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ACUPUNTURA CLÁSSICA CHINESA Tom Sintan Wen

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  • ACUPUNTURA CLSSICA CHINESA

    Tom Sintan Wen

  • DR. TOM SINTAN WEN

    ACUPUNTURA CLSSICA CHINESA

    EDITORA CULTRIX

  • Copyright (c) 1985 Dr. Tom Sintan Wen

    Direitos reservados EDITORA CULTRIX LTDA.

    Rua Dr. Mrio Vicente, 374 - 04270 So Paulo, SP - Fone: 63 3141

  • SUMRIO

    Prefcio, 7

    I. Introduo, 9

    II. s Teorias Bsicas da Medicina Chinesa, 18 Teoria do Yin-Yang, 18 Teoria dos cinco elementos, 21 Teoria dos meridianos, 25

    III. Os Pontos de Diagnstico e os Tratamentos da Medicina Chinesa, 30 Os quatro procedimentos do diagnstico, 31 Os oito critrios na classificao das sndromes, 39 Diferencial das sndromes dos seis fatores, 42

    IV. Meridianos Ordinrios, 47 Os pontos da Acupuntura, 47 O meridiano do pulmo, 50 O meridiano do intestino grosso, 54 O meridiano do estmago, 61 O meridiano do bao-pncreas, 73 O meridiano do corao, 79 O meridiano do intestino delgado, 83 O meridiano da bexiga, 89 O meridiano dos rins, 102 O meridiano do pericrdio, 110 O meridiano do triplo-aquecedor, 113 O meridiano da vescula biliar, 119 O meridiano do fgado, 130

    V. Meridianos Extraordinrios, 136 Du-Mai (O meridiano do governador), 136

  • Ren-Mai (O meridiano da vasoconcepo), 143 Chong-Mai (O meridiano da vitalidade), 149 Dai-mai (O meridiano da cintura), 149 Yinchiao-Mai (O meridiano da motilidade de Yin), 149 Yangchiao-Mai (O meridiano da motilidade de Yang), 153 Yinwei-Mai (O meridiano regular de Yin), 153 Yangwei-Mai (O meridiano regular de Yang), 157

    VI. Pontos Extrameridianos, 158 Nas regies da cabea e nuca, 158 Na regio traco-abdominal, 165 Na regio dorso-lombar, 167 Na regio dos membros superiores, 174 Na regio dos membros inferiores, 177

    VII. Pontos Onde no se Devem Aplicar Agulhas ou Moxibusto, 184

    VIII. Auriculoterapia, 186 Anatomia do pavilho auricular, 186 Distribuio dos pontos na orelha, 187 Funes dos pontos auriculares, 191 Mtodos de localizao dos pontos na orelha, 193 Tcnica da aplicao, 194 Observaes e cuidados, 194

    IX. Aplicaes Atravs da Acupuntura, 196 Aplicao de agulhas, 196 Aplicao da moxa, 201 Aplicao da ventosa, 204

    X. Princpios de Tratamento, 207 Conceitos gerais, 207 Princpio de seleo dos pontos, 207 Mtodos de combinao dos pontos, 208 As experincias em tratamentos nos documentos histricos, 218

  • Prefcio

    Assim que cheguei ao Brasil, observei que j existia aqui uma razovel quantidade de livros sobre Acupuntura. No entanto, faltava a essa bibliografia estudos mais profundos sobre diagnstico e seleo de pontos de tratamento. Acreditando no real valor da Acupuntura como uma cincia e como uma tcnica eficaz na terapia, resolvi desenvolver este trabalho procurando, assim, no s preencher a lacuna aqui existente como deixar algo de meu conheci- mento ao pas que me recebeu por oito anos.

    Assim como muitos mdicos da China moderna, eu poderia classificar minha formao profissional de ecltica. Apesar de formado em medicina ocidental, tenho ps-graduao em medicina oriental. Durante muitos anos me dediquei pesquisa e prtica nos campos da Neurocirurgia, Fisiatria e Acupuntura. Conseqentemente, com o conhecimento e a experincia que acumulei nesses dois tipos de medicina, posso visualizar o quanto seria benfico se houvesse entre elas uma maior aproximao e intercmbio.

    Reconheo que difcil para a classe mdica ocidental aceitar de imediato a medicina oriental. O fato de ela ter se originado num outro contexto histrico-social, de ter trilhado outra via de desenvolvimento e de basear-se em princpios e teorias difceis de serem comprovadas pelos parmetros da medici- na ocidental vai, aparentemente, contra toda a formao do pensamento cientfico moderno. Digo aparentemente porque acho que um dos aspectos mais importantes da atitude do pesquisador a abertura, o esprito isento de preconceitos, onde quer que esteja a busca da verdade. Qualquer trabalho norteado por essa colocao s poder ser positivo e enriquecedor.

    Pessoalmente, aps muitos anos de estudo e prtica em Acupuntura, estou absolutamente convencido no s de sua eficcia, em termos de trata- mento, como tambm do valor da teoria que lhe serve de base. Apesar de milenar, a Acupuntura uma cincia dinmica, viva e, por isso mesmo, aberta pesquisa. Sua raiz primeira encontra-se no texto clssico da antiqssima tradio chinesa. Assim, imprescindvel que todos aqueles que se interessam por essa rea de conhecimento se reportem a ele, conhecendo-o, estudando-o, analisando-o e tendo-o como quadro de referncia para todas as suas pes- quisas.

  • A Acupuntura ainda um vasto campo a ser explorado em busca de novas comprovaes. Visando a contribuir com algo de meu para esse proces- so que sei que me transcende, elaborei este manual que ofereo como instru- mento de trabalho aos meus assistentes: dr. Jorge Loo Jia Dong, dr. Leonardo Su Sih Lo, dr. Eduardo Lin I Ting e dra. Ligia Lin Jia Yen. E a todos aqueles que se dedicam Acupuntura. Aproveito tambm para agradecer a contribui- o da sra. Elizabeth Lameiro e da srta. Nobuyo Imai.

    Dr. Tom Sintan Wen

  • CAPTULO I

    INTRODUO

    A Acupuntura o conjunto de conhecimentos terico-empricos da medicina chinesa tradicional que visa terapia e cura das doenas atravs da aplicao de agulhas e de moxas, alm de outras tcnicas.

    Esta cincia surgiu na China em plena Idade da Pedra, isto , h aproximadamente 4.500 anos. No entanto, apesar de sua antigidade, conti- nua evoluindo. Com o moderno avano tecnolgico, outros instrumentos e tcnicas como o ultra-som, as radiaes infravermelhas, o raio laser e outros equipamentos vieram enriquecer seus recursos fisioterpicos.

    As recentes pesquisas cientficas muito tm contribudo para uma maior compreenso da Acupuntura. Alm dos conceitos j bem conhecidos, existem mecanismos neurolgicos e neuroendocrinolgicos; a Acupuntura tem prova- do ser eficaz em relao aos sistemas alrgico e imunolgico. Como j foi dito, apesar de ser uma cincia antiga, continua sendo um campo aberto pesquisa e a novos conhecimentos. Assim, ao longo dos anos, tem havido muita inovao relacionada com seus princpios, meridianos e pontos.

    Os conhecimentos da Acupuntura foram transmitidos de gerao em gerao. No entanto, a maior parte de sua terminologia no se enquadra dentro da nomenclatura moderna, o que restringe sua plena aceitao nos meios cientficos.

    As recentes pesquisas demonstram que as velhas frmulas e princpios da Acupuntura no foram ainda superados. Desse modo, aqueles que a praticam devem compenetrar-se de sua importncia, estudar profundamente seus ensi- namentos e diretrizes; somente assimilando-os, podero contribuir para a evoluo dessa antiga arte de curar.

    De acordo com a medicina chinesa, o tratamento atravs da Acupuntura visa normalizao dos rgos doentes por meio de um suporte funcional que exerce, assim, um efeito teraputico.

    Segundo a teoria da Acupuntura, todas as estruturas do organismo se encontram originalmente em equilbrio pela atuao das energias Yin (negati- vas) e Yang (positivas). Por exemplo: pelo princpio de Yin e Yang podem-se explicar os fenmenos que ocorrem nos rgos atravs dos conceitos de superficial e profundo, de excesso e deficincia, de calor e frio. Desse modo, se as energias Yin e Yang estiverem em perfeita harmonia, o organismo, certa-

  • mente, estar com sade. Por outro lado, um desequilbrio gerar a doena. A arte da Acupuntura visa, atravs de sua tcnica e procedimentos, a estimular os pontos reflexos que tenham a propriedade de restabelecer o equilbrio, alcan- ando-se, assim, resultados teraputicos.

    Origem e desenvolvimento da Acupuntura

    Segundo o Hwang Ti Nei Jing, escrito h cerca de 700 anos a.C., os chineses da Idade da Pedra descobriram que o aquecimento do corpo com areia ou pedra quente aliviava as dores abdominais e articulares. Essa foi a origem da moxa.

    Em vrias partes da China foram encontrados Zhem Shih agulhas de pedra que datam da Idade da Pedra. Essas agulhas diferem das de costura e, por terem sido encontradas juntamente com outros instrumentos de cura, presume-se que a Acupuntura j era conhecida e praticada naquela poca.

    No h documentos que indiquem precisamente como foi o desenvolvi- mento inicial da Acupuntura, mas sabe-se que, desde tempos remotos, esta era uma arte muito difundida entre os chineses.

    A evoluo da humanidade trouxe o aperfeioamento dessa tcnica. No incio, como vimos, as agulhas eram de pedra; hoje so de ligas de prata, de ouro ou de ao inoxidvel. Paralelamente, houve tambm um desenvolvimento no uso da moxa, que da utilizao de plantas passou para o infravermelho, ultra-som, corrente eltrica e raio laser.

    Concomitantemente, a teoria foi evoluindo do "ponto isolado" para a "teoria dos meridianos" que liga os pontos aos rgos. E esse processo continua atualmente com a descoberta de novos pontos. Historicamente, houve tambm uma expanso geogrfica da Acupuntura que, da China, se difundiu por todo o Oriente (por exemplo, durante a Dinastia Tang, 400 d.C., ela chegou ao Japo) e, mais recentemente, por todo o mundo.

    Atualmente, com o auxlio da moderna tecnologia, esto sendo feitas muitas pesquisas sobre a funo e o mecanismo de ao da Acupuntura. Os novos conhecimentos nessa rea esclareceram dvidas no campo da eletroneu- rofisiologia, estimulando futuras pesquisas.

    Documentos histricos

    Com base nos estudos arqueolgicos, possvel ter-se uma noo do desenvolvimento desta cincia desde seus primrdios at nossa era.

    I. Era do Imperador Amarelo (2704-2100 a.C.)

    Pelos escritos preservados em cascos de tartaruga, chegamos concluso de que, nessa poca, a Acupuntura no s j possua suas bases como apresentava tambm um certo nvel de desenvolvimento.

    II. Dinastia Chia, Shang, Tsou (2100-1122 a.C.) e perodo Chuen Chiou Zhan Kuo (1122-221 a.C.)

    a) Formulao do princpio do Yin-Yang, da teoria dos cinco elementos e dos meridianos. No Hwang Ti Nei Jing encontramos:

  • 1. A descrio minuciosa dos meridianos, sndromes e tratamento das doenas. 2. O nmero e o nome dos pontos dos meridianos. 3. O estabelecimento da unidade-padro de medida da superfcie do corpo e a localizao dos pontos. 4. A descrio da modalidade e maneira de usar os nove tipos de agulhas, sua aplicao e os mtodos de tonificao e disperso. 5. A indicao dos pontos importantes para cada tipo de doena, alm dos pontos proibidos e fatais. O Nan Jing, escrito por Pien Chueh, veio preencher as lacunas e deficincias do Hwang Ti Nei Jing. Outro livro, do qual se tem notcia, o Tsen Jing, foi perdido.

    b) Evoluo das agulhas.

    c) O famoso mdico Pien Chueh descreveu a ressuscitao de uma pessoa considerada j morta, pela aplicao das agulhas.

