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NC? 6 1972 Setembro EDITORIAL - Cristãos decapitados . . . . . . . . p. Frutos do amor conjugal . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 4 A ECIR conversa com vocês . . . . . . . . . . . . . . . . p. 6 Provar o nosso amor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 10 Uma família católica no do Império p. 12 Juntos diante de Deus . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 15 Uma oração em família . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 16 Preparando os lares futuros . . . . . . . . . . . . . . p. 18 Estudando "O Espírito e as grande s linhas do Movimento" . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 20 Problemas de uma professorinha . . . . . . . . . . p. 21 Visita à Catedral de Brasília . . . . . . . . . . . . . . p. 24 Extratos dos Boletins e notícias dos se - !ores p. 25 Deus chamou a Si . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 29 Retiros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 31 Oração para a próxima reunião . . . . . . . . . . p. 32

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NC? 6 1972

Setembro

EDITORIAL - Cristãos decapitados . . . . . . . . p.

Frutos do amor conjugal . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 4

A ECIR conversa com vocês . . . . . . . . . . . . . . . . p. 6

Provar o nosso amor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 10

Uma família católica no l~mpo do Império p. 12

Juntos diante de Deus . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 15

Uma oração em família . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 16

Preparando os lares futuros . . . . . . . . . . . . . . p. 18

Estudando "O Espírito e as grandes linhas

do Movimento" . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 20

Problemas de uma professorinha . . . . . . . . . . p. 21

Visita à Catedral de Brasília . . . . . . . . . . . . . . p. 24

Extratos dos Boletins e notícias dos se-

!ores p. 25

Deus chamou a Si . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 29

Retiros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 31

Oração para a próxima reunião . . . . . . . . . . p. 32

Revisão, Publicação e Distribuição pela Secretaria das

Equipes de Nossa Senhora no Brasil.

04530 - Rua Dr. Renato Paes de Barros, 33 - Tel. : 80-4850

04530 - SAO PAULO, SP.

- somente para distribuição interna -

EDITORIAL

CRISTÃOS DECAPITADOS

É grave o risco que corremos quando deixamos definhar algu­ma de nossas funções fundamentais, quer sejam de ordem física, afetiva, intelectual ou espiritual. Penso na atrofia da inteligên­cia que pode ser observada em certos desportistas, no não-desen­volvimento dos músculos ou da vida do coração em alguns intelec­tuais . ..

Tal descuido acarreta um certo desequilíbrio, uma certa per­turbação da personalidade. Com efeito, o desenvolvimento do ser humano requer o desenvolvimento simultâneo de todas as suas funções, pois são complementares e solidárias umas das outras.

Esta atrofia da inteligência encontra-se também em muitos de nossos contemporâneos. Estão a par de um sem número de coi­sas, adquiridas através dos jornais, do rádio, da televisão. Pos­suem conhecimentos profundos no campo da própria profissão ou especialidade, mas perderam até mesmo a capacidade de reflexão. Registram, "encaixam" informações, idéias, noções várias; não são porém ativos, pelo menos dessa atividade de conhecimento sem a qual não há verdadeira vida do espírito, nem personalidade ori­ginal e forte. São passivos, acompanhando cegamente as corren­tes do pensamento veiculadas pelo jornal que lêem ou pelo meio no qual vivem - deveríamos antes dizer, no qual flutuam.

Esta atrofia da inteligência é também encontrada no plano religioso. A pessoa que dela é vítima procura muitas vezes jus­tificar-se. Assim é que a ouvimos manifestar-se em relação àque­les que refletem: são uns intelectuais ... isto é puro intelectualis­mo... Como se a vida cristã fosse, antes de tudo, uma questão de sentimento ou de atividade! Como se aqueles que estudam ou meditam estivessem atraiçoando a causa humana!

O desinteresse que observamos em tantos cristãos pelo estu­do de temas religiosos, a omissão, neles, de leituras de fundo, a

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sua ignorância quase total das Escrituras, não seriam outros tan­tos sinais da atrofia de que falamos?

É verdade que a inteligência humana, também ela gravemente ferida em consequência do pecado original, arrastou os homens por caminhos sem saída, pior ainda, para aventuras tortuosas. Entretanto, duvidar de que Cristo tenha vindo também curar a nossa inteligência seria insultar a Redenção. A fé é esta luz que faz mais do que curar: torna a nossa inteligência apta a participar do conhecimento que Deus tem de si mesmo e de todas as coisas.

As consequências desta negligência - dever-se-á dizer, des­te desprezo? - da vida intelectual são numerosas e particular­mente graves:

- o declínio do amor para com Deus e da generosidade no seu serviço. Não seríamos capazes de amar e servir um ser que não conhecemos. Longe dos olhos, longe do coração... Quan­tas vezes, no confessionário, ao ouvir a ladainha dos pe:cados, te­nho a impressão de que o pecado base - aquele que é a origem dos outros e de que ninguém se acusa - é a ausência de qual­quer esforço de reflexão religiosa;

- a ausência de uma alegria espiritual irradiante. Suspei­taríamos, na presença desses cristãos, que Cristo lhes legou a ~ua própria alegria (Jo. 15,11; 17,13)? Como poderiam irradiar esta alegria os sonolentos que não abrem os olhos à luz de Deus?

- quão numerosas são as doenças psíquicas que só têm por causa uma atrofia da inteligência e, especialmente, da inteligên­cia cristã, atrofia esta que atira os psiquismos vulneráveis dos nossos contemporâneos à onda enfurecida das preocupações, dos remorsos, das ameaças, das inquietações;

- o tédio, que lança os homens para divertimentos múlti­plos, julgando assim escapar à intolerável sensação de solidão;

- o declínio, o entorpecimento do amor em tantos casais incapazes de trocar idéias ao nível do pensamento;

- a falta de verdadeira personalidade e a fragilidade da fé em crianças que foram educadas no seio de famílias onde não se dá o devido relevo aos valores do espírito, onde a educação ignora a sua principal tarefa: ensinar a refletir;

- a incapacidade radical de tantos católicos para estabele­cer o diálogo religioso com os não-crentes, incapacidade que se traduz, conforme os temperamentos, pelo fanatismo de direita ou de esquerda, ou por frequentes fugas;

- uma vida de oração inexistente ou morna. A oração em família, a oração na reunião de equipe, é muitas vezes rica de

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gemidos, lamentações, pedidos... mas incapaz de se elevar ao ní­vel da adoração, do louvor, da intercessão.

Objetar-me-ão com a falta de tempo. Quando se trata de função vital, esta objeção não tem razão de ser: bem que acha­mos tempo para comer, para dormir... Mas é certo também, que a maioria de nossos contemporâneos precisaria achar tem­po, antes de tudo, para o reparo de sua máquina de pensar.

Temos ou não o orgulho de viver uma vida digna do homem?

Não pretendamos que uma intensa vida do espírito exija muito tempo livre. Conheço homens e mulheres tão sobrecarre­gados quanto os outros com tarefas profissionais ou familiares, com atividades sociais ou religiosas, cujo pensamento, no en­tanto, é ativo, alerta, vivo: possuídos da alegria de conhecer, da "alegria da verdade", na expressão tão cara a St.0 Agostinho; e da alegria de amar. E da alegria de viver.

Não têm eles mais tempo, nem mais aptidões do que outros, mas têm fome. Fome de conhecer o pensamento de Deus sobre as coisas e os acontecimentos. Fome de conhecer o próprio Deus.

Esta fome é um grande dom do Senhor. Mas é também o resultado de uma procura perseverante. Entre cristãos, entre equipistas, por que não se estabeleceria o auxílio mútuo - lei primordial de nossas equipes - também no plano da procura da verdade, da reflexão cristã séria e viva?

A diversidade de pontos de vista poderia provocar desenten­dimentos? Mas os vários pontos de vista não se iriam, pelo con­trário, aproximando, se fossem debatidos fraternalmente, se os membros da equipe se entre-ajudassem a refletir? E, principal­mente se a reflexão, em vez de ir procurar inspiração em publi­cações tantas vezes tendenciosas, ou junto de mestres de idéias contestáveis, se apoiassem antes de tudo na Palavra de Deus?

