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ÍNDICE

Mensagem do Mestre da Heptada Martinista São Paulo.........................03

Mensagem da Mestre da Heptada Martinista São Paulo II......................04

Instruções aos Homens de Desejo............................................................05

Reflexões de um Estudante R+C em Busca do Autodomínio da Vida.......06

A Filosofia de Louis-Claude de Saint-Martin.............................................08

O Amor nos Tempos do Cólera.................................................................12

Informes Gerais........................................................................................14

Área do Afiliado – GLP..............................................................................15

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MENSAGEM DO MESTRE DA

HEPTADA MARTINISTA SÃO PAULO

Quem ousará falar da verdade aos homens, se não sentir que o seu coração está vivamente tocado por ela? Quem ousará exercer uma profissão se Deus para isso não lhe dá compreensão e não lhe ensina todos os segredos?

Deixai, pois, agir a mão de Deus sobre vós; não intercepteis a seiva: naturalmente vos tornareis árvores grandes e férteis e produzireis todas as espécies de frutos.

O Homem de Desejo, Louis-Claude de Saint Martin

Caríssimos Irmãos e Irmãs,

Saudações diante das Luminárias Martinistas!

A Senda Cardíaca é regeneradora e, após as etapas de arrependimento e purificação possibilita que o Novo Homem possa habitar em nós. Como disse o Apóstolo Paulo, “Não sou eu que vivo, mas é o Cristo que vive em mim.”.

O Filósofo Desconhecido exorta a uma atitude semelhante, com um pensamento mais amplo e completo, pois segue indicando que as obras resultantes virão da comunhão entre o Homem e Deus e, portanto, serão bons frutos.

Sob uma perspectiva material, obviamente pode-se pensar na prosperidade material, uma vez que a natureza, mesmo sujeita ao processo de nascimento e morte, é essencialmente pródiga. Sob uma perspectiva mental, permite-nos a solução de problemas e enigmas de todos os tipos, restritas à sua própria percepção.

Mas os melhores frutos são aqueles alcançados através da entrega emocional, que se encontra além da fé e da confiança, uma vez que não é possível descrevê-la por meio da linguagem. É a partir deste ponto que os mistérios se desvendam aos olhos do Iniciado que persiste no silêncio de seu Manto e na impessoalidade de sua Máscara.

Nosso Venerado Mestre prezava a liberdade. Um olhar atento, entretanto, nota que ele sempre esteve associado à Hierarquia da Luz, sendo dela um representante legítimo. O quaternário de Saint-Martin nos torna servidores silenciosos da humanidade, obreiros da Hierarquia da Luz.

Deixai, pois, a mão de Deus agir sobre vós...

Tenho certeza que milagres ocorrerão em suas vidas.

Que a Eterna Luz da Sabedoria Divina nos ilumine sempre!

Henrique G. Wiederspahn Mestre da Heptada Martinista São Paulo – TOM

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MENSAGEM DA MESTRE DA

HEPTADA MARTINISTA SÃO PAULO II

Meus Queridos Irmãos e Irmãs,

A nossa jornada mística de elevação espiritual, rumo à reintegração com o Divino, encontra neste período um momento propício para meditação.

Se o trabalho do místico se constitui no desenvolvimento de sua consciência para níveis espirituais mais elevados, é meta pessoal nos tornarmos seres melhores, conscientes do nosso papel como agentes transformadores da sociedade em que vivemos e de toda a humanidade. É a busca da reintegração com o Divino, presente em nós e em toda a Criação.

Pasqually nos fala que o primeiro passo rumo à reintegração está na nossa reconciliação com nosso Pai Celeste. Moisés a celebrou com a Páscoa e seguiu em peregrinação pelo deserto, processo de regeneração rumo à “Terra Prometida”. Mas se Moisés nos apresenta um caminho, em Ieschouah temos O Caminho. Ieschouah, o Divino Reparador, o Divino Reconciliador se apresenta para nos abrir os Portais rumo à Regeneração e a Reintegração.

É tempo de Páscoa, de renovação, de meditarmos sobre seu significado mais profundo na nossa jornada mística e espiritual, na nossa busca pela Iluminação Cósmica, trilhando a Senda Cardíaca, cultivando a chama Crística que habita o nosso coração, nos possibilitando, como Saint-Martin diz, deixarmos o velho homem e tornarmo-nos um Novo-Homem, um Homem-Deus.