    III. Dinastias Chin, Han, Huei (221 a.C.-264 d.C.) a) Tsan Kung (180 a.C.) deixou 25 relatrios mdicos contendo descries sobre o uso das agulhas no tratamento das doenas. Alm disso, deu nome a vrios pontos dos meridianos. b) Final da Dinastia Han. Chang Tsung Jing, livro que descreve o tratamento da malria pela Acupuntu- ra, dando tambm uma noo da aplicao da moxa, alm de citar o uso concomitante de ervas e de quimioterpicos. c) Hua Tuo (141-203 d.C.), famoso cirurgio e acupunturista de sua poca, aconselhava o uso de poucos pontos, isto , somente dos essenciais. d) Pei Wong descreve a pulsologia na aplicao da Acupuntura.

    IV. Dinastias Tsin e Tang (265-959 d.C.)

    Difuso dos conhecimentos da Acupuntura para o exterior. a) Incio da Dinastia Tsin. Huang Pu Yih escreveu o Jia Yih Jing que, firmando as bases da Acupuntura, equipara-se em valor ao livro de Ling Shu. b) Incio da Dinastia Tang. Sun Su Miao escreveu Chien Jin Fang e Chien Jin Yih Fang. c) Dinastia Tsin. Kou Hung escreveu o Zhou Hou Leh Jih Fang que, contendo descries de vrios mtodos de aplicao de moxa, escreve tambm sobre a experincia adquirida atravs dos tempos. d) Hou Chuen. e) Wang Chou.

  • V. Dinastia Sung (960-1279 d.C.)

    O rei Sung Jen Tsung, ficando gravemente doente, foi curado atravs da Acupuntura. Passou, ento, a dar-lhe grande importncia. Ordenou a Wang Wei Yi, um mdico famoso, que organizasse os escritos sobre esse assunto, avaliando seus valores, criando mapas e diagramas dos meridianos presentes no corpo humano. E mandou confeccionar esttuas de bronze com os pontos e trajetos dos meridianos. a) Wang Wei escreveu Tong-Jen Shu-Xue Zhen Jiou Tu Jing. You Sun Jen escreveu Tong-Jeng Zhen Jiou Jing. b) Shi Fang Zih escreveu Min Tang Jiou Jing, somente sobre experincias da moxibusto. Sun Tseng Ho Kuan Shu, Shen Zih Tsung Lu e Zhen Jiou Men explicam os tratamentos de Acupuntura com vrias tcnicas para diversas doenas. c) Wang Zhi Zhong escreveu Zhen Jiou Tsi Shen Jing, um livro muito prtico. d) Sih Nien escreveu Pei Ji Jiou Fa falando sobre a utilizao da moxa nas doenas agudas e de emergncia. e) Sung Tou Chai escreveu o Pien Chue Chin Shu, reforando a utilidade e os efeitos da moxibusto.

    VI. Dinastia King e Yuan (1279-1365 d.C.) a) Hua Shou, tambm chamado Hua Po Jen, escreveu o Shi Sih Jing Fa Huei, desenhou mapas dos meridianos e os pontos. b) Tou Han Chiu escreveu Zhen Jiou Jih Nan, com poesias, explicando os mecanismos e as tcnicas de Acupuntura. c) Lo Tien Yih escreveu Nei Shen Pao Jien, falando sobre os fluxos dos meridianos relacionados com o tratamento das doenas. d) Huang Kuo Ruei escreveu Pien Chue Shen Yin Zhen Jiou Yu Lung Jing, enfocando as experincias dos especficos tratamentos de Acupuntura. e) Ho Juo Yu escreveu Zhe Wu Liou Zhu Zhen Jing, falando sobre seleo dos pontos nas diversas horas. f) Ma Tan Yang escreveu Tien Hsin Shi Ar Hsue, acentuando os efeitos dos doze pontos mais importantes.

    VII. Dinastia Ming (1366-1644 d.C.) a) Lee Shih Jen escreveu Chih Jing Pa Mai Kao, notando as aplicaes dos meridianos extraordinrios. b) Liu Tsuen escreveu Yi Jing Xiao Hsue, em forma de poemas. c) Kao Wu escreveu Zhen Jiou Ta Chuan, fruto da observao de muitas experincias, em poemas. d) Lee Tin escreveu Yi Hsue Ju Men, advogando o uso do menor nmero possvel de agulhas (quatro no mximo). e) Yang Jih Zhou escreveu Zhen Jiou Ta Cheng, colecionando todas as teorias, mtodos e experincias.

  • VIII. Dinastia Chin (1649-1910 d.C.)

    a) Os mdicos do Ministrio da Sade, na poca do Imperador Quen Lung, escreveram Yi Tsung Jing Jien, Chin Pien Ko Tieh e Yang Ku Tu Ming Wei etc., e colecionaram muitas teorias e experincias; foram escritos em forma de poemas. b) Fan Pei Lan escreveu Tai Yih Shen Zhen, notando os tratamentos combi- nados das ervas e moxibusto e selecionando pontos simples. c) Lee Xueh Tsuan escreveu Zhen Jiou Fung Yuan, que muito semelhante ao Zhen Jiou Ta Cheng, mas apresenta urna organizao muito melhor. d) Os governantes dessa dinastia, que dominou a China por trezentos anos, baniram a prtica da Acupuntura.

    IX. Era atual (aps 1911 d.C.)

    No nosso sculo, a Acupuntura, dotada de carter experimental e cientfico, tem atingido novos nveis de conhecimentos e tcnicas alm do reconhecimento mundial.

    Vantagens e desvantagens da Acupuntura

    A Acupuntura uma prtica que se tornou popular desde os tempos antigos na China. Sua popularidade se conservou atravs dos tempos devido simplicidade de sua teoria, aplicao e aprendizagem.

    Podemos citar os seguintes tpicos como sendo os mais indicativos no que se refere qualidade da Acupuntura: 1. Inmeras possibilidades de aplicao.

    til em qualquer doena, no importando sua localizao, oferecendo auxlio de uma maneira ou de outra em todas as faixas etrias e independente- mente do sexo, podendo ainda ser facilmente associada a outras modalidades teraputicas. Mesmo em patologias cirrgicas, a Acupuntura pode ser usada para melhorar o estado imunolgico do paciente e apressar a recuperao no perodo ps-operatrio.

    2. Diminuio do uso de medicamentos. Atualmente, o uso de drogas est se tornando abusivo, com freqentes

    intoxicaes, sem que se consigam resultados teraputicos ideais. A Acupuntu- ra regula o equilbrio do organismo, melhorando a circulao sangnea, aumentando a resistncia corprea e sendo capaz de mudar a constituio corporal; por isso, reduz ao mnimo a necessidade de drogas e aumenta a eficcia teraputica. Alm disso, constitui-se num tratamento mais econmico em relao ao tradicional mtodo da alopatia. 3. Simplicidade da instrumentao necessria.

    Muitos equipamentos mdicos so hoje difceis de transportar. A Acu- puntura utiliza materiais simples, de fcil transporte, principalmente em algumas emergncias, como o colapso, insolao ou angina pectoris. Num meio onde no h facilidades mdicas mais evidente sua utilidade.

  • 4. Segurana no tratamento. A Acupuntura uma prtica extremamente segura, exigindo apenas uma

    eficiente esterilizao das agulhas e um bom nvel tcnico do terapeuta. 5. Complementa as lacunas da medicina moderna.

    Apesar do constante progresso, a medicina moderna ainda no conseguiu resolver muitos dos problemas que atingem o ser humano, por exemplo, doenas como as espondiloses, as periartrites degenerativas, as colagenoses e outras auto-imunes. Em muitas dessas patologias, a Acupuntura, isoladamente ou associada a drogas, obtm melhores resultados. 6. mtodo auxiliar no diagnstico.

    Muitas doenas so difceis de diagnosticar. A sensao proveniente da aplicao das agulhas pode denotar alteraes neurolgicas. A localizao do processo patolgico pode tambm ser indicada pela resposta estimulao de determinados pontos, o que auxilia o diagnstico.

    Alm do mais, se a doena funcional, a Acupuntura, via de regra, traz melhoras evidentes, o que no ocorre se j houve leso orgnica; neste caso ela serve como prova teraputica.

    7. Os aspectos desfavorveis. Podemos citar dois aspectos bsicos, que consideramos desfavorveis

    Acupuntura. Primeiro, o temor despertado pelas prprias agulhas. Por isso, muitos outros mtodos de estimulao tm sido desenvolvidos na esperana de substituir as agulhas, mas infelizmente ainda no se conseguiram os mesmos efeitos que as agulhas oferecem.

    Em segundo lugar, a Acupuntura exige um longo perodo de tratamento, de perfeio e de maestria manual do terapeuta, o que requer longos anos de aprendizado.

    Conceito sobre os mecanismos da Acupuntura

    O corpo humano formado da unio de clulas que do origem aos tecidos ou rgos; estes se associam entre si e colaboram para preservar as funes de locomoo, digesto, defesa, respirao etc. As conexes entre os diversos sistemas fazem-se, de modo geral, pelo sistema nervoso, cujo centro o crebro, que controla e regula todas as funes. Assim, o organismo responde como um todo s alteraes do meio.

    Por exemplo, no calor, h vasodilatao, com aumento da sudorese na tentativa de diminuir a temperatura corprea. No frio, ocorre o contrrio, com vasoconstrio e economia do calor corporal. Se o frio excessivo, verificam- se tremores, que se destinam a gerar mais calor e a manter a homestermia e as funes celulares normais.

    Se a funo do sistema nervoso adequada, ela preserva a adaptao e a sade do organismo. Se o organismo sofre alguma leso, o sistema nervoso pode responder, atuando em vrios nveis para cont-la. Por exemplo, se h invaso bacteriana com liberao de toxinas, o sistema nervoso, para prover, meios de eliminar as bactrias e suas toxinas, reage com hipertermias, leucoci- tose, aumento da secreo de muco, tosse, nuseas, vmito.

  • Sob a direo do sistema nervoso, o organismo capaz de prover vrios mecanismos de compensao. Assim, se o corao est doente, h m circula- o. O sistema nervoso prove ento alteraes como a dilatao das coron- rias, aumentando a presso de O2 e a cardiomegalia. No caso dos rins, ocorre o mesmo: se um deficiente, o outro se hipertrofia para compensar a queda da funo.

    Por isso, um sistema nervoso em boas condies capaz de reagir a leses com reaes compensatrias capazes de devolver o estado de sade ao organismo.

    claro que h outros fatores em jogo. O grau da leso importante. Alm do mais, o sistema nervoso sofre influncia do corpo como um todo. Se o corpo estiver enfraquecido, em estado depressivo, sofrendo ansiedades etc., isso se refletir negativamente sobre o sistema nervoso.

    s vezes, as prprias reaes de adaptao, quando exacerbadas, podem piorar o estado do doente. Por exemplo, na clera, provocar a diarria visa a eliminao dos patgenos; mas, se o processo for excessivo, poder matar o paciente por desidratao. Ainda nas leses articulares, se o espasmo muscular ao redor for demasiado, pode levar isquemia e a um crculo inflamatrio vicioso.

    Alguns fatores externos no tm importncia em si, mas, ao provocarem respostas inadequadas, podem provocar o desenvolvimento da doena. Por exemplo, em pessoas alrgicas, graves crises podem ser desencadeadas por pequenas quantidades de antgenos externos. Muitas vezes, em certas patolo- gias, no se compreende o mecanismo de ao do sistema nervoso. Isso se deve carncia de conhecimentos que a medicina demonstra acerca da plenitude de ao das clulas nervosas; por isso, comum admitir-se que as clulas sempre so lesadas diretamente por agentes externos (qumicos ou bacterianos). Essas noes so incompletas. A doena o fruto da interao entre os agentes agressores e a resposta do organismo, comandada pelo sistema nervoso central; s vezes, a leso do prprio sistema nervoso e seus mecanismos de reao podem piorar a doena. Com certa freqncia, quando a leso suficientemente profunda, no se consegue o estado de equilbrio e o paciente morre.