HENRI CAFF AREL

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FRUTOS DO AMOR CONJUGAL

Da Carta Mensal Internacional

A família é o fruto de um continuado amor conjugal. Ela nasce do encontro de um casal e não subsistirá senão com a per­manência dos laços de amor que unem esse casal. Os alicerces do edifício familiar somente são encontrados onde o coração de um homem e o de uma mulher fazem a experiência de uma doa­ção mútua, total e irreversível, assumida diariamente, tal como na primeira vez em que se conheceram. Aí reside a segurança e a solidez da família, face a qualquer ameaça exterior. Os filhos sentem-se queridos e protegidos (a princípio instintivamente, mais tarde conscientemente e cheios de gratidão) quando constatam que - no dia a dia - existe, entre os seus pais, carinho, acolhimento e respeito mútuo.

Os pais que puderem dar testemunho de uma vida, tão plena quanto possível, de amor conjugal, nunca devem preocupar-se com o futuro de seus filhos e de suas filhas, quaisquer que sejam as metamorfoses que eles sofram ou decepções que momentanea­mente provoquem. Pois o amor conjugal transmite aos filhos uma força indestrutível e um apelo cujo eco não pode ser abafado. Sobre a firmeza desse princípio devem os pais basear todos os seus planos educacionais: cada dificuldade, cada provação, cada êxito, os recolocará frente a si próprios, como se fora uma pro­vocação a um amor mútuo cada vez mais vivente, porque inces­santemente purificado.

Considerável número de crises que ocorrem atualmente nas famílias advêm da menor importância atribuída ao amor conju­gal na educação e formação dinâmica da celula familial. A har­monia do casal, nos aspectos carnais, afetivos, culturais e espiri­tuais, continua a ser o manancial indispensável aos ajustamentos inter e extra familiares. E é nestas bases que se resolve o des­tino da família. As maiores desgraças que se abatem sobre a fa­mília originam-se todas de fraquezas ou de insucessos do casal.

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Se essa verdade elementar é negligenciada, torna-se impossível apreciar com seriedade o problema do casamento, de sua prepa­ração, de suas crises de crescimento. Separando o inseparável (amor conjugal-amor familiar) termina-se advogando soluções rui­nosas para o casal bem como para os seus filhos: divórcio, livre união, experiências pré-matrimoniais. Ocorre o oposto quando, visando a um amor total (portanto um amor conjugal incluindo a fecundidade como um dos seus valores intrínsecos), consegue-se ultrapassar os conflitos - excetuados, evidentemente, os casos patológicos. Mas, para que esse ponto de vista seja aceito pelos jovens ao contrairem matrimônio, é necessário que tenham sen­tido, em sua carne, sensibilidade e espírito, a sua imprescindível necessidade.

D. André Collini, Bispo de Ajaccio

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A ECIR CONVERSA COM VOC~S

Caros amigos

Quando esta Carta Mensal chegar até vocês, estaremos em vésperas de receber entre nós o Rvmo. Cônego Henri Caffarel.

Ninguém ignora que é o fundador das Equipes de Nossa Se­nhora e o seu Diretor Espiritual. Mas será isto suficiente para o ambiente de intensa expectativa que se criou, para os prepara­tivos absorventes com que a sua vinda está sendo esperada?

Poderíamos responder que a sua personalidade o justifica. Nestes últimos 35 anos tem dado larga parte de sua vida sacer­dotal às E.N.S. Destaca-se, ainda, por ser um dos mais profun­dos e dedicados pesquisadores de tudo o que se relaciona com o sacramento do matrimônio. Deve-se em grande parte a ele o aprofundamento da espiritualidade conjugal e familiar que ele di­fundiu não só através de sua palavra e das Equipes, mas tam­bém através de uma revista- L'Anneau d'Or- que, desde 1945, é o mais rico documentário sobre o casamento cristão. Após a úl­tima guerra, que tantos lares deixou sem os seus chefes, fundou as equipes de viúvas e a elas dedicou um livro, "O amor mais forte que a morte" traduzido recentemente entre nós.

Poderíamos acrescentar que foi dos primeiros a impulsionar os retiros para casais e que, homem de oração, desenvolveu tra­balho intenso para a difusão da vida de oração. As dificulda­des que notava nos equipistas para a prática da meditação leva­ram-no a publicar uma série de "Cadernos sobre a oração", além de um livro - "Cartas sobre a oração" - que foi aqui traduzido por iniciativa de nossas Equipes. Mais recentemente, sempre na mesma diretriz, instituiu as "Semanas de Oração" que, para sur­presa dos céticos de nossa época, vêm sendo intensamente pro­curadas e atraem principalmente os jovens.

Tudo isto explicaria a admiração que lhe dedicam as Equipes do Brasil. Porém há mais. É que o Pe. Caffarel pode ser con­siderado o fundador das nossas Equipes, o principal incentivador do Movimento entre nós.

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Já vai longe a primeira carta que dele temos, escrita em fins de 1949 e que determinou a fundação da primeira equipe, em São Paulo, em maio de 1950. Pode-se dizer que foi o seu Piloto e o seu Ligação, pois durante vários anos foram as suas cartas que orientaram os primeiros equipistas sobre o conteúdo, os métodos, a espiritualidade de um Movimento de estilo completamente novo em nosso meio.

O tom dessas cartas, nada protocolares, impregnadas de sim­patia, de interesse, de cordialidade, estabeleceram desde logo um clima de amizade, de diálogo aberto e franco. E no entanto nunca procurou suavizar as exigêcias do Movimento. Desde a primeira carta, apontou, sem rodeios, a finalidade das Equipes de Nossa Senhora: "Ajudar os casais a tender para a santidade".

Soube estimular e o fez com discrição, aproveitando as pe­quenas vitórias alcançadas, as realizações levadas a efeito, para encorajar novas iniciativas mais ousadas e amplas. Era a místi­ca do passo-à-frente que procurava incutir. Ao mesmo tempo, insistia na humildade. "Que o Senhor vos proteja de todo fari­saísmo - escreveu certa vez. - Tende consciência de que nada mais sois do que pobres pecadores, mas de quem Cristo se pode servir para fazer milagres".

Não censurava os erros cometidos, pois não ignora que os desfalecimentos fazem parte da natureza humana. Mas aprovei­tava-se deles para sugerir novas orientações mais eficazes, insis­tindo sempre sobre o valor da fraternidade, do auxílio mútuo, da caridade cristã.

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Pregava a firmeza. Queria que o Movimento fosse exigente, mas aqui também recomendava a lucidez, apontando os riscos de uma exigência excessiva ou prematura. "Os dirigentes - di­zia ele - é que devem ser exigentes para consigo mesmo. Para levar os equipistas a "querer" é preciso que, nos vários escalões, os responsáveis saibam também querer e queiram levar os casais a descobrir as riquezas do cristianismo".

Insistia frequentemente no valor da oração. "Antes de agir, particularmente quando se trata de iniciativas de maior respon­sabilidade, importa rezar, fazer penitência. Importa reconhecer a própria fragilidade e lembrar sempre a palavra de Cristo: "Sem mim nada podeis fazer".

Em 1957 veio pela primeira vez ao Brasil. E assim como foi o principal fator para alicerçar solidamente as primeiras equipes, a sua presença entre nós determinou como que uma redescoberta do Movimento em toda a sua profundidade. Acenou para a res­ponsabilidade das Equipes como instrumentos da Igreja e o fez com calor nas suas palavras de despedida. Nessa ocasião, repor­tando-se ao monumento das Bandeiras, que tinha admirado no Ibirapuera e no qual tinha apreciado particularmente a idéia que o artista quis exprimir: a tensão de homens conjugando o seu esforço, o seu trabalho, na consecução de um ideal, na realização de uma grande aventura, concluiu: "Assim as Equipes do Brasil: cabe-lhes o esforço supremo de levar avante uma grande aven­tura: o esforço conjugado para conseguir a vitória na grande aventura de conquistar a glória de Deus".