Meditemos.

Que a Eterna Luz da Sabedoria Divina nos ilumine sempre!

Ir. Luciane dos Santos Machado Mestre da Heptada Martinista São Paulo II – TOM

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INSTRUÇÕES AOS HOMENS DE DESEJO

Louis-Claude de Saint-Martin em “Instruções aos Homens de Desejo”

“Antes de ir adiante, devo falar do princípio fundamental de toda emanação e de toda criação, que é o número. Os sábios de todos os tempos reconheceram que não poderia haver nenhum conhecimento seguro, seja da parte espiritual Divina, seja da parte universal geral terrestre, seja das particulares, sem a ciência dos números, uma vez que é por esses números que o Eterno fez todos os seus planos de emanação e de criação. O número, sendo co-eterno à Divindade, já que, por toda a eternidade, Deus é, o número, tem, pois, estado em toda a eternidade nele, visto que Deus tem seu número. Porque, se Deus havia podido criar o número, pareceria que ele havia podido criar a si mesmo, o que é impossível, porque nada subsiste sem o número. Ora, Deus sendo o Ser necessário, existindo por si mesmo, conteve, pois, toda a eternidade, todo número. Ele dotou todos os espíritos segundo sua infinita sabedoria e ação eterna. Nenhuma de suas obras saiu de suas mãos sem ser marcada com esse selo: tanto os espíritos emanados como a criação deste universo, tudo tem seu número. Ora, segue-se demonstrativamente que o conhecimento de todas as obras de Deus está oculto no conhecimento dos números. Aí está, pois, meus irmãos, onde devemos procurar admirar as obras do Eterno, não no sentido de nossa forma aparente passiva, mas no sentido de nosso entendimento espiritual Divino e eterno. Por toda a eternidade, Deus foi um, ou I . Essa unidade nos faz ver a Divindade, uma vez que ela é o princípio de toda a criação; e o círculo que o fecha, contendo em si a unidade, contém tudo o que dele precedeu. Os primeiros espíritos emanados tinham, pois, seu número, os superiores 10, os maiores 8, os inferiores 7 e os menores 4. Seu número, antes de sua prevaricação, era mais forte do que aqueles que damos vulgarmente aos querubins, serafins e arcanjos, que não haviam ainda sido emanados.”

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REFLEXÕES DE UM ESTUDANTE R+C EM BUSCA DO

AUTODOMÍNIO DA VIDA

Fábio Lopes Soares, F.R.C., S.I.:

A busca pelo almejado automínio da vida passa necessariamente por uma convivência em sociedade. Alguns talvez contradigam esse fato, pois temos exemplos de diversos homens e mulheres que ao longo da história se isolaram e conseguiram alcançar um grau de autodomínio capaz de enxergar suas ações e as consequências de seus atos de forma cristalina, inclusive aplicando leis naturais tidas por alguns como milagres. Contudo, esses seres não são a regra, mas a exceção.

Particularmente, a experiência obtida com a afiliação a AMORC determina antes de tudo uma missão de desapego. Na maioria das vezes, os membros de uma organização mística como a Ordem Rosacruz, ingressam em seus portais com uma ideia de amparo ou solução a intrincadas situações ocasionadas na dor ou na solidão de suas buscas pessoais.

Esse ingresso em uma escola iniciática costuma ocorrer em um momento da vida do buscador em que várias sincronicidades o levam aos portais da AMORC: sonhos, uma vontade grande de conhecer o desconhecido místico ou uma indicação surpresa de um amigo. Cada um apresenta uma história importante e verdadeira para sua busca. Contudo, não é raro esses buscadores também esperarem nos primeiros estudos uma ação miraculosa ou mágica na realização de experimentos e teurgias.

Ocorre nessa fase uma primeira grande lição para que o processo de aprendizado se valide: é na tomada de consciência da imperfeição humana que a perfeição se realiza.