    A Acupuntura no est voltada diretamente para os agentes agressores externos e, por isso, seu tratamento no visa apenas a tratar o local comprome- tido no corpo, mas age sobre todo o sistema nervoso, estimulando o mecanis- mo de compensao e equilbrio em todo o corpo, para com isso sanar a doena. H muitas doenas que se originam a partir da m absoro de vitaminas e cuja causa o distrbio do sistema nervoso. Nesses casos de deficincia, pode-se obter bons resultados atravs da Acupuntura, dispensan- do-se o uso das vitaminas. O mesmo ocorre com outras doenas endcrinas, ocasio em que se conseguem muitos bons resultados com a Acupuntura sem o uso de hormnios exgenos.

    Pesquisas recentes visam a entender o mecanismo de ao da Acu- puntura:

    1. A Acupuntura altera a circulao sangnea. A partir da estimulao de certos pontos, pode-se alterar a dinmica da circulao regional proveniente de microdilataes. Outros pontos promovem o relaxamento muscular, sanando o espasmo, diminuindo a inflamao e a dor.

  • 2. O estmulo de certos pontos promove a liberao de hormnios, como o cortisol e as endorfinas, promovendo a analgesia. 3. A Acupuntura ajuda a aumentar a resistncia do hospedeiro. Quando h agresso externa, alguns sistemas orgnicos so prejudicados. H uma regula- o interna para oferecer resistncia doena. A Acupuntura exacerba estes mecanismos para que em menos tempo o equilbrio e a sade sejam restabeleci- dos. Muitas pesquisas revelam ser possvel o estmulo do hipotlamo, da hipfise e de outras glndulas que atuam na recuperao. 4. A Acupuntura regula e normaliza as funes orgnicas. As diversas funes no homem so inter-relacionadas. Se h algum distrbio alterando esse inter- relacionamento, ocorre a manifestao de sintomas e a doena se estabelece. O estmulo pela Acupuntura pode dinamizar e restabelecer os relacionamen- tos anteriores e apressar a recuperao. 5. A Acupuntura promove o metabolismo. O metabolismo fundamental na manuteno da vida. Em certas condies de doena, h alterao do metabo- lismo dos diversos rgos, com conseqente prostrao e deficincia do organismo. A Acupuntura permite a recuperao desse metabolismo, impor- tante no processo de cura.

    Observaes

    Apesar de a Acupuntura produzir efeitos reais no tratamento de diversas doenas, e de seus processos terem sido esclarecidos pela pesquisa atual, ela possui caractersticas prprias que diferem, em muitos aspectos, da medicina moderna. A primeira observao a este respeito refere-se nomenclatura: as frmulas e conceitos da Acupuntura, sobre as doenas, so inteiramente diferentes dos conceitos da medicina moderna, pois resultam de uma experin- cia milenar. Conseqentemente, muitas pessoas acreditam que a Acupuntura no satisfaz as condies exigidas pela prtica cientfica, visto que seus processos teraputicos no so ainda totalmente compreendidos pela cincia atual. Esse fato tornou-a vtima da incredulidade por parte de muitos profissio- nais que, assim, lhe negam uma ateno e pesquisa mais profundas.

    Em muitas sociedades, a falta de conhecimento sobre este assunto faz com que a Acupuntura seja exercida por leigos que escapam ao controle e incorporao dos rgos oficiais das reas de sade. Por causa deste panora- ma, muitos mdicos, por temerem ser apontados como charlates, sentem-se constrangidos em buscar um intercmbio de conhecimentos com os acupuntu- ristas.

    - Pesquisas efetuadas neste ltimo ano e que estudaram a atuao da neuroatividade do sistema nervoso na gnese das doenas, podem levar a uma melhor compreenso ou mesmo a certas reformulaes nas bases tericas da medicina moderna. Assim, a Acupuntura pode, no futuro, contribuir positiva- mente para a reestruturao de determinadas partes da medicina moderna.

    A Acupuntura hoje amplamente aplicada em muitas enfermarias e tem- se demonstrado que em muitas patologias seu efeito teraputico supera o uso de drogas ou de outras modalidades de terapias, enquanto em outras doenas' seus efeitos tm-se mostrado inferiores ao uso de drogas, cirurgia e a outras formas de tratamento.

  • O princpio teraputico consiste na escolha de um mtodo eficaz, sim- ples, que seja capaz de restaurar a sade do paciente.

    A escolha da modalidade teraputica depender da patologia em si e das condies apresentadas pelo paciente.

    H muitos acupunturistas leigos que, por desconhecerem os mtodos teraputicos da medicina moderna, ou por serem da opinio que a Acupuntura capaz de tratar todos os tipos de doenas, prejudicam o paciente, privando-o de receber um tratamento mais adequado e especfico.

    Para que se possa tratar uma doena, preciso saber chegar ao seu diagnstico. O esquema teraputico deve ento ser arquitetado por um profis- sional mdico competente, que localizar o controle e os cuidados durante o perodo do tratamento. Por exemplo, no caso de doenas dolorosas, o trata- mento implica no s o controle da dor em si, mas tambm a busca e a cura de sua causa.

    A Acupuntura uma arte teraputica que deve estar entre as primeiras indicaes na teraputica de muitas patologias e deve ser exercida por mdi- cos especializados ou pessoal mdico especialmente treinado.

  • CAPTULO II

    As Teorias Bsicas da Medicina Chinesa

    Teoria do Yin-Yang

    Os fenmenos cientficos devem ser, de incio, minuciosamente observa- dos, para que, mais tarde, seja possvel desenvolver grandes teorias.

    Estes processos constam comumente de cinco etapas: 1) observao; 2) anlise; 3) suposio; 4) comprovao e 5) concluso.

    A Teoria Yin-Yang tambm passou pelo mesmo processo. Na China antiga, as primeiras observaes efetuadas levaram concluso de que a estrutura bsica do ser humano era a mesma do universo. Ento, todos os fenmenos da natureza foram classificados em dois plos opostos: o Yin (negativo) e o Yang (positivo). Aqueles que apresentam como caractersticas fora, calor, claridade, superfcie, grandeza, dureza, peso etc. pertencem ao Yang. Ao contrrio, os que apresentam caractersticas opostas s menciona- das, pertencem ao Yin.

    O esquema abaixo nos d uma idia da viso do Yin e do Yang.

    Natureza Corpo humano Caractersticas das doenas YaSol, dia, cu, ho- mem, vero, calor, sul, norte

    Superfcie (externa), re-gio dorsal, poro su-pradiafragmtica e vs-ceras energticas

    Agitada, forte, quente, seca, hiperfuncionante, aguda

    Yin

    Lua, noite, terra, mulher, inverno, frio, leste, oeste

    Regio profunda (inter-na), regio central, por-o infradiafragmtica,cinco rgos, sistemasangneo

    Calma, fraca, fria, mida, hipofuncionante, crnica

    No corpo humano h rgos de constituio mais fraca que necessitam da proteo das vrtebras e das costelas. So cinco rgos: corao, pulmo, rins e bao-pncreas. Eles pertencem ao Yin e seus pontos reflexos esto

  • localizados na regio ventral do corpo. Ao contrrio, as vsceras menos protegidas e de constituio mais forte como estmago, intestino delgado, intestino grosso, bexiga, vescula biliar e tero, so de natureza Yang.

    Os rgos que apresentam hiperfuncionalidade so classificados como Yang; os que apresentam hipofuncionalidade so classificados como Yin.

    As concluses a que os antigos chineses chegaram, atravs de estudos e observaes, so bastante significativas. Nos tratados da medicina chinesa a Teoria Yin-Yang j era extensamente explicada.

    A Teoria Yin-Yang abrange trs itens: a) Nos estados de tranqilidade, o Yin e o Yang estaro em harmonia; nos de agitao, o Yin e o Yang estaro em desequilbrio. O mesmo princpio aplica- se aos elementos; haver harmonia quando apresentarem um equilbrio entre Yin e Yang, e agitao quando houver um conflito entre Yin e Yang. b) Em nenhuma substncia observar-se- desenvolvimento e endurecimento se houver predomnio de Yin ou Yang isoladamente. c) Em certas circunstncias favorveis, o Yin poder transformar-se em Yang e o Yang em Yin. Quando o Yin est em excesso, o Yang estar em depleo. Ao contrrio, estando Yin fraco, o Yang encontrai-se- forte.

    A natureza Yin-Yang de um elemento bastante relativa. Em certas circunstncias, esses plos opostos podem modificar-se. Logo, sua natureza Yin-Yang tambm sofrer alteraes. E, como j foi dito anteriormente, em circunstncias favorveis, o Yang poder tornar-se Yin e vice-versa.

    Os tecidos e os rgos do organismo humano podem ser tanto Yin como Yang, de acordo com sua localizao e funo. Tomando o corpo humano como um todo, a cabea, a superfcie do tronco e os quatro membros, que ficam do lado externo, so Yang, enquanto os rgos Zang-Fu, que correspon- dem aos rgos e vsceras na medicina moderna, so Yin. Analisando apenas a superfcie corprea e os quatro membros, o dorso destes Yang; o abdmen e o peito so Yin. A parte lateral de um membro Yang, e seu lado medial Yin. Analisando os rgos Zang-Fu (vsceras), com sua principal funo de condu- o e digesto de alimentos, que so Yang, ao passo que os rgos (Zang), cuja principal funo armazenar e controlar a energia vital corprea, so Yin. Os rgos Zang-Fu podem ser, novamente, divididos em Yin ou Yang como, por exemplo, o Yin e o Yang dos rins, o Yin e o Yang do estmago etc. Em resumo, independentemente de seu grau de complexidade, os tecidos, estruturas e funes do organismo humano sempre podero ser generalizados e explicados pela relao Yin-Yang.

    A relao de interdependncia de Yin e Yang significa que cada um deles existe sob a dependncia da presena do outro, sendo que nenhum deles pode existir isoladamente. No teramos dia se no houvesse noite; no teramos frio se no houvesse calor. Portanto, podemos concluir que Yin e Yang esto ao mesmo tempo em oposio e em interdependncia.

    Em atividades fisiolgicas, a transformao de substncias em funo ou vice-versa, est encerrada na teoria da interdependncia da relao do Yin e do Yang. Substncias que so Yin tm funo Yang, pois a matria-prima a base do produto, enquanto que o produto reflexo da existncia da matria- prima. Apenas quando h substratos nutritivos amplos que os rgos Zang-Fu funcionaro bem. E, apenas quando temos um bom funcionamento dos rgos

  • Zang-Fu que teremos o constante estmulo para a produo de substratos nutritivos. A coordenao e o equilbrio entre a substncia e a funo so as garantias vitais das atividades fisiolgicas.

    A relao de influncia e transformao entre Yin e Yang

    Dentro de uma substncia, os elementos Yin e Yang no so fixos, mas esto em constante mutao. A perda ou ganho de um elemento ter uma repercusso direta e complementar no outro.

    Quando h um aumento no nvel do Yin, comparativamente, o Yang estar em depleo. Por exemplo, quando o Yin estiver em um nvel mais baixo, o Yang estar mais alto.

    Para realizar suas atividades funcionais, o organismo tem necessidade de consumir certas substncias nutritivas. Haver ento um gasto de Yin e um aumento de Yang.

    Por outro lado, o processo de formao e armazenamento de certas substncias nutritivas depender, obviamente, das atividades funcionais do organismo e de um aumento de Yin, em detrimento de Yang. Em condies normais, h um relativo equilbrio; porm, em condies anormais, poderemos ter uma depleo ou um excesso dos elementos Yin ou Yang. Surgiro distrbios e enfermidades no organismo. Como exemplo, citaremos a Sndrome do Frio. Neste caso, h Yin em excesso, que consumir o Yang, ou ento a fraqueza do Yang, que induzir um predomnio do Yin.

    Na Sndrome do Calor, h um predomnio do Yang forte, que consumir uma parte do Yin.