Data de então a franca expansão das Equipes em nosso país. Em 1964, nova visita do Pe. Caffarel. Sete anos antes, tinha dei­xado 13 equipes e vinha encontrar 167, fruto sem dúvida, da ati­vidade que soubera incutir nos casais. Para a maior parte dos equipistas, o impacto de sua presença foi o mesmo que da pri­meira vez. Mas havia algumas sombras. A expansão do Movi­mento tinha-se processado um pouco desordenadamente e o Pe. Caffarel não hesitou em alertar sobre os perigos que as Equipes poderiam correr: era preciso atentar menos para a quantidade e mais para a qualidade. É muito difícil, dizia ele, que um mo­vimento que tem sucesso conserve o seu fervor inicial.

Caros amigos, como vocês vêem, o Pe. Caffarel está pessoal­mente ligado à vida das Equipes do Brasil. Contribuiu direta­mente na fase de lançamento. Teve papel de relevo no seu apri­moramento e na sua expansão. Contribuiu também pessoalmen­te para a sua consolidação, num momento em que as Equipes pa­reciam se inclinar para a facilidade.

E agora, numa fase da vida da Igreja e do mundo em que se faz urgente a conscientização do Povo de Deus, para que possa

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reapresentar aos homens de hoje a verdadeira fisionomia de Deus e da Igreja, numa fase da vida do Movimento que requer tam­bém maior conscientização dos equipistas, o Pe. Caffarel vem no­vamente nos trazer o seu apoio, o seu estímulo, os seus ensina­mentos, sobrepondo à própria saúde, a estima que sempre dedi­cou às Equipes do Brasil.

Vamos pois receber o Pe. Caffarel com a deferência que me­rece como Diretor Espiritual das Equipes de Nossa Senhora, mas também e particularmente com o reconhecimento e a respeitosa amizade de que se tornou credor.

O Pe. Caffarel vem providencialmente num momento mar­cante para as Equipes do Brasil, empenhadas no seu aprofunda­mento e "aggiornamento". Lembremo-nos de suas palavras: "An­tes de agir, importa rezar, fazer penitência. Não somos nós, por nossa ação, que poderemos fazer alguma coisa; é o Senhor que fará tudo através de nós e Ele o fará na medida em que formos abertos ao seu Espírito. Que Nossa Senhora, a quem as Equipes foram confiadas, esteja muito presente às nossas orações. Tenho a convicção de que ela ama as Equipes e que, se lhes formos fiéis, ela as guardará muito bem e as tornará fecundas".

A ECIR

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PROVAR O NOSSO AMOR

(Do Boletim de São José dos Campos)

Pelo batismo fomos tornados filhos de Deus e fomos cha­mados a viver o amor a Deus, ao próximo e ao mundo.

É fácil dizer que amamos a Deus ... e provar?

É verdade que cumprimos os nossos deveres de cristãos vamos à missa, seguimos os mandamentos; somos equipistas ... e daí?

Existem filhos que pretendem provar seu amor aos pais cum­prindo apenas seus deveres.

Lembramos aqui a história daquela mãe que se finava numa doença interminável. Os filhos a proviam de todo o conforto material - médico, enfermeira, medicamentos, nada lhe faltava. Apareciam de vez em quando para visitá-la. No entanto, o pró­prio médico não entendia a falta de reação da doente. Ela po­deria se curar e no entanto definhava lentamente. Já não se po­deria mais salvar.

Foi quando um dos filhos, vendo-a tão abatida e fraquinha, disse-lhe:

- Mãe, nós te queremos tanto! Não podes morrer!

E ela, olhando-o afetuosa e triste:

- Ah! se vocês me tivessem dito isto antes ...

Não basta amar em silêncio. É necessário provar nosso amor. Enquanto reduzirmos nossa vida cristã simplesmente ao cum­primento de nossas obrigações de cristãos, não amamos realmente a Deus, não estamos vivendo o cristianismo verdadeiro e não estamos preparados para dar testemunho de vida cristã.

No caso que citamos, os filhos assistiram a doente em tudo, nada lhe faltou no plano material, no entanto, não conseguiram provar-lhe seu amor, não conseguiram transmitir amor.

E como a nossa velhinha que ia definhando, o Deus que ha­bita em nós vai definhando, vai morrendo dentro de nós por falta de amor.

Se Ele vai-se enfraquecendo e morrendo, nós também vamos nos acovardando, pois nossa força vem dEle.

Como podemos pois testemunhar esse Deus para o mundo, se Ele está tão insuficiente dentro de nós?

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Amar não é só dizer "eu amo".

Nós conhecemos aqueles que amamos. Admiramos suas qua­lidades, seus atos generosos. Mas será que conhecemos na ver­dade o Deus que adoramos? Se não O conhecemos, como pode­remos amá-Lo? Só o conhecimento nos leva ao amor.

É por isso que o Movimento atualmente nos chama para a leitura diária do Evangelho. Através dele conheceremos Cristo. Cristo é o mensageiro do amor do Pai e toda sua mensagem ali está contida. Através de sua leitura conheceremos Cristo, passa­remos a amá-lo, pois ninguém pode ficar indiferente à sua doçu­ra, à sua mansidão, ao amor que demonstrou aos homens em todas as horas de sua vida, ao olhar compassivo com que olhou ds homens em seus pecados, em suas fraquezas. Ninguém pode resistir ao amor daquele que amou com tanta loucura que não hesitou em dar a própria vida num sacrifício completo, numa renúncia total.

Conhecendo Cristo, certamente chegaremos ao conhecimento e ao amor de Deus, Pai bondoso e complacente que nos conduz e nos orienta, amigo compreensivo que nos ama e nos chama pelo nome, Aquele que foi capaz de permitir o sacrifício de seu Filho para que os homens pudessem conhecer sua mensagem de amor e salvação.

Assim, pelo Evangelho, seremos então tocados, nós também, por esse amor infinito, o único sentimento que é capaz de pla­nificar nossa vida.

Amando e conhecendo Cristo, passaremos a imitá-lo, pois como cristãos somos seguidores de Cristo. Procuraremos amar como Cristo amou, ver o mundo como Cristo viu, julgar os outros como Cristo julgou, fazer com que nossa benevolência, nossa to­lerância, nossa paciência vão crescendo em direção daquele que tomamos por modelo.

Dessa maneira, será fácil provar nosso amor.

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UMA FAMíLIA CATóLICA NO TEMPO DO IMPÉRIO

Exemplo dos mais frizantes, em nossa era, de uma família católica inteiramente devotada ao amor de Cristo, é o que nos oferece a da irmã Zélia - Zélia Pedreira de Abreu Magalhães.

Filha de família nobre, não se deixou, porém, prender pelas fantasias brilhantes das pompas humanas. Desde menina consa­grou todos os afetos a Deus e à família. Conhecendo cedo os mis­térios da religião e os princípios da vida espiritual, sentiu esse pendor irresistível para a piedade que a inclinava a conversar a sós com Deus no silêncio da oração.

Aos 18 anos, sentia a necessidade de amar mais fortemente e se entretinha com Jesus numa união que cada vez mais se am­pliava. Amante das obras de Santa Teresa, cuja leitura a en­cantava, sonhava com os meios de partir para o Carmelo, mas sentia as dificuldades de um tal heroismo e se afligia por não poder tomar uma resolução formal. É a Providência Divina que há de conduzí-la pela mão, através dos acasos, até torná-la pri­meiramente uma raiz de Religiosos, e depois Religiosa ela mesma. Pois, como mais tarde dizia aos filhos, "apesar de todos os seus desejos, não sentia a convicção de ser esta a vontade de Deus".

Jeronimo de Castro Abreu Magalhães, encantado pelas vir­tudes daquela família exemplar, começa a visitar aquele lar feliz, daí nascendo afeto especial por Zélia. Consultada pela sua mãe sobre a possibilidade de casar-se com J eronimo, nada respondeu. Pediu a proteção de Deus, rezou mais nesse dia e encomendou-se sem cessar à Virgem Maria.

"Eu, até então, não acariciava a menor idéia de casamento e de amor, e agora via-me pretendida pela pessoa que julgava mais perfeita, pelo moço que mais me encantava, de modo que, para converter todos aqueles sentimentos ternos e favoráveis que ele me dispensara em amor, nada mais foi preciso do que sentir uma voz íntima me segredar: "Eis aí o esposo que Deus te envia".