Nesse ponto, o propósito de alcançar o autodomínio passa por um método de estudo capaz de inicialmente se auto conhecer, depois manter afastada a fascinação, destruidora da luz e causadora de diversos conflitos mentais e por último, a aplicação, humilde e sem méritos próprios, desse domínio que garante o "despertar" de outros buscadores.

Certamente, quando iniciamos nossa busca por respostas sobre questões tidas como misteriosas aos olhos de outras pessoas, uma segunda onda de provações se inicia: essas provações são fruto, invariavelmente de um desvio da proposta de estudo que segue um sistema e uma ordem. Quero dizer com isso que complicamos o que deveria ser simples, afastamos um conhecimento em

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decorrência de não o praticarmos e ainda, geramos ações egoístas sem nos preocupar com a ação que nossas ondas mentais geram nas coisas e nas pessoas.

Talvez seja nessa fase, que compreendemos a importância de "viver não pelas coisas, mas com as coisas e não pelas pessoas, mas com as pessoas".

Pelo fato de conseguirmos enxergar um pouco mais claro como as regras do invisível se aplicam no visível, também deveríamos ter claro nossa maior responsabilidade. Essa responsabilidade se dá pelo fato de que quanto mais sabemos, mais nossas ações geram consequências e podem alcançar pontos de detalhes importantes ao longo de nossa vida.

Nesse sentido, o mestre aparece quando conseguimos controlar e disciplinar nossa mente, maior produtora de energia e foco de nosso autoconhecimento. O desvio ou uso indevido das leis naturais acabam gerando uma confusão mental no estudante, capaz de prejudicar sua evolução nos estudos rosacruzes e por vezes, até mesmo afasta-lo dos portais de ordem.

Vivenciar cada fase, ser diligente nos aprendizados e disciplinado são requisitos de admissão a passagem pessoal para níveis de compreensão que somente são vistos, quando toda a teoria rosacruz pautada em uma ontologia própria, é executada. A máxima de que sem a força de vontade necessária e a prática da convivência na aplicação dos ensinamentos o fazem apenas um estudante de carteirinha nunca foi tão real.

Nessas reflexões, compreendo também que em algum momento de nossa senda, o Deus de nosso Coração oferece a cada buscador sincero um vislumbre do divino, ou para alguns, de sua face. O que significa dizer que em algum momento de nossa vida, passamos por uma experiência mística tão marcante e verdadeira, caracterizada como um verdadeiro presente. Essa experiência e o sentimento que ela gerou, nos acompanha durante toda a nossa jornada, nos impulsionado a estudar e tentar repeti-la. Pode ser desde um real desdobramento a uma vivência mística em nível de Sanctum Celestial, capaz de por alguns segundos, demonstrar a verdade de nossa interligação com outras dimensões e a realidade de níveis mentais evoluídos.

O fato é que, a ontologia da AMORC oferece um processo de estudo eficaz, que exige simplicidade, conhecimento e disciplina, vivendo a consciência da imperfeição em busca da perfeição e gerando uma corresponsabilidade permanente pelas ações coletivas e individuais. Essa busca e vontade atuante gera um estado de constante satisfação e felicidade, resultado de um equilíbrio das forças internas e externas, mas fruto da ação criativa e não de uma passividade destrutiva.

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A FILOSOFIA DE LOUIS-CLAUDE DE SAINT-MARTIN*

Quaestia

“Muitas vezes ouço falar-se no mundo em servir Deus; mas não ouço falar-se em servir a Deus, pois bem poucos sabem o que seja isso”. Esta frase de Louis-CIaude de Saint-Martin encerra toda a profundidade de sua filosofia, que brilha em seus escritos como uma homenagem a Deus. Ele fala de servir a Deus e não de servir Deus. Essa distinção é muito importante, pois subentende que deveríamos estar à disposição dos poderes superiores para manifestar alguma coisa.

O martinista, na senda que escolheu e que complementa a da Antiga e Mística Ordem Rosae Crucis, adquire no curso de sua jornada uma nova maneira de pensar, de raciocinar, um estilo particular de espírito que o distingue dos outros homens. Ele se refere à filosofia espiritual de nosso venerável Mestre Louis-Claude de Saint-Martin, nosso iniciador por afiliação. Servir a Deus é, portanto, o desejo do martinista que emprega seus esforços pessoais no trabalho pelo qual pretende tomar-se, algum dia, um agente da Divindade, aplicando a sabedoria de Deus no meio terrestre em que vivemos.