    Nas Sndromes do Calor ou do Frio, os fatores preponderantes pertencem ao tipo Shi (excesso), enquanto os fatores com perda da resistncia geral pertencem ao tipo Xie (reduo); Xu (deficincia) e Shi (excesso) so dois princpios na diferenciao de sndromes. Xu (deficincia) implica baixa resistncia do organismo, ou insuficincia de certos materiais. Shi (excesso) indica uma condio patolgica em que a etiologia exgena violenta, enquanto a resistncia geral do organismo est apenas no mesmo nvel. As Sndromes do Calor e do Frio so diferentes em sua natureza; consequentemente, os princpios de tratamento tambm o sero. Assim, para as sndromes do tipo Shi (excesso), utilizaremos o mtodo de reduo (Xie), enquanto que para as de tipo Xu (deficincia), aplicaremos o mtodo de reforo (Bu).

    Partindo-se do princpio de que as doenas so decorrentes do desequil- brio entre Yin e Yang, todos os mtodos de tratamento devem visar restaurao do estado de equilbrio entre esses dois elementos.

    Na Acupuntura, os pontos que se localizam no lado direito podem ser utilizados no tratamento das doenas do lado esquerdo do corpo, e vice-versa. Os pontos da poro baixa do corpo podem ser utilizados no tratamento de alguma doena na poro superior do corpo, e vice-versa. Todos esses mtodos baseiam-se em conceitos de que o corpo um todo, e o objetivo da Acupuntura justamente o reajuste da relao Yin-Yang, promovendo assim uma melhor circulao do QI (energia) e do sangue.

    Em certas circunstncias, e em certos estgios do desenvolvimento, o Yin e o Yang de uma substncia podero transformar-se em seus opostos (em Yang e em Yin, respectivamente).

  • Essa intertransformao ocorrer se houver condies favorveis, tanto da substncia em questo como do meio externo que a envolve.

    A intertransformao entre Yin e Yang segue a seguinte regra, de acordo com Nei Jing: "Deve existir quiescncia aps uma mudana abrupta, o Yang extremo transformar-se- em Yin." E: "A gerao de um elemento justamen- te a transformao; e a degenerao de um elemento causada por transmuta- o." E isto exatamente o pensamento do velho provrbio chins: "Uma vez atingido o limite certo, a mudana para o lado oposto inevitvel." E: "A mudana quantitativa implicar uma mudana qualitativa."

    A intertransformao do Yin e do Yang uma lei universal que governa o processo de desenvolvimento e a mudana das substncias em geral. A alterao das quatro estaes do ano um bom exemplo. A primavera comea quando o gelado inverno atinge seu auge; o frio outono chega quando o calor do vero atinge seu clmax. A mudana na natureza das doenas um outro exemplo. Um paciente que apresenta febre alta contnua, numa doena febril aguda, pode sofrer uma repentina queda de temperatura, acompanhada de palidez, extremidades frias e pulso fraco. Essas mudanas indicam que a natureza da doena teria mudado de Yang para Yin, e o tratamento para esse paciente ter, obviamente, seu curso mudado, de acordo com a evoluo da doena.

    O que foi acima exposto apenas uma pequena introduo Teoria do Yin-Yang, com alguns exemplos para ilustrar sua aplicao na medicina chinesa tradicional.

    Resumindo, as relaes de interdependncia, interconsumo e intertrans- formao de Yin e Yang podem ser sumarizadas como as leis das unidades de oposio. Alm do mais, estas quatro relaes entre Yin e Yang no so isoladas uma da outra, mas sim interconectadas, uma influenciando as outras e cada uma delas sendo a causa dos efeitos das demais.

    Teoria dos cinco elementos Originalmente, na China, designava-se os cinco elementos de Wu-Hsing;

    sendo que Wu significa cinco e Hsing, andar. Os cinco elementos (a Madeira, o Fogo, a Terra, o Metal e a gua) so, na realidade, os cinco elementos bsicos que constituem a natureza. Existe entre eles uma interdependncia e uma inter- restrio que determinam seus estados de constante movimento e mutao.

    A Teoria dos Cinco Elementos ocupa um lugar importante na medicina chinesa, porque todos os fenmenos dos tecidos e rgos, da fisiologia e da patologia do corpo humano, esto classificados e so interpretados pelas inter- relaes desses elementos. Essa teoria usada como guia na prtica mdica.

    Distribuio das coisas para os cinco elementos O organismo humano regido pelo mesmo princpio da natureza. Assim

    sendo, os fatores da natureza exercem certa influncia nas atividades fisiolgi- cas do ser humano. Este fato se manifesta no s na dependncia como na adaptao do homem ao seu meio ambiente.

    A medicina chinesa tradicional constatou essa realidade e, de acordo com ela, fez a correlao entre a fisiopatologia dos rgos e tecidos e alguns fenmenos da natureza.

  • Observemos os seguintes esquemas:

    Fig. l - Classificao dos cinco elementos na natureza

    Cinco elementos

    Direo Estao Fator clima Cor Gosto

    Madeira Leste Primavera Vento Verde Azedo

    Fogo Sul Vero Calor Vermelho Amargo

    Terra Centro Incio e fimde vero mido Amarelo Doce

    Metal Oeste Outono Seco Branco Apimentado

    gua Norte Inverno Frio Preto Salgado

    Fig. 2 - Classificao dos cinco elementos no corpo humano

    Cinco elementos

    rgos Vsceras rgos Tecido Emoo Som

    Madeira Fgado Vescula biliar Olhos Tendo Zanga Grito

    Fogo Corao Intestinodelgado Lngua Vascular Alegria Riso

    Terra Bao- pncreas Estmago Boca Msculo Pensamento Canto

    Metal Pulmo Intestinogrosso Nariz Pele e plos Preocupao Choro

    gua Rins Bexiga Ouvidos Osso Medo Gemido

    As relaes de gerao e de inibio dos cinco elementos

    A noo de gerao envolve o processo de produzir, crescer e promover. Seguindo essa ordem, a Madeira gera o Fogo, o Fogo gera a Terra, a Terra gera o Metal, o Metal gera a gua e a gua gera a Madeira (Fig. 1).

    Com base nos conhecimentos gerais fcil entender que a Madeira, por sua combusto, capaz de gerar o Fogo, assim como promover sua intensi- dade.

    Aps a combusto da Madeira, restam as cinzas, que so incorporadas Terra. Ao longo dos anos, a Terra, sob o efeito de grandes presses, produz os

  • Fig. l

    Meta i s . E dos meta i s e rochas b ro tam as fon tes de gua . Por ou t ro l ado , a gua d vida aos vegetais e , gerando a Madeira, fecha o ciclo da natureza. A esse t ipo de relacionamento, onde cada elemento gerado d existncia a outro elemento, os ant igos denominavam relao Me-Fi lho. Me o elemento que gera o elemento em questo, no caso Filho. Assim, a gua Me da Madeira, e esta Fi lha da gua.

    Outro relacionamento ent re os cinco elementos o da inibio que t raz impl c i t a a id ia de combate , res t r i o e cont role .

    A ordem dessa re lao que a Madei ra in ibe a Ter ra , a Ter ra in ibe a gua, a gua inibe o Fogo, o Fogo inibe o Metal e o Metal inibe a Madeira .

    Na co nce p o an t iga sob re a na tu re za , o Meta l t em a ca pac id ade de cortar a Madeira, e , alm disso, as rochas e metais no solo podem impedir o crescimento da raiz das rvores (Madeira). A Madeira cresce absorvendo os nutr ientes da Terra, empobrecendo-a, e as razes das rvores, quando mui to longas , per fu ram e racham a Ter ra .

    A Terra, por seu lado, impede que a gua se espalhe, absorvendo-a. Que a gua possa inibir o Fogo muito compreensvel . O Fogo inibe o Metal , pois o Meta l de r re t ido pe lo Fogo .

    No re lac ionamento de in ib io h duas facetas que apresentam tambm u m a s p e c t o d i r e t o e o u t r o i n d i r e t o . P o r e x e m p l o , a M a d e i r a i n i b i d a p e l o

  • Metal, mas ele inibe a Terra. Nesse relacionamento de inibio entre os cinco elementos ainda existe inter-relacionamento direto ou indireto entre eles. Assim, pode haver uma contra-inibio, na qual o inibidor pode ser inibido.

    Por exemplo, normalmente a gua inibidora do Fogo, mas se este se apresentar intenso e a gua em pouca quantidade, haver uma inibio da gua. Todas essas relaes s se objetivaro sob certas condies. Desta maneira, para gerar, h necessidade de que o elemento no se encontre em deficincia. Para inibir, necessrio que esteja numa boa condio energtica.

    Na medicina chinesa, a Teoria dos Cinco Elementos e suas inter-relaes aplicam-se fisiopatologia das doenas.

    A aplicao da Teoria dos Cinco Elementos nos vrios sistemas do organismo

    Os rgos do corpo humano podem ser classificados conforme os Cinco Elementos (observe a Fig. 2).

    H mais de 2.600 anos j havia descries precisas nesse sentido no livro do imperador amarelo (figura abaixo).

    O conceito de rgo, de vsceras, assim como de seus inter-relacionamen- tos segundo a Teoria dos Cinco Elementos, um dado emprico da medicina chinesa.

    O corao, por exemplo, de Fogo; sua Me o fgado (Madeira) e seu Filho o bao (e pncreas), que de Terra. No caso de o corao estar

    Fig. 2

  • enfraquecido, devemos fortalec-lo ou ento tonificar o fgado, sua Me. Se o corao est excessivamente energtico, devemos diminuir a sua energia, ou a do bao-pncreas, seu Filho. Esta classificao e conceito tm sua lgica e razo de ser mesmo em nossos dias. Sabemos que, em muitas situaes, o pulmo pode ajudar a funo dos rins; como no caso do controle do cido bsico do organismo.

    O fgado, ao fornecer glicose, fornece tambm energia vital ao trabalho do miocrdio. Os rgos supra-renais atuam na converso do glicognio em glicose pelo fgado. Assim, possvel entender que o corao inibe o pulmo, o pulmo inibe o fgado, o fgado inibe o bao-pncreas, porque o corao necessita de oxignio do pulmo que, por sua vez, necessita da energia gerada pelo fgado. Nessas situaes, o volume sangneo necessrio ao fgado fornecido, em parte, pelo bao.

    Desse modo, o desequilbrio que atinge um determinado rgo pode ter sua causa em outro rgo; da mesma forma, uma doena pode propagar-se ou mesmo transformar-se em outro tipo de doena.

    O estudo e a adoo da Teoria dos Cinco Elementos e das correlaes entre as doenas podem servir como guias seguros no tratamento e controle dos efeitos e propagao de determinadas doenas para outras partes do corpo. Assim, o processo de tratamento mais rpido e a cura mais clere.

    Teoria dos meridianos

    Origem

    Na medicina chinesa a mais antiga referncia Teoria dos Meridianos encontra-se no livro Hwang Ti Nei Jing que contm descries precisas sobre seus princpios. No entanto, at hoje desconhece-se o modo como foi criada a Teoria dos Meridianos, sendo muito provvel que a Acupuntura e as Qi-Kung (artes marciais) tenham contribudo para sua formao.

    Ao estimular certos pontos de Acupuntura constata-se que a sensao de calor e parestesias seguem direes predeterminadas. Os antigos j menciona- vam uma sensao de calor que percorria certas vias do corpo, durante a prtica das Qi-Kung. Constatou-se tambm que numa doena os sintomas podem manifestar-se em outros lugares, seguindo uma via precisa de inter- relacionamento.

    possvel que a Teoria dos Meridianos tenha sido formulada a partir das observaes acima.

    Podemos pressupor que a Teoria dos Meridianos o fruto da experincia e da observao de muitos desde os primrdios da medicina chinesa.

    Contedo

    H no corpo humano muitos pontos cujos efeitos aplicao da Acupun- tura so semelhantes, talvez por pertencerem a dermtomos iguais.