Mesmo depois de casada, o seu zelo não pôde ficar inativo. Percebendo que grande número de crianças ignoravam comple­tamente o catecismo, reunia-as em sua casa e passava várias ho-

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ras a instruí-las. Amava os pobres e consolava-os em suas dores, visitava-os quando doentes, levando-lhes conforto e curando ela mesma as suas enfermidades. Não descuidava, porém, de ser uma esposa e mãe dedicada.

A base da educação que Zélia dava aos filhos era o desejo da santidade. Era este o ideal para o qual convergiam todos os esforços do seu amor materno esclarecido. Quando iam para o colégio, aconselhava-os sempre e muitas vezes por escrito em bi­lhetes:

"Recebe a Sagrada Comunhão todos os dias, tendo o cuidado de fazer antes e depois as orações próprias pelo livro ... "

"Esforça-te por teres sempre as melhores notas, para a sa­tisfação de teus mestres e de tua mãe ... "

"Obedece com alegria, vendo a Deus em teus superiores ... Lembra-te, meu filho que tudo o que fizeres por obediência tem muito maior valor do que se fosse por tua vontade ... "

"Procura dar prazer a todos, ajudar a todos em tudo o que puderes. As menores provas de agrado, os menores atos de bon­dade para com qualquer pessoa, por amor de Deus, são de um valor imenso ... "

"Que imenso é meu amor por ti! E a minha aspiração pelo bem!"

Zélia concorreu muitíssimo para a vocação dos filhos, mas concorreu sobretudo pelas orações incessantes, por esse amor su­blime em que almejava ofertar a Jesus o holocausto de si mesma e dos seres que lhe eram mais caros ainda do que a própria vida. Jamais, porém, uma palavra, um gesto que parecessem impedir, embora de longe, a plena liberdade que por direito natural deve ter o jovem de escolher o seu futuro.

E, assim, essa mãe exultava de júbilo sobrenatural ao ver um a um todos os frutos de seu amor se decidirem pela vida religiosa.

Esta alma perfeita havia entregue ao Senhor todos os seus filhos, mas Deus quis mais, quis que ela completasse o holocausto, passando os últimos dias da vida junto ao Sacrário, em união mais intima com a Hóstia Sagrada.

Foi só nove anos depois de viúva que Zélia pôde efetuar o santo desejo de sua juventude, que permanecera como suspenso pelo matrimônio, e voltou então com maior intensidade na velhi­ce. Escrevia aos filhos: "Tenho compreendido como é perfeito o caminho da obediência, e, se é o que segues, meu filho querido, porque não hei de seguí-lo também, para assim andarmos jun­tos?" "Não é justo, meu filho, que, tendo trabalhado durante anos passe o resto de minha vida junto de Jesus Sacramentado?".

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Antes de recolher-se ao convento, Zélia quis despedir-se de todos os seus filhos, indo por isso à Argentina e ao Norte do Brasil. De volta, vendeu e distribuiu em esmolas os bens que possuia e foi bater inteiramente pobre à porta da casa de Deus. No convento Zélia, ou Irmã Maria do SS. Sacramento, foi a no­viça mais fervorosa, o exemplo vivo de todas as virtudes. Não se lhe notava um defeito; essa senhora, habituada, durante toda a sua vida a dispor livremente de seus haveres, a dirigir sua casa e grande número de servidores, tornou-se a serva mais hu­milde e obediente em tudo.

Não durou muito tempo mais, porém, sua vida na terra. Aco­metida de grave enfermidade, que aceitou com alegria, renovando o seu abandono nas mãos de Deus, abraçava os filhos que a assis­tiam e lhes repetia: "Meus filhos, lembrem-se sempre que o úni­co desejo de sua mãe, durante toda a vida, foi que vocês sejam santos; vou agora abraçar seu pai que lá no céu me espera, e juntos esperaremos por vocês para louvarmos a Deus eternamen­te e agradecer-lhe tanta misericórdia" - "Vejam como morro feliz por amar a Deus!"

Os filhos choravam, mas sentiam-se jubilosos por terem uma tal mãe e por estarem persuadidos de que esta mãe ideal muito em breve iria gozar da bemaventurança.

Invocada com frequência, a Irmã Zélia começou desde logo a alcançar de Deus inúmeras graças, que talvez mais tarde se pu­bliquem. Rezemos, todavia, a fim de que, se for da vontade de Deus, a Santa Igreja inicie muito em breve o processo para o re­conhecimento oficial das virtudes da Irmã Zélia.

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JUNTOS DIANTE DE DEUS

(Da Carta Mensal Internacional)

Quando os filhos crescem, em geral começam as dificuldades com a oração em família ... Eis o testemunho de um casal que não se conformou e vem tentando contornar o problema. Gostaria­mos de abrir com vocês um debate sobre o as­sunto. Escrevam-nos !

Para nós, o lar é a célula fundamental da Igreja - por isso, durante muitos anos, fizemos a oração em família, sob várias formas.

Um belo dia, porém, um dos nossos filhos resolveu desapa­recer, discretamente, na hora da oração. Depois, outro deles começou a faltar - sumiu durante uns tempos, depois voltou, para depois sumir novamente. Outros dois deixaram de parti­cipar de uma vez.

Não mais nos sentimos à vontade e começamos a nos per­guntar se a oração, hora do encontro dos filhos de Deus com o Pai, não se estava tornando a hora da ruptura da célula fa­miliar, a hora em que, ostensivamente, nos dividíamos ... E co­meçamos a pensar no que havíamos de fazer.

Em nome de Deus, presente em nossos corações, procura­mos com humildade uma solução para preservar a unidade fa­miliar nesse momento que segue o nosso jantar. Tentamos fazer dele a hora do diálogo, quando cada um fala à vontade, quando nos abandonamos à alegria de estar juntos. Demoramo-nos pro­positadamente - eu para tirar a mesa, meu marido para levan­tar-se - e ficamos ali com eles.

Esta hora evoca agora para mim aquele momento de silên­cio após a comunhão na missa, quando, uma vez tomada a re­feição em comum, permanecemos ao mesmo tempo juntos e livres diante do Pai. t= a hora em que, silenciosamente dentro do meu coração, dou graças a Deus por esse amor aue nos une, em que ofereço a Ele cada um dos meus filhos, assim mesmo como são, dizendo-lhe: "Senhor, fiz o que pude - agora é a Sua vez!".

Em nome do amor e do respeito que temos por cada um dos nossos filhos, é no momento a melhor maneira que conse­guimos descobrir para por em prática a oração familiar, esse meio de aperfeiçoamento que nós mesmos resolvemos impor-nos através das Equipes.

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UMA ORAÇÃO EM FAMfLIA

Traduzimos, da nova Edição da Carta Men-sal Equipes Novas, este texto, de autoria do Pa- • dre Duval, jesuíta francês muito conhecido na Europa por suas canções.

Eu era o quinto de uma família de nove filhos. Antes de mim havia Lúcia, Maria, Helena, Marcelo; depois de mim, Renata, Rai­munda, Suzana, André. Nessa família não me ensinaram uma pie­dade expansiva e demonstrativa. Só havia, diariamente, a oração da noite, feita em comum; mas disto eu me recordo bem e me re­cordarei até a minha morte.

Minha irmã Helena recitava as orações, longas demais para crianças (15 minutos). Ela corria, embrulhava, encurtava ... até a hora em que meu pai lhe dizia: "Recomeça". Aprendi assim que era preciso conversar com Deus lentamente, com seriedade e pa­ciente delicadeza.

O que hoje me comove é a lembrança da atitude de meu pai. Ele que estava sempre cansado, pois tinha trabalhado na roça ou carregado lenha o dia todo, ele que não tinha receio de se mos­trar fatigado ao voltar do trabalho, eis que, depois do jantar, pu­nha-se de joelhos, os braços apoiados no espaldar de uma ca­deira, a cabeça entre as mãos, sem um olhar para os filhos reu­nidos à sua volta, sem um movimento, sem tossir, sem se impa­cientar.

