funciona como principal fonte de rendimento dos seus praticantes, onde o seu rendimento

mensal chega em certos modos a superar a outras pessoas que estão empregues no sector

formal, auferindo o salário mínimo nacional, pois o rendimento mínimo mensal e igual ou

superior a 3000 mt, o que significa que o comércio informal além de ser instável proporciona

rendimentos não muito baixos para a maioria dos seus praticantes.

Por outro lado, o comércio informal na Cidade da Maxixe para além de concentrar elevado

número de população economicamente activa, pode se afirmar que as pessoas empregadas

nesta actividade comercial obtêm um rendimento á volta do salário mínimo nacional, o que

Page 53: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

52

em certos casos chega a ser insuficiente para um tamanho do agregado familiar, em média de

4 a 6 pessoas, daí a necessidade de vários elementos do agregado familiar (marido e mulher,

bem como certos filhos) participarem também na venda de outros artigos.

Nota-se então, um grupo de pessoas que tem rendimentos acima do salário mínimo nacional,

até cerca de 7 a 8 mil meticais por mês. Mas para os rendimentos superiores a três mil

meticais, os vendedores ambulantes estão em menor numero que os outros e isto permite

afirmar que existe um grupo que trabalha no comércio informal para sobreviver e um outro

que trabalha porque e a melhor opção em termos de rendimento familiar.

Este rendimento mensal fixado no intervalo dos 3 mil meticais a 8 mil meticais do

rendimento médio mensal obtido por cada vendedor ambulante ou agregado familiar, ajuda-

nos a explicar a importância desta actividade para a sobrevivência destes agregados

familiares.

3.4.2. Melhoramento das condições socioeconómicas das famílias dos vendedores na

Cidade de Maxixe

Tal como postulou-se nos parágrafos anteriores, o recurso ao comércio ou outro tipo de

actividade informal, é uma resposta á degradação do nível de vida e a queda do poder de

compra da grande maioria da população. A prova disso é a maior participação do extracto

social com baixo rendimento e nível de escolarização, portanto, de acordo com os dados

colhidos no campo, os praticantes desta actividade possuem determinadas características

socioeconómicas.

Neste caso, para obter as características socioeconómicas foram feitas sobre o tipo de

construção da casa, sobre a posse de alguns bens materiais que pudessem revelar o seu nível

de casa, o tipo de combustível usado na confecção de alimentos, para iluminação e a fonte de

abastecimento de água usada pela família. Assim, constatou-se que mais que a metade dos

vendedores, correspondente a 75% vivem em casas de construção precária (caniço e macute)

e outros 20% vivem em casas feitas na base de material misto (caniço e chapas de zinco), e

cerca de 5% contem infra-estruturas convencionais, tal como pode-se notar abaixo:

Page 54: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

53

Arminda António14, afirma que não é fácil quantificar os lucros, mas refere que consegue

sustentar a sua família. Admite ainda que para além de sustentar a família, esta actividade

possibilita lhe adquirir um status social mais ou menos elevado entre os restantes membros da

sua comunidade. Estas constatações da entrevistada, podem ser ilustradas pelo tipo de

residência que encontra-se a erguer, graças aos rendimentos provenientes da actividade

comercial, tal como ilustra a figura abaixo:

Fig. 5. Construção de uma residência melhorada

Fonte: O autor, 2015.

Através da imagem acima ilustrada, pode constatar se que os rendimentos obtidos na actividade

comercial são suficientes para elevar o status do comerciante na sociedade, através da

construçao de infraestruturas convencionais.

A imagem a seguir, demonstra ainda uma diversificaçao dos tipos de infraestruturas na Cidade

de Maxixe, graças aos rendimentos obtidos na actividade comercial.

Fig. 6. Casa de um comerciante ambulante

Fonte: O autor, 2015.

14 Entrevistada no dia 27 de Julho de 2015, na localidade de Inhamússua.

Page 55: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

54

A que saliêntar ainda no nível social, que os comerciantes contribuem não só na reestruturação

do aspecto social da Cidade de Maxixe, através da construção de diversos tipos de residencia,

mas como também contribuem para a existência de quadros qualificados, através da inscrição

dos seus filhos aos sistemas de ensino superiores, bem como os técnico-profissionais, tanto ao

nível local.