    Ao se traarem linhas conectando esses diversos pontos anlogos, obtive- ram-se linhas ou trajetrias longitudinais que foram denominadas Tin (meri- dianos) e trajetrias horizontais, denominadas Lo (comunicaes).

  • A experincia clnica demonstrou que havia uma ntida relao entre os rgos e os meridianos do corpo. Assim, traaram-se doze meridianos ordin- rios; esses tinham relao direta com os rgos e vsceras do corpo. Alm deles, estabeleceram-se oito meridianos denominados extrameridianos, usados em patologias diversas.

    Dos doze meridianos ordinrios nascem ramos que percorrem as cavida- des do tronco do corpo, denominados doze meridianos distintos. H quinze meridianos que ligam esses doze meridianos entre si denominados Lo-Mai (meridianos conexos).

    H ainda doze meridianos denominados tendinosos e doze chamados superficiais que percorrem superficialmente o tronco e os membros.

    A Teoria do Yin e do Yang diz que o Yin visa a estar em equilbrio com o Yang. s vezes, no entanto, estabelecem-se diferenas de nvel entre essas duas energias. Essa diferena de nvel pode ser dividida em trs Yin e trs Yang.

    Da nascem os trs meridianos Yang da Mo, que vo at a cabea, e da cabea nascem os trs meridianos Yang da Perna, que descem at as extremida- des dos membros inferiores.

    Relao superficial-profunda dos doze meridianos ordinrios

    Os doze meridianos ordinrios se acoplam aos pares, sendo estes forma- dos sempre por um meridiano superficial e outro profundo.

    Suas relaes so: a) Os meridianos Yin pertencem aos rgos e seu Lo s vsceras. Os meridianos Yang pertencem s vsceras e seu Lo aos rgos. b) Existem conexes Lo entre os meridianos superficiais. c) Os meridianos superficiais e os profundos se conectam nas extremidades dos dedos dos membros. Os meridianos superficiais e profundos, alm de apresen- tarem essas conexes, tm ntimas relaes no tratamento das doenas, podendo ser utilizadas associadamente.

    Os doze meridianos ordinrios guardam as seguintes relaes com os cinco elementos.

    Meridianos Profundos Cinco Elementos Meridianos Superficiais Pulmo Metal Intestino grosso Rins gua BexigaFgado Madeira Vescula biliarCorao Fogo Intestino delgadoPericrdio Igual ao Fogo Triplo-aquecedorBao-pncreas Terra Estmago

    Funo dos meridianos

    Na poca pr-cientfica no havia uma compreenso precisa sobre as diversas manifestaes das doenas. Assim, h muitos conceitos que, luz da cincia, se demonstraram errneos. Conseqentemente, ao estudarmos a Teo- ria dos Meridianos, devemos ter o cuidado de separar o que correto e til do que incorreto e dispensvel.

  • Apresentamos, abaixo, de forma sucinta, a noo que os antigos tinham da funo dos meridianos. a) O meridiano responsvel pela boa circulao de quatro fatores trfico- fisiolgicos do corpo que so: 1. Qui Energia 2. Hsue Sangue 3. Ying Nutrio (fator nutritivo intravascular) 4. Wei Defesa (fator defensivo extravascular)

    Quanto ao Yin, h o Tain-Yin(Yin maior), o Jue-Yin(Yin de transfern- cia) e o Shao-Yin (Yin menor).

    Quanto ao Yang, temos o Tai-Yang (Yang maior), o Shao-Yang (Yang menor) e o Yang-Ming (combinao de Yang).

    Essas seis divises do Yin e do Yang dividem os doze meridianos ordinrios conforme suas relaes e efeitos, localizando-os tambm nos mem- bros superiores e inferiores.

    a) Nos membros

    Trs Yin da mo a) Tai-Yin - o meridiano do pulmo b) Jue-Yin o meridiano do pericrdio c) Shao-Yin o meridiano do corao

    Trs Yang da mo a) Yang-Ming o meridiano do intestino grosso b) Shao-Yang o meridiano do triplo-aquecedor c) Tai-Yang o meridiano do intestino delgado

    Trs Yin da perna a) Tai-Yin o meridiano do bao-pncreas b) Jue-Yin - o meridiano do fgado c) Shao-Yin - o meridiano dos rins

    Trs Yang da perna a) Yang-Ming - o meridiano do estmago b) Shao-Yang - o meridiano da vescula biliar c) Tai-Yang o meridiano da bexiga

    Distribuio dos doze meridianos

    a) Nos membros Nos membros superiores, os trs meridianos que percorrem a face

    palmar do brao pertencem a Yin. So eles: o do pulmo, o do pericrdio e o do corao. Os trs meridianos do Yang, o do intestino grosso, o do triplo-aquecedor e o do intestino delgado, percorrem a face dorsal (externa) do brao.

  • Nos membros inferiores, os meridianos Yin, o do bao-pncreas, o do fgado e o dos rins percorrem o lado medial dos ossos fmur e tbia. Os trs meridianos do Yang, o do estmago, o da vescula biliar e o da bexiga, distribuem-se pela borda lateral e dorsal da perna.

    Observe o grfico abaixo: Nos membros superiores

    Lado palmar - o meridiano

    do pulmo - o meridiano

    do pericrdio - o meridiano

    do corao

    -

    Tai-Yin Yang-Ming

    Jue-Yin Shao-Yang

    Shao-Ying Tai-Yang

    Lado dorsal - o meridiano

    do intestino grosso - o meridiano

    do triplo-aquecedor - o meridiano

    do intestino delgado

    Nos membros inferiores Lado medial - o meridiano

    do bao-pncreas - o meridiano

    do fgado - o meridiano

    dos rins

    -

    Tai-Yin Yang-Ming

    Jue-Ying Shao-Yang

    Shao-Yin Tai-Yang

    Lado lateral - o meridiano do

    estmago - o meridiano

    da vescula biliar - o meridiano da bexiga

    b) Na cabea

    Todos os meridianos Yang chegam cabea. Os meridianos Yang-Ming dos ps e das mos distribuem-se pela face. Os meridianos Shao-Yang da perna e da mo distribuem-se pelas regies laterais da cabea. Os meridianos Tai- Yang da mo chegam regio temporal da cabea, ao passo que os meridianos Tai-Yang da perna chegam regio parietal.

    c) No tronco

    a) Os meridianos Yang-Ming e Tai-Yang distribuem-se pela parte ventral do tronco. Os meridianos Jue-Yin e Shao-Yang percorrem as reas laterais do tronco. Os meridianos Shao-Yin distribuem-se ao lado da linha central da parte ventral do tronco. Os meridianos Tai-Yang distribuem-se pela regio dorsal do tronco.

    Os trs meridianos Yin da perna sobem at o tronco, de onde vo at as extremidades dos membros superiores.

    Esses quatro fatores fisiolgicos circulam em fluxos pelos meridianos, atingindo os cinco rgos, as seis vsceras e todas as estruturas do corpo, mantendo-o todo em harmonia. b) Os meridianos ligam-se profunda e superficialmente, tornando-se um sistema completo e fechado. c) Quando o organismo agredido por algum agente externo, sua reao pode manifestar-se na forma de exacerbao ou depresso atravs do meridiano

  • atingido. Se a agresso for passageira, o meridiano volta ao seu estado de equilbrio. Mas se esta persiste, o desequilbrio do meridiano permanece e pode originar nos rgos e sistemas muitas alteraes que se manifestam pelas diversas sndromes. Cada meridiano doente pode originar sndromes diferen- tes. E isto pode servir como orientao para o diagnstico do mdico. d) Se os meridianos conseguem retornar a seu estado de equilbrio energtico, espera-se que os rgos e sistemas com ele relacionados voltem normalidade. Por isso, estimulam-se determinados pontos que teriam a funo de restaurar o equilbrio e o fluxo energtico do meridiano comprometido. Assim, na Acu- puntura, o meridiano fornece orientao correta, sendo tambm o meio para se atingir resultados teraputicos.

    Fluxos e conexes dos meridianos

    Todos os meridianos se interligam complexamente entre si. H um fluxo ordenado entre os doze Meridianos Ordinrios abaixo relacionados:

    Entre os prprios meridianos h muitas conexes e junes, que origi-

    nam inmeros Meridianos de Juno. Entre estes, por sua vez, ha cerca de cen- to e poucos meridianos mais importantes e de freqente uso na teraputica.

  • CAPTULO III

    Os Pontos de Diagnstico e os Tratamentos da Medicina Chinesa

    H conexes estabelecidas entre os rgos e vsceras, entre os tecidos superficiais e sensoriais do corpo (olho, nariz, lngua, ouvido), de modo que qualquer distrbio naqueles originar sinais reflexos nestes. Esse processo cria, no organismo, um desequilbrio que levar disfuno fisiolgica.

    Portanto, na diagnose e no tratamento de uma doena, a medicina chinesa observa o corpo como um todo, com seus sinais e sintomas.

    Na anlise e classificao das doenas, levam-se em considerao os fatores etiolgicos, a intensidade da reao do organismo, a localizao das alteraes dos sintomas, a alterao do pulso, a variao na morfologia da lngua etc.

    Em relao diagnose e ao tratamento, h muitos conceitos e princpios na medicina chinesa que so semelhantes aos da medicina moderna; outros, no entanto, so muito diferentes. Abaixo citaremos alguns deles.

    Para o que diz respeito diagnose, h quatro procedimentos:

    a) Inspecionar b) Ouvir as queixas e sentir os odores apresentados pelo paciente c) Questionar os dados

    d) Examinar o fsico e a pulsologia

    Na classificao das sndromes, h oito critrios:

    a) Externo (superficial) e interno (profundo) b) Frio e calor c) Deficincia e excesso d) Yin (negativo) e Yang (positivo)

    O diagnstico diferencial feito atravs de seis fatores etiolgicos que so:, vento, frio, calor de vero, umidade, seco e calor de fogo. Estes fatores se relacionam s sintomatologias decorrentes do desequilbrio.

  • Os quatro procedimentos do diagnstico

    Inspeo

    Envolve a observao do todo ou de partes especficas do corpo do paciente.

    A. Quanto observao do corpo como um todo temos de observar o nimo, a locomoo e o estado fsico.

    Na maioria dos casos em que o paciente apresenta olhar vivo, boa motricidade, agitao, ansiedade, alucinaes, loquacidade e no gosta de usar muita roupa, a sndrome pertence ao Yang, ao calor e ao excesso de energia.

    Inversamente, quando o paciente demonstra fraqueza, letargia, necessi- dade de se agasalhar, sente frio nas extremidades, a sndrome pertence ao Yin, ao frio e deficincia energtica.

    Convencionou-se chamar de Sndrome do Vento a anomalia em que os membros apresentam espasmos, convulses, opisttono ou paralisia.

    Quando h uma deficincia no sistema sangneo, os membros apresen- taro tremores.

    B. Quanto observao de uma parte especfica do corpo, preciso examinar a cor e o estado dos rgos dos sentidos. a) Cor a cor do rosto um fator importante para o diagnstico. Caso este se apresente brilhante, o estado de sade do paciente ser normal ou ter tendncia para algum leve desequilbrio. Ao contrrio, o fato de estar escura, opaca, indica que a doena crnica, profunda ou grave. Se a colorao facial for azulada, trata-se geralmente da Sndrome do Vento. Se a colorao facial estiver avermelhada, isso indica na maioria das vezes a Sndrome do Calor de Fogo. Se a cor estiver amarelada, e um sinal indicativo da Sndrome da Umidade Se a cor for plida, estaremos lidando com a Sndrome da Deficincia e se for escura, Sndrome do Frio. b) Olhos No caso da esclertica se apresentar amarelada tratar-se-, possivelmente, da Sndrome da Ictercia. Se estiver congestionada, h uma deficincia de Yin ou Sndrome do Calor de Fogo. Se o olho estiver dolorido, inchado e avermelhado, caracteriza-se a Sndrome do Calor e do Vento do meridiano do fgado. Caso a plpebra esteja edemaciada, estaremos lidando com a Sndrome do Edema; se houver midrase, isso indicar deficincia de energia no rim, ou ento ser um sinal de morte. c) Nariz Coriza leve , geralmente, de natureza alrgica e deve-se friagem ou ao vento. Se a coriza for purulenta ou espessa, trata-se de problema mais profundo, relacionado com a Sndrome do Calor e do Vento. Caso esteja num estado purulento mais avanado, isso indicar deficincia de energia no pulmo. d) Lbios Se esbranquiados, deficincia do sistema sangneo; se averme- lhados, Sndrome do Calor e Excesso Energtico, se a cor um vermelho tnue e opaco, Sndrome do Frio e Deficincia Energtica, se tendem a permane-

  • cer abertos, Sndrome de Deficincia Energtica; se a tendncia for permanece- rem fechados, Sndrome de Excesso Energtico. Caso se apresentem secos e com fissuras, isso indica um distrbio hdrico. e) Dentes Se as gengivas sangram, trata-se da Sndrome do Calor de Fogo do estmago; se apenas doem, sem estarem vermelhas ou inchadas, Sndrome do Calor de Fogo do meridiano dos rins.