E eu pensava: "Meu pai, que é tão forte, que manda na sua casa e é dono dos seus bois, meu pai, que não se abate ante as re­viravoltas da sorte e não se acanha diante das autoridades, nem dos ricos, nem dos espertos ... como ele se faz pequenino diante de Deus! Na verdade, ele se transforma quando fala com Deus. O Bom Deus deve ser bem grande, com certeza, para que meu pai se po­nha de joelhos diante dele, e muito de casa, também, para que lhe fale com a sua roupa de trabalho ... "

Quanto à minha mãe, nunca a vi de joelhos. Por demais can­sada, ficava sentada no meio do quarto, o último dos filhos no colo, a saia cobrindo-lhe os pés, os longos cabelos castanhos caindo so­bre os ombros e os garotos todos nela apoiados. Acompanhava com os lábios as orações todas, sem perder uma palavra. O mais curioso

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l t.

é que não parava de nos olhar, a cada um, por sua vez, demorando mais tempo o seu olhar sobre os menores. Ela nos olhava, mas nunca dizia nada. Mesmo quando os pequenos se agitavam ou co­chichavam, mesmo quando os trovões pareciam estourar sobre a casa, mesmo quando o gato derrubava uma panela ...

E eu pensava: "Com certeza, Deus é muito amigo para que se possa conversar com ele tendo urna criança nos braços e sem mes­mo tirar o avental. Com certeza, Deus é alguém muito impor­tante para que o gato e os trovões não tenham a menor impor­tância ... "

As mãos de meu pai, os lábios de minha mãe, ensinaram-me muito mais sobre Deus do que meu catecismo. Ele é Alguém. Al­guém muito próximo. E só se conversa bem com ele depois que se trabalhou.

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PREPARANDO OS LARES FUTUROS

(Do Boletim de Ribeirão Preto)

Eles estão chegando ... Vêm de mãos dadas, sorrisos nos lábios, aconchegados, porém um pouco ressabiados ... Como Lúcio diz, es­tão de " bico torto" (para a gente).

Entram aos pares e são recebidos de coração aberto por nós que já lhes fazemos crachás e procuramos quebrar o gelo, a re­serva .

É o primeiro contato. Nós nos apresentamos e apresentamos, em perspectiva, o que serão os encontros de noivos. "Vocês con­versarão em grupos, nós os orientaremos, tendo como alicerce nossa experiência, nossa vida que, por obra e graça de Deus, está sendo trilhada nos seus caminhos . . . Quando os encontros termi­narem, nós lhes garantimos, verão que valeu a pena".

E assim dizendo, e assim fazendo, damos início ao curso de noivos.

Cada encontro, um deslumbramento. É aquela noiva que lidera o grupo ... é aquele rapaz que, comovido, nos diz que nunca pensara naquelas coisas que estão sendo descobertas ... é aquele que es­creve no rodapé da folha de respostas: Aprendi muito hoje, obrigado!

E, à medida que os encontros prosseguem, o amor cresce ... deles para a gente, da gente para eles, e do grupo relator entre si. No 39 encontro, já sabemos os nomes de muitos deles, que aprovei­tam o final para prosseguir o "papo'', para esclarecer dúvidas!

A evangelização é objetivo secundário nestes encontros; en­tretanto, como de um crescimento humano pode decorrer o outro, espiritual, a gente viu, maravilhada, rapazes que procuraram o vigário para a sua primeira eucaristia, e outros para o batismo!

Mas, este clima só se consegue quando a equipe de serviço trabalha unida, quando se prepara para o encontro com os noivos, quando dá, então, o melhor de si. Claro está que estes encontros não são garantia de felicidade conjugal, mas são, isto sim, mais uma arma, mais um trunfo a favor desta felicidade.

Se vocês ainda não fazem nenhum apostolado, este é um que incumbe ao equipista fazer (cc. PAULO VI). E sentirão, como nós,

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a alegria de servir, a alegria de ser úteis. É de famílias santas, boas, que depende um mundo melhor. E nós equipistas não podemos guardar só para nós a riqueza que descobrimos em nossas equipes, nas noites de Encontro, no "Domingo a dois", na presença do sacerdote em nossas reuniões.

Alguns pensarão: falta-me jeito. Para mim, a primeira expe­riência - no tempo da salivação, quando a gente ficava falando aos noivos, tal qual um professor - foi até engraçada. A voz tre­mia, sentia-me perdida, precisava falar alto para disfarçar o tremor. Que horror! Mas consegui vencer-me e hoje é com naturalidade que nós falamos a êles.

Que cada um de nós se examine diante de Deus, em sincero dever-de-sentar-se, para poder avaliar seu próprio crescimento espiritual, no amor, e sua contribuição para a melhoria de outras famílias. Famílias santas, santificando famílias, eis o que pre­tende nosso Movimento, num dinamismo que suporta fraquezas, jamais porém a apatia, indiferença e covardia.

(Do Boletim de Ribeirão Preto)

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TESTEMUNHO

ESTUDANDO "0 ESPIRITO E AS GRANDES LINHAS DO MOVIMENTO"

Já estudamos os Estatutos uma porção de vezes, rião só dentro de nossa equipe, mas para preparar palestras e conferências. E po­demos dar o nosso testemunho de que toda vez que os estudamos descobrimos algo de novo ou determinado aspecto se apresenta sob nova luz, em novo enfoque, ou desperta novas pistas. Sempre traz como fruto uma melhor conscientização.

Neste novo estudo, a rememorização dos textos da Lumen Gentium, trouxe-nos um apelo para um esforço de melhor vivên­cia da dignidade entusiasmante e da responsabilidade fecunda a que fomos chamados. A frase já conhecida de Pio XI: "os cônju­ges se ajudem reciprocamente em formar e aperfeiçoar neles cada dia mais o homem interior" apresentou-se como uma luz nova, despertando-nos talvez da letargia, pois o casamento nos exige a cada dia um esforço lúcido de "ação conjunta a dois em todos os planos da vida" para que o homem interior cresça dentro de nós.

Uma outra coisa que surgiu quase como uma surpresa foi a melhor conscientização de uma palavra que a torto e direito esta­mos a repetir: movimento. A repetição talvez tenha banalizado a palavra e nos fez esquecer que movimento implica em "progresso", caminhar constante ... força ... energia, dinamismo ... passo à frente ... participação na vida e na missão da Igreja peregrina.

Quando há 18 anos entramos para as equipes já tínhamos este ideal . Os primeiros anos de casamento fizeram com que fôs­semos nos acomodando e imperceptivelmente nos considerando auto-suficientes. A equipe foi um novo despertar para o ideal que desde os tempos de namoro almejávamos. E um despertar que a vida da Equipe mantém vivo ao longo destes 18 anos. Como?

É difícil dizer em poucas palavras ou de forma esquemática recordar uma experiência tão longa e tão rica. A amizade, os tes­temunhos, o suportar-se mutuamente, o descobrir paulatino da mensagem de Deus através de uma palavra dita aqui ou ali, do es­tudo do tema, dos retiros, das conversas pessoais, no auxílio mútuo, nas orações, na maneira de ser de cada um, nos exemplos das difi­culdades vencidas, nas muitas palavras de nossos assistentes ... enfim tantas causas e tão ricas que a gente aceita como normais sem tomar uma consciencia mais profunda do apoio que elas nos dão.

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PROBLEMAS DE UMA PROFESSORINHA

Tendo terminado a faculdade e se formado em pedagogia, nossa filha, de 22 anos, se propôs a trabalhar. Devido à falta da prática exigida para ser aceita em qualquer colocação, conseguiu com grande esforço uma vaga de professora primária, numa escola de meninos e meninas pobres, anexa a um colégio de crianças mais afortunadas, que cobrem as despesas da parte gratuita. São crian­ças vindas de lares muito simples, ond.e a cultura é muito rudimen­tar ou nula. Não era bem o que ela desejava, cheia que estava de altos ideais pedagógicos e orientadores. Apesar de ter grande per­sonalidade, ou por isto mesmo, a tudo se submeteu.

Desde o começo encontrou grandes dificuldades. Deram-lhe a classe mais difícil: 19 ano primário C, aquela em que se misturam crianças carentes de qualquer habilidade para aprender, carentes de compreensão em casa, que por qualquer motivo apanham dos pais, e carentes de alimentação, pois, como recebem merenda no colégio, os pais acham econômico e desnecessário dar-lhes almoço em casa. Como não há jardim da infância nem pré-primário, e a classe ainda conta com os repetentes, encontrou ela a classe mais heterogênea e insubordinada que se pode imaginar. As professoras mais velhas já haviam pegado as classes melhores e deixado aquela para a "novata".