Foi na segunda metade do século XVIII que o martinismo surgiu, no seio da Tradição cristã ocidental, o que permitiu sua designação de misticismo cristão. Louis-Claude de Saint-Martin, o Filósofo Desconhecido, um dos mais profundos Mestres em hermetismo, foi um místico cristão profundamente influenciado pelo pensamento de três outros grandes místicos: Emnanuel Swedenborg, Jacob Boehme Martinès de Pasqually, do qual foi discípulo. Esses homens, através dos quais o martinismo nasceu, eram acima de tudo místicos motivados por um chamamento irresistível, por um impulso interior muito forte, que exaltavam Seu desejo de promover uma espiritualidade verdadeira.

Louis-Claude de Saint-Martin, iluminista e idealista, herdeiro espiritual de seus precursores, era dotado de uma pureza espiritual que se refletiu em todos os seus escritos. Seu compromisso, como iniciador do martinismo, era voltado para um misticismo cristão acrescido de uma outra vocação, a de um misticismo vivenciado e de um cristianismo prático, pois Saint-Martin também era seguidor do cristianismo. A filosofia faz parte do pensamento martinista, cujo ensinamento se orienta pela interpretação e explicação do Mundo, do Universo, de Deus e da relação do homem com seu Criador.

Numa sugestiva epígrafe, Louis-Claude de Saint-Martin estabelece as bases desse ensinamento dizendo: “Explicar o homem pela natureza, e não a natureza pelo homem”. Na obra do Filósofo Desconhecido, cuja redação é algo obscura e frequentemente velada, a leitura um tanto árdua, por vezes incompreensível com relação a nossa forma atual de escrever e falar, ressalta a permanente preocupação com uma expressão esotérica e um anonimato que o incita a mante-se afastado dos chamados “Homens da Torrente” - aqueles que ainda não sentiram a atração, o desejo de se autoconhecerem; que ainda não experimentaram a necessidade de expandir o germe divino implantado em cada um deles.

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Esse desejo de anonimato não parece ter a intenção de ele se tornar diferente para intrigar ou se envaidecer e sim de suprir a necessidade de se isolar do ruído e da agitação do mundo.

A obra de Louis-Claude de Saint-Martin começa pelas anotações espalhadas por seus cadernos durante sua juventude; nessa mixórdia já se percebe o embrião de sua filosofia, o pensamento, a ética e a moral a que ele é sensível e profundamente ligado e que desenvolve depois em seus livros, após havê-los dotado de uma riqueza espiritual suplementada pela meditação, pela prece e pela experiência.

Seus pensamentos e máximas, por vezes enunciados abruptamente e conscientemente obscurecidos, fecham-se aos olhares dos que só buscam o superficial e as aparências, dos frívolos e ociosos. Mas se abrem, a despeito de seu aspecto inacabado, aos que verdadeiramente estão buscando, convidando-os a trabalhar e a perceber nessa nobre desordem os grandes temas da Tradição que modelou os Grandes Iniciados.

Louis-Claude de Saint-Martin define essa necessidade de uma linguagem oculta em “Dos Erros e da Verdade”, onde escreve: “Embora a Luz seja feita para todos os olhos, nada é mais certo que nem todos os olhos são feitos para vê-la em todo o seu esplendor; e o pequeno número dos que são depositários das verdades que anuncio está voltando à prudência e à discrição pelos mais formais compromissos. Assim, eu me permiti usá-la com muita reserva em meus escritos e muitas vezes envolvo-me com um véu que os olhos mais comuns nunca poderão penetrar, tanto que algumas vezes falo de uma outra coisa que não é aquela de que pareço tratar”.

Sentimos isso no “Crocodilo”, escrito em 1799 em plena revolução, e que parece um romance jocoso e extravagante. A aventura de Eleazar é o coração da história; não obstante tem grande semelhança com um conto iniciático. Diz Robert Amadou, ao falar dos cadernos de Saint-Martin: “Eles ora encerram esquemas, esboços e detalhes da síntese teosófica, ora se referem ao estado quase bruto dos elementos dessa síntese. O autor lança também luzes vivas, discretas e singulares sobre seu tema e seus meios, sobre a iniciação suprema a que aspirava a ponto de nada mais desejar que alcançá-la e nos inocular com ela. Esse é o tesouro de ciência e técnica que enriquece cada item de seus incomparáveis cadernos”.