    C. Quanto morfologia da lngua Na medicina chinesa, o exame da lngua uma parte importante da propedutica. A metodologia e os pontos de importncia deste tipo de exame so: a lngua deve ser exteriorizada de uma maneira ampla, com as bordas relaxadas, de forma a apresentar uma superfcie convexa. Se o exame for feito noite, deve-se usar um bom foco de luz.

    importante que nada possa alterar a cor da lngua, como alimentos muito frios ou quentes, frutas corantes, enfim, nada que venha influenciar esta caracterstica.

    O exame da lngua envolve dois aspectos: o do rgo em si e o voltado especialmente sua camada superficial. a) O corpo da lngua Em relao a este rgo deve-se examinar: sua cor, morfologia e movimen- tao.

    Cor Normalmente ela de um avermelhado tnue. Caso esteja esbranquia-

    da, isso representa uma Sndrome do Frio e deficincia energtica; se no apresentar a camada esbranquiada superficial, h uma depleo do sistema sangneo e energtico.

    Se estiver muito avermelhada ou mesmo arroxeada, geralmente trata-se de uma Sndrome Interna do Calor e Excesso Energtico.

    Morfologia Se tiver aspecto ressecado, tenso, duro, grosso e envelhecido, h uma

    Sndrome do Calor. Por outro lado, se o aspecto fino, edematoso, mole, tratar-se- da Sndrome do Frio e Deficincia Energtica.

    importante observar se h um aspecto edematoso; em caso positivo, haver uma Sndrome de Alergia e de Intoxicao. Dentro desse quadro, se a lngua estiver levemente esbranquiada, haver uma Sndrome de Deficincia do meridiano dos rins. Se o aspecto for vermelho tnue, tratar-se- de deficincia do meridiano do estmago e do bao-pncreas.

    de grande importncia tambm examinar o aspecto e a altura das papilas linguais e se h linhas de separao. Caso existam tais linhas e as papilas estiverem altas, h uma Sndrome do Calor, freqentemente associada a doenas infecciosas. A ausncia ou a diminuio (em nmero ou tamanho) das papilas indica uma deficincia energtica no meridiano dos rins ou do organismo como um todo.

    Movimentao Se h desvios unilaterais e sinais de paralisia nervosa. Se apresentar tremores, indica uma deficincia do sistema sangneo ou de Yang.

  • b) A camada superficial da lngua Utiliza-se a anlise da qualidade e colorao dessa camada como indicadores do tipo de relao entre a doena e a capacidade de defesa do organismo do paciente.

    Qualidade da camada superficial da lngua importante notar se ela fina ou grossa, mida ou seca, seu grau de

    aderncia, seu brilho ou opacidade. A espessura dessa camada indicar o nvel de gravidade da doena. Assim, se ela for fina, estar em seu padro normal. A doena pode estar em seu incio, ou ento trata-se de uma enfermidade de natureza superficial. Se a camada for grossa, a doena grave. Freqentemente, a essa altura haver tambm catarro grosso, obstipao e dispepsia, causas comuns de engrossamento dessa camada superficial. Quanto a ser mida ou seca, a lngua normalmente semi-mida. Se estiver mais mida ou lisa do que o normal, trata-se, geralmente, de uma Sndrome do Frio ou da Umidade. Por outro lado, se estiver muito seca, at com fissuras, trata-se geralmente de Sndrome do Calor (infecto-contagioso) ou h algum desequilbrio hdrico ou ainda uma grave deficincia energtica no organismo. Quanto ao grau de aderncia: quando se tem a impresso de que a lngua adere firmemente, observa-se distrbios de secreo no organismo, muitas vezes com produo exagerada de catarro e outras secrees. Quanto quantidade de secreo: em condies normais sua quantidade reduzida. A ausncia completa de secreo indica problemas de deficincia do sistema de autodefesa ou ento problemas gstricos. Neste caso, a lngua se apresentar avermelhada e lisa. O aumento de secreo poder indicar um agravamento da doena, enquanto sua diminuio indicar uma recuperao gradual.

    Colorao da camada superficial da lngua Branca: as pessoas em boas condies de sade ou com doenas sem gravidade apresentam uma fina camada de cor branca ou esbranquiada. Amarelada: essa cor deve-se normalmente Sndrome do Calor. Quanto mais amarelada, mais intensa a Sndrome do Calor, que pode chegar mesmo Sndrome do Fogo; esta, quando muito intensa, poder provocar a fissura e o ressecamento dessa camada da lngua. Acinzentada: a cor acinzentada revela um estgio mais adiantado da doena. Se, alm disso, a lngua se apresentar mida, haver uma Sndrome do Frio e Deficincia Energtica. Se, porm, estiver seca, haver uma Sndro- me do Calor e Excesso Energtico. Negra, escura: demonstra que a doena se agravou. Alm disso, quando a lngua estiver mida, haver uma deficincia de Yang e um excesso de Yin, que a Sndrome do Frio. Ao contrrio, quando ela estiver seca, tratar- se- de Yang e deficincia de Yin, caracterizando a Sndrome do Calor.

    c) Relao entre as alteraes na lngua e as alteraes dos rgos Alteraes na ponta da lngua se correlacionam com alteraes do corao e do pulmo e corao. A regio central da lngua se correlaciona com o estmago e o pncreas.

  • A base da lngua se correlaciona com os rins. As duas bordas laterais se correlacionam com o fgado e a vescula biliar.

    Ouvir as queixas e sentir os odores apresentados pelo paciente

    Sentir o cheiro que o paciente apresenta envolve o prprio processo de anamnese. A. Ouvir as queixas vai muito alm do "ouvir" propriamente dito, pois envolve ainda: a) A percepo da voz: se a voz soar forte e enrgica, h uma Sndrome do Excesso Energtico; se for fraca, desanimada, h uma Sndrome de Deficincia Energtica, uma Sndrome do Frio; se for rouca, ruidosa, h uma Sndrome do Vento e da Umidade. b) A percepo de rudo na respirao. Se esta for ruidosa Sndrome do Calor. Se for muito fraca, Sndrome de Deficincia Energtica. Notar se a dispnia ou taquipnia so acompanhadas de voz grossa e ruidosa, pois isso indicar uma Sndrome de Excesso. Se for fraca e rpida, haver uma Sndrome de Deficincia Energtica. c) Quanto tosse, verificar a presena e a cor do catarro. Se estiver esbranqui- ado, indicar uma Sndrome do Vento e Frio. Se houver tambm rouquido, trata-se de uma Sndrome de Excesso Energtico. Por outro lado, se a tosse for crnica, sem catarro e a voz rouca, tratar-se- ento de Sndrome de Defi- cincia Energtica. d) Quanto ao soluo, se for forte, ruidoso, haver uma Sndrome de Excesso; se for agudo e rpido, uma Sndrome do Calor; se for crnico e fraco, uma Sndrome de Deficincia Energtica. e) Quanto ao arrotar, demonstra problemas disppticos ou hiperacidez gstri- ca. A ausncia de acidez pode indicar um estmago com pouca mobilidade.

    B. Sentir os odores inclui tambm: A anlise dos odores da boca do paciente, sua expectorao, a urina, o fluxo menstrual e eventuais corrimentos. a) Mau hlito: sua presena demonstra Sndrome do Calor no estmago. Alimentos que lesam o estmago provocam acidez e mau cheiro. Problemas bucodentrios tambm se manifestam por mau hlito. b) Quanto expectorao: no caso de ser ftida, indica uma infeco pulmo- nar "e Sndrome do Calor no pulmo; se no apresentar mau cheiro e vier acompanhada de sangue, indica Sndrome Profunda e deficincia energtica. c) Quanto s fezes e urina: se apresentarem mau cheiro, revelaro alteraes do organismo. No que diz respeito especificamente s fezes, se alm de mau cheiro forem tambm mal formadas, indicaro excesso de energia nos intestinos. Quando o doente apresentar sintomas de Sndrome do Frio e Deficincia Energtica, suas fezes no sero malcheirosas, apesar de poderem ser mal for-madas. Quanto urina, quando muito densa e ftida, indicar Sndrome do Calor e Excesso Energtico.

  • d) Quanto ao fluxo menstrual e corrimento vaginal: se o fluxo menstrual for muito espesso e com odor forte, sinal de Sndrome do Frio. Da mesma forma, se o corrimento for espesso e malcheiroso, tratar-se- de Sndrome do Calor.

    Questionar dados

    Na medicina chinesa, alm de haver questionamento a respeito de durao, local e tipo de sintomas e sinais concomitantes, faz-se tambm uso dos seguintes recursos de diagnstico: a) Frio e calor os sintomas de frio ou calor podem, por sua durao e caractersticas, classificar as doenas. Por exemplo, em doenas incipientes, a presena de calafrios e febre indicar distrbios infectocontagiosos e Sndro- mes superficiais. Se os sinais de frio superarem os de calor, a Sndrome ser do Vento e Frio. Se os sinais de calor superarem os de frio e houver manifestao de sede, a Sndrome ser do Vento e Calor. Se houver apenas sinais de calor sem sinais de frio, tratar-se- de problemas relacionados com os rgos e vsceras. Se acompanhados de sede, os sinais indicaro Sndrome do Calor. Se houver apenas sinais de frio, pode tratar-se de doenas incipientes ou ento crnicas j com grande deficincia energtica do organismo. O calor a que se refere a medicina chinesa no diz respeito, necessariamente, febre em si mas sede, obstipao, sensao de calor pelo corpo, urina muito amarelada, lngua muito avermelhada, pulso rpido etc. b) Suor se, nas doenas infectocontagiosas, houver frio ou febre sem produ- o de suor, a doena ser superficial, indicando to-somente um excesso energtico. Se houver suor, a doena ser de calor interno e deficincia energtica. No organismo fraco e leve a sudorese mais abundante indicar que h deficincia de Yang Se a sudorese ocorrer durante o sono, trata-se de uma deficincia de Yin, mas freqentemente h associao das duas Nas doenas graves, uma abundante produo de suor um sinal perigoso, pois revela grande deficincia na defesa do organismo.

    c) Aspecto das fezes: se houver obstipao associada a dor e distenso abdominal, isso indica uma Sndrome de Excesso Energtico. Se houver obstipao indolor e sem distenso, tratar-se- de uma Sndrome de Deficin- cia Energtica. Se houver diarria com presena de muco ou tenesmo (colites), ser por Sndrome do Calor e Excesso. Se houver diarria, porm sem sinais de muco e tenesmo, devida a alimento mal digerido, indicar Sndrome do Frio e Deficincia Energtica.

    d) Urina, se estiver amarelada e em pequenas quantidades, ser uma Sndrome do Calor Se for abundante e clara, indicar deficincia de Yang, caso haja polidipsia e polira haver algum problema no pncreas ou na hipfise (A.D H.). Se houver enurese noturna (exceto em crianas), isso acontecera por deficincia energtica do meridiano dos rins.