Todos os dias chegava cansada e desalentada. Não conseguia sequer impor disciplina à classe, e muito menos ensinar qualquer coisa. Achava-se grandemente frustrada.

Ficamos ansiosos, sem querer influir muito na decisão de nossa filha: continuar ou largar. Se era desejável que trabalhasse, não era indispensável. Diariamente nos púnhamos a par das ocorrên­cias do colégio. As crianças não apresentavam melhoras e a situa­ção era insustentável. Acresce que ela ainda não tinha podido pro­var que era capaz perante a própria direção do colégio. Muitas vezes chegava quase ao ponto de explodir em lágrimas e abandonar tudo. Por fazermos parte das Equipes de Nossa Senhora e por graça de Deus nossos filhos têm fé e seguem a religião. Ao partir para a escola, dizia ela para mim: -Reza para hoje ir melhor, mamãe!

Relatou o fato à diretoria, e pediu que pessoalmente verificas­sem a situação. A orientadora acompanhou um dia a aula e per­guntou-lhe que solução propunha para uma classe tão problemá­tica. Sugeriu ela um remanejamento das classes, pois havia três 19s anos bem heterogêneos. Reuniu-se com as outras duas profes-

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soras e dividiram as crianças em fracos, médios e mais adiantados. Ficou ela com os mais fracos. Aqueles que nem sabiam segurar um lápis.

A situação melhorou um pouco, mas a luta continuou árdua. As crianças já haviam se desmandado e perdido a noção de disci­plina e obediência à professora.

O primeiro passo seria acalmá-las. Levou ela uma vitrola e •.!alocou músicas suaves, e procurou dialogar com as crianças. Tudo P.m vão. As melhoras eram muito lentas, quase nulas. O programa extenso e muito tempo já perdido.

Certo dia tive ocasião de ler uma experiência em uma Carta Mensal de Portugal. Achei interessante um testemunho que li de uma professora, que fazia suas crianças meditarem no início das autas, antes de começarem as lições. E isso as acalmava muito, e as predispunha a um melhor aproveitamento.

Dei a milha filha o artigo, dizendo que eu acreditava muito no poder da oração, e que Cristo sempre pregava, que "onde duas ou mais pessoas se reunirem em seu nome ... " - e ela própria com­pletou, com uma pontinha de impaciência: - "Já sei, Cristo estará no meio delas". Não acreditei muito que ela tentasse a experiência. e: vendo a Carta Mensal portuguesa sobre seus trabalhos guardei-a. Não pensei mais no artigo. Apenas rezei pelt~ minha filha. Talvez mesmo não estivesse muito convicta de que esta experiência fosse realizável em pleno século XX, e com crianças tão pequenas, en­tre 6 e 7 anos, frutos de uma cidade grande, onde muitas vezes Deus não tem lugar.

Qual não foi minha surpresa quando, uns dez dias depois, minha filha chegou com os olhos brilhantes de entusiasmo: - Mamãe, imagine o que aconteceu: tenho feito meditação com as crianças, e elas tiveram melhora em tudo. Estão mais calmas e disciplinadas, já conseguem fazer as tarefas. Quando entramos em classe, fazemos a meditação. Abaixam-se as cabecinhas e ficam recolhidas. Eu falo um pouco do Menino Jesus, e de Deus, e no fim sempre pergunto se querem rezar por alguma cousa. E as intenções aparecem.

- Pra minha mãe que vai ser "perada" amanhã!

- Pelo meu irmãozinho que nasceu!

- Pra rezar - diz outra, sem muito sentido.

E continuam calminhas, e já conseguimos bons trabalhos. Já não preciso gritar em classe.

-Mas isto é maravilhoso! -disse. É uma prova da presença de Deus num mundo em que a fé anda tão esquecida!

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-E tem mais- continuou- quando medito com elas, ficam sossegadas, e tudo corre melhor. Quando quero aproveitar aquele tempinho de silêncio e paz para adiantar os trabalhos do dia, elas se alvoroçam e não dá certo. É preciso que me una a elas, mesmo no silêncio. Em seguida fazem-me perguntas, às quais vou res­pondendo:

- Como a gente sabe que Deus existe se não vemos ele?

-Eu falo com ele, e ele não responde!

-Eu rezo assim mesmo, ele é Deus, ué!

-O que é alma?- e assim por diante. Mas hoje aconteceu-me o máximo! Após uns minutos de meditação, percebi que havia es­quecido as pastas de material na sala dos professores. Tinha que ir buscá-las. Pedi à classe que continuasse a pensar no Menino Jesus, que eu logo voltaria com as pastas. Deixei-os sozinhos. Por cúmulo topei no corredor com a orientadora mais exigente, que es­tranhou ver-me àquela hora no corredor. Perguntou-me:

- Sua classe está na aula de música?

- Não - respondi, meio apressada. - Então na aula de ginástica? - Também não. É que esqueci as pastas e vou pegá-las de-

pressa. As crianças estão sozinhas, mas estão bem. Estão medi­tando.

- Meditando? - exclamou a orientadora no máximo do es­panto, e correu para a classe.

Lá estavam as 29 criancinhas, recolhidas e quietas. A orienta­dora arregalou os olhos, mal crendo no que via. Tão interessada ficou que permaneceu na classe a tarde inteira. E por sorte, nunca aqueles demoninhos estiveram tão quietos e disciplinados.

No fim da aula, a orientadora falou-me com voz dura: -Muito bem, se alguma criança sair pela janela, você será a

responsável! - e vendo meu espanto ao olhar para a janela, pen­sando como uma criança poderia passar pelas grades das janelas basculantes, sem compreender a observação, acrescentou, rindo do meu susto- É isto mesmo, se alguma criança entrar em levitação e sair pela janela a fora, é sua a culpa. Rimo-nos as duas, eu ali­viada. Ela me cumprimentou pelos progressos. Estou tão feliz!

A situação melhorou muito, o trabalho prossegue com progres­sos, embora com esforços. E ela já conta com a confiança de seus diretores.

Que Deus abençoe nossa filha, que consiga sempre encontrá-Lo nas horas difíceis da vida. Que nunca perca esta fé tão viva com a qual Deus, em sua bondade infinita, a contemplou.

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VISITA

À CATEDRAL

DE BRASILIA

De repente, sentimos inundados os nossos olhos, a nossa alma, àe uma claridade tão intensa que mal podíamos acreditar.

Saídos de uma rampa escura, com muros negros, sem qualquer iluminação, sentimo-nos como que saindo das tribulações, das an­gústias, das responsabilidades, para um lugar repousante, claro, tranquilo, divino, onde o mármore branco se destaca no chão e a toda a volta.

Ao olharmos para o alto, outra visão de encantamento: o céu, extraordinariamente azul, sobre nossas cabeças, (o teto é todo en­vidraçado), anjos como que descendo do mesmo céu. Os raios de sol, inundando toda a catedral. Desde o chão erguem-se colunas, que se unem no alto, representando cada uma um Estado do Brasil, todos unidos, como em prece, voltados para o Altíssimo.

Depois de uma prece, continuamos a nossa visita.

O Batistério é algo à parte, não só na localização, é óbvio, mas na sua concepção. Quem já viu as fotos externas da Catedral, cer­tamente deve ter notado, além dos quatro evangelistas, à entrada, uma massa de pedra de forma arredondada. Pois bem, lá embaixo, está o local do Batismo, mergulhado em escuridão. Uma enorme piscina aguarda o neo-cristão, que após a cerimonia do Batismo passa por um corredor escuro e chega ao Templo. Como que saindo das trevas para a luz!

Verificamos então, que estávamos diante de uma obra toda cal­cada em simbolismos. Dia virá, daqui a alguns séculos, em que, ao se contar a história da catedral de Brasília e toda a sua concepção, alguns ficarão maravilhados, a exemplo do que acontece quando se visitam as grandes catedrais do mundo.

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EXTRATOS DOS BOLETINS E NOTICIAS DOS SETORES

A Equipe NC? 1, de Campinas, 17 anos depois

5 de maio de 1955. Éramos cinco casais e estávamos ansiosos, pois não se tratava de uma reunião social, comum, como aquelas a que estávamos acostumados. Sentíamos isso no ar. O motivo era a vinda de dois equipistas de São Paulo, ligados por amizade a alguns de nós; traziam para nós a boa nova do Movimento das Equipes de Nossa Senhora.