Do universo de pesquisa, cerca de 45% tem a energia eléctrica em casa, 100% tem rádio, 30%

tem televisão, 100% possuem telemóvel próprio. Quanto a fonte de água, todos tem acesso a

água potável através da canalização em casa (25%), canalizada no vizinho (45%) e em

fontenárias públicas (30%), totalizando 100% do aceso a água potável. Quanto ao meio de

transporte, 15% do total dos entrevistados declaram possuir de um meio de transporte, onde

deste universo 3% possuem carro e os restantes 10% possuem bicicleta e motorizadas.

Através do presente capítulo, concluiu-se que devido à impossibilidade de vários seguimentos

populacionais da Cidade de Maxixe encontrarem emprego no sector formal, estes engrenam-

se ao comércio informal, como um escape à miséria, confirmando-se parcialmente a nossa

intuição sobre a capacidade dessa actividade em provir um rendimento familiar que lhes

faculte a manutenção e sustentação das suas famílias, como explicações para a opção dos

agentes pelo informal. Contudo, essa falta de emprego no sector formal revela-se

insignificante para os operadores que percepcionam estar a enriquecer, o que sugere que este

grupo se tenha engajado conscientemente nesta actividade como opção clara de negócio

assumido de forma permanente.

A venda na rua constitui uma das formas mais recorridas por vários indivíduos. Esta

actividade comercial é praticada por um grosso número de vendedores informais na Cidade da

Maxixe, dada a maior afluência da população compradora a esses lugares.

Concluiu-se ainda que existe uma correlação fortemente positiva e significativa para o caso

dos que praticam o comércio ambulante como forma de aumentar a renda e a percepção de

redução de pobreza. Apesar disso, a mesma variável apresenta valores insignificantes no que

concerne à percepção de riqueza, o que pode nos levar a concluir que grande parte dos

indivíduos inseridos no comércio informal, praticam-na por finalidades de obter um

rendimento que propicie o autosustento e das suas próprias famílias.

Page 56: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

55

4. Conclusão

Após a realização do presente trabalho de pesquisa, constatou-se que a opção pelo comércio

informal na Cidade da Maxixe, é visto primeiramente como uma das formas mais evidentes

para a obtenção de condições mínimas para o sustento familiar, para a secção populacional

que não está empregue no sector formal, para além de abarcar também aqueles que já

exerciam alguma actividade lucrativa.

Observou-se ainda que na Cidade de Maxixe, o nível de educação da força de trabalho

envolvida no comércio informal é variada, mas nota-se uma elevada percentagem de

indivíduos com nível primário, podendo destacarem-se mais as mulheres devido à falta de

acesso à educação e à capacitação, dificultando a sua participação no mercado de trabalho

formal. Como consequência, excluídas do emprego assalariado, as mulheres tem recorrido em

grande medida ao trabalho do sector informal.

Entre os factores que impulsionam o maior ingresso de indivíduos no comércio informal,

constatou-se que a falta de condições de vida no campo, devido aos problemas de acesso à

terra para a sobrevivência da população e uma estrutura agrária não dotada de tecnologia

capaz de garantir a fixação populacional contribui para a migração massiva da população para

a Cidade e consequente envolvimento no comércio informal, por ser uma actividade que não

exige muitos requisitos para o seu inicio.

Quanto às características dos produtos mais comercializados pelos vendedores inseridos no

comércio informal, observou-se uma maior incidência dos produtos a retalho, devido a

concorrência e maior procura dos mesmos. Quanto ao papel exercido pelo comércio informal,

no rendimento familiar na Cidade de Maxixe observou-se que este, funciona como principal

fonte de rendimento dos seus praticantes, onde o seu rendimento mensal chega em certos

modos a o salário mínimo nacional.

A principal conclusão do trabalho permite a confirmação da hipótese, pois a maioria das

famílias praticantes do comércio informal na Cidade da Maxixe, conseguem obter um

rendimento familiar suficiente para alocar uma refeição básica por dia e um valor que lhes

possibilita manter os seus filhos na escola, e uma assistência médica básica, para além de

outros serviços básicos necessários à sobrevivência das suas famílias.