    e) Alimentos se aps a ingesto de pequena quantidade de alimentos houver regurgitao, isso indicar a Sndrome do Frio no estmago. Se a fome persistir aps a alimentao, ser indcio de Sndrome do Calor. A distenso aps a refeio indica que h deficincia no estmago e no bao-pncreas. Boca amarga indica Sndrome do Calor na vescula biliar; boca azeda, Sndrome de

  • Calor no fgado; boca com sensao de sal indica Sndrome do Calor nos rins; boca sem sabor ou sem gosto Sndrome do Frio, deficincia do estmago e do intestino. Se a boca estiver adocicada e pegajosa, tratar-se- da Sndrome de Excesso de Calor do pncreas. Se houver uma freqente sensao de sede acompanhada de grande vontade de ingerir lquidos gelados, a Sndrome ser do Calor. Se no houver sede nem vontade de beber lquido, tratar-se- da Sndrome do Frio. Se, apesar da sede, houver uma incapacidade de ingerir muito lquido, a Sndrome ser do Calor mido. Caso o paciente aprecie bebidas quentes, isso indica uma Sndrome do Frio.

    f) Sensao toraco-abdominal: a sensao de peito frio, mais salivao intensa sinal de Sndrome do Frio. A sensao de aperto no peito Sndrome do Calor. A sensao de plenitude no peito com discreta dor palpao dos hipocndrios indica Sndrome de Excesso Energtico. A sensao de plenitude no peito sem dor nos hipocndrios refere-se Sndrome de Deficincia Energtica. Necessidade de suspirar para aliviar a sensao de aperto no peito revela congesto (excesso) de energia. A sensao de aperto no peito acompanhada da necessidade de aspirar mais ar indica deficincia de energia. Dor abdominal com incmodo, palpitao e obstipao indicam Sndrome de Excesso e Calor. Dor abdominal que melhora com palpitao, e presena de fezes mal formadas, indicam Sndrome do Frio e Deficincia Energtica. Dor abdominal, borborigmos, calor no corpo, ansiedade, fezes amarela- das e diarria indicam Sndrome do Calor, excesso dos rgos gastrintestinais. Por outro lado, dor abdominal rebelde com frio nas extremidades do corpo e fezes mal formadas, indicar Sndrome do Frio e deficincia energtica.

    g) Quanto menstruao: se a cor do fluxo estiver muito viva e avermelhada, tratar-se- de Sndrome do Calor. Irregularidade menstrual, alteraes na quantidade, acompanhada de elicas ser Sndrome de Excesso Energtico. Atrasos menstruais, fluxos de cor no muito intensa, com elicas so indcios de Sndrome do Frio (dismenorria). Se os fluxos adiantarem, seu volume for pequeno, e forem acompanhados de corrimento, dor nas costas e dores abdominais ps-menstruao, isso indicar Sndrome de Deficincia Energtica.

    Exame fsico e pulsologia

    O exame fsico semelhante ao que se faz na medicina moderna. No entanto, a pulsologia difere do exame fsico convencional.

    A. Mtodos para avaliar o pulso A mo do paciente deve estar com a palma virada para cima em semi-extenso, em repouso, sobre a mo do examinador. O examinador usar os trs dedos (indicador, mdio, anular) da mo direita para palmar (examinar) o pulso (radial) da mo esquerda do paciente, e usar os mesmos trs dedos da mo esquerda para examinar o pulso da mo direita

  • do paciente. O dedo mdio deve palpar a artria radial na linha da protubern- cia do processo estilide. O dedo indicador deve ser colocado distalmente ao dedo mdio, apalpando a artria ao nvel da prega do punho, enquanto o dedo anular sente a artria proximalmente ao dedo mdio, cerca de l a 2 cm acima, de forma que a distncia entre o dedo indicador e o anular seja aproximada- mente 1,9 tsun (l tsun igual distncia interfalangeana distai e medial do dedo mdio do paciente). Quanto nomenclatura, a onda do pulso palpado sob o dedo indicador a onda Tsuen. A onda do pulso sob o dedo mdio o Quan e, sob o anular, o Tshi (Fig. 3).

    A fora com que se apalpa o pulso poder ter diferentes intensidades, isto : leve, forte ou intermediria. Cada uma delas revelar determinados detalhes sobre o estado dos meridianos examinados, atravs das ondas de pulsao.

    B. Relao entre a posio do pulso e os diferentes meridianos do organismo Baseados na observao milenar da medicina chinesa, sabemos que cada pulso tomado possui caractersticas prprias e se relaciona com determinado meridiano.

    Devido a divergncias de opinio quanto correlao pulso-meridiano, surgiram, ao longo dos anos, diferentes teorias sobre esse assunto. No entanto, a maioria dos especialistas em pulsologia concorda quanto s seguintes:

    Tabela l

    LOCALIZAO (PULSO) MERIDIANO

    Esquerdo Tsuen Quan Tshi Tsuen

    do Corao, do Pericrdio e do Intestino Delgado do Fgado e da Vescula Biliar dos Rins e da Bexiga do Pulmo e do Intestino Grosso

    Direito Quan Tshi

    do Bao-pncreas e do Estmago dos Rins (Supra-renal)* e Min-Men** (Resistncia)

    * Supra-renal: corresponde ao sistema endcrino. ** Min-Men: indica a resistncia do organismo.

    C. As variaes e os significados do pulso O pulso forma-se pelo fluxo sangneo ejetado a cada sstole ventricular do corao. Ele se produz quando esse fluxo passa com velocidade no interior da artria dilatando suas paredes. De acordo com velocidade, ritmo, intensidade e caractersticas ondulatrias desses fluxos sangneos definem-se os diferentes tipos de pulso.

    So considerados pulsos regulares os que apresentam intensidade e velocidade moderada, caractersticas nem muito duras nem muito moles, e podem variar conforme a faixa etria e as alteraes climticas.

    Em relao velocidade, o pulso pode ser lento ou rpido. Quanto ao ritmo, rtmico ou arrtmico. Os pulsos rtmicos podem ainda ser regulares ou alternantes. Quanto intensidade, fortes ou fracos. Quanto amplitude, superficiais ou profundos. Quanto ao aspecto ondulatrio, largos ou finos, duros ou moles.

  • Fig. 3

    Com base no que foi acima exposto, podemos destacar dezesseis tipos de pulsos:

    Tabela 2

    CLASSE TIPO ASPECTO ONDULATRIO SIGNIFICADO

    Superficial Palpando-se levemente o pulsoj se evidencia com nitidez aonda, como se estivesse na pele

    Doena externa, Sndrome superficial

    Largo O pulso cheio e forte, amplo,com incio cheio, mas desapa-rece no fim

    Excesso de Yang e muito calor

    Suave superficial e mole, suave efino

    Sndrome de deficincia e umidade

    Superficial

    Corda Retilneo e forte. A onda nopulso bate no dedo como umacorda de violo

    Doena do fgado, hiperse- creo e algias, malria

    Profundo Profundo No se evidencia com o palparsuperficial ou moderado, mas ntido quando se palpa maisintensa e profundamente

    Sndrome profunda ou m circulao de energia

  • CLASSE TIPO ASPECTO ONDULATRIO SIGNIFICADO Lento Se houver trs pulsos ou menos

    durante um ciclo respiratriodo examinador

    Sndrome do Frio e Deficin-cia Energtica

    Moderado Em torno de quatro pulsos nu-ma respirao; intensidade eprofundidade moderadas

    Normal ou Sndrome daUmidade

    Irregular fino, lento e curto, como se osangue tivesse dificuldade depassar pelo local

    Hipovolemia, exausto,m circulao de energia oucongesto vascular

    Lento

    Arrtmico H ausncia ou variaes depulso sem uma ordem fixa

    Excesso de Yin; m circula-o de energia; distrbioscardacos

    Rpido H entre seis a sete pulsos nu-ma respirao

    Sndrome do Calor e febre

    Aquecido Pulso rpido, porm com au-sncia de pulso entre um eoutro

    Excesso de Yang, mido equente, energia no circu-lante; dor local ou dispepsiaps-prandial

    Rpido

    Apertado Pulso forte, como uma cordatensa

    Sndrome do Frio e dor

    Fraco Palpando-se moderadamenteou com fora, sente-se ausnciade fora no pulso

    Sndrome de Deficincia deEnergia e de Yang

    Deficincia

    Fino O pulso fino como um fio Sndrome de Deficincia deYin e do sistema sangneo

    Forte Sente-se o pulso forte e cheioem todos os tipos de palpao

    Sndrome de Excesso Ener-gtico

    Forte

    Liso O pulso liso como se escorre-gasse. O fluxo tambm maior

    Abundncia de secreo,expectorao, edema, into-lerncia alimentar, gravidez

    Os oito critrios na classificao das sndromes

    Com base na apresentao das doenas e nos quatro princpios de diagnstico, elaboraram-se oito critrios para a classificao das sndromes. So eles: externo-interno, frio-calor, deficincia-excesso e Yin-Yang.

  • Sndrome externa (superficial) e interna (profunda)

    A noo de superficial ou profunda engloba a idia da localizao da doena, assim como sua gravidade.

    As sndromes superficiais geralmente tm suas origens em fatores exter- nos que atingem o organismo e se agravam medida que se tornam mais profundos

    Embora estas sndromes se manifestem freqentemente acompanhadas de febre e calafrios, no costumam apresentar leses ou deficincias funcionais dos rgos. Como, por exemplo, distenso abdominal, vmitos, diarrias etc. No e possvel classificar as sndromes superficiais ou profundas baseando-se somente na sintomatologia, pois preciso levar em conta tambm o estado geral do paciente.

    Na sndrome profunda, por haver distrbios dos rgos internos com alterao de suas funes fisiolgicas, os sinais e sintomas, assim como o estado geral, so mais graves.

    Sndrome do frio e do calor

    Sua classificao baseia-se nos sinais e sintomas da doena. O mais importante notar a presena de sede, a caracterstica das fezes, temperatura do corpo ou dos membros, estado de nimo, a cor da face, morfologia da lngua e pulsologia. a) Sndrome do Frio: no h sede, nem vontade de ingerir lquidos, h hipersensibilidade ao frio, membros frios, desnimo, urina abundante e de cor clara, fezes amolecidas ou malformadas, palidez facial, camada superficial da lngua lisa e esbranquiada e pulso mais lento.

    b) Sndrome do Calor: h sede, bebe-se muita gua, principalmente gelada, corpo quente, irritao com o calor, agitao, ansiedade, respirao quente, urina escassa e amarelada em pequena quantidade, rubor facial, fezes resseca- das, lngua amarelada e pulso rpido.

    Na tabela 3 da pgina seguinte classificamos as Sndromes Supercial- Profunda e do Frio-Calor com base no excesso ou na deficincia de energia. Este conceito relativo energia tem na Acupuntura a maior importncia, pois implica diretamente a escolha dos meridianos para a terapia.

    Sndrome de deficincia e excesso

    A Sndrome de Deficincia indica fraqueza do organismo e de seu siste- ma de defesa ou desgaste, decorrente de doena prolongada.

    A Sndrome de Excesso, por sua vez, indica que h reao vigorosa do organismo no decorrer da doena. As Sndromes de Deficincia e Excesso tambm indicam o tempo da doena, longa e curta, respectivamente. Por isso, possvel classificar as Sndromes de Deficincia ou Excesso energtico de acordo com o tempo de durao da doena, o estado geral do corpo e o pulso forte ou fraco.