Mal sabíamos que naquela noite, enquanto ouvíamos deslum­brados, entre ansiosos e temerosos, os testemunhos daqueles dois amigos, estava sendo lançada a semente de um grande Movimen­to em Campinas. Estava sendo formada a equipe n.0 12 de São Paulo, mais tarde a equipe n.0 1 do nosso Setor.

Quantos problemas, quantas dificuldades tivemos que enfren­tar! Casais saiam, casais entravam ... O assistente não ficou entusias­mado como nós e foi então substituido.

Mas o tempo foi passando e, com a ajuda e a graça de Deus, fomos vencendo um a um todos os obstáculos e somos hoje gratos à bondade infinita do Pai, por nos ter mantido fiéis ao Movimento das Equipes. Somos apenas dois casais remanescentes daquele pri­meiro grupo, mas temos a ventura de contemplar hoje, 17 anos de­pois, esse Movimento maravilhoso que abriga mais de uma centena de casais em Campinas, casais corajosos, sequiosos de Deus e em busca de uma maior perfeição de sua vida cristã.

Temos também a grande graça de ter no meio de nós Assisten­tes amigos a nos incentivar no caminho ao qual nos propuzemos, a nos orientar e auxiliar nos nossos trabalhos apostólicos.

A semente lançada naquela noite distante, vingou, germinou, cresceu, tornou-se árvore frondosa e produziu abundantes frutos. É por isso que acreditamos no Movimento das Equipes de Nossa Se­nhora e o amamos profundamente. Nesses 17 anos temos tido a oportunidade de testemunhar que nas Equipes se aprendem as grandezas do nosso Sacramento, o amor fraterno e o auxílio mútuo. E, hoje, lançando um olhar para trás, sentimo-nos mais abertos para o próximo e mais abertos para Deus.

Podemos dizer sem receio que a equipe n9 1 é hoje uma comu­nidade viva de amor fraterno, fortalecida e solidificada pelos per­calços e dificuldades por que passou.

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Poema depois de um retiro (do "Equipetrópolis"}

Companheira, dê-me a mão, temos pressa, a estrada da vida está chegando ao fim e ainda precisamos encontrar Cristo.

O tempo está correndo e nós na cegueira do egoísmo e ambição não O vimos; emudecidos pelo orgulho, negamos-Lhe o diálogo.

No ambiente sadio e tranquilo de um retiro espiritual sentimos os efeitos da reflexão: - oportunidades perdidas - fechados em nós mesmos estivéramos surdos aos convites e apelos para acom­panhá-Lo.

Sentimos o vislumbre da eternidade e mal demos os primeiros passos no caminho por Ele traçado. Como bom Pai não perde Ele a esperança de ver os filhos no caminho certo, com paciência e amor procura meios para despertar-nos e trazer-nos para o seu convívio e proteção.

Muitos casais como nós que se encontravam no último retiro dispersos pelos jardins e dependências do convento, fazendo a dois profundas meditações, devem ter sentido a sensação de que aquela era mais uma oportunidade oferecida para Dele nos aproximarmos.

Passados vários dias ainda é sensível em nosso espírito agrade­cido, o calor do carinho com que fomos tratados pelos dirigentes e companheiros com mais vivência da Equipe. As palestras nos enri­queceram e abriram novas perspectivas para estudos e pesquisas.

Companheira, dê-me a mão, precisamos correr, não como antes sem rumo, apreensivos e insatisfeitos, mas com fé, esperança e sa­bendo onde encontrá-Lo.

Os caminhos que nos levarão à Sua presença, sabemos que são difíceis, muito difíceis; os obstáculos são muitos, as asperezas do terreno exigem muita fé e convicção.

Companheira, dê-me a mão; juntos, por amor a Ele, aceitemos o desafio.

Cinquentenário dos Salvatorianos em Jundiaí

Neste ano, comemora-se o jubileu de ouro da chegada dos Pa­dres Salvatorianos a Jundiaí. São cinquenta anos de lutas, sacrifí­cios, vitórias. E uma comunidade inteira, agradecida, bendiz aquele longínguo 1922, quando aqui chegaram, vindos do Rio de Janeiro, os Padres Eucario Maria Merker e Vicente Hirschle.

Fazendo coro às manifestações de gratidão, as Equipes de Nossa Senhora prazerosamente vêm juntar as suas vozes à daquela mul­tidão de favorecidos pelos cinquenta anos de atuação entre nós dos Salvatorianos.

É com imensa satisfação que registramos, nesta oportunidade,

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nossas congratulações a esses zelosos pastores de almas. E é com conhecimento de causa que o fazemos, pois foi graças ao apoio deles que em 1962 surgia por estas plagas a primeira Equipe de Nossa Senhora. A semente lançada começou a dar frutos, novas equipes foram surgindo, contando sempre com a assistência de um deles.

Hoje somos mais de uma centena de casais equipistas, com qua­se 20 equipes em funcionamento. Várias delas são assistidas pelos dedicados sacerdotes da Vila Arens.

Neste instante de festa, é com os corações transbordantes de alegria que tornamos público nosso agradecimento a essa Comuni­dade Sacerdotal e do mais fundo de nossa alma dizemos: "Obrigado, Senhor, pelos operários que colocastes nesta messe".

Bauru - Missa mensal para equipistas e noivos

Com a participação de 48 casais de noivos, terminou dia 23 úl­timo, na Matriz de Santa Teresinha, outro Curso de Preparação para o Casamento. O encerramento se fez com missa, dedicada não só aos noivos como aos equipistas em geral, uma vez que a partir deste mês a missa de encerramento do curso de noivos tornou-se oficialmente a missa mensal coletiva dos casais das nossas ENS. Houve muitas comunhões de noivos, sendo que a nota diferente e emotiva foi a benção das alianças, com os noivos estendendo sua mão direita para ouvirem a oração e receberem a benção.

Após a missa houve a tradicional confraternização, com en­trega dos certificados, quando vários casais de noivos fizeram questão de emitir seus testemunhos.

Campinas - Curso de catequese

A Equipe de Setor insiste na participação de todos os equipistas no Curso de Catequese iniciado na segunda quinzena de Agosto, no Centro Catequético Lumen Christi. Este curso é destinado às pessoas que têm a preocupação da educação religiosa dos filhos e amigos. Será ministrado pelas Cônegas do Santo Sepulcro, sacer­dotes e leigos da Comissão Arquidiocesana de Catequese.

Missa dos equipistas

Aos sábados às 17 horas, no Centro Pio XII é celebrada a Eu­caristia pelo Padre José Antonio Bush ou Rolando Jalbert, com me­ditação comunitária da Palavra de Deus. São convidados todos os equipistas que desejam um maior aprofundamento espiritual.

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Apostolado nas Equipes de Nossa Senhora

Em breve será feito um quadro estatístico dos vários engaja­mentos apostólicos de todos os equipistas do Setor de Campinas. Muitos casais já estão trabalhando nos Encontros de Noivos, na Escola de Pais, Cursos para Batismo, Conselho Arquidiocesano de Liturgia. Curso para Casais sobre a problemática familiar. Atendi­mento no Centro de Orientação Familiar, Pilotagem de Equipes, etc .. O ideal seria se todos os equipistas estivessem a serviço dos outros!

Novas Equipes

Os candidatos ao Movimento das Equipes de Nossa Senhora­Setor Campinas, deverão participar de um retiro para casais. Neste ano de 1972 teremos mais cinco retiros que serão realizados na Chácara São Joaquim, em V alinhos.

Santos - Curso de noivos num só dia

A Faculdade de Filosofia de Santos abriu as suas portas, no dia 25 de junho, para o curso de preparação ao casamento programado pelas Equipes de Nossa Senhora. Os casais de noivos foram agru­pados em círculos para estudos e debates após as palestras, que fo­ram em número de quatro: "Aspectos psicologicos e vivências do casamento", que deu a tônica ao encontro e calou fundamente; "Vida Sexual no Casamento e orientação médica", tema profundo, cheio de calor humano e cristão; "Alguns problemas específicos do casamento", palestra cheia de motivações para os meios de aper­feiçoamento do casal, e "Aspectos Religiosos do Casamento", pelo Con. Lúcio, Conselheiro espiritual do Setor, que foi o remate de um dia rico de espiritualidade e amor fraternal. As 19 hs., reuniram-se os casais na capela e houve participação total no Banquete Euca­rístico, trazendo a todos grande alegria.

