Pescar em zonas comervas é um verdadeirodesafio para qualquercarpista. Os argumentostécnicos têm de vir aode cima e para mostraralguns dos aspetos maisimportantes rumámoscom Paulo Costa e o Kikoaté à Barrinha de Mira.O local é fenomenal epropício para aprender apescar num meio rico emervas aquáticas.AUTOR: PAULO COSTAIMAGENS: AUTOR E KIKO

Adespeito deserem mUltoaprecia-dos pelascarpas, os

locais com ervas têm sidoencarados na tradição do

carpfishing como um de-safio técnico extremamente

exigente. E isto acontece porvariadíssimas razões: porque amontagem pode ficar escondi-da entre as ervas não podendoassim ser localizada pela car-pa; porque as ervas levam fre-quentes vezes a desferragens emesmo a rutura de linha, dadoque as carpas instintivamentenadam em direção a elas parase protegerem, podendo ficaraí presas; porque a sondagemprévia exige muito trabalhopara descobrir zonas livres ea precisão nos lançamentostem de ser milimétrica, casocontrário o isco e a monta-

gem ficam inoperacionais.Finalmente, como é óbvio, amontagem tem de se adequar,na apresentação e no funcio-namento (como exemplificare-mos no artigo), a esta situaçãoespecífica.

"Dar a volta ao texto"Por essas e outras razões,alguns carpistas têm encaradoa presença de ervas nos lagoscomo uma praga. No entanto,a vegetação aquática é algoque as carpas apreciam muito:proporciona-lhes abrigo,sombra, refúgio, fontes dealimentação diversificadas eaté oxigena e purifica a água.Assim sendo, pescar pertodas ervas é uma aposta difícilmas cornpensadora! Onde háervas é quase certo que haverácarpas. Se existem lagos comcondições que dificultam e co-locam à prova a nossa adapta-bilidade a diferentes condiçõesde pesca a Barrinha de Mira,neste momento, é certamenteum dos locais mais exigentesnesse aspeto. Devido a algumafalta de gestão do lago e àssuas escassas profundidades,a Barrinha de Mira encontra-se densamente povoada porervas. Também resulta destaabundante presença de plantasaquáticas o facto de a água seapresentar bastante límpidae transparente. De qualquerforma é um lago pelo qualnutro muito carinho uma vezque me deu o meu atual recordem águas públicas.

A Barrinha de MiraA Barrinha de Mira localiza-seno concelho de Mira, freguesiade Praia de Mira, na proximi-dade imediata da povoaçãode Praia de Mira. Trata-se deuma lagoa de água doce, situa-da na faixa costeira, a cerca deSOO metros do litoral. Esta la-goa, pela sua localização estra-tégica face ao litoral, constituiuma área com forte potenciallúdico-turístico, principalmen-te durante a época de verão,surgindo diversas atividadese serviços, sendo a pesca umdos mais observados.Infelizmente, com o atualestado desta massa de água, ;~

o número de pescadores nasmargens tem sido escasso umavez que se torna quase impos-sível pescar com estas condi-ções sem se proceder a umapreparação prévia dos pes-queiros. Considerando todasestas condicionantes, tornou-seóbvio que o passo crítico parauma boa sessão passaria pelaseleção do pesqueiro. Comeste intuito passámos um diaa analisar meticulosamentetodo o lago, com recurso a umadas barcas locais. Escolhemosum pesqueiro a meio do lago,distando cerca de 70 metrosda margem, com cerca de 2,5metros de profundidade e quese caracterizava por ter umaárea de cerca de 5 metros deraio com menos abundânciade ervas. Retirámos algumasdas ervas maiores no acesso àmargem e estava escolhido onosso pesqueiro. Após a sele-ção do mesmo, como é natural,passámos à engodagem, queseria vital dadas as grandesdimensões deste lago. Comoseria de esperar, aproveitámoso facto de termos uma barca àdisposição para fazer umas pré-engodagens fortes compostaspor uma mistura de sementes,pellets, boilies partidas e groun-dbait (engodo). Adicionámoso groundbait, mais conhecidopor farinha de engodo, com oobjetivo de conseguir efetuaruma "limpeza" com a ajudadas nossas amigas sugadoras.Preparámos o pesqueiro duran-te duas semanas e estávamosprontos e com confiança no diada sessão. No dia da sessão, eu(Paulo Costa) e o Kiko (RogérioSilva)chegámos ao pesqueiroainda de noite, preparámos omaterial para, ao raiar do dia,estarmos prontos para iniciara pescaria. Espalhámos umapequena quantidade de boiliese acordámos que o continuarí-amos a fazer durante a sessãoà medida que as capturas sefossem sucedendo. Lançámostambém com o bait rocket umpouco da mesma mistura usadanos dias anteriores.