  • Tabela 3 Diferencial energtico entre as Sndromes Superficial-Profunda e de Frio-Calor

    SNDROME DEFICINCIA ENERGTICA EXCESSO ENERGTICO

    Sndrome Superficial

    Hipersensibilidade a frio e vento, sudorese, pulso len- to, superficial, fraco, super- fcie da lngua clara

    Sem sudorese, dores pelo corpo, pulso rpido, mais forte; a camada superficial da lngua mais esbranqui- ada

    Sndrome Profunda

    Respirao fraca, sem von- tade para falar, membros frios, falta de apetite, palpi- tao, fezes amolecidas ou malformadas, tontura, pul- so fraco e profundo, fino, lngua discretamente aver- melhada e com camada su- perficial um pouco esbran- quiada

    Respirao forte, confusa, suor nos membros, peito e abdmen distendidos, irri- tabilidade, constipao, pulso mais forte, a lngua tem aspecto rgido e sua ca- mada superficial e seca e amarelada

    Sndrome do Frio

    Hipersensibilidade ao frio, boca sem gosto, falta de se- de, nuseas ou vmitos, dor abdominal, diarria, mem- bros mais frios, pulso lento; a camada superficial da ln- gua mais clara e esbran- quiada

    Febre e frio, afalia, dores pelo corpo, sudorese, pulso superficial e forte; a camada superficial da lngua fina e esbranquiada

    Sndrome do Calor

    Febre baixa e vespertina, boca seca, palmas das mos e plantas dos ps quentes, sudorese noturna, aperto no corao, fezes ressecadas, obstipao, urina escassa e amarelada, lngua averme- lhada, com reduzida cama- da superficial, pulso fino, rpido e fraco

    Febre alta e constante, sede, rubor facial, olhos hipere- miados, dor e distenso ab- dominal, dor de compres- so do abdmen, confuso, coma, constipao, urina densa e escassa, pulso rpi- do e forte, lngua averme- lhada, com camada superfi- cial mais grossa e amare- lada

    Sndromes de Excesso caracterizam o incio da doena e seu meio, j as Sndromes de Deficincia predominam nas doenas crnicas e em seu estgio final.

    As Sndromes de Deficincia podem ainda ser subdivididas em quatro categorias.

    1) Deficincia de Yin Se h deficincia de Yin, h excesso de Yang; podemos citar aqui a Sndrome do Calor e, por isso, essa Sndrome muitas vezes chamada de Sndrome de Deficincia-Calor. Seus sinais e sintomas so: calor, rubor facial, boca seca, palmas das mos e plantas dos ps quentes, ansiedade, sudorese, obstipao, urina amarelada e

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  • escassa. A lngua se apresenta avermelhada, com uma camada superficial fina e s vezes com fissuras. O pulso fino, rpido e fraco.

    2) Deficincia de Yang Indica tambm excesso de Yin; a Sndrome de Deficincia-Frio. Alm dos sinais de deficincia acima, h respirao fraca, pulso profundo e fino.

    3) Deficincia de Qui (respirao ou energia) H uma falta de energia, dispnia aos esforos com taquipnia exercional, tontura, fraqueza at para falar (voz baixa), muito suor, maior volume de urina, prolapso anal ou do tero. A lngua tem cor tnue com pouca camada superficial. O pulso fraco.

    4) Deficincia de Hsue (sangue) H tontura e viso turva, ansiedade, insnia, sudorese noturna, obstipao, palidez facial ou com colorao amarelada, sem brilho. A boca se apresenta esbranquiada. Em mulheres, pode ocorrer oligo ou amenorria e fluxo menstrual de cor esmaecida e de pequena quantidade. A lngua tem cor tnue; o pulso fino e fraco, ou fino e rpido; a pele ressecada, opaca e com perda de carnao.

    As Sndromes de Excesso podem ser subdivididas em trs categorias:

    1) Sndrome de Excesso-Calor. H febre, sudorese, boca seca, necessidade de ingerir lquidos, ansiedade, m concentrao, distenso torcica e abdominal, obstipao, fezes ressecadas; camada superficial da lngua grossa, amarelada e seca; pulso profundo e forte, ou liso e rpido.

    2) Sndrome de Excesso de Qui (energia). H distenso torxica, muito expecto- rao, esforo respiratrio, distenso no epigstrio, dor abdominal, azia, regurgitao de gases, obstipao ou diarria.

    3) Sndrome de Excesso de Hsue (sangue). M-circulao, como em traumas, edemas, dor abdominal com incmodo compresso.

    Sndrome de Yin-Yang A Sndrome de Yin-Yang a que incorpora em si todas as outras

    classificaes. Isso porque a Sndrome de Yin corresponde s Sndromes Profundas de deficincia e frio, enquanto que a Sndrome de Yang compreende as Sndromes Superficiais de excesso e calor.

    Por outro lado, baseados nos quatro princpios diagnsticos, tambm possvel dividir as Sndromes em Yin e Yang, conforme exposto na tabela 4 da pgina seguinte.

    Diferencial das sndromes dos seis fatores

    H seis fatores que, em determinadas circunstncias, podem provocar ou desencadear doenas. So eles: vento, frio, calor de vero, umidade, sequido, calor de fogo. O princpio teraputico entre os mais importantes na medicina chinesa classifica as sndromes de acordo com esses fatores, obtendo-se dessa maneira orientao para a seleo do tratamento.

  • Tabela 4 - Pontos diferenciais entre as Sndromes de Yin e Yang

    PRINCPIOS DIAGNSTICOS inspeo

    SNDROME DE YIN O corpo parece lento e pe- sado; recurvado; h fra- queza, preguia, nimo aba- tido; a lngua tensa, com cor tnue, sua camada su- perficial est mida e lisa

    SNDROME DE YANG H movimentao; prazer em dormir estendido; h ansiedade, inquietao; bo- ca com fissuras, lngua mui- to avermelhada, sua cama- da superficial est amarela- da com fissuras ou enegreci- da com formao de espe- culas

    Ouvir e cheirar Voz baixa, falando pouco; respirao fraca e superfi- cial

    Loquaz, voz vibrante; respi- rao ruidosa, com expec- torao, desconcentrao

    Questionar Fezes com odor forte; ali- mentao reduzida; anore- xia, boca sem gosto, falta de sede ou vontade de bebidas quentes; urina abundante e clara

    Fezes secas, obstipao, ano- rexia; falta de fome, boca seca; vontade de beber; uri- na densa e amarelada

    Exame e pulso Dor abdominal, tendncia a comprimir essa regio; membros frios; pulso pro- fundo, fino, irregular, lento e fraco

    Incmodo compresso ab- dominal, que piora a dor; apresenta febre e fraqueza nas pernas; pulso superfi- cial, rpido, grosso, liso e forte

    verdade que a terapia pela acupuntura se baseia fundamentalmente na Sndrome dos Meridianos, com especial destaque para as Sndromes de Excesso de energia ou de Deficincia energtica; mas as Sndromes dos Seis Fatores tm tambm um papel importante na orientao diagnostica e terapu- tica.

    A. Sndrome do Vento O fator vento pertence ao Yang, e se associa, freqentemente, aos fatores frio, umidade e calor de fogo, causando doenas no ser humano. H sete tipos de Sndrome do Vento: a) Friagem. Apresenta receio ao vento; h febre, sudorese, Cefalia, coriza, espirro, obstruo nasal, tosse, rouquido. A camada superficial da lngua fina e esbranquiada. O pulso superficial e lento. Isso tudo se d porque o fator Vento invade o Meridiano do Pulmo. b) Vento-frio. Tambm h temor ao vento; tremores, febre, Cefalia, mialgia, pouca ou nenhuma sudorese, diurese abundante. A lngua tem cor tnue e sua camada superficial fina e esbranquiada. O pulso superficial e um pouco tenso. Trata-se de um quadro um pouco mais grave que o anterior.

  • c)Vento-calor. uma sndrome que se origina a partir da associao dos fatores vento e calor. As alteraes do corpo so mais acentuadas. H febre mais alta, sede, pouca Cefalia, sem haver temor ao vento; h sudorese, a urina concentrada e amarelada. A lngua se apresenta avermelhada e o pulso superficial e rpido. d) Vento-fogo. associao tambm do fator vento e fogo. Difere do vento- calor pelo seguinte: h sinais de calor interior. Os sinais so de febre alta, dor e inflamao da laringe, gengivas inflamadas, hiperemia conjuntival, urina amarelada e densa, obstipao, mostrando maior reao dos rgos e vsceras. e) Vento-umidade. Deriva da associao do fator vento e umidade (vide a Sndrome da Umidade). f) Vento-interior. decorrente da deficincia no sangue e hiperfuno da energia de Yang do fgado; relaciona-se tambm com a deficincia energtica de Yin dos rins. Causa tontura, paresias, tremores nos membros, fibrilaes musculares, fraqueza e paralisia nas pernas. O pulso do tipo corda, fino, fraco, porm rpido. Se h palpitao e palidez facial, h deficincia de sangue. Quando houver manifestao de muita sede e a urina for densa, as fezes ressecadas, haver excesso de fogo e de calor. Se houver Cefalia acentuada, rubor facial, boca amarga, insnia, lngua avermelhada, pulso fino, rpido e denso, haver excesso de Yang no fgado. Caso haja dor lombar e nos membros inferiores, sudorese noturna, sensao de calor no rosto e o pulso Tshi for fraco, porque h deficincia de Yin nos rins. g) Apoplexia. Geralmente tem suas causas no fator vento-interior, no aumen- to do fator Fogo e na hipersecreo. H paraplegia, paralisias faciais e oculares, quedas, confuso, perda de linguagem, hemiplegia, expectorao abundante, perda de conscincia.

    B. Sndrome do Frio

    mais grave durante o inverno e causa doenas mais complexas que podem comear exteriormente e ir, gradualmente, se interiorizando no orga- nismo, passando do frio para o calor. Pode tambm associar-se a outros fatores determinando o surgimento de desequilbrios na sade.

    Existem quatro tipos de Sndrome do Frio: a) Vento-frio (vide A-B). b) Frio-umidade. Muitas vezes h diarria, e isso se deve leso do bao- pncreas e estmago pelos fatores Frio-umidade. H dor abdominal contnua acompanhada de fezes mal formadas, corpo cansado e pesado, trax apertado, anorexia, falta de sede. A camada superficial da lngua branca, viscosa e o pulso mole e lento. c) Frio-externo. H calor interno que se associa ao frio externo. Averso ao frio; Cefalia, febre, sede, ansiedade, rubor facial, boca seca, dor de garganta, urina amarelada e densa, obstipao. d) Frio-interno. H deficincia de energia Yang, ou seja, a resistncia do organismo est debilitada. Seus sinais so: sensibilidade ao frio, membros ' frios, cansao, apatia, anorexia, aumento do nmero de evacuaes, falta de sede, pulso profundo e fraco.

  • C. Sndrome do Calor de Vero

    um fator Yang de calor e ocorre geralmente no vero. causado por gasto excessivo de energia do organismo com leso de estruturas do corpo. Freqentemente se associa aos fatores vento e umidade. Temos trs tipos de Sndrome do Calor de Vero: a) Desidratao. Apatia, febre, suor, sede, tontura, nuseas, vmito, pulso fraco e rpido. Se o fator umidade estiver presente, no haver sede, sensao de corpo pesado e pouca diurese. A superfcie da lngua branca e viscosa, ou um pouco amarelada. O pulso mole e levemente rpido. b) Insolao. Desmaios, inconscincia, febre alta, sudorese, extremidades frias, rubor facial, urina escassa c densa, alm de outros sinais de distrbios circulatrios. c) Calor de vero. Hipertemias associadas ao fator calor desencadeiam a Sndrome do Vento, com leso do sistema nervoso central. Ex.: convulses, opisttono, espasmos musculares etc., fora os demais sinais prprios da Sndrome do Calor de Vero.

    D. Sndrome da Umidade

    um fator de Yin. H umidade externa e interna. A umidade externa tem mais relao com os fatores climticos, como a nvoa e a chuva que agridem o organismo desencadeando doenas.

    A umidade interna relaciona-se com a funo dos rins e do bao- pncreas. Pode associar-se aos fatores frio, calor de vero, calor de fogo e vento, para causar doenas. Cinco so os tipos de Sndrome da Umidade: a) Umidade externa. Difere do resfriado e do Vento-frio, porque no apresenta sinais de distrbios respiratrios, nem febre; sensao de distenso da cabea, peito oprimido, artralgias, corpo pesado, anorexias, superfcie da lngua fina, branca e mida. Pulso superficial e mole. b) Vento-umidade. Junta-se aos fatores vento, frio e