Page 57: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

56

5. Sugestões

Tendo em conta, as constatações da pesquisa, sugere-se o seguinte:

Os comerciantes ambulantes deviam aderir ao sistema de segurança social, como

forma de canalizar o seu contributo para o momento da aposentadoria ou invalidez;

Os comerciantes ambulantes devem entrar em contacto com as autoridades locais

como forma de legalizarem a seu status de comerciante e ou requererem a construção

de mais mercados equipados de bancas, onde podem desenvolver normalmente as suas

actividades comerciais sem perigar a imagem da Cidade;

Os comerciantes devem procurar diversificar os produtos comercializados e apostarem

também na elevação do seu status social através do ingresso ao sistema nacional de

ensino, como forma de munirem-se da ciência e educação formal.

Page 58: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

57

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Page 61: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

Apêndices

Page 62: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

Entrevista

Esta entrevista é dirigida aos comerciantes de ambos sexos, sediados na cidade da Maxixe,

com objectivo de obter dados que possibilitem a efectivação da análise e interpretação de

dados acerca do contributo do comércio informal na melhoria das condições de vida dos seus

praticantes na Cidade da Maxixe.

1. Quantos anos têm?

Com esta pergunta, pretende-se situar o entrevistado no grupo da população

economicamente activa.

2. Qual é o seu nível de escolaridade?

Esta pergunta procura analisar o nível de escolaridade e a possível ligação com o despertar

da iniciativa de tornar-se num vendedor ambulante.

3. Qual foi a sua primeira profissão?

Com esta pergunta pretende se colher sensibilidades inerentes ao grau de remuneração da

sua profissão anterior.

4. O que te fez abandonar a sua primeira profissão?

Esta questão procura relacionar a prática da profissão antiga com o despertar da

consciência de vendedor.

5. O que te motivou a desenvolver o comércio informal na Cidade da Maxixe?

Esta pergunta procura saber as causas que levaram com que desenvolvesse esta actividade

na Cidade da Maxixe.

6. Em que ano começou a vender?

Aqui pretende-se saber o ano em que iniciou a actividade comercial na Cidade da Maxixe.

7. Onde adquiriu o dinheiro para iniciar o negocio?

Page 63: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

O objectivo desta pergunta é demonstrar a fonte de aquisição do valor para o inicio da

actividade, como forma de demonstrar o provável grau de rentabilidade desta actividade,

que destina-se essencialmente a subsistência familiar.

8. Porque vende na rua e não numa banca fixa?

Esta questão objectiva colher as sensibilidades dos vendedores em relação ao local da

prática desta actividade.

9. Quanto consegue ganhar por dia e por mês?

Esta pergunta por ser muito delicada procurará analisar o comportamento facial do

entrevistado, no entanto o objectivo desta questão é apurar o nível de rentabilidade desta

actividade para os seus praticantes.

10. Que tipo de produtos vende?

O objectivo desta pergunta é conhecer o tipo de produtos que comercializa em relação ao

tipo da actividade comercial (ambulante)

11. O que faz com os lucros desta actividade?

O objectivo desta pergunta é avaliar o impacto dos lucros na melhoria das condições de

vida familiar.

12. De que é construída a casa onde vive?

O objectivo desta pergunta é avaliar o tipo de material de construção e o rendimento

conseguido por mês.

13. De que é constituído o chão da sua casa?

Analisar o tipo de material usado no chão da casa principal.

14. Qual é a fonte de energia usada para a confeição de alimentos?

O objectivo desta pergunta é avaliar o tipo de energia usada para a confeição de alimentos

em casa.

Page 64: Negocio Informal na Cidade da Maxixe

15. Tem energia eléctrica?A casa possui água canalizada?

O objectivo desta pergunta é descrever o grau de aplicabilidade dos rendimentos obtidos

através do comércio ambulante.

16. Quem faz os trabalhos domésticos em casa?

Esta pergunta objectiva conhecer o grau do envolvimento da mulher praticante do

comércio ambulante na realização de tarefas domésticas.

17. O que faz com a renda diária e mensal alcançada na sua actividade comercial?

Esta pergunta objectiva analisar o papel do comércio informal na melhoria das condições

familiares dos comerciantes inseridos nessa Pesquisa.

18. Que análise faz dos bens materiais adquiridos no período antes de se tornar num

comerciante e o período após se tornar num comerciante?

Esta pergunta objectiva verificar o nível de rentabilidade do comércio informal na vida

dos comerciantes.