Os detalhes ...Relativamente às montagens,para estas condições com

Quanto ao fio a usar para osestralhos era importante seremmoles de modo a que assentassemperfeitamente em cima das ervas

muita erva, optámos por usarleadcore com safety clip que, .devido ao seu peso, permiteque a montagem afunde e nãofique pendurada nas ervas.A utilização de safety clip emervas é indispensável umavez que é importante que aschumbadas estejam levementeseguras de forma a poderemsoltar-se com facilidade.Quanto ao estralhos, optámospor estralhos longos com

cerca de 40cm com um poucode massa de tungsténio paraajudar a afundar. Destaco maisuma vez a importância deafundar bem todas as monta-gens e estralhos, a pescar emervas, para evitar que o peixese enrole nos fios suspensos.Quanto ao fio a usar para osestralhos era importante usarfios moles de modo a queassentassem perfeitamente emcima das ervas e seguissem

Na pesca em ervas ou perto de ervas, aescolha da montagem, além dos aspetosreferidos, é crucial para o sucesso da sessão.

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os seus contornos. Por essarazão, optou-se pela utilizaçãode estralhos em entrançado.No que toca aos iscos usados,o Kiko optou por usar um úni-co boilie denso no cabelo en-quanto que eu optei por iscarnuma cana uma montagem denoz-tigrada natural, equili-brada com uma falsa, e naoutra uma pop-up equUibradacom um pequeno chumbo. Oequilíbrio aqui entre a pop-upusada e o chumbo é realmentemuito importante. Este devepermitir que a pop-up desçamuito devagar de modo aassentar suavemente no topodas ervas. Consequentemente,é indispensável perder algumtempo a testar este equilí-brio de modo a descobrirqual a quantidade mínimade chumbo necessária paraafundar levemente a pop-up.Esta última apresentaçãorevelou-se a grande vencedorada sessão capturando seis dossete peixes conseguidos.

Estratégia alternativaOutra estratégia usada, impor-tante para a pesca em ervas, éa utilização de uma pequenaporção de espuma de PVA noanzol, denominada de pop upfoam, de forma a evitar que asmontagens se cravem na erva

Quanto ao estralhos, optamos porestralhos longos com cerca de40cm com um pouco de massa detungsténio para ajudar a afundar

(prejudicando ou anulando opoder de ferragem do anzol)aquando do lançamento. Estaderreterá momentos após aentrada na água.Quanto às capturas, como jáfoi referido, a montagem coma pop-up foi a que deu maisresultados. Infelizmente, sóconseguimos capturar peixesde calibre não muito grande,a rondar os 4kg em média. OKiko, apesar de nesta sessãoter capturado menos peixe,acabou por ser compensadocom o maior da sessão. Os pei-xes apresentavam-se saudáveise com ótimas cores e propor-cionaram belos momentosde luta, sempre dificultadapelos inúmeros tufos de ervaexistentes.

Um dia bem passadoFoi realmente um dia bem pas-

sado em boa companhia, comuma sessão em condições nãomuito comuns, que mesmoassim ainda resultou na captu-ra de alguns peixes, apesar deestarem longe do calibre dospeixes a que esta lagoa já noshabituou. Neste momento, a