Saint-Martin escreveu muitas obras, sendo as mais conhecidas: “Dos Erros e da Verdade”, “O Homem de Desejo”, “O Novo Homem”, “O Ministério do Homem-Espírito”, “O Espírito das Coisas”, “Ecce Homo”, “Quadro Natural das Relações Existentes Entre Deus, o Homem e o Universo”. Houve muitas outras... às quais convém acrescentar as traduções de obras do filósofo alemão Jacob Boehme.

Em “O Espírito das Coisas”, o Filósofo Desconhecido fala da Tradição que não está escrita nos livros. Uma Tradição que qualquer um pode alcançar por seu próprio esforço. Falando da Tradição primitiva, ele diz: “É preciso admitir uma revelação primitiva, uma tradição-mãe de que somos os detritos. Mostrei amplamente em meus escritos” - continua ele – “que considerava todas as tradições apenas testemunhos confirmativos de verdades invariáveis escritas pela mão do Eterno no coração do homem e, portanto, anteriores a todos os livros e todas as tradições que eles encerram. Quanto mais as diversas tradições anunciam analogias entre elas, mais provam a necessidade de um tronco que lhes seja comum”.

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Louis-Claude de Saint-Martin, em seu tempo, lutou contra a corrente materialista e contra certa corrente ocultista de que se afastou, embora fosse ocultista. Em “Ecce Homo” ele denuncia e condena os que evocam “os espíritos familiares”, para usar seus próprios termos, e insiste no fato de que “pela prece o homem pode se comunicar com os espíritos superiores”. Ele acreditava na existência de guias espirituais, capazes de exercer influência em nossa vida, se o merecermos. Por um período de sua vida ele se interessou pela “Maravilha exterior” e, em seguida, trabalhou exclusivamente na “Maravilha interior”, colocando em prática o antigo adágio: “quando o iniciado está pronto, o iniciador aparece”.

Entre a corrente materialista ateia, contra a qual ele se insurgiu, e a corrente ocultista de que se afastou, Saint-Martin tentou mostrar um outro caminho: a Senda da iniciação individual, da superior iniciação à doutrina primitiva de Deus, cuja presença se revela ao homem em todos os instantes de sua vida e de todas as formas.

Os pensadores de todos os tempos, os filósofos, todos os que tentaram compreender e se elevar acima do comum, atribuíram grande importância a iniciação. Em seu “Quadro Natural das Relações Existentes Entre Deus, o Homem e o Universo”, Saint-Martin nos dá uma definição: “A iniciação significa tanto o Princípio quanto Começo; nada está mais em conformidade com as Verdades expostas anteriormente que o uso das iniciações entre todos os povos. Nada mais análogo à situação e esperança do homem que a fonte de onde provêm todas as iniciações, cujo objetivo é anular a distância entre a luz e o homem, e restabelecê-lo no estado em que se encontrava no Começo”.

Ao lemos esse incomparável livro, “O Novo Homem”, também encontramos as ideias de Louis-Claude de Saint-Martin sobre a iniciação. Ele nos fala do corpo, da alma e do espírito, e nos diz com a sinceridade da experiência: “Não é um simples efeito místico nem uma simples operação metafísica que se passa em nós, quando o verbo divino nos regenera e nos chama por outro nome para nos fazer sair de nossa tumba; é uma obra viva pela qual nosso ser espiritual e corporal vivencia fisicamente as sensações, pois aquela palavra é a vida e a ação”.

Nas obras de Saint-Martin, tudo que ele escreve revela o processo da reintegração pela regeneração. Lemos em “Dos Erros e da Verdade”: “Todo ser humano é um Cristo” a algum grau, visto que já traz Deus em seu interior. O objetivo do homem não é a realização do Eu? O próprio Homem de Desejo que quer servir a Deus deve gerar a si mesmo pelo nascimento do Novo Homem; esse renascimento, esse Segundo nascimento, só pode ser a realização do casamento do Homem de Desejo com sua sabedoria, a divina Sophia, da qual também fala nosso Venerável Mestre. Podemos dizer com Robert Amadou: “A sabedoria está na pena de Saint-Martin como estava em seu coração desde a sua infância”.