EQUIPES NOVAS

Casa Branca - Recebemos comunicação de que estão sendo lan­çadas 2 equipes novas naquela cidade.

Lins - Pilotada por Celina e Manuel, entrou para o Movi­mento a Equipe n9 3, cujo casal responsável é Jacira e Edgard Molck.

Barbosa- Eunice e Alfredo Marzagão, da Equipe no 2 de Pro­missão, estão pilotando a primeira equipe desta cidade.

Promissão- Já foi lançada a Equipe n9 4.

Caxias do Sul - Estão sendo pilotadas em Caxias equipes no­vas em número de 7 !

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DEUS CHAMOU A SI

- Antonio Marques da Costa, no dia 12 de julho. Antonio, que faleceu em desastre de automóvel quando voltava do trabalho, per­tencia com Adelaide à Equipe 84, do Setor-D de São Paulo, uma das mais novas da Capital. Dizem Natalina e Gassen, que foram o casal piloto dessa equipe: "É uma grande perda para a equipe e para o Movimento. Antonio era de uma espiritualidade contagiante, e ao mesmo tempo muito simples, sem nada de intelectualismo. Nunca faltou a uma reunião, via tudo com bons olhos- em uma palavra, era um apaixonado das Equipes." E contam que, movido pelo entusiasmo, chegou a escrever uma poesia, que aquí transcre­vemos:

ó Deus que lá das alturas V elais por nós com carrinho Nesta vida de amarguras Guiai-nos rpor bom caminho

Dai, Senhor, aos Equipistas Uma fé viva e ardente, P'ra que possam sem demora Encontrar-vos realmente.

Deus sofreu, morreu por nós, E reflitamos bem nisto Nosso lema deve ser Por Cristo, com Cristo e em Cristo.

E dentro dos mandamentos Fé, Esperança e Caridade, Vamos mostrar aos incrédulos Que Cristo é a Verdade

Avante, pois, Equipistas, Cumpramos nosso dever. Somos soldados de Cristo, Vamos lutar e vencer!

- lsidoro Moretto, da Equipe 4 de Caxias do Sul, no dia 19 de julho. Era membro, com Paulina, do órgão pensante do Setor e estava iniciando a pilotagem de uma das novas equipes de Caxias. Faleceu dormindo, em vésperas de entrar em férias, durante as quais, segundo disse no dia anterior aos seus amigos equipistas, "teria mais tempo para trabalhar pelas Equipes". Mal sabia ele que seria no Céu que doravante iria trabalhar pelo Movimento.

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A Missa de corpo presente foi uma cerimônia devéras impres­sionante. Na igreja de Na. Sra. de Lourdes, onde desenvolvia junta­mente com Paulina muitos trabalhos, inclusive de Ministro Ex­traordinário da Eucaristia, foi celebrada pelo seu filho, Pe. Ney Paulo Reitor do Seminário de Viamão, sendo concelebrantes o ar­cebispo de Porto Alegre, Cardeal D. Vicente Scherer, quatro Bis­pos e 50 sacerdotes. Ao final da Missa, quando o caixão era levado para fora do templo, coube aos equipistas, atendendo a um pedido especial de Paulina, entorem o Magnificat.

Além do filho sacerdote, lsidoro e Paulina têm mais sete fi­lhos, entre os quais Beatriz, casada com Sérgio, também equipistas e pilotos em Caxias.

- Felício Cesar da Cunha Vasconcelos, arcebispo de Ribei­rão Preto, no dia 12 de julho. É a segunda vez em dez anos que os equipistas daquela cidade perdem seu arcebispo. Também estão de luto as equipes de Florianópolis, onde D. Felício fora um bispo­coadjutor muito amigo do Movimento.

Os _que não chegaram ao conhecê-lo certamente perderam a oportunidade de um contato com uma personalidade extraordinária. D . Paulo Evaristo Arns, arcebispo de São Paulo e seu confrade na Ordem Franciscana, lembra alguns aspectos marcantes desta personalidade:

"Até o final da vida, foi homem de contemplação. Seus alu­nos em Petrópolis chegaram a fazer cálculos e somar as horas que o professor passava à frente do Tabernáculo. Não eram nunca menos de 4 a 5 horas diárias. Completamente absorto, escondido num cantinho do templo, recolhia dentro de si o mundo todo para apre­sentá-lo a Deus. Tínhamos direito de imaginar que recolhia o mundo todo, pois durante as aulas deixava entrever sua partici­pação na história real dos homens. Tanto o solicitavam que che­gava a ser literalmente devorado. E apesar disso, ou por causa disso, rezava tanto e tão intensamente.

Uma segunda característica conservou-a até o final: foi missio­nário. Viveu pregando e pregou por sua vida. Em vez de ensinar­nos grandes teorias, levava-nos para as classes, onde transmitia o amor à Pessoa de Jesus e levava-nos às igrejas, onde as suas pre­gações, tremendamente austeras, mas altamente eloquentes, pro­vocavam conversões contínuas, e por vezes retumbantes. Guardou por toda a vida o amor ao Evangelho e à envangelização dos pobres". · ,_·,

O Povo o chama de santo, e a qualificação de santo parece in­terpretar tudo quanto ouvimos e vimos com nossos olhos.

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RETIROS

Região de São Paulo - Capital

22 a 24 de setembro - em Valinhos - Frei Humberto Pereira de Almeida, o. p.

29 de setembro a 1.0 de outubro - (em silêncio) - em Barueri - Pe. Antonio Aquino, s. j.

6 a 8 de outubro -em Valinhos- Frei Estevão Nunes

27 a 29 de outubro - em Barueri - Pe. Décio Pereira

17 a 19 de novembro- em Valinhos- Pe. Mário Zuchetto e sua equipe sacerdotal

Setor de Campinas, em Valinhos

1 a 3 de setembro - Pe. Oscar Melanson

13 a 15 de outubro - Pe. Benedito Pessotto

10 a 12 de novembro - Pe. José Antonio Busch

26 a 28 de novembro - Pe. Mário Zuchetto

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~~1 ..

ORAÇÃO PARA A PRÓXIMA REUNIÃO

Neste mês de setembro de 1972, em meio aos festejos comemo­rativos do Sesquicentenário da nossa Independência, parece-nos oportuno que nos voltemos para Nossa Senhora Aparecida, Pa­droeira da nossa Pátria.

Peçamos-lhe que interceda junto ao seu Filho para que con­ceda a todos os brasileiros viverem no amor, na justiça e na paz. Que nos dê forças para trabalharmos para instaurar esse clima. Saibamos, em particular, estender a mão ao nosso irmão menos favorecido, para que possa viver uma vida mais humana e, reali­zando-se no plano material, possa desabrochar na vida espiritual.

TEXTO DE MEDITAÇAO - (Lc. 1, 39-45)

Naqueles dias, Maria se levantou e foi às pressas às monta­nhas, a uma cidade de Judá. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. E exclamou em alta voz: "Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor? Pois, assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio . Bem-aventurada és tu que crêste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas!"

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ORAÇAO LITURGICA - (Lc. 1, 46-55)

A minha alma engrandece o Senhor, exulta o meu espírito em Deus, meu Salvador!

Pôs os olhos na humildade de sua serva: doravante toda a terra cantará os meus louvores.

O Senhor fez em mim maravilhas. Santo é o seu nome.

Seu amor para sempre se estende sobre aqueles que O temem.

Demonstrando o poder de seu braço, dispersa os soberbos.

Abate os poderosos de seus tronos e eleva os humildes

Sacia de bens os famintos, despede os ricos sem nada.

Acolhe Israel seu servidor, fiel a seu amor .

E a promessa que fez a nossos pais em favor de Abraão e de seus filhos para sempre.

Glória ao Pai, ao Filho e ao Santo Espírito, desde agora e para sempre pelos séculos. Amém .

Nossa Senhora das Famílias Rogai por nós

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