Os escritos filosóficos de Saint-Martin reconstituem esse Filósofo Desconhecido, ao mesmo tempo místico, ocultista, hermético, e também romântico, mas não um sonhador como alguns o consideraram. Esse homem de grande valor buscava o conhecimento, mas sua intenção era a de compreender, de unir a razão com a mística. Ele era um gnóstico seguindo os passos de Martinès de Pasqually, a cujo pensamento foi fiel em toda a sua obra.

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Ele queria descobrir o que nós também buscamos, todos os elos dessa corrente que une os seres e coisas e que a suprema unidade engloba e une. Por trás das alusões à matéria, usando-a como apoio, ele tentou descobrir, com o auxílio de seu Eu interior, o plano divino no qual tudo está compreendido e do qual todos nós temos a graça de ser colaboradores privilegiados.

Os ensinamentos da Tradicional Ordem Martinista nos exortam a colocar em prática a filosofia de nosso venerável Mestre. Folheando o Livro simbólico da natureza, descobrimos os princípios fundamentais e subjacentes que esboçam para nós a estrutura eterna das coisas, a começar pela harmonia que é a primeira página, da qual decorrem as outras quatro.

As dez misteriosas páginas do “Livro do Homem” nos mostram a verdadeira raiz e o poder de que ele dispunha quando ocupava o centro da Criação universal. Virando progressivamente as páginas desses dois livros simbólicos, chegamos ao conceito de Louis-Claude de Saint-Martin de que o homem é um pensamento de Deus e de que o crescimento do místico se faz na percepção vivenciada e consciente da imagem divina que formam o cosmo e ele próprio.

Na corrente do pensamento martinista, toda a nossa trajetória de “Homens de Desejo’’, todo o nosso percurso, orienta-se para a procura de uma vida interior intensa. A riqueza espiritual que alcançarmos despertará nossa determinação de servir a Deus, de nos tornarmos, quem sabe, os missionários de Deus e dos Martinistas Rosacruzes.

O legado espiritual que todos esses homens esclarecidos nos deixaram, o “Filósofo Desconhecido”, nosso Venerável Mestre, Martinès de Pasqually e todos os Metres do passado que enriqueceram a corrente de pensamento que a T.O.M. veicula deve ser objeto de toda a nossa admiração. Eles representam para nós referências sólidas em que podemos nos apoiar em nossas meditações e reflexões espirituais.

Para concluir, mais uma vez citamos nosso Venerável Mestre, no fecho de seu livro “O Novo Homem”: “Todas as maravilhas da Jerusalém Celeste podem ser encontradas ainda hoje no coração do Novo Homem, pois elas ali se encontram desde sua origem”.

* Artigo originalmente publicado na Revista "O Pentáculo". nº 1, 1993.

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O AMOR NOS TEMPOS DO CÓLERA

Gabriel Garcia Marques em “O Amor nos Tempos do Coléra”

- Capitão, o menino está preocupado e muito inquieto devido à quarentena que o porto nos impôs!

- O que te inquieta, menino? Não tens comida suficiente?

Não dormes o suficiente?

- Não é isso, Capitão. É que não suporto não poder ir à terra e abraçar minha família.

- E se te deixassem sair do navio e estivesses contaminado, suportarias a culpa de infectar alguém que não tem condições de aguentar a doença?

- Não me perdoaria nunca, mas para mim inventaram essa peste.

- Pode ser, mas e se não foi inventada?

- Entendo o que queres dizer, mas me sinto privado da minha liberdade, Capitão, me privaram de algo.

- E tu te privas ainda mais de algo.

- Está de brincadeira, comigo?

- De forma alguma. Se te privas de algo sem responder de maneira adequada, terás perdido.

- Então quer dizer, segundo me dizes, que se me tiram algo, para vencer eu devo privar-me de mais alguma coisa por mim mesmo?

- Exatamente. Eu fiz quarentena há 7 anos atrás.

- E o que foi que tiveste de te privar?

- Eu tinha que esperar mais de 20 dias dentro do barco. Havia meses em que eu ansiava por chegar ao porto e desfrutar da primavera em terra. Houve uma epidemia. No Porto Abril nos proibiram de descer. Os primeiras dias foram duros. Me sentia como vocês. Logo comecei a confrontar aquelas imposições utilizando a lógica. Sabia que depois de 21 dias deste comportamento se cria um hábito, e em vez de me lamentar e criar hábitos desastrosos, comecei a comportar-me de maneira diferente de todos os demais. Comecei com o alimento. Me impus comer a metade do quanto comia habitualmente. Depois comecei a selecionar os

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alimentos de mais fácil digestão, para não sobrecarregar o corpo. Passei a me nutrir de alimentos que, por tradição histórica, haviam mantido o homem com saúde.

O passo seguinte foi unir a isso uma depuração de pensamentos pouco saudáveis e ter cada vez mais pensamentos elevados e nobres. Me impus ler ao menos uma página a cada dia de um argumento que não conhecia. Me impus fazer exercícios sobre a ponte do barco. Um velho hindu me havia dito anos antes, que o corpo se potencializava ao reter o alento. Me impus fazer profundas respirações completas a cada manhã. Creio que meus pulmões nunca haviam chegado a tamanha capacidade e força. A parte da tarde era a hora das orações, a hora de agradecer a uma entidade qualquer por não me haver dado, como destino, privações graves durante toda minha vida.

O hindu me havia aconselhado também a criar o hábito de imaginar a luz entrando em mim e me tornando mais forte. Podia funcionar também para as pessoas queridas que estavam distantes e, assim, integrei também esta prática na minha rotina diária dentro do barco.

Em vez de pensar em tudo que não podia fazer, pensava no que faria uma vez chegado à terra firme. Visualizava as cenas de cada dia, as vivia intensamente e gozava da espera. Tudo o que podemos obter em seguida não é interessante. Nunca. A espera serve para sublimar o desejo e torná-lo mais poderoso. Eu me privei de alimentos suculentos, de garrafas de rum e outras delícias. Me havia privado de jogar baralho, de dormir muito, de praticar o ócio, de pensar apenas no que me privaram.

- Como acabou, Capitão?

- Eu adquiri todos aqueles hábitos novos. Me deixaram baixar do barco muito tempo depois do previsto.

- Privaram vocês da primavera, então?

- Sim, naquele ano me privaram da primavera e de muitas coisas mais, mas eu, mesmo assim, floresci, levei a primavera dentro de mim, e ninguém nunca mais pode tirá-la de mim.

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INFORMES GERAIS

Atividades Presenciais Suspensas

Amados Irmãos e Irmãs,

Conforme determinação do Grande Mestre e autoridades governamentais, devido pandemia de COVID-19, nossas atividades presencias encontram-se suspensas. Na certeza de que tão logo tudo se normalize e assim possamos voltar às nossas atividades regulares, contamos com a compreensão de todos. Enquanto isso, nos mantenhamos unidos em nosso Oratório, fortalecendo a egrégora de nossa Ordem e de nossa Heptada, inspirando-nos e fortalecendo-nos para seguirmos firmes em nossa Jornada. Podemos estar fisicamente separados, mas podemos seguir unidos espiritualmente.

Contribuições para a Heptada

Irmãos e Irmãs,

Caso queiram continuar contribuindo com a Heptada, ajudando a manter em dia as despesas fixas de nosso Organismo Afiliado, é possível realizar suas Contribuições através de depósito bancário.

Banco Itaú

Agência 0349

Conta Corrente 33028-2

CNPJ 00.993.966/0001-77

Razão Social Heptada Martinista São Paulo TOM

Encaminhe o comprovante de depósito e seu número chave para receber seu recibo no email [email protected]

Trimestralidade – R$ 100,00

Mensalidade – R$ 37,00

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ÁREA DO AFILIADO - GLP

Irmãos e Irmãs,

Neste momento de isolamento social, com as atividades dos Organismos Afiliados suspensas, a Grande Loja de Língua Portuguesa, através de nosso Venerabilíssimo Grande Mestre, Irmão Hélio de Moraes e Marques, publica, semanalmente, na Área do Afiliado (https://afiliado.amorc.org.br/), textos e experimentos para mantermos nosso equilíbrio mental e vibrarmos pela recuperação de todos e pela Terra.

Segue uma listagem com o material disponível, lembrando que, por se tratar de material privativo da Ordem, é protegido por lei e seu uso inadequado ou sua disponibilização em qualquer tipo de mídia, que não seja exclusiva de afiliados ativos, sujeitará à eventuais infratores as devidas sanções legais. Portanto, está proibida a publicação em redes sociais de qualquer espécie.

- Vídeo: Mensagem de Ano Novo Rosacruz do Grande Mestre

- Texto “A Sabedoria”, disponível em http://blog.amorc.org.br/a-sabedoria/

- Vídeo: Harmonização Rosacruz

- Vídeo: Comunicado do Grande Mestre aos membros e Amigos da AMORC

- Vídeo: Harmonização do Sanctum Celestial

- Artigo "O impacto do coronavírus", disponível em https://www.amorc.org.br/o-impacto-do-coronavirus/

- Vídeo: Convocação do Grande Mestre com a mensagem “O Plano de Deus”

- Vídeo: meditação guiada para crianças

- Vídeo: Experimento – OGG

- Texto “Eu Sou no Ser Cósmico”, disponível em https://www.amorc.org.br/eu-sou-no-ser-cosmico/?fbclid=IwAR2e8nNkB75K5FjiqWqY0_uzRkus5UD8j2k0oc8UdfWtoxTKtGKc8LF9_Vo

- Vídeo: Mensagem do Imperator, Frater Claudio Mazzucco

- Mensagem para reflexão - Deus X Sofrimento

Page 16: ÍNDICE - Martinismoheptadasaopaulo.tom.org.br/wp-content/uploads/sites/39/2020/05/... · Sob uma perspectiva material, obviamente pode-se pensar na prosperidade material, uma vez

HEPTADA MARTINISTA SÃO PAULO, TOM

HEPTADA MARTINISTA SÃO PAULO II, TOM

Endereço: Rua Antonio de Godoy, 88 - 5º andar - Centro

Tel: (011) 3362-2481

heptadasaopaulo.tom.org.br

[email protected]

[email protected]

Soberano Grande Mestre: Ir. Claudio Mazzucco

Grande Mestre: Ir. Hélio de Moraes e Marques

Mestre Provincial: Ir. Odete Júlio S. Cardozo

Mestre da HMSP: Ir. Henrique G. Wiederspahn

Mestre da HMSP II: Ir. Luciane dos Santos Machado

_________________________________________________

Coordenadores dos Grupos de Estudo:

ALEF, BEIT - BREVE ESTUDO DAS LETRAS DO ALFABETO HEBRAICO: Ir. Henrique G. Wiederspahn

COSMOGONIA MARTINEZISTA E A HIERARQUIA CRÍSTICA: Ir. Nilda Maria Leite e Ir. Daniel Muñoz

O TRATADO DA REINTEGRAÇÃO DOS SERES: Ir. Tânia C. F. Cabrera e Ir. Daniel Muñoz

AURORA NASCENTE: Ir. Luciane dos Santos Machado

CORPUS HERMETICUM: Ir. Fabio Lopes Soares

A SENDA DA ALMA: Ir. Daniel Muñoz

Boletim Informativo das atividades da Heptada Martinista São Paulo e São Paulo II da Tradicional Ordem Martinista - TOM.

Coordenação: V Irmão Henrique G. Wiederspahn, Mestre da Heptada e V Irmã Luciane dos Santos Machado, Mestre da Heptada II.

Elaboração: V Irmã Tânia Cristina Filgueiras Cabrera

Os conceitos emitidos neste informativo são de inteira responsabilidade de seus autores e não representam,

necessariamente, o ponto de vista oficial da Ordem Rosacruz - AMORC, ou da Tradicional Ordem Martinista -

TOM, a não ser quando expressa e claramente afirmado. Todos os direitos reservados à Ordem Rosacruz -

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total, do presente conteúdo por qualquer meio.